Capítulo Único
Las Vegas, 28 de Agosto de 2021
O letreiro brilhava intensamente e a minha cabeça começava a rodar levemente. Eu estava bêbado e tinha plena consciência disso.
- Que olhos bonitos você tem! - ela me disse quando tirei os óculos. E naquele instante, seu rosto era o borrão mais lindo que eu já havia visto.
Ela era definitivamente a coisa mais linda que eu estava vendo naqueles últimos dias. Em apenas uma bebida e o meu coração já era inteiramente dela. E eu me perguntava todos os dias como aquilo era possível?
Os olhos castanhos dela me hipnotizavam todas as vezes em que eu os olhava, a boca dela era perfeita, eu era só uma vítima dos encantos daquela mulher incrível. O problema é que aquilo estava me deixando maluco, eu gastava meu dinheiro como um louco, dedicava minhas 24 horas à ela, nunca imaginei que o amor me quebraria aos vinte cinco anos!
- Acho que é a primeira vez que reparo assim nos seus olhos sem esses óculos! - ela acariciou os meus cabelos.
Eu acariciei seu rosto com delicadeza enquanto terminava de dar um gole na garrafa de vodca pura que tinha nas mãos.
- Eu acho que é o destino que uniu a gente, com uma história tão parecida, numa cidade como essa.
Ela gargalhou, tomando a garrafa da minha mão.
- A culpa é dessa cidade que é tão pequena, faz a gente se esbarrar direto por aí.
Ela disse bebendo um gole enquanto eu gargalhava.
- Está certo, senhorita ! - balancei a cabeça enquanto vislumbrava a vista diante de nós - Eu só não quero ser um incômodo na sua vida. Alguém que você empurra com a barriga porque não sabe como se livrar.
- No drama, ! Please! Estamos nos divertindo tanto, nos dando tão bem! Você não quer estragar isso com esse sentimentalismo fora de hora, quer?
Levantei as duas mãos para o alto em sinal de rendição.
- Tudo bem! Eu me rendo! Para onde vamos hoje à noite?
- Pensei de a gente ir conhecer a TAO Las Vegas Night Club, o que acha?
- Uma boate? - ergui a sobrancelha - Eu topo! O que tem de demais lá?
- Gente rica, bonita e bem vestida, que nem nós dois! - ela piscou -
Nós ficamos em silêncio apenas vendo o sol se pôr.
- Sabe, ? - eu a fitei enquanto ela tinha os olhos fechados - Eu vim aqui para ser outra pessoa, te encontrei e me encontrei. Estou certo de que nem indo em sentido contrário eu poderia escapar de você!
- Todos os fins também são recomeços. Nós simplesmente não sabemos disso no momento, ! E eu gosto de você. É tão simples e complicado quanto parece! Você está dentro?
- Mister, mister, I'm all in!
“Pushin' 106 down PCH, I drink it down, the aftertaste tastes like heartbreak and mistakes, but I can't wait to walk along that starry strip. I feel it all, it feels like bliss. I show my hand, they look like this.”
O som alto ecoava por toda a extensão da boate enquanto eu e nos espremíamos entre as pessoas de mãos dadas tentando chegar ao grande bar do local. Assim que conseguimos, nossas mãos se soltaram e eu as coloquei sobre o balcão que, por incrível que pareça, estava vazio. se pôs ao meu lado com um dos braços em meu ombro direito.
Ela vestia uma regata branca simples com uma jaqueta de couro preta e calça do mesmo estilo que a jaqueta. Os cabelos presos num rabo de cavalo a faziam parecer ainda mais jovem do que de fato era, o que fez com que o segurança quase não a deixasse entrar mesmo com os documentos, que ele julgou serem falsos. Eu a mirei, admirado. Logo um rapaz se aproximou de nós no balcão e ele e começaram uma longa conversa enquanto eu bebia meu drink e sentia meu coração doer por estar sendo jogado de lado tão cedo naquele momento. Decidi sair do balcão e ir para a área externa da boate tomar um ar e fumar um pouco, estava abafado lá dentro e eu estava sobrando mesmo.
Terminei minha bebida enquanto chegava ao terraço, e logo me acomodei em um dos sofás vagos, ali era mais silencioso, mais arejado, tinha menos luzes e parecia me fazer melhor. Eu finalmente soltei um suspiro longo e respirei fundo. Não tinha mais aquela sensação de fadiga, de sufoco, e a vista era linda. Tirei o chapéu que eu usava da cabeça e o coloquei sobre meu colo. Acendi meu cigarro e o traguei, de olhos fechados.
Meu celular vibrou delicadamente dentro do bolso e eu o deixei vibrar até que parasse. Seja lá quem fosse, que esperasse. Eu traguei outra vez, dessa vez mais intensamente. O celular voltou a vibrar e dessa vez eu o atendi.
- Sim? - questionei sem poder ouvir muito além do barulho intenso da boate do outro lado da linha.
Era . Será que ela havia enjoado do novo amiguinho? Ou teria sido o contrário?
Desliguei e fui ao WhatsApp conferir se havia uma mensagem e logo o online dela virou um digitando.
“Onde você está?” - eu li.
“No terraço!” - respondi de volta e guardei o celular no bolso novamente.
Alguma música eletrônica qualquer tocava no fundo enquanto vislumbrava Las Vegas brilhante à minha frente, sentindo a fumaça tragada me acalmar.
Logo se sentou ao meu lado e tomou o cigarro de minhas mãos, tragando-o logo em seguida.
- Vamos embora? Está muito sem graça aqui! Eu esperava mais!
- E o seu amigo? - questionei despreocupado.
- Foi encontrar os amigos! Não está com ciúmes, está? - ela passou uma das pernas sobre as minhas -
Eu balancei a cabeça desdenhando. E gargalhou jogando a cabeça para trás.
- Eu ia apresentar vocês dois, mas aí você sumiu!
- Eu estava sobrando, ué! - dei de ombros tomando meu cigarro de volta.
- Você é tão exagerado ! - ela rolou os olhos ainda rindo - Anda, vamos embora! Vamos andar sem rumo como fazemos todas as noites! É muito melhor que esse lugar cheio de rico esnobe e metido!
se levantou abruptamente e ergueu a mão esperando a minha. Eu a segurei e então nos esprememos outra vez entre as pessoas para conseguir sair daquele lugar.
Assim que saímos ela cruzou seu braço no meu e nós começamos a caminhar sem rumo e conversar sobre nossas vidas.
- Estamos no inverno? - eu questionei.
- Sim, estamos! A melhor estação de todas! - ela respondeu animada.
Ficamos em silêncio enquanto observávamos o nosso redor e então nos sentamos no gramado de um parque qualquer o qual nem sabíamos o nome.
Ela se deitou em meu colo, enquanto eu fazia carinho em seu cabelo delicadamente, até que ela adormeceu.
Mesmo sem compreender, quero continuar aqui onde está constantemente amanhecendo.
“For better or for worse I feel riding high. Even if it’s just tonight or the rest of my life… So come on, do your worst I’ll stay here all night! Cash out, cards down, I’ll roll the dice...”
Nós dois ríamos alto enquanto as pessoas nos olhavam como se fossemos de outro mundo. A garrafa de uísque estava quase vazia, e nós dois falávamos coisas sem sentido. Quando ela deu o último gole e me fitou dentro dos olhos, eu sabia que estava na hora de irmos embora. Estávamos bem altos já com o uísque no sangue e eu queria desesperadamente beijá-la e despi-la. Mas estávamos numa praça e eu não queria ser preso.
- Vamos para o hotel? - eu questionei enquanto me levantava com um pouco de dificuldade - Estou um tanto quanto bêbado e quero um banho.
assentiu enquanto se equilibrava em mim. Nossos olhares se encontraram de novo, e então ela passou os braços em volta de meu pescoço e me beijou. Um beijo calmo, carinhoso. Como se quisesse me dizer que realmente estava gostando daquela loucura toda.
Assim que chegamos ao hotel, ela se jogou na cama e eu logo fui tirando minha roupa enquanto caminhava até o banheiro. Senti a água quente bater em minhas costas e senti um alívio gigantesco, a minha cabeça ainda girava devido ao efeito do álcool e eu fiquei assim, sentindo a água por alguns segundos até que senti as mãos macias de tocarem minha cintura e um arrepio percorreu minha espinha. Ela beijou meu pescoço com delicadeza e desceu a mão até meu membro, que começava a ficar rígido. Ela começou a massageá-lo enquanto eu gemia baixinho. Nós nos beijamos e eu a encurralei na parede do box enquanto ela circundava meus quadris com suas pernas. Beijei seu pescoço enquanto sentia suas mãos agarrarem meus cabelos.
Nos beijamos outra vez, com intensidade dessa vez, e eu apertei suas coxas com vontade enquanto me preparava para penetrá-la ali mesmo. Assim que o fiz, ela gemeu alto enquanto suas unhas percorriam toda a extensão de minhas costas. Afundei meu rosto em seu pescoço enquanto aumentava lentamente os movimentos, até que chegamos ao ápice juntos.
Meu coração batia forte dentro do peito e eu sentia que o dela também. Nos beijamos mais uma vez. Até que uma ideia maluca passou pela minha cabeça: porque não nos casávamos? Ali em Vegas mesmo?
“All these things that I’ve done, sin city under the sun, I came to win and I won. I’ll leave with you sittin’ shotgun. All these things that I’ve done, sin city under the sun, I came to win and I won! ”
Conversávamos sobre tudo, mas não dizíamos realmente nada. Nada do que importava. Nós dois conversamos amenidades e era como se voltássemos à estaca zero.
- O que você quer de verdade, ? - eu perguntei, sério.
Ela, entendendo o que de fato eu havia perguntado, respirou fundo enquanto se vestia.
- O que você quer de verdade, ? - ela devolveu a pergunta enquanto eu segurava sua jaqueta nas minhas mãos ainda enroladas no lençol.
Eu suspirei.
- Tenho uma coisa apertada aqui no meu peito, um sufoco, uma sede, um peso, - ela ia me interromper, mas não deixei - Não me venha com essa história de atraiçoarmos todos os nossos ideais, nunca tive porra de ideal nenhum, só queria salvar a minha! Veja só que coisa mais individualista, elitista, capitalista, só queria ser feliz, cara…
Nós dois ficamos em silêncio por alguns minutos.
- Dá minha jaqueta, boy, que está fazendo um puta frio lá fora e, quando chega essa hora da noite, eu me desencanto.
Viro outra vez aquilo que sou todo dia: fechada, sozinha, perdida no meu quarto, longe da roda e de tudo: uma criança assustada.
- Você me quebra. Me faz sofrer, me destrói e depois me conserta. Você me mata e depois me traz de volta à vida. Só me diz… Isso te deixa feliz?
- Vou embora! - ela disse - Eu te amo, mas você é um louco, um caso perdido.
“Feels like a TKO, feels like the lowest blow. Yeah, yeah, yeah! Under the neon lights, I think we might get married in Vegas!”
- Então, se ama, que tal a gente se decidir logo? Vamos nos casar! Sem compromisso algum, só, sei lá, mais uma loucura que cometeríamos juntos, só para dizer que sim, nos amamos e vamos até o fim, não importa onde seja o fim!
gargalhou enquanto tomava a jaqueta das minhas mãos.
- Casar em Vegas? - ela questionou enquanto se vestia - Amanhã cedo eu volto, que tal? Você precisa descansar e eu também!
Eu sabia que ela não me levaria a sério. Droga!
- Também não faça isso!
- Fazer o que? - questionou novamente abrindo a porta do quarto -
- Partir meu coração…
- Não seja dramático, ! Eu volto amanhã bem cedinho, esteja pronto!
E ela bateu a porta me deixando sozinho e com o coração quebrado. Resolvi voltar a dormir, amanhã seria um novo dia, e quem sabe ela me levaria a sério.
Assim que amanheceu eu me levantei, com uma puta dor de cabeça, me dirigi com certa dificuldade até o banheiro onde tomei um novo banho, escovei meus dentes e comi qualquer coisa para não precisar descer. Flashes da noite passada invadiram minha mente e eu balancei a cabeça desacreditado. Ouvi baterem na porta e eu sabia que poderia ser , então pedi que ela entrasse, e quando ela o fez eu simplesmente fiquei paralisado, em estado quase que de choque.
Ela sorria, sem preocupação nenhuma, enquanto tinha as mãos para trás, tentando inutilmente esconder o terno preto que carregava atrás de si. vestia um vestido de noiva, desses tradicionais mesmo, longo e espalhafatoso, estava maquiada e com um penteado que a deixava ainda mais linda.
- Eu sei que dá azar o noivo ver a noiva antes do casamento, mas que se foda! Eu espero que esse terno te sirva!
Ela deixou o terno sobre a cama, enquanto eu ainda a olhava atônito.
- Vamos, ! Se arruma! Temos um horário na capela! E eu quero virar logo a senhora !
Eu balancei a cabeça algumas vezes achando que estava alucinando ou tendo algum sonho.
- Ah, e eu contratei um fotógrafo, vai ficar lindo! Anda! Não quer mais casar? Ontem você parecia estar falando sério!
O semblante de mudara, ela parecia preocupada agora. Eu passei a língua pelos lábios, me levantando a bagunçando os cabelos.
- A capela é linda! E é aqui pertinho! Paguei uma cerimônia de compromisso, não tem validade. Só queria provar para você que sim, que quero levar essa loucura que construímos aqui em Vegas a sério! Não era isso que você queria?
Fitei-a e os olhos agora estavam marejados. Eu sorri. Segurei o rosto dela entre as minhas mãos, e a beijei.
- Você está linda! Vou me arrumar, não vou nos atrasar, senhorita !
sorriu enquanto me abraçava forte. O termo havia servido direitinho.
Assim que chegamos à capela, um senhor nos aguardava e um cover do Elvis Presley cantava “Love Me Tender”. Nós dois gargalhamos enquanto, de braços dados, adentramos a pequena capela. Fizemos os votos, e eu sentia meu coração palpitar com tudo aquilo. Assim que acabamos, fizemos uma mini sessão de fotos, e eu parecia estar flutuando.
- Que loucura, não? - eu questionei quanto nos sentávamos no Mc Donalds.
As pessoas nem nos olhavam mais com estranheza, afinal estávamos em Vegas!
- Mais uma para conta! - ela piscou.
Quem procura, não acha. É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado. Eu vim para vencer, e venci.
Fim.
Nota da autora: Oieee! Espero que tenham gostado! Qualquer coisa me chama no twitter que eu tenho mais de 20 fanfics no site!
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Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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