Capítulo Único
Londres – 20 de Julho – 21:00
As mechas avermelhadas de seu cabelo caiam em cascata pelos ombros, sendo balançadas pelo vento do início da noite. Puxava sua mala de couro laranja, cujas rodinhas prendiam em alguns desníveis do piso, em direção a BMW preta parada na frente do aeroporto e que ela reconheceria a motorista de cabelos coloridos em qualquer lugar. A garota estava entretida ouvindo música em seu IPod e só percebeu a presença da outra quando essa deu duas batidinhas na janela do passageiro.
— ! Por que não mandou mensagem avisando que já tinha chegado? — Ela disse assim que a ruiva entrou no carro. Essa, por sua vez, pegou seu Nokia Lumia e abriu o WhatsApp na conversa com a amiga. Tinha avisado da aterrisagem de seu voo e alguns minutos depois alertou que já tinha pegado a bagagem na esteira. As duas mensagens tinham sido recebidas, mas nenhuma lida.
— Por que você não prestou atenção no seu celular, ? — Ela apontou para o IPhone 5C rosa no console do carro. o pegou e viu as notificações na tela, arregalando os olhos.
— Eu nem vi! E olha que meu volume de notificação está no máximo! — Ela apertou um botão na lateral do celular e confirmou o que disse. tirou de seus ouvidos o fone, que ela sequer havia retirado.
— Você não ouviu porque não tira essa coisa e coloca One Direction no máximo do máximo! — Ela balançou o fone enquanto falava e a outra arqueou as sobrancelhas.
— Você está parecendo minha mãe! — tirou o objeto das mãos da amiga. — E olha que quando eu morava com ela eu nem ouvia tanta música!
Monroe era a melhor amiga de Young durante o Ensino Médio. Era filha de Amora Monroe, uma importante designer de interiores britânica, e, assim como a amiga, tinha o que todos os jovens querem: dinheiro para viajar e capacidade de fazer festas incríveis. Ah sim, festas! Elas eram doidas, loucas por festas!
morava sozinha há seis meses, desde que tinha feito dezoito anos, em um dos apartamentos que a família tinha em Londres. Tudo já estava planejado há anos e os pais aceitaram bem a ideia, afinal, eram bem liberais, assim como os de e da maioria dos jovens de classe alta da capital britânica. Ela estava cursando Dramaturgia, sem deixar de ir às clássicas festas. A herdeira dos Young morava junto com ela, mas tinha passado os últimos dois meses em Nova York, quando completou seus dezoito, e desde então elas não haviam se visto.
— Vem cá... Está pronta para a noite histórica do seu aniversário atrasado? — passou as mãos pelas mechas azuladas quando pararam no semáforo. Ela havia planejado para a best friend uma festa, já que não haviam comemorado antes. — Dezoito anos é uma vez na vida, darling!
— Always ready for the party, Monroe! — deu seu clássico sorriso de lado e pegou seus óculos de sol da Gucci de dentro da mala. A amiga a olhou de lado, esperando explicações. — Meus olhos são tão perfeitos que até a lua afeta eles, baby! — riu e deu um tapinha no braço da ruiva, que a acompanhou nas risadas.
O apartamento das garotas era na cobertura de um edifício caro no centro de Londres, cercado de outros do mesmo tipo. ficou imaginando se a amiga teria mudado algo no período em que esteve fora, enquanto abriam a porta. Suas dúvidas foram positivamente respondidas no instante em que puseram os pés para dentro, e ela constatou que não estava nada diferente. Elas tinham um gosto decorativo parecido, então aquilo era de se esperar. Porém as semelhanças nesse sentido não se restringiam a isso, e a prova disso era que a festa já bombava no interior do apartamento.
As luzes coloridas se alternavam de acordo com o trecho da música, que o DJ, já bem conhecido delas, tocava. Sua playlist parecia estar excelente, já que várias pessoas estavam a dançar e aparentavam estar fazendo isso há algum tempo. Algumas tinham taças chiques de drinques coloridos na mão e pareciam estar sob efeito do álcool, e ela não duvidava que estavam.
— It’s time to the party, ! — puxou a ruiva pelo braço em direção á pista de dança. Essa festa definitivamente seria uma festa inesquecível.
Hotel a algumas ruas da cobertura Young/Monroe – 20 de Julho – 22:00
Ele analisou o quarto, observando cada detalhe, desde uma manchinha na porta de vidro, que levava a varanda, até um fio solto na colcha branca, que cobria a cama king size. Era um ótimo detalhista, ninguém podia negar.
Enquanto abria a porta da varanda para entrar um vento e deixava sua mala de couro num canto qualquer, se jogando na cama, seu celular vibrou.
Straight off the plane to a new hotel
Just touched down, you could never tell
estava realmente ansioso. Estava mandando mensagens desde as sete da manhã, totalmente louco para ver o melhor amigo novamente. Já fazia meses que eles não se viam, desde a última vez que esteve em Londres. Viajar pelo mundo estava em sua lista de coisas para fazer, que estava nas notas de todos os celulares que tivera. A abriu no mais atual, para conferir o que deveria realizar em seguida, por mais que já soubesse de cor e soletrado.
Reencontrar ela
Ela. A garota que, depois de todo esse tempo, ainda fazia seu coração dançar como em uma coreografia de dance dos anos noventa. Ela, a garota que ele não conseguia tirar da cabeça. Ela, um dos principais motivos para ele ter voltado para Londres. abriu a mala, conferindo se o embrulho de presente ainda estava do jeito que havia deixado, e suspirou aliviado ao constatar que sim.
Em uma fração de segundo, o respondeu:
congelou por alguns segundos, completamente paralisado. Como pôde esquecer?
Levantou-se num pulo e calçou o tênis preto, que estava jogado no chão, se apressando em direção à porta do quarto. Entrou no elevador rapidamente, desejando ter escolhido ficar em um andar mais baixo que o décimo. Atravessou o saguão correndo e acabou esbarrando em algumas pessoas, sendo retribuído com xingamentos. Porém ele não tinha tempo para se desculpar, e pegou o primeiro táxi da enorme fila parada em frente ao hotel.
— Edifício First Star, por favor! — Ele disse ao motorista, um senhor de aparentes cinquenta e poucos anos, ofegante. O senhorzinho apenas concordou com a cabeça e alisou seus poucos cabelos grisalhos, cheios de gel. Idosos, ele riu mentalmente.
— Se não for uma enorme falta de educação, pode me dizer o porquê de estar com tanta pressa? — Ele perguntou, com a voz bem calma. O rapaz franziu a testa, não entendendo. — Quer dizer, vi que veio correndo até o carro. — desfez a expressão, como quem diz que finalmente entendeu.
— Ah, sim! Não tem problema nenhum perguntar não... É que tenho que ir em uma festa, sabe? E eu tinha me esquecido dela... — Ele respondeu, suspirando e se sentindo um tremendo babaca. Como pudera se esquecer daquele jeito?
— E essa festa seria de uma moça... Digamos... Especial? — O motorista indagou, dando um sorrisinho de lado. corou levemente, como fazia ao conversar sobre ela com .
— Sim... — Ele disse, com a voz mais calma e baixa. A imagem de uma sorridente passou pela sua cabeça, o fazendo sorrir também. Como sentia falta dela!
— Quanto era novo, no início da minha juventude, fui a uma festa só por causa da mocinha por quem eu era apaixonado. Ah, Elisabeth... — Ele suspirou, sonhador. achava engraçado as histórias que vovozinhos contavam e ainda mais o jeito que eles realizavam o ato. — Ela era linda, sabe? Na verdade, ainda é! — Ele tirou do bolso uma carteira velha, e de dentro dela uma foto 3x4 de uma senhora, que aparentava ter a mesma idade que o motorista. — Tive muita sorte de me casar com ela! Ficamos um tempo afastados, mas quando a vi, depois desse período, nos apaixonamos ainda mais que antes! — Ele guardou a carteira no bolso, sorridente.
— Isso é que é uma verdadeira história de amor! — deu um sorrisinho para o senhor, achando realmente bonitinha a maneira que ele contava sua esposa. O táxi parou em frente ao edifício iluminado e o rapaz logo pagou o motorista. Porém, assim que colocou a mão na maçaneta da porta, ele pôs a mão em seus ombros.
— Você vai consegui-la de volta, meu rapaz! Tenha fé nisso! — Ele disse a , como se lesse seus pensamentos.
— Obrigado. — Ele se espantou com os dizeres do senhor e saiu do carro, voltando a sua correria.
Enquanto ia em direção ao elevador, o porteiro o parou.
— Ei! Aonde você pensa que vai? — O homem devia ter uns dois metros e parecia uma muralha de tão musculoso.
— Cobertura de Young e Monroe. — respondeu, engolindo em seco. Não tinha medo de caras fortes, mas aquele realmente parecia um muro.
— Nome? — Ele tirou do bolso uma lista e a folheou.
— Peterson. — Disse. O homem indicou para que ele o seguisse até a cabine da portaria e de lá discou algo no interfone e o colocou no viva-voz.
— Boa noite, senhorita Young?
— Boa noite! — A garota o cumprimentou. Ao ouvir sua voz, sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo, da ponta de seus dedos do pé até a ponta do fio mais arrepiado de seu cabelo castanho bagunçado. Era ela. Aquilo realmente estava acontecendo, ele a veria novamente.
— O senhor Peterson está pedindo permissão para subir, porém nenhuma das senhoritas do apartamento colocou seu nome na lista. — Ao proferir essas palavras, ficou em silêncio por alguns irritantes segundos. Queria ela que ele subisse ou fosse embora?
— Pode deixá-lo subir. — Ela finalmente respondeu, fazendo o rapaz suspirar aliviado.
— Ok, tudo bem. Tenha uma boa noite! — O porteiro terminou a ligação e indicou com a cabeça o elevador que estava indo em direção antes.
O rapaz correu em direção a ele, apertando o botão “Cobertura”. Uma musiquinha clássica insuportável tocava, o fazendo ficar mais ansioso ainda. Olhou-se no espelho novamente, tentando arrumar os cabelos naturalmente desarrumados e alisando o casaco preto. Assim que as portas do elevador se abriram, ele sentiu como se estivessem abrindo as portas do paraíso.
Tocou a campainha e foi imediatamente recebido pela jovem de cabelos coloridos e vestido roxo, já bem conhecida dele.
— ! Quanto tempo, não? — Ela o cumprimentou sorridente, gritando, pela música muito alta que tocava e pelos gritos dos convidados agitados, o abraçou e fez um sinal para que entrasse.
— Nem me fale, ! — sorriu para a amiga, que deu alguns passos para que o rapaz passasse, tropeçando e esbarrando em uma garota, que derrubou metade do conteúdo de sua taça no chão.
Big house party with a crowded kitchen
People talk shit but we don't listen
— A propósito... Certa moça está te esperando! — Ela ignorou os xingamentos da outra e apontou para , que estava na varanda enorme da cobertura, bebendo algo distraidamente. não conseguiu evitar um sorriso, arrancando ruidosas risadas de , que se afastou do rapaz e aproximou-se de , que estava sentado em um dos banquinhos do bar e mexia no celular.
tentou controlar sua ansiedade e respirou fundo, só depois indo em direção à garota, calmamente, como se não estivesse corrido pelo seu hotel inteiro e pelo saguão do edifício de . Conforme se aproximava e conseguia ver cada detalhe de seus cabelos ruivos, sentiu-se andando nas nuvens, com seus passos leves, que o faziam parecer flutuar. Realmente, os anjos estavam andando pela Terra, e uma prova disso era Young.
Cobertura Young/Monroe – 20 de Julho – 22:30
Que Londres é simplesmente linda pela noite todo mundo sabe. Porém, naquela em especial, pelo menos para a herdeira dos Young, ela estava incrivelmente perfeita. As luzes brilhantes iluminando as ruas se assemelhavam a ela ao atender o interfone e descobrir que Peterson estava na cidade novamente e, melhor ainda, viria em sua festa atrasada de dezoito anos. Ela se sentia brilhante, iluminada. Ela se sentia infinita, como dizia naquele livro do Stephen Chbosky.
— ? — Ela arrepiou-se ao sentir uma mão em seu ombro, a tirando de seus devaneios, e ouvir a voz que fazia seu coração parecer uma bateria. virou-se e encarou os olhos castanhos do rapaz, não conseguindo resistir a um sorriso.
— ... — A garota disse seu nome com a voz falha e jogou seus braços em torno do pescoço do moreno, o envolvendo em um abraço apertado, que foi instantaneamente retribuído. Não sabiam quanto tempo tinham passado naquela posição, mas pareceram dias e dias, que não precisariam acabar nunca. Ao finalmente se afastarem, sorriu para , acariciando seus cabelos, e sugeriu:
— Vamos para um lugar mais... Calmo? — Ele olhou de canto para alguns jovens aparentemente da idade deles, que dançavam e se embebedavam na pista de dança. — Claro, só se quiser! Afinal, a festa e sua e...
— O que ainda estamos fazendo aqui? — Ela o interrompeu, puxando o rapaz pelo braço em direção a porta, esbarrando em mais gente. Quando passaram próximo ao bar, viram de relance e se agarrando próximo ao balcão e fazendo o barista revirar os olhos. e pararam e se olharam por alguns segundos, alternando com o casal aos beijos, e logo caíram na risada, como não faziam há muito tempo, voltando a correr em direção à saída.
— Ok, vamos fingir que essa foi a cena mais normal que já vimos! — disse entre os risos, ofegante, assim que saíram do edifício, sobre os olhares repreensivos do porteiro-muralha.
— É bem mais simples! — A Young respirou fundo, tentando controlar a respiração descompassada. — Então... Aonde vamos?
— “Por aí” é uma boa ideia. — Ele deu de ombros enquanto continuavam a caminhar pela rua. — Andar por aí, sem destino, apenas caminhando por Londres...
— Wow, viajar pelo mundo faz as pessoas virarem filósofas? — não pôde deixar de rir e o rapaz acabou fazendo o mesmo. Eles faziam muito isso antes de viajarem, mas aquele era um dia diferente.
I don't know where I'm going, but I'm finding my way
Same old shit, but a different day
Apesar do que tinha dito, os dois acabaram parando em uma cafeteria que costumavam ir antes dos dois viajarem. Sentaram no mesmo lugar, próximo a janela de sempre, ele de costas para a janela e ela de frente. O cheiro leve de canela, a iluminação não tão forte, o fato de não estar tão cheio e a música indie calma deixava o lugar bem aconchegante, do jeito que se lembravam de sempre ter sido. Uma garçonete na casa dos quarenta, bem sorridente, pareceu ter sorrido ainda mais ao se aproximar do casal e os reconhecer.
— Olha só quem resolveu aparecer! e... — Ela semicerrou os olhos, tentando se lembrar do nome da garota, que sempre esquecia. Amanda? Alessandra? Alexandra?
— , senhora Richards! — A jovem repetiu como costumava fazer, tão sorridente quanto a garçonete, que ao contrário da mesma, era boa com nomes.
— Ah, sim! Claro, claro... Vocês sumiram, e ! Achei que tinham desistido de vir aqui! Fiquei me perguntando o porquê, afinal, estavam sempre na cafeteria... — Ela fez menção de entregar os menus, mas interrompeu seu próprio ato. — Ai, ai! O que estou fazendo? Vão querer o de sempre, certo?
— Não desistimos, não! Tanto que agora viemos, não é verdade? — retornou as primeiras coisas que ela havia falado, pensando em como não havia mudado em nada, principalmente no aspecto de falar muito.
— E sim, o de sempre! — retornou a pergunta sobre o que queriam, com o mesmo pensamento que o rapaz na cabeça. A sra. Richards anotou sorridente no seu bloquinho de pedidos e se afastou da mesa, deixando os dois a sós.
— Então... — Ele começou, esperando que a garota completasse.
— Então... — Ela devolveu o “começo da conversa” para ele. Definitivamente, sempre fazia besteira ao começar alguma conversa. Ao ver que sua ideia tinha falhado, suspirou, pensando em como faria o que já era para ter feito.
— Então... Aprontou muito em Nova York, senhorita Young? — Ele tentou puxar algo descontraído, com um sorrisinho que, por mais que não soubesse, fazia as pernas da garota bambearem tanto quanto uma corda bamba em dia de vento forte.
— Eu? Aprontar? Eu não apronto, senhor Peterson! — Ela se esforçou para dar seu típico sorriso de lado, que parecia tão mais difícil quando seus olhos não conseguiam sair do de . — Bem, não sem você... — disse, um pouco mais baixo, sentindo as mãos quentes do rapaz segurar as suas frias por debaixo da mesa de madeira antiga.
— Acho bom mesmo! — Ele fez uma falsa cara de ameaçador, que fez rir. Ah, aquela risada, que ele tanto tinha sentido falta!
— E você? Aposto que aprontou e muito! — Ela cruzou os braços, se fingindo de brava.
— Olha, eu aprontaria, se tivesse passado em algum lugar que existisse uma ruiva linda de olhos de mel, super engraçada, boba, rica sem ser esnobe, que me deixasse doido e que se chamasse Young. Porém, como não encontrei nenhuma... — Ele fez um biquinho, como se estivesse triste. — Ela estava em NY e, por alguma falha do destino, eu nem passei lá! Se tivesse passado, aí sim teria aprontado! — sorriu maliciosamente e lentamente aproximou sua mão esquerda da perna da garota, a deixando ali. Seu sorriso involuntariamente aumentou ao ver que ela se arrepiou.
— Um frapuccino de caramelo para a senhorita e um de chocolate para o senhor. — A garçonete trouxe os pedidos, ainda sorridente. — Desejam algo mais?
— Não, obrigada! — agradeceu gentilmente, se virando novamente para o rapaz assim que ela se afastou. — Onde vamos depois? Andar mais?
— Podemos ir ao quarto do hotel onde estou? Quero te mostrar um negócio... — Ele colocou a mão direita na perna da garota, com o olhar mais inocente do mundo, bem diferente das ideias que se passavam em sua cabeça. — Claro, só se quiser!
— Tudo bem. — Ela bebeu um pouco do frapuccino, sem tirar os olhos de . Ela o conhecia muito bem para saber que seus sorrisos de criancinha escondiam pensamentos nada inocentes e tudo que queria saber no instante era quais eram eles.
Hotel a algumas ruas da cobertura Young/Monroe – 20 de Julho – 23:30
suspirou aliviado ao ver que seu quarto estava aceitavelmente arrumado quando entrou, observando de canto a canto, sendo por sua vez observada pelo rapaz, que acompanhou seus olhos até a porta de vidro da varanda, que foi quando ele finalmente lembrou um dos motivos para tê-la levado lá.
— Ah! Feche os olhos! — Ele pediu e ela o fez. O rapaz correu em direção a mala, pegou o embrulho dourado e entregou a . A garota apalpou o pacote, curiosa. Parecia um livro grande... Mas por que ele lhe daria isso? — Pode abrir os olhos!
revirou o pacote de todos os lados possíveis antes de puxar lentamente a fita prateada que o lacrava, nervosa. Ok, era um livro grande. Mas não era qualquer “livro grande” e sim um álbum de fotos. A capa vermelha-sangue com detalhes em outros tons da cor, com espirais, como em um papel de parede chique.
— Um scrapbook? — Ela perguntou a ele, ao mesmo tempo em que se questionava se deveria abrir ou não. apenas afirmou com a cabeça e fez um gesto para que ela continuasse olhando.
Assim que passou a primeira página, arregalou os olhos, sem acreditar no que via: uma foto dos dois em frente a Torre Eiffel, sorridentes e se abraçando. Ok, aquilo poderia ser completamente normal, se não fosse o fato de que eles nunca tinham ido à França juntos. Tudo bem, eles não tinham nem saído da Inglaterra, como poderiam ter estado em Paris? Ainda não conformada, ela virou a página, mas ficou ainda mais surpresa: eles na Muralha da China, se abraçando. China? Como assim? Ela não havia nem ao menos ido lá!
— ... Eu não tenho a mínima como... Como isso é possível? — Ela estava realmente impressionada, o que significava que o plano do rapaz tinha saído exatamente como o planejado. Vitorioso, deu mais um de seus sorrisos que a estremeciam tanto.
— Eu mandei várias fotos nossas para um designer japonês, que recomendou, junto com outras que eu havia tirado em minhas viagens. Ele fez uma montagem como se estivéssemos juntos, viajando pelo mundo, e esse é o resultado! — sorria, orgulhoso de ter planejado tudo aquilo. continuava boquiaberta enquanto folheava o álbum, com um brilho nos olhos.
— ... Em quase dois anos de namoro, nós não temos nenhuma foto se beijando? — A Young analisou, ao finalmente acabar de ver todas as fotos, enquanto passava a mão pelas folhas em branco, que não haviam sido preenchidas.
— Acho que não... — Peterson disse, meio chateado. Ele realmente queria uma foto de beijo. — Ah, aí nós podemos colar fotos que tiramos aqui em Londres mesmo! Tem muuuiito espaço ainda! — Ele voltou a sorrir, passando a mão direita pela mesma página que a garota.
— Então, vamos começar a tirá-las agora mesmo! — pegou o Nokia Lumia do bolso da calça jeans preta e tirou uma foto dos dois, em uma fração de segundo, pegando de surpresa.
— Uou! Que apressadinha! — Ele riu da namorada, pegando seu celular e tirando outras fotos, a maioria com poses e caretas engraçadas. Novamente, o tempo não parecia passar para o casal.
Hotel a algumas ruas da cobertura Young/Monroe – 21 de Julho – 00:00
Depois de muitas, ela tirou o aparelho das mãos do rapaz, que a encarou sem entender o porquê de ter feito isso. Porém, antes que pudesse perguntar qualquer coisa, ela colou seus lábios no dele, como não fazia desde que haviam ido um para cada lado do mundo. Ele retribuiu o beijo e deu passagem para sua língua, intensificando ainda mais o beijo. distribuiu beijos pelo pescoço da namorada, enquanto desabotoava lentamente sua blusa de cetim azul. Assim que o fez, tirou sua própria camisa e voltou a beijá-la com desejo, enquanto a garota arranhava levemente suas costas. Ao tropeçarem na cama, o rapaz se afastou e olhou em seus olhos, acariciando seus cabelos. Isso não durou muito tempo, pois logo ela sorriu de lado e o questionou, provocando:
— Você vai ficar me olhando ou vamos logo para a parte interessante? — Ele devolveu o sorriso provocante e a deitou na cama, retornando ao que haviam parado.
Londres – 20 de Julho, de décadas e décadas depois – 18:00
O vestido florido de pregas batia em suas já finas canelas enquanto andava em direção a sala de estar da casa. Ao chegar lá, porém, encontrou o que não queria nem sonhar em ver naquele dia exaustivo: várias coisas suas e do marido da juventude espalhadas no chão, provavelmente pela netinha de seis anos, que havia passado o dia com os “vovós”. Ela adorava fazer bagunça e sempre que ia a casa deles deixava uma “marca” que provava isso muito bem.
A senhora suspirou, prendendo seus cabelos que, apesar de serem muito conservados para seus cinquenta e tantos anos, estava ficando bem grisalho. Ajoelhou-se com um pouquinho de dificuldade e foi limpando os rastros da pequenina e guardando as coisas dentro do armário branco lustroso. Porém, em meio a elas, um objeto em especial chamou sua atenção. Ela passou o dedo indicador pela capa envelhecida do livro, bem lentamente.
— Sabia que Nana tinha deixado alguma bagunça... — O marido se aproximou dela sem que a mesma percebesse, fazendo com que desse um pulo. — Ei, isso é...? — Ele viu o livro nas mãos da mulher, que se sentou no sofá com o objeto em mãos, sendo acompanhada pelo senhor de camisa listrada verde.
Ela virou a primeira folha, já muito envelhecida, e observou a foto do casal jovem e sorridente na frente da Torre Eiffel. Em todos esses anos, ela achava que ele havia se perdido e agora sua netinha bagunceira havia achado. Quem diria, não?
— ! Isso estava no armário? — se animou, agitadamente passando a mão pelos cabelos grisalhos com gel. A esposa concordou com a cabeça, olhando para a foto com os olhos marejados. Aquela era verdadeira, como todas as outras do scrapbook que havia lhe dado quando tinham dezoito anos. Eles realmente haviam estado em todos aqueles países, fazendo as montagens serem cenários reais de suas vidas.
Ao passar as páginas, uma foto dos dois fazendo caretas. Ah, que saudades desse tempo!, pensou ela, não escondendo o sorriso. No rodapé da folha, havia o nome de uma música.
— Midnight Memories, do One Direction. Nossa, e pensar que na época era o sucesso dos jovens! Agora é como os Beatles eram para nós na infância... — estava impressionado.
— Coisa da vovó... — Disse , lembrando das palavras que se referia ao grupo de rock. Ela pegou o notebook, que estava ligado em cima da mesa, pois a neta estava jogando antes de ir para casa, e pesquisou a música.
Assim que a música começou, pegou a mão de e a puxou para uma dança, como se tivessem dezoito anos novamente e estivessem em uma das festas que costumavam ir. Os momentos daquela noite passavam na cabeça dos dois, que não conseguiam parar de sorrir.
Aquelas eram suas memórias da meia-noite. Suas próprias midnight memories. E eles se lembrariam delas para sempre.
Fim.
Nota da autora: Ei, babes! Como vão?
Espero que tenham gostado muito de 04. Midnight Memories, essa é a minha primeira fic de ficstape devidamente postada, então preciso saber o que acharam, okay?
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