Capítulo Único
Tudo começou em uma sexta-feira.
Flashback
Sexta-feira, despedida de solteiro
— , olha para a câmera! — disse, rindo.
— Quê? — perguntou mais alto.
A música estava tão alta no local que era quase impossível ouvir seus amigos, mas era bom ver que eles estavam se divertindo. Todos davam risada e provavelmente estavam mais bêbados do que deveriam.
— Olha para a câmera! — gritou mais uma vez, se ajeitando ao lado dos amigos de grupo para poder sair na foto.
— Ah! — o rapaz exclamou, rindo, e o “click” aconteceu no mesmo momento.
Todos se sentaram novamente em seus lugares e alguém suspirou alto, recebendo atenção.
— , você está chorando? — Namjoon perguntou, vendo o rapaz enxugando as lágrimas.
— Eu não acredito que o mais novo de todos nós está se casando primeiro — Ele choramingou.
— Você sempre disse que ele seria o primeiro! — disse, rindo.
— Mas não quer dizer que eu queria que acontecesse tão rápido — ele respondeu.
— Não se preocupe, Hyung! — disse, rindo — nós vamos nos ver sempre na empresa e, se te faz sentir melhor, eu vou perguntar para se ela não pode fazer aquela torta de chocolate que você tanto gosta.
— Eu espero daqui uma semana quando você voltar a trabalhar, obrigado — ele disse, fazendo todos darem risada — vou pegar mais uma bebida, alguém quer? Não? Ok.
— Ele não sabe que o chefe liberou para passar um mês viajando depois que casar — disse, rindo.
— Ele provavelmente vai ficar reclamando o mês inteiro que sente falta dele pela casa — disse .
— está se mudando, ele ainda vai reclamar por, no mínimo, uns seis meses — completou, rindo junto de todos.
— Obrigado por sempre estarem comigo nos momentos mais importantes — disse, levantando seu copo de cerveja.
— Nós praticamente te criamos, garoto, fazer parte da sua vida sempre foi nossa principal função — Namjoon disse, sorrindo para o mais novo — nós estamos felizes por você, , você está fazendo a coisa mais certa de toda a sua vida, nunca tenha dúvidas disso.
— Um brinde! — disse, animado — a nova vida de , que se inicia amanhã.
Todos brindaram naquela noite, estavam realmente felizes pelo mais novo, assim como ele, que estava feliz e ansioso por ter feito aquela escolha. A cada momento, sentia a realidade estar tão próxima, que seu coração acelerava.
Esperar para vê-la apenas na manhã seguinte quase o enlouquecia. Ele amava mais do que tudo e sabia que, nesse momento, ela estaria aproveitando o máximo de seu último dia, antes que se tornasse a senhora Jeon.
Nem mesmo ele imaginou que se casaria tão cedo, sempre deixou bem claro que não importava qual fosse a situação, seria o último a se casar; que, na realidade, sequer pretendia fazer aquilo, ao menos não até conhecê-la em uma manhã de ano novo.
— Vejo vocês mais tarde! — disse para os amigos, que entravam no carro com o motorista já à espera dele para irem para casa — Quero caminhar um pouco antes de ir para casa e, não se preocupem, não estou bêbado e tenho como me disfarçar.
— Não demora muito, pode ser perigoso — Namjoon disse — e você tem que estar descansado para amanhã.
— Tudo bem, chego em meia hora, só preciso parar em um lugar antes. Queria comprar algo que vi no caminho daqui, é um presente para — Ele respondeu, sorrindo para os amigos — prometo que não vou demorar.
Caminhar pelas margens do rio Han fazia com que ele se sentisse tão bem que naquele dia precisava daquilo. Respirar o ar da cidade que vivia desde os quinze sempre fazia bem para si. Ele estava nervoso e aquilo com certeza seria o remédio perfeito antes de ir para casa e descansar, porque a manhã seguinte seria longa.
Ali, cerca ao Rio Han, havia uma loja de esquina pela qual se interessou assim que o carro passou por perto. O letreiro de cor neon em roxo e azul piscava com as letras dizendo “Mundo Onírico”. O rapaz achou engraçado e lembrou de assim que leu aquelas palavras. A garota vivia no mundo dos sonhos, até havia dito que antes mesmo de se conhecerem ja havia sonhado com o rapaz e ele não pôde negar, na primeira vez que a viu pensou o mesmo, que já havia visto antes.
O rapaz, sem pressa alguma, entrou pela porta do estabelecimento, que rangeu alto, sendo seguida pelo timbre que vinha do sininho que tinha ali para indicar que alguém havia entrado na loja.
— Bem vindo ao Mundo Onírico — disse um senhor, saindo de trás de seu balcão — gostaria de algo em específico? Um laço do amor, talvez? Um anel de fertilidade? Não sei por que, mas sinto esse instinto familiar em você e sinto que, definitivamente, um laço do amor e um anel de fertilidade não serão necessários.
não aguentou e riu, dando espaço para que o senhor também desse risada.
— A algumas horas atrás havia algumas pulseiras e alguns colares na parte de fora — o mais novo apontou para trás de si — havia uma em especial, com pedras vulcânicas junto de uma pedra bonita, roxa, minha noiva é louca por essas pedras, é a cara dela.
— Ah, você diz o bracelete de ametista? — ele perguntou e assentiu, mesmo não sabendo se era ou não aquele o nome — meu jovem, se você tivesse chegado cinco minutos mais cedo, teria levado de presente a sua noiva, mas ela foi levada pela senhora que saiu assim que você entrou.
— Eu não vi ninguém sair — ele comentou, confuso.
— Mas sabe o interessante? — o mais velho perguntou, tirando um estojo de joias da gaveta — ela me deixou uma coisa bem especial aqui, que eu não vejo há anos nesse mundo.
o olhou confuso pela frase e ele sorriu torto para o mais novo.
— Digo — ele tossiu fraco — que não vejo há anos.
Ele abriu o estojo e o estendeu sobre o balcão, fazendo com que se aproximasse.
— Ela me traz algumas dessas raridades, porque viaja por muitos lugares. Eu acho que tenho o match perfeito para vocês. — ele disse, arrumando seu óculos — Ela me trouxe dois braceletes de cristais muito difíceis de passarem pelas minhas mãos.
— Ah, é? — disse o rapaz, desconfiado.
— Aqui — ele disse, pegando ambos com cuidado — para sua noiva — mostrou primeiro o bracelete, de pedra branca, quase transparente, mas de tão reluzente, chamava a atenção de — essa é a pedra Selenita, ela é encontrada mais ou menos na área do México, mas é uma pedra muito antiga — ele disse. — Principalmente essa — ele sorriu, observando a pedra, e achou o ato curioso. — Essa pedra era conhecida por todos os povos antigos e eles acreditavam que, por mais que muitos nomeavam a lua com diferentes nomes de deusas da antiguidade, essa pedra — ele sorriu — quando foi encontrada pela primeira vez, foi vista e denominada a própria lua física entre os humanos. Por isso, seu nome é Selenita. Selene, no grego, significa lua.
não sabia muito o que dizer, mas sentiu em seu coração que gostaria daquele presente. Ele sabia que para ela valeria mais o significado do que a própria pedra, sabia que ela ficaria feliz.
— Eu vou levá-la — ele disse, animado, ainda observando o bracelete.
— Mas devo avisar — o senhor respondeu — você só a pode levar, se também levar a pedra estrela junto.
O mais novo o olhou, confuso e desconfiado.
— Eu não sou de enganar ninguém, se é o que você está pensando — ele disse, guardando o estojo, mas o impediu. — Escute, meu rapaz, eu tenho uma regra, ou melhor, uma superstição: se esses cristais vieram juntos a esse local, juntos irão daqui, eu nunca desafiaria separá-los.
— Me conte sobre a pedra estrela — o mais novo pediu, quase desesperado.
— Muito bem — o vendedor disse, abrindo o estojo novamente e agarrando a pedra estrela com cuidado. — Não há muito a dizer sobre essa curiosa pedra, sua história foi apagada com o tempo. Mas, ainda sim, dizem que ela é feita de pó das estrelas e molhada com água da fonte sagrada e, por isso, é a maior realizadora de desejos e sonhos que existe, inclusive os mais pessoais e profundos — ele suspirou. — Mas é muito difícil encontrá-la.
— Sério? — perguntou, olhando bem para a pedra azul com pingos brancos brilhantes.
— Sim! — o senhor respondeu sério. — Por isso, preciso que cuide bem dela e que tome cuidado com o que deseja.
— Tudo bem — ele respondeu, tranquilo — eu gostaria de levar as duas, quanto o senhor quer por elas?
, com toda disposição, tirou sua carteira do bolso, sabia que não seriam baratas, mas estava disposto a comprá-las e não importava o quanto custassem.
— Nada! — o mais velho respondeu, dando as costas para o balcão e pegando uma bolsinha azul clara — eu apenas quero que cuide bem delas, será meu presente de casamento para você, sinto que você precisará de mim no futuro — ele disse, logo diminuindo o tom de voz. — Ou talvez no passado — riu baixo.
— Sério? — o rapaz perguntou, confuso pela situação.
— Sim — o senhor respondeu, entregando o embrulho para o rapaz — apenas lembre-se de tomar cuidado com o que deseja. Pode ser difícil retornar ao normal depois que o desejo se realiza.
saiu da loja curioso por aquela conversa estranha, mas feliz por ter conseguido comprar o presente ideal que desejava dar a antes do casamento. Não se esqueceu, entretanto, das palavras do senhor nem por um instante. Assim que chegou, tomou seu merecido banho e se trocou, avisando sos outros que havia chegado. Então, jogado em sua cama, sentiu a enorme vontade de ver de mais perto o presente que ele entregaria à garota no dia seguinte. Ansioso, abriu o pacote e pegou a pedra da estrela, admirando o quão bonita era; colocou em seu pulso, e se deitou, analisando curiosamente cada detalhe seu.
Há um tempo, havia começado a gostar desses tipos de coisas, contava a ele histórias incríveis — e às vezes um pouco exageradas — sobre Deuses antigos, pedras mágicas, entre outras coisas, e ele gostava. Gostava daquela alma dela de historiadora curiosa e que gostava de compartilhar suas descobertas com ele. Afinal, ter estudado história da arte e se especializado em cinema realmente fazia com que ela parecesse uma esperta em qualquer assunto. Ele havia até mesmo comprado um colar com a pedra de nascimento da garota a não muito tempo atrás e o usava em momentos especiais como seu amuleto da sorte. Afinal, ele realmente havia acreditado que era coisa do universo os dois terem se encontrado e era isso que seu coração trazia como preocupação principal desde que a pedira em noivado. Pensou sobre isso antes de se deitar.
Não, ele de forma alguma se arrependia de todo o processo complicado que tiveram, mas, ainda sim, se preocupava se realmente poderia ser quem ela precisava a todo momento. Seus olhos pesaram de repente e ele sequer teve tempo de apagar as luzes, adormeceu confortavelmente em sua cama, sabendo que na tarde seguinte se casaria com a mulher que tanto sonhou.
Manhã seguinte
— O que você ainda está fazendo dormindo, ? — Namjoon disse, entrando no quarto com rapidez — Sejin chegará em dez minutos para irmos à prova de som.
— Huh? Prova de som? — o rapaz respondeu sonolento, sua cabeça pesava estranho e sequer havia bebido muito na noite passada — mas eu tenho que ir entregar o presente da .
— Quem é ? — Namjoon o olhou, confuso — você nunca nos disse que estava namorando.
— Não é a prima dele? — disse, se aproximando.
— Namorada do irmão? — disse, entrando no assunto também.
— O irmão dele é muito novo para namorar — disse, passando por eles e entrando diretamente no banheiro.
— Quem é , então? — todos que estavam ali presente, perguntaram juntos.
— O quanto vocês beberam ontem à noite depois que vieram para casa sem mim? — ele perguntou, rindo e se levantando para procurar uma roupa decente que pudesse usar. — Não me olhem assim — disse, olhando para os amigos, que o olhavam confuso com o assunto — , minha noiva? Vocês realmente estão agindo como se hoje não fosse o dia do meu casamento, porque vão sentir minha falta?
— , — se aproximou com uma cara de preocupado — você está doente? — colocou a mão sobre a testa do amigo e olhou para os outros — Acho que ele está com febre, alguém traz o termômetro?
— Eu vou buscar! — respondeu e saiu correndo pela casa.
— Eu não acho que seja febre — disse, colocando uma expressão estranha no rosto — Você bebeu alguma coisa forte ontem? Bateu a cabeça em algum lugar?
— Nós saímos — ele disse, passando a camisa sobre o pescoço, rindo —, mas eu não bebi tanto quanto vocês e era a minha despedida de solteiro.
— Despedida do quê? — eles disseram juntos, agora com todos os seis ali presentes.
— Despedida de solteiro! — ele começou a ficar preocupado com as reações.
— — disse com cuidado — do que você está falando? Que tipo de brincadeira é essa?
— Brincadeira? — disse, confuso — Hoje é o dia do meu casamento, vocês estão brincando, porque eu estou me mudando, não?
afirmou com tanta precisão que todos se entreolharam preocupados.
— A única coisa que temos marcado para hoje é a checagem de som para a performance na premiação da Billboard — Namjoon disse, inquieto.
— Billboard? — ele perguntou, sem entender — essa apresentação é só daqui a alguns meses.
— Não, , é daqui a duas noites — disse. — E vai ser nossa primeira apresentação, é bom você não ficar de brincadeira por muito tempo.
— Primeira apresentação? — ele perguntou, confuso, sabendo que aquela apresentação havia sido a mais ou menos três anos atrás — nossa primeira apresentação lá foi a três anos atrás.
— Meu deus, Namjoon, chama um médico! Acho que o tteokbokki de ontem não estava bom — disse, olhando assustado para os outros.
— Bem que eu senti um cheiro estranho no banheiro hoje mais cedo — comentou, fazendo com que todos rissem.
— Que dia é hoje? — ele disse, passando a mão pelo pulso, onde a pulseira estava na noite anterior, sentindo sua cabeça latejar de repente, se perguntando onde a pulseira estaria se não ali em seu braço, já que ele dormira usando ela.
— Hoje é dia dezoito — disse, sorrindo e entrando no quarto, abraçando o pescoço do mais novo. — Você tá bem perdido hoje, .
— Nosso manager já chegou — avisou. — Você toma café no caminho.
Todos se retiraram do quarto, esperando que os seguisse, mas ele não conseguiu sair do lugar. Sua respiração se alterou por um momento, mas ele não se desesperou; aquilo só podia ser uma piada de seus amigos, algo que eles estariam aprontando para suas últimas horas solteiro.
Ao menos era isso que ele pensava, não havia outra explicação.
— Onde estamos? — ele perguntou, seguindo os amigos sem entender nada.
— O que te deram ontem que suas memórias estão horríveis? — Namjoon disse, indignado, abrindo a porta à sua frente — Nós estamos em Las Vegas, .
O clima quente bateu contra seu rosto no mesmo momento, fazendo com que ele sentisse o famoso calor daquela parte do país, já conhecido por ele.
— Não , não, não — ele começou dar passos para trás, assustando os outros que estavam com ele.
O rapaz avistou uma banca de jornais e revistas próximo de si e disparou em direção à ela, mesmo sabendo que podiam ter fãs ali, ele não se importou. Precisava entender o que era aquela situação imediatamente.
“Las Vegas Review-Journal”
“18/05/2018”
Era o que o Jornal dizia: dezoito de maio de dois mil e dezoito, com uma machete aleatória que ele sequer prestou atenção.
— Isso não tem graça, gente — disse de forma ansiosa para os amigos, que foram atrás dele. — Como vocês fizeram isso? Vocês disseram que gostavam dela, você e nos apresentaram, Namjoon — ele disparou a dizer diretamente para o mais velho. — Eu nunca vou chegar a tempo, ela vai achar que eu a deixei plantada e não vai me querer de volta.
— Calma, ! — disse, tentando acalmar o mais novo, que estava claramente nervoso.
— Ela não vai me querer de volta se achar que eu a deixei plantada, ela não vai entender — ele disse, ressentido.
— Do que você está falando? Quem não vai te querer de volta? — Namjoon disse — Você está estranho desde que fomos te buscar no quarto, estava tudo bem ontem, mas hoje você... — ele fez uma pausa — Não parece você.
— Porque eu deveria estar em um carro nesse exato momento — disse, olhando para o relógio que tinha no pulso — em direção ao local em que eu deveria me casar hoje.
— Eu realmente acho que ele está doente, Namjoon! — disse — Não temos como deixar a checagem de som para amanhã?
— Escuta, , você está se sentindo mal? Precisa de descanso? Podemos fazer a checagem de hoje sem você, mas vamos precisar conversar assim que voltarmos para o Hotel — o mais velho disse, olhando um pouco atordoado para .
— Vocês não estão brincando — ele disse baixo, observando os outros a sua frente com um grande ponto de interrogação em seus rostos. — Estamos mesmo em dezoito de maio de dois mil e dezoito?
— É lógico! — respondeu, rindo — Em que ano você esperava que estivéssemos?
— Dois mil e vinte um — ele respondeu.
Horas mais tarde
— Espera, então quer dizer que você deveria estar se casando hoje — disse, tentando compilar a informação —, mas em dois mil e vinte um? Como isso é possível?
— A pergunta certa é quem foi a doida que aceitou o pedido de casamento — disse, inconformado.
— Eu sempre soube que você seria o primeiro a se casar! — disse, sorrindo.
— E eu apresentei vocês? — Namjoon se pronunciou depois de minutos em choque com toda a história que o mais novo havia contado.
— Sim! — ele respondeu, sorrindo por se recordar da noite em que tudo aconteceu — Para ser sincero, essa noite foi crucial para que isso acontecesse — ele, de repente, se recordou que a primeira vez que e o amigo se viram havia sido naquela noite.
Flashback
Bastidores
— Não, aí não! — disse alto para o novato, que posicionava uma das decorações no local errado — Você quer que nossas estrelas internacionais tropecem ou, melhor, você quer que a minha cabeça role por ai? — ela disse, massageando as têmporas — Na esquerda, por favor, ou eu terei uma enorme dor de cabeça no futuro por sua culpa.
não costumava ser temperamental, mas naquele dia e naquele evento em específico se obrigava a agir daquela forma, porque qualquer errinho faria com que sua cabeça rolasse.
— Okay! — ela disse alto assim que o rapaz posicionou o último objeto que tinha em mãos — Stage cinco terminado e esse foi o último do dia, galera, vocês estão liberados.
Todos comemoraram, mas não ela, afinal, tinha que checar cada um deles para ter certeza de que nada faltava.
— Onde foi que eu deixei… — Namjoon disse para si mesmo enquanto buscava seu celular pelo palco em que havia ensaiado.
— Você não deveria estar aqui! — disse sem sequer olhar para o rapaz.
— Desculpe, eu esqueci meu celular — ele disse com um tom político e ela reconheceu a voz imediatamente.
— Me desculpe — ela disse sem graça —, não havia visto quem era.
— Tudo bem — ele respondeu, rindo fraco —, eu não deveria mesmo estar aqui, mas eu apenas dei falta dele quando entrei na van.
— Precisa de ajuda? — ela perguntou um pouco hesitante.
— Seria bom — ele respondeu rindo enquanto coçava sua nuca um pouco nervoso —, ou então esse será o celular número três no mundo dos perdidos esse mês.
— Três? — ela disse, indignada — Se soubesse disso, ela surtaria.
— ? — ele perguntou, curioso.
— Minha melhor amiga — ela disse, rindo. — Ela é ótima em continuar com o mesmo celular por vários anos, você deveria pegar umas dicas com ela — disse brincando.
— Definitivamente — ele respondeu, rindo.
Flashback off
A sensação de estar naquele stage outra vez era revigorante, aquela havia sido uma das primeiras apresentações que havia experienciado uma das primeiras ondas prazerosas do que era o reconhecimento e foi algo extraordinário dentro dele. Mesmo que já tivesse feito inúmeros shows e apresentações, cresceu trabalhando duro para chegar até onde chegaram, mas ele simplesmente sentia que aquele havia sido o ano no qual tudo mudara.
Ele lembrou como era ser uma pessoa com a vida corrida e sem tempo para nada. Aquilo mostrou a ele de onde surgiu sua insegurança sobre ser um bom companheiro para , afinal, ele havia crescido em frente aos holofotes e ele sabia o que era familiar, mas saberia ele distinguir o amor? Ele saberia dar aquele amor que ela necessitava?
Talvez aquela tenha sido as chances que os céus decidiram dar a eles de não bagunçarem a vida um do outro, ele odiaria vê-la infeliz por sua causa no futuro.
— Eu e essa — Namjoon perguntou, curioso, se ajeitando na poltrona do avião —, nós… — Você é muito lerdo — disse naturalmente. — Ela um dia ainda vai te pedir em casamento, porque você parece que não tem essa pretensão.
— Então nós namoramos? — o amigo perguntou quase sem fôlego.
— Vocês se amam — ele disse. — Vocês são apenas cautelosos demais, pois são muito amigos, então, não, vocês não namoram — disse, comendo parte do almoço que ainda estava na bandeja. — Ainda.
— Entendi! — o mais velho disse, um pouco decepcionado.
— Diferente de mim e — o outro comentou.
— Você disse que ia nos contar mais dela — se pronunciou — mais sobre vocês.
— Sim, nós estamos curiosos sobre essa tal garota que roubou o coração do nosso garoto — disse, entrando no assunto, e todos se viraram para .
— Bem — o mais novo disse, um pouco envergonhado com a atenção que recebeu de repente —, e eu somos feitos um para o outro — foi a primeira coisa que ele conseguiu dizer.
— Meu deus — disse chamando a atenção para si. — Ele mal começou e eu já sinto que vou vomitar de tanto açúcar.
Todos riram, inclusive , que percebeu que o amigo era desde o começo exatamente a mesma pessoa que era no futuro.
— Eu tentarei ser o menos melado possível — ele disse, rindo. — Mas eu preciso ser sincero em relação a isso — disse, olhando para as mãos distraidamente —, eu realmente me apaixonei assim que coloquei os olhos nela — olhou para os amigos. — E olha que a primeira vez em que nos vimos, nós discutimos sobre qual era o formato de mandu mais bonito.
— Você realmente a ama — disse, sorrindo, enquanto todos o observavam. — Seus olhos brilham quando você fala dela, é o mesmo brilho de quando você está nos shows e olha para as pessoas cantando junto com você.
— É a mesma sensação — respondeu, sorrindo.
Flashback
À primeira vista
era quem havia convencido de que precisava que alguém a acompanhasse ao evento naquela noite. Havia passado mais de seis meses que havia aceitado o emprego no país e arrastado a amiga junto. apenas havia chegado e se sentia mais sozinha do que nunca, já que a amiga trabalhava muito, mas Namjoon queria ajudá-la a se sentir mais em casa. Ele e já haviam conversado sobre levar a mais nova no evento para que depois pudessem comemorar a chegada da garota, que havia acontecido há alguns dias, e, de quebra, para ela conhecer os amigos. Namjoon e ela já haviam se conhecido na mesma época em que e ele se conheceram, ela havia ido fazer uma surpresa para amiga, que trabalhou até tarde naquele dia, e deu de cara com os dois conversando, e daí uma amizade um tanto surreal começou entre os três.
— Desfaz essa cara, por favor! — disse, passando pela entrada de funcionários com a amiga — Eu sei que você está tão feliz quanto eu de estar aqui esta noite.
— Para ser sincera, muita gente bonita junta diminui a minha confiança, então eu preferia estar assistindo pela TV! — respondeu, rindo — Eu posso estar rindo, mas estou chorando por dentro.
— Você está linda! — a outra disse, rindo da amiga — Mas a premiação não importa, Namjoon nos convidou para ir em um lugar depois daqui.
— Oh, meu Deus — ela disse, exagerando cada palavra da frase — Ele pelo menos vai me dar comida.
realmente ficava deslumbrada com as apresentações ao vivo dos artistas que gostava, não importava o país que fosse, era sempre prazeroso presenciar algo naquela magnitude.
— Namjoon! — disse, enrolando a massa do bolinho — Você me prometeu comida! — ela disse — Se eu soubesse que teria que fazê-la, não teria vindo — brincou, aproveitando que a amiga estava em vídeo chamada com o amigo.
— Desculpa, baixinha — ele disse, decepcionado. — Ficamos presos aqui, mas daqui a pouco chegamos, você sabe onde está tudo, certo, ?
— Sim, fica tranquilo, quando vocês chegarem parte da comida já estará pronta — ela respondeu.
— Não se depender de mim — gritou no fundo.
Era a primeira vez dela na casa, mas não a de , ela havia ajudado os garotos algumas vezes, como quando não tinha como levar Tan, seu cachorrinho, à casa de seus pais a tempo quando tinha alguma viagem marcada. Ele odiava ver o bichinho sozinho em casa, então quase sempre, desde que a conheceu, pedia o favor para .
— Chegamos! — Namjoon disse, entrando pela porta da casa cheio de sacolas quase meia hora depois da ligação.
— Já? — disse, ajudando com as sacolas.
— Se você quiser, vamos embora, é só dizer — brincou.
— Engraçadinho! — ela disse, olhando as sacolas — Vocês trouxeram bolo! — disse, animada.
— Shhh! — Namjoon disse, fazendo sinal de silêncio e escondendo o bolo — É a surpresa da .
— Chocolate meio amargo com morangos? — perguntou e ele assentiu — Você conhece bem a sua filha — ela disse, brincando.
— Aliás, onde ela está? — ele perguntou, olhando ao redor e não vendo sinal da garota.
— Saiu para comprar uma coisa na lojinha do fim da rua — ela disse, tranquila.
— A essa hora? — ele perguntou, preocupado.
— Ela fez Taekwondo — deu de ombros.
— Foi apenas uma aula, ! — ele disse, indignado, e ela deu de ombros.
— Ela sabe como chutar alguém e deixar ele sem perspectiva de filhos por anos — ela disse, rindo — Eu já presenciei.
Todos que estavam ali presentes na conversa acabaram dando risada.
— Cheguei! — disse entrando no mesmo momento em que colocou o bolo na geladeira — , você deveria ter ido comigo, assim você veria com os próprios olhos o homem mais lindo da Co…
fechava a porta e sequer havia notado a presença dos garotos ali junto de , até que se virou e parou de falar no mesmo instante, dando graças a Deus que ela falava em outro idioma.
— Você precisou deixar alguém sem perspectiva de ter filhos no caminho? — foi quem resolveu falar.
— Se eu fizesse isso, seria deportada. — ela respondeu, rindo — Mas, não, eu não precisei! , será que você pode parar de sair contando essa história para todo mundo?
— Mas é um ícone de história! — a amiga respondeu, rindo.
— Ela ao menos contou sobre o quanto nós tivemos que correr depois disso? — disse, colocando uma das sacolas que também trazia em mãos, olhando para a amiga em seguida — Porque, olha, as pessoas precisam entender que não é fácil nascer mulher nesse mundo.
sempre tentou ser o mais neutra possível, fazia piadas para normalmente quebrar o gelo, mas com eles ali reunidos, não foi muito necessário, já que pareciam se conhecer há anos.
— Vou colocar a carne para assar! — Namjoon disse, pegando as coisas da bancada e rindo das conversas que estava tendo com e — Ou então vamos acabar jantando na hora do café da manhã.
— Eu vou fazer mais alguns mandus com a — disse, se levantando da cadeira que estava e arrastando a amiga junto.
— Nada disso — Namjoon disse, impedindo ela de continuar. — A senhorita vem comigo acender o fogo ou é capaz de eu queimar a casa — ele disse, rindo. — , você pode ajudar ela com os mandus? Me lembro de uma vez em que você disse que gostava de fazê-los.
se encontrava já olhando os bolinhos que estavam sendo feitos no vapor e separando os que já estavam prontos, para que pudesse substituí-los por aqueles que ainda precisavam ser cozidos.
— Não! — ela disse, assustando-o — Você não tá fazendo o formato certo — disse assim que colocou os olhos nos mandus fechados por ele.
— Claro que estou! — ele disse, indignado — Esses são os formatos mais bonitos e práticos de serem feitos em um mandu.
— Estão muito pequenos! — ela retrucou, fazendo uma trouxinha com o dela — Assim é mais bonito e satisfatório de se ver — ela pegou um dos bolinhos que estavam prontos ao lado e comeu, um fazendo careta em seguida.
De longe, e Namjoon observavam a cena em que e seguiam brigando por qual formato de comida seria o mais prático e bonito. A garota ria, mas ele olhava preocupado com a hipótese de que eles se matariam a qualquer momento.
— Olha para ele, — Namjoon disse —, será que não é melhor a gente ir até lá acalmar as coisas? Eu acho que eles podem se matar a qualquer momento.
— Fica tranquilo, meu amor! — ela disse, rindo — É mais fácil você se preocupar com perder um membro mais cedo do que com os dois se matando.
— Como assim? — ele perguntou, confuso.
— Você está vendo o jeito que ele está assistindo a ela, agora? — ela apontou para os dois — Ela com cara de emburrada, porque ele provavelmente disse alguma coisa que a irritou — disse, rindo.
— Não que seja algo difícil — Namjoon comentou, rindo.
— Sim, mas aquele sorrisinho — ela disse, apontando para ele no mesmo momento em que viu o garoto virar o rosto prendendo o riso — denuncia ele. — ela riu — Ou seja, é bem mais fácil que saia um casamento dali e que você tenha que se preparar para ser padrinho em breve.
Flashback off
— Então, você precisa procurar esse senhor que vendeu as pulseiras para você, é isso? — perguntou, tentando entender a situação.
confiava em seus amigos, sendo no passado ou no futuro, sabia que por mais doido que aquilo parecesse, eles o ajudariam a todo custo e, por isso, contou tudo que havia acontecido na noite anterior três anos no futuro. Todos procuraram pela pulseira pela casa, mas nenhum sinal dela, nem mesmo nas coisas de da viagem.
— Acho que é a única forma de descobrir um jeito de tudo voltar ao normal — ele disse, se jogando cansado no sofá.
— E se você não, sabe, sei lá — começou a falar — tentar conhecê-la mais cedo dessa vez?
— E se isso é uma chance para que eu não a conheça dessa vez? — ele disse com um tom tristonho.
— Mas você a ama — disse de repente —, não ama?
— Sim — foi a única coisa que ele respondeu, não tinha quaisquer forças para deixar com que aqueles pensamentos tomassem conta de si.
— Lembre-se, — disse —, é normal ter medo de algo novo, mas se é certo e você sabe que é — ele disse, colocando uma das mãos sobre o ombro do amigo —, talvez você devesse arriscar e deixar as dúvidas de lado. Ninguém nasce sabendo como amar e cuidar de alguém, ainda mais na nossa idade — ele riu fraco. — A gente aprende, a gente ensina e o mais importante — ele respirou fundo —, a gente arrisca para saber qual será o resultado final.
— Pelo menos você sabe que tentou — concluiu. — Quando você subiu no palco pela primeira vez, eu aposto que não sentiu a confiança que sente hoje em dia e, olhe lá ainda, porque você antes de qualquer show fica tenso, até hoje — o mais velho riu. — Então, entenda, você tem que estar ciente de que qualquer tipo de decisão que você tomar aqui pode mudar tudo lá na frente.
— Eu já vi isso em muitos filmes! — Namjoon comentou.
E ele pensou e refletiu por durante toda a noite sobre aquilo que lhe haviam dito mais cedo. Não era algo que ele havia visto daquela maneira, afinal, até mesmo da forma que estava vivendo no futuro, com todo sucesso do mundo e mesmo que amasse o seu trabalho, ele duvidava se estava vivendo de forma correta pelo simples fato de que na sua idade sua vida era como um filme. O rapaz havia crescido e sido criado em frente às câmeras e desde pequeno quis aquilo, mas de forma alguma reclamava. Pelo contrário, ele agradecia sempre por tudo que tinha, apesar de sempre observar que seu tempo, sua vida e tudo que o envolvia eram diferentes daqueles com os quais um dia havia tido contato no mundo externo, como seus amigos de escola.
Ele sempre soube que havia se tornado um adulto mais rápido que todo mundo.
Mas, olhando seu passado, ou pelo menos o primeiro deles, sem ela, parecia que ele estava visitando o amanhã de outra pessoa que já não era mais o dele.
Onde o sol nascia, ela estava e onde ela estava, ele não via a possibilidade ou o desejo de estar longe.
Mesmo ele sendo aquele garoto que achava o mundo grande demais e que corria o tempo todo com um microfone em suas mãos, fazendo de tudo para que seu talento fosse creditado, ele não precisou de muito para que ela o aceitasse. Mesmo que ela tivesse que andar de metrô e passar por dezenas de pessoas como uma completa estranha e ele sendo completamente o contrário; estando no modo avião o tempo todo, agitando o mundo, fazendo a alegria de outras pessoas e não a dela o tempo todo, ela o esperava de braços abertos e aconchegantes quando ele voltava.
Será que ele deveria ter conhecido ela mais cedo? Será que aqueles indícios do tempo que ele havia perdido, realmente não eram verdade? Sua vida não tinha acontecido rápido demais?
Se fosse, por que então ele estaria ali, perdido naquele tempo e espaço diferente e se sentindo sozinho?
Ele sequer podia pegar o celular da estante e ligar para ela, ele sequer podia colocar um casaco confortável e bater de madrugada na porta do apartamento em que ela morava, pedindo por um abraço, porque ela provavelmente sequer morava ali ainda.
E de alguma forma ele sentia que ela sabia sobre aquilo tudo.
E ele sabia que ele tinha que encontrar o próprio tempo.
E fingir que nada havia acontecido ou desistir para preservar ela de algo que sequer haviam arriscado ainda não era a resposta.
— Onde você vai a essa hora, ? — perguntou, preocupado, assim que viu o mais novo correndo até a porta.
— Arrumar essa bagunça — ele respondeu e saiu correndo.
As ruas da cidade sempre eram muito bem iluminadas, mas naquele dia em específico tudo parecia mais escuro que o normal. Ele não sabia se a loja estaria no mesmo local ou se o dono seria o mesmo; e, mesmo que estivesse chovendo — que era o que os estrondos no céu insinuavam —, ele procuraria por aquele senhor que vendeu as pedras a ele. Ele descobriria se tinha algo que pudesse ser feito ou se haviam mesmo sido por culpa da pedra que ele havia dado a ele de presente que estava passando por aquilo.
— Meu jovem, você deve ter se enganado de casa — o senhor, um pouco mais novo do que a última vez que o havia visto, disse, abrindo a porta de sua casa. — Sou apenas um contador que está quase se aposentando.
O endereço continuava o mesmo e o dono também, mas a loja não existia.
— Há algumas noites. eu passei na sua loja — disse, ofegante. — O nome era Mundo Onírico, eu a vi quando estava a caminho da minha despedida de solteiro — o rapaz arrumou a franja que caía no rosto por contas dos fios que pesavam pela chuva.— Eu havia visto um bracelete lindo de ametista, mas uma senhora havia trocado ele por dois braceletes de pedras raras.
— Pedra estrela e selenite — ele disse, interrompendo o mais novo.
— Essas! — o menino disse, atônito, e sem entender como o senhor sabia quais eram.
— Entre, meu rapaz — o mais velho disse. — Temo que tenhamos que conversar.
entrou na casa, que quase estava vazia. Havia apenas um ou outro móvel por todo lugar, que, por sinal, não havia notado, mas era enorme.
— Eu estou de mudança — ele disse, entregando ao garoto uma toalha para que secasse seus cabelos e não ficasse pingando pela casa —, ou pensei que estava.
O mais novo o olhou confuso e ele riu.
— A alguns dias atrás, uma senhora veio me ver — ele disse, se sentando na cadeira e indicando com a cabeça para que se sentasse na outra de frente a ele. — Ela me disse que a partir daquele dia eu havia recebido missões e que não teria mais volta. Mas o mais curioso de tudo é que ela apareceu em meus sonhos na noite passada, dizendo que o futuro buscaria a certeza no passado e que por meio da lua e das estrelas o desejo se concretizaria — ele disse, fazendo com que o rapaz colocasse muita atenção. — Eu não havia entendido, mas ela me disse que daqui a alguns anos, eu receberia duas pedras raras…
— Pedra estrela, pedra dos desejos e sonhos e selenite — disse, dando uma pausa para respirar fundo —, o símbolo da lua. Ela te avisou sobre minha vinda.
— Exatamente — ele afirmou —, mas ela não me explicou como ajudá-lo, ela apenas se foi, dizendo que de onde tudo deu início, tudo terminaria.
— Isso não quer dizer aqui? Na sua loja? — ele perguntou.
— Foi o que eu pensei — o mais velho respondeu. — Mas eu não tenho nenhuma resposta aqui para você, eu sequer sei como vim parar nessa história. Você já sabe o motivo que veio para aqui?
sacudiu a cabeça negativamente e o senhor olhou para ele com uma expressão curiosa.
— Você pode me ajudar a encontrar essa senhora? — perguntou quase implorando.
A verdade era que o homem não tinha como dizer não ao mais novo, via que ele estava desesperado e seu coração disse que deveria ajudá-lo a todo custo.
— Posso! — ele respondeu e sorriu — Mas amanhã — ele completou. — Está chovendo muito hoje e a essa hora pode ser perigoso, sem contar que eu ainda tenho que trabalhar pela manhã.
— Tudo bem! — respondeu.
— Me encontra ali, — disse, mostrando a ele assim que se levantaram e foram em direção à porta — na margem do rio Han, amanhã às três da tarde — o senhor disse a ele.
voltou para os dormitórios e a chuva já não caia mais.
Se a resposta não estava ali, então qual seria a resposta ou melhor, por que ele havia sido o escolhido para aquilo? Esses eram os tipos de pensamentos que rondavam sua mente por todo o caminho, mas, novamente, nenhuma resposta era plausível para aquilo.
— Conseguiu alguma resposta? — disse , o assustando, assim que pisou pela porta de casa e, então, apenas sacudiu a cabeça negativamente, respondendo sua pergunta.
Sua cara de sono denunciava que ao invés de estar dormindo, havia ficado ali esperando que o amigo voltasse.
— Nós jogamos pedra, papel ou tesoura para ver quem esperaria você — ele disse, coçando os olhos e bocejando. — Você sabe que eu sou péssimo nisso — disse, rindo fraco para o mais novo.
— Desculpe ter saído sem dizer nada — disse.
— Tudo bem — ele disse, sorrindo para o amigo. — Vai dar tudo certo, . Qualquer coisa, tudo que você tem a fazer é viver isso outra vez, talvez não seja fácil, mas pode ser que algo mude no percurso.
se levantou e deu uma batidinha confortante nas costas do amigo, se dirigindo a seu quarto em seguida.
Realmente daria? Foi a única coisa que pensou até pegar no sono.
Teve um sonho realmente tranquilo naquela noite. Talvez sua mente estivesse muito preocupada e cheia, então seu consciente decidiu lhe dar uma folga de tanta turbulência.
naquela noite sonhou com o dia em que conheceu .
Ele se lembra de pensar o quanto era divertido vê-la irritada pela casa. A lembrança, que veio como um sonho para si, também mostrou o dia em que ele realmente percebeu que a amava e que ter ela ao seu lado era algo essencial. De frente ao rio Han, sentado em uma das escadas que havia ali, apenas olhando para o céu, ele não segurou para si aquela sensação. a pediu em casamento sem sequer pensar em discutir com os outros antes, mesmo sabendo que teria apoio.
Ele acordou feliz naquela manhã, talvez um pouco esperançoso para que tudo tivesse voltado ao normal, mas não aconteceu.
— Eu pedi folga para você hoje — Namjoon disse de repente enquanto tomavam café da manhã juntos na mesa. — Disse que você estava doente, então tente fazer as coisas da maneira mais discreta possível.
— Sério? — o mais novo respondeu de boca cheia e os amigos riram.
— Sim! — ele respondeu — Vê se clareia um pouco essa mente — disse, colocando um pouco mais de leite no copo. — Ela parece muito cheia e está quase notável fisicamente.
— Obrigado! — ele disse animado.
era muito grato pela família que tinha criado com seus membros de grupo. Ele amava cantar e, mais ainda, amava dividir o palco e suas alegrias com aqueles que podia chamar de irmãos.
— Você chegou cedo! — o dono da loja disse, vendo sentado de frente para o Rio Han, observando com nostalgia tudo ali a seu redor.
— Tirei o dia de folga — ele disse, vendo o senhor se sentar junto dele. — Decidi que seria legal tirar um tempo para pensar.
— É sempre bom! — o mais velho respondeu, respirando fundo — Olha, normalmente ela fica perto da ponte com um estojo de joias em suas mãos — disse, indo direto ao assunto. — Podemos tentar ir caminhando, quem sabe nesse horário — o senhor olhou o relógio — não a encontramos no meio do caminho.
— Certo — respondeu, demonstrando insegurança sobre aquilo. — Você tem certeza que ela estará lá?
— 85% — ele respondeu, se levantando. — Nunca vamos saber se não formos procurar-lá.
E foi o que fizeram: caminharam cerca de vinte minutos conversando sobre como era o futuro e como ele havia parado ali.
— Então, quer dizer que eu tenho uma loja chamada “Mundo Onírico”? — o senhor disse, interessado na conversa — E que eu realmente fiz com que você viesse para o passado?
assentiu.
— Realmente, deve ter tido uma razão para isso — o mais velho disse, suspirando. — Você é jovem, mas ainda sim tem muita coisa que aprender. A pedra deve ter realizado um desejo seu que, talvez — ele o olhou —, não estivesse na superfície de seus sentimentos — concluiu, deixando confuso com suas palavras. — Chegamos, ali está ela.
A senhora usava um tradicional Hanbok*, com seus cabelos presos em um coque, junto de um Binyeo* Prateado, com pedras verdes e brilhantes que atravessavam seu cabelo. Sua expressão não era das mais desconfiáveis, ela realmente se parecia com uma senhora normal.
— Boa tarde! — disse, se aproximando com cuidado — Por um acaso, a senhora teria alguma pulseira de pedra estrela?
— Você demorou! — ela disse sem sequer olhá-lo enquanto arrumava as pedras de seu estojo, uma por uma.
— Desculpe, o quê? — ele perguntou, confuso.
— Você demorou! — ela disse, dessa vez subindo o olhar para o mais novo, que se arrepiou no mesmo momento — Eu achei que viria correndo me procurar quando aparecesse aqui, mas vejo que gostou demais de retornar.
— Você me conhece? — ele perguntou, assustado.
— É claro que sim! — ela riu — Ou quem você acha que te deu a oportunidade de voltar à estaca zero e escolher? A pedra só é encantada uma vez e ela precisa de mãos humanas para isso.
— Foi você quem me trouxe aqui! — ele disse, ainda em choque.
— E seu tempo de escolha está acabando — ela disse, fechando suas coisas. — Você recebeu um grande presente dos céus, garoto, muitos matariam para estar no seu lugar — ela se posicionou a seu lado. — Mas o universo não é egoísta como o ser humano, você ainda tem o poder de escolha — ela sorriu e abaixou o tom de voz .— Saiba, entretanto, que ele não erra no que faz.
— Eu preciso voltar — ele disse, vendo que ela deu as costas para sair dali, cortando o assunto dos dois.
— É mesmo? — ela disse ainda de costas.
— Sim! — ele respondeu — existe uma pessoa que está no meu futuro — ele disse um pouco desesperado —, não no meu passado — ele refletiu enquanto falava. — Visitar o meu passado é como visitar o amanhã de outro alguém, mesmo que me deixa extasiado por poder fazer tudo certo dessa vez, foram meus erros que me fizeram crescer e, mesmo que muitas vezes eu me senti deslocado por ter crescido rápido demais, ela apareceu no momento certo.
— Eu não tenho o dia todo — a senhora disse, indicando que ele continuasse.
— E ela sempre soube — disse, fazendo com que ela sorrisse satisfeita. — Ela sempre soube sobre o sentimento de insegurança em fazer com que ela fosse feliz, não é? É por isso que estou aqui, o sentimento de insegurança me fez voltar no mesmo ponto onde tudo começou, mas por que tanto tempo antes e não quando a conheci?
Ela respirou fundo e se virou para ele.
— A primeira vez em que você a viu foi exatamente o dia em que você voltou — a senhora respondeu, deixando ele com uma confusão mental.
— Impossível — ele respondeu. — A primeira vez em que nós vimos só vai acontecer daqui a sete meses, foi o exato dia em que me apaixonei por ela.
— Você não foi o primeiro a se apaixonar — ela disse, rindo.
— Como? — ele perguntou, confuso.
— Você fez mudanças nesse passado, mas ainda sim o universo ajudou — a senhora disse, balançando a cabeça negativamente. — Eu não sei se você merecia saber disso ou atá mesmo da segunda chance que foi dada, mas ainda sim aconteceu, então a história se repete.
estava claramente confuso, parecia mais que ela estava falando consigo mesma do que com ele.
— Escute, garoto — a melhor disse, se encostando no pilar perto deles — você quer voltar, certo?
Ele balançou a cabeça positivamente.
— Você precisa saber que nada está te prendendo aqui, você precisa concretizar o motivo para estar no futuro e eu sei que você já sabe qual é esse motivo — ela respondeu. — Essa é a única razão para você ainda estar aqui — a senhora respirou fundo —, eu já falei demais, preciso ir — ela se virou mas antes de partir o olhou uma última vez. — Boa sorte, garoto.
sequer tinha mais palavras a serem ditas, ele a deixou ir sem questionar e muito menos agradecer ou impedi-la. Ele apenas a deixou ir e ela desapareceu como vento.
Ele passou pelo dono da loja, que esperava observando os dois de longe, e agradeceu de forma vazia, afinal, era assim que se sentia naquele momento.
Sozinho em outro tempo e espaço.
Ele sentiu vontade de correr para longe naquele momento, mesmo que estivesse sem fôlego na metade do caminho, não tinha pretensão de parar. Mesmo que não soubesse para onde estava indo, mesmo que fosse na direção oposta do sol, ele não se importava mais. Apenas segurou seu boné firme para que não voasse e continuou correndo.
Havia vivido uma vez o presente e duas vezes o passado, mas sem a mínima noção se um futuro igual ao anterior estaria esperando por ele ou, melhor, se ela, que era o seu futuro, o esperaria mais uma vez todo esse tempo para estar com ele.
E então chegou à conclusão.
Mesmo que ela não o esperasse, mesmo que aquilo fosse um looping sem fim, ele a esperaria, ele a encontraria.
Ele era feliz de terem se conhecido e se aquela era a oportunidade que ele tinha para fazer com que tudo acontecesse outra vez, então, ela seria o seu “para sempre até o final”.
— Acorda, ! — uma voz ecoou, fazendo com que ele parasse de correr.
O céu brilhou alaranjado e a lua pareceu subir rapidamente ao céu.
O tempo correu e percebeu.
— ! — A voz ecoou mais uma vez e o céu escureceu.
O rapaz fechou seus olhos com força e disse a si mesmo “Você não está mais preso no seu passado”.
Abriu os olhos e a senhora de mais cedo estava a sua frente, sorrindo para ele.
— Você não está mais preso no seu passado! — ela repetiu, sorrindo — Adeus, garoto!
Ela tocou a ponta de seu dedo no peito dele, no mesmo lado em que seu coração se encontrava e, no mesmo instante, ele sentiu a sensação de estar sendo sugado por algo, mas não viu nada além da forte luz que bateu em seus olhos.
— O que aconteceu? — ele perguntou, baixo.
— Você chegou ontem à noite e dormiu — disse, passando a gravata pelo pescoço.
— Temos alguma apresentação especial hoje? — ele perguntou, coçando os olhos sonolentos.
Mas não obteve resposta, se levantando e dando de cara com todos arrumados, olhando para ele da porta.
— — disse, confuso — você se esqueceu do próprio casamento?
— Quem deixou ele beber demais ontem à noite vai ser quem irá explicar para o porquê do noivo estar com uma cara péssima no próprio casamento — disse e todos olharam para o mesmo. — Espera, não sou eu o culpado, não.
— Eu voltei — ele disse, mais para si do que para os amigos.
se levantou com pressa, quase caindo da cama, e foi em direção aos amigos.
— Que dia é hoje? — ele perguntou, segurando os ombros de Namjoon.
— Doze de dezembro? — o amigo disse em tom de pergunta.
— De qual ano? — perguntou, atônito.
— Dois mil e vinte um? — respondeu como pergunta e o sorriso do mais novo cresceu escutando aquilo.
— Eu voltei! — ele repetiu em voz alta — Eu preciso me trocar, vou me casar com a mulher mais importante que existe na face da terra.
— Não deixe sua mãe escutar isso — disse alto para que ele escutasse, já que havia saído correndo.
— Ele está bem? — perguntou, preocupado.
— Deve ser nervoso — respondeu, rindo.
Algumas horas depois
— Antes de vir para cá, eu passei em um lugar — ele disse tirando uma caixinha do bolso.
Estavam em meio à festa de casamento, ambos estavam sentados em uma mesa separada de todos, conversando há alguns minutos. Ele estava realmente feliz por estar de volta, com ela, no tempo e espaço em que se sentia completo.
— O que é? — ela perguntou curiosa e ele sorriu.
— Algo que eu vi em uma loja no caminho de casa ontem e me lembrou você — ele disse, sorrindo.
Ele abriu a caixinha mostrando a ela um colar com a pedra de aniversário dela com uma pequena lua junto.
Ela riu com o colar em mãos.
— O que foi? — ele perguntou, rindo junto.
— Eu tive um dejà vú — disse, olhando o colar. — Para ser sincera, eu tinha um muito parecido a três anos atrás — ela disse, sorrindo por se lembrar daquele dia —, mas eu o perdi por sua culpa.
— Minha culpa? — ele perguntou, sem entender e ela balançou a cabeça. — Eu acho que nunca te contei isso, mas nós nos encontramos antes da primeira vez em que realmente conversamos.
— O quê? — ele perguntou, em choque.
— Juro — ela disse, rindo. — Não fica chocado assim que me faz parecer uma doida que te stalkeou por anos e conseguiu casar com você — ele a olhou desconfiado, mas riu em seguida — Não, meu Deus! — ela disse, rindo — Para ser sincera, eu sequer pensei que te veria outra vez.
— Nós nos conhecemos antes, então — ele perguntou, confuso.
— Sim! — respondeu, sorrindo — Para ser exata, dois dias antes da primeira apresentação de vocês na Billboard. Foi em um café. Você passou e minha corrente que estava em cima da mesa na hora ficou presa em sua bolsa. Eu te segui e te chamei inúmeras vezes, mas você aparentemente estava com pressa e de fones de ouvido — a noiva disse, rindo. — E em um certo ponto foi engolido por uma multidão de fãs impenetráveis.
— Por que você nunca me contou isso? — ele perguntou.
— Porque provavelmente você sequer teria mais a corrente. Ela deve ter caído com todo aquele empurra-empurra da multidão — disse. — E porque provavelmente seria esquisito dizer que me apaixonei à primeira vista por alguém que me fez perder a minha pedra favorita. Eu só levei aquilo como uma mensagem ou, melhor, como um sinal.
— Que sinal? — perguntou.
— De que eu estaria sempre com você a partir daquele dia — ela disse, sorrindo.
Ele não disse nada, apenas sorriu e juntou suas testas, segurando uma de suas bochechas.
— Eu nunca tive dúvidas sobre você ser a pessoa certa — ele disse, deixando um beijo em seus lábios. — Eu sei que você sabe sobre as minhas inseguranças sobre ser a pessoa certa ou sobre ser parte do seu futuro, mas você… — disse, acariciando a bochecha de — Eu nunca tive dúvidas sobre você, desde a primeira vez que te vi entrar pela porta da minha própria casa — ele sorriu. — Hoje eu sei que a sensação foi como ver o meu futuro entrando pela porta.
— Eu amo você — disse de repente, fazendo com que seu coração disparasse.
— Eu amo você — respondeu de volta — Obrigado por ser o meu futuro.
Sexta-feira, despedida de solteiro
— , olha para a câmera! — disse, rindo.
— Quê? — perguntou mais alto.
A música estava tão alta no local que era quase impossível ouvir seus amigos, mas era bom ver que eles estavam se divertindo. Todos davam risada e provavelmente estavam mais bêbados do que deveriam.
— Olha para a câmera! — gritou mais uma vez, se ajeitando ao lado dos amigos de grupo para poder sair na foto.
— Ah! — o rapaz exclamou, rindo, e o “click” aconteceu no mesmo momento.
Todos se sentaram novamente em seus lugares e alguém suspirou alto, recebendo atenção.
— , você está chorando? — Namjoon perguntou, vendo o rapaz enxugando as lágrimas.
— Eu não acredito que o mais novo de todos nós está se casando primeiro — Ele choramingou.
— Você sempre disse que ele seria o primeiro! — disse, rindo.
— Mas não quer dizer que eu queria que acontecesse tão rápido — ele respondeu.
— Não se preocupe, Hyung! — disse, rindo — nós vamos nos ver sempre na empresa e, se te faz sentir melhor, eu vou perguntar para se ela não pode fazer aquela torta de chocolate que você tanto gosta.
— Eu espero daqui uma semana quando você voltar a trabalhar, obrigado — ele disse, fazendo todos darem risada — vou pegar mais uma bebida, alguém quer? Não? Ok.
— Ele não sabe que o chefe liberou para passar um mês viajando depois que casar — disse, rindo.
— Ele provavelmente vai ficar reclamando o mês inteiro que sente falta dele pela casa — disse .
— está se mudando, ele ainda vai reclamar por, no mínimo, uns seis meses — completou, rindo junto de todos.
— Obrigado por sempre estarem comigo nos momentos mais importantes — disse, levantando seu copo de cerveja.
— Nós praticamente te criamos, garoto, fazer parte da sua vida sempre foi nossa principal função — Namjoon disse, sorrindo para o mais novo — nós estamos felizes por você, , você está fazendo a coisa mais certa de toda a sua vida, nunca tenha dúvidas disso.
— Um brinde! — disse, animado — a nova vida de , que se inicia amanhã.
Todos brindaram naquela noite, estavam realmente felizes pelo mais novo, assim como ele, que estava feliz e ansioso por ter feito aquela escolha. A cada momento, sentia a realidade estar tão próxima, que seu coração acelerava.
Esperar para vê-la apenas na manhã seguinte quase o enlouquecia. Ele amava mais do que tudo e sabia que, nesse momento, ela estaria aproveitando o máximo de seu último dia, antes que se tornasse a senhora Jeon.
Nem mesmo ele imaginou que se casaria tão cedo, sempre deixou bem claro que não importava qual fosse a situação, seria o último a se casar; que, na realidade, sequer pretendia fazer aquilo, ao menos não até conhecê-la em uma manhã de ano novo.
— Vejo vocês mais tarde! — disse para os amigos, que entravam no carro com o motorista já à espera dele para irem para casa — Quero caminhar um pouco antes de ir para casa e, não se preocupem, não estou bêbado e tenho como me disfarçar.
— Não demora muito, pode ser perigoso — Namjoon disse — e você tem que estar descansado para amanhã.
— Tudo bem, chego em meia hora, só preciso parar em um lugar antes. Queria comprar algo que vi no caminho daqui, é um presente para — Ele respondeu, sorrindo para os amigos — prometo que não vou demorar.
Caminhar pelas margens do rio Han fazia com que ele se sentisse tão bem que naquele dia precisava daquilo. Respirar o ar da cidade que vivia desde os quinze sempre fazia bem para si. Ele estava nervoso e aquilo com certeza seria o remédio perfeito antes de ir para casa e descansar, porque a manhã seguinte seria longa.
Ali, cerca ao Rio Han, havia uma loja de esquina pela qual se interessou assim que o carro passou por perto. O letreiro de cor neon em roxo e azul piscava com as letras dizendo “Mundo Onírico”. O rapaz achou engraçado e lembrou de assim que leu aquelas palavras. A garota vivia no mundo dos sonhos, até havia dito que antes mesmo de se conhecerem ja havia sonhado com o rapaz e ele não pôde negar, na primeira vez que a viu pensou o mesmo, que já havia visto antes.
O rapaz, sem pressa alguma, entrou pela porta do estabelecimento, que rangeu alto, sendo seguida pelo timbre que vinha do sininho que tinha ali para indicar que alguém havia entrado na loja.
— Bem vindo ao Mundo Onírico — disse um senhor, saindo de trás de seu balcão — gostaria de algo em específico? Um laço do amor, talvez? Um anel de fertilidade? Não sei por que, mas sinto esse instinto familiar em você e sinto que, definitivamente, um laço do amor e um anel de fertilidade não serão necessários.
não aguentou e riu, dando espaço para que o senhor também desse risada.
— A algumas horas atrás havia algumas pulseiras e alguns colares na parte de fora — o mais novo apontou para trás de si — havia uma em especial, com pedras vulcânicas junto de uma pedra bonita, roxa, minha noiva é louca por essas pedras, é a cara dela.
— Ah, você diz o bracelete de ametista? — ele perguntou e assentiu, mesmo não sabendo se era ou não aquele o nome — meu jovem, se você tivesse chegado cinco minutos mais cedo, teria levado de presente a sua noiva, mas ela foi levada pela senhora que saiu assim que você entrou.
— Eu não vi ninguém sair — ele comentou, confuso.
— Mas sabe o interessante? — o mais velho perguntou, tirando um estojo de joias da gaveta — ela me deixou uma coisa bem especial aqui, que eu não vejo há anos nesse mundo.
o olhou confuso pela frase e ele sorriu torto para o mais novo.
— Digo — ele tossiu fraco — que não vejo há anos.
Ele abriu o estojo e o estendeu sobre o balcão, fazendo com que se aproximasse.
— Ela me traz algumas dessas raridades, porque viaja por muitos lugares. Eu acho que tenho o match perfeito para vocês. — ele disse, arrumando seu óculos — Ela me trouxe dois braceletes de cristais muito difíceis de passarem pelas minhas mãos.
— Ah, é? — disse o rapaz, desconfiado.
— Aqui — ele disse, pegando ambos com cuidado — para sua noiva — mostrou primeiro o bracelete, de pedra branca, quase transparente, mas de tão reluzente, chamava a atenção de — essa é a pedra Selenita, ela é encontrada mais ou menos na área do México, mas é uma pedra muito antiga — ele disse. — Principalmente essa — ele sorriu, observando a pedra, e achou o ato curioso. — Essa pedra era conhecida por todos os povos antigos e eles acreditavam que, por mais que muitos nomeavam a lua com diferentes nomes de deusas da antiguidade, essa pedra — ele sorriu — quando foi encontrada pela primeira vez, foi vista e denominada a própria lua física entre os humanos. Por isso, seu nome é Selenita. Selene, no grego, significa lua.
não sabia muito o que dizer, mas sentiu em seu coração que gostaria daquele presente. Ele sabia que para ela valeria mais o significado do que a própria pedra, sabia que ela ficaria feliz.
— Eu vou levá-la — ele disse, animado, ainda observando o bracelete.
— Mas devo avisar — o senhor respondeu — você só a pode levar, se também levar a pedra estrela junto.
O mais novo o olhou, confuso e desconfiado.
— Eu não sou de enganar ninguém, se é o que você está pensando — ele disse, guardando o estojo, mas o impediu. — Escute, meu rapaz, eu tenho uma regra, ou melhor, uma superstição: se esses cristais vieram juntos a esse local, juntos irão daqui, eu nunca desafiaria separá-los.
— Me conte sobre a pedra estrela — o mais novo pediu, quase desesperado.
— Muito bem — o vendedor disse, abrindo o estojo novamente e agarrando a pedra estrela com cuidado. — Não há muito a dizer sobre essa curiosa pedra, sua história foi apagada com o tempo. Mas, ainda sim, dizem que ela é feita de pó das estrelas e molhada com água da fonte sagrada e, por isso, é a maior realizadora de desejos e sonhos que existe, inclusive os mais pessoais e profundos — ele suspirou. — Mas é muito difícil encontrá-la.
— Sério? — perguntou, olhando bem para a pedra azul com pingos brancos brilhantes.
— Sim! — o senhor respondeu sério. — Por isso, preciso que cuide bem dela e que tome cuidado com o que deseja.
— Tudo bem — ele respondeu, tranquilo — eu gostaria de levar as duas, quanto o senhor quer por elas?
, com toda disposição, tirou sua carteira do bolso, sabia que não seriam baratas, mas estava disposto a comprá-las e não importava o quanto custassem.
— Nada! — o mais velho respondeu, dando as costas para o balcão e pegando uma bolsinha azul clara — eu apenas quero que cuide bem delas, será meu presente de casamento para você, sinto que você precisará de mim no futuro — ele disse, logo diminuindo o tom de voz. — Ou talvez no passado — riu baixo.
— Sério? — o rapaz perguntou, confuso pela situação.
— Sim — o senhor respondeu, entregando o embrulho para o rapaz — apenas lembre-se de tomar cuidado com o que deseja. Pode ser difícil retornar ao normal depois que o desejo se realiza.
saiu da loja curioso por aquela conversa estranha, mas feliz por ter conseguido comprar o presente ideal que desejava dar a antes do casamento. Não se esqueceu, entretanto, das palavras do senhor nem por um instante. Assim que chegou, tomou seu merecido banho e se trocou, avisando sos outros que havia chegado. Então, jogado em sua cama, sentiu a enorme vontade de ver de mais perto o presente que ele entregaria à garota no dia seguinte. Ansioso, abriu o pacote e pegou a pedra da estrela, admirando o quão bonita era; colocou em seu pulso, e se deitou, analisando curiosamente cada detalhe seu.
Há um tempo, havia começado a gostar desses tipos de coisas, contava a ele histórias incríveis — e às vezes um pouco exageradas — sobre Deuses antigos, pedras mágicas, entre outras coisas, e ele gostava. Gostava daquela alma dela de historiadora curiosa e que gostava de compartilhar suas descobertas com ele. Afinal, ter estudado história da arte e se especializado em cinema realmente fazia com que ela parecesse uma esperta em qualquer assunto. Ele havia até mesmo comprado um colar com a pedra de nascimento da garota a não muito tempo atrás e o usava em momentos especiais como seu amuleto da sorte. Afinal, ele realmente havia acreditado que era coisa do universo os dois terem se encontrado e era isso que seu coração trazia como preocupação principal desde que a pedira em noivado. Pensou sobre isso antes de se deitar.
Não, ele de forma alguma se arrependia de todo o processo complicado que tiveram, mas, ainda sim, se preocupava se realmente poderia ser quem ela precisava a todo momento. Seus olhos pesaram de repente e ele sequer teve tempo de apagar as luzes, adormeceu confortavelmente em sua cama, sabendo que na tarde seguinte se casaria com a mulher que tanto sonhou.
— O que você ainda está fazendo dormindo, ? — Namjoon disse, entrando no quarto com rapidez — Sejin chegará em dez minutos para irmos à prova de som.
— Huh? Prova de som? — o rapaz respondeu sonolento, sua cabeça pesava estranho e sequer havia bebido muito na noite passada — mas eu tenho que ir entregar o presente da .
— Quem é ? — Namjoon o olhou, confuso — você nunca nos disse que estava namorando.
— Não é a prima dele? — disse, se aproximando.
— Namorada do irmão? — disse, entrando no assunto também.
— O irmão dele é muito novo para namorar — disse, passando por eles e entrando diretamente no banheiro.
— Quem é , então? — todos que estavam ali presente, perguntaram juntos.
— O quanto vocês beberam ontem à noite depois que vieram para casa sem mim? — ele perguntou, rindo e se levantando para procurar uma roupa decente que pudesse usar. — Não me olhem assim — disse, olhando para os amigos, que o olhavam confuso com o assunto — , minha noiva? Vocês realmente estão agindo como se hoje não fosse o dia do meu casamento, porque vão sentir minha falta?
— , — se aproximou com uma cara de preocupado — você está doente? — colocou a mão sobre a testa do amigo e olhou para os outros — Acho que ele está com febre, alguém traz o termômetro?
— Eu vou buscar! — respondeu e saiu correndo pela casa.
— Eu não acho que seja febre — disse, colocando uma expressão estranha no rosto — Você bebeu alguma coisa forte ontem? Bateu a cabeça em algum lugar?
— Nós saímos — ele disse, passando a camisa sobre o pescoço, rindo —, mas eu não bebi tanto quanto vocês e era a minha despedida de solteiro.
— Despedida do quê? — eles disseram juntos, agora com todos os seis ali presentes.
— Despedida de solteiro! — ele começou a ficar preocupado com as reações.
— — disse com cuidado — do que você está falando? Que tipo de brincadeira é essa?
— Brincadeira? — disse, confuso — Hoje é o dia do meu casamento, vocês estão brincando, porque eu estou me mudando, não?
afirmou com tanta precisão que todos se entreolharam preocupados.
— A única coisa que temos marcado para hoje é a checagem de som para a performance na premiação da Billboard — Namjoon disse, inquieto.
— Billboard? — ele perguntou, sem entender — essa apresentação é só daqui a alguns meses.
— Não, , é daqui a duas noites — disse. — E vai ser nossa primeira apresentação, é bom você não ficar de brincadeira por muito tempo.
— Primeira apresentação? — ele perguntou, confuso, sabendo que aquela apresentação havia sido a mais ou menos três anos atrás — nossa primeira apresentação lá foi a três anos atrás.
— Meu deus, Namjoon, chama um médico! Acho que o tteokbokki de ontem não estava bom — disse, olhando assustado para os outros.
— Bem que eu senti um cheiro estranho no banheiro hoje mais cedo — comentou, fazendo com que todos rissem.
— Que dia é hoje? — ele disse, passando a mão pelo pulso, onde a pulseira estava na noite anterior, sentindo sua cabeça latejar de repente, se perguntando onde a pulseira estaria se não ali em seu braço, já que ele dormira usando ela.
— Hoje é dia dezoito — disse, sorrindo e entrando no quarto, abraçando o pescoço do mais novo. — Você tá bem perdido hoje, .
— Nosso manager já chegou — avisou. — Você toma café no caminho.
Todos se retiraram do quarto, esperando que os seguisse, mas ele não conseguiu sair do lugar. Sua respiração se alterou por um momento, mas ele não se desesperou; aquilo só podia ser uma piada de seus amigos, algo que eles estariam aprontando para suas últimas horas solteiro.
Ao menos era isso que ele pensava, não havia outra explicação.
— Onde estamos? — ele perguntou, seguindo os amigos sem entender nada.
— O que te deram ontem que suas memórias estão horríveis? — Namjoon disse, indignado, abrindo a porta à sua frente — Nós estamos em Las Vegas, .
O clima quente bateu contra seu rosto no mesmo momento, fazendo com que ele sentisse o famoso calor daquela parte do país, já conhecido por ele.
— Não , não, não — ele começou dar passos para trás, assustando os outros que estavam com ele.
O rapaz avistou uma banca de jornais e revistas próximo de si e disparou em direção à ela, mesmo sabendo que podiam ter fãs ali, ele não se importou. Precisava entender o que era aquela situação imediatamente.
“18/05/2018”
Era o que o Jornal dizia: dezoito de maio de dois mil e dezoito, com uma machete aleatória que ele sequer prestou atenção.
— Isso não tem graça, gente — disse de forma ansiosa para os amigos, que foram atrás dele. — Como vocês fizeram isso? Vocês disseram que gostavam dela, você e nos apresentaram, Namjoon — ele disparou a dizer diretamente para o mais velho. — Eu nunca vou chegar a tempo, ela vai achar que eu a deixei plantada e não vai me querer de volta.
— Calma, ! — disse, tentando acalmar o mais novo, que estava claramente nervoso.
— Ela não vai me querer de volta se achar que eu a deixei plantada, ela não vai entender — ele disse, ressentido.
— Do que você está falando? Quem não vai te querer de volta? — Namjoon disse — Você está estranho desde que fomos te buscar no quarto, estava tudo bem ontem, mas hoje você... — ele fez uma pausa — Não parece você.
— Porque eu deveria estar em um carro nesse exato momento — disse, olhando para o relógio que tinha no pulso — em direção ao local em que eu deveria me casar hoje.
— Eu realmente acho que ele está doente, Namjoon! — disse — Não temos como deixar a checagem de som para amanhã?
— Escuta, , você está se sentindo mal? Precisa de descanso? Podemos fazer a checagem de hoje sem você, mas vamos precisar conversar assim que voltarmos para o Hotel — o mais velho disse, olhando um pouco atordoado para .
— Vocês não estão brincando — ele disse baixo, observando os outros a sua frente com um grande ponto de interrogação em seus rostos. — Estamos mesmo em dezoito de maio de dois mil e dezoito?
— É lógico! — respondeu, rindo — Em que ano você esperava que estivéssemos?
— Dois mil e vinte um — ele respondeu.
— Espera, então quer dizer que você deveria estar se casando hoje — disse, tentando compilar a informação —, mas em dois mil e vinte um? Como isso é possível?
— A pergunta certa é quem foi a doida que aceitou o pedido de casamento — disse, inconformado.
— Eu sempre soube que você seria o primeiro a se casar! — disse, sorrindo.
— E eu apresentei vocês? — Namjoon se pronunciou depois de minutos em choque com toda a história que o mais novo havia contado.
— Sim! — ele respondeu, sorrindo por se recordar da noite em que tudo aconteceu — Para ser sincero, essa noite foi crucial para que isso acontecesse — ele, de repente, se recordou que a primeira vez que e o amigo se viram havia sido naquela noite.
Bastidores
— Não, aí não! — disse alto para o novato, que posicionava uma das decorações no local errado — Você quer que nossas estrelas internacionais tropecem ou, melhor, você quer que a minha cabeça role por ai? — ela disse, massageando as têmporas — Na esquerda, por favor, ou eu terei uma enorme dor de cabeça no futuro por sua culpa.
não costumava ser temperamental, mas naquele dia e naquele evento em específico se obrigava a agir daquela forma, porque qualquer errinho faria com que sua cabeça rolasse.
— Okay! — ela disse alto assim que o rapaz posicionou o último objeto que tinha em mãos — Stage cinco terminado e esse foi o último do dia, galera, vocês estão liberados.
Todos comemoraram, mas não ela, afinal, tinha que checar cada um deles para ter certeza de que nada faltava.
— Onde foi que eu deixei… — Namjoon disse para si mesmo enquanto buscava seu celular pelo palco em que havia ensaiado.
— Você não deveria estar aqui! — disse sem sequer olhar para o rapaz.
— Desculpe, eu esqueci meu celular — ele disse com um tom político e ela reconheceu a voz imediatamente.
— Me desculpe — ela disse sem graça —, não havia visto quem era.
— Tudo bem — ele respondeu, rindo fraco —, eu não deveria mesmo estar aqui, mas eu apenas dei falta dele quando entrei na van.
— Precisa de ajuda? — ela perguntou um pouco hesitante.
— Seria bom — ele respondeu rindo enquanto coçava sua nuca um pouco nervoso —, ou então esse será o celular número três no mundo dos perdidos esse mês.
— Três? — ela disse, indignada — Se soubesse disso, ela surtaria.
— ? — ele perguntou, curioso.
— Minha melhor amiga — ela disse, rindo. — Ela é ótima em continuar com o mesmo celular por vários anos, você deveria pegar umas dicas com ela — disse brincando.
— Definitivamente — ele respondeu, rindo.
A sensação de estar naquele stage outra vez era revigorante, aquela havia sido uma das primeiras apresentações que havia experienciado uma das primeiras ondas prazerosas do que era o reconhecimento e foi algo extraordinário dentro dele. Mesmo que já tivesse feito inúmeros shows e apresentações, cresceu trabalhando duro para chegar até onde chegaram, mas ele simplesmente sentia que aquele havia sido o ano no qual tudo mudara.
Ele lembrou como era ser uma pessoa com a vida corrida e sem tempo para nada. Aquilo mostrou a ele de onde surgiu sua insegurança sobre ser um bom companheiro para , afinal, ele havia crescido em frente aos holofotes e ele sabia o que era familiar, mas saberia ele distinguir o amor? Ele saberia dar aquele amor que ela necessitava?
Talvez aquela tenha sido as chances que os céus decidiram dar a eles de não bagunçarem a vida um do outro, ele odiaria vê-la infeliz por sua causa no futuro.
— Eu e essa — Namjoon perguntou, curioso, se ajeitando na poltrona do avião —, nós… — Você é muito lerdo — disse naturalmente. — Ela um dia ainda vai te pedir em casamento, porque você parece que não tem essa pretensão.
— Então nós namoramos? — o amigo perguntou quase sem fôlego.
— Vocês se amam — ele disse. — Vocês são apenas cautelosos demais, pois são muito amigos, então, não, vocês não namoram — disse, comendo parte do almoço que ainda estava na bandeja. — Ainda.
— Entendi! — o mais velho disse, um pouco decepcionado.
— Diferente de mim e — o outro comentou.
— Você disse que ia nos contar mais dela — se pronunciou — mais sobre vocês.
— Sim, nós estamos curiosos sobre essa tal garota que roubou o coração do nosso garoto — disse, entrando no assunto, e todos se viraram para .
— Bem — o mais novo disse, um pouco envergonhado com a atenção que recebeu de repente —, e eu somos feitos um para o outro — foi a primeira coisa que ele conseguiu dizer.
— Meu deus — disse chamando a atenção para si. — Ele mal começou e eu já sinto que vou vomitar de tanto açúcar.
Todos riram, inclusive , que percebeu que o amigo era desde o começo exatamente a mesma pessoa que era no futuro.
— Eu tentarei ser o menos melado possível — ele disse, rindo. — Mas eu preciso ser sincero em relação a isso — disse, olhando para as mãos distraidamente —, eu realmente me apaixonei assim que coloquei os olhos nela — olhou para os amigos. — E olha que a primeira vez em que nos vimos, nós discutimos sobre qual era o formato de mandu mais bonito.
— Você realmente a ama — disse, sorrindo, enquanto todos o observavam. — Seus olhos brilham quando você fala dela, é o mesmo brilho de quando você está nos shows e olha para as pessoas cantando junto com você.
— É a mesma sensação — respondeu, sorrindo.
À primeira vista
era quem havia convencido de que precisava que alguém a acompanhasse ao evento naquela noite. Havia passado mais de seis meses que havia aceitado o emprego no país e arrastado a amiga junto. apenas havia chegado e se sentia mais sozinha do que nunca, já que a amiga trabalhava muito, mas Namjoon queria ajudá-la a se sentir mais em casa. Ele e já haviam conversado sobre levar a mais nova no evento para que depois pudessem comemorar a chegada da garota, que havia acontecido há alguns dias, e, de quebra, para ela conhecer os amigos. Namjoon e ela já haviam se conhecido na mesma época em que e ele se conheceram, ela havia ido fazer uma surpresa para amiga, que trabalhou até tarde naquele dia, e deu de cara com os dois conversando, e daí uma amizade um tanto surreal começou entre os três.
— Desfaz essa cara, por favor! — disse, passando pela entrada de funcionários com a amiga — Eu sei que você está tão feliz quanto eu de estar aqui esta noite.
— Para ser sincera, muita gente bonita junta diminui a minha confiança, então eu preferia estar assistindo pela TV! — respondeu, rindo — Eu posso estar rindo, mas estou chorando por dentro.
— Você está linda! — a outra disse, rindo da amiga — Mas a premiação não importa, Namjoon nos convidou para ir em um lugar depois daqui.
— Oh, meu Deus — ela disse, exagerando cada palavra da frase — Ele pelo menos vai me dar comida.
realmente ficava deslumbrada com as apresentações ao vivo dos artistas que gostava, não importava o país que fosse, era sempre prazeroso presenciar algo naquela magnitude.
— Namjoon! — disse, enrolando a massa do bolinho — Você me prometeu comida! — ela disse — Se eu soubesse que teria que fazê-la, não teria vindo — brincou, aproveitando que a amiga estava em vídeo chamada com o amigo.
— Desculpa, baixinha — ele disse, decepcionado. — Ficamos presos aqui, mas daqui a pouco chegamos, você sabe onde está tudo, certo, ?
— Sim, fica tranquilo, quando vocês chegarem parte da comida já estará pronta — ela respondeu.
— Não se depender de mim — gritou no fundo.
Era a primeira vez dela na casa, mas não a de , ela havia ajudado os garotos algumas vezes, como quando não tinha como levar Tan, seu cachorrinho, à casa de seus pais a tempo quando tinha alguma viagem marcada. Ele odiava ver o bichinho sozinho em casa, então quase sempre, desde que a conheceu, pedia o favor para .
— Chegamos! — Namjoon disse, entrando pela porta da casa cheio de sacolas quase meia hora depois da ligação.
— Já? — disse, ajudando com as sacolas.
— Se você quiser, vamos embora, é só dizer — brincou.
— Engraçadinho! — ela disse, olhando as sacolas — Vocês trouxeram bolo! — disse, animada.
— Shhh! — Namjoon disse, fazendo sinal de silêncio e escondendo o bolo — É a surpresa da .
— Chocolate meio amargo com morangos? — perguntou e ele assentiu — Você conhece bem a sua filha — ela disse, brincando.
— Aliás, onde ela está? — ele perguntou, olhando ao redor e não vendo sinal da garota.
— Saiu para comprar uma coisa na lojinha do fim da rua — ela disse, tranquila.
— A essa hora? — ele perguntou, preocupado.
— Ela fez Taekwondo — deu de ombros.
— Foi apenas uma aula, ! — ele disse, indignado, e ela deu de ombros.
— Ela sabe como chutar alguém e deixar ele sem perspectiva de filhos por anos — ela disse, rindo — Eu já presenciei.
Todos que estavam ali presentes na conversa acabaram dando risada.
— Cheguei! — disse entrando no mesmo momento em que colocou o bolo na geladeira — , você deveria ter ido comigo, assim você veria com os próprios olhos o homem mais lindo da Co…
fechava a porta e sequer havia notado a presença dos garotos ali junto de , até que se virou e parou de falar no mesmo instante, dando graças a Deus que ela falava em outro idioma.
— Você precisou deixar alguém sem perspectiva de ter filhos no caminho? — foi quem resolveu falar.
— Se eu fizesse isso, seria deportada. — ela respondeu, rindo — Mas, não, eu não precisei! , será que você pode parar de sair contando essa história para todo mundo?
— Mas é um ícone de história! — a amiga respondeu, rindo.
— Ela ao menos contou sobre o quanto nós tivemos que correr depois disso? — disse, colocando uma das sacolas que também trazia em mãos, olhando para a amiga em seguida — Porque, olha, as pessoas precisam entender que não é fácil nascer mulher nesse mundo.
sempre tentou ser o mais neutra possível, fazia piadas para normalmente quebrar o gelo, mas com eles ali reunidos, não foi muito necessário, já que pareciam se conhecer há anos.
— Vou colocar a carne para assar! — Namjoon disse, pegando as coisas da bancada e rindo das conversas que estava tendo com e — Ou então vamos acabar jantando na hora do café da manhã.
— Eu vou fazer mais alguns mandus com a — disse, se levantando da cadeira que estava e arrastando a amiga junto.
— Nada disso — Namjoon disse, impedindo ela de continuar. — A senhorita vem comigo acender o fogo ou é capaz de eu queimar a casa — ele disse, rindo. — , você pode ajudar ela com os mandus? Me lembro de uma vez em que você disse que gostava de fazê-los.
se encontrava já olhando os bolinhos que estavam sendo feitos no vapor e separando os que já estavam prontos, para que pudesse substituí-los por aqueles que ainda precisavam ser cozidos.
— Não! — ela disse, assustando-o — Você não tá fazendo o formato certo — disse assim que colocou os olhos nos mandus fechados por ele.
— Claro que estou! — ele disse, indignado — Esses são os formatos mais bonitos e práticos de serem feitos em um mandu.
— Estão muito pequenos! — ela retrucou, fazendo uma trouxinha com o dela — Assim é mais bonito e satisfatório de se ver — ela pegou um dos bolinhos que estavam prontos ao lado e comeu, um fazendo careta em seguida.
De longe, e Namjoon observavam a cena em que e seguiam brigando por qual formato de comida seria o mais prático e bonito. A garota ria, mas ele olhava preocupado com a hipótese de que eles se matariam a qualquer momento.
— Olha para ele, — Namjoon disse —, será que não é melhor a gente ir até lá acalmar as coisas? Eu acho que eles podem se matar a qualquer momento.
— Fica tranquilo, meu amor! — ela disse, rindo — É mais fácil você se preocupar com perder um membro mais cedo do que com os dois se matando.
— Como assim? — ele perguntou, confuso.
— Você está vendo o jeito que ele está assistindo a ela, agora? — ela apontou para os dois — Ela com cara de emburrada, porque ele provavelmente disse alguma coisa que a irritou — disse, rindo.
— Não que seja algo difícil — Namjoon comentou, rindo.
— Sim, mas aquele sorrisinho — ela disse, apontando para ele no mesmo momento em que viu o garoto virar o rosto prendendo o riso — denuncia ele. — ela riu — Ou seja, é bem mais fácil que saia um casamento dali e que você tenha que se preparar para ser padrinho em breve.
— Então, você precisa procurar esse senhor que vendeu as pulseiras para você, é isso? — perguntou, tentando entender a situação.
confiava em seus amigos, sendo no passado ou no futuro, sabia que por mais doido que aquilo parecesse, eles o ajudariam a todo custo e, por isso, contou tudo que havia acontecido na noite anterior três anos no futuro. Todos procuraram pela pulseira pela casa, mas nenhum sinal dela, nem mesmo nas coisas de da viagem.
— Acho que é a única forma de descobrir um jeito de tudo voltar ao normal — ele disse, se jogando cansado no sofá.
— E se você não, sabe, sei lá — começou a falar — tentar conhecê-la mais cedo dessa vez?
— E se isso é uma chance para que eu não a conheça dessa vez? — ele disse com um tom tristonho.
— Mas você a ama — disse de repente —, não ama?
— Sim — foi a única coisa que ele respondeu, não tinha quaisquer forças para deixar com que aqueles pensamentos tomassem conta de si.
— Lembre-se, — disse —, é normal ter medo de algo novo, mas se é certo e você sabe que é — ele disse, colocando uma das mãos sobre o ombro do amigo —, talvez você devesse arriscar e deixar as dúvidas de lado. Ninguém nasce sabendo como amar e cuidar de alguém, ainda mais na nossa idade — ele riu fraco. — A gente aprende, a gente ensina e o mais importante — ele respirou fundo —, a gente arrisca para saber qual será o resultado final.
— Pelo menos você sabe que tentou — concluiu. — Quando você subiu no palco pela primeira vez, eu aposto que não sentiu a confiança que sente hoje em dia e, olhe lá ainda, porque você antes de qualquer show fica tenso, até hoje — o mais velho riu. — Então, entenda, você tem que estar ciente de que qualquer tipo de decisão que você tomar aqui pode mudar tudo lá na frente.
— Eu já vi isso em muitos filmes! — Namjoon comentou.
E ele pensou e refletiu por durante toda a noite sobre aquilo que lhe haviam dito mais cedo. Não era algo que ele havia visto daquela maneira, afinal, até mesmo da forma que estava vivendo no futuro, com todo sucesso do mundo e mesmo que amasse o seu trabalho, ele duvidava se estava vivendo de forma correta pelo simples fato de que na sua idade sua vida era como um filme. O rapaz havia crescido e sido criado em frente às câmeras e desde pequeno quis aquilo, mas de forma alguma reclamava. Pelo contrário, ele agradecia sempre por tudo que tinha, apesar de sempre observar que seu tempo, sua vida e tudo que o envolvia eram diferentes daqueles com os quais um dia havia tido contato no mundo externo, como seus amigos de escola.
Ele sempre soube que havia se tornado um adulto mais rápido que todo mundo.
Mas, olhando seu passado, ou pelo menos o primeiro deles, sem ela, parecia que ele estava visitando o amanhã de outra pessoa que já não era mais o dele.
Onde o sol nascia, ela estava e onde ela estava, ele não via a possibilidade ou o desejo de estar longe.
Mesmo ele sendo aquele garoto que achava o mundo grande demais e que corria o tempo todo com um microfone em suas mãos, fazendo de tudo para que seu talento fosse creditado, ele não precisou de muito para que ela o aceitasse. Mesmo que ela tivesse que andar de metrô e passar por dezenas de pessoas como uma completa estranha e ele sendo completamente o contrário; estando no modo avião o tempo todo, agitando o mundo, fazendo a alegria de outras pessoas e não a dela o tempo todo, ela o esperava de braços abertos e aconchegantes quando ele voltava.
Será que ele deveria ter conhecido ela mais cedo? Será que aqueles indícios do tempo que ele havia perdido, realmente não eram verdade? Sua vida não tinha acontecido rápido demais?
Se fosse, por que então ele estaria ali, perdido naquele tempo e espaço diferente e se sentindo sozinho?
Ele sequer podia pegar o celular da estante e ligar para ela, ele sequer podia colocar um casaco confortável e bater de madrugada na porta do apartamento em que ela morava, pedindo por um abraço, porque ela provavelmente sequer morava ali ainda.
E de alguma forma ele sentia que ela sabia sobre aquilo tudo.
E ele sabia que ele tinha que encontrar o próprio tempo.
E fingir que nada havia acontecido ou desistir para preservar ela de algo que sequer haviam arriscado ainda não era a resposta.
— Onde você vai a essa hora, ? — perguntou, preocupado, assim que viu o mais novo correndo até a porta.
— Arrumar essa bagunça — ele respondeu e saiu correndo.
As ruas da cidade sempre eram muito bem iluminadas, mas naquele dia em específico tudo parecia mais escuro que o normal. Ele não sabia se a loja estaria no mesmo local ou se o dono seria o mesmo; e, mesmo que estivesse chovendo — que era o que os estrondos no céu insinuavam —, ele procuraria por aquele senhor que vendeu as pedras a ele. Ele descobriria se tinha algo que pudesse ser feito ou se haviam mesmo sido por culpa da pedra que ele havia dado a ele de presente que estava passando por aquilo.
— Meu jovem, você deve ter se enganado de casa — o senhor, um pouco mais novo do que a última vez que o havia visto, disse, abrindo a porta de sua casa. — Sou apenas um contador que está quase se aposentando.
O endereço continuava o mesmo e o dono também, mas a loja não existia.
— Há algumas noites. eu passei na sua loja — disse, ofegante. — O nome era Mundo Onírico, eu a vi quando estava a caminho da minha despedida de solteiro — o rapaz arrumou a franja que caía no rosto por contas dos fios que pesavam pela chuva.— Eu havia visto um bracelete lindo de ametista, mas uma senhora havia trocado ele por dois braceletes de pedras raras.
— Pedra estrela e selenite — ele disse, interrompendo o mais novo.
— Essas! — o menino disse, atônito, e sem entender como o senhor sabia quais eram.
— Entre, meu rapaz — o mais velho disse. — Temo que tenhamos que conversar.
entrou na casa, que quase estava vazia. Havia apenas um ou outro móvel por todo lugar, que, por sinal, não havia notado, mas era enorme.
— Eu estou de mudança — ele disse, entregando ao garoto uma toalha para que secasse seus cabelos e não ficasse pingando pela casa —, ou pensei que estava.
O mais novo o olhou confuso e ele riu.
— A alguns dias atrás, uma senhora veio me ver — ele disse, se sentando na cadeira e indicando com a cabeça para que se sentasse na outra de frente a ele. — Ela me disse que a partir daquele dia eu havia recebido missões e que não teria mais volta. Mas o mais curioso de tudo é que ela apareceu em meus sonhos na noite passada, dizendo que o futuro buscaria a certeza no passado e que por meio da lua e das estrelas o desejo se concretizaria — ele disse, fazendo com que o rapaz colocasse muita atenção. — Eu não havia entendido, mas ela me disse que daqui a alguns anos, eu receberia duas pedras raras…
— Pedra estrela, pedra dos desejos e sonhos e selenite — disse, dando uma pausa para respirar fundo —, o símbolo da lua. Ela te avisou sobre minha vinda.
— Exatamente — ele afirmou —, mas ela não me explicou como ajudá-lo, ela apenas se foi, dizendo que de onde tudo deu início, tudo terminaria.
— Isso não quer dizer aqui? Na sua loja? — ele perguntou.
— Foi o que eu pensei — o mais velho respondeu. — Mas eu não tenho nenhuma resposta aqui para você, eu sequer sei como vim parar nessa história. Você já sabe o motivo que veio para aqui?
sacudiu a cabeça negativamente e o senhor olhou para ele com uma expressão curiosa.
— Você pode me ajudar a encontrar essa senhora? — perguntou quase implorando.
A verdade era que o homem não tinha como dizer não ao mais novo, via que ele estava desesperado e seu coração disse que deveria ajudá-lo a todo custo.
— Posso! — ele respondeu e sorriu — Mas amanhã — ele completou. — Está chovendo muito hoje e a essa hora pode ser perigoso, sem contar que eu ainda tenho que trabalhar pela manhã.
— Tudo bem! — respondeu.
— Me encontra ali, — disse, mostrando a ele assim que se levantaram e foram em direção à porta — na margem do rio Han, amanhã às três da tarde — o senhor disse a ele.
voltou para os dormitórios e a chuva já não caia mais.
Se a resposta não estava ali, então qual seria a resposta ou melhor, por que ele havia sido o escolhido para aquilo? Esses eram os tipos de pensamentos que rondavam sua mente por todo o caminho, mas, novamente, nenhuma resposta era plausível para aquilo.
— Conseguiu alguma resposta? — disse , o assustando, assim que pisou pela porta de casa e, então, apenas sacudiu a cabeça negativamente, respondendo sua pergunta.
Sua cara de sono denunciava que ao invés de estar dormindo, havia ficado ali esperando que o amigo voltasse.
— Nós jogamos pedra, papel ou tesoura para ver quem esperaria você — ele disse, coçando os olhos e bocejando. — Você sabe que eu sou péssimo nisso — disse, rindo fraco para o mais novo.
— Desculpe ter saído sem dizer nada — disse.
— Tudo bem — ele disse, sorrindo para o amigo. — Vai dar tudo certo, . Qualquer coisa, tudo que você tem a fazer é viver isso outra vez, talvez não seja fácil, mas pode ser que algo mude no percurso.
se levantou e deu uma batidinha confortante nas costas do amigo, se dirigindo a seu quarto em seguida.
Realmente daria? Foi a única coisa que pensou até pegar no sono.
Teve um sonho realmente tranquilo naquela noite. Talvez sua mente estivesse muito preocupada e cheia, então seu consciente decidiu lhe dar uma folga de tanta turbulência.
naquela noite sonhou com o dia em que conheceu .
Ele se lembra de pensar o quanto era divertido vê-la irritada pela casa. A lembrança, que veio como um sonho para si, também mostrou o dia em que ele realmente percebeu que a amava e que ter ela ao seu lado era algo essencial. De frente ao rio Han, sentado em uma das escadas que havia ali, apenas olhando para o céu, ele não segurou para si aquela sensação. a pediu em casamento sem sequer pensar em discutir com os outros antes, mesmo sabendo que teria apoio.
Ele acordou feliz naquela manhã, talvez um pouco esperançoso para que tudo tivesse voltado ao normal, mas não aconteceu.
— Eu pedi folga para você hoje — Namjoon disse de repente enquanto tomavam café da manhã juntos na mesa. — Disse que você estava doente, então tente fazer as coisas da maneira mais discreta possível.
— Sério? — o mais novo respondeu de boca cheia e os amigos riram.
— Sim! — ele respondeu — Vê se clareia um pouco essa mente — disse, colocando um pouco mais de leite no copo. — Ela parece muito cheia e está quase notável fisicamente.
— Obrigado! — ele disse animado.
era muito grato pela família que tinha criado com seus membros de grupo. Ele amava cantar e, mais ainda, amava dividir o palco e suas alegrias com aqueles que podia chamar de irmãos.
— Você chegou cedo! — o dono da loja disse, vendo sentado de frente para o Rio Han, observando com nostalgia tudo ali a seu redor.
— Tirei o dia de folga — ele disse, vendo o senhor se sentar junto dele. — Decidi que seria legal tirar um tempo para pensar.
— É sempre bom! — o mais velho respondeu, respirando fundo — Olha, normalmente ela fica perto da ponte com um estojo de joias em suas mãos — disse, indo direto ao assunto. — Podemos tentar ir caminhando, quem sabe nesse horário — o senhor olhou o relógio — não a encontramos no meio do caminho.
— Certo — respondeu, demonstrando insegurança sobre aquilo. — Você tem certeza que ela estará lá?
— 85% — ele respondeu, se levantando. — Nunca vamos saber se não formos procurar-lá.
E foi o que fizeram: caminharam cerca de vinte minutos conversando sobre como era o futuro e como ele havia parado ali.
— Então, quer dizer que eu tenho uma loja chamada “Mundo Onírico”? — o senhor disse, interessado na conversa — E que eu realmente fiz com que você viesse para o passado?
assentiu.
— Realmente, deve ter tido uma razão para isso — o mais velho disse, suspirando. — Você é jovem, mas ainda sim tem muita coisa que aprender. A pedra deve ter realizado um desejo seu que, talvez — ele o olhou —, não estivesse na superfície de seus sentimentos — concluiu, deixando confuso com suas palavras. — Chegamos, ali está ela.
A senhora usava um tradicional Hanbok*, com seus cabelos presos em um coque, junto de um Binyeo* Prateado, com pedras verdes e brilhantes que atravessavam seu cabelo. Sua expressão não era das mais desconfiáveis, ela realmente se parecia com uma senhora normal.
— Boa tarde! — disse, se aproximando com cuidado — Por um acaso, a senhora teria alguma pulseira de pedra estrela?
— Você demorou! — ela disse sem sequer olhá-lo enquanto arrumava as pedras de seu estojo, uma por uma.
— Desculpe, o quê? — ele perguntou, confuso.
— Você demorou! — ela disse, dessa vez subindo o olhar para o mais novo, que se arrepiou no mesmo momento — Eu achei que viria correndo me procurar quando aparecesse aqui, mas vejo que gostou demais de retornar.
— Você me conhece? — ele perguntou, assustado.
— É claro que sim! — ela riu — Ou quem você acha que te deu a oportunidade de voltar à estaca zero e escolher? A pedra só é encantada uma vez e ela precisa de mãos humanas para isso.
— Foi você quem me trouxe aqui! — ele disse, ainda em choque.
— E seu tempo de escolha está acabando — ela disse, fechando suas coisas. — Você recebeu um grande presente dos céus, garoto, muitos matariam para estar no seu lugar — ela se posicionou a seu lado. — Mas o universo não é egoísta como o ser humano, você ainda tem o poder de escolha — ela sorriu e abaixou o tom de voz .— Saiba, entretanto, que ele não erra no que faz.
— Eu preciso voltar — ele disse, vendo que ela deu as costas para sair dali, cortando o assunto dos dois.
— É mesmo? — ela disse ainda de costas.
— Sim! — ele respondeu — existe uma pessoa que está no meu futuro — ele disse um pouco desesperado —, não no meu passado — ele refletiu enquanto falava. — Visitar o meu passado é como visitar o amanhã de outro alguém, mesmo que me deixa extasiado por poder fazer tudo certo dessa vez, foram meus erros que me fizeram crescer e, mesmo que muitas vezes eu me senti deslocado por ter crescido rápido demais, ela apareceu no momento certo.
— Eu não tenho o dia todo — a senhora disse, indicando que ele continuasse.
— E ela sempre soube — disse, fazendo com que ela sorrisse satisfeita. — Ela sempre soube sobre o sentimento de insegurança em fazer com que ela fosse feliz, não é? É por isso que estou aqui, o sentimento de insegurança me fez voltar no mesmo ponto onde tudo começou, mas por que tanto tempo antes e não quando a conheci?
Ela respirou fundo e se virou para ele.
— A primeira vez em que você a viu foi exatamente o dia em que você voltou — a senhora respondeu, deixando ele com uma confusão mental.
— Impossível — ele respondeu. — A primeira vez em que nós vimos só vai acontecer daqui a sete meses, foi o exato dia em que me apaixonei por ela.
— Você não foi o primeiro a se apaixonar — ela disse, rindo.
— Como? — ele perguntou, confuso.
— Você fez mudanças nesse passado, mas ainda sim o universo ajudou — a senhora disse, balançando a cabeça negativamente. — Eu não sei se você merecia saber disso ou atá mesmo da segunda chance que foi dada, mas ainda sim aconteceu, então a história se repete.
estava claramente confuso, parecia mais que ela estava falando consigo mesma do que com ele.
— Escute, garoto — a melhor disse, se encostando no pilar perto deles — você quer voltar, certo?
Ele balançou a cabeça positivamente.
— Você precisa saber que nada está te prendendo aqui, você precisa concretizar o motivo para estar no futuro e eu sei que você já sabe qual é esse motivo — ela respondeu. — Essa é a única razão para você ainda estar aqui — a senhora respirou fundo —, eu já falei demais, preciso ir — ela se virou mas antes de partir o olhou uma última vez. — Boa sorte, garoto.
sequer tinha mais palavras a serem ditas, ele a deixou ir sem questionar e muito menos agradecer ou impedi-la. Ele apenas a deixou ir e ela desapareceu como vento.
Ele passou pelo dono da loja, que esperava observando os dois de longe, e agradeceu de forma vazia, afinal, era assim que se sentia naquele momento.
Sozinho em outro tempo e espaço.
Ele sentiu vontade de correr para longe naquele momento, mesmo que estivesse sem fôlego na metade do caminho, não tinha pretensão de parar. Mesmo que não soubesse para onde estava indo, mesmo que fosse na direção oposta do sol, ele não se importava mais. Apenas segurou seu boné firme para que não voasse e continuou correndo.
Havia vivido uma vez o presente e duas vezes o passado, mas sem a mínima noção se um futuro igual ao anterior estaria esperando por ele ou, melhor, se ela, que era o seu futuro, o esperaria mais uma vez todo esse tempo para estar com ele.
E então chegou à conclusão.
Mesmo que ela não o esperasse, mesmo que aquilo fosse um looping sem fim, ele a esperaria, ele a encontraria.
Ele era feliz de terem se conhecido e se aquela era a oportunidade que ele tinha para fazer com que tudo acontecesse outra vez, então, ela seria o seu “para sempre até o final”.
— Acorda, ! — uma voz ecoou, fazendo com que ele parasse de correr.
O céu brilhou alaranjado e a lua pareceu subir rapidamente ao céu.
O tempo correu e percebeu.
— ! — A voz ecoou mais uma vez e o céu escureceu.
O rapaz fechou seus olhos com força e disse a si mesmo “Você não está mais preso no seu passado”.
Abriu os olhos e a senhora de mais cedo estava a sua frente, sorrindo para ele.
— Você não está mais preso no seu passado! — ela repetiu, sorrindo — Adeus, garoto!
Ela tocou a ponta de seu dedo no peito dele, no mesmo lado em que seu coração se encontrava e, no mesmo instante, ele sentiu a sensação de estar sendo sugado por algo, mas não viu nada além da forte luz que bateu em seus olhos.
— O que aconteceu? — ele perguntou, baixo.
— Você chegou ontem à noite e dormiu — disse, passando a gravata pelo pescoço.
— Temos alguma apresentação especial hoje? — ele perguntou, coçando os olhos sonolentos.
Mas não obteve resposta, se levantando e dando de cara com todos arrumados, olhando para ele da porta.
— — disse, confuso — você se esqueceu do próprio casamento?
— Quem deixou ele beber demais ontem à noite vai ser quem irá explicar para o porquê do noivo estar com uma cara péssima no próprio casamento — disse e todos olharam para o mesmo. — Espera, não sou eu o culpado, não.
— Eu voltei — ele disse, mais para si do que para os amigos.
se levantou com pressa, quase caindo da cama, e foi em direção aos amigos.
— Que dia é hoje? — ele perguntou, segurando os ombros de Namjoon.
— Doze de dezembro? — o amigo disse em tom de pergunta.
— De qual ano? — perguntou, atônito.
— Dois mil e vinte um? — respondeu como pergunta e o sorriso do mais novo cresceu escutando aquilo.
— Eu voltei! — ele repetiu em voz alta — Eu preciso me trocar, vou me casar com a mulher mais importante que existe na face da terra.
— Não deixe sua mãe escutar isso — disse alto para que ele escutasse, já que havia saído correndo.
— Ele está bem? — perguntou, preocupado.
— Deve ser nervoso — respondeu, rindo.
— Antes de vir para cá, eu passei em um lugar — ele disse tirando uma caixinha do bolso.
Estavam em meio à festa de casamento, ambos estavam sentados em uma mesa separada de todos, conversando há alguns minutos. Ele estava realmente feliz por estar de volta, com ela, no tempo e espaço em que se sentia completo.
— O que é? — ela perguntou curiosa e ele sorriu.
— Algo que eu vi em uma loja no caminho de casa ontem e me lembrou você — ele disse, sorrindo.
Ele abriu a caixinha mostrando a ela um colar com a pedra de aniversário dela com uma pequena lua junto.
Ela riu com o colar em mãos.
— O que foi? — ele perguntou, rindo junto.
— Eu tive um dejà vú — disse, olhando o colar. — Para ser sincera, eu tinha um muito parecido a três anos atrás — ela disse, sorrindo por se lembrar daquele dia —, mas eu o perdi por sua culpa.
— Minha culpa? — ele perguntou, sem entender e ela balançou a cabeça. — Eu acho que nunca te contei isso, mas nós nos encontramos antes da primeira vez em que realmente conversamos.
— O quê? — ele perguntou, em choque.
— Juro — ela disse, rindo. — Não fica chocado assim que me faz parecer uma doida que te stalkeou por anos e conseguiu casar com você — ele a olhou desconfiado, mas riu em seguida — Não, meu Deus! — ela disse, rindo — Para ser sincera, eu sequer pensei que te veria outra vez.
— Nós nos conhecemos antes, então — ele perguntou, confuso.
— Sim! — respondeu, sorrindo — Para ser exata, dois dias antes da primeira apresentação de vocês na Billboard. Foi em um café. Você passou e minha corrente que estava em cima da mesa na hora ficou presa em sua bolsa. Eu te segui e te chamei inúmeras vezes, mas você aparentemente estava com pressa e de fones de ouvido — a noiva disse, rindo. — E em um certo ponto foi engolido por uma multidão de fãs impenetráveis.
— Por que você nunca me contou isso? — ele perguntou.
— Porque provavelmente você sequer teria mais a corrente. Ela deve ter caído com todo aquele empurra-empurra da multidão — disse. — E porque provavelmente seria esquisito dizer que me apaixonei à primeira vista por alguém que me fez perder a minha pedra favorita. Eu só levei aquilo como uma mensagem ou, melhor, como um sinal.
— Que sinal? — perguntou.
— De que eu estaria sempre com você a partir daquele dia — ela disse, sorrindo.
Ele não disse nada, apenas sorriu e juntou suas testas, segurando uma de suas bochechas.
— Eu nunca tive dúvidas sobre você ser a pessoa certa — ele disse, deixando um beijo em seus lábios. — Eu sei que você sabe sobre as minhas inseguranças sobre ser a pessoa certa ou sobre ser parte do seu futuro, mas você… — disse, acariciando a bochecha de — Eu nunca tive dúvidas sobre você, desde a primeira vez que te vi entrar pela porta da minha própria casa — ele sorriu. — Hoje eu sei que a sensação foi como ver o meu futuro entrando pela porta.
— Eu amo você — disse de repente, fazendo com que seu coração disparasse.
— Eu amo você — respondeu de volta — Obrigado por ser o meu futuro.
Fim!
Nota da autora: FINALMENTE! essa fic tem um peso enorme na minha mente e eu juro que tentei ver os mínimos detalhes dela para tudo fazer sentido. OBRIGADO BIBA PELA GRANDIOSÍSSIMA AJUDA! sem você e seus surtos seria impossível continuar hahahaha enfim, vocês não sabem meu sufoco para que essa música viesse parar em minhas mãos e eu fiquei muito feliz com o resultado dela!!!! Espero que você também tenha gostado, deixe seu comentário na caixinha, quero saber seus pensamentos, o link vai estar aqui em baixo <3
Obrigado por terem lido, se quiserem mais fanfics minhas, a página de autora entra logo logo mas enquanto ela não entra, você pode me seguir no @_caleonis_ lá você encontra um link com todas as minhas fics.
XoXo, Caleonis
Nota da Beta: Gente, meu coração tá inundado de amor, eu tô AAAAAAA. Sério, que fanfic gostosa de ler, que escrita maravilhosa, e o enredo? Nem encontro palavras para descrever, de verdade. Durante a betagem, senti como e fosse um carinho na alma, uma sensação deliciosa de estar vivendo em mim todos os sentimentos do Jungkook e, ao mesmo tempo, conseguindo observar de fora, como leitora, torcendo para que ele e a Lay ficassem juntos. O universo nunca erra mesmo e, além dele, a Caleonis também não HAHA! Eu amei! <3
Caixinha de comentários: O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
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