Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

chegou nervoso e preocupado aquela noite, como se estivesse fugindo de algo. O bar estava lotad,o então eu estava ajudando Janet a servir os vários homens que se amontoavam no balcão. Ele não me viu quando passou direto para a pista, onde eu dançava a maioria das noites antes de virar a sua acompanhante fixa. Parou Lizzie quando a mesma passou com uma bandeja repleta de bebidas e ela apontou para o balcão onde eu estava. olhou em minha direção e eu acenei com a mão para ele, que veio o mais rápido possível ao meu encontro.

- Preciso falar com você.

Ele disse num tom preocupado. Avisei a Janet que precisaria sair e fui com para os fundos do estabelecimento. Ele segurava minha mão com firmeza, enquanto nos espremia entre as pessoas para chegar até a porta quase que do outro lado do grande salão, que refletia em luzes neon.

- Temos que sair do estado.

despejou as palavras assim que chegamos aos fundos, um beco iluminado somente pela luz do poste a alguns metros.

- Marco está me procurando, estou devendo uma grana absurda para ele.

Tentei esboçar alguma reação, mas só consegui ficar paralisada, imaginando o que Marco faria se encontrasse naquele momento. Enquanto não respondia, notei o homem à minha frente olhando para os lados pronto, para partir a qualquer sinal de perigo.

- , eu posso tentar convencer ele. Não deve ser tanto assim e eu tenho algumas economias reservas.

Marco era um dos piores traficantes de Bristol. Nos conhecíamos por causa do clube masculino que eu trabalhava, no caso até aquele momento, antes de largar tudo e seguir . Eu já tinha ficado com ele algumas vezes antes de , mas a sua favorita era outra das garotas.

- , estou devendo quinhentos mil e ele quer em uma só parcela.

- Puta merda, ! Como você deixou chegar nisso?

- Eu não sei, eu só estava consumindo e então um dos capangas dele me ameaçou e então eu despertei nesse buraco.

- E a sua empresa, não pode pegar alguma reversa do caixa?

- Eu estou falido e a Sarah quer o divórcio. Eu só tenho você, o meu bem mais precioso.

Eu o abracei com urgência e segurei seu rosto com as minhas mãos logo depois .

- Nunca vou deixá-lo.

Selei nossos lábios e me preparei para colocar nosso plano de fuga em execução.

- Você está com seu carro?

- Sim! Ele está a duas quadras daqui.

- Então eu só vou voltar lá dentro pra pegar minha bolsa que está embaixo do balcão. Me espere na sombra da árvore que dá para os fundos, com o carro ligado.

O beijei e entrei no clube novamente. Passei por entre as pessoas e Janet me olhou com um olhar questionador.

- Ele veio pegar uma mercadoria.

Disse enquanto me abaixava e pegava a minha bolsa.

- Claus perguntou porque você não estava me ajudando no balcão. Eu disse que você tinha ido ao banheiro, então não demore, .

Janet me lançou um olhar que refletia medo, já que ela sabia, assim como eu, o que acontece quando alguém desobedece às ordens do homem que controlava a rede de clubes masculinos pelo estado todo.

- Não vou demorar, Janet.

Prometi, mesmo sabendo que era mentira, e sai das suas vistas, me dirigindo aos fundos novamente. Eu não poderia acreditar na sorte que eu tinha dado ao entrar novamente e não ser notada por Claus ou qualquer um dos seus caras. Eu tinha que agradecer imensamente pelo clube estar lotado aquele dia. Atravessei o beco numa passada só e observei um carro parado do outro lado da rua, na sombra de uma árvore, e suspirei aliviada quando percebi que era o . Abri a porta do carona e arrastou com o seu carro assim que eu a fechei. Seguimos com rapidez pelas ruas e eu cortei o silêncio quando já estávamos um pouco distante.

- Preciso passar na minha casa. Você está com algum dinheiro?

- Só alguns dólares que eu peguei na bolsa da Sarah antes de sair e eu posso sacar mais um pouco quando chegarmos em Kensington, lá é menos movimentado. Então podemos seguir para Delaware, Geórgia e Flórida.

Ele falava acelerado, enquanto dividia sua atenção entre mim e a rua a sua frente e eu só concordava, tentando ficar calma naquela situação que eu tinha sido metida. parou depois de alguns minutos que tinha se calado. Eu procurei a minha chave dentro da bolsa e sai do carro, enquanto ele continuou sentado no lado do motorista.

- Acho melhor você entrar comigo. Está muito exposto aqui. Meus vizinhos são muito curiosos.

- Estou logo atrás de você.

Escutei a porta do carro fechar novamente, enquanto eu andava em direção à minha casa. Quando abri, fui direto para meu quarto, que não era muito distante da sala, já que ela era minúscula.

- Eu só vou pegar dinheiro e algumas coisas básicas para nossa sobrevivência na estrada por esses dias. Você pode esvaziar a despensa.

foi para um lado da sala e eu para onde ficava o quarto. Eu tentava recolher o máximo de coisas que cabia na minha bolsa. Foi então que tudo aconteceu muito rápido. Eu estava colocando o piso falso onde eu guardava meus ganhos de volta, quando levantei e dei de cara com a janela do quarto, que estava coberta com uma cortina, e notei dois homens vindo em direção à minha casa. Eu reconheci um deles como um dos capangas de Marco e então eu enfiei o que faltava na mochila e sai ao encontro de , que acabava de guardar o último mantimento. Passei por ele, abri a última gaveta do meu armário e peguei uma pistola, que eu sempre guardava embaixo das toalhas de mesa.

- Vamos!

Virei para com a arma na mão e o mesmo se afastou.

- Ei, ei! O que está fazendo com essa arma na mão?

- Tem dois caras prestes a invadir a minha casa, eles devem chegar a qualquer segundo, então pegue algo para se defender ou fique atrás de mim.

Falando daquele jeito com , qualquer um poderia dizer que eu era durona, mas viver anos sendo abusada me ensinou a ser assim. Escutamos passos na porta da frente e nos posicionamos um de cada lado. Eu podia ver a veia da testa de tensionada de nervoso, então respirei fundo e me preparei para o pior. Escutamos uma batida, duas, três e um barulho estridente de alguém tentando derrubar a porta e então na segunda vez ela caiu, fazendo com que a frente da casa fosse tomada por uma poeira terrível. Tentei enxergar por entre toda aquela nuvem de sujeira e pude notar os dois homens parados na entrada, esperando que ela abaixasse também. Eles entraram o que pareceu dois minutos depois e então rendeu um deles, com o que parecia ter sido uma pancada na cabeça. Não pude ver com que atingiu o homem, mas o outro foi alertado e foi direto para cima de , que caiu no chão com o homem em cima dele. Assisti o homem deferir dois socos em , até conseguir realmente reagir, então escutei um disparo. O homem que estava em cima de caiu ao seu lado enquanto ele estava em choque com o que tinha acabado de acontecer. Eu tinha atirado no homem. Eu respirei fundo e com rapidez levantei , dando-o instruções para pegar as armas dos homens. Agora não tinha mais volta, estávamos ferrados duas vezes mais.

***

Estávamos a alguns quilômetros depois do nosso segundo estado, o Delaware. Tivemos que parar em algumas cidades antes de seguir para Geórgia, mas como disse: melhor chegarmos depois de dias na estrada, estando em movimento, do que dar brecha para nos localizarem. Paramos para abastecer e comprar água, nada que demorasse mais que dez minutos. Estar na Geórgia era quase estar onde queríamos, a Flórida, então deu uma desacelerada, enquanto apreciávamos o nascer do sol. A estrada era ampla e como estava muito cedo, tínhamos a segurança de que estávamos mais ou menos sozinhos, então parou o carro e descemos. Era tão bom esticar as pernas depois de tantos dias em movimento e nada como um nascer do sol depois de tantos dias em escuridão.

- Quer tomar café agora ou mais tarde?

Perguntei, me afastando um pouco do carro, enquanto continuava encostado.

- Acho que quero ficar coladinho com você.

se aproximou e me abraçou. Ficamos alguns minutos parados naquela posição, até que senti se movimentar em passos lentos, como se estivesse numa dança calma, onde a música tocava na sua cabeça, mas só por ele ter encostado o queixo na minha cabeça, eu sabia que era a nossa música. Acompanhei o seu ritmo e dançamos sem música.
Naquele momento eu soube que não existia nada no mundo que pudesse superar o nosso amor. Ele estava ali comigo e eu estava ali com ele, uma perfeita sintonia do que se deve ou não ter como uma prova de amor. Eu o protegeria a todo custo e mataria por ele, como fiz. Ele me fazia sentir como se fosse um grande e lindo diamante.

- O que acha que vai acontecer quando chegarmos a Flórida?

- Eu não sei. Vamos alugar um lugar pra nós dois? Procurar um emprego decente?

continuou me balançando ao seu ritmo enquanto brincava com os dedos da minha mão.

- Caso a gente não consiga nada, mudamos outra vez. Quero recomeçar da maneira certa.

Ele disse.

- Qualquer lugar que você esteja vai ser bom pra mim.

Eu disse, levantando a cabeça para olhá-lo. Ele estava olhando para frente, um pouco pensativo.

- Não queria que as coisas tivessem tomado esse rumo, .

disse, depois de alguns minutos em silêncio.

- Está tudo bem.

parou de se mexer e eu o segui. Abaixei seu rosto na minha direção e o beijei.

- Vamos ficar bem, falta pouco.

Eu sentia que tudo poderia ficar bem e evitava ao máximo pensar no futuro ou em como as coisas poderiam ficar. Os nossos mantimentos tinham acabado e o nosso dinheiro estava quase. Eu sabia que estava pensando nisso quando ficava pensativo do nada ou quando saia para urinar mais distante do carro. Eu só queria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente. Talvez isso tudo pudesse ter sido evitado bem lá no começo, se meus pais tivessem sido mais presentes e melhores comigo e então eu não teria precisado sair de casa tão cedo, não teria encontrado o clube e nem estaria aqui com agora. Pensando bem, acho que não seria a mesma sem . Tanto tempo juntos e eu não conseguia me imaginar sem seu toque. Mesmo não parecendo e nem merecendo muitos créditos, ele era um homem bom e me amava. Eu não o julgava por não aguentar o seu casamento falido, ou por ter que recorrer a algumas substâncias às vezes, porque errar é humano e eu tinha que mostrar meu apoio para que ele melhorasse, e eu dava o meu melhor todos os dias.

***

Naquela altura dos fatos, os nossos planos tinham mudado drasticamente. Estávamos perdidos no meio da Geórgia. Estava perto de anoitecer, a gente estava sem comida e sem dinheiro, a nossa gasolina estava quase acabando e eu estava com um pressentimento ruim. Tínhamos deixado a última cidade para trás havia umas duas horas e agora eu dirigia. estava exausto e dormia no banco de trás. Ele tinha acabado de pegar no sono e estava roncando um pouco. Eu segurei o riso e liguei o som. Tocava uma música suave na estação de rádio, não era muito conhecida, mas eu conhecia, então comecei a bater no volante de leve com a ponta dos dedos. A música acabou e eu notei que chegaríamos perto de um posto de gasolina.

- ! Acorda. Um posto de gasolina.

Escutei ele se mexer no banco e olhei pelo retrovisor.

- Temos que abastecer. O último tanque e o último dinheiro.

Eu disse a última parte mais como um sussurro. sentou no banco alguns segundos depois e espreguiçou.

- , o que vamos fazer?

- Vamos parar, temos que abastecer.

- Não temos dinheiro suficiente. Não é melhor guardar para a comida? A gente pode ficar aqui e tentar vender o carro.

- Eu não sei, talvez eu possa vender algo de maior valor se abastecer? Ainda estou com a pulseira de ouro que você me deu de aniversário ano retrasado.

- Não! A pulseira não.

respondeu rapidamente, sem que eu tivesse tempo de pensar realmente na ideia.

- Pensa em outra coisa, , suas ideias são melhores que as minhas.

Estacionei o carro, posicionando para abastecer, e então eu e saímos.

- Está vendo aquele cara no balcão?

Apontei com a cabeça para a loja de conveniência um pouco a frente. E confirmou.

- Ele está claramente entediado, o que vai nos dar uma chance de colocar meu plano em prática.

Eu sorri de lado, como sempre fazia quando estava prestes a jogar sujo.

- , o que está pensando? Eu conheço essa cara.

me encarou sério e eu revirei os olhos.

- Eu estava prestes a te contar, mas você me interrompeu.

- Certo. Só dizer então.

- Eu entro e o deixo distraído tempo o bastante para você entrar depois e pegar comida.

- , isso não vai funcionar. Tem câmeras de vigilância.

- Eu tenho um boné na minha bolsa.

Fui até a parte de trás do carro e peguei a minha bolsa no banco. O boné estava bem em cima.

- Toma.

Entreguei a . E peguei a pistola no porta luvas.

- Abastece. Eu vou lá bater um papo com ele.

- ! O que vai fazer com ela?

Ele apontou para a arma que eu tinha acabado de guardar nas minhas costas.

- É só por precaução.

abaixou a cabeça e negou, como se eu estivesse fazendo a coisa mais errada do mundo, mas ele não disse nada quando eu o defendi na minha casa uns dias atrás. Eu beijei seu rosto e segui até a loja. O homem no balcão estava olhando para a televisão, entediado demais para estar prestando atenção em alguma coisa, então eu passei pela porta, despertando o seu interesse de imediato. Ele tentou desviar o seu olhar do meu sutiã marcado pela blusa branca e me analisou.

- Precisa de algo?

Ele perguntou com os olhos ainda viajando pelo meu corpo. Que babaca! Olhei para o lado de fora e colocava o boné.

- Você acha que eu preciso?

Eu o perguntei de uma maneira manhosa, como eu fazia quando queria tirar mais dinheiro dos clientes no clube e me inclinei no balcão. O homem praticamente babava em cima de mim. Vi o vulto de passar atrás de mim e suspirei aliviada quando notei o homem ainda em um transe.

- Eu posso te ajudar no que você quiser.

Ele disse, colocando meu cabelo atrás da orelha. Me segurei para não bater na sua mão e controlei a cara de nojo. Era tudo pela comida.
Notei pela câmera de vigilância que encheu a primeira mochila .

- Você é tão gentil.

Eu sorri como uma menina ingênua e frágil faria e o deixei pensar que eu era assim. Ele pensava que estava em vantagem sobre mim. Quando o homem está com seu ego sendo massageado, ele não enxerga mais nada.

- Isso é o mínimo que um cara como eu pode ser, já que na cidade que eu morava eu era muito disputado. Se é que me entende.

Ele piscou para mim e se gabou, dando vários sorrisos maiores que sua própria boca.

- Você é muito linda, sabia? Está sozinha? Tem um quarto vazio nos fundos se quiser passar a noite.

Ele se aproximou e eu tirei os meus braços do balcão, tentando ficar o mais longe possível, mesmo com o algo nos separando. Foi então que ele saiu de trás do balcão e eu pude perceber que ele não desistiria mesmo com o meu afastamento. Eu dei alguns passos para trás, até que me encostei nas prateleiras. Ele me encurralou e alisou o meu rosto e eu tirei sua mão de lá no reflexo, porque ele perto demais era arriscado para o nosso plano, mas ele não reagiu bem a minha negativa. O homem levantou a mão para me atingir, mas foi retirado de perto de mim.

- Não toque nela!

Rosnou , com veias saltadas na testa. O homem empalideceu de imediato e me pediu desculpas, mas eu só mostrei o dedo do meio para ele e peguei uma das mochilas de no chão. Observei o homem ir para o balcão e olhei para que ainda estava com uma cara estranha de pura raiva. Eu indiquei a mochila e sai com logo atrás. Colocamos as coisas no carro e entramos. Quando estávamos prestes a dar partida, o homem começou a vir em nossa direção, totalmente alterado. Ele tinha visto que tinha sido furtado na cara dura. acelerou o carro e ficamos em silêncio, mas ele não demorou muito a ser rompido com várias gargalhadas. Tinha dado tudo certo, querendo ou não.

- Ainda bem que não precisou usar essa coisa.

disse, apontando para a arma dentro da minha bolsa no chão.

- Quase!

Eu disse enquanto acendia um cigarro.

- Eu cheguei antes que ele pudesse fazer algo, .

- Sim, mas eu não esperaria muito para usá-la.

apertou a minha coxa com uma de suas mãos e acelerou o carro estrada a dentro. Cada um tentava se acalmar de uma maneira, porque não era mais possível ignorar o caminho pelo qual estávamos sendo guiados devido às nossas ações. estava devendo grana a um dos maiores traficantes de Bristol, que o jurou de morte e então eu matei um dos caras desse traficante para proteger e por sua vez eu também estava sendo caçada. Agora estávamos mudando a nossa rota para bem longe da Flórida, porque tínhamos furtado uma loja de conveniência depois de eu quase ser abusada. Algumas poucas horas depois, parou o carro atrás de um grande arbusto. Despertei totalmente quando ele me cutucou e sorriu.

- Você acabou dormindo. Quer passar para o banco de trás?

Eu o olhei com carinho, mas um pouco chateada comigo mesma por ter dormido. Não gostava de deixar sozinho no volante.

- Estou bem aqui. Porque você não vai? Deve estar cansado.

Ele continuou me encarando e se inclinou para me beijar. Eu retribui o beijo e acariciei o seu pescoço com uma das minhas mãos livres. O beijo foi se aprofundando e eu passei minha perna pela sua cintura, sentando no seu colo no impulso. cortou o beijo e me encarou com um sorriso de lado.

- Acho que você quer ir para o banco de trás comigo.

***
Acordei mais uma vez antes de e o observei dormir. Ele suspirava, indicando o sono pesado que se encontrava. Deveria ser perto das quatro da manhã, o céu estava azul claro. Saí do lado de no banco de trás e fui para o banco da frente em uma passada. Peguei uma bolsinha com as nossas escovas de dente e uma garrafa de água pela metade que tínhamos usado para escovar os dentes ontem. Desci do carro e andei um pouco, a fim de não acordar com os barulhinhos que eu faria. Estava lavando o rosto com a água da garrafa quando senti estar sendo observada. Tentei agir normalmente para não alertar a pessoa de que eu estava desconfiada de sua presença e pensei rápido. No instante seguinte, eu peguei um pedaço grande de madeira que estava no chão e estava pronta para acertar quem estivesse me espreitando.

- Calma! Sou eu.

Disse , levantando as mãos em rendição, me fazendo largar o pedaço de madeira.

- Você me assustou chegando assim de fininho.

- Só estava observando a mulher da minha vida.

se aproximou e me abraçou. Como sempre, tê-lo em meus braços era uma sensação única. Eu me afastei um pouco e selei seus lábios.

- Agora é minha vez de limpar a baba.

- Engraçadinho.

- Aproveita e come alguma coisa, .

- Pode deixar.

Entreguei a bolsinha para e fui em direção ao carro. Peguei a minha blusa que estava jogada no banco da frente e a coloquei por cima do sutiã. Escutei o barulho de carro acelerando e levantei a cabeça no momento em que me mandou abaixar. Só vi o vulto do carro passando e em cima de mim. Ele ofegava, como se estivesse com dificuldade para respirar. Ele levantou devagar, com a mão no abdômen, ao passo que sua camisa ficava encharcada de sangue. Eu estava tentando me acalmar, mas na minha cabeça não fazia sentido nada daquilo. A adrenalina fazia cada parte do meu corpo pulsar e eu me perguntava como não escutei o tiro. Coloquei no banco de trás e sentei no do motorista.

- Aguenta firme, !

Eu disse desesperada, enquanto tentava encaixar a chave no carro. Finalmente eu liguei e então dei partida, escutando os pneus queimarem o asfalto. Acelerei e notei o carro vindo na contramão, enquanto um homem sentado na janela apontava uma arma gigantesca na nossa direção. Abaixei quando passamos lado a lado e acelerei mais. arfava no banco de trás, me fazendo soluçar num choro que não saía. Notei pelo retrovisor que o carro estava em nosso encalço e tentava chegar mais perto. Escutei os disparos na traseira do carro enquanto eu tentava desviar, dirigindo em ziguezague. Peguei a minha pistola dentro da bolsa e tentei atirar com uma das mãos enquanto a outra dirigia. Parecia algo impossível, até que um dos meus disparos acertou o cara em algum lugar, fazendo com que ele parece de atirar por um momento e o carro perdesse velocidade. Tirei a atenção na pista por um momento, para olhar o estado de mais uma vez, e ele estava muito pálido e sua respiração estava fraca.

- ! Por favor, já estamos chegando. Só mais alguns quilômetros.

Meus olhos lacrimejaram e minha voz embargou assim que disse a frase. Voltei minha atenção para a estrada a minha frente e então senti um solavanco. O carro de trás tinha batido e impulsionado o nosso para frente, me fazendo perder o controle do veículo e capotar. Em um milésimo de segundo, eu vi toda a minha vida passar diante dos meus olhos. Eu quando pequena na aula de balé, depois me formando no colégio, dançando no clube e conhecendo e então apaguei.

***

Acordei dentro do carro capotado depois de um tempinho. Eu tinha batido com força a cabeça no volante e estava com arranhões enormes nos braços. Saí com dificuldade e então lembrei do carro nos perseguindo. Aguardei uns minutos escondida, mas vi nenhum sinal deles, assim como de nenhum carro. Corri para tirar do carro e com dificuldade consegui arrastá-lo para fora. Coloquei a cabeça sobre seu peito e seu coração ainda batia. Voltei para o carro e tentei achar a minha bolsa no meio daquela bagunça. Meu corpo estava muito dolorido, tinha quase certeza que tinha quebrado algo. Consegui pegar meu celular e voltei para perto de . Estava prestes a ligar para uma ambulância quando a mão de segurou meu braço.

- ! Me desculpe.

Ele disse com a voz quase que inaudível.

- ! Eu estou ligando para emergência. Vai dar tudo certo.

- Me desculpe por estragar a sua vida.

Ele disse mais uma vez num fio de voz.

- Você não fez nada. Eu te amo!

Eu comecei a chorar descontroladamente e disquei o número. Ele me olhava falar com a pessoa do outro lado da linha, enquanto eu segurava a sua mão. Seus olhos estavam quase fechando e então eu o senti afrouxar o aperto na minha mão.

- , você foi como um tesouro na minha vida.

- Eu ainda sou, . Vamos sair dessa. Lembra?

Eu disse em meio às lágrimas.

- Eu te amo.

Ele disse como se fosse seu último suspiro e eu me derramei sobre seu peito. Aquele tinha sido realmente o seu último suspiro. Ele tinha me deixado.

- , não! Acorde! Eu te imploro.

No fundo, eu sabia que era tarde demais, mas a dor me consumia mais e mais. Ele não estava mais ali para seguir comigo pela estrada. Ele não estava mais ali para dançar comigo. Um verso na nossa música tomou a minha mente e eu levantei com dificuldade e o que veio a minha mente foi a coisa mais insana que eu poderia pensar naquela situação. seria vingado.

"Amor comum não é para nós
Nós criamos algo fenomenal"


Fim



Nota da autora: Sem nota.





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Ficstapes:
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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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