Postada: 15/01/2018

Capítulo Único

’s P.O.V.

Eu não sabia se me sentia mal por ter contado a verdade ao tio Jean sobre as mancadas do ou pelo fato de não me arrepender em ter dedurado o meu melhor amigo. Mas pensem bem, daquela vez ele tinha literalmente passado dos limites, invadir propriedade privada por estar alcoolizado não era o comportamento mais honroso existente e por mais que nós três sempre tivéssemos defendido uns aos outros, incluindo aí acobertar algumas merdas, era hora de crescer. Sem falar que eu tinha certeza que a reação da seria a mesma, independente de qual de nós dois fosse.
Nós sempre havíamos sido como os três mosqueteiros, como um triângulo perfeito, sabe o equilátero? Pois é. Em uma ponta estava eu, na outra o e na outra a . Éramos o trio mais terrorista da creche e parecia que aquilo nos unia ainda mais, até mais que os laços familiares. Continuamos crescendo e ficando piores, sim nós éramos inconsequentes e fazíamos muita merda, até que as coisas começaram a mudar, mudar de verdade. Eu me vi dentro da gravadora sendo o braço direito do meu pai, tomando as responsabilidades dele e acho que com aconteceu o mesmo quando ela percebeu que tomaria conta dos hospitais da família. Mas o , bom, ele continuava fazendo merda e não tinha deixado de ser o adolescente inconsequente que parecia ter 18 anos, mesmo estando no auge dos 23.
Respirei fundo e cocei a cabeça.
- Pai? – chamei, um pouco ansioso, escorando de lado na mesa de madeira e ele me olhou confuso.
- Oi, . – o homem soltou uma risada baixa e largou o que estava nas mãos, mostrando que era todo ouvidos. – Me diga o que aconteceu.
- Então. – mordi a boca e soltei o ar dos pulmões de uma vez. – Você já dedurou um amigo? – meu pai me olhou com a cara mais confusa existente e soltei uma risada desesperada, quase lendo na testa dele “Seja mais claro, .” – Mesmo que ele tivesse feito uma merda sem tamanho e você quisesse o bem dele?
- Nunca fiz isso, mas acho que faria. – Réal vincou ainda mais as sobrancelhas, me olhando como se eu estivesse louco. Talvez eu tivesse ficando, pai, só talvez. – Por quê? - Não, nada. Pensando besteira aqui. – sorri fechado e o vi dar de ombros, afirmando. Meu pai sabia que eu estava mentindo, mas também sabia que uma hora eu ia contar a ele o que tinha acontecido, mais cedo ou mais tarde.
- O que o Jean queria com você? – meu pai baixou a cabeça, voltando aos papeis e graças aos céus não me viu empalidecer.
Tomei fôlego pra responder sobre o telefonema na mesma hora em quem Bertha, nossa secretária, bateu na porta do escritório, anunciando sua chegada.
- Oi. – meu pai fez uma careta confusa ao ver a mulher de meia idade se apresentar pra passar alguma informação.
- ? O está lá na sala para conversar com você, ele parece um pouco atordoado. – ela disse, com as mãos juntas na frente do corpo e suspirei afirmando.
Respirei fundo e passei a mão nos cabelos, acompanhando a mulher que tinha ajudado minha mãe a cuidar de mim. Eu sentia que a única coisa que não queria era conversar de forma amigável comigo. Agradeci a Bertha com um sorriso e caminhei pra sala de casa, sabendo que seria no mínimo alvo de um fuzilamento, mas ainda com a esperança de fazê-lo entender que aquilo era pro bem dele.
- Eu pensei que eu sempre pudesse contar com você! – foi o primeiro grito do ao me ver e respirei fundo. – Eu achei que você fosse estar do meu lado sempre que fosse preciso, porque além de amigos, melhores amigos, nós somos primos, !
- , calma! Vamos conversar. – estiquei minhas mãos como se estivesse acalmando uma fera e ele soltou uma risada irônica, mostrando ainda mais que queria minha cabeça.
- E agora você quer conversar? Sério? – ele soltou, a voz carregada em ironia. – Não prefere me dedurar para o meu pai?
Respirei, sentindo a comida voltar e passei as mãos no cabelo. Calma, , calma, não adianta piorar a situação.
- E VOCÊ QUERIA QUE EU ENCOBRISSE SUAS MERDAS? – explodi, sentindo meu rosto esquentar e as minhas mãos esfriarem. Calma, , calma, não adianta piorar a briga, acabar com o que eu achava que ainda restava de uma amizade.
Ele tinha o direito de ficar chateado, certo? Claro que ele tinha! Mas me condenar daquele jeito era sacanagem e eu não ia aguentar gritos de graça quando eu sabia que tinha feito o certo!
- É O QUE OS AMIGOS COSTUMAM FAZER, ! – gritou na minha cara, com a jugular saltada no pescoço. Talvez eu fosse apanhar naquele dia. – Mas quer saber? Eu fui estúpido por confiar tanto em você, por acreditar que essa merda de amizade iria servir pra alguma coisa. Depois de tudo que a gente passou, ! – ele usou de uma ironia forte na intenção de me machucar e estava conseguindo. Eu não acreditava que o estava colocando nossa amizade à prova daquele jeito.
- Quando você vai entender que eu fiz isso pro seu bem? – soltei um grito esganiçado, querendo abrir a cabeça dele e colocar aquilo lá dentro. Ele poderia deixar de ser tão criança, já era um avanço. – Que droga, . Foi pra merda do seu bem!
- Oh, jura? Pro meu bem? – ele soltou uma risada irônica e descarada, fazendo minha irritação aumentar ainda mais. – Muito obrigado por usar de falsidade comigo pro meu bem, obrigado por me mostrar que nossa amizade foi uma farsa, uma merda! Que pra você não vale porra nenhuma e que principalmente eu não posso confiar em você. Obrigado por ter me dedurado pra o meu pai e ter ferido a droga do nosso código de ética! – abri minha boca em um O, completamente indignado com o que ele tinha acabado de dizer. Como tinha a coragem de jogar um juramento tão infantil no meio de algo tão sério?
- Por Deus, ! – gritei, saturado com tanta acusação pra cima de mim. – Isso foi um juramento idiota de quando nós tínhamos 11 anos de idade e achávamos que o único crime no mundo era sair escondido de casa! A GENTE NÃO INVADIA PROPRIEDADE PRIVADA! – confesso que peguei pesado e quando me dei conta disso, arregalei os olhos, sabendo que tinha dito merda. Ele cerrou os dentes e negou com um aceno de cabeça.
- A MERDA DOS TRÊS MOSQUETEIROS NÃO SIGNIFICA NADA PRA VOCÊ? QUE A GENTE SEMPRE IA SE APOIAR E SE AJUDAR? – merda! O significado da tatuagem. Passei as mãos pelos cabelos, impaciente, não aguentava mais tanta gritaria e tomei fôlego, mas fui interrompido: – Pelo visto, não! Olha a merda que você faz comigo, ! Agora eu estou preso em um orfanato esquecido, fazendo trabalho comunitário porque o cara que se dizia meu irmão traiu a minha confiança! – negou com um aceno de cabeça e meu peito doeu. – Boa, , muito boa!
- , não é assim que as coisas se resolvem. – falei, magoado. – Dá pra você parar de escândalo e conversar direito?
- NÃO! NÃO DÁ! – ele gritou, sendo grosso e me assustei. – Agora eu quero saber como você vai fazer, vai contar todas as merdas que você pensa de a ela? Porque olha, ela não parece muito interessada em te dar bola. – o cara que eu ainda chamava de amigo, mesmo depois de todas as coisas ditas, soltou uma risada irônica e negou com um aceno de deboche. Meu peito doeu ao ouvir aquilo. Trinquei a mandíbula, aguentando o nó que queria se formar na garganta, eu ia engoli-lo. – EU TE OUVIA, EU TE ACONSELHAVA! Mas sinceramente, ? Pode pegar essa amizade de merda e ficar pra você, enfia pela goela, porque pra mim não dá mais.
sacudiu levemente a cabeça, mostrando que havia desistido e saiu pela porta, me deixando plantado no meio da sala, bem pior do que o que eu já estava.
Me joguei na poltrona da sala e enterrei o rosto nas mãos. Que merda tinha acontecido ali? O que tinha dado nele? O que tinha dado em mim? Eu tinha acabado de perder um amigo de infância porque achava que poderia salvar tudo e todos de coisas piores. Respirei fundo, engolindo o nó que engasgava na minha garganta e senti uma mão delicada em meu ombro, agarrei a mão da minha mãe, pedindo por socorro, logo sentindo ela afagar meu cabelo como se eu não tivesse mais que seis anos e fosse uma daquelas brigas idiotas por brinquedos que um pirulito resolvia.
Olhei-a com meus olhos cheios e sorri agradecido, mesmo que sentisse uma lágrima de muitas que ainda viriam descer por minha bochecha. Ela enxugou meu rosto e ao segurar minhas bochechas com as duas mãos, beijou minha testa.
- Vai ficar tudo bem, querido. – ela disse, com um sorriso meigo, tentando com certeza, me passar toda a segurança existente. – Dê um pouco de tempo a ele, pense sobre o que você fez. Tudo bem? A amizade de vocês é forte, não vai se abalar tão facilmente. – minha mãe beijou minha testa mais uma vez e afirmei com um aceno, mesmo que não acreditasse nem um pingo naquilo.

-x-x-x-

E lá estava eu, mais uma vez, tentando resolver minha situação com , já havia se passado quase três semanas desde a confusão toda e todas as vezes que eu tentava conversar feito gente, ou ele me ignorava, ou fugia. Boa, , muito boa. Fuja de mim e me deixe ainda pior. Eu estava agindo feito um trouxa. Mas aquilo não era tão novidade assim.
Desci em frente ao prédio do escritório do meu tio e bati levemente a porta do carro. Àquela hora era certeza de ele estar ali e eu pegaria nem que fosse na saída. Bingo! Ele saía de cabeça baixa, segurando uns papeis. Certeza que eram da condicional. Tomei fôlego e gritei por ele.
- !
Ele olhou pra trás, procurando quem era e rolou os olhos quando me viu, bufou e voltou a andar pro carro dele. Merda! Ele poderia facilitar.
- , você está me ouvindo, não finge que não, droga! – gritei, desesperado e ele parou no meio do caminho, como se pensasse no que fazer.
- O que você quer? – ele foi seco, mas ao menos me deu atenção.
- Conversar para ver se você entende o porquê de eu ter feito isso. – coloquei a chave do carro no bolso e andei pra perto de onde ele estava.
- Muito obrigado, mas não. – ele soltou uma risada irônica. – Não importa o porquê você fez. Na verdade, eu nem sei porque ainda estou ouvindo você jogar meia dúzia de desculpas esfarrapadas pra cima de mim.
- Porque você invadiu a propriedade da casa dos McKibben, tapado! – explodi na cara dele e arregalou os olhos um tanto assustado. – O Mattew! Aquele mesmo escroto que nós dois cobrimos de socos na merda daquele beco no carnaval em Veneza, ! Aquele que jurou que acabaria com a minha e com a sua raça! Por quê? Porque ele estava perseguindo por onde ela ia! – gritei, desesperado pra ver se ele entendia de uma vez por todas porque diabos eu tinha salvado a pele dele. – Então agora me diz. Você preferia que nós dois estivéssemos em um hospital, ou prefere ser jardineiro no orfanato? Porque eu garanto que aquele idiota não ia vir sozinho. Do mesmo jeito que nós temos amigos, ele também tem! Que merda! Para de ser um tapado cabeça dura e me escuta! Você acha que eu queria ver você apanhar? É obvio que não, eu sairia de onde eu estivesse nem que fosse pra apanhar junto com você.
- Eu não quero saber! – o grito dele me cortou e afirmei com um aceno firme de cabeça, dando alguns passos pra trás. – A merda já foi feita! Não venha dar uma de bom moço agora, não pra cima de mim, . Se duvidar, o McKibben seria mais verdadeiro comigo do que você.
Soltei uma risada incrédula e olhei pra ele bem desacreditado.
- Boa, , muito boa mesmo. Espero que você cresça e deixe de ter a cabeça tão pequena, aí pode me procurar que a gente conversa feito homem. – tirei a chave do carro do bolso e sem mais delongas praticamente corri pro meu carro, me enfiando lá dentro e dando o fora dali.
Eu só esperava que ele pensasse bem no que tinha me dito, porque eu não ia mais correr atrás.

-x-x-x-

Minha vida estava indo de mal a pior, já não bastava eu estar imensamente magoado pelo que tinha ouvido mais cedo, me ligava incessantemente. Eu amava aquela garota, mas não estava com o meu melhor humor e pra ser bem sincero, não queria acabar com o dela.
Peguei o telefone do meu lado e atendi, colocando no viva voz.
- Heeyou! – aquela voz doce me fez sorrir como um idiota.
- Hey. – respondi, baixo, vendo o telefone acompanhar o movimento do meu peito subindo e descendo.
- , o que você vai fazer agora? soltou mais uma pergunta animada e fiz uma careta. Eu pretendia passar o resto da noite trancado no meu quarto, mesmo sabendo que pra ela aquela não era uma opção. – Eu estou sozinha em casa, meus pais vão dar plantão a noite toda e justo hoje era minha folga. Queria companhia. – eu juro que podia ver o bico dela na minha frente.
Soltei uma risada morta, quase um desespero habitante em mim. Como me fazia a droga de uma proposta daquela quando eu mais estava na merda?
- Desculpa, , mas não vai rolar. Não sou a melhor companhia hoje. – suspirei, olhando pro teto do quarto.
- Não importa! – ela disse, em um sobressalto. – Eu quero te ver!
Era incrivelmente idiota o fato de eu ter prendido a respiração com o que ela tinha dito. Mas era o que tinha acontecido, eu estava estacado em cima da minha cama, sem saber o que responder ou retrucar, ouvindo apenas meu coração bater nos ouvidos. Mas algo bem mais idiota me movia: Eu ter me apaixonado perdidamente pela minha melhor amiga desde que usávamos fraldas.
- ? – a voz preocupada da me tirou do transe. – Você tá aí ainda? – ela perguntou, um pouco receosa e soltei um grunhido de choro. – O que houve?
- Por que você só me faz essas propostas quando eu estou na merda? – perguntei, completamente frustrado e ouvi a gargalhada gostosa dela, me fazendo rir baixo.
- DESCULPA! – o grito já era marca dela. – Mas é que você simplesmente sumiu desde a manhã. Eu estou preocupada!
Suspirei procurando fôlego e mordi a boca.
- Tentei falar com o . – respondi, baixo e ouvi o suspiro frustrado dela.
- Estou chegando aí. Me espera! disse de uma vez e antes que eu pudesse ao menos abrir a boca para contestar, ela me cortou. Se ela me conhecia? Até mais que eu. – Eu vou sim, não adianta querer me parar. E sinceramente? Você poderia morar mais perto, eu agradeceria. – ela riu e sacudi a cabeça feito um idiota.
- Quando a casa for minha, não se preocupa, ela vai ser bem perto da sua. Por enquanto eu não mando em muita coisa. – soltei uma risada breve ela riu junto.
- Por enquanto eu me viro indo aí. Não vou te deixar na mão!
- Obrigado, anjo! – sorriso mais idiota que o meu era impossível, se meu pai visse minha situação, eu seria zoado até a morte.
- Querido, anjo só quero se for da Victoria’s Secret! soltou aquela pérola e eu não sabia se ria ou se imaginava ela numa lingerie divina daquelas. Na dúvida, eu preferi rir. Na verdade, a gargalhada saiu estrondosa, a fazendo rir junto, feliz por ter me feito rir.
- Não pode, mulher. Eu sou ciumento! – brinquei, controlando meu estado de riso e ouvi o gritinho animado dela.
- Consegui! Chego em dez minutos na minha supermáquina de velocidade! – ela se referiu à Harley e gargalhei.
- Vem logo, ! Beijo, te amo! – fiz barulho de beijo com a boca e sinceramente? Eu era patético.
- Também te amo, coisa gorda da minha vida! – ela fez barulho de beijo. – Fui! – foi o que a disse, antes de desligarmos o telefone.
Olhei pro teto do quarto, tentando arranjar um jeito de conversar com , conversar direito, como homens e não como moleques que só sabem gritar. Você pode dizer que eu era trouxa em tentar reatar a amizade, mas ele era meu primo, nós éramos quase como irmãos e ele precisava entender que a única coisa que eu queria era o bem dele, mesmo que a um curto prazo não parecesse.
Peguei o telefone e suspirei, depois mandei uma mensagem pra ele, mesmo sabendo que não seria respondido.

: , nós precisamos conversar como homens e não ficar gritando igual moleques.

Mas como já era de costume nas últimas semanas, ele visualizou e não se deu ao trabalho de responder. Coloquei no instagram e fiquei rolando o feed de cima para baixo, de baixo pra cima, mesmo que não prestasse atenção em absolutamente nada. Eu só queria que o tempo passasse rápido, até ouvir a Maria furacão gritando o nome da minha mãe e abrir um sorriso idiota.
- Oi! – ela entrou no meu quarto, balançando aquele cabelo cacheado e colocou suas coisas, incluindo o capacete e bolsa em cima da minha bancada. – Acho que alguém tá precisando de uma sacudida. Então eu trouxe destilada, aquela mexicana que o meu pai guarda a sete chaves, um baseado e umas cordas. – deu de ombros, com uma pose meiga e eu ri alto. Se era aquilo que ela queria, ela estava conseguindo. Abri os braços, chamando a única ponta da estrela que ainda me restava e pulou na cama, se jogando em mim, capaz de quebrarmos meu local de dormir e causarmos uma confusão em casa.
- Me conta do ? – ela fez uma careta e percebi que ele estava inacessível até pra ela.
- Não tem muito o que dizer. – dei de ombros, sentindo o cheiro bom do shampoo dela. – Ele só se recusa totalmente a me ouvir.
- Vocês brigaram feio de novo? Ele não quis tentar conversar? – movimentou a cabeça em meu peito e me olhou confusa. Suspirei, passando a mão no rosto. – Vocês são primos, . – ela disse, esganiçada.
- Não brigamos porque eu me recusei, mas ele nem ao menos se deu ao trabalho de fingir que tava disposto a me ouvir.
- Porra, . – resmungou, negando de forma bem incrédula e sentou de uma vez na cama. – Ok que ele tem o direito de ficar chateado. Mas esse escarcéu todo é sacanagem! Você não tem culpa! – ela disse, decepcionada e eu sabia que ela faria o mesmo que eu, independente de qual de nós fosse, ou eu, ou ele. Afirmei, com cara de morte. – precisava passar por isso pra deixar de ser inconsequente e impulsivo!
- Eu achei que ia adiantar. – suspirei. – Na verdade, eu sabia que ele ia ficar puto por eu ter contado ao Jean que ele não estava com nós dois, mas eu não esperei que ele fosse ficar tão magoado, .
- Eu sei, . – ela mordeu a boca corada. – Eu estava com medo do ser realmente detido com essa bagunça toda. Eu sei que nenhum de nós seis é santo e já fizemos muita merda sim, mas poxa. Nós crescemos! Ele parecia estar preso nos 18 mais uma vez.
- Ele nunca saiu dos 18 anos. – constatei, realmente preocupado com a situação.
Não era um cara qualquer, era meu primo, era minha família. tinha mudado de uma forma estrondosa ao longo dos anos, deixando de lado a pose geek, o cara inteligente que fazia dele, ele e virando um babaca completo que passava na bebida, invadia propriedade privada porque estava bêbado e por mais que algumas das vezes nós tivéssemos acobertado sim as burradas dele, daquela vez ele precisava de um tapa na cara pra acordar e crescer. Nós já tínhamos quase 24 anos!
- Mas tá pior, entende? – perguntei, apavorado e afirmou com um aceno contido. – Não sei explicar, mas realmente eu não conheço esse . Ele poderia estar na cadeia, mas o tio Jean livrou a cabeça dele.
- Ele queria dar uma punição mais eficaz. Xadrez só ia fazê-lo ficar pior, principalmente quando saísse. – ela mordeu a ponta do polegar, parecendo pensar e procurar uma solução pra aquilo. Eu sabia que estava sofrendo como eu. – Sabe? De uma forma bem doida, ele tem muito a aprender com essas crianças, o orfanato, todo o universo. Eu pesquisei sobre o lugar e é incrível. – a garota abriu um sorriso incrivelmente lindo.
- A verdade é que eu estou com medo, . – respirei fundo e sacudi a cabeça levemente, sem querer imaginar a confusão que poderia dar. – O orfanato é para crianças com alguma deficiência, o medo é que ele ofenda alguma delas. Principalmente do jeito que ele está. – olhei pra , suplicando que ela me desse conforto, mas a garota parecia mais apavorada que eu.
- Ele não seria tapado a esse ponto! – a minha médica favorita rolou os olhos com o nariz empinado e ri alto. – Sinceramente? É da vez que eu perco minhas preciosas mãos por dar uma surra nele. – ela me mostrou as duas mãos abertas e afirmei, soltando uma risada. – Eu sei que não valem, mas ainda vão valer bastante.
Abri um sorriso pra ela e segurei suas mãos delicadamente, depois as beijei, vendo sorrir bobamente.
- Claro que vão! As mais valiosas do mundo! – pisquei e senti meu corpo ser abraçado com força. Abracei-a de volta.
- Me aperta o peito só de imaginar ele fazendo merda lá, mas eu prometo que vou conversar com o e tentar mediar alguma coisa. – mordeu a parte interna da boca, deixando a bochecha funda. – Vou tentar botar um pouco de juízo naquela cabecinha. Ultimamente ele me ouvia, ontem mesmo estava lá em casa.
- Tomara que ele te escute mesmo, porque tá bem complicado. – ri quando sentou mais uma vez na cama. Ela era agitada demais e aquilo era desde sempre, eu tinha certeza que ela ia me arrastar de casa.
- Quer sair? – não disse? A garota parecia um psicopata com um sorriso esticado. – Dançar, beber um pouco, talvez arranjar uma boca disponível pra uns beijos. – ela deu de ombros e ri alto. A boca que eu queria era a dela. – Sei lá, vamos balançar a bundinha hoje. É sábado!
- A boca que eu quero não tá em festa! – pisquei e pareceu prender a respiração.
A vontade de rir em mim era maior que tudo, quase do tamanho da que eu tinha de beijá-la. Sinceramente? Eu gostava dela, ela sabia disso, mas se fazia de doida. A garota abriu a boca algumas vezes, mas desistiu de rebater minha pseudocantada. Eu gostava de vê-la perdida, era engraçado.
- Ok, você não quer sair. – ela se jogou ao meu lado na cama.
- Não, não quero. – ri baixo.
- Eu não quero ficar deitada! – ela fez uma cara de morte que quase juntou suas grossas sobrancelhas. – Que eu faço pra te tirar dessa cama? – virou de lado e o que eu não tinha prestado atenção desde que ela tinha chegado eu prestei, o decote da camiseta em gola V que ela usava me atraiu. Cocei a cabeça, tentando não olhar. Mas céus, como uma criatura poderia ser tão gostosa?
- Nada? – disse, óbvio e olhei pro teto do quarto, fechando os olhos com força. Eu realmente não estava na vontade de sair.
- São 19:00! – soltou um esganiço e continuei de olhos fechados. – Eu preciso fazer alguma coisa, ficar parada me deixa agoniada! – a mesma ladainha de sempre. Eu já tinha decorado e era mais engraçado quando ela e o faziam dupla recitando. – Meu corpo precisa estar em movimento!
Suspirei.
Ah, querida, como eu queria que você não fosse minha melhor amiga desde que nascemos. Garanto que seu corpo estaria em um movimento maravilhoso, junto com o meu, inclusive.
Eu me sentia um idiota por não superar . Sacudi levemente a cabeça pra tirar aquelas merdas do meu pensamento e sair logo com ela antes que a garota me arrastasse pelo pé, mas arregalei os olhos ao sentir um peso em meu colo. O peso de uma bunda! estava sentada em meu colo! MAS É O QUÊ?
- Por favor, vamos beber! – ela me sacudiu pelos braços e eu nem respirava mais. Cada movimento pequeno que ela fazia era uma tortura, o coitado estava começando formigar e se eu respirasse a merda estava feita. Droga, !
- . – ri morto, completamente morto. – Eu aconselho a sair de cima do meu colo. – e foi a vez dela arregalar os olhos, olhar pra mim e começar a rir feito uma hiena. estava com uma ponta de constrangimento e aquilo era engraçado, eu só não podia rir ou ele dava um oi pra amiguinha.
- Desculpa, desculpa! – se jogou na cama rindo. – Descontrolado! – ela me alfinetou. Jura? Ela se jogava no meu colo e eu era o descontrolado?
- Q-quer que eu sente em você pra você ver como é? – eu era um merda por estar tão nervoso. Como se não bastasse, eu ficava gago. Maravilhoso, não?
- Eu entendi! – ela rolou os olhos e rolei os meus. – E já pedi desculpas! – suspirei, sentando na cama. – Nós vamos sair? – a garota soltou um gritinho animado e ri alto.
- Vamos! Pra ver se você para de ser chata! – pisquei rindo e ela riu alto, depois começou a pular em minha cama. era uma figura.
Calcei meus tênis, peguei um casaco enquanto ela calçava os dela e saímos pra beber em qualquer lugar com música alta e pessoas dançando. Era sábado e quem não queria esquecer a droga dos problemas?

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’s P.O.V.

Eu não entendia porque tudo estava dando errado naquele bendito dia. A merda do carro tinha ido pra oficina porque insistia em não ligar e tive que aguentar uma carona de meia hora com meu pai buzinando no meu ouvido sobre eu ter que mudar meu comportamento. E como se não bastasse chegar atrasado e levar reclamações da pessoa mais amada naquele orfanato, as crianças ainda estavam me ignorando há umas boas semanas. Isso mesmo, fingindo que eu não existia, que era um poste, um monte de folhas, arbusto ou esterco qualquer. Eu era um merda! Se nem as crianças de lá, que era o que chegava mais perto de fazer o trabalho valer a pena, estavam tentando me vendo como alguém, por que eu ia fazer isso?
Outra coisa que acabava comigo era tudo que tinha jogado na minha cara, porque eu sabia que era verdade, mas era um merda de um orgulhoso por admitir que estava sofrendo. A amizade dele era importante pra mim, era demais e não poder contar com um dos meus melhores amigos porque eu tinha feito merda era o que mais me acabava. Eu merecia uma surra mesmo e bem dada pra deixar de ser cuzão.
Eu estava duro! Meu pai tinha cortado a minha mesada, o que era outra merda na minha vida e a única coisa que eu tinha direito era de engolir calado ou voltar pra faculdade. Suspirei, sentindo o sol escaldante daquela época do ano bater como um cassetete na minha cabeça e estreitei os olhos quando a mesma luz natural me encandeou a refletir na lataria de um carro grande. Sem mencionar a buzina.
- Quanto é a hora? – o grito que eu tinha certeza ser de , só pelo teor idiota da pergunta, foi estrondoso assim como a risada dela depois.
- 500 dólares! – gritei, já abrindo a porta do carro e a vi fazer uma careta horrorosa.
- Assim você me ferra, garoto! – sacudiu a cabeça pela carestia da hora e soltei uma gargalhada. – Eu estou indo pra casa, entra!
- Se você me tirar daqui, até de graça! – soltei de uma vez e ao ver a cara de nojo dela, repensei o que eu tinha dito. Credo! Não! era uma irmã pra mim. Automaticamente minha cara de nojo só ficou maior que a dela. – Não, não, não! Não faço isso com você. Mas a carona eu quero! – soltei uma risada depois de ganhar um pedala.
- Sai! Que nojo! – ela resmungou e voltou a manobrar o carro pra fora dali.
- Esquece, por favor, só esquece. Pelo bem da nossa sanidade mental. – soltei uma risada, a vendo rolar os olhos e cutuquei minha melhor amiga, fazendo ela se encolher e bater na minha mão.
- Obrigada. Cadê seu carro? – perguntou, com a atenção ainda no trânsito.
- Oficina. Aquela merda não quis ligar hoje de manhã. – bufei, passando a mão no cabelo e fiz careta de nojo ao perceber que ele estava molhado de suor. – Minha vida já não estava incrível o suficiente. – encostei a cabeça no banco e bateu de leve em meu joelho, como se me passasse força. Sinceramente? Eu precisava mesmo.
- Vai dar certo, . – eu duvidava bastante que fosse dar certo como ela dizia. – Tudo tem um lado bom na história, você só tem que ver isso. – pois é, querida , não tinha lado bom naquela merda que eu estava passando. Suspirei.
- Nessa história não tem lado bom, vai por mim. E não adianta querer vir com seu otimismo, hoje não cola, . – olhei pro trânsito almejando apenas chegar em minha casa, tomar um banho e beber até cair na cama, ou no chão. Não importava muito o estado lastimável que eu ficaria.
- Para! Aproveita a oportunidade, olha o lugar incrível que você está! Cheio de crianças lindas e cheias de vida! Deus, eu queria tanto conhecê-las! – minha amiga praticamente atropelou as próprias palavras e soltei uma risada baixa.
- Você é a pediatra, não eu. – dei um sorriso fechado e ela um sorriso bonito. Era evidente que a família Carvalho amava o que fazia. – Qualquer dia te levo lá. – falei, baixo e ela sorriu ainda maior. era uma figura.
- Obrigada! Mas me diz o que foi. Estão pegando pesado com você?
Fiz uma careta e respirei fundo.
- No trabalho até que não. – dei de ombros, mostrando que não me importava tanto. Mas a verdade é que ser ignorado estava me tirando o juízo. Certeza era coisa daquela garota. – Mas eu não nasci pra lá, !
- Tudo na nossa vida tem um motivo. Você poderia ter sido preso! – ela entrou em um assunto que eu queria distância e fechei a cara. Ótimo que aquele traidor tinha feito a cabeça da única pessoa que eu ainda podia desabafar. Maravilhoso!
- Eu sei muito bem o motivo de eu estar lá! – resmunguei, afundando no banco e suspirou. – E preso eu não ia ser, !
- Claro que não, imagina. Você ia sair ileso como sempre! – minha amiga bufou irritada e eu não estava muito diferente.
- Exatamente! – fui rude. Quando eu menos esperei, a palavra tinha saído grossa da minha garganta.
- E a culpa não foi dele, foi sua! – ela me acusou, tão saturada quanto eu. A diferença era que infelizmente ela não estava do meu lado. – Se não quisesse, não fizesse nada de errado! O garoto tá mal, . Muito mal e tá tentando de todo jeito conversar com você. – rolei os olhos e aumentei a carranca.
- Se eu não tivesse sido dedurado pelo cara que eu achava que era meu melhor amigo, eu não estava pagando droga de pena alternativa nenhuma! – eu estava alterado e nervoso com focada em defender ele. – Eu nunca faria isso com ele, . Nunca!
- Ótimo, você vai dar uma de menino mimado mais uma vez. – ela soltou uma risada que eu achei bem desesperada. – Pois eu faria, . Mas eu faria mesmo, se fosse necessário, eu faria. Você mudou, você tá agindo feito um garoto idiota e mimado, como se nada fosse te atingir. Mas vai! Não é porque seu pai é promotor que você pode tudo, ! Quando você vai crescer? – o grito de saiu esganiçado.
- NUNCA! – gritei de volta, já saturado com tanto favoritismo idiota. Nós éramos como irmãos e ela me fazia uma merda daquela? – PARA DE DEFENDER ELE, DROGA! Eu não quero que me defenda, mas também não aceito que defenda ele na minha frente!
- NÃO PARO! E pra ser bem sincera com você, eu faria a mesma coisa! – soltei uma risada incrédula com o que ela havia dito.
- Abre o carro! – me estiquei, tirando o cinto e ela travou as portas.
- Você vai me ouvir. – disse, de forma autoritária. – Você acha mesmo que você tem problema porque está com raivinha do melhor amigo? – ela perguntou, bufando de ódio e tomei fôlego pra mandá-la abrir a porta mais uma vez. – Só porque foi pego invadindo propriedade privada e teu pai CANSOU de te proteger?
- ABRE A MERDA DA PORTA, ! – soltei, inteiramente irritado com a insistência dela em me dar lição de moral. Mesmo que tivesse saído grosso demais, eu não ia aguentar ela dizer aquilo.
- VOCÊ VAI ME OUVIR! – ela gritou de volta, com os olhos arregalados e eu sacudia a merda daquela porta.
- EU NÃO SOU OBRIGADO A FICAR AQUI TE OUVINDO DIZER QUE SE PUDESSE, FERRAVA MINHA VIDA TAMBÉM! – gritei, desesperado e com uma raiva fora do comum tomando minha cabeça.
Raiva da situação, da merda que eu tinha me metido, do rumo medíocre que a minha vida tinha tomado. Raiva de tudo, mas não dela. Raiva porque estava esfregando na minha cara tudo que eu menos queria ouvir.
- MAS VOCÊ VAI! – minha amiga soltou um grito mais grosso que o meu e deu um tapa forte no volante, do susto eu me encolhi no banco e ela continuou: – VOCÊ NÃO TEM MAIS 18 ANOS, DROGA! TEM QUASE 24, CRESCE, , CRESCE! PARA DE SER UMA CRIANÇA IDIOTA E MIMADA! – respirou fundo e passou a mão no rosto, sempre como fazia quando ia parar de gritar. – Aquelas crianças têm problemas bem maiores que os seus! Eles sim têm deficiência, doença crônica, qualquer dificuldade que faria qualquer um querer se matar! Eles sim têm motivo pra viver com raiva da vida, não você!
Eu não acredito que ela achava que eu estava me comparando às crianças. Era óbvio que eu sabia de tudo aquilo!
- EU NÃO TÔ ME COMPARANDO A ELAS, DROGA! Eu sei que eu seria um filho da puta se eu fizesse isso! – gritei, esganiçado, mas a mulher continuava louca no banco da frente. – Mas não pede pra aceitar o que ele fez, isso não!
- Então antes de sair reclamando que sua vida está uma merda por que ele só quis o seu bem, abra os olhos e olhe para aquelas crianças! – quase sacudiu a mão na minha cara e me afundei no banco. Eu ia apanhar daquela doida que eu chamava de amiga desde que eu tinha três anos de idade. – ELAS SIM SÃO UNS ANJINHOS E MERECEM O SEU MELHOR! AQUELE ! Aquele lá! Aquele que a gente perdeu quando você perdeu o rumo da vida! – aquela frase foi o necessário pra pegar bem fundo na minha consciência, bem fundo mesmo. Boa, , obrigado por esfregar na minha cara que eu era um merda sem motivo algum. – Uma hora você vai entender que nada disso é pro seu mal.
- Mas, infelizmente, não vai ser agora. – fui grosso e irônico, ouvindo a garota bufar e destravar o carro, claramente desistindo de mim.
Suspirei e passei a mão pelo cabelo, frustrado com minha postura. Eu sei que estava a todo custo tentando me ajudar e fazer com que nós dois ao menos conversássemos feito gente, mas não ia ser naquele exato momento da minha vida que eu ia ceder. Me estiquei e a beijei na bochecha, mostrando que eu entendia bem o que ela queria e eu sabia que uma hora nós íamos voltar a conversar, só não ia ser tão cedo.
- Obrigado, ! – sorri fechado e ela afirmou com um aceno, depois destravou as portas do carro.
- ? – me chamou antes de eu sair e olhei-a bem atento. – Só quero que você saiba que se fosse o contrário, eu estaria do seu lado. Diferente do que você pensa. – mordi a boca e afirmei. Eu sabia que ela estava sendo sincera. – Juízo, .
- Pode deixar. – sorri fechado e abri a porta do carro. – Tchau, .
- Tchau, . – ela acenou levemente e segurei a porta do carro pra fechar, mas arregalei levemente os olhos ao perceber que não estava nem perto de casa. Olhei de um lado pro outro, sem entender praga nenhuma do que estava acontecendo e finalmente ouvi a gargalhada dela. Sim, a médica prodígio estava rindo descaradamente da minha cara. – Não quer o resto da carona? – a mulher perguntou, rindo e fiz cara de bunda. Eu não merecia. Ok, talvez merecesse.
- Eu não estou em casa! – minha constatação brilhante a fez rir ainda mais.
- Não, gênio, você não está! Entra aí. – sacudiu a cabeça, ainda rindo. – E deu escândalo no meio da rua. “ABRE A DROGA DA PORTA, !” – porque parecia tão ridículo quando saía da boca dela? Ri alto.
- Então me leva pra casa, mulher! – me joguei no carro de novo e ganhei um tapa sustento na cabeça. – Ai! Sem agressão.
- Eu devia te fazer ir a pé!
Fiz um bico gigante e a garota rolou os olhos.
- Só pelo escândalo que você deu. – ela voltou a ligar o carro e ri.
- Culpa sua que entrou em um assunto proibido. Sério. – suspirei. – Eu não vou perdoar ele. – disse, me envolvendo no banco.
- Tá, , tá. – meneou a mão como se não desse a mínima pra minha gana em contrariar a palavra dela.
- Dirige, mulher! – ordenei, como se eu fosse muita coisa e a gargalhada de deboche dela foi estrondosa.
- Eu faço o que eu quiser, na hora que eu quiser, meu bem. – disse, com uma segurança enorme e como diria dela, eu me fechei. Apanhar de novo não valia a pena e mesmo que a coisa não tivesse muito boa pro meu lado, eu sabia que , de uma forma bem doida, ainda estava por mim.

-x-x-x-

’s P.O.V.

Os meninos tinham aparecido na casa da quando eu já estava lá. O que não era nenhuma novidade, nós vivíamos grudados desde sempre, mas desde a briga com o eu estava tentando suprir com a companhia dela. E enquanto eu criava coragem pra tentar, mais uma vez, mesmo sabendo que seria frustrado, conversar com o , David, Chuck e Jeff faziam bagunça na sala de TV daquela casa, tentando a todo custo ganhar o título de maior jogador de Mortal Kombat X, que por sinal era de quem mais estava fazendo falta ali.
- Vê se joga como um nerd, Chuck! – soltou aos berros do sofá em que estávamos e ela fazia carinho na minha cabeça. Eu ri alto com o grito dela.
- Não se mete. Você já perdeu! – nosso amigo gritou e ela rolou os olhos claros que tanto me hipnotizavam. Eu era um idiota mesmo.
Ri com a briga idiota deles e ouvi uma movimentação suspeita não muito longe daquela sala, me ajeitei no sofá pra ver se conseguia entender melhor do que se tratava e sim, eu ouvi a voz de , pelo visto não só eu, porque até o jogo parou e todo mundo me olhou como se eu tivesse que me enfiar na fresta do sofá ou me esconder atrás da cortina pra não dar briga.
- Isso é o ? – David perguntou, se virando pra onde eu estava e comecei sentir o sangue fugir do rosto. Merda! Mais briga àquela altura do campeonato?
- Eu acho que sim. – ela respondeu, quase sem voz.
- Mas o que ele está fazendo aqui? – Dave voltou a perguntar e neguei com a cabeça, mostrando que eu realmente não sabia.
- Você chamou, ? Avisou alguma coisa? – Chuck perguntou, mais confuso ainda e estiquei o pescoço, olhando pra ela.
- Eu não preciso chamar ninguém pra vir aqui, vocês sabem. Ele é meu vizinho. Mas eu achei que ele estivesse no orfanato. – suspirou e coçou a cabeça.
- Vocês se acertaram? – Jeff dirigiu a pergunta para mim e sentei de uma vez no sofá. Droga! Briga de novo não!
- Não! – soltei um esganiço. – Não por falta de tentativas. Ele estava dando patada até na ! Na ! – sacudi a cabeça meio desesperado e ouvi as risadas dentro da sala, que me fizeram rir junto.
- Mas então o que diabos ele está fazendo aqui? – Chuck perguntou, meio assustado e provavelmente tinha medo de mais uma discussão, assim como eu.
- Eu não sei! – soltou um grito esganiçado e levantou de uma vez do sofá. – , por favor. Fica na sua, não abre a boca, okay? Finge que é invisível. – ela me pediu, com súplica e eu não aguentei, soltei uma gargalhada, fazendo rir junto e chutar meu pé. – Eu vou ver o que ele quer.
fechou a boca e apareceu na porta com um sorriso amedrontado, mas só pela cara dele a gente via que estava desarmado. Ele não vinha pra brigar e a julgar pela camisa cheia de desenhos que ele usava, possivelmente nosso nerd estava de volta. Senti meu sorriso se alargar por ver o velho ali, de óculos, com suas camisetas cheias de referências e o sorriso culpado de alguém que precisava pedir desculpas.
- Minha vez no videogame! – nosso amigo disse, rindo e cruzou os braços na porta da sala.
- ?! – soltou um grito animado e eu só consegui rir.
- Eu. – ele soltou uma risada morta e esmagou a garota, tirando-a do chão, depois passou cumprimentando os meninos que estavam no chão. – Tudo certo, galera?
- Claro. – Jeff sorriu e completou o soquinho do .
- Senta aí! – David chamou e o procurou um lugar com os olhos, findando olhando pra mim.
- Você não estava no orfanato? – perguntou, esmagando os dedos das mãos. Eu sabia que ela estava nervosa. – Senta! – a garota apontou pro sofá e nos encaramos. parecia querer falar, mas não sabia o que e eu estava na mesma. – Você não estava no orfanato?
- Vim de lá agora. – ele claramente parecia abatido e abalado com algo do orfanato.
suspirou e se jogou ao meu lado, passando a mão no cabelo, fazendo com que os meninos nos olhassem esperando a terceira guerra mundial. Eles não fizeram qualquer questão de disfarçar e soltou uma risada morta por perceber.
- Tudo certo? – tentei realmente iniciar uma conversa e meu amigo me lançou um sorriso fechado, enquanto me dava agonia quase furando o chão, andando de um lado pro outro.
- Mais ou menos. – entortou a boca, mostrando que estava realmente contrariado e suspirou. – , para, por favor? Eu não vim pra brigar. – ele pediu, de forma encarecida e como em um passe de mágica, o clima estranho e ruim dentro daquela sala tinha se dissipado, nós seis nos encontrávamos mergulhados em risadas descontroladas pelo medo de destruirmos a sala aos tapas.
- O que houve, ? – bati de leve nas costas dele e meu amigo mordeu a boca.
- Algum problema com a condicional? – Chuck perguntou, um tanto receoso e o riu baixo.
- Nada com a condicional, Chuck. Deu tudo certo. – ele suspirou, me deixando mais preocupado.
- Desembucha, . – Jeff pediu, e mordi a boca ansioso com o que ele iria dizer, já que de resto nada parecia ter acontecido.
- O orfanato está com problemas sérios de dinheiro. As irmãs não me falam nada, a , minha supervisora, é uma teimosa e eu não sei o que fazer! – deu um suspiro cansado e preocupado demais, acabei por fazer uma careta. Se o problema era dinheiro, nós poderíamos muito bem ajudar.
- Problema de dinheiro, ? – ela tirou as palavras da minha boca, parecendo morrer de pena e nosso amigo afirmou com um aceno de cabeça.
- Dinheiro quanto? – perguntei, olhando bem pra cara do , que não sabia mentir.
- Não sei ao certo. – ele mordeu a boca. – não quer me falar e as irmãs dizem que não é pra eu me preocupar. Novidade: eu já estou preocupado! – meu primo soltou uma risada anasalada e afaguei o ombro dele, passando força, recebendo um sorriso fechado e grato em troca.
- Óbvio que a mulher é teimosa, você estava a personificação do nojo, . – rolou os olhos, fazendo a gente rir baixo e depois suspirou. – Você não era aquilo, poxa!
- Mas eu voltei, ! Eu me apeguei a eles, poxa! – as palavras saíram da forma mais sincera que vocês poderiam imaginar e aquele sim era o velho . O nosso amigo que tinha se perdido no meio da estrada.
- Você tentou conversar com ela? – a garota perguntou, sentando no braço do sofá.
- Já! – ele soltou um grito esganiçado e desesperado. – Mas ela é mais teimosa que cinco de você, avalie onde eu me meti! – rolou os olhos e minha gargalhada escandalosa saiu sem aviso, fazendo todo mundo me olhar assustado pelo grito, ainda tentei tapar a boca pra não rir, mas foi inútil, sem falar que já ria comigo pela situação.
- Eu não sou teimosa! – ela soltou esganiçada e bateu em nós dois como se aquilo fosse revidar alguma coisa.
- É SIM! – eu e dissemos, sinfonicamente juntos e fez a maior careta horrenda. Resultado? Só rimos ainda mais.
- Eu sou teimosa? – ela olhou para os meninos no chão e os três afirmaram com acenos bem firmes, fazendo bufar. Ri ainda mais.
- Mas, gente, eu preciso fazer alguma coisa! – soltou um esganiço preocupado e suspirei. Ok, o que poderíamos fazer pra ajudar um orfanato sem ser na base da doação direta?
- , qual o perigo maior? – perguntei, enquanto minha cabeça maquinava algo eficiente a ser feito.
- Se as dívidas não forem pagas, vai fechar, cara. – ele soltou um ar dos pulmões, baixando os ombros e prendi a respiração de uma vez. Merda! As crianças não podiam ficar sem um lar.
- Se nós nos juntarmos, dá pra fazer muita coisa! – apontei a todos que estavam na sala, vendo os olhos mais pidões do mundo por uma solução. – Não pode fechar!
- , nós precisamos fazer alguma coisa! – pediu por socorro e ele arregalou os olhos como quem dizia que era aquilo que ele tinha ido buscar ali. Socorro.
- E você acha que eu não sei? Eu estou morrendo e ela não me deixa ajudar! – meu amigo sacudiu as mãos, se mostrando apavorado e suspirei. Pensa, , pensa! – Pra eu conseguir que ela me contasse o que estava acontecendo já foi mais de 3 horas! Ela é teimosa! – rolou os olhos e soltei uma risada anasalada. Outra teimosa pra driblar, nós estávamos muito bem mesmo.
- Não diretamente! – retruquei. – Já pensou em algo que não seja de forma direta? – perguntei, mordendo a boca e a expressão dele melhorou consideravelmente, esperando que eu continuasse. – Algum evento beneficente. Não sei bem o que, mas dá pra gente se envolver nisso. – apontei, já me empolgando com a ideia e deu uns pulinhos mais inquieto ainda no sofá.
- É ISSO! – o grito do preencheu toda a sala, e quem sabe até a casa. – Não pode ser algo grande porque a ia tirar meu rim na unha... – ele resmungou, batendo o pé no chão como se procurasse na cabeça algo incrível pra se fazer e eu não estava muito diferente no quesito ansiedade. – E seria legal algo que envolvesse as crianças também...
- Claro! – o gritinho de me fez rir encantado, mas eu era um trouxa de qualquer forma.
- Então... um leilão? – o garoto preocupado perguntou, quase se debatendo esperando nosso aval e logo em seguida, os gritos:
- OPA SIM! – e David gritaram juntos.
- BOA! – Jeff apoiou a decisão com outro grito e ri alto, sacudindo o mais novo jardineiro do grupo, o fazendo rir alto.
- ISSO, UM LEILÃO! – Chuck parecia que poderia perder os olhos a qualquer momento por estarem tão arregalados.
Sim, nós queríamos ajudar, até porque nós também podíamos ajudar. Aquela era uma das vantagens de nascer em uma família que já tinha certo poder aquisitivo, ajudar quem mais precisava nas horas críticas. E não era pra ser taxado de bonzinho, mas o diferencial das empresas dos nossos pais era a filantropia. Portanto, era a nossa vez de botar a mão na massa, mesmo que do nosso jeito torto.
- Eu vou dar um jeito de envolver a gravadora nisso, pode deixar! – pisquei e me olhou completamente incrédulo, mas imensamente feliz.
- Sério? – ele me perguntou, com um sorriso gigante e afirmei com um aceno firme.
- Claro que sim, ! É isso que a gente faz, ajuda aos amigos. – abri um sorriso maior que o dele e fui esmagado em um abraço, o abraçando de volta.
E se eu conhecia bem , aquele era um abraço pedindo desculpas por todas as merdas que ele tinha feito, embora eu também devesse desculpas a ele. O nosso código nunca deveria ter sido quebrado.
- Obrigado, irmão. Muito obrigado mesmo! – ele disse, baixo e o abracei ainda mais forte. – Por tudo, tudo que você fez. Eu juro que agora eu entendo e apoio a sua decisão, eu sei que você só queria que eu me ferrasse de um jeito educativo. – rimos alto. – E desculpa por dizer tudo aquilo, foi da boca pra fora. Eu não quero que a nossa amizade acabe desse jeito e muito menos que você pareça um escroto na história toda. Eu sei que você é uma das pessoas mais verdadeiras na minha vida e eu só tenho a agradecer por ter contado ao meu pai, porque se tinha uma coisa que eu não queria, era nós dois no hospital, porque sim, eu sei que você partiria pra briga junto comigo. – meu primo deu leves tapinhas em minhas costas e eu sabia que ele estava sendo sincero, muito sincero em seus votos. Nos abraçamos com mais força e a Maria Mole que eu era queria dar as caras. Sem choro, , sem choro!
- Tudo bem, cara. – ri baixo. – Acho que nós dois demos uma exagerada.
- Esquece isso, . Eu fui um idiota, sério. Eu só quero que você me perdoe. – riu e nos afastamos aos poucos, mas ainda abraçados como dois irmãos pequenos.
- Está perdoado, . – sorri largo, como se tivesse clipes na minha cara. Finalmente ele tinha virado homem. – Nós vamos salvar o orfanato, pode confiar. – estiquei a mão pra um soquinho que ele completou sorrindo largo.
- Vamos! – o garoto respondeu, mostrando que estava imensamente feliz e foi questão de tempo até ouvirmos alguns gritinhos bem exagerados de e dos meninos, felizes por termos, finalmente, reatado a amizade. Tapados!
- O que vamos leiloar, ? Você? – Chuck perguntou, às gargalhadas e eu juro que não aguentei, eu ri junto com ele. Leiloar era a piada do século.
- Mas é claro, vai ter uma fila de interessadas. – o garoto fez a maior pose convencida e dei um pedala, o fazendo abrir a boca indignado e me empurrar.
- Se ache menos, ! Seja menos! – David rolou os olhos e eu só conseguia rir. me olhava tão curiosa com minha crise, o que só me fazia rir mais.
- Ouvi boatos que você não é muito popular por lá. Não sei não, acho que nem sua supervisora vai te querer. – rebateu e meu amigo rolou os olhos, como se não desse a mínima pra garota, mas se tinha uma coisa que ele dava, era moral pra tal . Eu conhecia e não era daquela data.
- Quem disse que eu quero? – ele perguntou, com desdém e aí foi que eu ri mesmo, mas ganhei um tapa de protesto.
- Ai tapado! – bati nele de volta. – Você ressaltou que ela não é fácil umas três vezes só agora a tarde. Se eu te conheço bem, você quer sim!
- Isso me cheira a crush! – alfinetou de onde estava e prendi a risada. Ela tinha entrado na brincadeira e os meninos iriam comer o juízo dela. O que eu ia fazer? Eu ia rir e confirmar tudo.
- Eu disse que ela era teimosa e ela é. – disse, bem óbvio, mas aí abriu um sorriso maldoso. – E quem fala crush, ?
- Quanto mais você nega, mais se afunda, irmão. – brinquei, dando um tapinha nas costas do e ele rolou os olhos, me fazendo rir.
- Todo mundo fala crush, tapado! Não é, Dave? – a garota empinou o nariz em um porte convencido, como se nada a atingisse. Mal ela sabia que a bomba vinha agora.
- Claro que sim! – o garoto concordou com ela, dando de ombros bem óbvio, mas aí abriu a boca novamente. – Principalmente o crush que o tem em você! – bingo!
- Boa, Desro! – deu high five com o David e me olhou com uma cara horrenda, quase me fuzilando por estar apenas rindo.
- , se eu negar é pior! – dei de ombros e a garota suspirou, mas estava com as bochechas vermelhas.
- Não tem isso de negar, até o papa sabe! – incitou o assunto e fechou a mão pra mim, completei o soquinho. ia nos matar, era certo!
- Mas voltando pro que interessa! – a desviada que deu não foi pequena. – A gente pode organizar até uma festinha com as crianças lá mesmo. – a garota disse, animada e eu me perguntava se ela realmente não sentia nada por mim ou era apenas charme.
- Desviada feita com sucesso! – pigarreou e rimos alto mais uma vez. – Mas então, gostei da ideia da festinha e sobre o leilão, acho que eles podem leiloar algo de valor imaginário, não sei. Algo que seja fácil de arrumar e que eles possam se sentir dentro do leilão.
- SIM! – soltou um gritinho e pulou. – Um leilão de objetos mágicos!
- BOA! – gritamos juntos. O cérebro daquela mulher era incrível.
- Topam pro fim da semana? – perguntou, ansioso.
- Mais que topado, ! Vamos salvar esse orfanato! – Chuck deu high five com ele e abri o meu maior sorriso ao ver a animação dos meus amigos.
- Você quem manda, capitão. – Jeff bateu continência e David deu uma piscadela confirmando, até olhar de mim pra e vice versa.
- E vocês? – ele mordeu a boca, talvez um pouco receoso.
- Eu fico com a decoração. Muitas luzinhas. – ela disse, com um sorriso lindo.
- Acho que vocês vão precisar de ajuda pra carregar as coisas. – dei de ombros e sim, ouvi os gritos dos escandalosos. Vulgo e . – Vocês são dois idiotas! – gritei, rindo e ouvi mais risadas.
- Então, , sobre a festinha. Você vai ter que ligar pra e resolver com ela, porque olha, lavei minhas mãos. – arqueei a sobrancelha quando vi o nome da moça virar o apelido. Eu ia tirar a paciência dele como ele tirava a minha, o troco vinha, . Soltei uma risada e fui empurrado. – É sério! Ela não me deixa fazer nada!
- Nossa, mas e já virou ? A coisa está andando e rápido, viu? – Desro e suas sacadas de mestre. Apontei pra ele e batemos high five!
- Eu chamei de teimosa, vocês reclamaram, eu chamei pelo apelido, reclamam também? Deus, dai-me paciência! – ele rolou os olhos, mas eu tinha certeza que estava se explodindo pra rir alto.
- Vai acostumando, só piora. – confortei, lhe dando tapinhas nas costas e suspirou, encostando a cabeça em meu ombro como se estivesse frustrado, o que foi mais um grande motivo de risadas.
- Mas é sério, eu preciso da sua ajuda ou nada feito. – ele apontou rindo. – Liga pra ela! – o bico foi enorme e rolou os olhos, mas ria.
- Eu não vou ligar pra garota que eu nem conheço. No mínimo, ela vai achar que eu sou doida. – a médica mais linda que eu conhecia soltou um esganiço e os meninos riram.
- Você é doida, coisa linda. – pisquei pra ela, a vendo rolar os olhos e tentar prender uma risada, o que foi frustrado. Enquanto os meninos apontavam pra mim, mostrando que eu estava certo.
- Ela não vai barrar um batalhão. – foi óbvia sobre a festinha para os meninos do orfanato e meneou a cabeça, mostrando que concordava em partes.
- Nisso eu concordo com a , ela vai ver que nossa causa é nobre e só queremos ajudar. – Chuck defendeu a opinião dela.
- Vou mesmo ter que ligar? – o fez uma careta e acenamos com a cabeça igual crianças. – Tudo bem, eu ligo! – o garoto sacou o celular do bolso. E que comecem os jogos!
- E ele perde a oportunidade? – Jeff era calado, mas saía com cada uma. Só que eu não poderia concordar mais.
- Não, ele não perde! – David deu mais força ainda à zoação. Eu já disse que eu amava os amigos que eu tinha?
- Ligar só pra dizer isso? Ah, ! – Chuck negou com um aceno como se em partes reprovasse e em partes entendesse a situação dele. riu e não foi baixo.
- Vão se catar, vocês! – ele riu e coçou a cabeça. – Eu estou fazendo pelas crianças, pessoal, é sério, sem brincadeira. Eu aprendi demais nesse curto espaço de tempo cuidando do lugar e de uma forma bem esquisita eu me apeguei a elas. Eu não quero que eles percam a única segurança de vida que eles têm. Lá eles moram, eles estudam, eles passam os melhores e os piores dias, aquele lugar não pode desaparecer.
Não só eu, mas acho que naquele momento, todos nós sentimos a angústia dele. estava mesmo preocupado, ele queria mesmo ajudar aquelas crianças, ele queria mudar a realidade que estava bem nas suas fuças, mas sabia que sozinho ia ser mais complicado conseguir. Ele precisava de nós, porque as crianças precisavam de ajuda e nós iriamos ajudar.
- Pelas crianças. – abriu um sorriso encantador que nem foi lançado pra mim, mas tinha me atingido na cara. – A propósito, o que você fez com meu amigo?
Nós rimos.
- Felizmente, as crianças viram que ele pedia socorro aqui dentro e resgataram. – abriu um sorriso gigante e pulou nele o abraçando com força.
- Que ótimo que elas trouxeram de volta o nerd chato, porém gato! – ela apertava ele no abraço como se o fosse um bicho de pelúcia e ele riu alto.
- Nerd gato é sacanagem, . – reclamei, a fazendo rir e meu amigo abriu um sorriso convencido. Eu merecia mesmo.
- Deixa a moça falar as verdades! – riu e beijou a cabeça dela.
- Ela não está em seu estado mais são. – David contestou, e rimos.
- Estou muito bem, obrigada. – mandou beijo. – Feliz que o terceiro mosqueteiro voltou. – ela deu um sorriso gigante e bagunçou o cabelo dele, fazendo enfiar o braço por trás das minhas costas e aproveitando que já estava abraçado a ela, esmagar nós dois em um abraço. Abraçamos ele de volta com o mesmo aperto de uma criança que abraçava um amigo que havia sentido falta e, de fato, nós ainda quase éramos as mesmas crianças.
- Sério, galera, obrigado por tudo. – agradeceu com um sorriso gigante. – Eu não sei o que faria sem vocês.
- Amizade é para essas coisas, moleque. – pisquei rindo e ele abriu um sorriso grato.
Confesso que nós ainda iríamos discutir bastante, mas era libertador saber que nossa amizade, por mais louca que fosse, era mais forte do que qualquer barreira. Afinal, nós éramos os três mosqueteiros com o código de ética mais furado da história.

THANK YOU!



FIM



Nota da Tatye: Eu não sei nem por onde começar, sinceramente! KKKKKKK
Primeiro eu queria dizer que vem mais uma pra cota de fics mais diferentes que eu já escrevi! Nessa nós vemos dois pps meninos, os nossos moços estourados e SOCORRO, ela foi escrita todinha em POV masculino!!!! 💃🏻💃🏻 Essa sim vem como uma das mais diferentes! Sem falar em tanta briga, nossa! E olha que eu gosto de treta, viu?
Outra novidade também é que ela foi escrita em parceria! Sim, foi em conjunto com a Cam – FINALMENTE NOSSO BEBÊ NASCEU, não é mesmo moça? Foi sofrido! – E foi uma das melhores coisas. É muito gostoso poder escrever em conjunto e conseguir planejar e compartilhar as ideias <3
Quero mais fics assim. Obrigada!
Querem saber mais uma coisa? Em 10. One, a nossa outra mocinha desse mesmo projeto em conjunto, vocês vão saber o que o fazia tanto no orfanato, como os lindinhos conseguiram mudar o coração dele e inúmeras outras coisas que me deixa derretida de tanto amor!
Primeiro eu peço desculpas pela nota gigante, depois agradeço pela parceria maravilhosa, que venham mais projetos pela frente! <3
Beijinhos no coração!

Nota da Cam L.: Oi! Oi! Oi!
Primeiramente, eu gostaria de dizer que sou completamente apaixonada por esses dois PPs mais lindos do mundo, mas que agonia esse tanto de briga entre os dois, senhooooooor! Mas ok ok, entre trancos e barracos, deu tudo certo e a paz – e a amizade - foi reestabelecida! YEY! (Se não fosse assim, eu barrava a fic, barrava mesmo kkkkkk).
Momento confissão: passei váaaaaaarios momentos de raiva com o . Poxa, custava ver que tudo que o fez era pro seu bem, tapado? Não custava! MAAAAAS, como a Tatye falou, em 10. One ele, depois de um tempinho, melhora e volta a ser o nerd gato que conhecemos e amamos! Se quiserem dar uma passadinha por lá e conferir a saga rumo à redenção do moço, serão muito bem vindas! Ps: ela também é diferentona, por motivos que eu não digo aqui, senão é spoiler KKKKKKKKKKKKK
Por falar em Tatye: NOSSA PRIMOGENITA EM PARCERIA SAIU! QUE EMOÇÃO! Só tenho a agradecer a essa moça por ter sugerido a parceria e por ter aguentado a louca aqui nas horas de surto por querer mudar as coisas ou por ser ‘autora de primeira viagem’ (Sim, gente, além de nossa, ela é minha primeira fic. Socorro!) No fim deu tudo certo, as duas estão vivas e eu adorei cada momento <3 Estou só pelos próximos projetos!
Beijos, Beijos. See ya :*



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