Capítulo único
A sala estava com um silêncio ensurdecedor, do lado direito próximo à grande janela que agora estava embaçando devagar pelas gotas que caiam lá fora. Estava ele sentado no estofado, com uma camiseta branca e uma calça que acompanhava o mesmo tom, ele lia alguma coisa sobre filosofia. Do lado esquerdo próximo à estante alta que cobria praticamente a parede toda, cheia de livros, ela estava sentada na cadeira que acompanhava a mesa de madeira escura ambas, vestia um vestido branco igual seu companheiro como se tivessem combinado aquela cor, naquele dia.
Eles não se falavam, ela estava concentrada em alguns papéis que tinha na mão, ele na sua leitura, ou pelo menos fingiam que o silêncio presente ali era por isso, o casamento já não estava bem fazia algum tempo, se lhes perguntassem o porquê disso, acredito que nenhum dos dois saberia dizer, não tinha gritaria, nem briga, nem discussões, somente aquele terrível silêncio, que em poucas vezes era preenchido por um “Oi” “Bom dia” ou algo do tipo. Não tinham mais intimidade também, não faziam praticamente nada na frente um do outro e quando se deitavam na cama para dormir, podiam escutar que o outro estava acordado, mas não se falavam.
As coisas pareciam ir de mal a pior, todo dia era aquilo: eles acordavam, se cumprimentavam por cima, e depois iam para aquela sala que ficava no canto do corredor.
Aquela sala havia sido projetada especialmente para ela, embora ele também gostasse de ler e também fosse precisar de um lugar que tivesse a cara de um escritório, aquilo, aquele lugar do chão até o teto tinha a cara dela, e ele não podia reclamar, afinal, amava sua esposa e tudo que remetia a ela. Essa sala que foi construída em segredo, possuía um formato igual de outros cômodos da casa, mas a diferença era que tinha uma quebra mais funda com colunas nos quatro cantos do formato retangular, as colunas em tom de pérola era grandes com pontas amadeiradas, a parede que possuía a janela, era a parte favorita dele, muito bonita, dava para observar tudo que estava a acontecer do lado de fora, não era um vidro liso, a janela era toda composta por quadrados médios com suas bordas brancas, que dava certo charme ali, a outra parede era onde ficava a lareira, a pequena adega, pinturas e um armário mediano, quantas noites eles passaram ali, fizeram amor na frente do fogo forte que o quadrado exalava, as pinturas eram todas de paisagens eles amavam em conjunto, atividades ao ar livre e principalmente viajar, tinha pintura dos córregos de Veneza, do jardim na frente da Torre Eiffel, das praias da Califórnia e entre outros, todos lugares que eles já tiveram o prazer de visitar, junto à parede que ela estava, ficava a mesa, grande em uma madeira tão escura que beirava o preto era onde ela ficava, sempre havia muitos papéis espalhados por lá, motivo esse que sempre causou brincadeiras com ela por parte dele, sempre tão organizada, com a mesa de trabalho daquele jeito, ela ligava muito, acabando entrando na brincadeira e a última parede tinha a porta e as estantes de livros, eram duas portas de correr que se puxassem se juntavam no meio, fazendo um “click” automático que as trancava e a mesma coisa para abri-la, como as paredes da sala, elas eram brancas também com os puxadores dourados, a estante de livros se moldava à porta, deixando ela mais bela ainda, seu tom tinha o mesmo da mesa e cadeira e nenhum dos dois sabia quantos livros tinham ali, mas eram amantes de leituras natos.
Aquele lugar era como um refúgio particular e ele gostava da sensação de mesmo que estivessem da forma que estavam, os dois ficavam ali todos os dias juntos, em perfeito silêncio, mas juntos e esse foi o motivo que o fez ter coragem para fazer o que sua mente brotou de ideia quando ele levantou da cama hoje e o lado dela já estava vazio.
Levantou-se do estofado e seus pés descalços tocaram o chão de madeira, ele seguiu até a mesa que sua esposa estava, pegou o pequeno aparelho reprodutor de som que estava ali em cima e colou a música, aquela música, a música deles para tocar.
— Dança comigo, por favor?
Ele havia estendido sua mão, esperando que a mesma fosse preenchida com a mão de sua companheira por cima, ela olhou aquilo e pareceu hesitar por um momento, mas sentiu aos poucos a música lhe levar e acompanhou o marido, eles foram até o centro perto da lareira e deixaram seus corpos encostarem e eles curtirem aquele momento como não faziam desde algum momento que eles não se lembravam ou talvez sim, talvez se lembrar daquele momento era o que fazia aquela distância permanecer
— Eu sei que não podemos ficar assim para sempre.
Ele ficou surpreso quando ouviu a voz dela se misturar junto com a música.
— Fico feliz de escutar isso.
— Foi difícil trabalhar isso na minha cabeça, o porquê de estarmos assim, mas temos uma eternidade para passarmos juntos então acho melhor resolvermos isso.
Ele a olhou, sempre a achou a mulher mais linda deste mundo e ali depois de tudo, seu pensamento não havia mudado, ela tinha razão, tinham uma eternidade para passar juntos, então era melhor resolver tudo.
— E como você quer fazer isso? Colocando uma pedra em cima de tudo e recomeçar?
— Eu não sei se vamos conseguir recomeçar assim, mas estou disposta.
— Eu também, me desculpa por aquela noite, amor.
— Me desculpa também, mas não vamos mais falar sobre isso.
— Combinado.
Eles se juntaram mais, afundando seus rostos nos corpos um do outro e quem disse que fantasmas não podiam se tocar daquela maneira estava mentindo, porque ali agora, sob a luz do luar, nos escombros do que já foi uma casa, eles dançavam como se fossem um corpo só, eles poderiam não saber, mas naquele dia, fazia exatamente um ano, o aniversário do trágico acidente que destruiu o relacionamento e a casa deles, eles começaram aquela manhã de domingo dançando como sempre, como o casal maravilhoso que eram, mas quando algumas verdades vieram à tona naquela tarde, a discussão naquela sala, o refugio deles ficou tão forte que coisas foram arremessadas não um no outro, mas uma delas foi parar dentro da lareira e quando menos se deram conta, não conseguiram apagar o fogo e a trava da porta não abria, o que eles gostavam naquela porta, acabou se tornando seus piores pesadelos, e assim os dois morreram juntos, naquele lugar, todo dia repetiam a mesma rotina, porque em seus pensamentos a casa ainda estava ali, vagavam pelos cômodos destruídos, tentando fazer com que as coisas parecessem o mais normal possível e nunca mais falara sobre o que ocorreu, mas agora eles passariam a eternidade ali, juntos, como dois fantasmas.
Eles não se falavam, ela estava concentrada em alguns papéis que tinha na mão, ele na sua leitura, ou pelo menos fingiam que o silêncio presente ali era por isso, o casamento já não estava bem fazia algum tempo, se lhes perguntassem o porquê disso, acredito que nenhum dos dois saberia dizer, não tinha gritaria, nem briga, nem discussões, somente aquele terrível silêncio, que em poucas vezes era preenchido por um “Oi” “Bom dia” ou algo do tipo. Não tinham mais intimidade também, não faziam praticamente nada na frente um do outro e quando se deitavam na cama para dormir, podiam escutar que o outro estava acordado, mas não se falavam.
As coisas pareciam ir de mal a pior, todo dia era aquilo: eles acordavam, se cumprimentavam por cima, e depois iam para aquela sala que ficava no canto do corredor.
Aquela sala havia sido projetada especialmente para ela, embora ele também gostasse de ler e também fosse precisar de um lugar que tivesse a cara de um escritório, aquilo, aquele lugar do chão até o teto tinha a cara dela, e ele não podia reclamar, afinal, amava sua esposa e tudo que remetia a ela. Essa sala que foi construída em segredo, possuía um formato igual de outros cômodos da casa, mas a diferença era que tinha uma quebra mais funda com colunas nos quatro cantos do formato retangular, as colunas em tom de pérola era grandes com pontas amadeiradas, a parede que possuía a janela, era a parte favorita dele, muito bonita, dava para observar tudo que estava a acontecer do lado de fora, não era um vidro liso, a janela era toda composta por quadrados médios com suas bordas brancas, que dava certo charme ali, a outra parede era onde ficava a lareira, a pequena adega, pinturas e um armário mediano, quantas noites eles passaram ali, fizeram amor na frente do fogo forte que o quadrado exalava, as pinturas eram todas de paisagens eles amavam em conjunto, atividades ao ar livre e principalmente viajar, tinha pintura dos córregos de Veneza, do jardim na frente da Torre Eiffel, das praias da Califórnia e entre outros, todos lugares que eles já tiveram o prazer de visitar, junto à parede que ela estava, ficava a mesa, grande em uma madeira tão escura que beirava o preto era onde ela ficava, sempre havia muitos papéis espalhados por lá, motivo esse que sempre causou brincadeiras com ela por parte dele, sempre tão organizada, com a mesa de trabalho daquele jeito, ela ligava muito, acabando entrando na brincadeira e a última parede tinha a porta e as estantes de livros, eram duas portas de correr que se puxassem se juntavam no meio, fazendo um “click” automático que as trancava e a mesma coisa para abri-la, como as paredes da sala, elas eram brancas também com os puxadores dourados, a estante de livros se moldava à porta, deixando ela mais bela ainda, seu tom tinha o mesmo da mesa e cadeira e nenhum dos dois sabia quantos livros tinham ali, mas eram amantes de leituras natos.
Aquele lugar era como um refúgio particular e ele gostava da sensação de mesmo que estivessem da forma que estavam, os dois ficavam ali todos os dias juntos, em perfeito silêncio, mas juntos e esse foi o motivo que o fez ter coragem para fazer o que sua mente brotou de ideia quando ele levantou da cama hoje e o lado dela já estava vazio.
Levantou-se do estofado e seus pés descalços tocaram o chão de madeira, ele seguiu até a mesa que sua esposa estava, pegou o pequeno aparelho reprodutor de som que estava ali em cima e colou a música, aquela música, a música deles para tocar.
— Dança comigo, por favor?
Ele havia estendido sua mão, esperando que a mesma fosse preenchida com a mão de sua companheira por cima, ela olhou aquilo e pareceu hesitar por um momento, mas sentiu aos poucos a música lhe levar e acompanhou o marido, eles foram até o centro perto da lareira e deixaram seus corpos encostarem e eles curtirem aquele momento como não faziam desde algum momento que eles não se lembravam ou talvez sim, talvez se lembrar daquele momento era o que fazia aquela distância permanecer
— Eu sei que não podemos ficar assim para sempre.
Ele ficou surpreso quando ouviu a voz dela se misturar junto com a música.
— Fico feliz de escutar isso.
— Foi difícil trabalhar isso na minha cabeça, o porquê de estarmos assim, mas temos uma eternidade para passarmos juntos então acho melhor resolvermos isso.
Ele a olhou, sempre a achou a mulher mais linda deste mundo e ali depois de tudo, seu pensamento não havia mudado, ela tinha razão, tinham uma eternidade para passar juntos, então era melhor resolver tudo.
— E como você quer fazer isso? Colocando uma pedra em cima de tudo e recomeçar?
— Eu não sei se vamos conseguir recomeçar assim, mas estou disposta.
— Eu também, me desculpa por aquela noite, amor.
— Me desculpa também, mas não vamos mais falar sobre isso.
— Combinado.
Eles se juntaram mais, afundando seus rostos nos corpos um do outro e quem disse que fantasmas não podiam se tocar daquela maneira estava mentindo, porque ali agora, sob a luz do luar, nos escombros do que já foi uma casa, eles dançavam como se fossem um corpo só, eles poderiam não saber, mas naquele dia, fazia exatamente um ano, o aniversário do trágico acidente que destruiu o relacionamento e a casa deles, eles começaram aquela manhã de domingo dançando como sempre, como o casal maravilhoso que eram, mas quando algumas verdades vieram à tona naquela tarde, a discussão naquela sala, o refugio deles ficou tão forte que coisas foram arremessadas não um no outro, mas uma delas foi parar dentro da lareira e quando menos se deram conta, não conseguiram apagar o fogo e a trava da porta não abria, o que eles gostavam naquela porta, acabou se tornando seus piores pesadelos, e assim os dois morreram juntos, naquele lugar, todo dia repetiam a mesma rotina, porque em seus pensamentos a casa ainda estava ali, vagavam pelos cômodos destruídos, tentando fazer com que as coisas parecessem o mais normal possível e nunca mais falara sobre o que ocorreu, mas agora eles passariam a eternidade ali, juntos, como dois fantasmas.
Fim
Nota da autora: OOiii amorzinhas, tudo bem? Aaaaa eu amei escrever essa música, eu pensei nessa cena e fiquei com ela na cabeça imaginando cada detalhe, espero que vocês tenham gostado, obrigada para quem leu até aqui <3 <3
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Lindezas, o Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
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