Finalizada em: 29/10/2020

Capítulo Único

Era a primeira vez, desde a primeira gravidez, que um vidro dividia e seu bebê recém-nascido. Observando a filha que tinha cerca 2kg, tocava no vidro da maternidade da UTI neonatal em uma falsa tentativa de alcançar a filha.
Kim nasceu após a pressão da mãe subir devido à cólicas. foi sozinha para o hospital, e os médicos acharam mais seguro para as duas, interromper a gravidez antes da hora.
Diferente do nascimento de Ana e de Tae, estava sozinha. O marido estava chegando na Arábia para um show histórico, junto de boa parte de seus amigos. A melhor amiga ficou com o filho de ambas. A cunhada a ajudava, mas desde o momento que deu entrada no hospital, não saiu. Mesmo com alta, a mãe da minúscula Kim não saía do mesmo lugar há dias, apenas numa esperança de que alguém dissesse que a filha poderia ir para casa.
Ela estava cansada, abatida, triste, preocupada e sozinha. Qualquer um que passasse pelo corredor da maternidade, poderia facilmente confundi-la com uma moradora de rua. Mas ela não se importava. Estava lá pela sua pequena guerreira, e ficaria naquela posição sem dormir, sem trocar de roupa ou se pentear até onde sua resistência suportasse.
Kim estava bem. Apesar de ter uma minúscula cânula entrando por uma de suas narinas, a terceira filha estava respirando bem, se alimentando bem e, gradativamente, ganhando peso. Ela queria apenas que fosse mais rápido.
Passos apertados começaram a fazer barulho pelo corredor, mas ela não se virou. Nada era mais importante que Kim. Quando então percebeu, um par de braços a envolveram e ela teve seu corpo girado.
Com aparência cansada e sem dormir, como ela, Siwon havia finalmente chego na Coréia. O homem, que estava na Arábia Saudita quando sua filha nasceu prematuramente, saiu do show e foi direto para o aeroporto, pegando o primeiro voo de volta para casa. podia dizer que o marido estava acordado há pelo menos, 50h, vide a aparência cansada, e as olheiras embaixo dos olhos.
Ao sentir conforto nos braços do homem que amava, finalmente se permitiu desabar, desde o nascimento de Kim. Toda sua família estava em casa, ela estava se sentindo em casa, os dois mais velhos estavam seguros e com saúde, era questão de tempo até Kim ser liberada.
Sentindo as pernas bambas e se escondendo no peito de Siwon, molhava a camisa que ele vestia com suas lágrimas de alívio. Alívio por ele estar novamente por perto, por ter com quem dividir a responsabilidade de carregar o mundo nas costas.
As mãos de Siwon passavam pela cabeça dela e escorria pelo cabelo que não estava penteado, em um movimento contínuo e repetido, enquanto tentava acalmá-la. Nunca esteve nos planos do casal, ter três filhos, apenas dois, mas quando descobriu a gravidez pela terceira vez, depois do choque, ela fez exatamente o mesmo que nas duas vezes anteriores: se dedicou exclusivamente ao bem estar daquele bebê.
— Cadê ela? — Siwon levantou o rosto da mulher, que procurava se acalmar.
então virou para o vidro e apontou para a pequena bebê na incubadora. Repetindo a mesma ação que ela fazia a dias, Siwon colocou as duas mãos no vidro, em uma tentativa falha de tocar na recém nascida.
Ela era muito pequena. Os braços e pernas de Kim extremamente finos, a barriga quase que negativa, que custava para crescer, os dedinhos parecendo um pequeno tufo com dois ou três fios de cabelo. Diferente de Tae, um ano antes, e Ana, quase seis anos atrás, que eram bem grandinhos e gordinhos, Siwon se assustou com a visão que teve de Kim. Quando Donghae falou que a esposa estava em trabalho de parto, ele se preocupou com o tempo de formação de um bebê, mas não se atentou ao fato de que não seria um bebê de sete meses.
— Ela é tão frágil e tão pequena — fez o comentário óbvio e a esposa concordou, balançando a cabeça. Siwon abraçou forte, como se aquilo fosse a proteger do medo e da ansiedade que ela estava de sair dali — Mas ela é igualzinha a você!
A mulher tentou esboçar um sorriso pela primeira vez desde que entrou naquele hospital.
— Ao menos um deles, já que os outros dois a gente praticamente fez duas cópias suas — ela falou respirando fundo, por conta das lágrimas.
O silêncio se instalou novamente e a mulher podia falar que estava sozinha de novo, se não fosse os braços do marido em volta do corpo.
— Você é uma guerreira, meu amor — Siwon comentou com ela, que desviou o olhar da maternidade para ele. Era impossível dizer qual dos dois estava mais cansado e abatido — Você protegeu nossa filha bravamente até o último instante e lidou sozinha com a situação. Você é incrível — ele finalizou o discurso de elogios a ela — Como você está?
deu um sorriso simples e um pouco com vergonha. Siwon tinha razão em tudo que havia falado. Ele apenas não se conformava em não estar por perto novamente… Não dessa vez.
— Com uma cicatriz na barriga — fez uma careta e ele não pôde deixar de rir, puxando-a para mais perto do seu corpo — Agora eu estou bem. Eu tive muito medo quando eu passei aquela madrugada com dor, eu não sabia o que estava acontecendo, o medo de ver uma mancha de sangue no lençol me impedia de ligar a luz.
Siwon sentiu um frio na espinha. Nunca ia esquecer a cena da então sua noiva, chorando no colo da amiga, no ano que ele iria se alistar no exército, por conta de um aborto espontâneo. Ela sofreu por um bebê que eles não sabiam que estavam esperando, e os médicos alegaram que isso aconteceu por ter alguma má formação. O homem mal podia imaginar o que ela devia ter sentido com sete meses, com um bebê que eles já amavam e os irmãos mal podiam esperar para ter em casa.
— Passou, está tudo bem — ele delicadamente beijou a bochecha dela — As crianças? Onde estão? Já sabem da Kim? Ana já quis brincar com a nova boneca dela?
Só ele mesmo para fazê-la dar uma risada nasalada em um momento como aquele. Só ele sabia como manter a calma dela. Depois de onze anos juntos, seis de casados e três filhos, ele sabia o que falar e em qual momento para a fazer esquecer os problemas, mesmo que momentaneamente.
— Estão em casa. A Jisoo e sua irmã estão dividindo o tempo de ficar com eles, enquanto eu fico aqui. Mas a Jisoo tem que cuidar do Suwon que é muito novinho. Tae deve estar deixando-os loucos e a Jiwon diz que a Ana está comportada, mas não para de perguntar por que eu não volto para casa com a irmã.
— Então deixa eu ver… — Siwon fez cara de pensativo — Nós temos em casa uma criança de um ano serelepe que pode estar tocando o terror? — concordou com a cabeça, lembrando de Tae — Uma de quase seis anos que está louca para fazer o papel de babá? — a esposa novamente balançou a cabeça, mas não pôde deixar de rir da forma que ele estava colocando a situação — Acho que a gente vai ter um pouco de trabalho quando for para casa.
Ela então passou os dois braços em volta do pescoço de Siwon e pôde observar a corrente de ouro que ele usava embaixo da roupa, com pingentes que faziam referência aos dois filhos e a inicial do nome dela. então deu um beijo no peito do homem.
— Eu já estou em casa.




Fim



Nota da autora: Olá pessoal, tudo bem? Bem vindos ao meu ficstape. Confesso que tinha outras ideias para essa história, mas como foi ficando em cima de hora, precisei adaptar algo que já tinha escrito. Acho que ficou legal, já que gosto bastante dessa oneshot. Espero que tenham gostado. ♥ Beijos!





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