Finalizada em: 22/11/2018

Capítulo Único

Os primeiros raios de sol que surgiram pelas frestas da persiana atingiram o rosto do rapaz, acordando-o de imediato. Sempre foi sensível com a claridade quando se tratava do seu horário de descanso e naquele momento, se arrependeu de não ter fechado as persianas como deveria. Fechou os olhos novamente em um sinal claro de cansaço. Não estava com pique nenhum de levantar e ir para seu estúdio de fotografia.
Infelizmente, era um adulto de vinte e quatro anos que tinha responsabilidades e deveria cumpri-las. Esticou o braço para a esquerda tentando pegar seu celular de um jeito que não o derrubasse e surpreendeu-se ao ver várias mensagens de sua amiga, .
Estranhou. não era de lhe mandar mensagens pela madrugada, a não ser que estivesse bêbada ou com crises de ansiedade. Ficou apreensivo por ser algum dos dois e imediatamente abriu a conversa, constatando que era mais um dia de insônia da garota. Suspirou aliviado. Nas mensagens, o convidava para passar em seu loft no final do dia, pois ela precisava conversar. Gelou de novo. Ela nunca falava assim.
Normalmente apenas o chamava e pronto, eles passavam o resto da noite comendo pizza e bebendo vinho enquanto assistiam algum dorama qualquer.
Respondeu com um ‘bom dia’ e um ‘te vejo mais tarde’ para então largar o aparelho na cama e enfim levantar.
Depois de lavar o rosto com água gelada, as coisas começaram a fazer mais sentido em sua mente. Então, ao imaginar que eles ficariam sozinhos na casa dela, seu coração acelerou. se descobriu apaixonado por há algum tempinho e quando esse tipo de “encontro” acontecia, o moreno entrava em crise existencial horas antes. Não seria diferente dessa vez.
Claramente pensava em se declarar, mas a insegurança e o medo de estragar a amizade entre eles era maior que qualquer outra coisa. Então, barrado pelo medo da rejeição, sustenta um amor platônico pela morena.
E era assim que ele seguia todos os dias da sua vida desde então. Reprimindo o amor por ela a fim de preservar a amizade de ambos.
O estúdio próprio do rapaz não ficava tão longe de onde morava. Geralmente acordava num horário que não fosse nem tão cedo e nem tão tarde e caminhava por pelo menos quinze minutos até lá.
Gostava muito da vida que levava. Pensava no que estava conquistando como fotógrafo, nas amizades que havia feito, especialmente e , seus melhores amigos.
Esse último era quem mais aparecia no estúdio. era sempre quem ouvia suas músicas primeiro e o rapper confiava no gosto do amigo.
E foi justamente que apareceu lá horas mais tarde.
— Desculpa, cara, eu queria muito ter ido na sua apresentação de ontem.
— Relaxa, , eu entendo. Essas reuniões com clientes devem ser um saco. — bebeu um gole de água e se sentou em um dos pufes espalhados pela saleta — Vai estar livre hoje de noite? Os garotos querem sair pra beber.
— Hoje não vai rolar… Prometi que ia pra casa da , ela disse que quer conversar. — suspirou, fechando os olhos por alguns segundos.
— Papo sério?
— Não sei. Provavelmente sim, o tom que ela usou na mensagem não foi o de sempre.
— Cara, você está surtando internamente. — prendeu o riso.
— Claro que não, hyung! Ela só não costuma ser assim.
— Bom, você como melhor amigo deve saber mais do que eu, que só conheço de vista. Mas desencana, cara. Às vezes é uma coisa bem aleatória e você está aí, esquentando por nada.
processou a fala do amigo, reparando que realmente estava surtando por pouca coisa. Talvez estivesse certo e ele só havia entendido de uma maneira mais dramática. Ele não era muito de rezar, mas pensou na probabilidade de fazê-lo a partir de agora.
— Você tem razão. — balançou a cabeça. — E aí, vai me mostrar a música nova, ou não?
O sorriu largo, deixando seus olhos parecerem apenas meros risquinhos. não pôde deixar de sorrir junto, gostava de ver seu hyung feliz e era apenas isso que importava naquele momento.
Passaram horas conversando sobre as músicas novas de , que ele mesmo havia produzido. Orgulhava-se do rumo que a carreira musical do amigo estava tomando.
Após se despedir dele e fechar o estúdio, guardou as chaves no bolso da calça e verificou se não tinha esquecido nada lá dentro.
voltou a pensar no encontro que teria com e consecutivamente voltou a ficar apreensivo. A companhia de lhe ajudou a espairecer, mas uma hora ou outra ele teria que ir até ela, e encarar o que estava acontecendo.
No caminho para o loft da , reparou que uma floricultura ainda estava aberta e pensou que a morena gostaria de receber flores.
Deveria ser mais fácil presentear uma florista, mas se viu perdido no meio de tantas opções. A mulher também não facilitava muito, visto que gostava de praticamente todas espécies de flores. No fim, resolveu levar rosas vermelhas, as preferidas de .
Sempre que o rapaz ia para a casa dela sentia muito orgulho. Quando a conheceu dois anos atrás, ela trabalhava como atendente de uma loja de decorações e depois de um ano, abrira sua própria floricultura, morando em um loft que ficava na parte de cima. A fachada delicada e cheia de detalhes mínimos, o cuidado que tinha com cada flor, tudo exalava sua personalidade ali.
realmente estava muito apaixonado.
Apertar uma campainha nunca foi tão difícil. Depois de perceber que estava parado na frente da porta lateral que dava acesso à parte superior e com flores na mão, começou a se questionar se tudo aquilo não parecia muito romântico. Será que ela perceberia algo?
Um, dois toques. Dois minutos de muito nervosismo e ali estava . Um pijama largo, cabelos desarrumados e mesmo assim, achava que ela estava linda.
— Olha só quem não se atrasou hoje! — a voz fina e seguida de um riso lhe fizeram “acordar”.
— Eu nunca me atraso, . — fez um semblante falsamente ofendido.
— Mentiroso! — os olhos castanhos pairavam sob o buquê simples que ele carregava. — O que é isso?
— São… São pra você! Eu sei que você deve ter várias na floricultura e tal, mas eu as vi numa vitrine e achei a sua cara. — respondeu entregando as flores, observando os olhos femininos brilharem. Riu soprado. Era sempre a mesma reação quando ela interagia com qualquer tipo de flor.
— Aah, . São lindas! Muito obrigada mesmo. — se aproximou perigosamente, deixando um beijo estalado em uma de suas bochechas. O gesto foi tão rápido que não teve reação. — Eu vou colocá-las na água.
Ainda um pouco atônito, o moreno tentou se recompor o mais rápido que pôde, fechando a porta atrás de si e subindo as escadas rapidamente, indo atrás dela. Visitar a era o mesmo que se sentir em casa, de tão acolhedor que era o ambiente. E também juntando com o fato dele frequentar por bastante tempo, tudo isso o deixava mais confortável.
— Não vai colocar na floricultura?
— Essas não. Vão ficar aqui em cima da cômoda. Para eu lembrar de você. — sorriu, colocando o vaso transparente em cima de uma toalha artesanal.
— E então, , o que você queria conversar? — tentou não focar na fala dela. Balançou a cabeça, afastando os pensamentos extras. — Fiquei preocupado com suas mensagens. Aconteceu alguma coisa?
— Aah, desculpa, . Fui um pouco dramática nas mensagens, mas são os efeitos de ficar 12 horas acordada sem descanso. — riu baixo, sentando-se na ponta do sofá, do lado de . — Eu estava pensando e queria sua ajuda.
— Farei o meu melhor. — sorriu aliviado. Não era nada de relevante então.
— Eu queria a sua ajuda para conquistar o .
Um nó imediatamente se formou em sua garganta. Ele realmente ouviu direito? Ela queria sua ajuda para conquistar ?
Piscou os olhos repetidas vezes, até cair a ficha do que tinha ouvido.
— Você. — apontou para a mulher. — Quer a minha ajuda. — e apontou para si mesmo de novo. — Para conquistar o ? Meu amigo ?
— Sim! — riu. — Qual o problema? é tão ruim assim? Eu o acho fofo.
— Não, é que…
“Estou apaixonado por você.”
— Não sei, eu nunca achei que fizesse seu tipo. — limpou a garganta, tentando focar no rosto dela e esquecer a vontade de gritar seus sentimentos ali mesmo.
— Ele tem uma dualidade que eu acho interessante. — cruzou os braços e fez uma expressão pensativa.
— O fato de ser um rapper fodão nos palcos e uma maria mole fora deles, né?
— É! É exatamente isso. — bateu uma palma, animada. — Viu, você me entende. É a melhor pessoa pra me ajudar.
entraria em pane se continuasse mais um segundo ali, ouvindo-a falar todas aquelas coisas. Levantou de imediato, surpreendendo-a. Passou a mão pelos cabelos, sem saber o que fazer. o encarou confusa. Ela nunca havia o visto assim, um pouco surpreso e alheio ao seu redor.
— Eu preciso ir.
— Mas, -
— Desculpa, .
— Você acabou de chegar! — levantou-se do sofá preocupada.
— Eu sei… Eu… Me desculpe mesmo, não estou me sentindo muito bem.
Sem dizer mais nada, saiu rapidamente dali deixando a porta aberta ao fazê-lo. Podia ouvir os gritos de chamando seu nome mas não podia parar. Não queria parar. Aqueles quinze minutos na companhia da morena foram o suficiente para estragar sua noite.
Não queria conversar com ela, pelo menos, não agora. Precisava espairecer, colocar os sentimentos no lugar e tentar entender quando foi que havia se apaixonado por ela. Se não tivesse dado atenção para esses detalhes tão sentimentais, nada disso estaria acontecendo.
O velho que não ligava muito para o amor precisava voltar.
Ao perceber que já estava longe o suficiente do loft de , parou quando suas pernas fraquejaram e começou a regular sua respiração, sentindo seu coração acelerado por conta da corrida. Olhou ao seu redor e decidiu se sentar em um dos bancos de madeira que estavam espalhados por ali. Estava tão atordoado que não sabia o que fazer ou como agir.
Repousou a cabeça entre as mãos, enquanto as palavras de se repetiam feito looping em sua mente. deveria saber que não seria fácil se apaixonar, ainda mais por sua melhor amiga. E piorava tudo quando a mesma pedira ajuda para conquistar um de seus amigos.
Poxa, ela não havia reparado que o estava interessado primeiro? Assim que essa questão pairou sob suas ideias, o moreno percebeu que realmente, não tinha como ela saber de suas intenções. Nunca conseguiu se expressar de uma maneira em que seu interesse fosse nítido. Tratou como sempre, como a amiga que ele tinha. Ela realmente não tinha como saber.
Depois de pensar muito sobre tudo o que aconteceu, perdeu-se no tempo e só se tocou quando o céu adquiriu lindos tons de laranja, roxo e azul, mostrando que o Sol estava se pondo. Levantou-se, sacudiu a sujeira das calças e seguiu para sua casa. A noite seria longa, cheia de xícaras de café e músicas tristes.

No dia seguinte seu corpo pesava mais do que o normal. Resultado de uma noite mal dormida, com a cabeça cheia de questões do dia anterior. Olhou a agenda do celular e verificou que não tinha nenhum trabalho para hoje. O que significava que podia tirar o dia de folga.
Ativou o modo silencioso do celular, largando-o de qualquer jeito na cômoda e virando-se para voltar a dormir.
Não soube quanto tempo se passou após fechar os olhos, mas pareceu pouco já que fora acordado de supetão, com o som da campainha preenchendo todo o ambiente. Não estava com coragem para levantar dali, sequer para gritar alguma coisa compreensível então decidiu apenas esperar. Quem quer que fosse se cansaria rapidamente.
! Eu sei que você está aí! Passei pelo estúdio e estava fechado, então você só poderia estar aqui!
Silêncio. Seu corpo todo se arrepiou quando ouviu o som da voz de . Fechou os olhos de novo. Estava muito cansado mental e fisicamente para enfrentar uma conversa sobre a noite anterior.
Depois de minutos em silêncio mortal do lado de fora, o achou que ela havia finalmente decidido ir, até ouvir novamente a campainha seguida de batidas insistentes na porta de sua casa.
Era óbvio que não sairia dali facilmente. Teimosa era seu nome do meio.
!!
O grito estridente atingiu diretamente seu coração. Não queria ignorá-la e sentia-se muito triste por estar fazendo-o nesse momento. Mas o pobre fotógrafo precisava de um tempo longe do motivo das suas noites mal dormidas e batimentos cardíacos acelerados.
Só abriu os olhos novamente depois de se passarem minutos suficientes para ela ter ido embora.
Era a primeira vez desde que a conhecera que a ignorava desse jeito. Doía muito no coração de e ele se sentia mal toda vez que pensava nisso.
Culpava-se por gostar dela. Podia ter impedido o sentimento ficando ou conhecendo outras pessoas. Dedicando-se inteiramente ao seu estúdio de fotos.
Ah, mas que bobagem… O rapaz suspirou. Era impossível não se apaixonar por .
Tudo nela o encantava. Desde os cabelos negros e compridos até as orbes castanhas. Desde sua personalidade doce, cuidadosa e simpática até as suas manias mais estranhas. Lembrou-se da época em que eles ainda estavam se conhecendo e se aproximando.
Achou estranho quando a flagrou falando sozinha. E achou fofo quando soube que ela morria de medo de trovões.
Quando estava prestes a inaugurar a floricultura, se lembrou de que estava mais ansioso que a própria e quando a viu vender o primeiro buquê de flores, só soube sentir orgulho e admiração por ela.
E agora, relembrando de todas essas coisas, soube que sempre foi apaixonado por ela. Mas só aceitou a informação no dia anterior.
— Não pude evitar. Nem se eu quisesse. — estalou a língua nos dentes e cobriu todo o rosto com o cobertor. O dia seria longo.

Dias haviam se passado desde quando foi até sua casa lhe procurar. Não contente, ela havia mandado mensagens e feito mais de dez ligações para o rapaz, querendo notícias suas.
respondeu uma de suas mensagens, dizendo que não estava muito bem e precisava de um tempo para colocar a cabeça no lugar.
Também não havia falado com ou qualquer outro amigo sobre as intenções da . Precisava primeiro se resolver psicologicamente antes de tomar alguma atitude.
acabara de chegar do trabalho. Nos dias que se passaram o estúdio passou a ter mais clientes, fazendo com que ocupasse sua cabeça com trabalho e não pensasse nela.
Apesar do cansaço, estava mais feliz do que antes. Alguns dias longe do seu “caos mais bonito” realmente lhe fizeram bem. Mas estava com saudade.
E como se lesse sua mente, ouviu a campainha tocar. Estava com um pressentimento, mas não sabia dizer se era bom ou ruim.
— Oi! Finalmente você decidiu me atender.
— Oi. Entra. — fechou a porta, passando a chave uma vez.
! Parece que eu não te vejo há meses. — o teve que se controlar para não achar fofo a sua expressão de mágoa.
— Ah, me desculpe por isso. Por sumir. — coçou os olhos. — Estava sentindo dores de cabeça e cansaço. Precisava de um tempo longe de tudo.
— Hum… — estreitou os olhos em sinal de desconfiança. — Você está melhor?
— Estou sim. — forçou um sorriso. — Eu só precisava de descanso mesmo.
— Bom, eu não posso te julgar. Você sabe que eu faço o mesmo. — e realmente fazia. Quando as coisas estavam muito sufocantes para a morena ela simplesmente sumia por poucos dias, mas o suficiente para se sentir bem de novo.
— Sim, eu sei. — riu soprado. — Obrigado pela compreensão.
— E… Você vai me ajudar com aquilo que eu pedi? — pendeu a cabeça para o lado, confuso. — Sobre .
— Ah… . — suspirou, arrependendo-se do que falaria a seguir. — Sim, eu ajudo você. Falo com ele hoje.
sorriu e bateu palmas de alegria, saindo de onde estava para abraçar o moreno.
— Você é demais, ! Bom, eu vim preparada. Trouxe algumas besteiras para comermos e vermos um filme juntos. Que tal? — sorriu do jeito mais fofo que conseguia.
E bem, nunca resistiria ao sorrisinho fofo dela e ela sabia disso.

...

— A ? Aquela da floricultura? Sua amiga ?
— Sim, hyung. A . Ela disse que te acha interessante e queria minha ajuda para que vocês saíssem juntos.
O silêncio se instalou na sala de . O rapper o encarava com um semblante confuso. Endireitou-se no lugar onde estava e encarou o fotógrafo.
— Mas, , você gosta dela.
— ...Quê?
— Não me faz essa cara não. Está na cara que você gosta dela. — riu baixo.
— Não gosto não.
— Gosta sim.
— Hyung, não gosto. A é minha melhor amiga e é só isso. Acho que você vê amor onde não tem. — apenas sabia como aquelas palavras eram falsas. — Ela é legal e bonita, você vai gostar de sair com ela.
— Não ‘tô confiante não. — cruzou os braços, pensativo com a ideia que lhe foi proposta.
— Eu acho que ela combina com você. — o moreno sempre mentiu bem. — Ela é fofa, carinhosa e você tem que concordar comigo que ela é muito bonita.
— Sim, a é realmente muito bonita. — tinha que concordar plenamente com isso.
— Então! Você é bonitão também, hyung. — piscou. — Vai por mim, vocês vão se dar bem.
continuava resistindo ao pressionamento do amigo. Olhava-o com desconfiança, sempre pensou que o moreno fosse apaixonado por e vê-lo “empurrando-a” para si não fazia sentido na mente do .
— Ok, eu vou. Mas eu não te garanto nada.
— Você vai gostar dela. Todo mundo acaba gostando um dia. — a última frase servia de lição para ele mesmo, pena que ele descobrira tão tarde.

...

A reação de , ao saber que o rapper havia topado a ideia do encontro deixou feliz. Ver o sorriso caloroso dela e a animação com o evento o contagiaram também e ele não conseguiu ficar triste com isso. Pelo menos não na frente dela.
E enfim, o grande dia havia chegado. pediu opinião sobre a roupa, o cabelo e maquiagem e o deixava cada vez mais ansioso. Mesmo que o encontro nem fosse seu!
Segundo o que havia dito, eles sairiam para um tipo de bar que tocava músicas antigas e tinha um ar super vintage.
Longe deles e seguro dentro das paredes de seu lar, tinha a companhia de várias garrafas de cerveja. Músicas melancólicas tocavam ao fundo, deixando-o mais ainda na famosa bad.
— Se apaixonar dói demais. — deu mais um gole na bebida. — E agora eu estou falando sozinho enquanto bebo e penso em como eles estão. Que merda.
Sentou-se no chão da sala com as costas apoiadas no sofá. Repousou o braço direito na perna enquanto a outra mão segurava a garrafa. O fotógrafo pensou em como o encontro estava se saindo.
Nunca soube de fato como tratava as garotas com quem saía, mas imaginava que o era extremamente carinhoso e amoroso com elas. Sua personalidade exalava isso. Imaginava se ele a chamaria para dançar - mesmo que o rapper não fosse muito disso - ou se pediria um milk-shake daqueles que o casal divide até o mesmo canudo! Imaginou a sobremesa terminando, a olhando fixamente e se aproximando de modo perigoso e ardiloso.
Imaginou também se ele lhe fizesse um carinho rápido no rosto e beijasse sua bochecha para no final, mirar em seus lábios levemente carnudos e rosados.
Seus pensamentos o assustaram demais e não foram nem um pouco saudáveis. Bebeu mais um pouco. Inclinou a cabeça para trás deixando-a cair pelo sofá. Estava triste e imaginar o encontro que eles estavam tendo não o ajudou em absolutamente nada. Do contrário, o deixou ainda mais paranoico. Deveria ter se declarado antes. Deveria ter se tocado antes de que gostava dela!
Agora estava perdendo-a para o seu melhor amigo.
E não tinha nada que podia fazer. Era tarde demais.

O dia seguinte trouxe desânimo e ressaca. não lembrava de muita coisa, mas acordou no sofá de sua sala com o aplicativo do celular ainda tocando sua playlist de “fossa” e a cabeça estourando de dor. Queria outro dia de folga, mas infelizmente, tinha horários agendados para aquele dia e não podia desmarcar com nenhum dos clientes.
Tomou remédios, colocou um óculos escuro e foi encarar a sociedade.
Era um pouco mais de meio dia quando decidiu dar uma pausa e sair para almoçar. Ao checar o celular estranhou ao não ter notícia nenhuma de ou até mesmo de , que deveriam lhe dizer como havia sido o encontro.
Sentou numa mesa externa de um restaurante que ficava há mais ou menos duas quadras de seu estúdio. O clima estava agradável na sua opinião e também precisava de um pouco de ar.
Antes que pudesse chamar o garçom, seu celular vibrou e pelo toque reconheceu ser uma mensagem.
Era chamando-o para vê-la na floricultura.
Ele deveria saber que era só questão de tempo para ela lhe chamar para contar de . Provavelmente só falaria do encontro e de como o havia sido um príncipe com ela e blá blá blá. Respondeu a mensagem e levantou-se da cadeira, preparando-se psicologicamente para os momentos que viriam.
A floricultura não ficava tão longe de onde estava. e trabalhavam basicamente perto um do outro, então ele apenas andava alguns minutos para chegar até lá.
Só a fachada rosa com detalhes dourados fez com que seu coração acelerasse. Da outra calçada podia ver entregando um vaso de alguma flor que o obviamente não saberia.
Não precisou tocar ou apertar alguma coisa. A porta de entrada do estabelecimento possuía um sininho que tocava assim que alguém passava por ela.
Sua respiração falhou por um segundo. Sua garganta estava seca e as mãos suavam frio. Era isso que a presença da morena fazia consigo.
. Você chegou. — a florista estava de costas quando ouviu o sino e abriu um sorriso simples ao vê-lo parado ali.
— Sim, vim o mais rápido que pude. Você queria conversar?
— Ahm, queria sim. Um momento. — virou a placa da vitrine que indicava se estava aberto ou fechado.
— Está tudo bem? — o fotógrafo acompanhava suas ações um pouco confusas. Depois de fechar a floricultura, observou que a morena pegou uma rosa branca e parou na sua frente, estendendo a flor. — ?
conversou comigo ontem. Ele me fez perceber as coisas que eu estava fazendo com você. E também me contou sobre seus sentimentos. — a fechou os olhos e respirou fundo. — Me desculpe por ter feito você sofrer, .
… — ele não sabia nem por onde começar. Não sabia se matava por contar sobre sua paixão ou se tentava processar tudo aquilo que estava acontecendo. fez um sinal de silêncio com o dedo, dando a entender que ainda não tinha terminado.
— A rosa branca tem dois significados. Ela pode significar perdão e pureza ao mesmo tempo. E é por isso que eu estou te dando-a. — deu mais alguns passos, encurtando a distância entre os dois corpos. — Pureza pois o que nós sentimos é assim. E perdão porque eu te machuquei.
não sabia o que dizer. Nem sequer sabia por onde começar. A rosa branca em sua mão mostrava claramente que não era um sonho ou mero devaneio seu. Aquilo era real. sabia de seus sentimentos e estava se desculpando por ter lhe machucado. Tentava assimilar algumas palavras para respondê-la, mas nada parecia suficiente para o momento.
Observou-a soltar uma risadinha baixa e se aproximar mais um pouco, fazendo suas respirações se misturarem com a ação.
— Você me perdoa? — as orbes acastanhadas olhavam tão intensamente que podia facilmente vacilar e revelar todos os seus segredos, naquele mesmo instante.
— É lógico que eu perdoo você.
sorriu, mirou os lábios do rapaz e juntou seus corpos, sentindo-o abraçar sua cintura e juntar suas bocas, iniciando um beijo calmo, mas tão intenso ao mesmo tempo.
A rosa branca ainda estava entre os dedos do e instantaneamente ambos fecharam seus olhos, sentindo as texturas novas das bocas um do outro. Os corações acelerados corriam juntos num ritmo que apenas eles eram capazes de descrever.
Não havia mais nada.
Não havia decepções, nem , nem remorso. Apenas dois corações que no meio de erros e alguns desvios, finalmente encontraram seus lugares.





FIM!



Nota da autora: Olá pessoal! Sou nova aqui e essa é a minha primeira ficstape. Não sei muito bem o que falar ou como me apresentar, mas eu espero que vocês gostem do que escrevi. E pra quem quiser me conhecer melhor, é só me seguir no twitter (clique no ícone). Boa leitura!




Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


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