Finalizada em: 07/12/2019

Capítulo Único

Tô bem longe de tudo que a gente fez
Mas se o orelhão tocar na Avenida Seis
Eu acho que eu vou ligar de volta
E eu acho que cê vai querer minha volta


Ele estava apaixonado, disso tinha certeza.
estava sentado na porta da farmácia em que trabalhava na sua cidadezinha. Olhava para a rua de paralelepípedo a sua frente, mas a mente longe, bem longe. Pensava bobamente na primeira vez em que conheceu a mulher da sua vida. Era capaz de se recordar de cada detalhe daquela noite no forró, a sensação que o dominou quando colocou os olhos na mulher que parecia uma deusa de tão bela. Tinha visto muitas mulheres durante toda sua vida, se relacionado com alguma delas, mas ela era diferente. Quando os seus amigos perceberam o seu interesse, riram da cara de mané dele e disseram que não tinha chance. Sendo ou não desafiado, ele iria até ela de qualquer forma, jamais deixaria que escapasse e no final das contas, parecia que ele estava preso feito um peixe em sua rede.
Fazia semanas desde a última vez que se viram, o dia em que ela partiria para a próxima cidade. trabalhava com a venda de maquinários para fazendas e costumava viver na estrada. Aqueles olhos castanhos transmitiam muita inteligência, experiência e algo mais que não tinha sido capaz de identificar. Todos os dias se perguntava quando ela estaria de volta.

Já que a casa é tão vazia
E a cama é tão fria
Como cê me disse por mensagem
Na madrugada daquele dia


Soltou um suspiro desanimado e tateou os bolsos da bermuda jeans, encontrando-os vazios. Tentou se conformar que havia sido melhor assim, já que as chances de mandar mil mensagens para a mulher e não ser respondido eram enormes. O seu coração se acelerou enquanto ouvia o orelhão tocar. Ele levantou num pulo, transbordando nervosismo e ansiedade.
Foi capaz de apenas dizer um “alô”, pois a voz familiar lhe tirou o ar dos pulmões e fez seu coração bater mil vezes mais rápido.
- . - Chamou-o, caindo a chamada em seguida.
Colocou o fone do orelhão no lugar e entrou na farmácia feito um furacão.
- Quer me matar do coração, menino? - Perguntou Rondinei, o patrão, que arrumava alguns pacotes de fraldas na prateleira. Encarou o rapaz com uma expressão irritada.
- Desculpa, senhor! Será que poderia ir em casa buscar meu celular? É que minha mãe pode tentar falar comigo e ficar preocupada por não atender. - Inventou, mesmo sabendo que sua mãe realmente costumava ligar todos os dias.
O chefe encarou-o com uma sobrancelha grisalha erguida e um sorriso zombeteiro no rosto. Analisou o rapaz em silêncio por vários instantes apenas para deixá-lo mais agoniado, pois sabia muito bem qual era o motivo da pressa.
- Juízo, meu rapaz! A mulher vai fugir de você, caso apareça com essa cara de desespero. - Aconselhou soltando uma risadinha e voltou a espanar as fraldas que havia arrumado na prateleira.
- Obrigado! Não demoro! - Falou agitado enquanto corria para fora, o longo cabelo castanho ao vento. Pulou na bicicleta e pedalou avidamente até sua pequena casa que ficava algumas ruas do trabalho.

E já faz mais de uma semana, talvez mais de três
Desde que eu passei no seu hotel da última vez
Cê me falou que ia para a cidade que tem nome de mês
Eu falei: Só não vou junto senão nós dois vira três


Pegou o celular que ficou no sofá e verificou várias chamadas perdidas. Sua respiração ofegante pela pedalada aliada ao desespero em encontrar . Clicou no número, retornando a ligação enquanto entrava em seu quarto e se jogava na cama.
- Deixa eu adivinhar… - Falou num tom brincalhão. - Esqueceu o celular em casa!
Ele mordeu o lábio inferior ao imaginar a mulher andando pelo quarto enquanto encarava o chão. Sabia disso perfeitamente, pois sabia que era mania de . Todas as ligações que recebia costumava agir da mesma forma e quando ficava estressada pela conversa, costumava erguer o rosto em direção ao teto e fechar os olhos respirando fundo mil vezes sem desgrudar da ligação. Dizia que nesses momentos estava pedindo paciência aos céus, já que não era fácil lidar com seu paitrão . O pouco que contou sobre sua vida, sabia que morava no Rio de Janeiro e que a empresa que trabalhava seria dela um dia quando seu pai resolvesse se aposentar. Não gostava de tê-lo como patrão, mas não se sentia preparada para assumir as rédeas do empreendimento.
- Quando não esqueço? - Admitiu, rindo.
- Estou de volta! - Anunciou animada. - Lá em… Em… - tentou lembrar de algo que ele não entendeu, bufou irritada e continuou: - Aquela cidade com nome de mês que te falei!
- Não lembro o nome. - Riu em resposta ao som de descontentamento da mulher.
- Enfim, não importa! Foi um tédio total sem você e principalmente, a cama! Nossa, que lugar para fazer frio. Faltou seu corpinho quente para esquentar a minha cama. - Soltou naturalmente, parecendo nem notar que as palavras ditas tinham causando mil reações em vários lugares do corpo do rapaz.
- Avisei que poderia me levar na mala. - Brincou num tom malicioso.
- Vou pensar melhor na próxima vez.
O coração de bateu ainda mais forte.
- Posso contar que essa noite não sentirei frio? - Perguntou num tom malicioso, mas riu achando graça em seguida.
- Com certeza. Mesmo quarto de sempre?
- Sim.
- Beleza, então!
Encerraram a ligação e ele soltou o telefone na barriga. Os olhos fechados, os braços abertos feito o Cristo Redentor. Uma expressão de pura felicidade em seu rosto que seria capaz de fazer chover dinheiro, doces, hambúrgueres do céu. Ainda não tinha se sentido no paraíso, mas acreditava que pela primeira vez, havia o encontrado.

Mulher, cê gosta quando o corpo fica em brasa
Eu gosto quando a hora de vazar atrasa
Eu quero você, em cima da cama
Mesmo que pra te ver demore mais de uma semana


Ajeitou sua camisa, passou os dedos pelos fios castanhos de seu cabelo e cheirou suas axilas. Sentia-se perfeito para encontrá-la enquanto estava em pé na porta fechada do quarto de hotel. Quando ia bater à porta, abriu repentinamente e puxou-o pela camisa para dentro do quarto. Ele teve que se apoiar nela para não se desequilibrar e uniram os lábios num beijo caloroso. Beijaram-se profundamente por um minuto inteiro, as mãos da mulher passeando por baixo de sua camisa enquanto as dele, descansavam em sua nuca.
- Oi. - Falou ele num sussurro enquanto a testa descansava na dela.
Ela riu.
- Conversamos depois.
Ele riu ansioso.
A mulher resolveu agir espertamente já que o rapaz ficou encarando-a com um olhar malicioso. Ela pegou a barra da camisa e tirou-a, despindo-o. Ele observava enquanto seu corpo se arrepiava com os beijos e mordidas que a mulher distribuía por seu pescoço e abdômen. Quando percebeu que a intenção dela ao se ajoelhar à sua frente, levantou-a pelos ombros delicadamente e negou com um gesto de cabeça, riu achando graça da expressão dela.
Grudou seus lábios novamente e alternou mordidinhas em sua orelha, pescoço e colo. Quando sua cabeça aproximou-se da altura do peito da mulher, abriu o sutiã preto de renda e descartou-o, sem exitar. Os polegares foram em direção aos mamilos que estavam rígidos e pediam por sua atenção. Acariciou-os com movimentos circulares enquanto sentia as mãos da mulher puxarem seus cabelos e olhou-a. estava de olhos fechados, a boca levemente aberta enquanto ofegava em prazer e a cabeça caída para trás.
Aquela cena deixou-o excitado fazendo com que desejasse provar cada centímetro do corpo da mulher e fizesse com que chegasse ao ápice do prazer. Substituiu os dedos por sua boca e começou a chupá-los, a língua fazendo movimentos ágeis e circulares. Ouvia cada vez mais a respiração acelerada da mulher que respondia com os puxões em sua cabeça.
Abandonou seus deliciosos seios e desceu os beijos por sua barriga, até que parou na barra da sua calcinha de renda preta. Ajoelhou-se, levantando a cabeça e olhando-a, o seu olhar transmitindo as suas intenções e recebeu aprovação ao vê-la morder o lábio inferior avermelhado em aprovação.
Segurou a lateral da calcinha com ambas as mãos e rasgou-a. Espalhou beijos e mordidas pelas coxas, virilhas e até que repentinamente, abocanhou o clitóris da mulher fazendo com que soltasse um gemido de surpresa. Começou a chupá-lo, mordiscá-lo levemente e quando sentiu que ela estava com as pernas bambas, segurou-a com ambas as mãos pela cintura.
Sua língua molhada brincava e saboreava cada centímetro do ponto de prazer da mulher, os gemidos que recebia em resposta deixavam-no ainda mais desesperado para estar dentro dela. Continuou acariciando-a com sua língua e dedos, sentindo-a cada vez mais molhada. Colocou uma das pernas da mulher em seu ombro e segurou-a pelas nádegas, forte e firme enquanto aumentava a intensidade do movimento de sua língua.
soltou um gemido alto de prazer e seu corpo tremeu com as sensações do orgasmo que havia lhe causado enquanto segurava firmemente no topo de sua cabeça. Desesperado por mais, abandonou sua posição e colocou-a deitada na cama, arrancou sua calça jeans e sapatos.
A mulher estava deitada na cama de barriga para cima com uma expressão de puro alívio enquanto ofegava. mordeu o lábio inferior e colocou a mão em sua ereção, mexendo nela por alguns instantes e depois, seguiu até a cama.nAproximou o seu rosto ao da mulher que abriu os olhos em seguida, beijando-a. Sentia o calor do corpo nu dela embaixo do seu, fazendo com que causasse arrepios em sua pele. Afastou sua boca, interrompendo o beijo e recebendo um gemido frustrado em resposta. Ele sorriu achando graça e voltou a beijar seu colo, arrepiando-a. Abocanhou seu mamilo novamente, fazendo movimentos circulares com sua língua e alternando entre eles. voltou a gemer novamente e ele desceu sua boca até o ponto de prazer novamente, chupando-o novamente.
A sua ereção estava incomodando-o, dolorida por tamanha excitação. Levantou a cabeça e estendeu o braço em direção ao criado-mudo, pegando um dos preservativos que haviam sido deixados ali. Abriu-o com os dentes e colocou na sua ereção, tomando cuidado para não acumular ar.
A mulher observava tudo atentamente com uma expressão maliciosa. Sentou-se na cama e em seguida, ficou de joelhos na cama e apoiou ambas as mãos no colchão. mordeu o lábio inferior e deixou um tapinha de leve em uma de suas nádegas. Ela gemeu em resposta. Posicionou-se atrás da mulher, colocou seu membro na entrada que estava encharcada e penetrou-a de uma só vez, ambos gemeram em prazer. Começou a fazer movimentos de entrar e sair sem parar, fazendo com que sua virilha encostasse e afastasse das nádegas da mulher. Podia se ouvir no quarto os gemidos de prazer e o som da atividade que estavam fazendo. Ambos fecharam os olhos e curtiam o momento compartilhado. A cada estocada profunda, alternada por reboladas sentia-se mais próximo do alívio. Foi aumentando o ritmo até que começou a sentir o desejo de algo que estava longe, mas que parecia estar cada vez mais próximo em cada momento que estocava fundo na mulher. Aumentou o ritmo, sendo necessário segurar firme no quadril de e estocou diversas vezes. Quando sentiu que estava próximo do prazer, levou uma de suas mãos até o clitóris da mulher e acariciou-o até que sentisse a vagina apertar o seu membro. gemeu alto e o seu corpo inteiro tremeu, o membro dele apertou internamente e ele se sentiu ainda mais excitado ao vê-la chegar ao prazer pela segunda vez.
Estocou duas vezes mais e parou, finalmente gozando. A mulher jogou-se de frente no colchão e respirava ofegante. secou o suor da testa, a respiração pesada, arrancou a camisinha e deu um nó, jogando no chão.
Caiu ofegante na cama ao lado da mulher, encarando o teto por alguns segundos. Quando percebeu que a respiração de ambos se normalizou, virou-se de lado e viu que a mulher fazia o mesmo. Ficaram se encarando por longos minutos em silêncio. Observou o rosto sereno da mulher, as sobrancelhas escuras e bem delineadas, os olhos castanhos que pareciam felizes e os lábios avermelhados pelos ávidos beijos que deram naquela noite.
Olhavam-se calmamente sem qualquer necessidade de quebrar o silêncio confortável.
Foi aquele momento confortável, a saudade que sentiu todas aquelas semanas, o sexo maravilhoso que fizeram todas as vezes, as conversas que enchiam o seu peito de alegria, a presença da mulher e o seu perfume que parecia um elixir dos deuses que pode ter sido o motivo de ter criado coragem em expressar seus sentimentos pela mulher.
- Estou apaixonado, . - Confessou num sussurro e arregalou os olhos em seguida ao ter noção da profundidade de suas palavras, mas a expressão serena da mulher pareceu lhe dar ainda mais confiança para continuar abrindo o seu coração.
Aproximou uma de suas mãos até a pele macia da bochecha e acariciou-a com seu polegar, ela fechou os olhos e a expressão de satisfação dominou-a.
- Posso abandonar a minha vida aqui e te seguir para qualquer lugar. Ou… Ou sigo você até a China! Ou você pode largar tudo e ficar aqui comigo! - Soltou num tom que aos poucos revelou o desespero em externar os milhares de pensamentos que rondavam sua mente durante a ausência da mulher.
Ela permaneceu em silêncio, os olhos ainda fechados, mas o lábio inferior entre os dentes até que seu corpo desnudo começou a tremer e finalmente, uma risada escapou.
surpreendeu-se com a reação da mulher numa mistura de surpresa e tristeza. Nunca passou pela sua cabeça que o momento de sua confissão iria causar uma reação dessas, esperava que ela aceitasse ou caísse em lágrimas, dizendo que não seria possível por conta da vida que tem preparada para si. Tudo, qualquer coisa menos, uma risada.
Quando percebe que feriu os sentimentos do rapaz, sentou-se na cama, cobrindo o corpo com o lençol e encarou-o, séria.
- O que temos - apontou com o indicador fazendo um gesto entre seus corpos e continuou: - é bom! O sexo é glorioso e só! - falou séria. Sua expressão se tornou doce e segurou uma das mãos do homem.
- E o que compartilhamos? - Perguntou num tom magoado.
achou fofa a expressão do rapaz e sorriu de lado, soltando um suspiro ao constatar que se envolver com alguém mais jovem não tinha sido uma boa escolha.
- Você é um rapaz maravilhoso, ! Só que eu não sou capaz de retribuir os seus sentimentos e levo uma vida que não quero abrir mão ainda. Viajo muito, não durmo na mesma cama mais do que um mês e meu pai me paga bem de mais para largar tudo. Estou feliz e satisfeita com a minha companhia. - Explicou num tom calmo dando de ombros no final.
Ele permaneceu sem dizer uma única palavra em resposta. A expressão magoada enquanto mil pensamentos rodeavam sua mente. Tentou evitar, mas o seu olhar se voltou para o belo rosto da mulher e viu que apenas estava sendo sincera. Ele havia se iludido, a culpa não era dela.

Então me diz pra onde foi o amor
Talvez a gente devesse mudar
O tempo que se foi já não volta mais
A gente não volta a se encontrar


sentou na cama, o lençol escorregando para a cintura. Soltou um suspiro conformado, mesmo que seu coração estivesse estilhaçado. Entregou seu coração fácil demais, sem ter certeza que a mulher retribuía. Poderia ter permanecido guardando para si e quem sabe, depois de um tempo pudesse amá-lo. Começou a sentir irritação por si mesmo e sua boca grande que não era capaz de se manter fechada o suficiente.
Sentiu o calor do corpo nu de grudar em suas costas e fechou os olhos, o rosto estampado em plena irritação. As unhas dela acariciava levemente seu bíceps e a cabeça morena descansava em sua nuca. Ficaram nessa posição por longos minutos até que ela tomou coragem e resolveu falar.
- Eu gosto do que temos. Sério! - Garantiu e continuou: - Podemos continuar sendo bons amigos, mas apenas isso. - Propôs sem se mover, a voz calma.
Ele soltou um suspiro de frustração e se moveu, fazendo com que a mulher se afastasse ainda sentada no colchão. Observou-o em expectativa, mas que tornou-se chateada ao perceber a decisão do rapaz.
- Não consigo ser assim. - Revela a sua decisão enquanto termina de vestir suas roupas.
- Tudo bem! - dá de ombros enquanto volta a se jogar nos travesseiros, os braços descansando atrás da cabeça e os olhos encarando o teto.
O rapaz lança uma última olhada para a mulher que parece resignada e vira-se em direção a cama, aproxima o seu rosto do dela, assustando-a e cola seus lábios uma última vez. O calor dos lábios da mulher e a consciência de que estava nua em sua cama, os sentimentos que nutria por ela lhe causaram calor por todo corpo. Foi precisa muita força de vontade para se afastar e seguir até a porta, batendo-a atrás de si.
Deixou para trás o seu coração.





FIM.



Nota da autora: Sem nota.





Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


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