Capítulo Único
Vi os raios de Sol adentrarem o quarto pelas cortinas finas e pintar as paredes de um alaranjado aconchegante. Era o bom dia condizente com o dia que estava por vir.
O vestido estava preso num cabide ao lado da janela e alguns raios o iluminaram também, atravessando o tecido fino do véu. Sorri apenas por olhá-lo, porque hoje seria a única vez que o vestiria e me era suficiente. Tinha sanado todas as dúvidas que tinha com os francos sentimentos que afirmei ao assinar a certidão no dia anterior.
Afastei os lençóis, me levantando, sem sentir-me preguiçosa como de costume, e, logo, estava debaixo da água quente do chuveiro. Ao sair, apenas me enrolei num roupão felpudo para deixar o quarto, atravessando o corredor até o final dele, dando batidinhas gentis na porta, que estava entreaberta.
Assim como o meu, escapavam alguns raios solares pelas cortinas do cômodo, enaltecendo o amarelo clarinho das paredes.
— , bom dia, meu amor. — Sussurrei, deslizando a mão por suas costas como sabia que ela gostava, sentando na beirada da sua cama. Assisti-a se virar, preguiçosa, custando abrir os olhos.
— Bom dia, mãe!
— Como se sente?
— Bem. — Se limitou a dizer, respirando fundo, e analisei seu olhar por alguns instantes. O cilindro de oxigênio dormia ao seu lado porque fazia semanas que se tornara um auxílio imprescindível para que minha pequena conseguisse respirar sem demais dificuldades.
Ajustei o cateter nasal preso em suas ambas orelhas, diminuindo a pressão do ar, que aumentávamos quando ela ia dormir.
— O que acha de tomarmos café da manhã juntas e depois começarmos a nos arrumar? — Enlacei minha mão à sua, correspondendo ao carinho que seu polegar fazia nas costas da minha mão.
— Tudo bem. — Se limitou a falar mais uma vez. Meu coração logo se apertou, porque me recordava vividamente que os últimos dias não haviam sido nada fáceis para .
A garota, de apenas oito anos, enfrentava uma batalha contra a leucemia linfoide aguda, que descobrimos seis meses atrás e estava avançada de uma maneira que era quase irreversível. No entanto, ela era mais forte do que seu corpo mirrado aparentava, e isso fazia com que eu buscasse forças para ser tão forte quanto ela.
Quando tivemos o diagnóstico, fora um baque fora do normal, que destruiu todas as nossas estruturas, e os tratamentos começaram imediatamente, nos enchendo de esperança ao vê-la responder aos medicamentos.
As quimioterapias trouxeram as primeiras lágrimas da minha pequena, obrigando-me a ter uma conversa dolorosa sobre como seu copo reagiria. Até chegar à queda de cabelo, demorou para que ela se acostumasse.
Não conhecia o histórico da família paterna de e, por ter evoluído tão rápido, contávamos com a teoria de ser uma condição hereditária, apesar de não entendermos se isso era realmente possível.
— Vamos fazer assim: deixo você ficar aqui um pouco mais, na preguiça. — Sorri fraco, tentando encorajá-la a fazer o mesmo. — Enquanto preparo seu café da manhã, ok? — Pisquei, vendo-a apenas assentir com a cabeça, logo puxando um de seus bichinhos de pelúcia para abraçar. Beijei sua testa, me levantando para ajeitar as cortinas, deixando o cômodo mais escuro.
As panquecas eram de banana como ela gostava, mas a cobertura era de geleia de morango, como eu gostava, por mais esquisito que soasse.
Separei, em uma bandeja, os comprimidos matinais dela, ao lado do suco de laranja, que não trocava por absolutamente nada.
Subi as escadas de madeira, ouvindo os degraus rangerem mesmo com os passos cautelosos que me atentei.
Cama arrumada, cortinas abertas, roupa separada e a música alta vinda do banheiro eram os claros sinais de que estava tão pronta para este dia quanto eu, e essa era a melhor parte.
Nos últimos dias, pegara a mania de escrever cartinhas que nunca consegui ler, mas dormia com pelo menos uma embaixo do travesseiro todas as noites. Minha mãe desconfiava que eram cartas de despedida. sabia que seus dias começavam a se subtrair. E, em mais uma tentativa, levantei seus travesseiros e cobertas, sem as encontrar, mais uma vez.
Os comprimidos que ingeriu a ajudavam com as dores pelo corpo e a indisposição, transformando a mocinha num furacão que tagarelava duzentas novas ideias por minuto, numa cerimônia que, de grande, teria apenas a felicidade.
Sobre Thompson, o noivo, não havia muito o que dizer, a não ser salientar as qualidades do homem que se disponibilizara a dar as aulas de História para mesmo em casa, até o dia em que ela decidiu não as ter por falta de disposição. Ele também fora um dos pilares mais fortes em ajudar a mim e a nas semanas iniciais, tornando fácil a decisão de tê-lo pelo resto de nossas vidas a partir de hoje.
Os passos apressados no andar inferior denunciaram minha mãe e quão agitada chegava.
Antes que pudesse pedir ajuda para ela com a decoração minimalista do casamento, ela já tinha um fichário e uma pastinha no Pinterest com ideias e sugestões que sanavam minhas dúvidas, deixando-a responsável por tal.
A família do noivo, assim como a minha, não eram mais que três pessoas, contando com sua mãe, que o levaria até o altar, como manda a tradição.
— ! — As madeiras da escada cantaram mais alto pelos passos pesados dela, e o seu rosto sorridente despontou na porta do quarto da neta. — O que ainda está fazendo nesse roupão? Temos muito o que fazer. — Colocou as mãos na cintura, aguardando minha resposta.
— Estava ouvindo as sugestões da Super-, e não me olhe assim. Já estávamos indo nos arrumar, não é, babe? — Olhei de forma sugestiva para a garota sentada ao meu lado, que apenas concordou, rindo sapeca em seguida.
— Muito bem, mas precisamos ser mais rápidas. — Bateu palmas na intenção de nos apressar, o que funcionou de muito bom grado. Segundos depois, obedecíamos aos comandos da mais velha, que repetia aos quatro ventos que nada sairia do controle sob seu olhar.
levou sua caixinha de som para o meu quarto, onde toda a arrumação começaria, me presenteando com sua voz que cantava, ainda que baixinho, vez ou outra.
Tudo poderia estar calmo e organizado, porém, ao ouvir as repetidas ordens de minha mãe, nos apressávamos de um jeito que começávamos a ficar ansiosas. Eu só conseguia pensar que o motivo de optarmos por uma cerimônia pequena no começo da tarde era exatamente para nos poupar de tais correrias contra o relógio.
O maior trabalho fora conseguir um jeito de segurar os cachos feitos em meu cabelo, porque, em minutos, a maquiagem, que não exigira muito, estava pronta. não parava de se encarar no espelho e tirar inúmeras selfies para enaltecer a sombra clarinha e cor de rosa em seus olhos, com alguns pontos iluminados por glitter da mesma cor.
Apenas o fechar dos diversos pequenos botões nas costas do vestido me separavam da parte que estava ansiosa há meses. Diria que mal os vi passar, se não fosse das mais descaradas mentiras.
As últimas semanas foram quase eternas, e o momento finalmente chegou.
fez questão de posicionar e prender o meu véu, para enlaçarmos as mãos enquanto atravessávamos a sala e a cozinha, chegando à porta dupla que nos levava até o quintal.
As flores de tons claros estavam vívidas e sol forte deixava o céu aberto e azul, como o de uma pintura.
O perfume das flores era, deveras, o meu preferido de toda a vida, mas a minha visão preferida eram os olhos verdes dele, que me captaram assim que demos o primeiro passo na grama macia dos fundos da casa.
A caminhada não foi longa. No entanto, foi emocionante o suficiente para me deixar em lágrimas ao encontrá-lo frente a frente na presença do reverendo, que oficializava a cerimônia.
— Eu, Thompson, aceito você, , como minha legítima esposa. Para amá-la e respeitá-la, até o fim dos meus dias. — Ele proferiu, calmamente, dando longas respiradas entre algumas palavras. Fungou mais algumas vezes também, em sua desnecessária luta contra as lágrimas, que pouco durou, já que as minhas próprias escorriam sem impedimento algum.
— Eu, Lea Michaels, aceito você, Steve, como meu legítimo esposo. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até o fim dos meus dias.
As juras estavam feitas, e eu estava convicta de cumpri-las.
— E, pelo poder a mim referido, vos declaro marido e esposa. Pode beijá-la, meu jovem.
As palmas foram ouvidas na mesma intensidade dos gritos de comemoração de ambos os irmãos de .
A buquê era de , e isso era um fato incontestável.
Música, dança, uma boa comida caseira e todo o amor que poderíamos sentir estavam claros naquele quintal.
Não pedi e nunca quis um casamento de quinhentos convidados, alianças Tiffany’s e uma vestido Vera Wang. Meus tesouros raros ocupavam as cadeiras da mesa extensa ao lado de fora da casa e comemoravam conosco a nova fase que eu, e estávamos prontos para viver intensamente.
Era gostoso tê-los presentes fisicamente e era ainda melhor ter a certeza de que poderia contar com cada um, individualmente. Era a paz que eu sonhava em ter.
A tarde começava a cair e, com ela, a temperatura, que nos obrigou a mudar a comemoração para o interior da casa. estava sonolenta e, apesar de aparentar precisar, não era recomendado que desse a ela seus remédios antes do horário correto, por serem fortes demais.
Ajudei-a nas escadas, até que pudesse aconchegá-la entre suas cobertas quentinhas ainda com o vestido da festa, que não quis tirar de jeito nenhum. Eu a entendia. Estava mais linda do que nunca, e olha que eu me assegurava de dizer a ela o quão linda era todos os dias.
Ia me levantar assim que vi o vacilar das suas pálpebras para dormir, mas ela segurou minha mão, afagando por poucos segundos, até soltá-la para puxar algo escondido entre seus lençóis. Era um envelope cor de rosa como o glitter de sua maquiagem. Logo outros envelopes caíram no chão, e eu entendi por que minha filha me entregava aquele.
estava se despedindo.
— Me desculpe, mãe. Não queria que fosse hoje, mas é mais forte que eu.
Meu lábio inferior sofria entre os dentes, que o prendiam numa tentativa de segurar as lágrimas, como a mais nova fazia à minha frente.
— Não esqueça que eu amo você e a amei durante cada hora de todos os nossos dias.
Beijei a ponta de seu nariz, sentindo o toque quentinho de quando ela retribuiu o carinho.
O grande amor da minha vida estava me deixando.
E me deixou quando fechou os olhos para nunca mais voltar.
We're standin' hand in hand, losing our cursed minds
(Estamos de mãos dadas, perdendo nossas mentes malditas)
O vestido estava preso num cabide ao lado da janela e alguns raios o iluminaram também, atravessando o tecido fino do véu. Sorri apenas por olhá-lo, porque hoje seria a única vez que o vestiria e me era suficiente. Tinha sanado todas as dúvidas que tinha com os francos sentimentos que afirmei ao assinar a certidão no dia anterior.
Afastei os lençóis, me levantando, sem sentir-me preguiçosa como de costume, e, logo, estava debaixo da água quente do chuveiro. Ao sair, apenas me enrolei num roupão felpudo para deixar o quarto, atravessando o corredor até o final dele, dando batidinhas gentis na porta, que estava entreaberta.
Assim como o meu, escapavam alguns raios solares pelas cortinas do cômodo, enaltecendo o amarelo clarinho das paredes.
— , bom dia, meu amor. — Sussurrei, deslizando a mão por suas costas como sabia que ela gostava, sentando na beirada da sua cama. Assisti-a se virar, preguiçosa, custando abrir os olhos.
— Bom dia, mãe!
— Como se sente?
— Bem. — Se limitou a dizer, respirando fundo, e analisei seu olhar por alguns instantes. O cilindro de oxigênio dormia ao seu lado porque fazia semanas que se tornara um auxílio imprescindível para que minha pequena conseguisse respirar sem demais dificuldades.
Ajustei o cateter nasal preso em suas ambas orelhas, diminuindo a pressão do ar, que aumentávamos quando ela ia dormir.
— O que acha de tomarmos café da manhã juntas e depois começarmos a nos arrumar? — Enlacei minha mão à sua, correspondendo ao carinho que seu polegar fazia nas costas da minha mão.
— Tudo bem. — Se limitou a falar mais uma vez. Meu coração logo se apertou, porque me recordava vividamente que os últimos dias não haviam sido nada fáceis para .
A garota, de apenas oito anos, enfrentava uma batalha contra a leucemia linfoide aguda, que descobrimos seis meses atrás e estava avançada de uma maneira que era quase irreversível. No entanto, ela era mais forte do que seu corpo mirrado aparentava, e isso fazia com que eu buscasse forças para ser tão forte quanto ela.
Quando tivemos o diagnóstico, fora um baque fora do normal, que destruiu todas as nossas estruturas, e os tratamentos começaram imediatamente, nos enchendo de esperança ao vê-la responder aos medicamentos.
As quimioterapias trouxeram as primeiras lágrimas da minha pequena, obrigando-me a ter uma conversa dolorosa sobre como seu copo reagiria. Até chegar à queda de cabelo, demorou para que ela se acostumasse.
Não conhecia o histórico da família paterna de e, por ter evoluído tão rápido, contávamos com a teoria de ser uma condição hereditária, apesar de não entendermos se isso era realmente possível.
— Vamos fazer assim: deixo você ficar aqui um pouco mais, na preguiça. — Sorri fraco, tentando encorajá-la a fazer o mesmo. — Enquanto preparo seu café da manhã, ok? — Pisquei, vendo-a apenas assentir com a cabeça, logo puxando um de seus bichinhos de pelúcia para abraçar. Beijei sua testa, me levantando para ajeitar as cortinas, deixando o cômodo mais escuro.
As panquecas eram de banana como ela gostava, mas a cobertura era de geleia de morango, como eu gostava, por mais esquisito que soasse.
Separei, em uma bandeja, os comprimidos matinais dela, ao lado do suco de laranja, que não trocava por absolutamente nada.
Subi as escadas de madeira, ouvindo os degraus rangerem mesmo com os passos cautelosos que me atentei.
Cama arrumada, cortinas abertas, roupa separada e a música alta vinda do banheiro eram os claros sinais de que estava tão pronta para este dia quanto eu, e essa era a melhor parte.
Nos últimos dias, pegara a mania de escrever cartinhas que nunca consegui ler, mas dormia com pelo menos uma embaixo do travesseiro todas as noites. Minha mãe desconfiava que eram cartas de despedida. sabia que seus dias começavam a se subtrair. E, em mais uma tentativa, levantei seus travesseiros e cobertas, sem as encontrar, mais uma vez.
Os comprimidos que ingeriu a ajudavam com as dores pelo corpo e a indisposição, transformando a mocinha num furacão que tagarelava duzentas novas ideias por minuto, numa cerimônia que, de grande, teria apenas a felicidade.
Sobre Thompson, o noivo, não havia muito o que dizer, a não ser salientar as qualidades do homem que se disponibilizara a dar as aulas de História para mesmo em casa, até o dia em que ela decidiu não as ter por falta de disposição. Ele também fora um dos pilares mais fortes em ajudar a mim e a nas semanas iniciais, tornando fácil a decisão de tê-lo pelo resto de nossas vidas a partir de hoje.
Os passos apressados no andar inferior denunciaram minha mãe e quão agitada chegava.
Antes que pudesse pedir ajuda para ela com a decoração minimalista do casamento, ela já tinha um fichário e uma pastinha no Pinterest com ideias e sugestões que sanavam minhas dúvidas, deixando-a responsável por tal.
A família do noivo, assim como a minha, não eram mais que três pessoas, contando com sua mãe, que o levaria até o altar, como manda a tradição.
— ! — As madeiras da escada cantaram mais alto pelos passos pesados dela, e o seu rosto sorridente despontou na porta do quarto da neta. — O que ainda está fazendo nesse roupão? Temos muito o que fazer. — Colocou as mãos na cintura, aguardando minha resposta.
— Estava ouvindo as sugestões da Super-, e não me olhe assim. Já estávamos indo nos arrumar, não é, babe? — Olhei de forma sugestiva para a garota sentada ao meu lado, que apenas concordou, rindo sapeca em seguida.
— Muito bem, mas precisamos ser mais rápidas. — Bateu palmas na intenção de nos apressar, o que funcionou de muito bom grado. Segundos depois, obedecíamos aos comandos da mais velha, que repetia aos quatro ventos que nada sairia do controle sob seu olhar.
levou sua caixinha de som para o meu quarto, onde toda a arrumação começaria, me presenteando com sua voz que cantava, ainda que baixinho, vez ou outra.
Tudo poderia estar calmo e organizado, porém, ao ouvir as repetidas ordens de minha mãe, nos apressávamos de um jeito que começávamos a ficar ansiosas. Eu só conseguia pensar que o motivo de optarmos por uma cerimônia pequena no começo da tarde era exatamente para nos poupar de tais correrias contra o relógio.
O maior trabalho fora conseguir um jeito de segurar os cachos feitos em meu cabelo, porque, em minutos, a maquiagem, que não exigira muito, estava pronta. não parava de se encarar no espelho e tirar inúmeras selfies para enaltecer a sombra clarinha e cor de rosa em seus olhos, com alguns pontos iluminados por glitter da mesma cor.
Apenas o fechar dos diversos pequenos botões nas costas do vestido me separavam da parte que estava ansiosa há meses. Diria que mal os vi passar, se não fosse das mais descaradas mentiras.
As últimas semanas foram quase eternas, e o momento finalmente chegou.
fez questão de posicionar e prender o meu véu, para enlaçarmos as mãos enquanto atravessávamos a sala e a cozinha, chegando à porta dupla que nos levava até o quintal.
As flores de tons claros estavam vívidas e sol forte deixava o céu aberto e azul, como o de uma pintura.
O perfume das flores era, deveras, o meu preferido de toda a vida, mas a minha visão preferida eram os olhos verdes dele, que me captaram assim que demos o primeiro passo na grama macia dos fundos da casa.
A caminhada não foi longa. No entanto, foi emocionante o suficiente para me deixar em lágrimas ao encontrá-lo frente a frente na presença do reverendo, que oficializava a cerimônia.
— Eu, Thompson, aceito você, , como minha legítima esposa. Para amá-la e respeitá-la, até o fim dos meus dias. — Ele proferiu, calmamente, dando longas respiradas entre algumas palavras. Fungou mais algumas vezes também, em sua desnecessária luta contra as lágrimas, que pouco durou, já que as minhas próprias escorriam sem impedimento algum.
— Eu, Lea Michaels, aceito você, Steve, como meu legítimo esposo. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até o fim dos meus dias.
As juras estavam feitas, e eu estava convicta de cumpri-las.
— E, pelo poder a mim referido, vos declaro marido e esposa. Pode beijá-la, meu jovem.
As palmas foram ouvidas na mesma intensidade dos gritos de comemoração de ambos os irmãos de .
A buquê era de , e isso era um fato incontestável.
Música, dança, uma boa comida caseira e todo o amor que poderíamos sentir estavam claros naquele quintal.
Não pedi e nunca quis um casamento de quinhentos convidados, alianças Tiffany’s e uma vestido Vera Wang. Meus tesouros raros ocupavam as cadeiras da mesa extensa ao lado de fora da casa e comemoravam conosco a nova fase que eu, e estávamos prontos para viver intensamente.
Era gostoso tê-los presentes fisicamente e era ainda melhor ter a certeza de que poderia contar com cada um, individualmente. Era a paz que eu sonhava em ter.
A tarde começava a cair e, com ela, a temperatura, que nos obrigou a mudar a comemoração para o interior da casa. estava sonolenta e, apesar de aparentar precisar, não era recomendado que desse a ela seus remédios antes do horário correto, por serem fortes demais.
Ajudei-a nas escadas, até que pudesse aconchegá-la entre suas cobertas quentinhas ainda com o vestido da festa, que não quis tirar de jeito nenhum. Eu a entendia. Estava mais linda do que nunca, e olha que eu me assegurava de dizer a ela o quão linda era todos os dias.
Ia me levantar assim que vi o vacilar das suas pálpebras para dormir, mas ela segurou minha mão, afagando por poucos segundos, até soltá-la para puxar algo escondido entre seus lençóis. Era um envelope cor de rosa como o glitter de sua maquiagem. Logo outros envelopes caíram no chão, e eu entendi por que minha filha me entregava aquele.
estava se despedindo.
— Me desculpe, mãe. Não queria que fosse hoje, mas é mais forte que eu.
Meu lábio inferior sofria entre os dentes, que o prendiam numa tentativa de segurar as lágrimas, como a mais nova fazia à minha frente.
— Não esqueça que eu amo você e a amei durante cada hora de todos os nossos dias.
Beijei a ponta de seu nariz, sentindo o toque quentinho de quando ela retribuiu o carinho.
O grande amor da minha vida estava me deixando.
E me deixou quando fechou os olhos para nunca mais voltar.
(Estamos de mãos dadas, perdendo nossas mentes malditas)
Fim
Nota da autora: Hello, hello! ;D Vocês estão bem? Espero que sim, porque eu estou ótima após o drama que fazia um tempo que não o escrevia. É drama que vocês querem?!
Espero que, apesar de curtinho, gostem como eu gostei. ♥
E lembrem-se: se um amor se vai, é porque há outro tão importante quanto este lhe esperando.
XOXO
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Espero que, apesar de curtinho, gostem como eu gostei. ♥
E lembrem-se: se um amor se vai, é porque há outro tão importante quanto este lhe esperando.
XOXO