Boys Over Flowers...
“너를볼수록기분이좋아져
Quanto mais te vejo, mais fico feliz
나도몰래노래를불러
Às vezes até me pego cantarolando
한송이장미를사고싶어진
Repentinamente quero comprar uma rosa
이런내모습신기한데
Este lado de mim nem mesmo eu conhecia”
Tudo começou quando ela se mudou para o apartamento do andar de cima, no que deveria ser uma cobertura, mas por problemas de mal planejamento não foi feito. Aquela noona era interessante e muito bonita, sentia meu coração acelerar toda vez que ela passava por mim nos degraus da escada. Sua aparência jovial escondia seus vinte e três anos, algo que me deixou espantado ao descobrir por acaso, quando ela estava recebendo uma encomenda internacional e o entregador perguntou.
Saber aquilo havia me deixado triste, como um garoto de dezesseis anos como eu conquistaria uma noona tão linda como ela?! Certamente jamais teria uma chance, não só pela minha pouca idade, mas também minha falta de responsabilidade e certamente ela já teria um namorado. Decepcionante a realidade, porém sempre que a via chegar da janela do meu quarto, não conseguia desviar meu olhar, até desaparecer do meu campo de visão.
— Yah, você está aí sonhando com a noona novamente. — brincou Suho jogando o travesseiro em mim, enquanto ria.
— Yah! — gritei pegando o travesseiro e jogando nele de volta — Não estou fazendo nada.
— Ata. — ele se levantou da cama e veio até mim, olhando pela janela viu exatamente o assunto do momento — Você está mesmo encantado por essa noona.
— Sinto que meu coração vai explodir toda vez que vejo ela. — coloque a mão na altura do coração — Chega até doer.
— Nossa, que medo de ficar assim um dia. — ele me olhou com uma cara estranha.
— É triste saber que nunca terei chances. — deprimente eu diria.
Suho continuou fazendo algumas piadinhas, enquanto eu mantinha meu olhar na noona que estava retirando algumas sacolas do seu carro. Estavam circulando boatos que ela havia alugado o espaço do terraço, para montar uma floricultura, o que gerou algumas reclamações por aquele ser um prédio residencial, mas depois de algumas declarações do síndico assegurando que não trairia problemas a nenhum morador, tudo ficou mais calmo.
— Ah… Você está entediante hoje. — disse Suho pegando sua mochila e indo em direção a porta — Eu vou embora.
— Kojo. — mantive meu olhar para a janela.
— Aish, hyung ingrato, eu venho aqui te animar e você só fica na janela olhando para o nada, ou melhor, para a noona.
— Não estou com vontade de fazer nada hoje. — me afastei da janela — Agradeço por querer me ajudar, mas acho melhor ir mesmo, não quero estragar seu feriado.
Ele suspirou fraco e ajeitando a mochila nas costas saiu do meu quarto, Suho certamente iria se divertir melhor sem mim, aposto que iria em alguma loja de jogos. Me espreguicei e jogando meu corpo na capa, do jeito de caí deitado, assim fiquei até que levemente o sono foi chegando, já tinha passado a noite em claro jogando League of Legends, em algum momento daquele dia iria sentir sono.
Acordei assustado com o barulho do meu celular tocando, era uma mensagem de Suho no kakaotalk dizendo que tinha encontrado outros alunos na loja de games e eles estavam lá ainda, fazendo um minicampeonato de Warcraft. Era interessante a ideia de poder jogar mais um pouco para aproveitar o resto do meu feriado, me espreguicei ao levantar da cama e guardando o celular no bolso, peguei as chaves de casa e saí.
Eu teria que passar em algum lugar para comer primeiro, já que só tinha almoçado naquele dia, porém algo fez meus planos mudarem totalmente o percurso. Ao sair do prédio, avistei a noona em frente ao porta-malas do seu carro que estava aberto, ela parecia estar com alguma dificuldade para retirar algo de dentro. Comecei a pensar se aquilo era pura coincidência ou o destino que queria me dar a chance que tanto pelo.
— Deus me ajude. — sussurrei quase em uma oração.
Me aproximei dela que estava distraída, o objeto que tanto tentava retirar do carro eram alguns sacos de adubo que pareciam ser mesmo pesados.
— Annyeonghaseyo, posso ajudar? Parece pesado. — me ofereci naturalmente.
— Oh, graças a Deus, alguém apareceu. — disse ela ao desviar sua atenção para mim, parecia ofegante de cansaço — Obrigada por oferecer ajuda, preciso muito.
— O que eu devo fazer?! — perguntei não conseguindo desviar meu olhar dela.
— Preciso levar estas coisas lá para o terraço, porém estes sacos de adubo estão muito pesados, e minha mão está machucada. — explicou ela ao levantar sua mão direita enfaixada — Você poderia levar eles?
— Claro. — olhei de relance para sua mão, que estava normal no dia anterior.
— AH, muito obrigada. — ela se curvou um pouco — Estava quase indo chamar o senhor Han.
Senhor Han era o nosso prestativo síndico, havia se casado a pouco tempo com uma mulher bem mais jovem que ele, o que gerou muitas fofocas no prédio, mas felizmente todos continuaram respeitando ele e sua nova esposa. Assenti com a face e me voltei para o carro, enquanto ela pegou algumas sacolas, eu retirei três sacos de adubo de uma vez e coloquei sobre o ombro. Minha sorte inicial, eu não era sedentário e mesmo sendo um nerd da tecnologia, fazia parte por implicância de Suho, fazia parte do time de vôlei da escola.
Juntos levamos todas as coisas para o terraço, fizemos o mesmo processo por três vezes, na última assim que chegamos terraço e deixei os sacos empilhado no canto, me virei para ir embora.
— Espera. — disse ela.
— Precisa de mais alguma coisa? — perguntei me virando para ela.
— Só queria agradecer mais uma vez. — ela sorriu com doçura, me fazendo paralisar — Qual o seu nome mesmo?
— . — respondi tentando não gaguejar.
— Prazer. — ela esticou sua mão em cumprimento — .
Quando eu ia apertar, ela encolheu a mão e se curvou rindo.
— Me desculpe, às vezes me esqueço que vocês se curvam em cumprimento. — ela riu mais um pouco, me fazendo rir também.
— Não tem problema. — me curvei também — Você não tem traços coreanos, seus pais são de onde?
— Bem, minha mãe é coreana, mas meu pai é brasileiro e acabei herdando mais características dele, além disso nasci no Brasil, o clima tropical também ajuda. — ela continuou com um singelo sorriso no rosto e desviou o olhar para os sacos de adubo — Me sinto aliviada agora, finalmente tudo que preciso está aqui e graças a você, mais uma vez obrigada.
— Eu que agradeço em poder ajudar. — de repente um leve barulho vindo de minha barriga surgiu, foi constrangedor — Ops.
— Ah, está com fome? Devo ter atrapalhado seus planos, não é?
— Oh não, eu realmente gostei muito de te ajudar. — assegurei com precisão.
— Hum… Que tal eu te convidar para comer? Preciso te agradecer de alguma forma.
— Bem, eu acho que vou aceitar, estou mesmo com fome. — aceitei o convite.
— Ok, vem comigo. — ela se dirigiu para a parte coberta do terraço em direção as escadas.
A segui em silêncio, tudo aquilo que estava acontecendo era muito bom, não queria estragar com nenhum comentário de colegial.
— Você é muito calado. — comentou ela ao abrir a porta do seu apartamento.
— Ah, acho que a fome está me deixando fraco. — brinquei.
— Legal. — ela riu um pouco indo em direção a cozinha.
Achei interessante o apartamento dela não ser como o meu do andar de baixo, já tinha ouvido falar que os apartamentos da cobertura não tinham tantas divisões em paredes, o dela era assim com todos os ambientes interligados, até mesmo a parte do quarto eu conseguia ver. Sua cama estava forrada com uma colcha de retalhos de tecidos xadrez, achei interessante, ela não tinha guarda-roupa, suas roupas ficavam penduradas em uma arara suspensa pelo teto. Olhando superficialmente seu apartamento era todos decoração com coisas artesanais, o que me deixava ainda mais curioso para saber como era seu lado criativo.
— Hum, que tal um sanduíche. — ela vasculhou a geladeira e retirou algumas coisas de dentro — Acredita que depois de um mês aqui, descobri que é mais barato comer fora de casa?!
Ela fechou a geladeira e me olhou, tinha traços de indignação em sua face.
— Isso é uma realidade comum para nós. — comentei rindo baixo.
— Em comparação com o Brasil, que é super caro comer fora todo dia. — ela se voltou para a bancada e começou a montar os sanduíches — Não sei o que é pior, já que eu gosto muito de cozinhar quando estou aqui, e sempre quero sair com meus amigos quando estou lá.
— Uau. — sussurrei imaginando seu dilema — Por que veio para a Coréia?!
— Primeiro porque meus pais moram aqui e minha mãe, queria que eu ficasse mais perto da família, segundo por causa do meu curso de arquitetura, eu morava na universidade, mas agora que me formei, tenho que me virar. — ela bufou um pouco — Mas até que estou gostando dessa loucura toda.
— Não considera morar com os pais? — eu a olhei curioso, me mantendo sentado na banqueta que tinha em frente a bancada de refeição.
— Eu herdei o lado independente do meu pai, depois que passei uma temporada morando sozinha no Brasil e só dividindo o quarto na universidade, não me vejo morando com alguém tão cedo. — explicou ela concentrada no que estava fazendo.
— Hum.
Aquilo me fez pensar, será que ela tinha um namorado?! Era normal para as garotas coreanas, já sonharem com o casamento assim que começam a namorar, ela pelo contrário estava se sentindo satisfeita ao estar sozinha. Curioso.
— Pronto. — disse ela se virando e colocando o prato cheio de sanduíches na minha frente.
— Eu não vou conseguir comer tudo isso. — disse olhando para o prato com receio.
— Claro que não. — ela riu ao pegar as latas de suco e colocar ao lado do prato — Vamos comer junto.
Era um encontro?! Meu coração logo acelerou! Eu iria comer com a noona, estava sozinho com ela no seu apartamento e ninguém acreditaria se eu contasse.
— Bon appetit. — disse ela num sotaque estranho ao abrir sua lata de suco.
— Obrigado pela comida. — sorri timidamente em agradecimento e peguei a lata.
Foi de fato uma maravilhosa refeição, comi bem naquele final da tarde. Assim que ela me agradeceu novamente e eu saí de seu apartamento, desci as escadas correndo enquanto fazia uma ligação para Suho. Seria a primeira pessoa para quem contaria tudo aquilo que tinha acontecido e para minha sorte, ainda estava na loja de jogos me esperando.
— Ah, yah! Você demorou hyung. — ele jogou sua mochila em mim assim que cheguei.
— Não vai acreditar no que me aconteceu. — disse ao pegar a mochila dele no ar.
— Surpreenda-me. — ele disse desconfiado.
— Acabo de vir da casa da noona. — respirei fundo retomando o fôlego.
— O que? Jinja?
— Sim, super sério. — confirmei.
— Aish. — ele pegou na manga da minha blusa de moletom e me arrastou para o canto da loja — Trate de começar a me contar tudo, pali pali.
— Espera. — eu ri — Quando você me ligou mais cedo, estava vindo para cá, mas me deparei com ela em frente ao seu carro e ofereci minha ajuda.
— E onde o apartamento dela entra na história? — perguntou ele confuso.
— Depois que eu ajudei ela, minha barriga reclamou a fome e ela ouviu, o lado bom é que me convidou para comer com ela. — expliquei satisfeito.
— Uahhhh… Igual a um encontro?! — Suho arregalou os olhos admirado.
— Igual. — assenti — Ahhhhh…. Sinto que zerei minha vida, e agora até o nome dela eu sei.
— Jinja?!
— Ela se chama , seu pai é brasileiro e sua mãe é coreana. — respondi puxando a ficha completa — Ela é formada em arquitetura.
— Ahhh… Uma noona arquiteta. — ele riu de repente — Você realmente está bem abaixo dos padrões dela.
— Aish. — eu deu um tapa na cabeça dele — Pare de puxar seu hyung pra realidade.
— Ai. — reclamou ele se encolhendo — Desculpa, mas verdade seja dita, aquela noona é muita coisa pra você.
“Yah, como a vida é injusta!” Pensei comigo.
Ficamos mais um tempo ali jogando um pouco, até que Suho recebeu uma ligação de seu pai o mandando voltar para casa. Eu estava despreocupado, já que minha omma, a linda enfermeira Yejin estaria de plantão naquele dia, poderia ficar até um pouco mais tarde jogando.
— Yoboseyo. — disse ao atender meu celular que já tinha várias ligações perdidas.
— Yah, filho ingrato! — aquela voz era da omma — Custa atender minha ligação.
— Desculpa, estava jogando com o Suho. — expliquei — Se lembrou que tem um filho?!
— Aish, deixe de jogar para cima de mim esse ciúme disfarçado. — reclamou ela — Está em casa?
— Ainda não, mas estou chegando. — respondi.
— Já comeu?
— Sim.
— Hum, voltarei para casa amanhã na hora do almoço, te amo. — informou ela antes de encerrar a ligação.
Eu raramente tinha longos momentos com minha mãe, só a via algumas horas no dia por causa do seu trabalho, o Hospital da Universidade Nacional de Seoul só dava folga para ela durante a semana, onde infelizmente eu tinha aulas no colégio. Assim que cheguei em casa, tomei uma ducha e parti para mais uma maratona de Haikyuu no notebook, precisava terminar de ver aquela temporada do anime.
Acabei adormecendo no meio do quinto episódio da segunda temporada. Logo pela manhã, acordei ouvindo um barulho vindo do lado de fora do prédio, me aproximei da janela e a abri, ao olhar para baixo havia alguns homens de macacão carregando tábuas de madeira. Só havia um significado para aquilo, a floricultura da noona, ela tinha me contato que os trabalhadores começariam as obras hoje, como o espaço cedido no terraço não era tão grande assim e só ocupava a parte em que seu apartamento localizava, ela teria que fazer um projeto simples, funcional e ao mesmo tempo criativo, seja lá o que isso significa.
Saí do apartamento e subir as escadas até o terraço, seria um trabalhão limpar toda aquela poeira instalada nos degraus, assim que cheguei avistei dando algumas instruções para dois homens, estava segurando uma folha grande com desenhos, deveria ser o projeto dela. Ao voltar seu olhar para minha direção, ela abriu um sorriso e veio até mim, estava bem diferente vestida com um macacão da mesma cor dos trabalhadores.
“내마음이너에게닿는듯해
Enquanto mais meu coração fica próximo de você
이세상이아름다워
O mundo começa a se tornar mais bonito
이런설레임을너도느낀다면
Se você consegue perceber meu nervosismo
부디조금만기다려줘
Você poderia esperar apenas um pouco?”
— Bom dia pequeno dongsaeng. — ela me olhou tranquilamente — Posso te chamar assim?
— Claro. — me deu uma tristeza essa palavra.
— Bem, hoje não podemos conversar, estou meio ocupada. — explicou ela me mostrando o projeto — Essa é a planta baixa de como vai ficar o terraço, estava pensando em fazer um espaço verde de lazer aqui, para apaziguar o coração dos outros moradores. O que acha?
— Vai ficar legal, tem umas ahjummas que gostam de jardim. — disse ao olhar.
— Isso é bom, senti um alívio até um alívio quando o senhor Han me mostrou a planta do prédio, felizmente a estrutura é muito forte e poderei fazer o que pretendo. — ela se espreguiçou um pouco — Agora posso até esfregar na cara de quem falar mal, tenho o alvará do governo pra fazer isso e a autorização do síndico.
— Uah, isso é uma boa notícia. — assegurei.
— Verdade. — ela concordou mexendo no seu bolso — Hum, você pode me fazer um favor?
— Claro.
— Pega duas sacolas que ficaram no banco de trás do meu carro. — ela esticou as chaves — Juseyo?!
— Sim. — peguei as chaves respirando fundo.
— Komawo dongsaeng.
Ela se afastou de mim, indo até a pilha de madeiras que estavam mais à frente. Meu coração já estava pulsando mais forte, era uma mistura de alegria e decepção o que estava sentindo, não queria ser o dongsaeng, queria ser o oppa dela. Desci até o carro e abrindo a porta traseira, peguei retirei as sacolas tranquilamente, por uma fração de segundo, um feixe de luz passou por meus olhos, me fazendo olhar para o piso do carro.
Havia um pequeno papel caído, me abaixei pegando o papel e o olhei com cuidado, era estranho ao meu ver, tinha alguma coisa escrita que não era em coreano.
— , o que está fazendo? — ouvi um grito ao longe, era a voz de minha mãe.
— Omma?! — a olhei colocando o papel no bolso — Não iria voltar no almoço?
— E que horas você acha que é?!
O que? Não acreditava que já era hoje do almoço, que horas eu acordei?
— Por que está mexendo no carro dos outros?! — perguntou ela.
— Ah, foi eu quem pediu. — disse ao aparecer misteriosamente ali, vindo em minha direção — Você estava demorando, então vim ver o que aconteceu.
— Ah, é… — eu olhei para minha mãe e depois olhei para ela.
— Você pediu alguma coisa ao meu filho? — minha mãe parecia desconfiada.
— Sim senhora, perguntei se ele podia pegar essas sacolas para mim. — se aproximou mais e pegou as sacolas — Me desculpe incomodar .
— Não incomodou, noona. — disse de forma natural sem me preocupar em como minha mãe reagiria se eu chamasse a vizinha nova de noona.
— Bem, eu preciso voltar para obra, mais uma vez obrigada. — ela se afastou de nós indo em direção a porta.
— , espero não estar incomodando a nova vizinha. — minha mãe continuou me olhando sério.
— Não estou. — fiz uma cara de bom garoto — Só estava ajudando ela.
— Hum, que bom, não quero ninguém falando que meu filho é um mal educado. — ela sorriu de leve — Vamos almoçar?
— Uah, eu vou mesmo almoçar com minha mãe hoje?!
— Claro que vai. — ela seguiu em direção a porta — Agora me diz, por que não foi a escola hoje?
— Recesso por causa do feriado de ontem.
— Sei. — ela me olhou desconfiada, algo que sempre fazia — Só porque é o melhor aluno, não abuse, estarei de olho em você. — ela riu — Aposto que passou a noite jogando.
— Não, desta vez estava vendo anime.
— Quando não é uma coisa é outra. — ela riu começando a subir as escadas — Ah, você bem que podia se tornar famoso com isso, já que não quis se tornar um artista e ter um grupo como seu primo, poderia muito bem ficar rico com esse jogos pelo menos.
— Você vive jogando pedra nos meus jogos, agora quer ter dinheiro com eles?! — a olhei confuso.
— Você jogar o dia todo e gastar energia é uma coisa, você jogar e ganhar dinheiro que paga a energia é outra bem diferente. — de alguma forma tinha lógica.
Como sempre, minha mãe sabia como aproveitar os poucos momentos que tinha de folga comigo, por isso sempre me colocava pra ajudá-la a cozinhar, o que era algo positivo no meu caso. Se fosse conquistar uma garota, cozinharia para ela e mostraria todo o meu amor através disso, e se essa garota fosse a noona seria melhor ainda.
Passar aquele dia com a minha mãe foi legal, nos divertimos muito fazendo nossas maratonas de dorama, não gostava muito de assistir, mas com a minha mãe era diferente, ela sempre fazia algum comentário engraçado sobre os personagens, além de gritar quando eles faziam algo errado. Logo à noite, assim que entrei no quarto, mexi nos bolsos procurando meu celular, foi então que me lembrei do papel que achei no carro de .
Me sentei na frente do notebook e no google digitei a frase, estava em português, talvez pudesse ser do seu pai.
“E foi assim que dois corações se uniram, transforme a maldição em benção.”
— O que? — sussurrei ao ler — Que coisa mais estranha.
Coloquei o notebook na cama e deixei o papel em cima da escrivaninha, peguei minha toalha e segui em direção ao banheiro, tomei uma ducha e voltei para o quarto, enquanto colocava minha roupa, balancei um pouco minha cabeça por causa do cabelo molhado, fazendo espirrar as gotas por todo o quarto. Assim que me deitei na cama, não demorou muito e já peguei no sono.
— o que é isso?! — acordei com minha mãe em meu quarto.
— Isso o que?! — resmunguei da cama, cobrindo minha cabeça — Quero dormir omma.
— Você está tentando plantar alguma coisa, seja pelo menos responsável. — reclamou ela.
— Do que a senhora está falando? — descobri a cabeça e erguendo meu corpo a olhei.
— Sobre isso. — aquele papel que eu tinha pegado no carro da noona, estava em sua mão e dele estava saindo algumas raízes de planta.
— O que é isso? — perguntei.
— Isso é um papel semente. — explicou ela rindo de mim — Se está tentando ajudar a vizinha, tem que pelo menos entender do assunto.
O que é papel semente?! Pensei comigo.
— Se levante rápido e terminei o que começou. — disse ela colocando o papel com cuidado na escrivaninha.
— Araso. — disse me descobrindo para levantar da cama.
Ela saiu do quarto rindo de mim e avisando que já estava indo para o hospital, o que não era muita novidade. Me levantei da cama e caminhei até a escrivaninha, estava curioso por ele papel semente, nunca imaginaria que teria algo assim, peguei meu celular e pesquisei sobre esse tipo de coisa, achei interessante de início e imaginei que fosse presente de alguém para noona. Então resolvi fazer o que minha mãe disse, iria cuidar daquela planta e depois entregar a noona.
Fui até a cozinha e peguei um pote velho que estava escondido no fundo do armário, após ver alguns vídeos no youtube, pude plantar da forma correta e reguei um pouco, me deu até um pouco de ansiedade para ver crescendo. Levei o vaso para o quarto e o deixei em cima da escrivaninha, em uma posição que poderia receber o sol da tarde, logo ouvi meu celular tocar na cama, era uma mensagem de Suho me chamando para comer com ele no centro de Hongdae.
Eu já imaginava que seu convite estava relacionado a alguma garota e tinha razão, Suho estava indo para ver uma apresentação de Sohyun faria após o almoço com suas amigas, ela estava tentando ser trainee em uma empresa de entretenimento. Me lembro até de Suho pedir minha ajuda e mostrar um vídeo dela dançando para meu primo, assim Jay poderia ajudar a garota a entrar para sua agência. Mas meu primo anda com sua agenda tão cheia por causa do seu debut solo, que não mantemos muito contato.
— Yah, demorou, estou morrendo de fome. — reclamou Suho assim que me viu.
— E quando você não está com fome? — perguntei com ironia.
— Quando estou dormindo. — ele riu — Vamos, daqui a vinte minutos começa a apresentação da minha garota.
— Já está assim? — o olhei surpreso — Ela já é sua garota?
— Claro que é, só não sabe ainda. — ele riu ainda mais seguindo até nossa barraca favorita de comida.
— Pelo menos você tem mais chance que eu. — suspirei fraco o seguindo.
— Ainda está interessado na noona?! Yah, ele deve te achar uma criança.
— E eu não sei? Mas estou apaixonado. — coloquei a mão na altura do coração — Sinto que meu coração vai explodir a qualquer momento, toda vez que a vejo, perco os sentidos.
— Aish, estou com dó de você.
Ele olhou para a ahjumma que estava no comando da barraca e pediu duas porções de Jjajjangmyun, desta vez eu pagaria a conta. O tempo foi passando e enquanto Suho via a apresentação das meninas, comecei a caminhar pelo bairro sem rumo e sem preocupação, entrando e saindo das ruas, acabei avistando a noona. Ela estava acompanhada de um homem que parecia ser bem íntimo dela, ele a fazia sorrir de uma forma espontânea, a noona ficava ainda mais linda quando sorria.
Senti um aperto grande no coração que fez minha mente paralisar, recuei um pouco e me virei em direção a minha casa, a cada passo que eu dava meu coração doía ainda mais, eu era mesmo muito inocente com essa coisa chamada amor. Em nenhum uma criança como eu conseguiria chamar a atenção dela, o que me deixava ainda mais triste com minha pouca idade.
— Ah, se eu fosse um pouco mais velho. — sussurrei ao entrar em meu quarto e bater a porta, me aproximei da escrivaninha e olhei para o vaso — Eu queria ser mais velho que ela, queria poder ter uma chance.
A primeira lágrima de tristeza caiu bem dentro do vaso, me sentei na cadeira e debrucei sobre a mesa, estava tão anestesiado que nem o celular que tocava incessantemente no meu bolso, queria atender. Horas depois percebi que o quarto estava iluminado de uma forma estranha, era noite e a cortina estava fechada, deveria estar tudo escuro, mas assim que olhei a luz vinha da planta.
— O que?! — sussurrei não entendendo mais nada.
As pequenas sementes com raízes que eu tinha plantado naquele vaso, estavam diante de mim como um pequeno arbusto, em alguns galhos tinham uma fruta amarela de vinha a luz estranha. Fiquei estático por um tempo, até que meu amigo entrou de repente no meu quarto, me assustando.
— Hyung… Hyung… — ele estava um pouco alterado — Hyung, o que é isso?
— Não sei. — sussurrei — Não sei.
— Uahhh. — ele se aproximou analisando a planta — De onde veio isso.
— Acredite ou não, plantei hoje de manhã. — minha voz estava baixa, e meu olhar fixo na planta.
— Não brinca.
— Eu juro, não estou brincando. — confirmei virando minha face para ele — Eram sementes de um papel semente que encontrei no carro da noona.
— Uah, tinha que ter a noona envolvida. — seu olhar se espanto e surpresa se dissolveu — Será que é comestível?!
— Realmente, só pensa em comida. — minha indignação estava estampado em minha face.
— Yah, foi só uma curiosidade.
Eu voltei meu olhar para a planta e esticando a mão, peguei uma fruta.
— Vai experimentar?! — perguntou Suho — Deveria.
— Não sei, e se for venenosa? — o olhei confuso.
— Você quer que eu coma? — sugeriu ele.
— Não. — olhei para fruta engolindo seco.
Era uma mistura de medo e coragem, que não fazia nenhum sentido. Assim que mordi a fruta e engoli, fingi estar passando mal, Suho ficou desesperado naquele momento, então comecei a rir da cara dele.
— Yah hyung, não teve graça. — ele respirou fundo — Quase morri do coração.
— Sua cara está engraçada.
Joguei o outro pedaço na boca sem nenhum receio, a calmaria durou poucos minutos até que comecei a sentir realmente uma forte dor no peito. Suho me pediu para que eu não brincasse, mas daquela vez era sério, todo o meu corpo começou a formigar e senti meus músculos doerem. Me ajoelhei no chão tentando conseguir estabilidade para meu corpo, não demorou muito até que perdi também minha consciência.
— Hum. — murmurei me remexendo no chão e abrindo os olhos.
— Hyung?! — a voz de Suho estava trêmula — Hyung é mesmo você?
— Hum?! — o olhei confuso.
Porque ele estava perguntando isso?
— Yah, claro que sou eu. — confirmei — Você é louco?
— É que... — seu olhar para mim era de espanto — Hyung você, está diferente...
Eu nem deixei ele terminar a frase e corri para o banheiro, assim que me deparei com o espelho, meu olhar ficou igual ao dele.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!! — gritei — O que aconteceu comigo?!
Eu estava com o rosto mais envelhecido, não era meu rosto, em meu tamanho também havia aumentado, assim como meu corpo, eu estava diferente, olhei para Suho.
— Hyung?! — estava tão estático quanto eu — Você parece um ahjussi, seu rosto está mais velho, parece até meu primo que está na universidade.
— Eu envelheci. — sussurrei — E agora?
Tanto eu como Suho, estávamos cheios de perguntas em nossa cabeça, pois ele também havia comigo da fruta e não tinha acontecido nada com ele. Nossa primeira questão era: Por quanto tempo duraria?!
“내마음이어쩌면사랑일까
Podia este sentimento ser amor
난아직은수줍은데
Ainda agora, sou bastante tímido
아직한걸음도다가서지못한
Nem consegui dar um passo para perto de você
나의사랑을기다려줘
Então por favor, espere pelo meu amor”
Ficamos um bom tempo analisando aquela planta e de toda a nossa pesquisa na internet, nenhum resultado havia sido encontrado, o que nos deixava ainda mais intrigados. Eu tinha contado a ele tudo o que tinha acontecido, desde o momento em que tinha encontrado aquele papel, até agora, porém não achamos nenhuma explicação para aquilo que estava acontecendo.
Foi neste momento em que bateram na porta.
— Hyung, você é louco. — Suho me puxou pelo braço — Não pode atender.
— Por que não?! — o olhei confuso.
— Acho que não preciso te lembrar. — ele me olhou com ironia apontando para meu corpo inteiro.
— Oh, então você deveria atender.
Ele assentiu e saiu do meu quarto, fiquei um pouco nervoso e curioso para saber quem era e acabei indo atrás dele, assim que cheguei na sala me paralisei novamente, algo que estava acontecendo com muito frequência.
— Noona. — sussurrei.
— Ah, boa noite, me desculpe incomodar a essa hora. — disse ela da porta dando um sorriso tímido.
Olhei rapidamente para meu amigo que também estava estático ainda segurando na maçaneta da porta, respirei fundo pensando no que faria naquele momento, eu não era mais eu para ela, uma criança, mas agora estava com o rosto de um adulto. Porém não sabia como adultos agiam, pior minhas pernas estavam trêmulas e minhas mãos frias, mas por dentro meu coração estava acelerado e minha mente ainda confusa.
— Bem, em que posso ajudar?! — controlei o máximo que pude minha voz para que não saísse nenhum tipo de insegurança de mim.
— Eu, estava trabalhando no terraço em um projeto e acabei achando este chaveiro. — ela mostrou um chaveiro feito de flor de cerejeira que parecia ser de vidro — Então, pensei em dar em agradecimento ao seu irmão.
— Irmão?! — Suho tombou a cabeça confuso.
Ela falou com tanta naturalidade que quase acreditei que tinha um irmão, mas logo me lembrei que ela falava de mim.
— Sim, o , você é irmão dele não é?! — perguntou ela.
— Ah, claro. — eu me aproximei mais e peguei o chaveiro de sua mão me curvando — Fico feliz que meu irmão tenha ajudado alguém.
Suho me olhou arregalando seus olhos.
— Bem, ele está em casa?! — perguntou ela — Queria mostrá-lo como está ficando o terraço, ele pareceu tão curioso ontem.
— Em casa?! — tossi um pouco e logo Suho bateu em minhas costas.
— Ah, o saiu. — disse Suho — Eu marquei com ele para jogar, mas acabamos nos desencontrando e então eu vi esperar ele aqui, mas o hyung me disse que estava muito curioso para saber que obra estavam fazendo no terraço.
— Sério?! — ela me olhou com um certo brilho nos olhos — Se puder, posso te mostrar então.
Meu corpo gelou naquele instante, não sabia se agradecia ou matava meu amigo.
— Bem…
— Vai com ela hyung. — Suho me empurrou de leve — Eu ficarei aqui esperando o .
Assenti com a face e segui até o terraço, dois dias de trabalho e já havia algo de diferente naquele lugar, apesar de muita poeira e de alguns materiais empilhados e espalhados, as estruturas de madeira que seriam da estufa que ficaria sua floricultura já estavam levantadas e devidamente montadas. Do outro lado do terraço já estavam as demarcações de como ficaria o espaço de lazer, tanto o coberto quanto o não coberto.
— Uah. — sussurrei ao olhar tudo aquilo, aquela noona era realmente uma profissional talentosa por ter uma ideia tão criativa e ao mesmo tempo trabalhosa.
— Então o que achou?! Ainda tem muita coisa para colocar no lugar, mas acho que até o final do mês ficará pronto. — disse ela com um certo entusiasmo.
— Só posso constatar que você é uma excelente profissional. — sorri de forma tímida — Apesar de não entender nada sobre arquitetura.
Algo que estava despertando minha curiosidade.
— Agradeço o elogio sincero. — ela sorriu também e desviou seu olhar para a estrutura da estufa — É bom quando você trabalha com o que gosta e recebe elogios pelo seu esforço.
— Você deve receber muito. — supus.
— Bem, estou começando agora, espero ser ir além das expectativas. — ela suspirou profundamente.
— Tenho certeza que irá! — sussurrei a olhando com carinho.
— Mas e você? Trabalho com o que? — perguntou ela.
— Eu? — engoli seco não sabendo o que dizer, acabei respondendo a primeira coisa que passou pela minha cabeça — Sou jogador profissional.
— Sério?! — ela me olhou admirada — Você tem um porte sério e formal, achei até que fosse advogado.
— Oh, não. — balancei as mãos em negação.
— E joga o que?
— League of Legend. — era a única coisa que poderia dizer que sou realmente bom, já que no vôlei tinha as minhas falhas.
— Inovador. — ela riu um pouco — Acho um máximo que esse esporte esteja crescendo, antigamente ninguém dava nada pelos games.
— Uah, finalmente alguém me entende. — ri junto.
— Como foi para sua mãe? Ela parece ser um pouco brava. — comentou.
— Bem, inicialmente ela queria que eu fosse um artista, igual meu primo que é cantor em um grupo famoso, mas no final, acabou aceitando e disse que eu poderia ser o que quisesse, contanto que lhe desse dinheiro.
Nós rimos juntos.
— Uau, sua mãe é bem direta.
— Demais.
— Curioso.
— O que? — a olhei confuso.
— Não sabia que sua mãe tinha dois filhos, estou morando aqui já há cinco meses e nunca te vi. — isso me fez engolir seco de novo.
— Bem, eu não moro com eles. — respirei fundo, não podia fraquejar agora, era a minha chance e eu aproveitaria.
— Hum, um desgarrado como eu. — ela riu — Também gosta da liberdade?
— Ah, sim, claro. — deu um sorriso meio sem graça, nem imaginava como seria morar sozinho.
— Oh, só um minuto. — disse ela assim que seu celular tocou.
Assenti com a face, ela se afastou um pouco e trocou algumas palavras com a pessoa que estava do outro lado da linha, quando retornou já foi guardando o celular no bolso.
— Alguns amigos meus me chamaram para comer fora, quer vir também? — perguntou ela de forma tranquila e espontânea.
— Bem, eu não quero atrapalhar.
— Não vai. — ela sorriu e pegando em minha mão — Vem, é um lugar bem perto daqui.
Aquilo era novo para mim, uma garota me puxando pelo braço e me guiando. Seguimos em direção ao lugar que ela havia marcado com seus amigos e nem precisamos ir de carro, era realmente perto de onde morávamos que fomos caminhando tranquilamente. Assim que chegamos, dei de cara com o homem que estava com ela ontem á tarde, o encarei discretamente, tinha alguns traços europeu.
— Ah, Dimitri. — disse ela ao abraçá-lo respeitosamente — Adorei o convite, estava mesmo começando a sentir fome.
— Imaginei, quando você se dedica a um projeto, nunca lembra de si mesma. — repreendeu ele — Uah, trouxe um amigo?!
— Ah, sim, esse é… — ela me olhou confusa, só naquele momento reparamos que eu não tinha mencionado nada a respeito e ela não tinha perguntado.
— . — disse me curvando de leve — Pode me chamar de .
— Prazer . — disse o tal Dimitri.
— Ele é irmão mais velho do .
— Hum, o garotinho do colegial.
Então era assim que me conheciam.
— Sim, meu irmão mais novo. — confirmei.
— , este é Dimitri, um amigo que fiz no período da faculdade.
— Amigo? — Dimitri a olhou sério — Eu fui o professor dela.
Uah, mesmo sendo mais velho, ele não parecia ser tão velho assim para um ahjussi.
— Professor?! — sussurrei desviando meu olhar para ela.
— Um professor muito malvado.
— Yah, sua ingrata, vamos entrar. — ele estendeu a mão para que entrássemos no restaurante na sua frente.
No interior do lugar, sentado em uma mesa dos fundos, estavam mais três pessoas nos esperando, duas mulheres e um homem.
— Ah, que demora, estamos com fome. — disse um das mulheres que estava com um vestido florido, ao se levantar da cadeira, pude perceber o volume em sua barriga, parecia estar grávida — Yeoboo, agora estou comendo para duas pessoas.
— Unnie, a culpa foi minha. — interviu rindo — Desculpa.
— Hum. — a mulher olhou desconfiada, mas depois abriu um largo sorriso e abraçou — Uah, você trouxe um amigo novo?!
— Sim, pessoal este é . — apresentou ela.
— Oi. — me curvei de leve para eles.
— , esta unnie fofa e logo a mãe do grupo é a Hana, este é o Jinho e sua noiva Sakura, todos estudaram comigo na universidade. — explicou ela.
— Finalmente trouxe alguém com você. — disse a Sakura, por seus traços certamente uma japonesa — Desta vez não ficará de castiçal.
— Yah. — deu um grito — Pare com essas brincadeiras.
Confesso que também fiquei meio sem graça, mas gostei. Meu coração ficou acelerado durante todo o tempo, que estive sentado ao lado da noona naquele lugar, tentei agir naturalmente, mas por dentro estava ansioso e nervoso, sem saber o que dizer ou como reagir a cada assunto que surgia. Mas com aquilo pude perceber que vida de adulto era agitada, o que me deixava ainda mais ansioso para envelhecer de verdade, ou continuar como estava.
Em um momento da noite nos separamos, cada casal seguiu seu caminho em uma direção diferente, sugeriu que andássemos um pouco, faria bem a digestão segundo os ensinamentos do seu pai.
— São divertidos. — comentei sobre seus amigos.
— Ah sim, bastante piadistas também. — ela riu — Me desculpe por isso.
— Achei legal. — sussurrei um pouco alto.
Isso fez com que ela ficasse em silêncio por um tempo.
— Então, o Dimitri não é seu…
— Oh, acho que ele fosse meu namorado? — ela me olhou surpresa e riu.
— Bem… Me desculpe, ele pareceu ser íntimo. — expliquei meio correndo nas palavras.
— Sou a madrinha do casamento dele com a Hana. — ela riu novamente — Mas confesso que no primeiro período do meu curso, ele se interessou por mim, mas Hana era minha amiga de infância, mesmo tendo ficado longe dela no ensino médio, percebi que estava encantada por ele, resolvi não me colocar no caminho.
Dei um suspiro de alívio, agradecendo a Deus por ela ter feito aquilo.
— Você é uma amiga muito legal. — comentei.
— Parece que sim. — confirmou ela — E você?
— Eu o que?
— Tem namorada?
— Não, mas tem uma garota que toda vez que a vejo, meu coração acelera.
— Hum… Já contou isso para ela? — perguntou.
— Sim. — assenti.
— E como ela reagiu?
Respirei fundo, estava tomando coragem para responder, essa poderia ser minha única chance, a chance que estava pedindo.
— Bem, eu acabei de contar isso para ela.
O olhar de estava surpreso, eu rosto estático, assim como eu estava a um passo de desabar, de tanto que estava tremendo por dentro. Não acreditava que estava seguindo o exemplo de Suho, foi desta forma que ele havia se declarado para Sohyun.
— Eu, não sei o que dizer… — sua voz estava confusa — É tão, é a primeira vez que o vejo...
— Não precisa dizer nada. — continuei seguindo.
Ao mesmo tempo que me sentia aliviado, pela oportunidade de me declarar para ela, sentia uma certa agonia por saber que não passaria disso, algo lá no fundo me dizia que em breve acordaria desse sonho. Passamos todo o caminho de volta para casa em silêncio, me despedi dela assim que cheguei no meu andar, continuei a olhando subir as escadas até que desapareceu do meu campo de visão.
Assim que entrei no apartamento, Suho pulou em mim, me derrubando no chão.
— Hyung.
— AAHHHH. — que susto — Gritei.
— Então, como foi?
— Você não foi embora. — o olhei, me levantando.
— Claro que não. — ele se levantou também — Estava curioso para saber o que aconteceu, então disse a omma que dormiria aqui.
— Não aconteceu nada.
— Como assim?!
Suspirei fraco me jogando no sofá, mesmo não querendo, Suho me forçou a contar todos os detalhes daquela noite. A noite se passou e logo pela manhã quando acordei, ainda estava com meu corpo mais velho, tanto eu como Suho continuamos curiosos para saber se minha transformação seria permanente ou passageira. Foi quando comecei a senti uma dor na barriga que me fez correr até o banheiro.
“너를알수록가슴이떨려와
Quanto mais eu te conheço, meu coração estremece
나는그저웃고만있어
Tudo que eu consigo fazer é sorrir
너에게살며시키스해볼까
Será que devo tentar te roubar um beijo?
조금니맘에다가설까
Isso vai me fazer ficar mais perto do seu coração?”
Foi em um piscar de olhos, assim que dei a descarga e lavei as mãos, me olhei no espelho…
— Uah.
— Hyung, está tudo bem? — perguntou Suho do lado de fora.
— Sim. — eu abri a porta e sua cara de espanto foi a mesma.
— Hyung, você voltou. — sua voz tinha traços de empolgação e ao mesmo tempo surpresa.
— Parece que sim. — olhei para as minhas mãos novamente pequenas e magras.
Passamos um bom tempo pensando na lógica da minha volta, até que Suho matou a charada.
— E se o efeito durar somente enquanto a fruta estiver no seu organismo? — sugeriu ele — Já que quando acordou, ainda estava como um adulto.
— Faz sentido. — eu o olhei pensando — Acho que devemos fazer um teste.
— Sim, aproveitando o final de semana. — concordou — Fique dois dias sem ir ao banheiro.
— Wae?!
— É um teste. — insistiu ele.
Contrariado, mas concordei.
Comi outra fruta e em segundos estava velho novamente, felizmente de alguma forma louca a minha roupa me servia.
— ?! — disse minha mãe ao bater na porta de repente.
— Omma?! — gritei sentindo meu corpo congelar.
— , por que sua voz está estranha?! Está com dor de garganta?!
— SIm. — tinha que inventar uma desculpa.
— Ah, então tenho que medir sua temperatura, pode estar com febre.
Rapidamente Suho segurou a maçaneta da porta.
— Ahjumma, ele está bem, não está com febre.
— Suho? — ela se espantou — O que faz aqui tão cedo.
— Eu dormi aqui ahjumma. — ele abriu uma fresta da porta — Passamos a noite jogando.
— E eu não posso entrar?! — insistiu ela.
— É que eu estou trocando de roupa. — inventou ele.
— Ah. — ela riu — Vou deixar o café pronto para vocês, tenho que voltar ao hospital.
— Sim senhora.
— , vou deixar um xarope para você, trate de tomar.
— Tudo bem omma. — gritei.
— Até mais Suho.
— Até ahjumma.
Foi um longo suspiro de alívio meu e de Suho.
Os dias que foram se seguindo pude confirmar a teoria do Suho, além de começar uma vida dupla, não tinha tantas frutas naquele pequeno arbusto e não nasceram mais, então tinha que regrar ao máximo e comer com sabedoria. O lado bom, era poder me aproximar ainda mais da noona, ela ainda continuava agindo como se eu não tivesse me declarado, quanto eu estava perto dela como adulto.
Porém aproveitava os momentos que voltava ao normal para conversar com ela sobre o , no caso eu, foi um pouco divertido no início, até ela querer juntar nós dois no mesmo lugar. O que seria impossível, meu eu e o juntos.
— Esta é minha última fruta. — respirei fundo olhando — Minha última chance.
— Te desejo sorte nesse último encontro com a noona. — disse Suho.
— Obrigado.
Assim que eu comi e me transformei, segui em direção ao terraço, segundo , ela que queria que eu fosse a primeira pessoa a ver seu projeto finalizado.
— , que bom que aceitou meu convite. — ela sorriu.
— Agradeço por ele. — olhei o lugar ao meu redor, nem parecia o mesmo terraço que havia visto na primeira vez que falei com ela, como .
— Que pena que seu irmão não pode vir. — comentou ela — me ajudou bastante, ele é um menino muito prestativo.
— Fico feliz em saber. — sorriu de leve — E agradeço por oferecer um emprego de meio período para ele.
— Pena que ele não aceitou. — ela parecia frustrada.
— tem alguns sonhos que talvez seja a hora de realizar.
— Dou todo apoio a ele. — ela desviou seu olhar para o lado, já havia um tempo que evitava ficar me olhando por muito tempo.
Ela havia preparado um jantar para nós dois à moda brasileira, tinha uma mesa já preparada ao centro do espaço de lazer, assim que nos aproximamos puxei a cadeira para que ela se sentasse, me sentando de frente para ela, respirei fundo me acalmando por dentro. Seria minha última vez como uma pessoa mais velha, minhas mãos estavam frias e nem sabia mais o ritmo da minha respiração.
— Você está calado hoje. — comentou ela — Aconteceu alguma coisa?!
— Essa será minha última noite. — respondi entre linhas.
— Como? Última noite?
— Sim. — afirmei com a cabeça — Não estarei aqui amanhã.
— Mas, vai viajar?
Assenti novamente.
— Bem, isso me pegou de surpresa. — ela parecia triste com o que eu tinha dito.
— Pelo menos não ficará mais desconfortável. — sorri meio sem graça — Pelo que te disse no primeiro dia.
— Bem, eu confesso que aquilo me pegou de surpresa. — ela mantinha seu olhar no prato — Mesmo todos falando que sou comunicativa, quando se trata desses assuntos, nunca sei como reagir.
De alguma forma eu a entendia.
— Eu também não. — concordei.
— Mas…
— Mas?!
— Deixa pra lá, o que importa é que somos amigos. — ela sorriu — E vamos celebrar sua última noite aqui e a inauguração do sábado.
— Claro.
Foi um bom jantar, um bom encontro… Não, não foi somente bom, foi único.
Ela cozinhava muito bem e a comida brasileira era interessante, além de saborosa, me senti grato por cada pequeno momento daquela noite, cada olhar que ela lançava sobre mim, quando fingia estar prestando atenção naquele lindo lugar. Foi a noite mais especial que eu estava vivendo em toda a minha vida, se pudesse pedir só mais uma coisa, pediria para que aquela noite nunca terminasse.
— Tenho uma curiosidade. — disse ela ao se debruçar no beiral do telhado.
— QUal?!
— Você não gosta que te chamem de oppa?
— Hum?! — a olhei confuso.
— É que a maioria dos homens mais velhos que conheci, sempre me pediam para chamá-los de oppa, eles achavam fofo uma estrangeira falando isso para eles.
— Sério? — estava surpreso e meu coração acelerado novamente.
— Sim. — ela se virou para mim e sorriu.
— Eu nunca pensei sobre isso. — desviei meu olhar para a rua.
Na realidade, eu era o dongsaeng.
— oppa. — ela riu um pouco — Acho que soou estranho.
— Não. — foi uma flecha final em meu coração.
— Não?!
— Achei fofo. — sorri de leve — Foi realmente fofo.
O brilho do seu olhar para mim, foi ainda mais fofo.
— Hum. — olhei de relance para a direção da escada — Preciso ir agora.
— Tão cedo?!
— Sim.
— Então, não é um adeus, né?! Vou te ver de novo?
— Acho que não. — não desta forma.
No impulso do aperto que meu coração estava, eu segurei em sua mão e a puxei para mais perto de mim, lhe dando um abraço apertado. De início ela ficou estática, mas aos poucos foi aceitando o abraço e envolveu seus braços em minha cintura.
— Foi um prazer conhecer alguém como você. — sussurrou ela.
“Foi um privilégio ter essa chance.” Pensei comigo.
Assim que me afastei dela, senti segurar minha mão, me impedindo de ir.
— O que…
Assim que me virei, a noona veio de encontro a mim de surpresa, me dando um suave e doce beijo. Meus olhos permaneceram aberta com o choque da situação, aquele era meu primeiro beijo, o primeiro e era da noona.
— Adeus. — sussurrou ela ao se afastar.
Continuei imóvel, até que a noona saiu correndo. Não sabia o que fazer, minhas pernas estavam tão paralisadas que não consegui me mover nem para ir atrás dela, só conseguia ouvir meu acelerado coração.
Os dias que seguiram, passei todos em casa. Estava de férias e não queria ver a noona, novamente estava me sentindo um perdedor, porém no sábado minha mãe me forçou a acompanhá-la na inauguração da noona. Me mantive todo o tempo longe dela, principalmente no momento em que ela notou a minha presença, saí correndo para minha casa, não tinha coragem de encará-la, mesmo sabendo que ela nunca descobriria que era eu.
Aquilo foi um pequeno e feliz sonho, acordei e voltei a realidade agora. Deixei as horas passarem, na alta madrugada peguei o vaso da planta que ainda estava no meu quarto e levei até o terraço. Não tinha mais os frutos, porém a planta ainda estava viva e bonita, merecia fazer parte daquele jardim, assim o fiz colocando o vaso próximo a porta da estufa dela, então caminhei até o espaço de lazer e me debrucei no beiral olhando a rua.
Era uma noite silenciosa.
— . — disse uma voz feminina que eu reconhecia muito bem.
— Noona?! — me virei lentamente.
— Eu conversei com sua mãe, pensei que poderia entregar um recado para uma pessoa através dela, mas eu descobri que essa pessoa não existia.
— Noona…
— E depois descobri que ela existia de outra forma. — ela apontou para a planta — Eu ouvi uma história quando eu era criança, minha avó me contava sempre que me colocava para dormir, de quando conheceu meu avó, que algo sobrenatural aconteceu para que eles se conhecessem.
— Hum. — mantive meu olhar baixo, sentindo ela se aproximar de mim.
— Não acreditamos em milagres ou algo do tipo até acontecer com a gente, me faz pensar que sempre achei que a história da minha avó era um conto para que eu conseguisse ter bons sonhos. — ela se colocou em minha frente — Me diz que não estou louca, e que foi real?!
— Me desculpe. — levantei meu olhar, a encarando — Foi real.
Ela respirou fundo, certamente não sabia como reagir.
— Eu poderia olhar pela parte negativa e me achar uma pedófila, mas… — ela me deu um abraço apertado — Por que me fez gostar de você?!
— Noona. — sussurrei — Mianhaeyo.
— Yah. — ela me empurrou de leve — Por que você tem que ser tão novo?
— Me faço a mesma pergunta todos os dias. — desviei meu olhar para o chão — O que vamos fazer agora?
Ela tocou em minha face me fazendo olhar para ela novamente.
— Seremos amigos. — sua voz estava firme.
— Amigos. — confirmei.
Eu já imaginava que jamais passaríamos disso.
— Hum, quem sabe daqui a dois anos, se você se declarar de novo… — ela sorriu com certa timidez — Eu possa te dar uma chance.
— Jinja?! — eu a olhei impactado com aquela declaração.
— Bem, se eu já esperei pelo amor todo esse tempo, acho que posso te esperar mais alguns anos. — seu sorriso continuava.
Eu que em todo esse momento me sentia frio e estático, desta vez meu coração se aqueceu por dentro, eu ainda não sabia nada sobre o amor e já estava ansioso para descobrir, porém o que mais me deixava feliz, era saber que alguém estaria esperando por mim.
E esse alguém era a noona!
“Stand by me
Fique do meu lado!
날바라봐줘아직사랑을모르지만
Olhe para mim, mesmo que eu ainda não entenda o que é amor
Stand by me
Fique do meu lado!
날지켜봐줘아직사랑에서툴지만
Cuide de mim, mesmo que eu ainda seja desajeitado no amor”
“Esperança: Esperar é perseverar, perseverar é confiar, confiar é acreditar, acreditar é estar aberto as chances que a vida nos traz, a junção de tudo isso é chamado de fé.” - by: Pâms
The End!
O que dizer sobre este ficstape, ao mesmo tempo por me deixar emocionada por ser o primeiro que organizo no site, e logo de um dos doramas que mais gosto, também ao lembrar da noite que terminei de escrever ele fico triste, pois foi no mesmo dia em que um membro do grupo que canta essa música veio a falecer. O que me deixa ainda mais pressionada a não decepcionar nessa história, pois Stand By Me é uma das músicas que mais gosto do SHINee. Espero que gostem, e continuem mantendo a esperança viva em seus corações!
Dedico essa fic a Rafa e a Lorena, as shawols mais fofas da minha vida, sempre contem comigo!!!!
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
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