Capítulo Único
Cheguei na empresa no mesmo horário certinho de sempre. Se havia uma coisa que Sr. Jones gostava, era de pontualidade, já que o mesmo era um britânico rabugento e um tanto exigente.
Desde que me tornei secretária dele, há cinco meses, não sei o que é descanso. Sr. Jones é um grande produtor musical, capaz de fazer as pessoas virarem contra você em alguns dos casos. Ele tinha influencia em qualquer área da vida, até mesmo naquela que ele nem sabia dominar. Todos o idolatravam, admiravam, cortejavam e, bom, puxavam seu saco. E ele gostava disso. Ele realmente gostava.
Sr. Jones era melhor amigo de meu pai, e me deu esse emprego logo após o meu noivado com Aquele dia, em especial, estava sendo esquisito. O trânsito de veículos e pessoas pela cidade estava reduzido, o que me fez pensar que era algum feriado ou algo do tipo. A cafeteria ao lado do estúdio estava fechada, alegando que estavam com algum problema técnico e que, no dia seguinte, retornariam a funcionar. Fui obrigada a dar uma volta no quarteirão para ir atrás de outra cafeteria.
havia saído mais cedo do que o normal, dizendo que voltaria mais cedo para podermos ver algumas coisas para o nosso casamento. Ele estava mais animado do que eu em alguns momentos, e isso fazia com que mamãe reclamasse em meu ouvido, pois ela dizia que eu não o amava da mesma maneira.
Mas é claro que eu o amo. E muito, por sinal.
A manhã foi rápida. Enquanto Sr. Jones visitava alguns estúdios e conhecia alguns aspirantes a cantores, eu sentia o meu coração apertado. Era uma sensação esquisita, que se estendeu até o horário do almoço, quando fui no restaurante para ver .
- Oi, meu amor! – ele fala assim que se senta ao meu lado, dando um beijo em minha bochecha. – Está tudo bem?
- Está! Você está bem? – indago, segurando sua mão com certa força, surpreendendo a ele e até mesmo a mim.
- Isso tudo é saudade? – ele indaga, sorrindo de lado. – Ok, o que você quer comer?
- Eu não sei. – falo, sentindo uma enorme vontade de chorar.
O que estava acontecendo comigo?
- Te fizeram algo hoje, ? – ele indaga, acariciando meu rosto. – Foi seu chefe?
- Não! Eu estou bem. Só não quero ficar sem você. – falo e ele sorri, me dando um selinho.
- Eu também não quero, mas tenho que trabalhar. Mas, ei, podemos marcar o casório logo depois de sairmos daqui, né? – ele indaga, me fazendo sorrir e concordar.
- Você tem certeza de que quer realmente isso? – indago e ele rolou os olhos.
- É tudo que eu mais quero na vida, . – ele fala, sorrindo e beijando minha testa. – Vou trazer o de sempre.
Concordei e ele logo sumiu do meu campo de visão, indo para a cozinha do estabelecimento. O restaurante estava parcialmente cheio, já que era horário de almoço de alguns, e não era muito visitado.
Depois de longos minutos de espera e algumas visitas a algumas pastas de casamento no Pinterest, meu noivo aparece novamente, colocando o meu pedido na mesa.
- Espero que você goste. – ele fala, colocando a taça de suco de laranja ao lado do meu prato.
- Se eu gostar, posso pessoalmente agradecer ao chefe? – indago, colocando o guardanapo em meu colo.
- Você pode agradecer mais tarde. – ele fala, mandando uma piscadela em seguida, me fazendo gargalhar baixinho, além de minhas bochechas corarem.
Logo ele caminha para a cozinha, me deixando sozinha pelo tempo restante de almoço. Respondi algumas mensagens de meu chefe, que dizia que eu poderia ser liberada um pouco mais cedo hoje, já que alguns clientes desmarcaram algumas visitas aos estúdios.
Aquele dia estava sendo absurdamente estranho. E estava longe de acabar.
Voltei para o escritório, resolvendo algumas outras papeladas, e logo fui dispensada.
- Vamos para uma loja de vestidos de noiva? – , minha melhor amiga que também trabalha comigo, indaga ao entrarmos no elevador.
- Você tem certeza? É um pouco cedo. – falo e ela rolou os olhos.
- Ele não disse que ia ver a data do casório? Então... – ela diz e eu dei de ombros. – Você tem dúvida de ama-lo?
- Não! Eu só não quero que ele se arrependa de estar comigo. – falo e ela bufou, sacudindo meus ombros.
- O cara te pediu em casamento e quer marcar o casório por conta própria, isso é a maior prova de que ele não quer perder mais tempo longe de você. – ela fala e eu dei um sorriso de lado.
As portas de metal se abriram e logo caminhamos para fora do elevador, em seguida saindo do prédio. Paramos numa loja de vestidos de noiva a alguns quarteirões dali, vendo alguns que eram bonitos, mas bem acima do meu orçamento.
- Só experimenta, ! – exclama, sentando-se na poltrona que ficava um pouco distante do provador.
- É, não vai fazer mal a ninguém. – a vendedora diz, sorrindo amigável para nós duas. – E então? Vai experimentar?
Suspirei, concordando com a cabeça e indo para o lado de dentro do provador. Tirei toda a minha roupa, e a vendedora me ajudou a entrar no modelo escolhido.
Saio do provador. conversava com algumas vendedoras, dispersa de que eu já havia saído do cubículo.
Quando ela me fitou, vejo um sorriso gigante surgir em seu rosto. A vendedora pegou um véu e colocou em minha cabeça, me ajudando a virar para o enorme espelho ao lado.
- Você está linda nele! – exclama, e as outras vendedoras ao redor concordaram.
Eu me imaginava indo encontrar o homem da minha vida com aquela roupa. Eu imaginava vê-lo e dizer “sim” com aquele vestido.
- Qual o valor dele? – indago, fazendo surgir um sorriso no rosto de minha melhor amiga.
- Ele está saindo por dois mildólares. – a vendedora diz, me fazendo sorrir de lado e ficar encarando meu reflexo por longos segundos.
- Eu vou levar. – falo, fazendo arregalar os olhos.
Enquanto eu trocava de roupa, eu sentia que meu coração poderia explodir a qualquer momento. Eu pensava em durante todo o tempo, sentindo meu peito apertado. Terminei de colocar a roupa e saio do provador, encontrando e a vendedora, que segurava meu vestido.
- Qual vai ser a forma de pagamento? – a vendedora indaga e eu peguei o cartão de crédito que estava em minha carteira. – Por sorte, a senhorita conseguiu 10% de desconto nele, então sairá mais barato.
- Qual vai ser a reação do ao saber que você comprou um vestido de noiva? – indaga enquanto caminhamos para o caixa.
- Não sei. – falo, dando de ombros em seguida.
Fiz todo o procedimento de compra, pegando a caixa gigantesca e rosa da mão de uma das vendedoras. Agradeci e logo nos despedimos, saindo da loja.
Peguei meu celular no bolso da calça jeans. Já passava das quatro da tarde, e deveria sair esse horário para nos encontrarmos e irmos para a igreja.
Liguei para seu número, que deu caixa postal.
- Vai ver ele desligou o celular. Ele tem mania de fazer isso. – fala e eu dei de ombros, encerrando a ligação pela terceira vez.
Caminhei até o metrô. iria guardar o vestido em seu apartamento, e eu buscaria amanhã antes de ir para casa.
Liguei mais uma vez, sentindo meu coração acelerado. Não era mania de desligar o telefone há bastante tempo.
- Alô? – indago assim que atendem. – ?
- Oi, quem é você?
Um homem indaga, e eu sinto minhas pernas tremerem.
- Eu sou a noiva dele. Quem é você? – indago, roendo a unha do dedo indicador.
- Eu sou o Carl, socorrista. É um prazer conhecê-la.
- Aconteceu algo? – indago, segurando no corrimão da escada que dava para o metrô.
- Teve um assalto no restaurante, não sei ao certo, e um dos bandidos ameaçou atirar numa criança. Seu noivo entrou na frente.
Aquilo fez meu corpo todo fraquejar, e a vontade de chorar veio à tona.
- Você pode vir vê-lo e, se possível, avisar a família?
- Claro! – exclamo, suspirando em seguida.
Carl passou o nome do hospital, encerrando a ligação em seguida.
Enquanto eu caminhava para pegar um táxi e ir o mais depressa possível, eu comuniquei aos pais de , assim como suas irmãs e, claro, seus amigos. Todos diziam que me encontrariam no hospital, e eu apenas concordava, sem forças para falar algo além disso.
O caminho foi depressa, e eu logo entrei no hospital. Falei o nome, esperando alguma notícia de . Nada. Agradeci, sentando numa das cadeiras e esperando alguém conhecido aparecer.
- Oi minha querida! – Sra. exclama ao me ver, me abraçando em seguida. – Oh, meu Deus!
- Ele vai sair dessa. – sussurro, tentando manter a calma naquele momento.
- Não te informaram nada? – Sr. indaga. Neguei com a cabeça, limpando as lágrimas que insistiam em cair.
Pouco a pouco, a sala de espera foi ficando cheia. Amigos de , suas irmãs e outros familiares apareciam, me cumprimentando e dizendo que ele iria sair daquela. E, de alguma forma, aquilo não me deixava tranquila.
As horas se passaram. Eu não sentia nada além de frio e sono. Jantei bem pouco há pouco tempo, e estava conversando com , tentando não pensar no pior da demora de alguma resposta sobre o quadro dele.
- Familiares de ? – um médico indaga ao entrar na sala de espera, me fazendo levantar, junto de seus pais e suas irmãs. – Vocês são os pais?
Sra. responde, apertando minha mão.
- Eu posso acompanhar? – indago assim que eles começam a caminhar. – Eu sou a noiva.
- Por favor, doutor. – Sr. diz. O médico concorda, e eu caminho junto dos mais velhos para o quarto onde meu noivo estava.
Tubos estavam ligados a ele. Um curativo enorme em sua cabeça mostrava onde a bala havia passado. Ele dormia, sereno, como se não sentisse nada.
- Ele está bem? – indago, ouvindo um suspiro. Sra. apertou minha mão com força. – Por favor, fala algo.
- O senhor teve morte cerebral, que é quando seus batimentos ainda são normais, porém, sem algum comando do cérebro, eles podem parar a qualquer momento. – o médico diz, e eu abraço minha sogra, que retribuiu. – Nós fizemos o possível e impossível, mas o tiro foi certeiro. Eu só preciso saber se vocês autorizam a doação de órgãos.
- Eu posso vê-lo? – indago, soltando-me da mulher. – Por favor?
O médico concorda, passando seu cartão na porta, fazendo a mesma se abrir. Agradeci, caminhando até a sua cama, passando a mão em seu rosto e seus braços, gelados o suficiente para que, se ele estivesse acordado, pudesse reclamar do frio. Ri fraco ao lembrar disso, sentando na poltrona que havia ali.
- . – começo, suspirando em seguida. – O que você tinha que fazer? Por que você tinha que ser a pessoa mais bondosa e caridosa do mundo? Não bastava ser lindo?
Suspirei, apertando sua mão.
- Eu comprei o meu vestido de noiva. Logo depois de sair daquele almoço. me ajudou a escolher. Ele é lindo. Acho que você iria gostar se o visse. – falo, acariciando a palma de sua mão com o polegar. – Eu estava esperando para irmos marcar nosso casório. Iria ser naquela igreja que nós achamos bonita por fora e por dentro. Criei umas pastas no Pinterest para o nosso grande dia. Eu estava até vendo como você ficaria lindo num terno azul marinho com margaridas no bolsinho. Imagino você com aquela barba, e o topete perfeito, aquele que me estressa por ser mais um detalhe tão lindo em um ser como você.
“Você não sabe, mas é o homem da minha vida. Infelizmente você não sabe. Eu demonstrava, mas nunca o disse isso. E você, além de dizer, demonstrava. Isso é só mais um detalhe que me faz ama-lo tanto. Acho que nunca serei tão grata pelo pouco tempo que tive com você, por ser sua namorada e noiva. Eu queria ser além, mas Deus fez o que achou certo e, de certa maneira, eu não o culpo. Quem não gostaria de ter um cara tão incrível quanto você por perto? Eu adoraria!”
Suspirei, beijando a aliança que ele usava.
- Brincadeiras a parte, obrigada por me fazer ser a mulher mais completa do mundo em tão pouco tempo. Nosso amor sempre será lembrado, e eu sei que nunca irei amar alguém tanto quanto eu amo você, . Obrigada por ser quem foi comigo, e por nunca desistir de nós dois, mesmo que fosse sua vontade em algum momento. Eu nunca poderei ser tão grata a tudo que construímos e que iríamos construir. Você mudou toda a minha vida, a minha história e a de todos que viveram ao seu lado. Eu espero que um dia alguém seja tão incrível quanto você foi. – falo, encarando a aliança em seu dedo. – Eu te amo. Até o nosso “felizes para sempre”.
E eu saio dali. Sra. me encarava como se quisesse se aproximar, e eu neguei, sorrindo abertamente.
- Por favor, doe os órgãos dele. – falo, brincando com a aliança em meu dedo. – É tudo o que eu peço.
E eu logo saio dali, indo para o lado de fora e chamando por um táxi, dando o endereço da casa de meus pais. Eu não aguentaria viver no apartamento que dividi com ele.
(...)
- Você está bem? – indaga quando eu volto do banheiro.
Três semanas se passaram desde a morte de . Os pais dele autorizaram a doação de seus órgãos, e o hospital já estava em busca de pessoas compatíveis.
Levantei minha mão, mostrando o objeto que estava entre meus dedos. Os olhos de se arregalaram e ela veio em minha direção, sorrindo abertamente.
- É verdade? – ela indaga e eu concordei, sentindo meu coração disparado. – Você só pode estar brincando!
- Não estou, . – falo e ela gargalha, me abraçando fortemente. – Eu não sei o que fazer.
- Ah, nós precisamos avisar as pessoas. – ela fala, me fazendo sorrir de lado.
- Pra que avisar? – indago e ela rolou os olhos.
- Porque as pessoas precisam saber que você está grávida de , o amor da sua vida. – ela diz, indo para o outro cômodo.
Enquanto ouvia falar no telefone, eu pensava em como estaria se soubesse daquilo. Seu maior sonho sempre foi ser pai, e, se ele soubesse de minha gravidez, provavelmente iria pirar, anunciando para toda a nossa família em minutos. Todos iriam saber daquilo rapidamente.
- É, o nosso amor não acaba nunca. – falo, encarando a aliança em meu dedo em seguida.
Desde que me tornei secretária dele, há cinco meses, não sei o que é descanso. Sr. Jones é um grande produtor musical, capaz de fazer as pessoas virarem contra você em alguns dos casos. Ele tinha influencia em qualquer área da vida, até mesmo naquela que ele nem sabia dominar. Todos o idolatravam, admiravam, cortejavam e, bom, puxavam seu saco. E ele gostava disso. Ele realmente gostava.
Sr. Jones era melhor amigo de meu pai, e me deu esse emprego logo após o meu noivado com Aquele dia, em especial, estava sendo esquisito. O trânsito de veículos e pessoas pela cidade estava reduzido, o que me fez pensar que era algum feriado ou algo do tipo. A cafeteria ao lado do estúdio estava fechada, alegando que estavam com algum problema técnico e que, no dia seguinte, retornariam a funcionar. Fui obrigada a dar uma volta no quarteirão para ir atrás de outra cafeteria.
havia saído mais cedo do que o normal, dizendo que voltaria mais cedo para podermos ver algumas coisas para o nosso casamento. Ele estava mais animado do que eu em alguns momentos, e isso fazia com que mamãe reclamasse em meu ouvido, pois ela dizia que eu não o amava da mesma maneira.
Mas é claro que eu o amo. E muito, por sinal.
A manhã foi rápida. Enquanto Sr. Jones visitava alguns estúdios e conhecia alguns aspirantes a cantores, eu sentia o meu coração apertado. Era uma sensação esquisita, que se estendeu até o horário do almoço, quando fui no restaurante para ver .
- Oi, meu amor! – ele fala assim que se senta ao meu lado, dando um beijo em minha bochecha. – Está tudo bem?
- Está! Você está bem? – indago, segurando sua mão com certa força, surpreendendo a ele e até mesmo a mim.
- Isso tudo é saudade? – ele indaga, sorrindo de lado. – Ok, o que você quer comer?
- Eu não sei. – falo, sentindo uma enorme vontade de chorar.
O que estava acontecendo comigo?
- Te fizeram algo hoje, ? – ele indaga, acariciando meu rosto. – Foi seu chefe?
- Não! Eu estou bem. Só não quero ficar sem você. – falo e ele sorri, me dando um selinho.
- Eu também não quero, mas tenho que trabalhar. Mas, ei, podemos marcar o casório logo depois de sairmos daqui, né? – ele indaga, me fazendo sorrir e concordar.
- Você tem certeza de que quer realmente isso? – indago e ele rolou os olhos.
- É tudo que eu mais quero na vida, . – ele fala, sorrindo e beijando minha testa. – Vou trazer o de sempre.
Concordei e ele logo sumiu do meu campo de visão, indo para a cozinha do estabelecimento. O restaurante estava parcialmente cheio, já que era horário de almoço de alguns, e não era muito visitado.
Depois de longos minutos de espera e algumas visitas a algumas pastas de casamento no Pinterest, meu noivo aparece novamente, colocando o meu pedido na mesa.
- Espero que você goste. – ele fala, colocando a taça de suco de laranja ao lado do meu prato.
- Se eu gostar, posso pessoalmente agradecer ao chefe? – indago, colocando o guardanapo em meu colo.
- Você pode agradecer mais tarde. – ele fala, mandando uma piscadela em seguida, me fazendo gargalhar baixinho, além de minhas bochechas corarem.
Logo ele caminha para a cozinha, me deixando sozinha pelo tempo restante de almoço. Respondi algumas mensagens de meu chefe, que dizia que eu poderia ser liberada um pouco mais cedo hoje, já que alguns clientes desmarcaram algumas visitas aos estúdios.
Aquele dia estava sendo absurdamente estranho. E estava longe de acabar.
Voltei para o escritório, resolvendo algumas outras papeladas, e logo fui dispensada.
- Vamos para uma loja de vestidos de noiva? – , minha melhor amiga que também trabalha comigo, indaga ao entrarmos no elevador.
- Você tem certeza? É um pouco cedo. – falo e ela rolou os olhos.
- Ele não disse que ia ver a data do casório? Então... – ela diz e eu dei de ombros. – Você tem dúvida de ama-lo?
- Não! Eu só não quero que ele se arrependa de estar comigo. – falo e ela bufou, sacudindo meus ombros.
- O cara te pediu em casamento e quer marcar o casório por conta própria, isso é a maior prova de que ele não quer perder mais tempo longe de você. – ela fala e eu dei um sorriso de lado.
As portas de metal se abriram e logo caminhamos para fora do elevador, em seguida saindo do prédio. Paramos numa loja de vestidos de noiva a alguns quarteirões dali, vendo alguns que eram bonitos, mas bem acima do meu orçamento.
- Só experimenta, ! – exclama, sentando-se na poltrona que ficava um pouco distante do provador.
- É, não vai fazer mal a ninguém. – a vendedora diz, sorrindo amigável para nós duas. – E então? Vai experimentar?
Suspirei, concordando com a cabeça e indo para o lado de dentro do provador. Tirei toda a minha roupa, e a vendedora me ajudou a entrar no modelo escolhido.
Saio do provador. conversava com algumas vendedoras, dispersa de que eu já havia saído do cubículo.
Quando ela me fitou, vejo um sorriso gigante surgir em seu rosto. A vendedora pegou um véu e colocou em minha cabeça, me ajudando a virar para o enorme espelho ao lado.
- Você está linda nele! – exclama, e as outras vendedoras ao redor concordaram.
Eu me imaginava indo encontrar o homem da minha vida com aquela roupa. Eu imaginava vê-lo e dizer “sim” com aquele vestido.
- Qual o valor dele? – indago, fazendo surgir um sorriso no rosto de minha melhor amiga.
- Ele está saindo por dois mildólares. – a vendedora diz, me fazendo sorrir de lado e ficar encarando meu reflexo por longos segundos.
- Eu vou levar. – falo, fazendo arregalar os olhos.
Enquanto eu trocava de roupa, eu sentia que meu coração poderia explodir a qualquer momento. Eu pensava em durante todo o tempo, sentindo meu peito apertado. Terminei de colocar a roupa e saio do provador, encontrando e a vendedora, que segurava meu vestido.
- Qual vai ser a forma de pagamento? – a vendedora indaga e eu peguei o cartão de crédito que estava em minha carteira. – Por sorte, a senhorita conseguiu 10% de desconto nele, então sairá mais barato.
- Qual vai ser a reação do ao saber que você comprou um vestido de noiva? – indaga enquanto caminhamos para o caixa.
- Não sei. – falo, dando de ombros em seguida.
Fiz todo o procedimento de compra, pegando a caixa gigantesca e rosa da mão de uma das vendedoras. Agradeci e logo nos despedimos, saindo da loja.
Peguei meu celular no bolso da calça jeans. Já passava das quatro da tarde, e deveria sair esse horário para nos encontrarmos e irmos para a igreja.
Liguei para seu número, que deu caixa postal.
- Vai ver ele desligou o celular. Ele tem mania de fazer isso. – fala e eu dei de ombros, encerrando a ligação pela terceira vez.
Caminhei até o metrô. iria guardar o vestido em seu apartamento, e eu buscaria amanhã antes de ir para casa.
Liguei mais uma vez, sentindo meu coração acelerado. Não era mania de desligar o telefone há bastante tempo.
- Alô? – indago assim que atendem. – ?
- Oi, quem é você?
Um homem indaga, e eu sinto minhas pernas tremerem.
- Eu sou a noiva dele. Quem é você? – indago, roendo a unha do dedo indicador.
- Eu sou o Carl, socorrista. É um prazer conhecê-la.
- Aconteceu algo? – indago, segurando no corrimão da escada que dava para o metrô.
- Teve um assalto no restaurante, não sei ao certo, e um dos bandidos ameaçou atirar numa criança. Seu noivo entrou na frente.
Aquilo fez meu corpo todo fraquejar, e a vontade de chorar veio à tona.
- Você pode vir vê-lo e, se possível, avisar a família?
- Claro! – exclamo, suspirando em seguida.
Carl passou o nome do hospital, encerrando a ligação em seguida.
Enquanto eu caminhava para pegar um táxi e ir o mais depressa possível, eu comuniquei aos pais de , assim como suas irmãs e, claro, seus amigos. Todos diziam que me encontrariam no hospital, e eu apenas concordava, sem forças para falar algo além disso.
O caminho foi depressa, e eu logo entrei no hospital. Falei o nome, esperando alguma notícia de . Nada. Agradeci, sentando numa das cadeiras e esperando alguém conhecido aparecer.
- Oi minha querida! – Sra. exclama ao me ver, me abraçando em seguida. – Oh, meu Deus!
- Ele vai sair dessa. – sussurro, tentando manter a calma naquele momento.
- Não te informaram nada? – Sr. indaga. Neguei com a cabeça, limpando as lágrimas que insistiam em cair.
Pouco a pouco, a sala de espera foi ficando cheia. Amigos de , suas irmãs e outros familiares apareciam, me cumprimentando e dizendo que ele iria sair daquela. E, de alguma forma, aquilo não me deixava tranquila.
As horas se passaram. Eu não sentia nada além de frio e sono. Jantei bem pouco há pouco tempo, e estava conversando com , tentando não pensar no pior da demora de alguma resposta sobre o quadro dele.
- Familiares de ? – um médico indaga ao entrar na sala de espera, me fazendo levantar, junto de seus pais e suas irmãs. – Vocês são os pais?
Sra. responde, apertando minha mão.
- Eu posso acompanhar? – indago assim que eles começam a caminhar. – Eu sou a noiva.
- Por favor, doutor. – Sr. diz. O médico concorda, e eu caminho junto dos mais velhos para o quarto onde meu noivo estava.
Tubos estavam ligados a ele. Um curativo enorme em sua cabeça mostrava onde a bala havia passado. Ele dormia, sereno, como se não sentisse nada.
- Ele está bem? – indago, ouvindo um suspiro. Sra. apertou minha mão com força. – Por favor, fala algo.
- O senhor teve morte cerebral, que é quando seus batimentos ainda são normais, porém, sem algum comando do cérebro, eles podem parar a qualquer momento. – o médico diz, e eu abraço minha sogra, que retribuiu. – Nós fizemos o possível e impossível, mas o tiro foi certeiro. Eu só preciso saber se vocês autorizam a doação de órgãos.
- Eu posso vê-lo? – indago, soltando-me da mulher. – Por favor?
O médico concorda, passando seu cartão na porta, fazendo a mesma se abrir. Agradeci, caminhando até a sua cama, passando a mão em seu rosto e seus braços, gelados o suficiente para que, se ele estivesse acordado, pudesse reclamar do frio. Ri fraco ao lembrar disso, sentando na poltrona que havia ali.
- . – começo, suspirando em seguida. – O que você tinha que fazer? Por que você tinha que ser a pessoa mais bondosa e caridosa do mundo? Não bastava ser lindo?
Suspirei, apertando sua mão.
- Eu comprei o meu vestido de noiva. Logo depois de sair daquele almoço. me ajudou a escolher. Ele é lindo. Acho que você iria gostar se o visse. – falo, acariciando a palma de sua mão com o polegar. – Eu estava esperando para irmos marcar nosso casório. Iria ser naquela igreja que nós achamos bonita por fora e por dentro. Criei umas pastas no Pinterest para o nosso grande dia. Eu estava até vendo como você ficaria lindo num terno azul marinho com margaridas no bolsinho. Imagino você com aquela barba, e o topete perfeito, aquele que me estressa por ser mais um detalhe tão lindo em um ser como você.
“Você não sabe, mas é o homem da minha vida. Infelizmente você não sabe. Eu demonstrava, mas nunca o disse isso. E você, além de dizer, demonstrava. Isso é só mais um detalhe que me faz ama-lo tanto. Acho que nunca serei tão grata pelo pouco tempo que tive com você, por ser sua namorada e noiva. Eu queria ser além, mas Deus fez o que achou certo e, de certa maneira, eu não o culpo. Quem não gostaria de ter um cara tão incrível quanto você por perto? Eu adoraria!”
Suspirei, beijando a aliança que ele usava.
- Brincadeiras a parte, obrigada por me fazer ser a mulher mais completa do mundo em tão pouco tempo. Nosso amor sempre será lembrado, e eu sei que nunca irei amar alguém tanto quanto eu amo você, . Obrigada por ser quem foi comigo, e por nunca desistir de nós dois, mesmo que fosse sua vontade em algum momento. Eu nunca poderei ser tão grata a tudo que construímos e que iríamos construir. Você mudou toda a minha vida, a minha história e a de todos que viveram ao seu lado. Eu espero que um dia alguém seja tão incrível quanto você foi. – falo, encarando a aliança em seu dedo. – Eu te amo. Até o nosso “felizes para sempre”.
E eu saio dali. Sra. me encarava como se quisesse se aproximar, e eu neguei, sorrindo abertamente.
- Por favor, doe os órgãos dele. – falo, brincando com a aliança em meu dedo. – É tudo o que eu peço.
E eu logo saio dali, indo para o lado de fora e chamando por um táxi, dando o endereço da casa de meus pais. Eu não aguentaria viver no apartamento que dividi com ele.
- Você está bem? – indaga quando eu volto do banheiro.
Três semanas se passaram desde a morte de . Os pais dele autorizaram a doação de seus órgãos, e o hospital já estava em busca de pessoas compatíveis.
Levantei minha mão, mostrando o objeto que estava entre meus dedos. Os olhos de se arregalaram e ela veio em minha direção, sorrindo abertamente.
- É verdade? – ela indaga e eu concordei, sentindo meu coração disparado. – Você só pode estar brincando!
- Não estou, . – falo e ela gargalha, me abraçando fortemente. – Eu não sei o que fazer.
- Ah, nós precisamos avisar as pessoas. – ela fala, me fazendo sorrir de lado.
- Pra que avisar? – indago e ela rolou os olhos.
- Porque as pessoas precisam saber que você está grávida de , o amor da sua vida. – ela diz, indo para o outro cômodo.
Enquanto ouvia falar no telefone, eu pensava em como estaria se soubesse daquilo. Seu maior sonho sempre foi ser pai, e, se ele soubesse de minha gravidez, provavelmente iria pirar, anunciando para toda a nossa família em minutos. Todos iriam saber daquilo rapidamente.
- É, o nosso amor não acaba nunca. – falo, encarando a aliança em meu dedo em seguida.