Última atualização: 30/07/2018

Capítulo Único


Enquanto eu caminhava nos corredores da Abbey, os alunos me encaravam. Alguns riam, outros tinham olhares de pena. Poucos fingiam que não se importavam, cochichando entre seus amigos algo do tipo “Ela mereceu, essa vadia”.
Era assim que eu era vista. Uma vadia. Eu era vista como a vadia do colégio, apenas por sair com o capitão do time de futebol americano. Apenas por me dedicar minha vida para que desse certo, e para que ele gostasse de mim da mesma maneira que eu gostava dele.
Ninguém se importava com as traições de sua parte. Ninguém se importava com os apelidos mais ridículos que ele me intitulava entre seus amigos. Todos só sabiam dizer que eu mereço. E, de certa forma, eu até concordava com eles.
Eu e nos conhecemos quando tínhamos dez anos. Seu pai é contador de papai, cuida das finanças do hospital e de cada pequeno detalhe financeiro de sua vida. Ele é o braço direito da família.
No início, éramos grandes amigos. Passávamos todas as aulas juntos, até nossos almoços dividíamos.
Quando completamos treze anos, ele me pediu em namoro. Eu, totalmente apaixonada, aceitei. E, bom, eu gostava daquilo.
Com o tempo, conquistamos a escola. Como eu era filha de um médico famoso e ele filho de uma apresentadora de TV, éramos invejados por todos nos corredores daquele colégio.
Eu era traída. Eu sabia que ele ficava com outras garotas, mas nada fazia. Não impedia, não reclamava, não questionava, nem mesmo terminava. Apenas obedecia e ia atrás dele quando precisava de mim. Eu era seu capacho, servia para seus caprichos e necessidades, mas nem por isso as pessoas sentiam pena. Muito pelo contrário.
E agora, além de toda minha dignidade, eu quero vingança. Não contra a garota, mas sim contra ele.
Ele vai sofrer. Ele vai se arrepender de ter mexido comigo. Ele vai se arrepender de ter me magoado e quebrado meu coração em míseros pedaços, como um vidro.
Vocês devem estar pensando, eu deveria estar em casa, chorando e entupindo-me de sorvete, certo?
ERRADO! Eu estava aqui para mostrar que, apesar de tudo, eu ainda era forte. Mesmo que fosse somente de fachada.
? – ouço alguém indagar e eu viro meu rosto, encontrando , a garota que estava saindo com o . – É, oi!
– Oi. – falo, sorrindo em seguida. – Você precisa de ajuda?
Eu e éramos diferentes em alguns aspectos. Atuávamos em diferentes áreas: eu era líder de torcida, ela era da banda. Eu participo do corpo estudantil, enquanto ela cuida do jornal da escola e da rádio.
– Na verdade, sim. Sinto muito por você e o . – ela disse, sorrindo de lado em seguida.
– Tudo bem, ele está feliz com você, não está? Isso que importa! – falo, segurando suas mãos. – Agora, eu preciso ir. Você irá ajudar na arrumação do baile?
Ela concorda com a cabeça. Sorri amigável, acenando com uma das mãos e caminhando depressa para a cantina, onde minhas duas melhores amigas, e , estavam sentadas numa mesa conversando animadamente sobre alguma coisa.
– O que houve? – indaga assim que me sento ao seu lado, pegando uma das batatas fritas que ela comia.
– Eu acabei de encontrar com . – falo, suspirando em seguida.
– Você precisa de um encontro. – diz, colocando seu suco na bandeja de . – E eu vou arrumar um para você.
... – começo, e logo ela bufa, olhando em minha direção. – Você sabe que não...
– Não está preparada? Para, . Você é maravilhosa, e qualquer cara aqui faria de tudo para sair com você. – ela fala, sorrindo e segurando minha mão por cima da mesa. – Você tem que se dar uma oportunidade de ser feliz e esquecer o que fez com você. Ele não a merece. Nunca mereceu, na verdade.
– Ah, tudo bem. E quem vai ser? – indago a ela, que sorriu animada e bateu palmas.
– Surpresa. – ela fala, arrancando uma gargalhada escandalosa de . – Não estou brincando.
– Você não pode fazer isso. – falo, e ela deu de ombros, pegando o celular no bolso do blazer do uniforme escolar. – Você vai mesmo fazer isso?
– Claro! – ela exclama, e logo o sinal toca, avisando que o almoço havia acabado. – , você vem comigo?
– Qual a aula de agora? – indaga enquanto pega sua bolsa no banco.
– Geometria. – diz, fazendo careta logo depois. – Sra. Geller não suporta atrasos. E você sabe disso.
Logo as duas foram rumo à aula de Geometria, e eu ia para a aula extra de Trigonometria, já que essa matéria não é o meu forte.
Enquanto o professor explicava a matéria, eu revezava entre deveres e em quem seria o meu date da noite. Poderia ser alguém do time de futebol, mas também pode ser alguém de algum outro grupo. era conhecida no colégio, e, por mais que eu também fosse, meu grupo de amizades era bem fechado, concentrado apenas nas minhas duas melhores amigas.
Quando o sinal tocou, eu fechei meu livro, pegando minhas anotações e caminhando para fora da sala de aula, encontrando no corredor, junto de alguns garotos do time de futebol.
– Eu já consegui alguém para o seu encontro! – ela exclama, batendo palmas em seguida.
– Por favor, não me diz que é o Troy. – falo e ela faz uma careta, negando com a cabeça em seguida.
Troy era o pior dos jogadores que habitavam o Abbey. Ele era conhecido por ser o mais galinha, mas ele conseguia ser pior que isso. Ele e eram melhores amigos e se davam bem até demais, mesmo que, durante nosso relacionamento conturbado, eu sempre deixei claro que eu não o suportava.
– É uma surpresa, mas eu não escolheria Troy. – ela fala, e eu suspiro aliviada. – Podemos ir embora?
Concordei, e passamos pela sala, onde conversava com um dos garotos que era bom em Geometria, tirando algumas duvidas da matéria que tiveram hoje. Caminhamos para o estacionamento do colégio, entrando no carro de .
– Precisamos arrumar você para mais tarde! – diz ao sentar-se no banco traseiro.
– Ok, mas para onde iremos? – indago enquanto coloco o cinto de segurança, alternando meu olhar entre minhas amigas.
– Ei, deixa isso com a gente. Você só vai saber quando chegar lá. – diz, colocando seu cinto de segurança e dando partida no carro. – Meninas, eu recebi um convite.
– De quem? – indaga, parando de digitar algo em seu celular.
– Do . – diz, suspirando em seguida.
era um dos garotos que, por mais absurdo que seja, não se encaixava em nada no nosso círculo social. Como éramos líderes de torcida, era quase óbvio que andaríamos com pessoal do time ou os populares, mas era fundador do clube de Matemática. Ele era um dos melhores alunos do Abbey, e todos ali sentiam orgulho dele e das conquistas que ele trouxe para nosso colégio. Ele era um gênio dos números, e foi minha fonte de colas durante todo o primeiro e segundo ano do Ensino Médio.
o adorava. Gostava do jeito peculiar dele e, principalmente, de como ele não era um dos caras do futebol com quem ela tanto estava acostumada. Quase todos os dias, eles conversavam nas aulas, e ele sempre perguntava como ela estava e, vez ou outra, explicava algo para ela, que, numa pequena parte das vezes, não entendia, mas adorava ouvir como ele explicava tão bem.
– Você aceitou? – indago com os olhos arregalados, e ela concorda. – Ainda bem!
– Vocês ainda podem namorar. – diz, fazendo gargalhar.
– Não sei se você sabe, mas Harvard é longe demais para mim. – diz, virando numa rua que dava de entrada para o condomínio que morava.
– Não. Você sabe que tem uma remota chance de conseguir entrar. – falo e ela dá de ombros. – Para de ser pessimista. Vocês irão para Harvard juntos.
– E pelo menos você recebeu um pedido para o baile. O não me pediu nada. – fala, soltando um muxoxo.
e saiam juntos desde que entramos para o Ensino Médio. Ele era do time, mas era reserva e raramente jogava, o que não atraía muito a atenção das garotas. Menos de minha melhor amiga, que adorava seus olhos e o sorriso dele.
– Ele vai te chamar, tenha certeza disso. – falo, e ela sorri de lado. – Se não, poderemos ir juntas.
– É o fim da minha vida ir com você para o baile, . Desculpe. – diz, fazendo-me gargalhar.
– Por quê? – indago e ela deu de ombros, guardando seu celular na mochila.
– Porque você vai arrumar um convite durante esses vinte e um dias que faltam. – diz, desligando o carro em seguida.
Saímos do automóvel, e ela trancou tudo, acionando o alarme em seguida. Entramos em sua casa, que era praticamente uma mansão. Os pais de eram engenheiros e tinham uma empresa multinacional, e eles eram bem conhecidos.
, você deixou seu capacete aqui na sala de novo! – grita ao colocar sua mochila no sofá de dois lugares.
era o irmão gêmeo de . Ele era jogador do time, o segundo favorito, depois de meu antigo namorado. Eles se toleravam, mesmo eu sabendo que o detestava com todas as forças.
– Você quer que eu apareça pelado na frente das suas amigas? – ele grita do alto da escada.
– Ah, você é um nojento! – ela exclama, pegando o capacete e caminhando para o andar de cima.
– Quanto amor, não acha? – indago a , que gargalhou baixo.
Sentei no chão, concentrada demais no meu Pinterest com ideias para o baile de formatura.
– Ok, você não veio aqui para resolver assuntos do nosso baile. – diz, pegando o celular de minha mão. – Precisamos começar a te arrumar.
, é sério, o comitê está totalmente bagunçado e atrasado. – falo, recebendo um olhar sério de minha melhor amiga. Fiquei calada, subindo as escadas e indo para o quarto de minha melhor amiga.
Enquanto elas me arrumavam, conversávamos sobre os diversos assuntos, poucas vezes tocando no assunto do baile e na minha falta de companhia para o mesmo. Não que eu me importe, mas as pessoas esperavam que eu fosse com alguém para o evento, mas eu não fazia ideia de quem eu poderia levar.
Quando elas finalizam, eu me olho no espelho. A maquiagem estava perfeita, e meu inseparável batom vermelho completava todo o look. Peguei a bolsa em cima da cama, olhando para as duas, que sorriam orgulhosas para mim.
– Você vai arrasar! – fala, fazendo-me sorrir de lado, colocando os saltos e caminhando com ela para o andar de baixo, enquanto ia arrumar algumas coisas para ir embora.
Chego ao andar de baixo, encontrando jogando seu videogame. Ele também estava arrumado, e eu me perguntava para onde ele iria, mesmo que não fosse da minha conta. Sento ao seu lado, mantendo uma distância considerável do rapaz, enquanto mexia no celular, esperando o tempo passar e ir para o encontro, o mesmo no qual não faço ideia de quem seja minha companhia.
, ... – fala, parando em frente à TV, fazendo o garoto ao meu lado bufar. – Eu fiz a reserva de vocês no Nobu, área externa.
Eu arqueei uma sobrancelha, enquanto intercalava seu olhar entre mim e sua irmã, mais confuso do que eu.
– Espero que aproveitem o encontro. – diz, mandando um beijo no ar e correndo para a cozinha.
– Como que você fez isso? – indago ao me levantar, seguindo-a para o outro cômodo, e logo veio ao meu encalço.
– Eu usei o nosso sobrenome. Ele influencia bastante, sabia? – indaga, pegando um pacote de Doritos no armário da cozinha. – E vocês vão gostar. Ou não. Mas eu aposto na primeira opção.
– Você tem algum problema? – indaga, suspirando em seguida. – O que você acha?
– Eu acho uma loucura. – falo, dando de ombros em seguida.
– Eu acho que você vai ficar bem. E você também, irmãozinho. – diz, abrindo o pacote em seguida. – E, de verdade, vocês precisam sair. , você não tem companhia para o baile, quer vingança. O que poderia ser melhor do que vocês dois juntos? vai detestar a ideia!
– Ok, nós vamos. – fala, levantando seu braço, e eu o encarei por alguns segundos.
Ele ficou parado, e eu suspirei, entrelaçando meu braço no seu, caminhando com ele para o lado de fora da mansão.
Entramos no carro e o caminho foi silencioso, apenas com o barulho do ar condicionado ecoando pelo automóvel. Chegamos ao Nobu, um restaurante chique de Malibu, onde minha melhor amiga fez a reserva para essa noite.
Saímos do carro, e deu a chave para o manobrista, enquanto segurava em minha mão, caminhando para a pequena fila formada ao lado de fora do estabelecimento.
– Nunca estive nesse restaurante. – falo, tentando puxar um assunto, rindo fraco em seguida.
– Somos dois. – ele fala, sorrindo de lado em seguida. Um sorriso que, secretamente, julguei ser bastante bonito. – Uma reserva no sobrenome .
A recepcionista pegou o tablet, passando o dedo sobre a tela e procurando por aquela reserva. Soltei um suspiro aliviado quando ela sorriu, levantando a cordinha e chamando por alguém.
– Mostre a mesa deles, por favor. – ela fala e o rapaz a nossa frente assente. – Espero que tenham uma boa noite.
E logo seguimos o rapaz, indo para o lado de fora do restaurante, parando em frente a uma mesa. puxou a cadeira para mim, e eu sorri agradecida, sentando-me. Ele se sentou à minha frente.
– Espero que gostem da noite e da vista. – o rapaz fala, sorrindo cordial e saindo de perto da nossa mesa.
Olhei para o lado, vendo o mar e ouvindo o barulho do mesmo, sorrindo de lado, antes de olhar para o rapaz a minha frente, que permanecia concentrado em seu celular.
– Ok, nós precisamos conversar. – falo, atraindo seu olhar. – Podemos?
Ele concorda, colocando o celular no bolso da calça que usava.
– Você precisa da minha ajuda. – ele fala, e eu arqueio uma sobrancelha. – Com o , certo?
– Você não precisa me ajudar se não quiser. – falo, dando de ombros em seguida.
– ‘Tá brincando? É claro que eu quero. É o , . Você sabe que eu e ele não nos damos bem. – ele fala, gargalhando em seguida. – Mas eu também preciso de uma ajuda.
– E qual seria? – indago, colocando minha mão sobre a mesa, deixando o guardanapo em minhas pernas.
– Tem uma garota... Ela está no meu pé. E eu já disse um milhão de vezes que eu não quero ir ao baile com ela. Até que hoje eu soltei que tinha uma acompanhante. – ele fala, e eu arregalo meus olhos. – Eu não falei que era você, nem citei nomes, na verdade. Mas é que eu preciso de uma acompanhante para o baile.
– E eu preciso fazer rastejar por mim até o baile. – falo, e logo o garçom coloca água em nossas taças, sumindo de nossa vista em seguida. – O que iremos fazer?
– Já sei! Que tal fingirmos ser um casal? – indaga, e eu suspiro mais uma vez. – É só até o baile. Depois disso, poderemos seguir nossas vidas.
– Como que eu vou fazer as pessoas acreditarem que estamos juntos se eu terminei esse final de semana com o ? – indago a ele, que suspirou, ficando pensativo por alguns segundos.
– Eu tenho uma ideia, mas não sei se você vai aceitar. – fala, sorrindo de lado. – E que tal inventarmos um rumor de que, na verdade, você o traía?
– Isso irá acabar com a minha vida no colégio. E toda a minha reputação. – falo e ele bufa.
, nós precisamos fazer isso dar certo. E o que tem de mais? – ele indaga, bebendo um pouco da água.
, se um homem trai sua namorada, as pessoas toleram. Mas, uma mulher, mesmo que seja um rumor, é praticamente apedrejada. – falo e ele concorda. – A gente pode ao menos fingir estarmos nos conhecendo.
– O que você achar melhor. Eu só quero poder ter companhia para ir ao baile de formatura. – ele fala, fazendo-me rir baixo. – O que iremos comer?
– Você não quer ir para um lugar mais barato? A minha mesada não consegue chegar à metade de um desses pratos. – falo, examinando o cardápio.
– E você acha que a iria deixar você pagar algo? – ele indaga, levantando a carteira, mostrando o cartão sem limites do pai dele. – Ela realmente pensou em tudo!
– Será que ela sabe que não daremos certo juntos? – indago, gargalhando em seguida.
– Bom, pelo menos é o que ela espera. E nós dois também. – ele fala, mandando uma piscadela para mim, e eu senti minhas bochechas esquentarem.
É. Aquela noite seria longa demais.

(...)

:
Estou indo te buscar hoje.

Acordo com a mensagem de . A nossa noite de ontem foi exatamente da maneira que eu imaginei: conversamos por horas, e ele me deixou em casa. Por mais estranho que fosse, era um cara divertido e totalmente diferente do que eu imaginei.
: Pelo menos você pode trazer as minhas coisas? Ficaram na sua casa.
: Já estão no banco do carona. Estou a caminho.
: Não se atrase.
: Quanto mais cedo você chegar, mais rápido eu me arrumo.

E logo ele parou de me enviar mensagens, permitindo-me tomar um banho rápido, além de arrumar meu cabelo, que parecia não querer colaborar comigo naquela manhã.
Ouço a buzina do carro dele e logo desço as escadas, abrindo a porta de entrada em seguida, caminhando até o automóvel.
– Bom dia, . E obrigada. – falo, pegando a mochila do banco do carona. – Dez minutos?
– Quinze. – ele fala, sorrindo de lado e colocando seus óculos de sol aviador.
Concordei, correndo novamente para minha casa, indo para meu quarto me arrumar. Rezei para que ele estivesse com o casaco do time no carro, pois minha blusa estava na pior das condições.
– Quem é naquele carro? – mamãe indaga, parada na porta, dando-me um susto.
– É alguém, mamãe. – falo, sorrindo de lado em seguida.
– É alguém especial? – ela indaga e eu nego, colocando meu sutiã, virando-me de costas para que ela me ajudasse. – Eu posso saber quem é o dono daquela Range Rover?
– É o irmão da . – falo e ela arregala os olhos. – Estamos apenas nos conhecendo, tá? Não é nada demais.
– Ele é bem bonito. Tirou a sorte grande. – ela fala, fazendo-me gargalhar e rolar os olhos, terminando de calçar meus tênis.
Mamãe e papai eram divorciados desde que me entendo por gente. Mamãe ficou com a minha guarda, enquanto papai ficava com a de Trevor, meu irmão mais velho. Éramos melhores amigas, e ela sabia de cada passo que eu dava na minha vida. Mamãe trabalhava como corretora de imóveis, enquanto meu pai cuidava do hospital junto de meu irmão.
Desço as escadas com pressa, pegando duas maçãs na fruteira e indo para o lado de fora da casa. Corro até o carro, sentando no banco do carona e colocando o cinto de segurança.
– Você é bem pontual, . – ele fala, dando a partida no carro em seguida.
– Descendência britânica. – falo, arrancando uma gargalhada sua. – Você quer?
– Aceito. – ele fala, pegando de minha mão e dando uma mordida. – O que acha de surpreender ao colégio chegando com um dos garotos mais gatos de lá?
– E quem seria ele? – indago, e ele me olha fingindo estar bravo. – O que você acha de chegar com a capitã das líderes de torcida?
– Acho ótimo. Ainda mais quando ela tem um ex-namorado chamado . – ele fala, fazendo-me rir, batendo em seu ombro em seguida.
Não demorou muito para que o gramado impecável e o prédio antigo da Abbey entrassem em meu campo de visão. estacionou na sua vaga de sempre, que era até reservada para ele.
– Está preparada para dar o que falar para eles? – ele indaga próximo demais de meu rosto, fazendo-me afastar mais que depressa.
Concordei com a cabeça.
– Mas, antes... – falo, segurando seu braço. – Me dá sua jaqueta do time?
– Por quê? – ele indaga, arqueando uma das sobrancelhas.
– Meu uniforme está todo amarrotado. – falo e ele dá de ombros. – Por favor, ...
Ele pensou por alguns segundos, bufando e pegando a jaqueta no banco traseiro, entregando-me.
Como o esperado, ficou o dobro do meu tamanho, mas não deixava de ser confortável – e cheirosa. destranca o carro, pegando minha mochila no chão e colocando em um de seus ombros, dando a volta no carro e abrindo a porta para mim.
Os olhares surpresos ao ver-me abraçada ao segundo melhor jogador foram a parte mais divertida da manhã, além de todo o burburinho que havia ao nosso redor. Bingo!
cumprimentou com um aceno seus colegas de equipe, apertando-me ainda mais contra seu corpo. Cruzamos o portão de ferro do colégio, caminhando quase em marcha lenta pelo pátio, que estava tão lotado quanto o lado de fora.
– Irei falar ali com o pessoal. – ele fala, apontando para seu grupo de amigos, que conversavam entre si e não prestavam atenção em nós dois. – Tudo bem?
– Irei falar com a sua irmã. – falo e ele assente, beijando minha testa em seguida, correndo para perto de seu grupo.
Conforme eu me aproximava da cantina, sentia os olhares curiosos de todos em minha direção, mais precisamente na jaqueta que eu utilizava.
– Bom dia. – falo ao sentar ao lado de , que permanecia imóvel, encarando-me com os olhos arregalados. – O que houve?
– Ok, o que aconteceu entre vocês dois? – indaga, olhando para a jaqueta que estava ao redor de meus ombros. – Ele saiu de casa cedo. Ele não me esperou! Eu tive que vir de táxi.
– Quem vem de táxi para a escola, ? – indaga, arrancando uma risada minha. – Mas esse não é o ponto da conversa. Pode nos contar?
– Vocês logo irão descobrir. – falo, mandando uma piscadela para as duas, que deram de ombros.
– Minha melhor amiga está saindo com meu irmão gêmeo. Isso é nojento. – diz, fazendo-me gargalhar.
Ficamos ali por alguns minutos, e logo o sinal anuncia o início das aulas do dia. Eu fui para a aula de Literatura, enquanto ia para a de Química, e ia para a de História.
Entro na sala, sentando na minha carteira de sempre. Depois de alguns minutos, aparece. Ele sorriu para mim, parando na carteira ao meu lado e falando algo com a garota que estava ali. A mesma se levantou, indo para uma carteira ao fundo, e ele se sentou ali.
– Quer dizer que você vai se sentar na frente? – indago, sorrindo para ele.
– Tudo para ficar perto da minha garota. – ele diz, e eu sinto meu coração dar uma leve acelerada.
Ok, ele estava jogando muito bem.
Pouco tempo depois, aparece na porta. Ele nos fitou com a sobrancelha arqueada, caminhando para a parte de trás da sala, o lugar no qual ele sempre ficava.
A professora de Literatura entrou, e logo a aula começou. Durante todo o momento, me importunava, cutucando minha cintura e fazendo cócegas, fazendo-me rir algumas vezes.
– Você pode parar? – indago e ele riu, assentindo. – Você não vai fazer nada?
– Já fiz. – ele fala, dando de ombros em seguida. – Eu não sou dessa aula.
– E por que está aqui? – indago, arqueando uma das sobrancelhas.
– Para aquele tipo de olhar que recebemos assim que seu ex-namorado chegou. – ele sussurra, fazendo-me sorrir. – Além de que, por favor, eu sou um dos melhores alunos do Abbey. Só perco para o .
– Ok, mister humildade. – falo e ele gargalha, virando-se para o lado, encarando-me por longos minutos. – O que foi?
– Nada. – ele fala, sorrindo de lado. – Você é tão tímida assim?
– Só quando ficam encarando-me! – falo, fazendo cara de brava para ele, que riu.
Logo o sinal do fim da aula tocou, e fomos para o lado de fora. Ele iria para Educação Física, e eu iria para Biologia, junto de e .
– Vejo você no almoço? – ele indaga, parado na porta do laboratório de biologia.
– Você está realmente fazendo isso para valer. – sussurro, ele gargalha em seguida.
– Eu sou um ator profissional. – ele fala. – E depois da aula?
– Estarei ajudando no baile. – falo e ele rola os olhos.
– Então eu também estarei lá. – ele fala, afastando-se de mim, fazendo-me rir e entrar na sala.
– Você e meu irmão mal começaram com tudo isso, e as pessoas já estão invejando. – diz, fazendo-me rolar os olhos. – Já sei que vocês serão indicados a rei e rainha do baile.
– Ok, depois nós falamos sobre isso. – falo e elas concordam.
As aulas se passaram rapidamente, e logo estava eu indo para a fila do refeitório pegar meu almoço. Assim que pego, vou para a mesa de sempre, encontrando e .
– Você acha que eu devo ir com qual vestido, ? – indaga, mostrando dois modelos diferentes. – O primeiro é Alexander McQueen, o segundo é Versace.
– Só você para usar vestidos caríssimos num evento colegial. – falo, comendo uma cenoura da minha salada.
– Olá, pessoal. Olá, maninha. – fala, colocando sua mochila no chão e sua bandeja sobre a mesa, sentando-se ao meu lado.
– O que você faz aqui? A mesa dos seus amigos é ali. – fala, apontando para um grupinho não tão distante de nós, onde estavam os jogadores e algumas líderes de torcida.
– E a da minha namorada é aqui. Algum problema? – ele indaga.
Assim que ele finaliza a frase, eu cuspo todo meu suco, molhando parcialmente seu rosto e uma parte da mesa. se levantou, vindo em minha direção.
– Namorada? – indago com os olhos arregalados. – Nós somos namorados?
– Bom, não ainda. – ele fala, dando de ombros em seguida.
– Ok, vocês são estranhos. – diz, voltando a conversar com sobre o seu vestido para a formatura.
– Quem vai te levar ao baile? – indaga para . – É o idiota do ?
– Não fala assim dele. – ela fala, rolando os olhos em seguida.
– Cara, ele me perturbou MUITO para poder ir contigo. – ele fala, gargalhando em seguida.
– Quem perturbou? – , um dos amigos de , indaga ao se aproximar da mesa, junto de sua namorada.
– O . Cadê ele? – indaga, olhando ao redor, levantando sua mão e acenando para alguém.
– Fala aí, galera. – fala ao sentar-se ao lado de , que quase desmaiou ali mesmo. – Oi, .
– Oi, . – ela fala, sorrindo envergonhada, arrancando uma risada baixa minha. – Ok, vou lá pegar o meu almoço.
– Eu vou com você. – fala, levantando-se em seguida.
– Mas, , você acabou de almoçar. – fala, e o amigo quase o fuzila com o olhar.
– E aí, gente. – fala, assim como , sentando-se nos lugares que restavam.
– Essa mesa nunca esteve tão cheia assim. – fala, comendo uma batata frita. – Será de bom grado vocês lá, ajudando-nos com a ornamentação do baile.
– Mas ainda faltam três semanas. – fala, fazendo uma careta em seguida. – É muito tempo, não acham?
– Não, está atrasado por causa das competições! – fala. – Precisamos de toda ajuda possível.
– Você vem? – indago para , fazendo minha melhor cara possível. Ele sorriu, assentindo. E naquele momento eu não sabia se seu sorriso era por chacota ou por gostar de minha cara. – Ah, que ótimo!
Almoçamos conversando e, assim que o sinal tocou, fomos para a quadra, onde seria o baile.
– O que temos que fazer? – fala ao arregaçar as mangas da camisa social do colégio.
– Devemos fazer alguns cartazes para divulgação do baile. – falo, pegando alguns pincéis de dentro de uma maleta antiga. – Vocês trouxeram uma muda de roupa?
– Eu fico sem camisa! – exclama, abrindo as duas primeiras casas de botões, fazendo-me corar violentamente. – O que foi ?
– Você realmente quer ficar sem camisa? – indago, sorrindo de lado.
– Qual o problema? – indaga com uma sobrancelha arqueada.
– Nenhum, maninha. Eu só esqueci de pegar uma camisa. – fala, fechando a camisa novamente e encarando-me.
Estávamos fazendo os cartazes. Éramos cinco duplas, e eu, automaticamente, tive que ficar com o .
Estávamos terminando um quando as portas da quadra se abrem, e aparece no campo de visão de todos ali.
E, logo atrás, vinha , que mexia em seu telefone celular.
– Oh, hoje está cheio! – exclama, sorrindo em seguida. – Oi, pessoal.
Todos a cumprimentaram com um aceno. Ela colocou a mochila na arquibancada, pegando um cartaz que estava no canto da quadra.
estava nos encarando. E, naquela hora, eu sabia que deveria fazer algo.
estava na minha frente, concentrado demais em pintar as letras de rosa e não sair da linha. Aproximei meu rosto do dele, que me olhou rapidamente, dando um sorriso.
– Você fica bonito concentrado assim. – falo, sabendo que meu ex-namorado escutava.
– Eu preciso citar todas as vezes que você fica bonita? – ele indaga, mexendo suas sobrancelhas para cima e para baixo. – Porque eu levaria um dia inteiro.
Rolei os olhos, gargalhando baixo e dando um beijo em sua bochecha, voltando para minha posição inicial, retornando a fazer as letras para os cartazes.
Ficamos ali por horas. não deixava de demonstrar seu descontentamento com minha aproximação de , que ocorreu diversas vezes durante as horas que ficamos por ali.
, vamos? – indaga assim que paramos na porta do colégio.
, você pode levar minha irmã para casa? – indaga, e logo seu melhor amigo concorda, segurando na mão de minha melhor amiga. – Toma cuidado com ela!
– Você tem algo para fazer? – indago quando todos estão indo para o carro.
– Vamos comigo. Eu te levo em casa. – ele fala, pegando minha mochila e colocando pendurada em seu ombro.
reclamou que você a deixou em casa hoje. – falo enquanto entro em seu carro, colocando o cinto de segurança.
– Era só para aparecermos em grande estilo. – ele fala, fazendo-me gargalhar. – Está com fome?
– Muita, mas eu vou para casa antes que mamãe chegue. – falo, digitando algo em meu celular.
– Eu ia te levar para tomar um sorvete, mas tudo bem. – ele fala, dando de ombros em seguida.
– Deixamos para outro dia. Não precisa gastar tanto dinheiro comigo, . Ainda temos longas três semanas juntos. – falo, arrancando uma risada dele.
Não demorou muito para que ele parasse na porta de minha casa. Descemos do carro e eu tirei a jaqueta, colocando em seu ombro, e ele negou, colocando em cima de meu braço.
– Pode ficar. Vai precisar durante essas três semanas. – ele fala, mandando uma piscadela em seguida.
– Obrigada pela carona, . A gente se vê amanhã? – indago e ele concorda, beijando minha bochecha e indo em direção à escada que dava para o quintal.
A porta se abre, e mamãe aparece em meu campo de visão.
, quer ficar para jantar? – ela indaga, e eu sinto que minhas bochechas poderiam ser usadas para cozinhar algo. – Por favor, não faça desfeita.
– Obrigado, Sra. . – ele fala, e ela bufou. – Mas eu vou acabar incomodando.
– Não mesmo. Só jantamos nós duas, e eu quero conhecê-lo. – ela fala, e eu arregalo os olhos, olhando para o rapaz a minha frente. – Por favor, aceite.
Ele suspirou e concordou, subindo as escadas novamente e parando ao meu lado.
Entramos em casa, e eu coloquei nossas mochilas no sofá pequeno, deixando junto a sua jaqueta e o blazer que ele utilizava que era parte do uniforme.
Caminhamos para a cozinha, e ele se sentou numa das banquetas que ficavam junto da bancada.
– Você é irmão da , né? – mamãe indaga enquanto mexe na panela.
– Sim, Sra. . – ele fala, olhando para mim em seguida. – Ela que nos apresentou.
– Olha, ainda bem. Eu não gostava daquele . – mamãe fala, arrancando uma risada baixa de . – Eu não sabia o que via nele.
– Podemos deixar isso de lado? – indago, tentando mudar de assunto, enquanto se divertia com o que mamãe dizia.
– Tudo bem, . Não tem problema nisso. – fala, e eu me aproximo dele, apoiando meu braço em seu ombro, ficando ali durante toda a conversa dos dois.
– Você chegou cedo. – falo enquanto mamãe arruma a mesa, já que estava no banheiro lavando as mãos. – Não me diz que...
– Eu tinha que conhecê-lo pessoalmente, ! – ela resmunga, fazendo-me rolar os olhos. – E ele parece ser bem melhor do que o . Você tem que dar uma chance para ele.
– Mamãe! – exclamo, sentando numa cadeira em seguida.
apareceu passando as mãos na calça social que usava. Ele se sentou ao meu lado, segurando minha mão e sorrindo em seguida.
– Não lembro de ver você toda vez que ia na casa de seus pais buscar ou deixar . – mamãe fala, colocando a macarronada no prato de .
– Eu deveria estar na casa de alguns amigos. Não gostava muito de ficar perto da minha irmã e das amigas dela na infância. – fala, pegando o prato em seguida. – Ou eu estava dentro de meu quarto.
– Você o viu no aniversário de dez anos da , mamãe. Ele que derrubou bolo no Trevor, lembra? – indago e minha mãe concorda, gargalhando alto em seguida. – Meu irmão te odeia desde essa festa.
– Foi um acidente. E eu não sabia que era seu irmão. – ele fala, encarando-me por longo tempo.
– Se ele souber de vocês dois, provavelmente irá fazer uma tempestade num copo d’água. – mamãe fala, colocando suco no copo e distribuindo para nós dois.
– Trevor sabe ser dramático quando quer. – falo, dando de ombros em seguida.
Jantamos em meio a conversas e um interrogatório de mamãe, que se estendeu até a sobremesa e ao álbum de fotos minhas de quando eu era bebê.
– Está ótimo por aqui, mas eu preciso ir embora. – fala, e eu suspiro aliviada.
Aquela sessão tortura estava finalmente no fim, e eu poderia descansar.
– Apareça aqui mais vezes. Em alguns dias, o pai de chega junto de Trevor, vocês podem se conhecer. – mamãe fala e eu escondo meu rosto na almofada que estava solta pelo sofá.
– Eu irei aparecer. – ele fala, levantando-se e puxando-me junto dele.
Ele abraçou mamãe, que disse algo em seu ouvido que o fez gargalhar e concordar. Caminhei com ele até seu carro, encostando meu corpo na lataria.
– O que ela te disse? – indago, cruzando os braços na altura dos meus seios.
– Disse que seu pai irá fazer um interrogatório maior. E disse que eu precisava cuidar de você. – ele diz, dando de ombros em seguida. – Eu posso ficar nervoso com o interrogatório?
– Se você nunca esteve nessa situação... – começo e ele arregala os olhos, fazendo-me gargalhar. – Espero que tenha gostado do jantar. Ela saiu mais cedo do trabalho para fazê-lo. Ela realmente gostou de você.
– E quem não gosta de ? – ele indaga retoricamente, fazendo-me bater em seu braço. – Te busco amanhã?
– Claro. Se não for um problema. Aliás, vê se traz a . – falo e ele bufa, concordando em seguida.
– Algo me diz que sua mãe está nos espiando da janela. – ele sussurra próximo ao meu rosto. Concordei, colocando as mãos em frente aos olhos. – Que tal darmos algo para ela?
Olhei em seus olhos e ele sorriu, aproximando-se e dando-me um selinho longo o suficiente para me deixar com algo estranho dentro de meu corpo. O que está acontecendo comigo?
Ele finalizou e beijou minha testa, caminhando para o outro lado para poder entrar em seu carro. Afastei-me, acenando para ele, enquanto ele sumia do meu campo de visão.
É, aquilo poderia ser divertido.

(...)


Era oficialmente sexta-feira. Passaram-se três dias desde o jantar de lá em casa e nosso primeiro “beijo”, e nos aproximamos ainda mais. Depois de toda aquela demonstração na porta de casa, mamãe basicamente surtou comigo e disse que ele estava realmente gostando de mim. E eu queria fugir do assunto, já que mentir para ela não estava sendo uma das coisas mais prazerosas a se fazer.
Com o fim das aulas, iríamos para a casa dos arrumar algumas coisas pendentes para o baile, além de ver os convites e fazer o mapa de como ficaria tudo. Desde a mesa com comida até o fotógrafo. E, nesse comitê, incluía e seus amigos.
Chegamos na casa de no carro de . Eu vim no banco da frente com o isopor para a maquete e alguns cartazes que ainda faltavam terminar; vinha com , e . e vinham no carro atrás com e , suas respectivas namoradas, que se aproximaram ainda mais de mim e das meninas com meu “namoro” com . Elas eram divertidas, e arrependo-me de não as ter conhecido antes de toda essa farsa.
– Você vai me pagar por trabalhar tanto nisso. – fala assim que abre a porta, pegando algumas coisas que estavam comigo.
– Como você quer que eu pague? – indago, dando um sorriso de lado.
– Ok, casal, guardem o momento de vocês para mais tarde. – diz, arrancando risadas ao nosso redor.
– Eu ia te pedir para fazer uma massagem. – ele fala, mexendo o pescoço, puxando-me para mais perto de seu corpo em seguida.
abriu a porta, e logo todos nós entramos. Fomos para a parte de trás da casa, que tinha, além de uma piscina, uma enorme varanda para podermos fazer todo o trabalho.
– Irei falar com Margot para trazer comida para nós. – fala, entrando na casa em seguida.
– Ele te chamou para ir ao baile? – cochicha na mesa, não chamando a atenção dos garotos, que conversavam entre si.
– Não, mas estamos saindo, possivelmente iremos juntos. – falo, dando de ombros em seguida.
– Espera! Não teve um pedido oficial? – indaga, fazendo-me assentir.
A verdade é que nem precisava daquilo. Mas, como elas não sabiam o que aquilo realmente era, achavam que era necessário.
– É a regra dos bailes de colegial. Ele tem que fazer o pedido. – fala, e eu rolei os olhos.
– Gente, eu não me importo muito. – falo, suspirando em seguida.
– Mas deveria. Qual vai ser a graça de não ter um convite para o baile? – indaga.
Antes que eu pudesse responder, aparece com um carrinho cheio de comida, bebidas, além de besteiras.
Ele se sentou ao lado de , falando algo com o amigo, distante de mim, o que me fez sentir um pouco de falta. Ok, aquilo estava me deixando maluca.
Começamos a fazer as coisas que faltavam, terminando antes das oito da noite, o que nos deu tempo de assistir algum filme e comer pizza.
– Desse jeito não vou conseguir entrar no vestido. – diz enquanto pega uma fatia de pizza.
– E você, ? Qual vai ser seu vestido para o baile? – indaga, fazendo-me dar de ombros. – Você tem um acompanhante, pelo menos?
! – exclamo, tentando não olhar para seu irmão gêmeo, que intercalava seus olhares entre sua irmã e eu. – Já falamos sobre isso.
Ficamos o restante da noite assistindo ao filme, soltando comentários de vez em quando. Acabamos com as três caixas de pizza que pedimos, e logo estávamos nos despedindo.
– Eu vou te levar. – fala, segurando a chave do carro entre seus dedos.
– Eu posso ir com , não posso? – indago ao amigo de meu “namorado”, que concordou prontamente. – Te vejo segunda?
Ele concordou, e eu dei um beijo em sua bochecha, caminhando para o lado de fora da casa.
Pouco tempo depois no carro, estaciona em frente à minha casa. Agradeci, desejando boa noite e saindo do carro em seguida.
Caminhei pelo gramado com pressa, abrindo a porta de casa e encontrando mamãe sentada, assistindo a Say Yes to the Dress.
não te trouxe dessa vez? – mamãe indaga quando eu sento ao seu lado, puxando a manta que estava ao redor de seu corpo.
– Eu preferi que não. , amigo dele, deixou-me, já que é caminho para sua casa. – falo, dando de ombros em seguida.
– Você é idiota! queria ficar sozinho com você! – mamãe exclama, fazendo-me rolar os olhos. – Você não gosta dele? Se não, separa logo.
– Eu gosto dele, ok? Só que eu não via motivo dele me trazer aqui. – falo, apoiando minha cabeça em seu ombro. – Isso não me faz gostar menos dele, faz?
– Não, mas ele só queria um tempo a sós com você. Por Deus, . Às vezes acho que você não é minha filha. – ela fala, fazendo-me gargalhar. – Está com fome?
– Não, nós comemos pizza. – falo, suspirando em seguida. – Você comeu?
– Eu pedi comida japonesa. Tem um pouco ainda. – ela fala, apontando com o controle para a cozinha. – Se ainda tiver espaço.
– Não, obrigada. – falo, e logo sinto meu celular vibrar, anunciando uma mensagem nova.
: Praia amanhã, o que acha?
: Eu não gosto muito de praia. Obrigada.
: Você está chateada comigo por causa do convite do baile?
: O quê? Claro que não!
: E por que está me evitando?
: Eu não estou te evitando.
: Você não quis ir embora comigo.
: Não tinha necessidade de você sair a essa hora para me deixar, sendo que iria fazer o mesmo caminho que você.
: Eu fiquei com cara de bobão aqui na sala, enquanto todo mundo fazia piadas falando que você estava chateada comigo.
: Eu não estou chateada. Que horas iremos para a praia?
: Esteja pronta às dez.
: Ok, agora vou assistir a TV. Até amanhã.

– Posso ir para a praia amanhã? – indago. – acabou de me chamar.
– Já que foi ele, eu deixo. – ela fala, fazendo-me rir fraco. – E qual vai ser a roupa de vocês para o baile?
– Mamãe, eu nem sei. – falo, dando de ombros. – A gente vê mais para frente.
– Às vezes acho que você não gosta dele. – ela fala. – Vou ao banheiro. Se você tirar do pause, irá se arrepender.
Gargalhei alto, enquanto ela corria para o outro cômodo.

(...)


– Bom dia! – exclama assim que abro a porta. – Bom dia, Sra. .
– Bom dia, querido! – mamãe exclama, levantando a mão para acenar. – Por favor, cuidem-se.
– Ok. – ele fala, entrelaçando nossos dedos e caminhando comigo até seu carro.
– Bom dia, . – falo para minha amiga, que se encontrava no banco traseiro.
– Você está bem? – indaga assim que eu coloco o cinto de segurança. – Eu já te chamei duzentas vezes para ir à praia comigo, e você recusou quase todas. Meu irmão te chama uma, e você vai.
– O que eu posso fazer? – indaga, fazendo-me rir.
– Pensa só: toda vez que você me chama para ir ao shopping, eu vou. – falo, e arranca com o carro.
– É, porque você também compra coisas. Nunca é para me agradar. – diz, fazendo-me gargalhar.
– Você está com ciúmes? – indaga, gargalhando em seguida.
– Não se esqueçam que eu juntei vocês dois. – ela fala, e eu rolei os olhos.
– Cadê ? – indago, colocando minha bolsa no chão do carro.
– Ela está com o . Depois que você foi embora, eles saíram e não deram mais notícias. – diz. – Bom, pelo menos alguém tem que chamar a garota para ir ao baile.
– Irmãzinha, cala a boca, por favor! – exclama, fazendo a garota atrás de nós dois bufar.
– Quando você vai chamar a para o baile? – ela indaga, jogando seu corpo para frente, ficando entre nós dois.
– Mas eu a chamei. – ele fala, virando numa rua que dava direto para a praia.
– Não! Chamar para sair e automaticamente achar que chamou para o baile não existe. Você não gosta dela? Faz um pedido legal. – fala, e eu gargalhei. – De verdade, vocês parecem nem se gostar!
– Mas a gente não se gosta, estamos apenas nos conhecendo! – exclamo e ela me olha, gargalhando ironicamente em seguida.
– Podem falar a verdade. Falem que vocês estão apenas fingindo para fazer ciúmes no . – ela fala, e eu fito , que suspirou profundamente. – Por qual motivo vocês iriam sair um dia como completos desconhecidos e no outro voltariam como um casal que se ama verdadeiramente? Não faz o menor sentido!
, por favor! – exclama, parando o carro na vaga. – Ache o que quiser, isso não me importa. Se você não acredita, o problema é seu, só não quero ouvir você falando assim. Eu realmente gosto da , e não é de hoje.
E ele logo sai do carro, fechando a porta com força. Fitei , que saiu em silêncio do carro, segurando sua bolsa e seu chapéu. Eu saí pouco tempo depois, parando ao lado de , que me abraçou pelos ombros, puxando para mais perto de seu corpo.
– Você pegou pesado. – sussurro para , enquanto caminhávamos na areia, indo em direção ao pessoal.
– Eu sei, mas entrei em desespero. – ele resmunga, e eu dei um sorriso de lado.
– Nosso plano era fingir apenas para o e as pessoas do colégio, não todos ao nosso redor. – murmurei e ele concordou. – Até a minha mãe acredita que você gosta de mim.
– Eu falei que sou um ator profissional. – ele diz, dando de ombros, e eu gargalhei.
Nós nos aproximamos do pessoal, que brincava entre si de Frescobol. estava sentada, folheando a Seventeen Magazine, enquanto pegava alguma bebida no cooler.
– Oi, gente! – exclamo, acenando animada para todos ali. – , você não me avisou se chegou em casa ou não.
– Eu não cheguei em casa. Tive que dormir com . – ele fala, arrancando uma gargalhada escandalosa de e . – Bom, dessa vez ela não roncou.
– Ei! Você quem ronca, não eu. – a garota fala, jogando areia na direção do namorado.
– Vocês estão de bem? – indaga, apontando para mim e para .
– Por que não estaríamos? – indaga, arqueando uma das sobrancelhas.
– Porque você não a levou para casa, e também porque não fez o pedido oficial do baile de formatura. – diz, comendo uma batata do pacote que estava em sua mão.
– Nós já falamos sobre isso. – eu falo, soltando-me dele e colocando a bolsa no chão embaixo do guarda-sol.
Tirei o meu vestido, atraindo o olhar nada sutil de meu “namorado” em minha direção, fazendo-me corar violentamente. Por que ele me causava isso?
– Você pode parar de babar a ? – indaga ao dar um tapa na nuca de , fazendo os outros ao redor gargalharem.
concordou, colocando seu par de chinelos ao lado de minha bolsa, tirando a camisa e correndo para a água junto de e .
Eu me sentei numa espreguiçadeira, observando o mar agitado na minha frente. E, como uma miragem ou cena de um filme, vejo alguém sair da água.
Não, não era alguém. Era o meu “namorado”. As gotinhas que escorriam por aquele tronco escultural, o cabelo balançando e molhado. Aquela era, basicamente, uma visão do que eu poderia ter no paraíso.
– Você pode passar protetor solar em mim? – ele indaga ao parar na minha frente.
Concordei, pegando o frasco na minha bolsa.
– Senta aqui. – falo, chegando para trás na espreguiçadeira, dando espaço o suficiente para que ele se sentasse.
Comecei a passar ao redor de seu pescoço, ouvindo o rapaz suspirar profundamente com a massagem que eu deixei ali.
– Você vai para a água? – ele indaga, enquanto eu passo no meio de suas costas.
– Não sei, acho que está muito forte. E eu sou fraca. – falo.
– Eu te protejo. – ele fala, fazendo-me rir fraco. – Estou falando sério.
, não! – exclamo, gargalhando em seguida. – Prontinho!
– Passa no rosto. – ele fala, virando-se em seguida, deixando seu rosto próximo demais do meu. Aquilo me fez suspirar, afastando um pouco meu corpo do dele.
Fiz algumas pintinhas em suas bochechas e testa, espalhando cuidadosamente sobre sua pele, sentindo o áspero da barba que estava começando a crescer em seu rosto.
Assim que terminei, coloquei o vidro de protetor na minha bolsa. Ele me fitou e deu um sorriso, dando-me um selinho e correndo para a água em seguida.
E eu fiquei ali, observando-o de longe, sentindo as bochechas queimarem.

(...)


Quarta chegou. Eu estava evitando desde o nosso beijo na praia. Estava mudando totalmente minha percepção e minha opinião sobre ele, o que, de fato, complicava ainda mais as coisas.
Estava saindo da aula de Física, quando vejo o corredor em silêncio. Estavam todos os alunos ali, deixando um espaço vazio para que pudessem caminhar.
– Ah, você finalmente saiu da sala! – ouço a voz de e sinto meu coração bater um pouco mais depressa.
Ele estava num smoking. Segurava uma caixinha nas mãos. Ele estava verdadeiramente bonito demais para um dia de aula normal.
– O que você está fazendo? – indago, caminhando em sua direção.
– Bom, eu pensei durante todos esses dias em como fazer isso, tive que assistir alguns vídeos na internet. – ele fala, fazendo-me rir baixo. – Eu quero saber se você aceita ir ao baile comigo?!
As pessoas ao nosso redor nos encaravam, algumas filmavam aquilo. E eu não sabia como responder um mísero “sim” para ele.
Concordei, e todos ao redor gritaram em comemoração. Eu corri em sua direção, e ele me pegou no colo, girando-me junto dele.
– Você não precisava fazer isso. – sussurrei em seu ouvido, beijando sua bochecha em seguida. – Mas agradeço!
– Precisamos ver as roupas. – ele fala ao me colocar no chão.
– Eu tenho que ver a arrumação. – falo e ele negou, apontando para . – O quê?
– Você vai ver sua roupa, e eu cuido disso. Um dia sem você não faz mal, né? – ela indaga, rindo em seguida.
Abracei-a, agradecendo por aquilo, saindo da escola com .
Entro em seu carro, encarando ainda surpresa aquela caixinha em minha mão.
– Você é demais, ! – exclamo quando ele tira o carro da vaga, dirigindo para fora do colégio. – Meu namorado de mentira fez um pedido para ir ao baile. Nem nos meus sonhos eu iria ter isso!
Ele apenas riu, e dirigiu rapidamente até uma loja de vestidos que ficava no centro comercial de Malibu.
Entramos na Gucci por insistência dele, que queria me ver usando um vestido que ele viu na vitrine. Admito que ele era bonito, mas não tinha dinheiro o suficiente para tal.
– Você precisa de ajuda? – ele indaga assim que eu paro em frente a um provador.
– Que eu saiba você não pode ficar aqui. – falo, pendurando o cabide do vestido num ferro da parede.
– Clientes normais não podem. Eu sou . – ele fala, dando de ombros em seguida.
– Ok, desculpe. – falo, rindo em seguida.
Entro na cabine, fechando a cortina em seguida. Começo a tirar todo meu uniforme, deixando apenas minhas roupas íntimas.
Antes de pedir para fechar o zíper, examino-me no espelho. Ele era longo e vermelho, e eu me sentia muito mais bonita nele.
Abro a cortina, e abaixa a revista de moda que folheava, olhando para mim em seguida. Ele deu um sorriso que foi capaz de fazer meu coração saltitar dentro de meu peito.
Virei de costas para ele, que se levantou, vindo em minha direção. Ele juntou os dois lados do vestido, fechando-o rapidamente. Sua mão tocou meu ombro nu e eu senti um arrepio percorrer todo meu corpo.
Seria cômico, se não fosse trágico.
– Você está linda! – ele exclama e eu sorrio de lado, olhando-me no espelho maior que estava logo atrás dele. – Eu posso ser considerado sortudo?
– Não sei, pode? – indago, e logo sua mão toca minha cintura, acariciando o local com seu polegar.
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa ou impedir que aquilo realmente acontecesse, ele me beijou, acabando com toda a minha certeza de que não nutria algo por ele.
Ah, por que faz isso comigo, ?

(...)


– Ainda bem que vocês chegaram! – exclamo assim que papai cruza a porta de entrada da minha casa.
Mamãe e papai, mesmo separados, tinham um relacionamento de amigos, tanto que ela conhecia todas as namoradas dele antes mesmo de Trevor, que vivia com ele.
Trevor correu em minha direção, abraçando-me em seguida. Ele me tirou do braço do sofá, apertando-me entre seus braços enormes.
– Eu fiquei sabendo que tem alguém com namorado. – papai fala ao me abraçar, beijando minha testa em seguida.
Lá se foram mais alguns dias desde o meu beijo com , e, desde então, afastei-me um pouco. E ele pareceu entender, já que respeitava meu espaço e não insistia em nada.
O baile de formatura era daqui a dois dias, e a formatura seria amanhã. Eu e as meninas – contando e , iríamos nos arrumar na casa de , o que faria com que eu encontrasse com meu “namorado” e provavelmente traria tudo aquilo que prometi esquecer à tona.
A campainha toca e mamãe levanta, sorridente, caminhando até a porta.
! – ela exclama, fazendo meu coração disparar.
E lá estava ele, com a roupa do colégio. O blazer estava fechado até em cima e as mãos estavam no bolso da calça, deixando-o ainda mais estiloso.
– Boa tarde. – ele fala ao entrar em casa.
– Quem é esse? – papai indaga assim que aperta a mão de , que sorriu envergonhado.
– Esse é o , meu namorado, papai. – falo, sentindo como se tivesse um chute no estômago. – Eu não sabia que você viria.
– Sua mãe me chamou hoje, amor. Desculpe. – ele fala, beijando minha bochecha em seguida.
– Eu te conheço, não? – Trevor indaga ao apertar a mão de , que sorriu de lado.
– Ele que jogou bolo em você. – mamãe comenta, fazendo arregalar os olhos.
– Ah, eu jurei ódio a você. – meu irmão diz, fazendo-me rir fraco. – Agora você está com a minha irmã? Quais suas intenções?
– Trevor! – exclamo, rolando os olhos em seguida. – Mamãe, vou para o quarto com , pode?
– Deixa a porta aberta! – papai exclama assim que começamos a subir as escadas, fazendo-me rir baixo.
Entramos em meu quarto, e eu deixei a porta entreaberta. se sentou na ponta dela, batendo na parte livre ao seu lado.
– O que foi? – indago, cruzando os braços.
– Você está me evitando? – ele indaga. – Desde o nosso beijo.
... – começo, logo sentindo meu coração disparar mais uma vez naquele dia.
– Você sabe, isso estava dando certo. – ele fala, levantando e caminhando em minha direção.
– E por que não está mais? – indago, encostando meu corpo na porta.
– Eu comecei a perceber que preciso ficar com você. – ele fala, fazendo-me sorrir de lado.
Nossas testas se tocaram, e eu senti que meu coração poderia sair pela minha boca. Ele segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos.
– Eu preciso arrumar as coisas para ir para a casa da . – sussurro na maneira de afastá-lo.
– Que por sinal é a minha casa. – ele fala, fazendo-me rir. – Eu vou te levar. Posso?
– Ah, eu posso pensar? – indago e ele gargalha, olhando em meus olhos por um longo tempo.
Eu não sabia distinguir a sensação que eu sentia por estar ali com ele.
Peguei minha bolsa debaixo da cama, pegando o vestido que havia comprado para amanhã, que era um pouco mais simples do que do baile. Peguei minhas maquiagens, meus sapatos e tudo que seria necessário para arrumar meus cabelos e algumas joias que meus pais me deram no meu aniversário.
Descemos as escadas e segurou minha mão, caminhando comigo para o andar de baixo.
– Que mala é essa? – Trevor indaga, trocando os canais da TV.
– Eu vou para a casa da . – falo. – Iremos fazer uma noite das garotas.
– Vocês ficam para almoçar? – mamãe indaga e eu olho para , que deu de ombros. – Ai, que bom! Estou quase terminando.
Sentamos no menor sofá. Eu evitava olhar para , tentando descobrir como estamos atualmente. Ainda mais depois do que ele me disse no quarto.
Almoçamos enquanto papai e Trevor faziam um interrogatório desnecessário. Mamãe os repreendia, mas era quase impossível, já que eles queriam saber de tudo. E eu nem namorava com , na verdade.
Assim que terminamos de lavar a louça do almoço, despedi-me de todos ali, indo para o carro com .
– Posso te pagar um sorvete? – ele indaga, virando numa rua que dava para um parque que havia ali perto. Concordei, e logo ele estacionou o automóvel, saindo do mesmo e dando a volta, ajudando-me a descer.
– Não estou com dificuldade para descer. – falei e ele deu de ombros, passando seu braço por cima de meus ombros.
Caminhamos para uma sorveteria que tinha ali. Sento numa mesa, folheando o cardápio de sorvetes e milk-shakes.
– O que foi? – indago ao abaixar o pedaço de papel, fitando o rapaz a minha frente.
– Você está me evitando. – ele fala, tocando minha mão por cima da mesa. – Está tudo bem, .
Eu sorri de lado, deixando que ele acariciasse minha mão por um longo período de tempo. Aquilo era tão gostoso.
Fizemos nossos pedidos e ficamos apenas observando-nos, em silêncio, como se fosse uma última vez em que fôssemos conviver um com o outro. E, bom, de certa maneira estava quase sendo.
– Você acredita que amanhã é a formatura? – indago e ele concordou. – Acaba tudo.
– Inclusive isso aqui. – ele fala, fazendo-me suspirar. – Você conseguiu o que queria.
– E você também. – falo, sentindo vontade de pedir para que ficássemos ali por todo o tempo do mundo. E, mesmo se eu pedisse, não seria o suficiente.
Eu não queria mais aquela coisa toda. Não queria mais toda aquela farsa. Tudo o que eu queria estava ali, na minha frente.
Acabamos os sorvetes e fomos para o carro novamente. dirigiu em silêncio, o que não deixava o clima entre nós dois agradável. Por que tanta tensão? Nós não tínhamos absolutamente nada.
Logo avisto a fachada da casa dele e suspiro aliviada, sabendo que tudo aquilo acabaria ali e eu poderia passar o resto da noite com as minhas verdadeiras amigas.
Saio do carro com pressa, não o esperando nem para entrar na casa. Cumprimentei os pais dele, subindo as escadas e indo diretamente para o quarto de , onde as meninas pintavam as unhas.
– Você chegou! – diz assim que fecho a porta do quarto, colocando a bolsa de qualquer jeito no chão. – Aconteceu algo?
– Eu preciso confidenciar algo com vocês. Por favor, não falem nada com os meninos. – falo, e se levanta, trancando a porta do quarto. – Eu estou gostando de alguém.
– E esse alguém seria... – incentiva, e eu suspiro profundamente. – Ok, a gente já entendeu.
– O quê? – indago, arqueando as sobrancelhas.
– É o . Está tão na cara. Por isso vocês estão juntos. – diz, sorrindo em seguida.
– Nós não estamos juntos. – sussurro, vendo os olhos de todas as quatro se arregalarem. – É tudo mentira. Eu só queria causar ciúme no e...
– Saiu do controle? – indaga, fazendo-me concordar. – Tudo bem, você não precisa se sentir culpada por isso.
– Eu não queria ter que fazer isso. – falo, apoiando a cabeça no ombro de . – Eu queria que tudo terminasse “ok”, mas tudo terminou como se fôssemos um verdadeiro casal. O clima que está entre nós é capaz de manter um iceberg durante semanas. Está tudo esquisito.
– Vocês precisam conversar. – diz. – Vocês irão ao baile?
– Eu não sei. Eu realmente não sei. – falo, jogando a cabeça para trás. – Tudo tão difícil. Eu queria que fosse mais fácil.
– Isso iria acontecer de alguma maneira. – diz, fazendo-me bufar. – Vamos começar a pintar suas unhas?
Não sei quanto tempo fiquei ali pintando as unhas, borrando e tirando dezenas de vezes que já me estava estressando. Por fim, pedi para pintar minhas unhas, enquanto e organizavam para uma noite de filmes de comédia romântica, com pipoca, refrigerante e muito chocolate, do jeitinho que eu precisava.
Estava indo para o banheiro no fim do corredor quando vejo abrir a porta de seu quarto. Ele me fitou de cima a baixo, levando muito tempo para voltar a olhar em meus olhos.
– Você está bem? – indago e ele concorda. – Vai sair?
– Vou para a casa do . Teremos noite de jogos. – ele fala, apoiando seu corpo no batente da porta. – E você? Como está?
– Eu estou bem. – falei, sorrindo de lado. – Bom, eu preciso ir. Divirta-se.
– E você também, . – ele fala, beijando minha testa e descendo as escadas.
Com tantos outros garotos no mundo, eu tinha que justamente me apaixonar, no fim de todo o colegial, pelo irmão gêmeo da minha melhor amiga?
Fui ao banheiro, ficando lá mais tempo do que o necessário. Lavei meu rosto dezenas de vezes, tentando não pensar naquele garoto que, naquele exato momento, não se importava tanto comigo assim.
Volto para o quarto, vendo as garotas abraçadas aos seus respectivos baldes de pipoca e travesseiros.
Não conseguia me concentrar no restante do filme. Tudo que eu pensava era no sentimento que estava surgindo e corroendo todo o meu corpo.

(...)


desceu do palanque em meio a aplausos de todos os alunos, além do corpo docente do Abbey. Ele havia feito o discurso de todo o último ano, e foi escolhido especialmente para aquele momento.
Começaram a chamar nossos nomes para entregar os diplomas, além de tirarmos fotos.
! – o diretor exclama, e eu me levanto em meio a aplausos.
Vejo, de longe, mamãe tirando fotos minhas, além de papai e Trevor estarem batendo palmas.
Também vejo, distante, . Ele estava perto de seus amigos, que falavam algo com ele, mas ele não dava importância, olhando para mim. Eu senti um arrepio percorrer meu corpo quando ele sorriu, mandando uma piscadela, e eu desci do palco com certa dificuldade, sentando no meu lugar novamente.
A cerimônia correu, e logo após jogamos os quepes, comemorando com todos ali.
?! – ouço a voz de e eu suspiro, virando para o rapaz a minha frente. – Eu quero te parabenizar.
– Pelo quê? – indago, arqueando uma sobrancelha.
– Não tem um motivo. Eu só queria falar com você. – ele fala. – Eu sinto muito por tudo que eu fiz a você e...
– Não, . Eu não vou te desculpar. – falo, segurando em sua mão em seguida. – Eu aprendi a, acima de tudo, amar-me, coisa que eu não fazia quando estava com você. Você abriu meus olhos, e eu percebi que não era e nunca seria você.
– Do que está falando? – ele indaga, e eu aponto para , que estava parado atrás dele. – Está falando dele? Esse idiota?
– O que você disse? – indaga, caminhando em direção ao , e eu fiquei entre os dois.
, por favor, pelo seu próprio bem, esquece que eu existo. – falo e ele suspira, concordando e sumindo do meu campo de visão.
– O que você acabou de fazer? – indaga. – Você queria aquilo. Você conseguiu!
– Eu mudei meus planos. – falo, beijando a bochecha dele. – Eu percebi que eu também preciso ficar com você.
Ele sorriu, e eu senti meu coração mais que acelerado. Antes que ele pudesse me beijar, o puxou, e ele caminhou na direção oposta com seu melhor amigo.
O que seria de nós dois?

(...)


Mamãe tirava a milésima foto nossa. Decidimos todos nos arrumar em minha casa, e os meninos passariam aqui para nos buscar na hora certa. Primeiro iríamos para o Nobu, e depois iríamos para o baile.
– Eles já chegaram! – papai exclama, fazendo as meninas comemorarem.
Trevor abre a porta, e é o primeiro a aparecer. A cara que ele fez ao ver era impagável, e eu sabia que aquilo, futuramente, daria num lindo casório.
apareceu em seguida. caminhou em sua direção, e ele sussurrou algo em seu ouvido, fazendo-a rir e beijá-lo na bochecha.
apareceu com um buquê de rosas amarelas, as preferidas de , que soltou um grito, caminhando depressa até o rapaz, fazendo todos ao redor gargalharem.
apareceu, e se escondeu na cozinha, aparecendo atrás dele pouco tempo depois, assustando-o.
Fiquei parada no pé da escada, observando a porta de entrada aberta e esperando o meu acompanhante.
Antes que eu pudesse perguntar a o seu paradeiro, ele apareceu na porta.
Usava um smoking Hugo Boss e estava com o cabelo num topete com uma quantidade grande de gel, mas não deixava de estar bonito.
Ele me fitou e deu um sorriso, caminhando em minha direção.
– Eu já te vi nesse vestido, mas você consegue me surpreender e ficar ainda mais bonita. – ele fala, colocando a flor no meu pulso.
– Antes de irem, posso tirar uma foto? – mamãe indaga, ligando sua máquina fotográfica. – A última, prometo!
Concordamos e paramos em casal. Eu apoiei minha cabeça no peito de , sorrindo para a fotografia, deixando um beijo ali depois que mamãe conseguiu tirar.
Fomos para o lado de fora da casa. Cada casal iria num carro, para que não pudessem amarrotar as roupas.
– Posso te dizer de novo como você está linda? – ele indaga assim que arranca com o carro. – Sério, você está sensacional!
– Você está lindo! – falo, ajeitando sua gravata borboleta. – Quem deu a ideia da gravata?
– Mamãe. Ela disse que isso me deixa mais charmoso. – ele fala, fazendo-me gargalhar. – Não gostou?
– Eu adorei! Ficou um charme. – falo e ele sorri, segurando minha mão em seguida.
Dirigimos por mais um tempo e avisto a fachada do mesmo restaurante de três semanas atrás.
Esperamos todos os outros aparecerem, e logo fomos para a recepção, falando o nome de quem estava na reserva.
Eles indicaram nossa mesa, que era a maior dali, afinal éramos dez pessoas.
– Iremos pedir tudo o que temos direito? – indaga, folheando o cardápio.
– Tudo o que não me fizer perder esse vestido no meio de uma dança. – diz, fazendo todos rirem.
– Bom, eu não tenho esse problema. – diz, dando de ombros em seguida.
– Você fala assim pois sabe que todo mundo já viu essa sua bunda branca. – fala, fazendo todos rirem tão alto a ponto de chamar a atenção de algumas pessoas ao nosso redor.
Nossos pedidos chegaram após um longo tempo, e, enquanto eu comia, eu percebia como tudo pode mudar em míseras três semanas.
Pessoas que nunca tive oportunidade de conhecer eram meus amigos, o irmão da minha melhor amiga é o cara que eu gosto, e o , que eu jurava amar, acabou tornando-se alguém do passado.
Tudo isso em menos de um mês.
– O que houve? – indaga no meu ouvido, beijando minha bochecha e meu pescoço em seguida.
– Estou pensando em como tudo mudou tão rápido. – sussurro, olhando em seus olhos. – Eu nem acredito que, depois de três semanas, estamos aqui, onde tudo isso começou.
– E sem mentiras. – ele resmunga, beijando minha testa.
– E o que estamos vivendo? – indago e ele me fitou por longos segundos, sorrindo em seguida.
– Bom, eu gosto de dizer que estamos namorando, mas você intitula do que quiser. – ele fala, passando seu nariz pelo meu pescoço.
– Então estamos oficialmente namorando? – indago e ele concorda, segurando meu rosto e dando-me um beijo rápido, mas o suficiente para fazer todos os sentimentos permanecerem por longos minutos. – Não é mentira?
– Não é mentira. – ele fala, antes de eu puxá-lo mais uma vez para um beijo.


Fim.



Nota da autora: Sem nota.



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