Finalizada em: 27/06/2020

Capítulo Único

Knights poderia ser lida como uma criança mimada caso as pessoas a vissem através dos olhos de seus pais, no entanto, ela simplesmente não podia mais se desgastar tentando entender como as pessoas aceitavam como normal ela ter que se submeter a um casamento de conveniência para garantir o seu posto de herdeira de algo que já era seu por direito.
ꟷ Willow, você entende que se eu fosse um homem eu seria vista como um cara que explorou todas as suas possibilidades, que é legal e complexo, por isso não se prende fácil. Cada nova conquista minha seria mais um patamar alcançado portanto teria mais glória e reconhecimento. Então quando eu finalmente me casasse ninguém – n i n g u é m – me diria algo, pois toda a minha trajetória até aquele momento seria comum.
Willow Smithsonian, filha do melhor amigo do pai de Knights, era a melhor amiga de . Inseparáveis desde pequenas, era a coisa mais próxima de irmãs que ambas tinham, afinal de contas as duas eram filhas únicas.
- Eu te entendo, amiga. De fato, a mídia e as pessoas te julgam demais.
Mas a verdade é que Willow não entendia tão bem assim, afinal sempre foi a mais comportada da dupla. apesar do nome e fama de princesa era o tipo que dava trabalho para o reino todo. Desde pequena era mais destemida e não tinha tanto apreço pelas regras, principalmente quando elas vinham de conceitos sem noção que a sociedade ainda insistia em propagar.
- Então, vamos focar no que realmente importa, não é mesmo...
- Willow, se você me perguntar pela milésima vez se já escrevi meu discurso para o Royal Ball desse ano, não sei se respondo por mim.
- Nesse nível de estresse?
- Maior até!
- É só um discurso, . Não precisa se descabelar toda por isso.
- E não vou, pago caro no salão do hotel para nunca estar descabelada.
- Você entendeu o que eu quis dizer.
- Sim, minha cara. O problema é que este é o primeiro Royal Ball depois que a grande Sra. Knights faleceu e você sabe que a organização ficou toda para mim, além de todo o hotel.
- O hotel ainda não é seu.
- Willow, eu sei. Estou surtando com esse prazo do testamento. Não contava com essa astúcia toda da parte deles.
- , minha querida, você seria muito boba de acreditar que seus avós não seriam espertos nesse nível. Então, eu sei que você se iludiu achando que eles mudariam de ideia.
De fato, tinha se iludido um pouco. E essa história toda começou quando os seus avós paternos criaram um hotel assim que se casaram. Em mil novecentos e bolinha o casal fundou o Palace Hotel e desde então estiveram trabalhando arduamente para transformar o hotel no que era hoje: uma referência em hotéis de luxo. O projeto deles era perfeito, o grande hotel seria o negócio da família passando de geração em geração. O que eles não contavam era com a vocação do filho para a medicina. Eventualmente, os pais se conformaram com os desejos do único filho e aceitaram que todo o legado deles seria para os filhos do herdeiro do império por direito que seriam os netos, ou melhor, para a neta já que o casal não conseguiu passar do número um na quantidade de netos. Então, no momento apropriado, o pai de conhece a mãe da moça, os dois se casam e alguns anos mais tarde a menina vem ao mundo. Seus pais até tentaram ter mais filhos depois da primogênita, porém não foram bem sucedidos.
Para ser herdeira do grande hotel, Knights deveria estar casada dentro de um ano. Apesar de ela já desempenhar muitas funções administrativas dentro do negócio, ela não o teria em seu nome, conforme a lei manda, pois ele estaria no nome do seu pai. Não era muito preocupante, já que ela também era a única herdeira dele, no entanto, a sua vida toda foi criada para ser a dona daquele império.
Para , ter crescido dentro de um hotel foi a melhor coisa que lhe aconteceu. Não dava falta de ter irmãos porque o hotel sempre foi muito bem movimentado com pessoas de todas as partes do mundo, portanto, durante a infância, não se sentia sozinha, pois sempre tinham as crianças dos hóspedes do hotel e sua boa amiga Willow. Sua adolescência também foi repleta de pessoas de países estrangeiros e muitas presenças no Royal Ball, o evento mais prestigiado do hotel. Sempre foi organizado pela sua avó, a Sra. Knights, mas desde a sua morte, a neta tinha ganhado mais essa função. Esse seria o primeiro ano dela organizando por completo o baile.
Não era um baile só de nome não. O evento tinha toda a sua pompa e circunstância, o traje era o mais fino possível e a popularidade da noite era tanta que, a cada ano, novas celebridades e socialites perguntavam o que tinham que fazer para conseguir um convite. O que inicialmente começou como uma forma de divulgar o hotel, agora tinha se tornado uma forma de arrecadar dinheiro para caridade.
Com o passar das semanas, foi percebendo que sua avó era uma verdadeira heroína por dar conta de toda a parte de organização de eventos do hotel. O baile era o que mais consumia o seu tempo, de modo que era um milagre Willow ter conseguido arrancar a sua amiga da rotina intensa para um dia fora do Palace Hotel.
- Já escolheu o seu vestido para o baile, pelo menos?
A prova do vestido foi a coisa mais pesada que fizeram durante o dia, pois desde que viu o desfile da coleção de Primavera 2020 de Zuhair Murad, ela sabia que precisava usar um de seus designs no baile. Todos os looks tinham um brilho absurdo de lindo que normalmente não era a preferência de , mas dessa vez ela se apaixonou por um e não ia se negar isso. Sua mãe tentou alertar a moça de aquele visual poderia ser um tanto chamativo para o evento, porém a própria mãe sabia que os seus alertas, nesse caso, seriam desconsiderados. O máximo que poderia acontecer era ela ficar mais bonitas que todas as mulheres convidadas.
— Infelizmente, vocês já decidiram com a imprensa que esse seria o Royal Ball ideal para que eu dê o discurso e que também me reconheçam como a nova administradora do hotel, então falar sobre a minha roupa é o que vocês não podem por agora, ok?
— Se conversar sobre a roupa não pode, então mudemos de assunto... — é claro que imaginou que o próximo assunto seria sobre quem a levaria no baile. — Decidiu quem será o seu acompanhante da noite?
— Eu já decidi tudo, Willow boo, não se preocupe. — diz com uma expressão em seu rosto que demonstrava em pura perfeição o quão perto de se irritar com as perguntas da sua melhor amiga ela estava.
— E quem será esse maravilhoso? É alguém que já conheço? É do nosso círculo de amizades?
A cada pergunta que Willow Smithsonian fazia, mais graça previa que sentiria ao ver a reação dela ao saber que iria sozinha ao evento. Sua mãe certamente ficaria decepcionada com por isso e era esse o maior motivo pelo qual a princesinha ainda não tinha dito nada sobre esse assunto.
— Ninguém. — A resposta foi curta e direta.
— Como assim? Vai sozinha?
Como o previsto, Willow estava surpresa. Ir ao baile acompanhada era algo certo para a sua amiga. Willow não se preocupava mais com isso, pois agora era casada e seu par para tudo na vida já estava escolhido, contudo quando ambas eram solteiras sempre iam ao evento acompanhadas. Todo ano tinha esse discurso de que iria solo, mas no dia sempre aparecia no evento com algum namoradinho.
— Willow, não é como se eu realmente estivesse indo a um local. Eu só vou descer de elevador e passar pela porta do salão de eventos.
— Ainda assim teremos fotógrafos com suas câmeras, vários jornalistas... Já sabe que todos te perguntarão que-
— Quem é o meu par da noite? Eu sei disso e você, dona Willow Smithsonian, deveria mais do que nunca saber que se me aporrinharem com isso, eu mando catar coquinhos.
— Eu sei, amiga. De fina em você só o seu gosto para moda, de resto a Sra. Knights gastou grana te colocando em escolas de etiqueta para nada. É por te conhecer bem que eu quero saber disso. Preciso saber se terei que estar pronta para apartar suas brigas.
— E você já sabe. Vou solo. Se me perguntarem, é isso mesmo. Não tem como e não tem quem levar. Você já casou e nem morta te separo do Ryan, aquele anjo.
Willow sorriu com a fala da amiga. Conhecia bem o jeito esquentadinho da intitulada princesa e sabia que o mesmo tanto de espevitada que ela é se igualava ao mesmo tanto de amorosa que é. O seu coração era de ouro e, por saber disso. é que era mais arisca em alguns assuntos. Por isso com todo amor que sente pela pessoa que é, Willow não podia deixar de perguntar o que perguntou para tentar entender o que motivava Knights a seguir pensando dessa forma.
— Ainda está fazendo isso para descansar a sua imagem?
Se fosse qualquer outra pessoa a perguntando isso, não reagiria bem, pois considerava um tipo de pergunta ingrata. A mais nova da família Knights passou por um momento muito delicado. O seu último pretendente foi Oliver Woods e o tal fez questão de ser um anjo durante o relacionamento dos dois, porém, assim que deu um pé na bunda dele, o rapaz se sentiu no direito de ir a público dar declarações sórdidas sobre o relacionamento deles. Ao mesmo tempo que uma sextape dela vazou, pouco tempo depois do término deles, a qual nem a própria tinha ideia de que existia essas gravações. A reputação de boa moça que a mulher tinha foi para o ralo, de modo que ela passou de princesa para princesa rebelde.
A crise que isso gerou foi tamanha que Knights teve que desaparecer das redes sociais, das ruas e literalmente descansar a sua imagem pública e reconstruir seu psicológico que ficou extremamente abalado.
Desde que ela tinha tido alta das sessões mais intensas de terapia, para aquele seria um dos momentos mais históricos de sua vida. Considerava que o tempo gasto na reclusão lhe fez muito bem, pois pode refletir muito e se conhecer mais. Houve, então, um profundo entendimento do significado e da existência da frase “dois pesos, duas medidas”. Durante aquele momento de sua vida, ela mais do que nunca sabia o que significava ser mulher, qual era a imagem e papel que ela deveria ter de acordo com o que a sociedade que ela vive quer e qual era a vida que ela queria levar de verdade.
De fato, Knights entendia que ser uma mulher do lar, criar os filhos e viver só nessa atmosfera familiar era bastante virtuoso, porém para ela não bastaria e não a faria completa. Ela estava em um momento de sua vida que queria uma aliança no seu dedo, queria ouvir a voz de uma criança gordinha e fofa dizendo entusiasmadamente “mãe”, mas ela também queria comandar o Palace Hotel e fazer aquele negócio crescer como devia.
Apesar de querer a vida familiar, a mulher queria estar à frente dos negócios como sabia que poderia estar. O seu único problema era com a hipocrisia em que a sociedade vive. Se era tão errado ela ter tido vários namorados ao longo da sua vida, dizer o que pensa e ter os seus devidos comportamentos que eram justificados como ruins com frases do tipo “você é uma mulher e não deveria estar fazendo isso” ou “mas uma moça não age dessa forma”, por que não tinham pessoas cobrando a mudança de atitude de homens que tinham os mesmos comportamentos que ela sempre teve ao longo de sua vida? Por que as pessoas não cobravam deles o mesmo que cobravam dela?
De tudo o que Knights já viveu, nada a faria entender o motivo pelo qual a sua palavra valia menos que a de um homem. O que o fez melhor do que ela? Ter um pênis no meio das pernas? Por esses e outros motivos era que Knights se denominava uma feminista. Muitas coisas nesse mundo irritam a mulher que ela é, mas essa sempre estaria em primeiro lugar da lista de coisas que alguém pode fazer para tirá-la do sério. Cada palavra dita por Oliver a imprensa só teve mais valor porque ele é um homem branco rico.
— Vocês fazem muita questão de me ver nessa situação, né?
— Não mesmo. Como sua melhor amiga e irmã de vida, sei que é chegada a hora de você retomar a narrativa dessa bagunça toda.
— Willow, você tem razão. É por isso que eu quero ir sozinha. É por mim mesma e por tudo o que eu passei. Você sabe que eu nunca dependi de homem para nada. Antes que diga algo sobre a herança, eu sigo em paz caso descubram sobre o testamento. Sabemos que isso não estará na pauta dos repórteres, então sigo mais ainda em paz.
Willow já sabia que nada que dissesse iria ajudar em algo, então apenas ofereceu o seu afeto. Incondicionalmente apoiaria a sua amiga em qualquer situação. Ela estaria ao seu lado nos altos e baixos da vida assim como sabia que estaria por ela.

O dia do Royal Ball havia chegado e todos os funcionários do Palace Hotel estavam extremamente ocupados. Era uma correria danada até que o evento começasse, correria que duraria até que tudo estivesse passado. O pessoal da recepção gastava várias horas do dia fazendo check-in do pessoal famoso que optava por passar o dia do evento já no prédio do hotel, já o pessoal que cuidava mais de perto da garagem tinham milhares de carros para coordenar, enfim era um dia bastante atarefado.
Já para família Knights, especialmente para , era um dia tenso. Era a primeira vez que o evento seria comandado por ela, que o discurso da noite seria dado por ela. Todo o processo de se arrumar para ir ao baile tinha um quê de nostálgico, pois em algum momento daquilo sua vó costumava aparecer para lhe dizer a quão bonita ela estava. Por isso, estava surpresa ao ver sua mãe ali de frente para ela cumprindo o papel que a sua vó tinha. A menina segurou as lágrimas e naquele momento se tornou mais segura do seu discurso da noite.
Ao descer, não teve como fugir do tapete vermelho que preparou para a imprensa. Ela teria que cruzar e dar umas palavras aos jornalistas. Por isso não se assustou quando os fotógrafos se alucinaram com a presença dela ali. Sabia que o vestido dourado tinha sido a escolha perfeita, pois os flashs tornariam o brilho dele ainda mais contrastante com a cor de âmbar de sua pele. Não poupou as câmeras de sorrisos comedidos e os conhecidos “carões” que as modelos faziam.
Ela já tinha percebido como os jornalistas já estavam cochichando o fato dela não estar com alguém e mentalmente ela se preparou para as perguntas.
, você está incrível essa noite.
— Obrigada.
Depois de uma breve conversa sobre o estilista do modelo que ela usava, a repórter finalmente tomou coragem para fazer a pergunta polemica que todos sabiam que seria dita uma hora ou outra.
— O que você procura no próximo homem?
— Perdão, o que disse? — foi um questionamento genuíno já que eram muitas pessoas aglomeradas falando ali no seu entorno gerando um desconforto na hora de ouvir a jornalista que estava próximo a ela.
¬— O que você está procurando em um homem agora? — a repórter volta a indagar, confiante da sua pergunta e esperando que desse apenas uma resposta cliché.
— Eu não estou procurando por um homem, vamos começar por aí.
E com isso Knights inaugurou a sua noite polemica. Ela não perdeu mais tempo no meio daquele burburinho. Saiu entrando no salão e finalmente começou a viver o Royal Ball que tanto planejou.
Aproveitou o jantar e toda apresentação feita pela instituição que eles ajudariam naquele ano com muito gosto até que chegou o momento do seu discurso. Willow foi quem a introduziu ao público.
Diante de si os holofotes a ofuscaram um pouco, mas com uma respiração funda, Knights teve certeza de que aquele era o seu momento, a sua hora.
— Esse não será um discurso rápido, então peço que vocês fiquem à vontade.
Todos deram uma leve risada com o momento de descontração e respirou fundo antes de começar com o que seria o discurso da sua vida.
— Eu sou Knights, boa noite. Primeiramente, eu gostaria de agradecer a todos pela presença hoje. Me sinto honrada em estar aqui representando o Palace Hotel e assumindo a administração dele publicamente. Já tem um tempo que cumpro essas funções aqui e finalmente ser reconhecida por isso, mesmo que sem a presença dos meus mais fiéis apoiadores e fundadores do hotel, os meus avós Lillian e Paul Knights, é um momento excelente de se viver.
Eu não sei o que vocês conhecem sobre o Palace, além da nossa excelência e luxo, mas creio que muitos não sabem o que significa ser a nova administradora deste belíssimo hotel. Então, o que isso significa? Significa que eu já vi muito dele nos bastidores. Quando esse hotel começou, eu não existia, mas desde que eu nasci, cresci nos corredores deste palácio. Isso significa que eu vi muito. Eu comecei apenas como uma menina curiosa ao lado do seu avô até que eu percebi que havia um mundo inteiro de possibilidades dentro desse prédio... Eu pude viver tudo e sempre fui muito curiosa para entender. Meu primeiro contato com diversas culturas foi dentro desse hotel, muito antes que eu pudesse ir a uma escola ou pudesse aprender a ler. Eu cresci dentro dessas paredes, tanto nos bailes quanto nos escritórios onde vocês não têm acesso.
Enfim, para poder ocupar uma cadeira dentro dos nossos escritórios, eu tive que estudar muito e lutar bastante pela vaga. Ao contrário do que muitos pensam, não tive colher de chá só porque sou neta dos donos. E eu percebi que, como uma mulher nessa indústria, as pessoas sempre terão um certo tipo de desconfiança sobre você. Vão questionar se você merece estar realmente ali, se o seu parentesco não é o motivo pelo qual você é bem sucedida, ou se não tem a ver com algum outro tipo de regalia. E deixe-me adiantar algo para vocês, não é bem assim.
Eu também percebi que muitos amam inventar explicações para o meu sucesso nessa área e eu vi também algo em mim, mudar ao perceber esse comportamento vindo de vocês e da mídia. Os eventos que eu vivi nos últimos anos, me tornaram um espelho para os que queriam me destruir, ou seja, o que quer que eles dissessem que eu não poderia fazer, eu fazia. O que essas pessoas criticavam em mim se tornou combustível para que eu prosseguisse nessa caminhada conquistando mais e mais.
Há uns anos eu ganhei um prêmio de inovação e com essa vitória recebi muitas críticas, pois fui a pessoa mais jovem a receber a honraria. Naquela época, tudo o que me foi dito era novo e nunca tinha experimentado algo do tipo. Mais do que nunca, as pessoas tinham dúvidas sobre meus atributos. De repente, não tinham mais certeza se eu era a pessoa que tinha todas as ideias que colocava em prática só porque em alguns momentos eu optei por colaborar em projetos com amigos do ramo.
Naquela época, eu não podia compreender completamente o porquê dessas duras críticas me atingirem tanto. Eu me recordo até hoje das várias matérias, coberturas jornalísticas que fizeram sobre mim. Agora eu percebo que isso é o que acontece com uma mulher quando ela alcança sucesso além do nível de conforto das pessoas. Por conta disso, eu sempre espero uma notícia ruim a cada coisa boa que compartilho.
Por conta desses e outros momentos do tipo, eu decidi, mais do que nunca, que daria o meu melhor em absolutamente tudo. Eu decidi que seria e alcançaria tudo o que eles me diziam que eu não conseguiria. Eu só não sabia que com isso eu sempre estaria tentando de uma forma ou de outra me corrigir e mudar até que finalmente agradasse vocês, na tentativa de fazer com que vocês não me criticassem mais. Se eu tivesse um novo namorado, vocês reclamavam, então eu escondia o pretendente ou simplesmente ficava solteira. Se eu fizesse um projeto muito moderno, alguém reclamava e, então, eu voltava atrás. Ou então, eu tomei uma decisão mais arrojada e tive apoio de pessoas importantes da área, e por isso do nada não sou mais uma mulher de negócios e sim uma manipuladora. Nos últimos meses, me tornei uma depravada aos olhos de vocês, e agora, além disso, sou a vilã por me defender e provar que não tinha nada a ver com as frases proferidas por um dos meus ex.
Nos últimos anos, eu assisti mulheres nessa indústria serem criticadas e comparadas entre si por seus modos de vestir, relacionamentos e diplomas. Aposto que vocês nunca ouviram a seguinte frase ser dita “parabéns pela promoção, espero que não tenha dormido com o seu chefe dessa vez.” Não, né? Esse tipo de crítica é reservado para nós, mulheres.
Sabe, eu aprendi que só existia duas opções para mim: deixar a minha carreira, brilhante, diga-se de passagem, ou continuar a conquistar o inimaginável. Acredito que o único jeito de seguir em frente é justamente seguir em frente. Não devemos deixar obstáculos, como essas críticas, servirem como desaceleradores de nossas forças.
Eu vejo nos olhos de muitas mulheres com que trabalho esse brilho e sede de conquista. Empresárias mulheres tem dominado mais e mais o mercado e são responsáveis por diversos dos incríveis resultados de crescimento que vemos nos jornais de negócios. E por que nós estamos indo tão bem? Porque temos que crescer mais rápido, temos que trabalhar com mais garra, temos que provar que merecemos estar ali a cada segundo e, principalmente temos que constantemente superar as nossas últimas conquistas. Mulheres de negócios, tanto na frente das câmeras quanto nos bastidores, não tem permissão para descansar. Somos colocadas em um pedestal de padrão impossível de alcançar.
Sou extremamente feliz em ver que muitas das minhas companheiras de carreira se tornaram verdadeiras preciosidades, diamantes mesmo, de tanta pressão que sofreram, aprenderam a usá-la como força de aperfeiçoamento e não de destruição.
No entanto, precisamos manter o nosso apoio a mulheres. As mulheres nos cargos de chefia, as mulheres que querem galgar novos postos, as mulheres que simplesmente querem não ser questionadas por suas habilidades em estar em um determinado cargo, as mulheres que estão sendo pioneiras em diversas áreas e que ainda não conseguem estar em uma posição de poder porque ainda buscam um espaço justo a mesa.
É por isso que, neste ano, o Palace Hotel com Royal Ball está apoiando uma instituição dedicada a promover o acesso de meninas a educação. É necessário que eduquemos as meninas para que elas se tornem as mulheres que queiram ser, para que elas atinjam por completo o seu potencial.
Como sociedade, temos que melhorar muito a nossa compreensão, inclusão, forma de denunciar injustiças e mal comportamento para com as mulheres. Houve inegáveis avanços em relação a tudo isso, mas ainda temos muito o que mudar.
Aos que me conhecem sabem que esse tipo de fala não é algo novo, eu sempre advoguei para que mais mulheres alçassem esse tipo de patamar onde estou e para que elas fossem mais justamente recompensadas e protegidas.
Orgulho-me de poder ser fonte de inspiração para mulheres, mesmo com todos os meus medos e erros. Quero que saibam que me inspiro também em vocês. Se sou o que sou atualmente também devo a minha vó, Lilian Rose Knights, dona e fundadora do Palace, e a minha mãe, Beatrice Cara Knights, juíza da corte da cidade. Mulheres que constantemente me são exemplos bons e que os seus desafios me inspiram a continuar a viver lutando por um mundo mais justo para mulheres.
Agradeço a confiança dos nossos mais diversos parceiros em negócios na minha pessoa para exercer essa função importante aqui. Continuem apoiando as mulheres e continuem apoiando o Palace Hotel. Obrigada pela presença de todos. Aproveitem a noite.
Não era preciso dizer que foi ovacionada. Seus pais e seus amigos mais próximos estavam repletos de orgulho do discurso que a filha deu. Para em si, foi libertador proferir cada palavra. Foi importante para si mesma voltar a estar diante da sociedade com aquele tipo de posicionamento. Poderia não ser a dona do Palace Hotel, mas estava extremamente realizada ao ser a dona do seu próprio final feliz.




Fim.



Nota da autora: Em The Man eu tentei criar um momento de empoderamento onde nós pudéssemos perceber isso na personagem principal. Usei de alguns momentos icônicos reais para algumas cenas e falas, como por exemplo uma entrevista da Rihanna e o discurso da personagem principal foi baseado no discurso da própria Taylor Swift na premiação Women In Music da Billboard de 2019. Enfim, tentei construir uma personagem principal destemida e dona do seu nariz e espero que vocês tenham sentido isso.
The Man é a continuação da fanfic 04. Bloodline do ficstape Thank U, Next.
Gostaria de agradecer as betas por terem a maior paciência comigo durante esse projeto. Vocês são incríveis! <3


Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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