You are...
Talvez eu tivesse me precipitado ou protelado minha decisão, mas estava tão cansada daquela rotina de estar sempre sozinha que não parecia que eu era uma mulher casada.
— Dra. Miller?! — disse uma voz feminina ao bater na porta.
— Sim. — respondi mantendo minha atenção voltada para as anotações que fazia em mais um prontuário médico que avaliava.
— O diretor que falar com você. — era minha fiel amiga, enfermeira Joy — Pelo que pude perceber é urgente, ele pareceu ansioso e animado ao mesmo tempo.
— Isso é novidade se tratando dele. — soltei a caneta que estava em minha mão e fechei a pasta de prontuários — E teria algum comentário sobre essa mudança?
— Ouvi alguns sussurros pelos corredores que o hospital recebeu um convite especial do governo. — comentou num tom mais baixo.
— Convite especial. — me levantei da cadeira e estiquei a pasta para ela — Então parece mesmo ser urgente.
Peguei o estetoscópio que estava no pescoço e colocando no bolso do jaleco, segui em direção a sala do diretor que ficava no sexto andar. Ele já me aguardava curiosamente acompanhado do dr. Yang, algo estranho já que Yang sempre se recusava a participar de reuniões inesperadas e sempre enviava seus internos ou residentes.
— Bom dia. — disse em cumprimento — Estou curiosa para saber o que me traz aqui, ainda mais o que trás do dr. Yang aqui.
— Falando assim parece até que eu não venho ao sexto andar. — Yang me olhou com chateação.
— Só comentei por que está tão concentrado em suas pesquisas que está se esquecendo de viver quase. — brinquei tentando consertar meu comentário irônico.
— Todos sabemos da dedicação de ambos para com o hospital. — encerrando o assunto o diretor Hwang se sentou em sua cadeira — O que a traz aqui é uma notícia esplêndida.
Ele iniciou com seu discurso sobre como o hospital estava progredindo e crescendo tanto no atendimento quanto na área de pesquisas, que os verdadeiros responsáveis por isso eram nós dois, com profissionalismo, ética e dedicação. Até que entrou no verdadeiro assunto, o convite que não o governo, mas especificamente convite do exército coreano, onde uma equipe do hospital seria enviada para uma base do exército em Uruk, ao sul da Ásia.
Nosso dever seria mostrar através desse ato em uma campanha nacional que médicos e militares tinham o mesmo compromisso com a população, cuidar e salvar suas vidas. Naquele momento comecei a pedir a Deus para que minha equipe não fosse escolhida e nem que estivesse envolvido nisso.
— E como sabemos das intensas pesquisas do dr. Yang, e sua equipe é a única no mesmo nível de competência… — explicou ele.
— Já entendi, senhor. — engoli seco, sentindo meu coração acelerar.
Um frio na espinha passou por mim, após mais algumas explicações do diretor Hwang sobre nossa viagem, saí primeiro deixando ambos conversando mais um pouco e segui direto para a sala dos enfermeiros onde minha equipe estava, certamente já reunida pela Joy. Contei a eles todo o planejamento do diretor assim como nossa tarefa, a primeiro momento todos ficaram animados com a notícia, sem nem saberem de fato como seria nosso destino.
— Está tranquila com isso? — perguntou joy ao se aproximar de mim, que já estava tomando o terceiro copo de água pra ver se meu corpo voltava a funcionar regularmente — Exército… Batalhão… Forças Especiais…
— Queria dizer que sim. — suspirei fraco — Não sei como irei reagir se acontecer de vê-lo novamente.
— Faz quanto tempo? — perguntou ela — Seis meses?
— Sete. — corrigi — A última vez que soube dele foi através da sua irmã, no que deveria ser a reunião sobre o divórcio.
— Olhando sua cara quando fala disso, já deveria estar acostumada com os desaparecimentos dele. — Joy cruzou os braços — Desculpe dizer, mas é por isso que não me envolvo com militares.
— Não te recrimino… — desviei meu olhar para o chão — Mas essa é a pior parte, acho que me acostumei com a ausência dele, não quero mais pensar nisso.
Me afastei dela e retornei a minha sala, passaria o resto do dia preenchendo os formulários da viagem para o diretor, com as informações da minha equipe.
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— Retiro o que disse, já estou quebrada aqui. — reclamou a residente Yuri assim que desembarcamos e seguimos em direção aos carros dos militares que já estavam a nossa espera, mais à frente.
— E você era a mais animada da equipe. — brincou Jinho em meio a sua dificuldade carregando as muitas malas, já sendo ajudado por Sam.
— Tenho que concordar que essas horas de voo me mataram também. — Joy concordou enquanto passava a mão no pescoço, dando sinais de cansaço — Eu esperava bem mais do hospital.
— Eu alertei a todos. — relembrei sobre a importância e real fator de estarmos ali, afinal não era uma viagem de férias.
— E lá vem os militares. — comentou Joy num tom significativo.
Assim que me virei para frente, meus olhos logo encontraram , que seguia em nossa direção acompanhado de mais dois homens, um era seu inseparável amigo Yejun, o outro não conhecia, mas já havia visto em algumas cerimônias do exército. Ao pararem diante de nós, bateram continência com toda a formalidade que o exército exigia.
— Bom dia, sou o General Park, sejam bem-vindos a base de Uruk. — disse o senhor prontamente e apontando para — Este é o capitão Kim, ele ficará responsável por toda a equipe médica, capitão esta é a dra. Miller médica responsável pela equipe do hospital Hwarang. Fizemos um cumprimento formal permanecendo em silêncio, ouvi alguns cochichos vindo de trás de mim, mas logo percebi a agilidade de Joy em silenciar todos.
— Deixarei vocês trabalharem. — o general se afastou de nós, passando por minha equipe em direção ao seu carro particular que o aguardava mais à frente.
Mais um forte silêncio pairou sobre nós por alguns instantes, tanto que eu conseguia ouvir as batidas do meu coração. Nossos olhares diretos me fazia sentir uma certa frieza vindo dele, gostaria de descobrir quem era aquele que estava na minha frente, após deixá-lo, certamente não era o mesmo de sete meses atrás.
— Sigam-me, por favor. — foram suas únicas palavras.
Caminhamos por mais alguns metros até chegar nos jipes, os outros soldados vieram correndo para ajudar Sam e Jinho com nossas malas, não sabia se era propositalmente, mas eu e Joy seguimos no mesmo jipe de e Yejun, em meio ao clima pesado e silensioso. Ao chegarmos na base, uma oficial médica nos acompanhou até uma velha casa que estava servindo de alojamento, eu, Joy e Yuri nos acomodamos em um quarto improvisado para nós.
— Pela sua cara… — Joy tentou segurar o riso — O coração está acelerado.
— Eu juro que não imaginava que ele pudesse estar aqui, mas algo lá no fundo me alertou para essa possibilidade. — confessei.
— Agora vai ser tenso, ele longe é uma coisa… Seus olhos brilharam quando viu ele. — comentou com extrema razão.
— Passei esse tempo todo fugindo dele… — suspirei fraco — Não quero pensar nisso agora.
Sentei na cama improvisada e olhei para as minhas malas ao lado, tentando imaginar como seriam meus dias naquele lugar. No meio da noite senti um pouco de sede e saindo do quarto desci as escadas, ao chegar na cozinha me deparei com os dois amigos inseparáveis sentados à mesa, ele estava de costas para mim. Vê-los juntos me fazia lembrar o dia do nosso casamento, Yejun havia perdido as alianças por alguns minutos, o que fez Joy ficar raivosa e irritada.
— . — disse Yejun ao me ver — Quer dizer, posso ajudar dra. Miller?!
— Não precisa ser tão formal assim, somos adultos e nos conhecemos, apenas haja naturalmente. — caminhei de forma tranquila sentindo meu coração acelerando conforme minha aproximação deles — Só preciso de um pouco de água.
Ao me aproximar da velha geladeira, abri e peguei uma garrafinha de água, percebi que Yejun se levantou discretamente e saiu pela porta lateral da cozinha. O que eu menos queria naquele momento era ficar sozinha com , então tomando um pouco mais a água, tampei e me voltei para a escada. Passando ao seu lado, ele segurou em minha mão me fazendo parar, respirando fundo permaneci em silêncio.
— Por que veio?! — perguntou se levantando.
— Estou aqui a trabalho. — respondi demonstrando segurança.
— Se está fugindo de mim, deveria ter recusado. — questionou.
— Não sou eu que estou fugindo, mas isso não vem ao caso… Assim como você, eu tenho um compromisso com minha profissão. — meu coração se acalmou um pouco — Preciso descansar.
Me soltei de sua mão e segui novamente para a escada. Claro que minha noite não seria tanto de descanso assim e nem consegui dormir direito, quanto mais eu tentava limpar minha mente e relaxar, mais eu pensava nele e em como seu olhar ainda mexia comigo. Os dias se passaram, eu e minha equipe médica estávamos fazendo uma visita a uma aldeia local, aparentemente as crianças estavam doentes por ingerir água contaminada por chumbo de uma indústria próxima da região.
Após três dias de análise examinando as crianças, o diagnóstico possível inicial era gastrite, devido nossas condições de equipamentos estaríamos trabalhando com hipóteses, então o tratamento seria executado o mais rápido possível sobre o auxílio das médicas militares que estavam nos acompanhando.
— Com esta contagem, somam 17 crianças. — informou Joy preenchendo o relatório — Como suspeitávamos, a causa é o rio.
— E como impedir crianças de brincar em um lugar que estavam acostumadas? — indagou Sam ao se sentar na mesa.
— Sai daí. — Yuri o empurrou.
— Primeiro devemos alertar as famílias para não deixarem as crianças se aproximar do rio, depois descobrir o motivo da indústria não reter as toxinas e despejar em outro lugar. — respondi explicando nossos próximos passos.
— Não são muitas famílias, então acho que poder fazer em um dia. — comentou Jinho, certamente pensando se ficaria ainda mais cansado com a nova tarefa.
— Mas e a indústria? — indagou Joy.
— O problema está sendo causado por ela… — voltei meu olhar para o lado e lá estava o militar que fazia meu coração disparar.
Eu conhecia aquele olhar, significava que ele queria falar comigo e era sério. Me afastei da equipe e o segui até onde estavam os jipes da base.
— Não se envolva com isso. — sua voz estava ainda mais fria — Apenas faça o seu trabalho.
— Do que está falando? — cruzei os braços mantendo meu olhar na direção da tenda médica improvisada naquela aldeia — Estou fazendo o meu trabalho.
— Sabe o que eu quis dizer.
— Me explique plausivelmente porque não posso me envolver. — o olhei o confrontando — Faz parte do que eu sou.
— Eu sei, apenas faça o que disse. — ele suavizou um pouco a voz.
Poderia considerar aquilo um pedido dele, sua forma de demonstrar preocupação comigo ainda era discreta e silenciosa, mas eu amava aquilo, o que estava me deixando maluca.
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— Não deveria estar tão longe da base. — disse ao se aproximar de mim.
— E você?! O que faz aqui? — o olhei.
— Te protegendo. — seu olhar ficou um pouco mais intenso.
— Pare de me olhar assim. — voltei meu olhar para o horizonte.
— Assim como? — perguntou curioso.
— Como se eu fosse a coisa mais importante em sua vida.
— Você é. — ele segurou em minha mão — Só não consegui te mostrar isso.
— Acho melhor voltarmos. — olhei para o céu que já formava nuvens escuras.
sempre foi impulsivo, assim que tentei me afastar para voltar, ele me puxou para mais perto e me abraçou carinhosamente, automaticamente meu corpo se aninhou em seus braços me fazendo perceber que como um ímã eu sempre estaria atraída a ele, sem forças para me soltar. Ficamos assim por um longo tempo, até que Yejun o chamou pelo rádio que estava em seu bolso, eles precisavam se ausentar da base e era com urgência.
Assim que retornamos para base, o esquadrão Alpha partiu sob o comando do seu capitão: Kim . Aquela sensação de solidão que sempre sentia quando ele estava longe ressurgiu, de uma forma ainda mais forte, pois não estava preparada para passar aqueles dias com ele, menos ainda voltar a ficar longe.
Sua missão perdurou pouco mais de cinco dias, quando retornou senti mais uma vez aquela frieza vindo dele, seu olhar distante e sua forma estranha de agir quando eu me aproximava estava me preocupando.
— Yejun disse que queria falar comigo. — disse ao entrar na sala de descanso dos soldados.
— Obrigado por vir. — ele deixou aparente o envelope que carregava.
— O que deseja?!
— Te entregar algo que deveria a muito tempo. — ele esticou o envelope — Só agora entendi seus sentimentos.
— Do que está falando? — peguei o envelope — O que tem aqui dentro?!
— Abra e veja. — respondeu ele.
Dentro do envelope estavam os papeis do divórcio, que há sete meses ele enrolava para não assinar.
— São os papeis do divórcio. — sussurrei lendo — Mas…
Eu não conseguia entender, será que ele estava definitivamente desistindo de nós? Ou não me amava mais? estranhamente estava me sentindo mal por aquilo, ao mesmo tempo que passei a espera daqueles papeis achando que minha solidão terminaria ao tê-los, agora estava vendo que não era como imaginei, definitivamente não estava me vendo longe dali.
— Me perdoe por todas as minhas ausências. — sua voz estava mais baixa, ao olhar para ele conseguia ver no seu olhar que era a coisa mais difícil para ele, ter assinado aqueles papeis.
— Eu que peço desculpas. — disse me arrependendo de todas as vezes que pensei que ele não se importava com o nosso casamento — Por não ver seus sentimentos claramente.
Sem nenhum receio rasguei os papeis que estavam em minhas mãos, tinha certeza que o divórcio não era alternativa correta, podia ver em seus olhos que me amava, então eu não abriria mão disso.
“Mesmo que as estações mudem, eu ainda estarei aqui
No fundo do meu coração
É só meu amor por você
Você é meu tudo.”
- You are my Everything / Gummy (Descendants of the Sun OST)
“Sentimentos: Todos sentimos e quando compreendemos os sentimentos do outro, podemos assim fazer as escolhas certas e ter a chance de começar de novo.” - by: Pâms
The End...
Mais um ficstape para a glória de Deus *-* Houve alguns obstáculos pelo caminho, mas no final deu certo e estamos aqui, espero que tenham gostado dessa continuação e tem mais na música 03. This Love. Sugestões, críticas e elogios são bem-vindos!!!
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
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*as outras fics vocês encontram na minha página da autora!!