Finalizada em: 16/01/2018

Capítulo Único

* Bittersweet and delicated. Los Angeles, The LA Downtown Hotel; Domingo; 03:43 a.m.

Abrir os olhos era doloroso.
Era uma ação tão simples, mas doía, quase como se tivesse que usar todos os músculos de seu corpo para fazer isso.
Tentou novamente e viu uma fresta de luz atingir sua retina, insistiu e finalmente conseguiu abri-los. A dor de cabeça lhe atingiu logo em seguida.
Situou-se. Estava no quarto 2402, do vigésimo quarto andar de um hotel na movimentada L.A. Estava apenas encarando o teto, pois não tinha coragem de encarar a bagunça que tinha feito na noite anterior, lembranças que passavam apenas como flashs em sua cabeça.
O whisky. O telefonema. A briga. O celular estraçalhado na parede. A raiva. Mais Whisky. A sacada. O vazio.
Não tinha pulado por muito pouco, apenas observou os carros abaixo dele, seguindo seus rumos em direção a seus destinos seja lá quais eram. E ele estava ali, com o coração quase tão machucado quanto as mãos, que haviam socado as paredes daquele quarto e estilhaçado um espelho, pois já não aguentava mais olhar para seu próprio rosto e não se enxergar com os mesmos olhos.
Sentir o sangue quente escorrendo por sua mão, o ajudou a pelo menos sentir algo, já que seu emocional estava mais duro que uma pedra, porém tão frágil quanto o vidro que causou o corte.
Olhou para sua mão e apesar do ferimento aberto, o sangue secara quase por completo. Era patético. Destruir relação por relação, com todos a sua volta e ter que destruir a si mesmo a troco de sentir algo.

Três meses atrás - Phoenix, Arizona

O sol reluzia através das grandes janelas da sala de estar. A grande mesa de jantar já estava com a toalha festiva que indicava que algo especial aconteceria naquela noite. Finalmente estava de volta a sua casa, ao seu conforto, à Ruby, sua cadela. Tudo em seu lugar, tudo como deveria ser. Menos sua cabeça.
Tudo girava em torno da briga que tivera com seu pai na noite anterior e ele nem sequer sabia como as coisas chegaram àquele ponto.
Como podia, o pai dele, que sempre o apoiou em tudo, sempre entendeu o que se passava em sua cabeça, discordar tanto de uma decisão que implicava apenas com o futuro dele?
E se ele não quisesse mais fazer parte da banda? E se ele só estivesse cansado e com saudades de casa e seu coração de pedra não o permitisse falar? E se ele quisesse compartilhar sua vida e seu coração com as poucas pessoas a sua volta e não mais abrir sua alma em cima de um palco, cantando suas letras que vieram de momentos que o fizeram sofrer? E se ele só quisesse mudar tudo, acabar com tudo?
Os "e se" e os "talvez" iriam o consumir um dia desses.
Resolveu esfriar a cabeça, pegou a coleira de Ruby e resolveu passear com a cadela pela cidade.
Apesar do comum dia quente no Arizona, ele sentia que não conhecia mais o lugar no qual crescera. A temperatura era estranha a seu corpo, as ruas não pareciam mais as mesmas, as pessoas eram estranhas. Sentia-se tão distante de tudo devido as intermináveis turnês com sua banda, nem reconhecia mais o local o qual crescera e passara toda sua vida. Parecia um lugar totalmente novo.
Eram por conta de coisas simples como essa que a decisão de acabar com a banda tinha sido tomada por ele, mas o peso nos ombros por conta dela era enorme. Não conseguia se ver longe de tudo aquilo porque simplesmente não se via mais nem em sua cidade. Era muito difícil estar perdido dentro de si mesmo.
Retornou a sua casa, com mais dúvidas do que quando saíra. Deixou Ruby no quintal e subiu para um rápido banho, mas nem com a água escorrendo pelo seu corpo foi capaz de esquecer as palavras de seu pai, na noite anterior: "coisas bonitas como essa não podem morrer assim, sua arte importa para o resto do mundo, assim como você, por que desistir agora?", e a dúvida pairava por sua cabeça.
Estava terminando de se vestir quando ouviu a campainha tocando no andar de baixo e teve certeza de que era Skye, a garota que finalmente sentiu confiança o suficiente para apresentar a sua família. Suas outras namoradas eram casos de alguns meses, mas nunca o fizeram sentir seguro como com Skye e seus doces olhos cor de mel.
Desceu rapidamente para atender a porta, mas seu pai já estava cumprimentando a moça.
- Essa era a maravilhosa Skye de quem me contou ontem a noite? - seu pai sorriu
- Em carne e osso. - disse John, um pouco desconfortável.
Segurou Skye pela cintura, dando um beijo e guiando-a para a mesa. Esse seria um jantar interessante.
Sua mãe sentou-se finalmente na mesa de jantar, estavam prontos para se servir, quando John notou a falta de algumas pessoas à mesa.
- Meus irmãos não virão?
- Creio que não, ficaram presos no trabalho e o trânsito estava um caos, pediram desculpas, mas disseram que estavam com saudades de você, Johnny Boy. - brincou Jenny, sua mãe.
- Típico. - sussurrou John, enquanto Skye colocava gentilmente sua mão em cima da dele.
- O que disse, John?
- Nada, vamos comer.
Era possível notar o desconforto na mesa, onde só se ouvia a respiração de todos e o tintilar de talheres nos pratos.
Jenny resolveu quebrar o silêncio.
- Então, Skye. Como conheceu John?
- Nos conhecemos em um dos shows. Eu sou fotógrafa e estava tirando algumas fotos por lá e ele veio conversar comigo. - disse Skye timidamente.
- Olha, que interessante. Mais uma coisa boa que aconteceu por causa da banda. - brincou o pai de John.
- E lá vamos nós. - John soltou os talheres ruidosamente, empurrando a cadeira e saindo da mesa.
- John! Isso não é coisa que se faça! Qual o problema com vocês dois?! - gritou Jenny.
Skye foi atrás de John para se certificar de que estava tudo bem e o encontrou no quintal, escorado em uma árvore, com a mão na cabeça. Aproximou-se colocando a mão em suas costas e foi empurrada instantaneamente por ele.
- John, calma sou eu. - Skye retirou sua mão rapidamente de perto de John.
- Desculpa, eu achei que era meu pai. Desculpa.
- O que está havendo? Por que está agindo assim?
- Eu quero sair da banda. Eu não aguento mais, nada disso!
- John, por favor, respira. Como assim sair da banda? Eu notei que as coisas estavam um pouco estranhas entre vocês, mas não achei que chegaria a isso. - disse a garota olhando dentro dos olhos de John
- Estranhas? A gente briga toda a semana, acho que não estamos mais na mesma sintonia! O que eu posso fazer?
- Tentar, John. Às vezes tudo que você precisa é respirar mais fundo para ajudar a clarear sua mente. Nem sempre tudo é fácil.
- Ótimo, mais uma pessoa para me dizer o que eu devo ou não fazer com a minha vida, com a minha banda. - disse John, bufando.
- Eu não estou dizendo o que você deve ou não fazer com a sua vida, eu só digo que é muita história para você querer jogar fora, assim, do nada. - disse Skye, quase gritando - Os meninos sentem a sua falta, sei disso porque falei com o Kennedy hoje cedo e ele estava muito preocupado com você. Você está pegando uma vida toda, de trabalho, dedicação e amor e pensando em jogar na lata do lixo. É muito maior do que só a sua vida, mas você está certo, ainda sim é sua.
- Já parou para pensar que eu sinto falta da minha família, da minha cidade, dos meus amigos, de ter uma vida normal com você?
- E você já parou para pensar que sua família te apoia nisso tudo, que sua cidade adora a banda e que seus amigos SÃO A SUA BANDA! E que eu, apoio vocês, mesmo que eu sinta sua falta, porque nem eu, nem sua família, nem ninguém te impediria de fazer algo que você de fato ama.
John ficou encarando Skye, sem saber o que falar. Ou como reagir.
- John, a vida é sua. Mas as pessoas ainda fazem parte dela e sua decisão é um pouco egoísta, mas ainda é sua decisão. Procure-me de novo, de cabeça fria. - lágrimas escorriam do rosto da garota.
- Espera. Então você vai embora?
- Você precisa colocar a sua cabeça no lugar e eu a minha. Repense suas decisões.
Skye pegou suas coisas da sala e foi embora. Deixou John no quintal, sem entender como chegaram a isso.
O pai dele se aproximou, e John só queria sair dali.
- Sua garota foi embora, talvez devesse ir atrás dela.
- Sabe por que ela foi embora? Por tudo que você disse, por tudo que você falou para mim na noite passada. Isso não saiu da minha cabeça!
- Ótimo, que você fique pensando em tudo que você está fazendo então.
John se irritou e socou a árvore atrás dele.
- ÓTIMO. EU DESISTO! Era o que queria ouvir? Que eu desisto da banda, da Skye, dessa família e dessa droga de cidade!
- JAMAIS vou querer ouvir que meu filho está desistindo das coisas que ama. Era exatamente o que eu queria que você entendesse. - respirou fundo - Que você não tem que desistir quando as coisas ficam difíceis, é nesse momento que luta.
- CHEGA DESSA MERDA TODA, chega disso tudo! Eu vou embora. Avisa quem quiser saber que eu desisti, que EU DESISTI. Que eu sou um idiota que deixou tudo para trás porque eu cansei de lutar contra a maré.
- John, isso é uma briga sem fundamento!
John entrou em casa disparado, subiu para seu quarto, pegou todas as suas coisas, colocou tudo em uma mala e desceu de novo. Com o rosto molhado de chorar e sentindo o peso do mundo em seus ombros. Ser um bom filho, um bom namorado, um bom companheiro de banda, um bom vocalista, um bom irmão e ver tudo isso falhando a sua volta.
- Filho, para onde você vai e por que está fazendo isso? Eu achei que você estava melhor, meu amor. - disse Jenny com lágrimas nos olhos, abraçando o filho.
Ele podia escolher entre ficar nos braços de sua mãe e tentar resolver tudo, de alguma maneira. Mas ele escolheu ir embora. Somente foi, sem olhar para trás, apenas batendo a porta atrás de si quando saiu.
E assim acabou em Los Angeles. Sem sua família, sua banda e sua Skye.

Los Angeles, The LA Downtown Hotel; Domingo; 04:37 a.m.

John passou todas essas cenas em sua cabeça repetidamente nessa última hora, e tudo que se passava em sua mente era como isso doía.
Estava debruçado na sacada do hotel, olhando o movimento da cidade. Cada vez que fechava os olhos pensava em como sua família se lembraria dele: o filho com uma banda ou o filho que desistiu de tudo. Cada vez que piscava via o rosto de sua mãe, de seu pai e de Skye, e pensava em cada uma de suas decisões e em como conseguiu escolher todas as erradas.
Voltou para o quarto para pegar mais Whisky e pegou logo a garrafa e levou para a sacada. Virou todo o conteúdo dela em questão de minutos e colocou no chão. Já estava muito tonto para raciocinar o que estava fazendo, mas estava sentado com os pés para fora da sacada. Era uma sensação estranha pensar que alguns centímetros para frente e um pouco mais de coragem essa dor toda acabaria. Seria esse um ato de coragem ou de covardia? Depende do ponto de vista, não é?
Apoiou-se no vidro da sacada e ficou em pé ali mesmo, mas a vertigem o atingiu naquele mesmo momento e caiu. Para trás. Batendo a cabeça com força na porta e desmaiando logo em seguida.

Novamente abrir os olhos doía, mas dessa vez parecia que estava desconectado de seu próprio corpo. A dor de cabeça o atingiu imediatamente, era insuportável.
Tentou se mover e entender onde estava e o que estava acontecendo, mas não era capaz de compreender a situação ainda.
O dia já estava claro e a movimentada Los Angeles já estava a todo vapor, pois era possível ouvir as conversas acaloradas na rua, assim como o barulho do trânsito intenso.

Levantou-se. E incrivelmente conseguiu ficar em pé, parecia um sonho.
Dessa vez a luz atingiu seus olhos, mas ele pode ver e também percebeu que ficou desacordado por horas, pois já era perto do horário do almoço, mas ele não fazia ideia de como sabia disso.
Adentrou o quarto e viu o caos que havia causado no local.
O espelho pendurado na parede, ainda com um pouco de seu sangue, automaticamente o fez olhar para a profunda ferida em sua mão.
A cama estava desarrumada, suas roupas no chão, espalhadas. O banheiro estava uma bagunça completa. Ele ainda era uma bagunça, suas lembranças também.
Novamente se encarou no espelho no banheiro, o único que estava inteiro e passou a mão pelos cabelos loiros e se perguntou como foi capaz de fazer tudo que fez? Como foi capaz de deixar tudo que sempre amou na sua vida ir embora? Como deixou o amor, a razão e a força escapar por seus dedos dessa maneira? Ainda tinha tempo de recuperar tudo isso?
Procurou por seu celular e encontrou-o despedaçado no chão do quarto e se perguntou por que havia feito isso e por que as coisas mais idiotas pareciam tão claras em sua cabeça, que já não doía tanto quanto alguns minutos atrás.
Era estranho pensar que tudo estava despedaçado, mas sentia tão leve, como se a solução de seus problemas estivesse clara na sua frente, como se fosse somente ir lá e resolver as coisas, mesmo que no fundo de sua mente ele soubesse que não. Focou-se em colocar roupas e sair à procura de um telefone para fazer a primeira ligação.
Desceu até a recepção e procurou por um telefone que pudesse usar, porque aparentemente também havia desconectado o telefone do quarto em um de seus momentos de fúria. Mas conseguiu um para fazer algumas ligações em uma sala mais reservada da recepção.
Precisava recuperar sua razão em primeiro lugar, então decidiu ligar para seu pai, e possivelmente seria a ligação mais difícil que faria. Mas enquanto pensava nisso, já havia digitado os números.
- Alô?
- Alô, pai? Hm... É o John, seu filho.
- Reconheceria a sua voz a uma cidade distância. Não acredito que realmente está fazendo essa ligação, mas fico feliz de estar ouvindo sua voz depois de quatro longos meses.
- Foram só três - John riu.
- Para todos nós parece uma eternidade.
- Não poderia dizer algo diferente, parece que faz anos que eu sai de casa.
- Como você está?
- Eu queria saber era como o senhor está, como está tudo e como nós estamos. - John não notou como soou nervoso falando tudo aquilo, perguntando tudo aquilo. Ele sentia como se seu tempo tivesse acabando.
- Num geral, eu estou bem, sua mãe e seus irmãos estão bem também, apenas com saudades e nós dois temos assuntos para resolver, mas tudo ao seu tempo, John, ao SEU tempo.
- Eu não sei mais se tenho tempo, quero dizer, eu fiz um show ridículo e sai de casa, da banda e perdi a Skye. - John suspirou fundo - Parece que eu perdi tudo que era importante para mim.
- Hey, você não perdeu ninguém, porque nenhum de nós desistimos de você, mas cansamos de lhe procurar, meu filho. - seu pai respirou fundo também - Não é como se não nos importássemos, mas doía demais te procurar e não saber onde te encontrar.
- Eu vou voltar para casa, eu vou reconstruir tudo que eu destruí em questão de segundos, eu prometo.
- Isso me faz feliz, John, mas a pergunta é: isso faz você feliz?

John encarou a sala onde estava, como se pela primeira vez em todo esse tempo entendesse que não era tão fácil ou tão difícil, nem tão simples ou tão complicado. Era somente a vida, com seus altos e baixos, e era isso que mostrava para ele que ele de fato estava vivo e que não iria sanar seus problemas tomando todas ou pulando de um prédio.
Não era como se quisesse morrer, apenas queria silenciar sua dor de uma maneira permanente.
Levou um tempo até responder seu pai.
- Sim, me faria feliz. Recomeçar.

Assim que disse isso sentiu sua dor de cabeça voltar com toda a força, como uma pontada ou como se tivesse levado uma pancada extremamente forte na cabeça, de novo.
Caiu no chão, tombando o banco que estava sentado. Estava totalmente tonto, atordoado e começou a ouvir um zunido muito alto. Não conseguia pensar, não conseguia se mexer. Estava ali estirado no chão, se sentindo totalmente impotente e imóvel.
Tanta coisa passou por sua cabeça naquele momento.
Será que esse era o fim? Será que não ia conseguir mais resolver nada? Será que o amanhã não viria mais? E se aquilo era tudo que ele tinha, ele de fato não tinha nada?
Soltou um único som, estridente, porém claro.
- SKYE!

72 horas depois; Good Samaritan Hospital, 17:24p.m.

- Acho que ele está se mexendo.
- Ele está apertando minha mão. JOHN. JOHN!

A voz estava longe, mas era extremamente clara para ele. Era Skye, chamando seu nome. Ele nem podia acreditar!
Abriu os olhos lentamente, porém sem dores. Era um milagre.
Olhou para cima somente e viu um teto branco, com uma luz bem forte que fez sua cabeça doer novamente, e meu Deus, como doía. Parecia que ele estava levando marteladas seguidas em sua cabeça, mas encontrou os olhos marejados de Skye e era de fato como ver o céu, pois lhe trouxe a paz que precisava. Sorriu, ou pelo menos ele teve a impressão de ter feito isso.
- John? Ai, meu Deus, você está acordado e tendo um espasmo no rosto. - disse Skye, com um sorriso no rosto e lágrimas escorrendo.
- Eu... Sorrindo... Besta. - era o máximo que podia dizer, considerando o tubo em sua garganta.
- Eu amo você, besta. - ela soltou uma risada. - Vou chamar o médico, fique bem quietinho ai.

Em alguns minutos Skye voltou para o quarto ao lado do médico, e ele teve certeza que viu Kennedy passar assustado pelo corredor, ou os fantasmas de seu passado estavam o perseguindo. Mas também teve plena certeza de que viu Jared passando ali, junto com Tessa. Estaria ele ficando, de fato, louco? Estava num hospital ou num hospício?
Começou a respirar com alguma dificuldade, e o monitor cardíaco ao seu lado estava apitando rápido e alto demais.
- Sr. O'Callaghan, se acalme. Já vamos retirar esse tubo e explicar o que ocorreu. É um milagre estar vivo. Seus amigos, sua namorada e sua família estavam esperando por notícias suas.

Algumas horas se passaram até retirarem a maioria das aparelhagens em que ele estava ligado e até que ele acordasse totalmente. Notou uma bandagem na parte de trás de sua cabeça e se perguntava se a queda de um banco nem tão alto foi à causa disso. Mas o médico estava voltando para explicar o que finalmente estava acontecendo e voltava com Skye e meus pais. Como era bom vê-los.
- Parece bem melhor, Sr. O'Callaghan. Foi uma queda e tanto, por sorte sua namorada foi chamada e o encontraram a tempo de tratarmos de seu coma e traumatismo.
- Traumatismo? Coma? Tudo isso porque eu caí de um banco de no máximo trinta centímetros na recepção do hotel?!
- Banco? - Skye parecia abismada. - John, você não tem muita noção do que aconteceu, não é?
- Eu me lembro de uma queda no meu quarto, mas eu acordei, desci para recepção, liguei para o meu pai e cai do banco enquanto estava em ligação. Não?
Todos na sala estavam absolutamente chocados, como se John estivesse alucinando, e pelo jeito, ele estava mesmo.
- John, você de fato bateu a cabeça na porta da sacada de seu quarto. E ficou lá por pelo menos 8 horas, desacordado, até o recepcionista me ligar dizendo que eu era seu contato de emergência e que fazia pelo menos dois meses que não pagava as despesas do hotel e também não estava respondendo mais a porta e o telefone do quarto não estava funcionando! - Skye tomou o fôlego e continuou contando tudo que houve - Então, cheguei ao hotel algumas horas depois e usamos a chave reserva para entrar no seu quarto, e encontramos um caos completo, cheiro de Whisky para todo lado e você caído no chão da sacada com uma quantidade considerável de sangue ao seu lado. Eu achei que tinha te perdido de vez. - Skye não soube dizer em que momento começou a chorar desesperadamente.
- Então, eu não estava bem?! Eu não liguei para você, pai, dizendo que estava arrependido? Eu não consertei as coisas? - John olhou para seu pai e começou a chorar, mas foi acalmado por sua mãe, o abraçando.
- Calma, filho, calma. Está tudo bem agora, está tudo sob controle novamente. - disse Jenny abraçando o filho.
- Quase tudo sob controle. - interrompeu o médico. - Conseguimos reverter o coma alcoólico, mas seu traumatismo craniano foi um pouco mais sério então peço que não faça esforços bruscos. Ou seja, rockstar, não poderá entrar em turnê por um tempo, e ficará sob observação aqui no hospital pelas próximas 24 horas.
- Mas espera, se eu não me desculpei e não consertei as coisas com todos, por que todo mundo está aqui? Eu juro que vi um Kennedy em pânico andando no corredor, e aquela nem é a cara dele normalmente.
Todos riram na sala, inclusive os companheiros de banda, que apareceram na porta do quarto.
- Porque mesmo quando você é um pé no saco, você ainda é nosso melhor amigo, panaca. - gritou Pat e todos riram novamente.
- E mesmo que você tenha sido um grosso com todo mundo, a gente sabia que você estava passando por um momento difícil. - disse Skye, segurando a mão de seu namorado, sentada na cama.
- Eu realmente tive medo de não ver um novo amanhã chegar, mas vocês me salvaram mesmo não estando totalmente ali.
- Viva um dia de cada vez, John, é só o que pedimos. Não vamos sair do seu lado.
Ele abriu um sorriso enorme, e dessa vez sabia que de fato estava mesmo sorrindo e sabia que seu coração, antes tão quebrado e frágil, estava se curando junto com sua cabeça e que por mais fraco que ele tenha se sentido e por pior que tenha tratado as pessoas mais importantes de sua vida, eles estavam lá por ele e ele se sentiu vivo pela primeira vez em tanto tempo. Ali mesmo naquela cama de hospital.
O tempo ia passar e as coisas iam melhorar e ele tentaria de novo, vivendo o dia de hoje, porque era tudo que ele tinha, sem temer que o amanhã não viesse de novo, porque ele estava vivendo o que podia ser vivido.

5 meses depois; Phoenix, Arizona.

A sensação de estar prestes a entrar no palco era energizante e deixava o coração de todos os membros da banda disparados. Mas os instrumentos já estavam colocados ao palco e os cinco lugares respectivos esperavam para serem preenchidos. O nervosismo tomou conta de John, afinal, era a primeira vez que estaria de volta aos palcos depois de tudo o que houve.
- Está tudo pronto? John? - disse Pat colocando a mão no ombro do companheiro de banda.
- VAMOS INCENDIAR PHOENIX!
E todos gritaram com ele, o abraçando e indo em direção ao palco, ouvindo o grito animados das fãs, que estavam esperando por esse show há tempos!
John se colocou na frente do microfone e finalmente disse:
- Olá, Phoenix, obrigado por estarem aqui hoje, nesse show beneficente! Todo o lucro desse show será destinado ao centro de pesquisa para doenças mentais e saibam que estaremos com vocês em sua luta! NÓS SOMOS O THE MAINE, E ISSO NÃO VAI MUDAR. É HORA DE INCENDIAR ESSE PALCO E GARANTIR QUE SE DIVIRTAM!
O lugar foi à loucura e o sorriso em seu rosto era genuíno. Estava no palco com seus melhores amigos, sua namorada fotografando tudo e seus pais ao seu lado e sabia que sua alma, de fato, pertencia aquele palco e que seu coração era grande o suficiente para dividir com todos naquele lugar.





Fim.



Nota da autora: Sem nota.




Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI. Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


comments powered by Disqus