Capítulo Único
Poderia matar Trish Abbernathy com minhas próprias mãos tamanho meu ódio.
Meus saltos batiam insistentes contra o chão sem que eu pudesse controlar. Queria segurar minha onda e não demonstrar toda minha irritação na frente de toda delegacia, mas nem o elevador parecia querer colaborar.
Bati o dedo sobre o botão pelo que deveria ser a vigésima vez no breve intervalo de dois segundos. Na tela do celular a mensagem de Noah, meu encontro para aquela noite, ainda brilhava.
‘Sinto muito que tenhamos tido esse imprevisto e você mal tenha tocado no jantar. Já está tarde, de qualquer maneira. O que acha de remarcamos para sexta que vem?’
Reprimi o impulso de grunhir. Trish havia estragado a primeira chance de transar que eu tinha em meses, tudo porque achou que seria fantástico plantar a mão na cara de uma garota que havia, supostamente, a ofendido. A garota só era a filha de um desembargador que a fez ir parar atrás das grades em tempo recorde.
Então ali estava eu, parada na frente de um elevador no 21º Distrito de Polícia de Chicago na certeza de que não se pode ter tudo na vida.
Minha lista de desejos que vinha sendo escrita desde meus dezesseis anos tinha vários checks: minha própria sala na Marbles & Finnigan’s, check. Apartamento em North Side, check. Carro do ano, check. Um closet só para sapatos, double check. Alguém para me ver usando as lingeries da La Perla que eu comprava? Error 404, boyfriend not found.
Quando tinha vontade, não tinha parceiro. Quando tinha parceiro, não tinha encontro. Quando tinha parceiro, encontro e uma calcinha minúscula pronta para ser estreada, meus clientes ligam desesperados pedindo ajuda para tirar suas filhas da cadeia.
O elevador, enfim, chegou ao meu andar e pude soltar o suspiro derrotado que mantinha preso. Embarquei na velocidade da luz e então o exercício de espancar o botão para a garagem se repetiu insistente e ineficaz. As portas estavam se fechando quando alguém gritou do outro lado em um tom levemente desesperado:
— Segura!
Rolar os olhos e jogar a cabeça para trás foi uma reação automática da qual não me orgulhei muito. Enfiei minha mão entre as duas portas obrigando-as a abrir novamente.
Arrependimento me acertou no instante em que vi a figura que caminhava rápido pelo corredor em minha direção. , meu querido colega de trabalho.
era delicioso de uma maneira muito absurda.
Os cabelos em um tom escuro de loiro, bagunçado de uma maneira que só uma passada nervosa de dedos poderia ter feito, a barba generosa e bem cuidada enfeitava o rosto, o dando um ar austero - e ridiculamente misterioso. Naquele momento não usava nada muito elaborado quanto no escritório, apenas um jeans e uma camiseta preta parcialmente coberta pela jaqueta de couro igualmente preta.
Um formigar muito conhecido se instalou entre minhas coxas, mas tratei de logo reprimi-lo. era conhecido por ter esse efeito sobre as mulheres onde quer que passasse e muitas cliente e colaboradoras na Marbles & Finnigan’s gostavam de deixar isso muito explícito.
Mas o que o Doutor tinha de lindo, tinha de boçal.
Nas vezes em que trabalhamos juntos fazia questão de me deixar expor minhas ideias enquanto acenava com um sorriso de concordância para então me ignorar completamente e fazer as coisas do seu jeito. Gostava de falar de execução de leis comigo em um tom sarcástico e explicativo, me fazendo despertar a vontade primitiva de enfiar um Vade Mecum atravessado por sua garganta só pela audácia de querer ensinar uma advogada a advogar. Isso quando não criticava minha caligrafia, alegando que uma criança de sete anos poderia escrever melhor do que eu.
— . — Cumprimentou ao entrar esbaforido e observar o painel para ver o G já apertado.
— . — Acenei com a cabeça, um sorriso educado e profissional em meus lábios.
As portas se fecharam e percebi seu olhar em mim pelo revestimento espelhado do elevador. Levantei meu queixo e fingi não perceber, entretanto um pigarro partiu dele e me vi olhando com o canto dos olhos para sua figura encostada despojada no seu lado da caixa.
— Mark vai ficar muito desapontado em saber que sua pupila preferida vem atender os clientes vestida desse… jeito.
Meu queixo caiu com o tom venenoso que usou. Olhei para minha própria roupa ultrajada. Usava um vestido preto levemente transparente e solto que deixava somente dois dedos da pele da minha perna aparecendo, pois a bota preta que escolhi era longa até acima do joelho e justa. O decote era um pouco fundo, mas um sobretudo rosa pálido fez seu trabalho enquanto eu fazia o meu. Não era de maneira alguma um look desrespeitoso para o ambiente.
— O que tem de errado com minha roupa? — Perguntei, sentindo minha sobrancelha se levantar em um desafio. Ele sorriu maldoso antes de responder e eu quis lhe acertar no meio do nariz como nunca quis antes.
— Nada. Se você trabalha na noite e não para um dos mais respeitados complexos jurídicos da cidade. — Deu ombros fazendo meu sangue ferver.
— Perdão? — Virei-me completamente para ele, pronta para largar minha bolsa e esquecer meu diploma. Minha energia sexual poderia ser trabalhada com um pouco de violência, eu não ligaria muito.
— E fedendo a bebida alcoólica? — Seu sorriso se alargou. — Você está indo de mal a pior, .
O cheiro da única taça de vinho que tomei com Noah deve ter ficado impregnado em meu hálito, mas duvidava que a ponto de se projetar para perto de .
— Eu não estou fedendo a bebida alcoólica, . Seja um pouco mais profissional, por favor.
apertou os olhos em minha direção e então deu um passo me fazendo bater as costas contra o espelho querendo ganhar distância dele. Mais um passo e entre nós só havia dez centímetros de distância. Eu podia sentir o cheiro de Antaeus que vinha de sua pele fazendo minha boca traidora aguar. Apertei minhas mãos em punho com medo de tocá-lo inconscientemente.
Inclinou-se contra mim o que me fez um ofego audível escapar de minha garganta e seu sorriso maldoso crescer ainda mais.
— Vinho. — Constatou sem se afastar escorando suas mãos no metal na altura de minha cintura. — Você quer falar sobre profissionalismo, Doutora ?
Seus olhos brilhavam em um desafio que eu queria aceitar, mas os meus olhos traidores fixaram-se em seus lábios finos e bem desenhados que me fizeram lamber os meus, repentinamente secos. Ele percebeu, pois soltou uma risada convencida que estremeceu minha não solicitada excitação.
— O que aconteceu, , o gato comeu sua língua? — sussurrou fazendo seu hálito quente, que ao contrário do meu, cheirava a café, me acertar e aquele estúpido formigamento conhecido chamar minha atenção novamente.
Sua mão, pesada e quente, envolveu meu quadril e ele me amassou contra o espelho arrancando outro ofego de mim. Mas foi sua boca em meu pescoço que fez todos os alarmes dentro da minha cabeça disparar.
Que porra está acontecendo?
Providencialmente as portas do elevador se abriram para a garagem deserta e eu me vi o empurrando violentamente para longe de mim. Ajeitei em completo desconcerto a bolsa sobre meu ombro e segui para fora tão tonta que nem lembrava onde havia estacionado meu carro.
— Qual é, ?! Vai ser nosso segredinho. — Soltou no tom mais cafajeste que já ouvi, fazendo minhas pernas travarem no lugar.
— Mark não vai saber da minha boca que você veio trabalhar como uma garota de programa bêbada.
Pelos motivos errados.
Ódio me acertou em cheio, em um segundo estava plena, no outro estava vendo vermelho e sedenta por sangue. Não qualquer sangue, sangue de um advogado patife, para ser exata.
— Não, não vai ser nosso segredinho. — Caminhei com uma violência descabida em sua direção, já fora do elevador que tinha suas portas fechadas. Meu dedo ergueu em riste e bateu contra seu peito. — Chantagear para conseguir sexo é baixo até para alguém como você.
— Não é chantagem, é uma troca de favores entre colegas de profissão. Em que uma das partes não compartilha informações comprometedoras com uma terceira parte. Mas nenhuma chantagem envolvida.
— Ah, é? — Rebati sarcástica, meu dedo ainda pressionado firmemente contra seu peito duro. — Mas eu me pergunto o que a terceira parte diria sobre eu processar um colega de profissão por assédio sexual. Porque eu tenho evidências gravadas do assédio que sofri, — apontei inocente com a cabeça para o elevador que tinha seu circuito de câmeras — ao contrário de uma das partes que só tem suposições imparciais e noções deturpadas de etiqueta. — Seus olhos cresceram com minhas palavras embrulhadas em raiva borbulhante.
— Era apenas uma brincadeira, . Não deixaria nada tomar uma proporção dessas.
— Claro que era uma brincadeira. — Concordei, o tom sarcástico ainda dançando na ponta da minha língua. — Não sou nenhuma garotinha, Doutor. Espero que se lembre disso a próxima vez que for brincar de tentar me pressionar. Você se acha tão mais inteligente do que eu… Mas quer saber, foda-se você e seu diploma de Harvard. Se encostar um dedo em mim novamente vou fazer questão de queimar seu nome de um jeito que nem para trabalhar na porta da cadeia você vai servir.
Despejei tudo que queria, sentindo-me mais leve de imediato. Apertei mais minha bolsa contra meu corpo e fiz uma saída triunfal lhe dando as costas enquanto ainda tinha a última palavra.
— Muitas ameaças para uma criancinha do seu tamanho. — Grunhiu em alto e bom som, fazendo-me virar.
— Pois você deveria começar a aprender a soletrar o nome dessa criancinha pra, quando estiver catando suas moedinhas na sarjeta, não esquecer quem te colocou lá.
— Lata o quanto quiser, . Você não vai me morder.
— Tente, estou louca pra ver você tentar. — Rebati abrindo a porta do carro, apesar das minhas mãos vacilantes. O deixei falando sozinho dando a partida e saindo dali o mais rápido possível.
Sentei-me trêmula em meu sofá no escuro, sentindo-me culpada pelo fundo da minha calcinha estar molhada após ter discutido com . Os bicos dos meus seios doíam pressionados firmes contra o tecido do sutiã. Respirei fundo tentando ignorar o fervilhar insistente entre minhas pernas, mas ao fechar meus olhos e deitar a cabeça contra o encosto do sofá, a imagem de e suas mãos em mim me assombravam.
Eu queria aquilo e era humilhante demais admitir.
A simples lembrança do leve encostar de sua boca em meu pescoço me fez esfregar uma coxa contra a outra e ronronar sedenta por qualquer fragmento de memória que me trouxesse algum alívio.
Nossa discussão, que deveria ter sido tomada como a afronta que era apenas me deu mais combustível. Se ele estivesse em minha sala naquele momento eu o faria ajoelhar e implorar para me tocar enquanto o restringia com sua própria gravata de grife. O faria implorar por qualquer migalha de mim e então lhe negaria o privilégio de gozar até que eu estivesse plenamente satisfeita.
Não vi quando minha mão alcançou o interior da minha calcinha e acariciou o nervo dolorido e ensopado que clamava por atenção, apenas aceitei meu humilhante destino de me masturbar pensando em , afinal alguém tinha que fazer o trabalho sujo.
Sexta-feira chegou em um piscar de olhos, quente e ensolarada. Quase que para combinar com meu humor adorável de quem em algumas horas teria o segundo primeiro encontro com Noah.
Estava em um de meus melhores vestidos e no alto do meu Jimmy Choo favorito, decidida a me sentir a mulher poderosa que eu sabia que era e terminar minhas papeladas cedo.
Como uma providência divina, havia passado a semana toda atendendo um de seus inúmeros cliente importantes em outro estado, me poupando do constrangimento de olhar em seu rosto depois do que havia feito no escuro da minha sala.
Talvez eu me sentisse menos pior se aquilo tivesse sido um acidente isolado. Mas como um maldito ópio ele havia viciado meu cérebro durante minhas noites solitárias, adormecendo meu senso de moral e atacando minha libido sem ser convidado. Eu olhava para meu teto na penumbra e minha mente já projetava mil cenários se desenrolando dentro daquele elevador me fazendo ter a certeza de que o leve gosto do errado era o que dava o tempero para minha luxúria irracional.
Havia finalizado minha semana na certeza de que, pelo menos por enquanto, tinha escapado de qualquer encontro embaraçoso com o homem nos corredores.
Tranquei minhas gavetas e organizei minha mesa antes pegar minha bolsa mais do que pronta para seguir para casa me arrumar para meu encontro. Mal passei das portas de vidro, pronta para me despedir de Alissa, a secretária geral, quando ela sorriu doce para mim.
— , o doutor pediu para a você passar em sua sala antes de ir embora. — Informou solicita com seu belo sorriso no lugar.
— Tem que ser hoje?
— Ele parecia urgente.
— Ele sempre parece. — Rolei os olhos enquanto fazia a volta e seguia até o final do corredor.
Dei duas batidinhas na porta antes de abri-la e enfiar minha cabeça para dentro, tentando não parecer culpada por ter pensamentos impróprios com a pessoa que menos merecia aquele tipo de atenção.
estava sentado atrás de sua mesa analisando um dos inúmeros papéis sobre ela. Seus olhos levantaram dos processos para mim e ele acenou positivamente antes de soltar um suspiro cansado.
— Entre e feche a porta, por favor.
Obedeci, mesmo com minha vontade de manter a porta escancarada. Arrastei-me até a cadeira a sua frente como se estivesse indo para o corredor da morte, e fiquei em pé longe de querer ficar muito confortável em sua presença.
— Alissa disse que precisava falar comigo. — Comentei, querendo dar o fora dali logo.
— Sim, claro. — Concordou, se recostando melhor na cadeira e esfregando o próprio rosto. — Queria me desculpar sobre minha conduta deplorável no outro dia. — Soltou em seu típico tom sóbrio. — Estava estressado e acabei sendo extremamente desagradável e inapropriado com você.
— Você sempre é desagradável comigo, . Até aí nenhuma novidade. O que você fez foi mais do que isso.
— Eu sinto muito, . Eu não devia ter lhe tocado de modo tão inapropriado.
— Está tudo bem. — O cortei, com a angústia repentina por seu arrependimento de ter me tocado, fazendo-me sentir pequena no meio de sua sala enorme e sua presença imponente. — Estou disposta a esquecer disso se você se comprometer a ser uma pessoa menos desagradável comigo. Não me formei em Harvard ou fiz minha pós na Alemanha. Mas isso não faz meu diploma valer menos que o seu. Também trabalho muito duro e seu desdém na frente de nossos colegas é muito ofensivo.
Os olhos me encararam e de repente a sala estava quente. Por alguns segundos ele apenas manteve seus olhos nos meus, parecendo ponderar.
— Posso fazer isso. — Disse enfim, dando ombros, como se esse fosse o acordo mais fácil de sua vida.
— Ótimo. — concordei lentamente, assustada pela falta de réplica. — Agora se me der licença… — Soltei no tom mais firme que pude reproduzir e girei em direção a porta.
Não cheguei a dar dois passos, de canto de olho vi arrastar sua cadeira e se levantar.
— , mais uma coisa.
— O que é? — Resmunguei com preguiça. — Eu adoraria ficar e conversar, mas eu tenho um encontro e já estou ficando atrasada.
Ele abriu uma gaveta de sua mesa e procurou rapidamente por algo dentro dela, logo tirando um pequeno pacote de um tom azul célebre. Meus olhos se estreitaram quando ele esticou o embrulho em minha direção.
— É uma oferta de paz. — Insistiu.
Ainda desconfiada, tomei o pequeno retângulo em minha mão, percebendo o quão leve era. Meus olhos seguiam do objeto para o loiro como se esperasse que explodisse a qualquer momento. Um leve sorriso se desenhou em seu rosto e eu enfim decidi abrir.
Eu conhecia ouro branco bem o suficiente para reconhecer o material em minhas mãos. E aquilo, sem sombra de dúvidas, era ouro branco. Cravejado com pequenas gemas azul turquesa. O bracelete mais lindo que eu já havia tido a chance de tocar.
O choque e a contemplação levaram apenas alguns segundos até eu perceber o que aquele presentinho deveria representar. Ele havia sido comprado antes da nossa conversa e depois da minha ameaça de processá-lo. Não precisava ser nenhum gênio para perceber que aquilo era um singelo - e caríssimo - cala boca.
—Você é inacreditável, .
Ele obviamente tomou mal meu tom de desprezo, pois o sorriso em seus lábios se alargou como se tivesse ouvido um elogio. Para não confundi-lo de minhas intenções arremessei a caixinha fechada contra seu peito, fazendo seu sorriso sumir com a mais incrível velocidade já vista.
— Ia comprar meu silêncio com isso caso eu não o desculpasse? Medíocre, até mesmo vindo de você. — Desdenhei, lhe dando as costas e indo até a porta arrependida de não ter simplesmente o mandado a merda.
Abri impressionantes três centímetros da porta antes dela se fechar em um estrondo moderado e a presença quente e forte às minhas costas se revelar. Sua mão esquerda na altura de meus ombros mantendo a porta fechada e o resto de seu corpo próximo o suficiente para que eu sentisse as ondas de calor me invadindo.
— Você entendeu errado, . — murmurou rouco, me virando em sua direção. Seu nariz ridiculamente próximo do meu fez um nó se apertar logo abaixo de meu umbigo e a vontade de cruzar minhas pernas soava irresistível.
Mas eu precisava ser forte e ignorar a excitação sem sentido que me abatia quando ele me colocava em uma posição assim. Não era possível que minha bocetä estivesse tão desesperada a ponto de se sentir provocada por qualquer meio toque de .
— Claro que entendi. — Grunhi sarcástica, já plantando minha mão no meio de seu peito o empurrando sem muito empenho.
— É um presente, . Se quiser ir falar com Mark, bem, seja minha convidada. É livre para fazer o que quiser. Não comprei a joia pensando em calá-la, apenas achei que seria algo gentil a se fazer.
— Você é tudo, , menos gentil. — Espremi todo meu ultraje por seu insulto a minha inteligência. — Você quer que eu acredite que você fez isso sem querer algo em troca? Pois bem, olhe bem nos meus olhos e diga que não comprou isso com segundas intenções. Eu desafio você!
Uma segunda vez os olhos se estreitaram para mim e meus joelhos tremeram com sua intensidade. A mão na porta, que me mantinha no lugar, segurou meu braço com delicada firmeza e me ajustou contra a madeira. Sua outra mão segurou meu pulso que o empurrava com uma falsa vontade de afastá-lo.
Não esperava que ele desse o passo que deu, pressionando seu peito contra o meu, fazendo meu queixo erguer para poder continuar olhando em seus olhos.
— Talvez eu tenha comprado com segundas intenções, mas não essas que você está pensando. — sua voz rouca e profunda amoleceu algo dentro de mim.
Minhas sinapses estavam em slow-mo, nada muito coerente rondava minha mente com tanta proximidade envolvida. E eu estava me odiando por estar tão quente com tão pouco.
— Então quais foram as intenções?
soltou uma risadinha cheia de mistério antes de me dar um olhar lânguido e então se curvar ainda mais em minha direção. Virei meu rosto na direção contrária fazendo seu nariz raspar contra minha bochecha e não pude negar a arfada que fugiu de mim quando ele simplesmente continuou esfregando o nariz contra minha pele descendo até o encontro da minha orelha com o pescoço fazendo com que um arrepio me cortasse violentamente. Aproveitou minha distração para segurar com firmeza meus cabelos, tombando minha cabeça para o lado e mordiscando meu pescoço da maneira que ele queria ter feito uma semana atrás no elevador.
— Você é tão linda, .
O sussurro contra meu pescoço me fez fechar os olhos com força, minha boca abriu sem permissão. Eu me sentia entregue e faminta. Com uma leve pitadinha de culpa por cima.
— Eu sei. — Concordei por puro reflexo de aceitar elogios, pois minha cabeça estava em outro lugar.
Ouvi sua risadinha soar novamente, dessa vez acompanhada por sua mão cheia em meu quadril, me trazendo mais para perto, pressionando uma admirável rigidez contra o encontro das minhas coxas perto o suficiente de um lugar que suplicava por um pouquinho de atenção.
— Oh, eu sei que você sabe. — mordiscou meu queixo antes de continuar. — Estive sedento por isso há meses. Você não sabe o efeito que tem em mim, .
— E você, como um bom garotinho recém-alfabetizado, resolve mostrar sua afeição me destratando. Você sabe como conquistar uma garota. — Provoquei, enfim lembrando que minhas mãos estavam livres, aproveitando para enfiar uma delas por dentro de sua blusa social arranhando, o que senti ser, o desenho de suas entradas. Minha mente trabalhou em produzir uma imagem que me fez rebolar contra sua ereção fazendo-a raspar justamente onde precisava, o que fez uma onda de calor correr por todo meu corpo.
Eu estava perdida.
roçou seu nariz contra o meu, seus olhos fechados me dizendo que ele tentava focar em uma coisa só, mas sua mão traçando minha coxa por debaixo do meu vestido dizia o contrário.
— Na verdade, era mais um lembrete para eu me manter afastado do que para realmente te depreciar.
— Você é desprezível, doutor . — Foi tudo que pude murmurar contra seus lábios antes de deixar minha bolsa cair no chão e atacá-lo.
Suguei seu lábio inferior com fome e sua mão passou por baixo da minha bunda me fazendo trançar as pernas em sua cintura enquanto ele me mantinha presa a porta.
Queria dizer que provei de sua boca com delicadeza e calma, algo romântico e piegas, entretanto a verdade é que nós nos devoramos com selvageria. Seus dedos firmes em meu cabelo me puxavam para o lado que queriam, sua língua massageava a minha com aspereza e quando o ar fez falta não o poupei de morder seus lábios.
Senti a alça do meu vestido ser abaixada e sua mão cobrir meu seio e o apertar sem qualquer sutileza. Um gemido rasgou por mim e me vi obrigada a ondular meus quadris ainda mais contra ele, assistindo com prazer conter um uivo ao sentir meu calor o envolvendo. Eu estava tão próxima de explodir somente com aquele leve roçar, me fazendo imaginar que eu viraria uma boneca de pano no minuto em que tirássemos as roupas.
Como aquilo poderia ser errado se era tão bom?
Foi o som estridente do telefone que nos separou.
Meus dedos ligeiros já estavam se desfazendo do seu cinto e prontos para atacar sua calça social quando a linha principal soou desesperada sobre a mesa. Arregalei os olhos, caindo em mim.
estava se agarrando com seu algoz.
O empurrei, forçando minhas pernas para o chão. Ele me olhou perdido e eu desviei de seu olhar o mais rápido que pude, me ocupando em acertar meu seio dentro do vestido novamente, enquanto ele, em seu total desconcerto ia atender ao telefone.
Eu deveria estar parecendo um acidente de trem, os cabelos bagunçados, os lábios inchados e vermelhos e a roupa amassada. Qualquer um que me visse saindo daquela sala saberia o que tinha acontecido. Sorte minha o expediente já ter acabado, com alguma sorte somente Alissa ainda estaria ali.
Arrumei-me da melhor maneira que pude e juntei minha bolsa pronta para ir embora, apenas esperando um segundo para recuperar meu ar.
— Preciso ir. — O lembrei quando se reaproximou como um leão pronto para atacar sua presa.
O brilho maldoso em seus olhos dizia que ele se lembrava do porquê de eu ter que ir.
— Bom encontro, . — o tom que ele falou meu apelido dançou entre o sarcasmo e a sensualidade e inexplicavelmente apertou ainda mais o nó em meu ventre que chorava por sua libertação.
— Não esqueça seu presente. — Em alguns passos ele já estava perto o suficiente para depositar a caixa azul em minha mão. Então cortou nossa distância me dando um último beijo quente antes que eu conseguisse fugir, correndo para o elevador com minhas pernas bambas.
Não seria uma surpresa dizer que quem sofreu as consequências de minha crescente volúpia foi o pobre Noah.
Não conseguimos terminar nosso caminho para o restaurante que ele, gentilmente, havia feito a reserva antes de eu atacá-lo como uma ninfomaníaca. O fiz estacionar em uma rua deserta e nem me desfiz de qualquer roupar antes de montá-lo no banco do motorista. Apenas afastei minha calcinha para o lado e me encaixei com violência.
Suas mãos eram leves demais em comparação as de e sua boca não me deixava tão desperta quanto a do loiro, mas assim que fechei meus olhos minha mente viciada fez o resto do serviço. Gozei em questão de minutos dividida entre estar satisfeita e apenas ter aumentado minha fome por uma refeição que nunca poderia comer.
Desistimos de ir jantar, Noah parecia ter gostado da minha recém-descoberta ferocidade sexual então voltamos para o meu apartamento, onde por mais duas vezes me peguei de olhos fechados imaginando outro cenário.
Foi inevitável não me sentir humilhada quando o rapaz me abraçou para dormir e respirei fundo desesperada para sentir o cheiro de Antaeus que rondava minha imaginação, apenas para sentir qualquer perfume masculino genérico. Era algum defeito em meus códigos, eu só poderia estar quebrada.
- ♥ -
Jantares beneficentes eram maçantes de um jeito que só um prego embaixo da unha poderia começar a explicar. Muita gente hipócrita reunida por metro quadrado, todas munidas com seus falsos soluços de emoção sobre causas que elas simplesmente ignoravam o ano todo, mas quando subiam naquele palanque para darem seus discursos, deixavam Madre Tereza de Calcutá orgulhosa de tamanha benevolência.
Mal podia ver a hora de voltar para casa, tirar meus sapatos e poder falar mal de todos em voz alta no meu quarto.
Estava sozinha naquele ninho de cobras, Noah deu qualquer desculpa sobre não poder ir, algo que interpretei como não estar tão pronto para ser inserido daquela maneira na minha vida. E a verdade era que eu queria mesmo que ele não fosse.
Seria estranho dar um passo daqueles com um cara que não tinha rosto na minha cama. Não que ele fosse um homem ruim, longe disso, Noah era uma pessoa maravilhosa. Contudo minha vagina não parecia pensar o mesmo, o que era uma pena, pois ela não tinha qualquer receio de ovacionar de pé outra pessoa.
Já haviam se passado três semanas e eu ainda não havia ouvido qualquer palavra da boca de . Depois daquela cena reprovável no escritório, eu passei a evitar qualquer contato a sós.
Se ele estivesse na copa isso significava que eu teria uma dor de cabeça incomoda até o final do dia, pois eu pularia o cafezinho para não passar em seu caminho. Se eu o visse na mesa de Alissa voltava para minha sala mesmo que estivesse atrasada para algum serviço na rua. Mas eu tentava ver pelo lado bom, minhas coxas estavam ficando tonificadas, frutos de subidas e descidas pelas escadas, tudo para não correr o risco de ficar presa em uma caixa de metal por cinquenta segundos com ele sem querer.
Entretanto, meu pique-esconde unilateral não me impedia de espreitar de longe a forma como ele se movia como um lorde pelos lugares. Quem o via todo elegante em seu terno de marca e perfume caro não podia imaginar o estrago que ele podia fazer com uma calcinha sem muito esforço.
Até mesmo ali meus olhos varreram o lugar atrás dele. Não tenho muito orgulho em admitir que mordi meus lábios ao vê-lo duas mesas de distância, sorrindo e conversando com algumas pessoas, e mantive meu olhar sobre sua figura vistosa, distraída demais para poder desviar quando seus olhos me encararam de volta.
Segurei um engasgo quando um sorriso maldoso se desenhou em seus lábios e ele levantou sua taça de champanhe em minha direção como se me cumprimentasse. Limitei-me a sorrir duro em resposta e olhar para o outro lado fingindo que a conversa sobre Milão das duas senhoras que estavam na minha mesa era um tópico interessantíssimo.
Eu deveria saber que ele nunca perderia uma oportunidade de tripudiar, mesmo com nosso acordo. Mas mesmo assim fiquei surpresa quando a cadeira vaga ao meu lado foi arrastada e o cheiro forte de perfume masculino me envolveu.
— Boa noite, senhoras. — chamou a atenção das mulheres, que soltaram um risinho derretido, e então se virou para mim. — Senhorita.
— Boa noite, senhor .
— Aproveitando a noite?
— Apenas esperando o leilão começar para poder ir embora na surdina.
— E seu namorado, onde está? — perguntou, sua voz grossa e profunda fazendo eu me remexer desconfortável na cadeira. Seus olhos travessos esquadrinhando cada centímetro do meu rosto como se procurasse algo ali.
Pigarreei tentando mover o caroço que se instalou em minha garganta e bebi um gole do meu champanhe já quente.
— Ele teve uma emergência no trabalho e não pode vir.
juntou as sobrancelhas como se estivesse surpreso com minha resposta.
— Então seu encontro foi um sucesso, suponho.
Parte de mim — está localizada especificamente entre minhas pernas — quis interpretar seu tom como decepcionado por sua psicologia reversa (aparentemente) não ter tido efeito. O resto de mim apenas dava risada achando hilário o fato de eu não conseguir tirar da minha cabeça nem para me masturbar em paz.
Mandei as duas partes se calarem, me concentrando em não tomar aquele rumo. Eu era ótima em me jogar de cabeça em pessoa rasas, ainda não ter tido um traumatismo craniano era um grande milagre para mim. E algo me dizia que ali era o poço perfeito para quebrar meu pescoço.
— Foi ótimo. — concordei — Mas ele não é meu namorado. — A urgência de consertar aquilo me atingiu, quase como se eu me importasse com sua opinião.
Seus olhos brilharam de um jeito diferente e se antes ele já tinha um olhar predador, depois da minha sentença ele parecia um felino sendo provocado por um cervo.
— Não?
— Não exatamente. Estamos nos conhecendo ainda. — Emendei, sentindo-me subitamente quente com seus olhos presos em mim.
A conversa ao nosso lado havia se silenciado, as senhoras tinham os olhos grudados sobre o loiro, provavelmente se perguntando o que teriam que fazer para também conseguir um pouco de atenção.
torceu os lábios em um sorriso satisfeito com minha resposta. Arrastou sua cadeira subitamente e se pôs de pé. Estava pronta para saltar de minha cadeira e perguntar o que havia de errado, mas então sua mão foi estendida em minha direção.
— Nesse caso não há mal em te chamar para dançar uma música comigo.
Escárnio e indelicadeza eram tratamentos que eu sabia lidar, contudo sorrisos prestativos e olhares esperançosos faziam com que os fusíveis dentro da minha cabeça entrassem em curto e eu perdesse a resposta. Encarei sua mão, atônita, e pisquei longamente antes de uma das senhoras tomar a iniciativa e cheia de risinhos empurrar meu ombro delicadamente.
— Aceita, boba.
Antes que eu pudesse balbuciar qualquer coisa em resposta, a banda, de maneira mais que oportuna, cessou a música de súbito. Alguém no grande palco bateu o dedo contra o microfone anunciando que o leilão teria início.
— Agradeço a oportunidade, mas essa é minha deixa. — Apontei para o homem gordo e rosado no palco enquanto me levantava agarrando minha bolsa de mão perto do meu corpo. — Em uma próxima ocasião serei toda sua.
Só entendi o teor de minhas próprias palavras quando lambeu o lábio inferior parecendo deliciado com o desafio. Quis me corrigir, mas tornaria tudo mais humilhante, ainda mais com as senhoras enfeitiçadas a mesa. Senti meu rosto arder com a vergonha e optei por engolir a seco e sumir logo dali.
— Aproveitem a noite, já estou indo. — resmunguei antes de dar as costas e sair sem esperar a resposta.
Caminhei rápido em cima de meus saltos e estava próxima de alcançar as portas principais que levavam para o elevador quando meu braço foi vítima de um aperto firme que me obrigou a parar. Virei pronta para enfrentar os olhos do predador, mas qual foi minha surpresa ao avistá-lo no fim do corredor caminhando lentamente com as mãos no bolso, enquanto Mark Finnigan segurava meu braço com seu sorriso elegante preso no rosto.
— , querida, já estava indo embora?
Um sorriso amarelo se desenhou em meu rosto e pisquei para o homem. estava parado a três passos de nós apenas observando em silêncio.
— Uau! Você está muito linda. — elogiou antes que eu pudesse responder. Ele então pareceu perceber o homem atrás de nós e sorriu cúmplice para ele. — Ela está linda, não está, ?
— Divina. — concordou o loiro.
— Vocês já estavam indo embora? — Mark tinha os olhos maliciosos passeando de um para o outro como se montasse sua tese.
— Na verdade, sim. — respondeu curto e sorriu sacana em minha direção, fazendo algo em meu interior se contorcer e minhas bochechas afoguear de vergonha ao mesmo tempo.
Mark apenas riu e balançou a cabeça como se achasse muita graça na situação. Puxei meu braço delicadamente de volta e ele sorriu amável em minha direção.
— Antes de ir vocês podiam tirar uma foto juntos, vai ser bom para a publicidade.
Sem esperar uma resposta ele chamou pelo fotógrafo que passava no final do corredor. Olhei desesperada para , não queria tirar foto nenhuma, aliás queria manter uma distância saudável do homem para não cair na tentação de fazer alguma burrada.
Meu chefe conversava animadamente com o fotógrafo quando ergui meu queixo para olhar ao meu lado com seu sorriso malicioso ainda preso no rosto. Dois passos e ele já estava ao meu lado e esticando sua mão em direção ao meu rosto. Seu dedo roçou em minha bochecha levemente e então, de forma delicada, colocou uma mecha de meu cabelo atrás da orelha, seus olhos encarando no fundo dos meus e eu não conseguia desviar. Estava perdida dentro daqueles profundos e sentindo o mundo estupidamente esvanecer ao redor.
Então um flash estourou de repente, me fazendo piscar assustada e encontrar Mark com seus braços cruzados parecendo satisfeito com o que o fotógrafo havia capturado.
— Só mais uma e já deixo vocês irem sapecar em paz. — soltou brincalhão, me fazendo engasgar e abrir a boca horrorizada.
— Nós não… — não pude concluir minha negativa, o loiro enlaçou minha cintura me puxando mais para perto, fazendo o ar escapar dos meus pulmões. Um riso rouco lhe escapou e só me restou me ajustar ao seu redor e tentar parecer o mais profissional possível.
O flash estourou novamente e antes que eu pudesse piscar, o fotógrafo já estava indo embora. Mark deu um tapinha no ombro de e me deu uma piscadela antes de ir embora sem uma palavra. Soltei-me do loiro sem entender muita coisa do que havia acontecido e segui em silêncio para o elevador que me esperava aberto.
entrou sem dizer uma palavra e se encarregou de apertar o botão para o térreo.
As portas fecharam e meu coração disparou ao vê-lo olhando para mim pelo reflexo das portas de aço do elevador.
Virou-se de repente e caminhou em minha direção, deixei minha bolsa cair quando ele, sem aviso, agarrou meus cabelos e me puxou para sua boca.
Faminto ele me devorou, apertando-me contra a parede fria, varrendo cada centímetro da minha boca com sua língua. Só tive tempo de cravar minhas unhas em seus ombros sobre o paletó do terno e deixar um gemido rolar por entre meus lábios. Uma mordida em meus lábios e eu estava derretida em suas mãos.
No fundo da minha cabeça ouvi o leve bip ecoar pelo pequeno espaço, mas nada realmente chegou a penetrar minha mente até o pigarro alto soar do lado de fora. Atordoada, empurrei e foquei na porta já aberta, um casal sorriu cúmplice para nós e percebi, morta de vergonha, que já estávamos em nosso andar.
Peguei minha bolsa em completo desconcerto e deixei o loiro, que ria sem vergonha, me guiar pelo saguão do prédio.
— Preciso chamar um táxi. — informei quando alcançamos a rua e ele apenas me puxou mais para perto, me abraçando pelos ombros.
— Eu te levo.
Eu queria seguir sem questionar nada, deixar tudo em sua casualidade, mas aquilo soava tão errado. Todas as vezes que gritou comigo ou tentou me diminuir sambaram atrás dos meus olhos e logo me vi estancando no lugar.
— O que está acontecendo? — perguntei, segurando firme em seu pulso, obrigando-o a parar e me olhar.
— Como assim ‘o que está acontecendo’? Eu acho que é bem óbvio. — retrucou risonho.
— O que você quis dizer aquele dia com precisar de um lembrete pra te manter afastado? — soltei de súbito e em resposta ele apenas respirou fundo, tentando colocar a cabeça no lugar.
— Não vem ao caso agora, . Vamos, meu carro está no fim da rua, depois conversamos sobre isso.
tentou me puxar novamente pelo braço, mas me soltei e dei um passo para trás, parando na porta do prédio, o porteiro ao meu lado nos encarando confuso.
— Não. Vamos conversar sobre isso agora. — insisti, sabendo que dependendo da sua resposta nem entraria naquele carro.
Silêncio pairou entre nós por um longo minuto. Sua boca abria e fechava incerta sobre falar alguma coisa, fazendo-me finalmente cair em mim e entender que ele apenas queria entrar em minhas calças e eu, até aquele ponto, apenas estava facilitando tudo graças as minhas fantasias.
— Certo. Isso foi um erro. Vou entrar e pedir um táxi. — suspirei, desapontamento me inundando. Não deveria me sentir desiludida, era de de quem estávamos falando, mas parte de mim ainda queria acreditar que talvez eu fosse algo de especial ou diferente.
O porteiro abriu a porta do saguão todo solícito quando me virei em sua direção e então eu fiz minha caminhada da vergonha, sem ao menos ter transado, para o balcão da recepção e pedir o telefone emprestado.
— Boa noite, querida. Você poderia pedir um carro para mim? — pedi educadamente para a moça atrás do balcão. Ela assentiu e sua mão chegou a tocar no aparelho, mas não o puxou, seus olhos castanhos se fixaram para algo atrás de mim. Virei-me já sabendo quem encontraria.
Sorri sem vontade pra sua carinha de cachorro que caiu do caminhão da mudança e tentei manter meu nariz erguido.
— Acho que já falamos tudo que tínhamos para falar, .
— Não, não falamos. — disse em um tom profundo e eu revirei os olhos, cansada demais para fingir que não estava chateada. — Você queria saber por que eu precisava de um lembrete pra me manter afastado.
Ele apenas ficou me encarando por alguns segundos, como se procurasse a melhor maneira de por aquilo na mesa. Minhas sobrancelhas se ergueram tentando, além de incentivá-lo, mostrar o quanto eu estava impaciente com a demora.
— É porque eu sei que uma noite não vai ser o suficiente pra te tirar da minha cabeça e eu iria cair tão fácil. — disse enfim, me fazendo segurar o ar dentro de mim. — Mulheres como você mastigam até os ossos e cospem fora, não ia sobrar nada de mim depois.
— E o que te fez mudar de ideia?
— Aquele elevador, eu te segurar lá. Eu entendi que não era uma questão de cair por você. Eu já estava no chão há muito tempo.
Verdade refletia em seus olhos . Meu garotinho alfabetizado havia colocado as cartas na mesa e eu estava sem palavras para falar qualquer coisa. Esfreguei meu rosto aturdida e ele segurou meu braço no ar.
— Você está usando o presente. — indicou a pulseira.
— Não quer dizer muita coisa, ela era muito bonita para eu deixá-la escondida dentro de uma caixa. Além disso, combina com meu vestido. — dei ombros e logo a garota no balcão limpou a garganta chamando nossa atenção.
— A senhora ainda precisa que eu chame um táxi?
— Sim.
— Não.
Falamos ao mesmo tempo. Virei emburrada para e lhe dei um olhar sujo.
— Não será necessário. — disse por mim, segurando delicadamente meu braço — Não seja tão caprichosa, . — Meu apelido dançou em sua língua enquanto ele me puxava mais para perto. — Eu te deixo em casa, não quero nada em troca.
Com minha mão em seu abdômen, com o claro propósito de não deixá-lo tão perto, ergui o queixo para ele e apertei os olhos, me dando por vencida.
— É só uma carona, não ache que vai ganhar a noite.
Ele deu o sorriso mais charmoso que já tinha visto e eu soube que ele ganharia sim a noite.
Mas não mais do que eu.
se esforçou em ser um cavalheiro o trajeto todo enquanto eu indicava o caminho. O carro parou em frente à minha casa, o motor ainda funcionando quando tirei o cinto e me virei para ele.
— Você realmente quis dizer aquilo ou só queria entrar nas minhas calças? — perguntei desconfiada.
Uma risadinha encheu o carro e ele suspirou antes de responder:
— Sim. Eu quis dizer aquilo.
— Ótimo. — ponderei lentamente e abri a porta do carro já saindo. — Desce.
— Perdão?
— Eu mandei você descer. — me curvei para dentro do carro falando por baixo do fôlego no tom mais sensual que consegui reproduzir, tendo a certeza de que ele estava tendo uma bela visão do meu decote.
Antes de bater a porta vi seu sorriso sacana se desenhando. Já estava abrindo a porta do carro quando senti sua mão em minha cintura e algo pressionando entre minhas nádegas. Terminei de abrir e entramos, ele beijando meu pescoço me distraindo dos meus planos.
Mas não o suficiente.
Virei-me depois de bater a porta, puxando os cabelos da sua nuca e mordendo seus lábios, chupando-os com vontade antes de beijá-lo com selvageria. Fomos caminhando às cegas pela sala, minhas mãos tão perdidas em seu corpo quando as dele no meu.
O empurrei no sofá, fazendo cair sentado e montei em seu colo sentando com força, fazendo-o arregalar os olhos. se ocupou em levantar meu vestido, os dedos dedilhando as bordas da minha calcinha, enquanto eu tentava focar em desfazer o nó de sua gravata.
Minhas costas arquearam e uma lufada de ar escapou de minha boca quando seus dedos invadiram o fundo de minha calcinha acariciando o lugar que implorava por atenção há dias. Choraminguei, deixando minha cabeça cair em seu ombro sabendo que deveria estar pingando.
— Isso, seja uma garota boazinha, …
Gargalhei contra seu terno mesmo com dois de seus dedos enterrados em mim. Eu não seria uma garota boazinha, não mesmo.
Mesmo com meus olhos querendo fechar para aproveitar seu toque fiz meu melhor para desabotoar sua camisa e alisar seu peito musculoso. Beijei a pele exposta enquanto ele castigava meu clitóris o circulando com a ponta do dedo, enviando espasmo para todos os lados do meu corpo. Eu estava tão perto, poderia esperar meu prêmio antes de colocar meus planos em prática.
Mais algumas investidas e eu rebolei contra a palma da sua mão lhe dando o sinal para ir mais rápido. Um beliscão no lugar certo e eu vi estrelas, mordi seu pescoço e tive a certeza de que gemi seu nome, tudo ao mesmo tempo. levou os dedos à boca, chupando cada um deles com lentidão enquanto me olhava com presunção.
— Vamos brincar, Doutor . — murmurei, o empurrando contra o encosto do sofá, levantei seus braços até as grades do balcão que separava a cozinha da sala e logo puxei sua gravata medindo sua reação. — Já brincou disso?
— Não, senhora. Mas posso brincar hoje. — respondeu safado.
Dei-lhe um beijo como recompensa e juntei seus pulsos, os restringindo com a gravata de seda de uma maneira que não o machucaria.
— Se você se sentir desconfortável ou não quiser mais brincar, você pode me dar sua palavra de segurança.
— E qual é? — perguntou com curiosidade brilhando em seus olhos.
— Alphabet boy. — disse depois de pensar alguns segundos e não pude deixar de rir.
me olhava por trás dos olhos semicerrados, mordendo de leve os próprios lábios, curioso enquanto eu lentamente me desfazia dos botões de sua camisa. Abaixei minha boca para a pele que ia aparecendo deixando um rastro de batom conforme descia até onde o cós de sua calça. Por cima do tecido mole eu podia ver perfeitamente o tamanho do seu desejo em alto relevo suplicando por contato.
Ajoelhei-me a sua frente e sorri maldosa para o sorrisinho prepotente desenhado em seu rosto. Deslizei a mão pelo volume, acariciando-o delicadamente antes de segurá-lo com vontade, o que fez o loiro dar um pequeno pulinho assustado no lugar e arregalar os olhos para mim.
— Vamos ver o quanto o poderoso doutor aguenta. — murmurei ao mesmo tempo em que tirava o botão da casa e puxava sua calça e cueca para baixo. Como um perfeito cavalheiro ele dignou-se a levantar o quadril para facilitar.
Joguei as peças, assim como seus sapatos, para o outro lado da sala e então levantei a cabeça para admirar a linda cena a minha frente: sentado em meu sofá vestido somente com sua camisa social, os gominhos em sua barriga tencionados e manchados de batom, os pulsos amarrados logo acima da cabeça, o pau imponente e impressionante ereto me saudando entre suas coxas douradas e fortes. Com a boca cheia d'água, levantei-me para morder seus lábios, seus olhos ansiosos gravando cada movimento meu, fazendo com que eu me sentisse gloriosa por manter aquele homem em meu controle.
— Vai me torturar, senhorita ?
— Para você é doutora , querido. E sim, eu vou te torturar.
— Promessa é dívida. — riu nasalado e jogou a cabeça para trás quando segurei a base de seu membro com firmeza.
— Eu vou fazer você engolir esse seu risinho prepotente, nem se preocupe. — murmurei, me pondo de joelhos outra vez entre suas pernas.
Suguei a glande sem qualquer aviso e ouvi o homem ofegar e arquear as costas. Meus olhos estavam presos em seu rosto enquanto lambia toda a extensão de seu pau até as bolas com a ponta da língua. Quando o enfiei quase inteiro na boca, ele lutou para soltar as mãos puxando-as para baixo. Consegui ler em seus olhos a urgência de enfiar os dedos entre meu cabelo e me forçar para baixo. O chupei um pouco mais e ronronei com seu pau na boca, fazendo-o apertar os olhos e fechar as mãos com força.
Sua respiração estava pesada e eu podia sentir que ele gozaria logo. Chupei-o uma última vez antes de me afastar e receber um grunhido em retribuição.
— Só mais um pouco, .
— Não. — sorri, limpando o canto da boca, ficando em pé novamente. bufou e tentou puxar as mãos outra vez. — Seja um bom garoto e fique quietinho enquanto eu vou buscar uma coisinha no meu quarto.
Não ouvi sua resposta ou vi qualquer expressão, corri em meu quarto e peguei a caixa plástica que mantinha na última prateleira do closet.
Quando voltei ele me olhava dividido entre estar curioso e amedrontado para o que eu trazia em meu colo. Sorri tentando acalmá-lo e retirei a vela vermelha e seu acendedor de lá de dentro. Os olhos cresceram para mim e ele gaguejou quando falou:
— Você vai usar isso em mim?
— Alguma objeção?
— Vai me queimar, ?
Deixei a vela acesa sobre a mesa de café no meio da sala e voltei-me para ele, beliscando a pele fina logo abaixo de suas costelas arrancando um murmuro do homem.
— Você não me chama de , como eu mandei me chamar?
— Doutora . — grunhiu não muito satisfeito com meu beliscão, mas também não pareceu menos empolgado.
— Bom garoto. — alfinetei — Se errar meu nome outra vez você vai preferir um beliscão em vista do castigo que vou te dar.
— O que você vai fazer se eu errar? — pirraceou esticando-se em minha direção, o sorriso prepotente ainda lá me desafiando.
Curvei-me em sua direção, meu sorriso tão sacana quanto o seu e o empurrei de volta ao seu lugar.
— Vou te colocar contra a parede e te dar umas palmadas até você aprender.
— Eu gosto da premissa. — sussurrou.
— Não mais do que eu. — respondi no mesmo tom, mordiscando seu lábio inferior antes de voltar para a vela que havia deixado na mesa.
A cera já estava meio derretida e eu salivando para vê-la escorrer pela pele dourado do homem. Virei-me em sua direção e seus olhos se estreitaram em direção ao objeto vermelho em minhas mãos.
— Vai me queimar? — repetiu a pergunta, um tom urgente em sua voz, como se realmente estivesse assustado com a ideia.
— Não vou te queimar. — apaziguei — Você vai gostar, vou pegar leve se você for bonzinho. Agora para trás, encoste as costas na almofada e cale essa boca. Você só fala se eu pedir ou se for pra falar a palavra de segurança, caso contrário eu vou ficar muito feliz em castigar essa sua boquinha linda. Entendido?
balançou a cabeça em confirmação entrando de vez em sua personagem. E eu me coloquei em minha posição, novamente entre suas pernas, mas em pé, a vela esticada a minha frente na altura dos meus ombros. Meus olhos travados nos seus quando a virei e deixei o primeiro fio escorrer, fazendo um risco vermelho descer por seu peito. Seus olhos e boca se apertaram e um gemido lhe escapou, ronronei de prazer com sua reação.
— Ruim? — testei para saber se deveria continuar.
— Bom. Muito bom. — gemeu em resposta.
Um sorriso ridículo se fez em minha boca e então me pus a derramar mais cera em sua pele recebendo um gemido entrecortado cada vez que o calor o atingia. Derramei em sua barriga, pouco acima da virilha, então derrubando primeiro na coxa direita até ficar satisfeita e então na esquerda.
O loiro tinha a cabeça jogada para trás e os olhos bem fechados, parecendo saborear cada pequena sensação que o dava. Eu gostava da cena mais do que queria admitir.
— Você está se sentindo bem?
— Sim. — ele respondeu ofegante ainda sem abrir os olhos.
— Ótimo. Lembra nossa palavra?
— Sim.
— Bom garoto.
Levei meus dedos em direção ao zíper do vestido puxando-o para baixo. Ao ouvir o barulho seus olhos se abriram em minha direção e eu apreciei a atenção. Deslizei a peça lentamente por meu corpo revelando meus seios nus e eriçados e então a calcinha minúscula que usava por baixo. Chutei o vestido para o canto ficando apenas com os saltos nos pés, observando lamber os lábios ao correr os olhos por meu corpo nu logo a sua frente.
— Gosta do que vê? — o tom lascivo foi intencional ao sentar-me em seu colo e apoiar as mãos em seus ombros.
— Muito.
— Estou vestida como uma prostituta bêbada? — provoquei.
Seus olhos desceram para meus seios a poucos centímetros de seu rosto. O sorriso devasso se fez presente.
— Não.
— Estou vestida como o que então?
lambeu os lábios antes de falar:
— Como a mulher que vai ser minha ruína.
Gargalhei com seu tom sério jogando a cabeça para trás. Seu pau duro cutucando o fundo da minha calcinha molhada tirando minha concentração.
— Você está malditamente certo, . Agora me beije. — sussurrei contra seus lábios antes que ele lambesse minha boca e me beijasse com volúpia.
Minha cabeça girava conforme seus lábios trabalhavam contra os meus e sua língua tentava tirar tudo de mim. Ele parecia faminto ao me devorar e frustrado tentando puxar as mãos para me tocar. Empurrou seu quadril contra mim acertando um ponto que me fez gemer contra sua boca e o querer dentro de mim logo.
Aproveitei sua distração para arranhar a cera para fora de seu peito com vontade. Então foi sua vez de gemer contra mim e largar minha boca para jogar a cabeça para trás. Minhas unhas foram vorazes em arranhá-lo novamente, desta vez na barriga enquanto lambia seu pescoço. Seus braços tremiam ao puxar-se para baixo fazendo minha prateleira ranger em reclamação. Uma mordida em seu maxilar e ele voltou ao seu papel.
Rebolei contra seu pau para provocá-lo, mas a essa altura eu também me sentia torturada. Ele investiu contra mim e eu quase silvei com a sensação quente que se espalhou em meu ventre.
— Por favor. — suplicou e eu ri contra seu pescoço.
Queria ter a gana de torturá-lo um pouco mais, mas eu precisava daquilo tanto quanto ele.
rangeu os dentes no segundo em que afastei minha calcinha e deslizei lentamente por seu pau, tão molhada que não fiz qualquer esforço para acomodá-lo dentro de mim. Parei por um momento somente para apreciar a sensação de tê-lo me preenchendo completamente. Parecia com o céu, mas sentia-se quente como o inferno. E eu estava amando aquilo.
Agarrei os cabelos de sua nuca e o obriguei a me olhar antes de lhe dar o sorriso mais sujo da noite e começar a cavalgar como uma amazona em seu pau. Não queria nada de baunilha, descia violenta contra suas coxas enquanto o beijava da melhor maneira que podia. Precisava gozar sentindo meus músculos o apertando por dentro, desenhando sua forma em mim, assim poderia finalmente dar um descanso para minha imaginação.
Parei por um segundo para tomar meu fôlego e aliviar a pressão que sentia nas coxas pela força. Foi quando , sem vergonha alguma, me fez gritar de prazer e ver estrelas pela segunda vez, ao lançar o quadril para frente com força, golpeando com destreza o ponto mais certo possível em mim. Mantive-me parada apoiada em seu ombro enquanto o sentia escorregar para dentro e para fora, mole demais para fazer qualquer coisa que não fosse desfazer o nó que mantinha seus pulsos juntos.
Quando se percebeu livre riu e mudou nossas posições me jogando de costas no sofá e arrancando sua camisa manchada de cera. Segurou-me pela nuca com gana, me beijando com força para logo em seguida me penetrar sem aviso algum arrancando um grito meu. Ele me fodeu com força, juntando meus joelhos e levando minhas pernas para cima de seu ombro. Uma de suas mãos se ocupou em apertar meu seio enquanto a outra massageava meu clitóris carente.
sabia exatamente onde me tocar, mesmo sem nunca ter feito isso antes e eu já estava perto de gozar uma terceira vez, mas não queria do seu jeito. O empurrei pelo peito com a ponta do pé virando de costas para ele no sofá. Ele foi rápido ao ficar em pé e se encaixar e meter com violência em mim. Puxou meu torso contra seu peito, segurando firme em meu seio e mordendo meu ombro ao mesmo tempo.
— Me sufoca. — ordenei, sentindo minha voz tremer.
— O que? — perguntou confuso.
— Eu quero que você me estrangule. — fui clara. — Segura no meu pescoço e me fode com força.
Um rugido foi a resposta que recebi antes de sua mão grande e forte apertar meu pescoço com vontade. Arfei e fechei os olhos com força ao sentir ele ainda mais fundo e pesado contra mim, castigando minha bocetä com o mais puro deleite. O nó em meu ventre se apertou ainda mais, pronto para romper e como um adivinho o homem estendeu seu polegar sobre meu clitóris desenhando círculos sobre ele.
Então eu entrei em curto e me desfiz em milhões de pedacinhos voando pelo céu. Talvez eu tenha gritado um nome, talvez eu tenha me jogado para trás sem ar e com os joelhos moles demais. A única certeza que eu tinha era que minha pele estava pegando fogo, formigando e elétrica, tudo ao mesmo tempo. falou algo atrás de mim, mas não fui capaz de processar algo além do beijo na base da minha nuca ou a forma como ele se desmontou sobre mim, tão suado e fodido quanto eu, nossas peles deslizando úmidas sobre o sofá arruinado.
Como uma boneca de pano, sem qualquer junta funcionando corretamente, fui arrumada sobre o sofá, virada de barriga para cima com cuidado e então puxada sobre o peito do loiro.
— Você está bem? — perguntou, levantando meu queixo em sua direção, os olhos preocupados vasculhando por algo errado.
Sorri mole e estiquei a mão por seu peito cheio de pedaços de cera presos.
— Estou. E você?
— Acho que não posso confiar nas minhas pernas nesse momento, mas estou bem sim. — disse risonho, me apertando contra si.
— E tem alguma coisa que você não gostou?
— Você está brincando? Eu já quero fazer isso outra vez!
Achei graça em sua disposição, uma vez que eu estava um trapo. Como recompensa dei um beijinho em seu maxilar. por sua vez me puxou mais para cima para um beijo que destoava completamente de nossa cena. Carinhoso e delicado, a mão suave acariciando meu pescoço. Sorri contra sua boca satisfeita.
— Eu não te machuquei, não é? Digo, quando apertei seu pescoço. — sussurrou quando afastou sua boca de mim.
— Você está brincando? — o imitei fazendo graça — Eu já quero fazer isso outra vez. A noite toda de preferência.
gargalhou gostoso e eu não me aguentei em imitá-lo mais uma vez.
— Quem diria, a doutora com sua carinha de princesa curte brutalizar. — soltou em um tom ainda desacreditado e cheio de graça.
— Quem vê cara não vê açoite, querido. — dei ombros como se não fosse nada, arrancando mais uma risada sua — Mas muito me surpreende logo você ser um submisso tão bom.
— Eu fiz pelo prêmio. — respondeu com desdém.
— Aposto que fez. — concordei, achando graça e virei-me sobre seu peito deixando meu cabelo emaranhado cair sobre meu rosto. Os olhos brilhantes de desceram carinhosos por mim e ele delicadamente colocou uma mecha atrás da orelha e me puxou para um selinho.
— Droga, eu sabia que te ter uma vez não seria suficiente. — reclamou, jogando sua cabeça contra o sofá — Libere meu pau sofredor desse feitiço, eu te imploro.
— Infelizmente não vai rolar. — fiz minha melhor cara de pena — Eu ainda quero transar no chuveiro e uma dar rapidinha na minha cama antes de te devorar e cuspir seus ossos.
— Eu posso, pelo menos, mijar antes?
Gargalhei pelo que deveria ser a enésima vez, depois de ter gozado como uma campeã até assistir um carrasco arrancar minhas unhas seria divertido. Beijei-o novamente e ficamos nos enrolando no sofá por algum tempo antes de irmos nos aventurar no chuveiro. E também na cama. Por boa parte da noite.
Não era cedo quando acordei com a cama vazia, já passava de meio dia, mas a estranha sensação de sentimentos misturados dentro de mim me deixava confusa.
Parte de mim estava aliviada de não acordar ao seu lado, entretanto, a outra parte, a que eu gostava de chamar carinhosamente de Ridícula, se encontrava desapontada por não ter ganhado um beijinho de bom dia sequer.
Tentei ignorar Ridícula jogando as cobertas para o lado e indo para o banheiro para tomar um banho de verdade e começar meu dia mesmo contra vontade e ocupar minha cabeça com outras coisas.
A princípio o cheiro de comida não me despertou nenhuma curiosidade, afinal eu tinha vizinhos e esse era o horário. Foi o barulho de louça batendo que chamou minha atenção. Barulho vindo da minha cozinha. Fui até lá dentro do robe felpudo de banho e a toalha branca enrolada nos cabelos, pé ante pé com curiosidade me comendo por dentro.
estava parado de costas para porta mexendo compenetrado em uma panela sobre o fogão, usando somente sua cueca e meu avental cor de rosa cheio de cupcakes. O cheiro de comida estava explicado agora, mas eu não estava tão interessada assim no conteúdo das panelas, não com um chef vestido daquela maneira em minha cozinha.
— Você acordou! — constatou após notar minha presença, largou a colher sobre o apoiador e veio em minha direção todo sorridente.
Ridícula bateu palmas e soltou rojões quando ele se curvou contra mim e me puxou pela nuca para um beijo. Quis ficar puta com ela, mas foi difícil julgá-la naquelas condições.
— Já estava começando a achar que tinha te colocado em coma de tanto foder. — disse com uma falsa seriedade, me segurando ainda.
— Foi quase, hein?! — concordei no mesmo tom, me segurando para não rir — O que você inventou aí?
virou-se para suas panelas e deu ombros.
— Uma coisa que eu vi na internet. Espero que não se importe, revirei seus armários e freezer atrás dos ingredientes.
Foi minha vez de dar ombros e ir espiar o que ele havia feito. O cheiro estava bom e a cara também, era algo de milho com frango. Logo ele colou em minhas costas e cheirou meu pescoço.
— Dá tempo de mais uma rapidinha antes da comida ficar pronta, o que acha?
Joguei minha cabeça em seu ombro rindo com sua besteira, aproveitando a posição ganhei um beijo no nariz. Virei-me de frente para ele ainda rindo.
— Segunda-feira você vai estar assim ou vai voltar a ser um boçal comigo? — fui direta e ele sorriu em resposta.
— Como você quer que eu esteja?
— Assim. Eu acho.
— Assim pelado, ou assim te beijando e pegando e pedindo por sexo a cada vinte minutos?
— Assim um ser humano decente. — rolei os olhos em brincadeira — Talvez me beijando escondido, com muita sorte transando em cima da sua mesa em silêncio para ninguém nos pegar.
— Parece como um plano pra mim.
Dei-lhe um último selinho antes de obrigá-lo a terminar a comida enquanto eu arrumava a mesa para nós.
Então quando fui buscar o refrigerante que sabia que havia na geladeira vi que meus imãs em forma de letras estavam organizados em forma de uma frase:
enfeitiçou meu pau.
Dei risada de sua imbecilidade, mas no fundo orgulhosa não só do meu feitiço, mas também por ter o feito soletrar como eu sabia que ele faria.
Não sabia quanto tempo aquilo ia durar ou se daria certo, talvez nem tivesse interesse em saber, apenas queria aproveitar o momento e dizer de boca cheia que, por pelo menos um final de semana, eu havia dobrado de jeito o garotinho alfabetizado que se achava melhor do que eu.
Meus saltos batiam insistentes contra o chão sem que eu pudesse controlar. Queria segurar minha onda e não demonstrar toda minha irritação na frente de toda delegacia, mas nem o elevador parecia querer colaborar.
Bati o dedo sobre o botão pelo que deveria ser a vigésima vez no breve intervalo de dois segundos. Na tela do celular a mensagem de Noah, meu encontro para aquela noite, ainda brilhava.
‘Sinto muito que tenhamos tido esse imprevisto e você mal tenha tocado no jantar. Já está tarde, de qualquer maneira. O que acha de remarcamos para sexta que vem?’
Reprimi o impulso de grunhir. Trish havia estragado a primeira chance de transar que eu tinha em meses, tudo porque achou que seria fantástico plantar a mão na cara de uma garota que havia, supostamente, a ofendido. A garota só era a filha de um desembargador que a fez ir parar atrás das grades em tempo recorde.
Então ali estava eu, parada na frente de um elevador no 21º Distrito de Polícia de Chicago na certeza de que não se pode ter tudo na vida.
Minha lista de desejos que vinha sendo escrita desde meus dezesseis anos tinha vários checks: minha própria sala na Marbles & Finnigan’s, check. Apartamento em North Side, check. Carro do ano, check. Um closet só para sapatos, double check. Alguém para me ver usando as lingeries da La Perla que eu comprava? Error 404, boyfriend not found.
Quando tinha vontade, não tinha parceiro. Quando tinha parceiro, não tinha encontro. Quando tinha parceiro, encontro e uma calcinha minúscula pronta para ser estreada, meus clientes ligam desesperados pedindo ajuda para tirar suas filhas da cadeia.
O elevador, enfim, chegou ao meu andar e pude soltar o suspiro derrotado que mantinha preso. Embarquei na velocidade da luz e então o exercício de espancar o botão para a garagem se repetiu insistente e ineficaz. As portas estavam se fechando quando alguém gritou do outro lado em um tom levemente desesperado:
— Segura!
Rolar os olhos e jogar a cabeça para trás foi uma reação automática da qual não me orgulhei muito. Enfiei minha mão entre as duas portas obrigando-as a abrir novamente.
Arrependimento me acertou no instante em que vi a figura que caminhava rápido pelo corredor em minha direção. , meu querido colega de trabalho.
era delicioso de uma maneira muito absurda.
Os cabelos em um tom escuro de loiro, bagunçado de uma maneira que só uma passada nervosa de dedos poderia ter feito, a barba generosa e bem cuidada enfeitava o rosto, o dando um ar austero - e ridiculamente misterioso. Naquele momento não usava nada muito elaborado quanto no escritório, apenas um jeans e uma camiseta preta parcialmente coberta pela jaqueta de couro igualmente preta.
Um formigar muito conhecido se instalou entre minhas coxas, mas tratei de logo reprimi-lo. era conhecido por ter esse efeito sobre as mulheres onde quer que passasse e muitas cliente e colaboradoras na Marbles & Finnigan’s gostavam de deixar isso muito explícito.
Mas o que o Doutor tinha de lindo, tinha de boçal.
Nas vezes em que trabalhamos juntos fazia questão de me deixar expor minhas ideias enquanto acenava com um sorriso de concordância para então me ignorar completamente e fazer as coisas do seu jeito. Gostava de falar de execução de leis comigo em um tom sarcástico e explicativo, me fazendo despertar a vontade primitiva de enfiar um Vade Mecum atravessado por sua garganta só pela audácia de querer ensinar uma advogada a advogar. Isso quando não criticava minha caligrafia, alegando que uma criança de sete anos poderia escrever melhor do que eu.
— . — Cumprimentou ao entrar esbaforido e observar o painel para ver o G já apertado.
— . — Acenei com a cabeça, um sorriso educado e profissional em meus lábios.
As portas se fecharam e percebi seu olhar em mim pelo revestimento espelhado do elevador. Levantei meu queixo e fingi não perceber, entretanto um pigarro partiu dele e me vi olhando com o canto dos olhos para sua figura encostada despojada no seu lado da caixa.
— Mark vai ficar muito desapontado em saber que sua pupila preferida vem atender os clientes vestida desse… jeito.
Meu queixo caiu com o tom venenoso que usou. Olhei para minha própria roupa ultrajada. Usava um vestido preto levemente transparente e solto que deixava somente dois dedos da pele da minha perna aparecendo, pois a bota preta que escolhi era longa até acima do joelho e justa. O decote era um pouco fundo, mas um sobretudo rosa pálido fez seu trabalho enquanto eu fazia o meu. Não era de maneira alguma um look desrespeitoso para o ambiente.
— O que tem de errado com minha roupa? — Perguntei, sentindo minha sobrancelha se levantar em um desafio. Ele sorriu maldoso antes de responder e eu quis lhe acertar no meio do nariz como nunca quis antes.
— Nada. Se você trabalha na noite e não para um dos mais respeitados complexos jurídicos da cidade. — Deu ombros fazendo meu sangue ferver.
— Perdão? — Virei-me completamente para ele, pronta para largar minha bolsa e esquecer meu diploma. Minha energia sexual poderia ser trabalhada com um pouco de violência, eu não ligaria muito.
— E fedendo a bebida alcoólica? — Seu sorriso se alargou. — Você está indo de mal a pior, .
O cheiro da única taça de vinho que tomei com Noah deve ter ficado impregnado em meu hálito, mas duvidava que a ponto de se projetar para perto de .
— Eu não estou fedendo a bebida alcoólica, . Seja um pouco mais profissional, por favor.
apertou os olhos em minha direção e então deu um passo me fazendo bater as costas contra o espelho querendo ganhar distância dele. Mais um passo e entre nós só havia dez centímetros de distância. Eu podia sentir o cheiro de Antaeus que vinha de sua pele fazendo minha boca traidora aguar. Apertei minhas mãos em punho com medo de tocá-lo inconscientemente.
Inclinou-se contra mim o que me fez um ofego audível escapar de minha garganta e seu sorriso maldoso crescer ainda mais.
— Vinho. — Constatou sem se afastar escorando suas mãos no metal na altura de minha cintura. — Você quer falar sobre profissionalismo, Doutora ?
Seus olhos brilhavam em um desafio que eu queria aceitar, mas os meus olhos traidores fixaram-se em seus lábios finos e bem desenhados que me fizeram lamber os meus, repentinamente secos. Ele percebeu, pois soltou uma risada convencida que estremeceu minha não solicitada excitação.
— O que aconteceu, , o gato comeu sua língua? — sussurrou fazendo seu hálito quente, que ao contrário do meu, cheirava a café, me acertar e aquele estúpido formigamento conhecido chamar minha atenção novamente.
Sua mão, pesada e quente, envolveu meu quadril e ele me amassou contra o espelho arrancando outro ofego de mim. Mas foi sua boca em meu pescoço que fez todos os alarmes dentro da minha cabeça disparar.
Que porra está acontecendo?
Providencialmente as portas do elevador se abriram para a garagem deserta e eu me vi o empurrando violentamente para longe de mim. Ajeitei em completo desconcerto a bolsa sobre meu ombro e segui para fora tão tonta que nem lembrava onde havia estacionado meu carro.
— Qual é, ?! Vai ser nosso segredinho. — Soltou no tom mais cafajeste que já ouvi, fazendo minhas pernas travarem no lugar.
— Mark não vai saber da minha boca que você veio trabalhar como uma garota de programa bêbada.
Pelos motivos errados.
Ódio me acertou em cheio, em um segundo estava plena, no outro estava vendo vermelho e sedenta por sangue. Não qualquer sangue, sangue de um advogado patife, para ser exata.
— Não, não vai ser nosso segredinho. — Caminhei com uma violência descabida em sua direção, já fora do elevador que tinha suas portas fechadas. Meu dedo ergueu em riste e bateu contra seu peito. — Chantagear para conseguir sexo é baixo até para alguém como você.
— Não é chantagem, é uma troca de favores entre colegas de profissão. Em que uma das partes não compartilha informações comprometedoras com uma terceira parte. Mas nenhuma chantagem envolvida.
— Ah, é? — Rebati sarcástica, meu dedo ainda pressionado firmemente contra seu peito duro. — Mas eu me pergunto o que a terceira parte diria sobre eu processar um colega de profissão por assédio sexual. Porque eu tenho evidências gravadas do assédio que sofri, — apontei inocente com a cabeça para o elevador que tinha seu circuito de câmeras — ao contrário de uma das partes que só tem suposições imparciais e noções deturpadas de etiqueta. — Seus olhos cresceram com minhas palavras embrulhadas em raiva borbulhante.
— Era apenas uma brincadeira, . Não deixaria nada tomar uma proporção dessas.
— Claro que era uma brincadeira. — Concordei, o tom sarcástico ainda dançando na ponta da minha língua. — Não sou nenhuma garotinha, Doutor. Espero que se lembre disso a próxima vez que for brincar de tentar me pressionar. Você se acha tão mais inteligente do que eu… Mas quer saber, foda-se você e seu diploma de Harvard. Se encostar um dedo em mim novamente vou fazer questão de queimar seu nome de um jeito que nem para trabalhar na porta da cadeia você vai servir.
Despejei tudo que queria, sentindo-me mais leve de imediato. Apertei mais minha bolsa contra meu corpo e fiz uma saída triunfal lhe dando as costas enquanto ainda tinha a última palavra.
— Muitas ameaças para uma criancinha do seu tamanho. — Grunhiu em alto e bom som, fazendo-me virar.
— Pois você deveria começar a aprender a soletrar o nome dessa criancinha pra, quando estiver catando suas moedinhas na sarjeta, não esquecer quem te colocou lá.
— Lata o quanto quiser, . Você não vai me morder.
— Tente, estou louca pra ver você tentar. — Rebati abrindo a porta do carro, apesar das minhas mãos vacilantes. O deixei falando sozinho dando a partida e saindo dali o mais rápido possível.
Sentei-me trêmula em meu sofá no escuro, sentindo-me culpada pelo fundo da minha calcinha estar molhada após ter discutido com . Os bicos dos meus seios doíam pressionados firmes contra o tecido do sutiã. Respirei fundo tentando ignorar o fervilhar insistente entre minhas pernas, mas ao fechar meus olhos e deitar a cabeça contra o encosto do sofá, a imagem de e suas mãos em mim me assombravam.
Eu queria aquilo e era humilhante demais admitir.
A simples lembrança do leve encostar de sua boca em meu pescoço me fez esfregar uma coxa contra a outra e ronronar sedenta por qualquer fragmento de memória que me trouxesse algum alívio.
Nossa discussão, que deveria ter sido tomada como a afronta que era apenas me deu mais combustível. Se ele estivesse em minha sala naquele momento eu o faria ajoelhar e implorar para me tocar enquanto o restringia com sua própria gravata de grife. O faria implorar por qualquer migalha de mim e então lhe negaria o privilégio de gozar até que eu estivesse plenamente satisfeita.
Não vi quando minha mão alcançou o interior da minha calcinha e acariciou o nervo dolorido e ensopado que clamava por atenção, apenas aceitei meu humilhante destino de me masturbar pensando em , afinal alguém tinha que fazer o trabalho sujo.
Sexta-feira chegou em um piscar de olhos, quente e ensolarada. Quase que para combinar com meu humor adorável de quem em algumas horas teria o segundo primeiro encontro com Noah.
Estava em um de meus melhores vestidos e no alto do meu Jimmy Choo favorito, decidida a me sentir a mulher poderosa que eu sabia que era e terminar minhas papeladas cedo.
Como uma providência divina, havia passado a semana toda atendendo um de seus inúmeros cliente importantes em outro estado, me poupando do constrangimento de olhar em seu rosto depois do que havia feito no escuro da minha sala.
Talvez eu me sentisse menos pior se aquilo tivesse sido um acidente isolado. Mas como um maldito ópio ele havia viciado meu cérebro durante minhas noites solitárias, adormecendo meu senso de moral e atacando minha libido sem ser convidado. Eu olhava para meu teto na penumbra e minha mente já projetava mil cenários se desenrolando dentro daquele elevador me fazendo ter a certeza de que o leve gosto do errado era o que dava o tempero para minha luxúria irracional.
Havia finalizado minha semana na certeza de que, pelo menos por enquanto, tinha escapado de qualquer encontro embaraçoso com o homem nos corredores.
Tranquei minhas gavetas e organizei minha mesa antes pegar minha bolsa mais do que pronta para seguir para casa me arrumar para meu encontro. Mal passei das portas de vidro, pronta para me despedir de Alissa, a secretária geral, quando ela sorriu doce para mim.
— , o doutor pediu para a você passar em sua sala antes de ir embora. — Informou solicita com seu belo sorriso no lugar.
— Tem que ser hoje?
— Ele parecia urgente.
— Ele sempre parece. — Rolei os olhos enquanto fazia a volta e seguia até o final do corredor.
Dei duas batidinhas na porta antes de abri-la e enfiar minha cabeça para dentro, tentando não parecer culpada por ter pensamentos impróprios com a pessoa que menos merecia aquele tipo de atenção.
estava sentado atrás de sua mesa analisando um dos inúmeros papéis sobre ela. Seus olhos levantaram dos processos para mim e ele acenou positivamente antes de soltar um suspiro cansado.
— Entre e feche a porta, por favor.
Obedeci, mesmo com minha vontade de manter a porta escancarada. Arrastei-me até a cadeira a sua frente como se estivesse indo para o corredor da morte, e fiquei em pé longe de querer ficar muito confortável em sua presença.
— Alissa disse que precisava falar comigo. — Comentei, querendo dar o fora dali logo.
— Sim, claro. — Concordou, se recostando melhor na cadeira e esfregando o próprio rosto. — Queria me desculpar sobre minha conduta deplorável no outro dia. — Soltou em seu típico tom sóbrio. — Estava estressado e acabei sendo extremamente desagradável e inapropriado com você.
— Você sempre é desagradável comigo, . Até aí nenhuma novidade. O que você fez foi mais do que isso.
— Eu sinto muito, . Eu não devia ter lhe tocado de modo tão inapropriado.
— Está tudo bem. — O cortei, com a angústia repentina por seu arrependimento de ter me tocado, fazendo-me sentir pequena no meio de sua sala enorme e sua presença imponente. — Estou disposta a esquecer disso se você se comprometer a ser uma pessoa menos desagradável comigo. Não me formei em Harvard ou fiz minha pós na Alemanha. Mas isso não faz meu diploma valer menos que o seu. Também trabalho muito duro e seu desdém na frente de nossos colegas é muito ofensivo.
Os olhos me encararam e de repente a sala estava quente. Por alguns segundos ele apenas manteve seus olhos nos meus, parecendo ponderar.
— Posso fazer isso. — Disse enfim, dando ombros, como se esse fosse o acordo mais fácil de sua vida.
— Ótimo. — concordei lentamente, assustada pela falta de réplica. — Agora se me der licença… — Soltei no tom mais firme que pude reproduzir e girei em direção a porta.
Não cheguei a dar dois passos, de canto de olho vi arrastar sua cadeira e se levantar.
— , mais uma coisa.
— O que é? — Resmunguei com preguiça. — Eu adoraria ficar e conversar, mas eu tenho um encontro e já estou ficando atrasada.
Ele abriu uma gaveta de sua mesa e procurou rapidamente por algo dentro dela, logo tirando um pequeno pacote de um tom azul célebre. Meus olhos se estreitaram quando ele esticou o embrulho em minha direção.
— É uma oferta de paz. — Insistiu.
Ainda desconfiada, tomei o pequeno retângulo em minha mão, percebendo o quão leve era. Meus olhos seguiam do objeto para o loiro como se esperasse que explodisse a qualquer momento. Um leve sorriso se desenhou em seu rosto e eu enfim decidi abrir.
Eu conhecia ouro branco bem o suficiente para reconhecer o material em minhas mãos. E aquilo, sem sombra de dúvidas, era ouro branco. Cravejado com pequenas gemas azul turquesa. O bracelete mais lindo que eu já havia tido a chance de tocar.
O choque e a contemplação levaram apenas alguns segundos até eu perceber o que aquele presentinho deveria representar. Ele havia sido comprado antes da nossa conversa e depois da minha ameaça de processá-lo. Não precisava ser nenhum gênio para perceber que aquilo era um singelo - e caríssimo - cala boca.
—Você é inacreditável, .
Ele obviamente tomou mal meu tom de desprezo, pois o sorriso em seus lábios se alargou como se tivesse ouvido um elogio. Para não confundi-lo de minhas intenções arremessei a caixinha fechada contra seu peito, fazendo seu sorriso sumir com a mais incrível velocidade já vista.
— Ia comprar meu silêncio com isso caso eu não o desculpasse? Medíocre, até mesmo vindo de você. — Desdenhei, lhe dando as costas e indo até a porta arrependida de não ter simplesmente o mandado a merda.
Abri impressionantes três centímetros da porta antes dela se fechar em um estrondo moderado e a presença quente e forte às minhas costas se revelar. Sua mão esquerda na altura de meus ombros mantendo a porta fechada e o resto de seu corpo próximo o suficiente para que eu sentisse as ondas de calor me invadindo.
— Você entendeu errado, . — murmurou rouco, me virando em sua direção. Seu nariz ridiculamente próximo do meu fez um nó se apertar logo abaixo de meu umbigo e a vontade de cruzar minhas pernas soava irresistível.
Mas eu precisava ser forte e ignorar a excitação sem sentido que me abatia quando ele me colocava em uma posição assim. Não era possível que minha bocetä estivesse tão desesperada a ponto de se sentir provocada por qualquer meio toque de .
— Claro que entendi. — Grunhi sarcástica, já plantando minha mão no meio de seu peito o empurrando sem muito empenho.
— É um presente, . Se quiser ir falar com Mark, bem, seja minha convidada. É livre para fazer o que quiser. Não comprei a joia pensando em calá-la, apenas achei que seria algo gentil a se fazer.
— Você é tudo, , menos gentil. — Espremi todo meu ultraje por seu insulto a minha inteligência. — Você quer que eu acredite que você fez isso sem querer algo em troca? Pois bem, olhe bem nos meus olhos e diga que não comprou isso com segundas intenções. Eu desafio você!
Uma segunda vez os olhos se estreitaram para mim e meus joelhos tremeram com sua intensidade. A mão na porta, que me mantinha no lugar, segurou meu braço com delicada firmeza e me ajustou contra a madeira. Sua outra mão segurou meu pulso que o empurrava com uma falsa vontade de afastá-lo.
Não esperava que ele desse o passo que deu, pressionando seu peito contra o meu, fazendo meu queixo erguer para poder continuar olhando em seus olhos.
— Talvez eu tenha comprado com segundas intenções, mas não essas que você está pensando. — sua voz rouca e profunda amoleceu algo dentro de mim.
Minhas sinapses estavam em slow-mo, nada muito coerente rondava minha mente com tanta proximidade envolvida. E eu estava me odiando por estar tão quente com tão pouco.
— Então quais foram as intenções?
soltou uma risadinha cheia de mistério antes de me dar um olhar lânguido e então se curvar ainda mais em minha direção. Virei meu rosto na direção contrária fazendo seu nariz raspar contra minha bochecha e não pude negar a arfada que fugiu de mim quando ele simplesmente continuou esfregando o nariz contra minha pele descendo até o encontro da minha orelha com o pescoço fazendo com que um arrepio me cortasse violentamente. Aproveitou minha distração para segurar com firmeza meus cabelos, tombando minha cabeça para o lado e mordiscando meu pescoço da maneira que ele queria ter feito uma semana atrás no elevador.
— Você é tão linda, .
O sussurro contra meu pescoço me fez fechar os olhos com força, minha boca abriu sem permissão. Eu me sentia entregue e faminta. Com uma leve pitadinha de culpa por cima.
— Eu sei. — Concordei por puro reflexo de aceitar elogios, pois minha cabeça estava em outro lugar.
Ouvi sua risadinha soar novamente, dessa vez acompanhada por sua mão cheia em meu quadril, me trazendo mais para perto, pressionando uma admirável rigidez contra o encontro das minhas coxas perto o suficiente de um lugar que suplicava por um pouquinho de atenção.
— Oh, eu sei que você sabe. — mordiscou meu queixo antes de continuar. — Estive sedento por isso há meses. Você não sabe o efeito que tem em mim, .
— E você, como um bom garotinho recém-alfabetizado, resolve mostrar sua afeição me destratando. Você sabe como conquistar uma garota. — Provoquei, enfim lembrando que minhas mãos estavam livres, aproveitando para enfiar uma delas por dentro de sua blusa social arranhando, o que senti ser, o desenho de suas entradas. Minha mente trabalhou em produzir uma imagem que me fez rebolar contra sua ereção fazendo-a raspar justamente onde precisava, o que fez uma onda de calor correr por todo meu corpo.
Eu estava perdida.
roçou seu nariz contra o meu, seus olhos fechados me dizendo que ele tentava focar em uma coisa só, mas sua mão traçando minha coxa por debaixo do meu vestido dizia o contrário.
— Na verdade, era mais um lembrete para eu me manter afastado do que para realmente te depreciar.
— Você é desprezível, doutor . — Foi tudo que pude murmurar contra seus lábios antes de deixar minha bolsa cair no chão e atacá-lo.
Suguei seu lábio inferior com fome e sua mão passou por baixo da minha bunda me fazendo trançar as pernas em sua cintura enquanto ele me mantinha presa a porta.
Queria dizer que provei de sua boca com delicadeza e calma, algo romântico e piegas, entretanto a verdade é que nós nos devoramos com selvageria. Seus dedos firmes em meu cabelo me puxavam para o lado que queriam, sua língua massageava a minha com aspereza e quando o ar fez falta não o poupei de morder seus lábios.
Senti a alça do meu vestido ser abaixada e sua mão cobrir meu seio e o apertar sem qualquer sutileza. Um gemido rasgou por mim e me vi obrigada a ondular meus quadris ainda mais contra ele, assistindo com prazer conter um uivo ao sentir meu calor o envolvendo. Eu estava tão próxima de explodir somente com aquele leve roçar, me fazendo imaginar que eu viraria uma boneca de pano no minuto em que tirássemos as roupas.
Como aquilo poderia ser errado se era tão bom?
Foi o som estridente do telefone que nos separou.
Meus dedos ligeiros já estavam se desfazendo do seu cinto e prontos para atacar sua calça social quando a linha principal soou desesperada sobre a mesa. Arregalei os olhos, caindo em mim.
estava se agarrando com seu algoz.
O empurrei, forçando minhas pernas para o chão. Ele me olhou perdido e eu desviei de seu olhar o mais rápido que pude, me ocupando em acertar meu seio dentro do vestido novamente, enquanto ele, em seu total desconcerto ia atender ao telefone.
Eu deveria estar parecendo um acidente de trem, os cabelos bagunçados, os lábios inchados e vermelhos e a roupa amassada. Qualquer um que me visse saindo daquela sala saberia o que tinha acontecido. Sorte minha o expediente já ter acabado, com alguma sorte somente Alissa ainda estaria ali.
Arrumei-me da melhor maneira que pude e juntei minha bolsa pronta para ir embora, apenas esperando um segundo para recuperar meu ar.
— Preciso ir. — O lembrei quando se reaproximou como um leão pronto para atacar sua presa.
O brilho maldoso em seus olhos dizia que ele se lembrava do porquê de eu ter que ir.
— Bom encontro, . — o tom que ele falou meu apelido dançou entre o sarcasmo e a sensualidade e inexplicavelmente apertou ainda mais o nó em meu ventre que chorava por sua libertação.
— Não esqueça seu presente. — Em alguns passos ele já estava perto o suficiente para depositar a caixa azul em minha mão. Então cortou nossa distância me dando um último beijo quente antes que eu conseguisse fugir, correndo para o elevador com minhas pernas bambas.
Não seria uma surpresa dizer que quem sofreu as consequências de minha crescente volúpia foi o pobre Noah.
Não conseguimos terminar nosso caminho para o restaurante que ele, gentilmente, havia feito a reserva antes de eu atacá-lo como uma ninfomaníaca. O fiz estacionar em uma rua deserta e nem me desfiz de qualquer roupar antes de montá-lo no banco do motorista. Apenas afastei minha calcinha para o lado e me encaixei com violência.
Suas mãos eram leves demais em comparação as de e sua boca não me deixava tão desperta quanto a do loiro, mas assim que fechei meus olhos minha mente viciada fez o resto do serviço. Gozei em questão de minutos dividida entre estar satisfeita e apenas ter aumentado minha fome por uma refeição que nunca poderia comer.
Desistimos de ir jantar, Noah parecia ter gostado da minha recém-descoberta ferocidade sexual então voltamos para o meu apartamento, onde por mais duas vezes me peguei de olhos fechados imaginando outro cenário.
Foi inevitável não me sentir humilhada quando o rapaz me abraçou para dormir e respirei fundo desesperada para sentir o cheiro de Antaeus que rondava minha imaginação, apenas para sentir qualquer perfume masculino genérico. Era algum defeito em meus códigos, eu só poderia estar quebrada.
Jantares beneficentes eram maçantes de um jeito que só um prego embaixo da unha poderia começar a explicar. Muita gente hipócrita reunida por metro quadrado, todas munidas com seus falsos soluços de emoção sobre causas que elas simplesmente ignoravam o ano todo, mas quando subiam naquele palanque para darem seus discursos, deixavam Madre Tereza de Calcutá orgulhosa de tamanha benevolência.
Mal podia ver a hora de voltar para casa, tirar meus sapatos e poder falar mal de todos em voz alta no meu quarto.
Estava sozinha naquele ninho de cobras, Noah deu qualquer desculpa sobre não poder ir, algo que interpretei como não estar tão pronto para ser inserido daquela maneira na minha vida. E a verdade era que eu queria mesmo que ele não fosse.
Seria estranho dar um passo daqueles com um cara que não tinha rosto na minha cama. Não que ele fosse um homem ruim, longe disso, Noah era uma pessoa maravilhosa. Contudo minha vagina não parecia pensar o mesmo, o que era uma pena, pois ela não tinha qualquer receio de ovacionar de pé outra pessoa.
Já haviam se passado três semanas e eu ainda não havia ouvido qualquer palavra da boca de . Depois daquela cena reprovável no escritório, eu passei a evitar qualquer contato a sós.
Se ele estivesse na copa isso significava que eu teria uma dor de cabeça incomoda até o final do dia, pois eu pularia o cafezinho para não passar em seu caminho. Se eu o visse na mesa de Alissa voltava para minha sala mesmo que estivesse atrasada para algum serviço na rua. Mas eu tentava ver pelo lado bom, minhas coxas estavam ficando tonificadas, frutos de subidas e descidas pelas escadas, tudo para não correr o risco de ficar presa em uma caixa de metal por cinquenta segundos com ele sem querer.
Entretanto, meu pique-esconde unilateral não me impedia de espreitar de longe a forma como ele se movia como um lorde pelos lugares. Quem o via todo elegante em seu terno de marca e perfume caro não podia imaginar o estrago que ele podia fazer com uma calcinha sem muito esforço.
Até mesmo ali meus olhos varreram o lugar atrás dele. Não tenho muito orgulho em admitir que mordi meus lábios ao vê-lo duas mesas de distância, sorrindo e conversando com algumas pessoas, e mantive meu olhar sobre sua figura vistosa, distraída demais para poder desviar quando seus olhos me encararam de volta.
Segurei um engasgo quando um sorriso maldoso se desenhou em seus lábios e ele levantou sua taça de champanhe em minha direção como se me cumprimentasse. Limitei-me a sorrir duro em resposta e olhar para o outro lado fingindo que a conversa sobre Milão das duas senhoras que estavam na minha mesa era um tópico interessantíssimo.
Eu deveria saber que ele nunca perderia uma oportunidade de tripudiar, mesmo com nosso acordo. Mas mesmo assim fiquei surpresa quando a cadeira vaga ao meu lado foi arrastada e o cheiro forte de perfume masculino me envolveu.
— Boa noite, senhoras. — chamou a atenção das mulheres, que soltaram um risinho derretido, e então se virou para mim. — Senhorita.
— Boa noite, senhor .
— Aproveitando a noite?
— Apenas esperando o leilão começar para poder ir embora na surdina.
— E seu namorado, onde está? — perguntou, sua voz grossa e profunda fazendo eu me remexer desconfortável na cadeira. Seus olhos travessos esquadrinhando cada centímetro do meu rosto como se procurasse algo ali.
Pigarreei tentando mover o caroço que se instalou em minha garganta e bebi um gole do meu champanhe já quente.
— Ele teve uma emergência no trabalho e não pode vir.
juntou as sobrancelhas como se estivesse surpreso com minha resposta.
— Então seu encontro foi um sucesso, suponho.
Parte de mim — está localizada especificamente entre minhas pernas — quis interpretar seu tom como decepcionado por sua psicologia reversa (aparentemente) não ter tido efeito. O resto de mim apenas dava risada achando hilário o fato de eu não conseguir tirar da minha cabeça nem para me masturbar em paz.
Mandei as duas partes se calarem, me concentrando em não tomar aquele rumo. Eu era ótima em me jogar de cabeça em pessoa rasas, ainda não ter tido um traumatismo craniano era um grande milagre para mim. E algo me dizia que ali era o poço perfeito para quebrar meu pescoço.
— Foi ótimo. — concordei — Mas ele não é meu namorado. — A urgência de consertar aquilo me atingiu, quase como se eu me importasse com sua opinião.
Seus olhos brilharam de um jeito diferente e se antes ele já tinha um olhar predador, depois da minha sentença ele parecia um felino sendo provocado por um cervo.
— Não?
— Não exatamente. Estamos nos conhecendo ainda. — Emendei, sentindo-me subitamente quente com seus olhos presos em mim.
A conversa ao nosso lado havia se silenciado, as senhoras tinham os olhos grudados sobre o loiro, provavelmente se perguntando o que teriam que fazer para também conseguir um pouco de atenção.
torceu os lábios em um sorriso satisfeito com minha resposta. Arrastou sua cadeira subitamente e se pôs de pé. Estava pronta para saltar de minha cadeira e perguntar o que havia de errado, mas então sua mão foi estendida em minha direção.
— Nesse caso não há mal em te chamar para dançar uma música comigo.
Escárnio e indelicadeza eram tratamentos que eu sabia lidar, contudo sorrisos prestativos e olhares esperançosos faziam com que os fusíveis dentro da minha cabeça entrassem em curto e eu perdesse a resposta. Encarei sua mão, atônita, e pisquei longamente antes de uma das senhoras tomar a iniciativa e cheia de risinhos empurrar meu ombro delicadamente.
— Aceita, boba.
Antes que eu pudesse balbuciar qualquer coisa em resposta, a banda, de maneira mais que oportuna, cessou a música de súbito. Alguém no grande palco bateu o dedo contra o microfone anunciando que o leilão teria início.
— Agradeço a oportunidade, mas essa é minha deixa. — Apontei para o homem gordo e rosado no palco enquanto me levantava agarrando minha bolsa de mão perto do meu corpo. — Em uma próxima ocasião serei toda sua.
Só entendi o teor de minhas próprias palavras quando lambeu o lábio inferior parecendo deliciado com o desafio. Quis me corrigir, mas tornaria tudo mais humilhante, ainda mais com as senhoras enfeitiçadas a mesa. Senti meu rosto arder com a vergonha e optei por engolir a seco e sumir logo dali.
— Aproveitem a noite, já estou indo. — resmunguei antes de dar as costas e sair sem esperar a resposta.
Caminhei rápido em cima de meus saltos e estava próxima de alcançar as portas principais que levavam para o elevador quando meu braço foi vítima de um aperto firme que me obrigou a parar. Virei pronta para enfrentar os olhos do predador, mas qual foi minha surpresa ao avistá-lo no fim do corredor caminhando lentamente com as mãos no bolso, enquanto Mark Finnigan segurava meu braço com seu sorriso elegante preso no rosto.
— , querida, já estava indo embora?
Um sorriso amarelo se desenhou em meu rosto e pisquei para o homem. estava parado a três passos de nós apenas observando em silêncio.
— Uau! Você está muito linda. — elogiou antes que eu pudesse responder. Ele então pareceu perceber o homem atrás de nós e sorriu cúmplice para ele. — Ela está linda, não está, ?
— Divina. — concordou o loiro.
— Vocês já estavam indo embora? — Mark tinha os olhos maliciosos passeando de um para o outro como se montasse sua tese.
— Na verdade, sim. — respondeu curto e sorriu sacana em minha direção, fazendo algo em meu interior se contorcer e minhas bochechas afoguear de vergonha ao mesmo tempo.
Mark apenas riu e balançou a cabeça como se achasse muita graça na situação. Puxei meu braço delicadamente de volta e ele sorriu amável em minha direção.
— Antes de ir vocês podiam tirar uma foto juntos, vai ser bom para a publicidade.
Sem esperar uma resposta ele chamou pelo fotógrafo que passava no final do corredor. Olhei desesperada para , não queria tirar foto nenhuma, aliás queria manter uma distância saudável do homem para não cair na tentação de fazer alguma burrada.
Meu chefe conversava animadamente com o fotógrafo quando ergui meu queixo para olhar ao meu lado com seu sorriso malicioso ainda preso no rosto. Dois passos e ele já estava ao meu lado e esticando sua mão em direção ao meu rosto. Seu dedo roçou em minha bochecha levemente e então, de forma delicada, colocou uma mecha de meu cabelo atrás da orelha, seus olhos encarando no fundo dos meus e eu não conseguia desviar. Estava perdida dentro daqueles profundos e sentindo o mundo estupidamente esvanecer ao redor.
Então um flash estourou de repente, me fazendo piscar assustada e encontrar Mark com seus braços cruzados parecendo satisfeito com o que o fotógrafo havia capturado.
— Só mais uma e já deixo vocês irem sapecar em paz. — soltou brincalhão, me fazendo engasgar e abrir a boca horrorizada.
— Nós não… — não pude concluir minha negativa, o loiro enlaçou minha cintura me puxando mais para perto, fazendo o ar escapar dos meus pulmões. Um riso rouco lhe escapou e só me restou me ajustar ao seu redor e tentar parecer o mais profissional possível.
O flash estourou novamente e antes que eu pudesse piscar, o fotógrafo já estava indo embora. Mark deu um tapinha no ombro de e me deu uma piscadela antes de ir embora sem uma palavra. Soltei-me do loiro sem entender muita coisa do que havia acontecido e segui em silêncio para o elevador que me esperava aberto.
entrou sem dizer uma palavra e se encarregou de apertar o botão para o térreo.
As portas fecharam e meu coração disparou ao vê-lo olhando para mim pelo reflexo das portas de aço do elevador.
Virou-se de repente e caminhou em minha direção, deixei minha bolsa cair quando ele, sem aviso, agarrou meus cabelos e me puxou para sua boca.
Faminto ele me devorou, apertando-me contra a parede fria, varrendo cada centímetro da minha boca com sua língua. Só tive tempo de cravar minhas unhas em seus ombros sobre o paletó do terno e deixar um gemido rolar por entre meus lábios. Uma mordida em meus lábios e eu estava derretida em suas mãos.
No fundo da minha cabeça ouvi o leve bip ecoar pelo pequeno espaço, mas nada realmente chegou a penetrar minha mente até o pigarro alto soar do lado de fora. Atordoada, empurrei e foquei na porta já aberta, um casal sorriu cúmplice para nós e percebi, morta de vergonha, que já estávamos em nosso andar.
Peguei minha bolsa em completo desconcerto e deixei o loiro, que ria sem vergonha, me guiar pelo saguão do prédio.
— Preciso chamar um táxi. — informei quando alcançamos a rua e ele apenas me puxou mais para perto, me abraçando pelos ombros.
— Eu te levo.
Eu queria seguir sem questionar nada, deixar tudo em sua casualidade, mas aquilo soava tão errado. Todas as vezes que gritou comigo ou tentou me diminuir sambaram atrás dos meus olhos e logo me vi estancando no lugar.
— O que está acontecendo? — perguntei, segurando firme em seu pulso, obrigando-o a parar e me olhar.
— Como assim ‘o que está acontecendo’? Eu acho que é bem óbvio. — retrucou risonho.
— O que você quis dizer aquele dia com precisar de um lembrete pra te manter afastado? — soltei de súbito e em resposta ele apenas respirou fundo, tentando colocar a cabeça no lugar.
— Não vem ao caso agora, . Vamos, meu carro está no fim da rua, depois conversamos sobre isso.
tentou me puxar novamente pelo braço, mas me soltei e dei um passo para trás, parando na porta do prédio, o porteiro ao meu lado nos encarando confuso.
— Não. Vamos conversar sobre isso agora. — insisti, sabendo que dependendo da sua resposta nem entraria naquele carro.
Silêncio pairou entre nós por um longo minuto. Sua boca abria e fechava incerta sobre falar alguma coisa, fazendo-me finalmente cair em mim e entender que ele apenas queria entrar em minhas calças e eu, até aquele ponto, apenas estava facilitando tudo graças as minhas fantasias.
— Certo. Isso foi um erro. Vou entrar e pedir um táxi. — suspirei, desapontamento me inundando. Não deveria me sentir desiludida, era de de quem estávamos falando, mas parte de mim ainda queria acreditar que talvez eu fosse algo de especial ou diferente.
O porteiro abriu a porta do saguão todo solícito quando me virei em sua direção e então eu fiz minha caminhada da vergonha, sem ao menos ter transado, para o balcão da recepção e pedir o telefone emprestado.
— Boa noite, querida. Você poderia pedir um carro para mim? — pedi educadamente para a moça atrás do balcão. Ela assentiu e sua mão chegou a tocar no aparelho, mas não o puxou, seus olhos castanhos se fixaram para algo atrás de mim. Virei-me já sabendo quem encontraria.
Sorri sem vontade pra sua carinha de cachorro que caiu do caminhão da mudança e tentei manter meu nariz erguido.
— Acho que já falamos tudo que tínhamos para falar, .
— Não, não falamos. — disse em um tom profundo e eu revirei os olhos, cansada demais para fingir que não estava chateada. — Você queria saber por que eu precisava de um lembrete pra me manter afastado.
Ele apenas ficou me encarando por alguns segundos, como se procurasse a melhor maneira de por aquilo na mesa. Minhas sobrancelhas se ergueram tentando, além de incentivá-lo, mostrar o quanto eu estava impaciente com a demora.
— É porque eu sei que uma noite não vai ser o suficiente pra te tirar da minha cabeça e eu iria cair tão fácil. — disse enfim, me fazendo segurar o ar dentro de mim. — Mulheres como você mastigam até os ossos e cospem fora, não ia sobrar nada de mim depois.
— E o que te fez mudar de ideia?
— Aquele elevador, eu te segurar lá. Eu entendi que não era uma questão de cair por você. Eu já estava no chão há muito tempo.
Verdade refletia em seus olhos . Meu garotinho alfabetizado havia colocado as cartas na mesa e eu estava sem palavras para falar qualquer coisa. Esfreguei meu rosto aturdida e ele segurou meu braço no ar.
— Você está usando o presente. — indicou a pulseira.
— Não quer dizer muita coisa, ela era muito bonita para eu deixá-la escondida dentro de uma caixa. Além disso, combina com meu vestido. — dei ombros e logo a garota no balcão limpou a garganta chamando nossa atenção.
— A senhora ainda precisa que eu chame um táxi?
— Sim.
— Não.
Falamos ao mesmo tempo. Virei emburrada para e lhe dei um olhar sujo.
— Não será necessário. — disse por mim, segurando delicadamente meu braço — Não seja tão caprichosa, . — Meu apelido dançou em sua língua enquanto ele me puxava mais para perto. — Eu te deixo em casa, não quero nada em troca.
Com minha mão em seu abdômen, com o claro propósito de não deixá-lo tão perto, ergui o queixo para ele e apertei os olhos, me dando por vencida.
— É só uma carona, não ache que vai ganhar a noite.
Ele deu o sorriso mais charmoso que já tinha visto e eu soube que ele ganharia sim a noite.
Mas não mais do que eu.
se esforçou em ser um cavalheiro o trajeto todo enquanto eu indicava o caminho. O carro parou em frente à minha casa, o motor ainda funcionando quando tirei o cinto e me virei para ele.
— Você realmente quis dizer aquilo ou só queria entrar nas minhas calças? — perguntei desconfiada.
Uma risadinha encheu o carro e ele suspirou antes de responder:
— Sim. Eu quis dizer aquilo.
— Ótimo. — ponderei lentamente e abri a porta do carro já saindo. — Desce.
— Perdão?
— Eu mandei você descer. — me curvei para dentro do carro falando por baixo do fôlego no tom mais sensual que consegui reproduzir, tendo a certeza de que ele estava tendo uma bela visão do meu decote.
Antes de bater a porta vi seu sorriso sacana se desenhando. Já estava abrindo a porta do carro quando senti sua mão em minha cintura e algo pressionando entre minhas nádegas. Terminei de abrir e entramos, ele beijando meu pescoço me distraindo dos meus planos.
Mas não o suficiente.
Virei-me depois de bater a porta, puxando os cabelos da sua nuca e mordendo seus lábios, chupando-os com vontade antes de beijá-lo com selvageria. Fomos caminhando às cegas pela sala, minhas mãos tão perdidas em seu corpo quando as dele no meu.
O empurrei no sofá, fazendo cair sentado e montei em seu colo sentando com força, fazendo-o arregalar os olhos. se ocupou em levantar meu vestido, os dedos dedilhando as bordas da minha calcinha, enquanto eu tentava focar em desfazer o nó de sua gravata.
Minhas costas arquearam e uma lufada de ar escapou de minha boca quando seus dedos invadiram o fundo de minha calcinha acariciando o lugar que implorava por atenção há dias. Choraminguei, deixando minha cabeça cair em seu ombro sabendo que deveria estar pingando.
— Isso, seja uma garota boazinha, …
Gargalhei contra seu terno mesmo com dois de seus dedos enterrados em mim. Eu não seria uma garota boazinha, não mesmo.
Mesmo com meus olhos querendo fechar para aproveitar seu toque fiz meu melhor para desabotoar sua camisa e alisar seu peito musculoso. Beijei a pele exposta enquanto ele castigava meu clitóris o circulando com a ponta do dedo, enviando espasmo para todos os lados do meu corpo. Eu estava tão perto, poderia esperar meu prêmio antes de colocar meus planos em prática.
Mais algumas investidas e eu rebolei contra a palma da sua mão lhe dando o sinal para ir mais rápido. Um beliscão no lugar certo e eu vi estrelas, mordi seu pescoço e tive a certeza de que gemi seu nome, tudo ao mesmo tempo. levou os dedos à boca, chupando cada um deles com lentidão enquanto me olhava com presunção.
— Vamos brincar, Doutor . — murmurei, o empurrando contra o encosto do sofá, levantei seus braços até as grades do balcão que separava a cozinha da sala e logo puxei sua gravata medindo sua reação. — Já brincou disso?
— Não, senhora. Mas posso brincar hoje. — respondeu safado.
Dei-lhe um beijo como recompensa e juntei seus pulsos, os restringindo com a gravata de seda de uma maneira que não o machucaria.
— Se você se sentir desconfortável ou não quiser mais brincar, você pode me dar sua palavra de segurança.
— E qual é? — perguntou com curiosidade brilhando em seus olhos.
— Alphabet boy. — disse depois de pensar alguns segundos e não pude deixar de rir.
me olhava por trás dos olhos semicerrados, mordendo de leve os próprios lábios, curioso enquanto eu lentamente me desfazia dos botões de sua camisa. Abaixei minha boca para a pele que ia aparecendo deixando um rastro de batom conforme descia até onde o cós de sua calça. Por cima do tecido mole eu podia ver perfeitamente o tamanho do seu desejo em alto relevo suplicando por contato.
Ajoelhei-me a sua frente e sorri maldosa para o sorrisinho prepotente desenhado em seu rosto. Deslizei a mão pelo volume, acariciando-o delicadamente antes de segurá-lo com vontade, o que fez o loiro dar um pequeno pulinho assustado no lugar e arregalar os olhos para mim.
— Vamos ver o quanto o poderoso doutor aguenta. — murmurei ao mesmo tempo em que tirava o botão da casa e puxava sua calça e cueca para baixo. Como um perfeito cavalheiro ele dignou-se a levantar o quadril para facilitar.
Joguei as peças, assim como seus sapatos, para o outro lado da sala e então levantei a cabeça para admirar a linda cena a minha frente: sentado em meu sofá vestido somente com sua camisa social, os gominhos em sua barriga tencionados e manchados de batom, os pulsos amarrados logo acima da cabeça, o pau imponente e impressionante ereto me saudando entre suas coxas douradas e fortes. Com a boca cheia d'água, levantei-me para morder seus lábios, seus olhos ansiosos gravando cada movimento meu, fazendo com que eu me sentisse gloriosa por manter aquele homem em meu controle.
— Vai me torturar, senhorita ?
— Para você é doutora , querido. E sim, eu vou te torturar.
— Promessa é dívida. — riu nasalado e jogou a cabeça para trás quando segurei a base de seu membro com firmeza.
— Eu vou fazer você engolir esse seu risinho prepotente, nem se preocupe. — murmurei, me pondo de joelhos outra vez entre suas pernas.
Suguei a glande sem qualquer aviso e ouvi o homem ofegar e arquear as costas. Meus olhos estavam presos em seu rosto enquanto lambia toda a extensão de seu pau até as bolas com a ponta da língua. Quando o enfiei quase inteiro na boca, ele lutou para soltar as mãos puxando-as para baixo. Consegui ler em seus olhos a urgência de enfiar os dedos entre meu cabelo e me forçar para baixo. O chupei um pouco mais e ronronei com seu pau na boca, fazendo-o apertar os olhos e fechar as mãos com força.
Sua respiração estava pesada e eu podia sentir que ele gozaria logo. Chupei-o uma última vez antes de me afastar e receber um grunhido em retribuição.
— Só mais um pouco, .
— Não. — sorri, limpando o canto da boca, ficando em pé novamente. bufou e tentou puxar as mãos outra vez. — Seja um bom garoto e fique quietinho enquanto eu vou buscar uma coisinha no meu quarto.
Não ouvi sua resposta ou vi qualquer expressão, corri em meu quarto e peguei a caixa plástica que mantinha na última prateleira do closet.
Quando voltei ele me olhava dividido entre estar curioso e amedrontado para o que eu trazia em meu colo. Sorri tentando acalmá-lo e retirei a vela vermelha e seu acendedor de lá de dentro. Os olhos cresceram para mim e ele gaguejou quando falou:
— Você vai usar isso em mim?
— Alguma objeção?
— Vai me queimar, ?
Deixei a vela acesa sobre a mesa de café no meio da sala e voltei-me para ele, beliscando a pele fina logo abaixo de suas costelas arrancando um murmuro do homem.
— Você não me chama de , como eu mandei me chamar?
— Doutora . — grunhiu não muito satisfeito com meu beliscão, mas também não pareceu menos empolgado.
— Bom garoto. — alfinetei — Se errar meu nome outra vez você vai preferir um beliscão em vista do castigo que vou te dar.
— O que você vai fazer se eu errar? — pirraceou esticando-se em minha direção, o sorriso prepotente ainda lá me desafiando.
Curvei-me em sua direção, meu sorriso tão sacana quanto o seu e o empurrei de volta ao seu lugar.
— Vou te colocar contra a parede e te dar umas palmadas até você aprender.
— Eu gosto da premissa. — sussurrou.
— Não mais do que eu. — respondi no mesmo tom, mordiscando seu lábio inferior antes de voltar para a vela que havia deixado na mesa.
A cera já estava meio derretida e eu salivando para vê-la escorrer pela pele dourado do homem. Virei-me em sua direção e seus olhos se estreitaram em direção ao objeto vermelho em minhas mãos.
— Vai me queimar? — repetiu a pergunta, um tom urgente em sua voz, como se realmente estivesse assustado com a ideia.
— Não vou te queimar. — apaziguei — Você vai gostar, vou pegar leve se você for bonzinho. Agora para trás, encoste as costas na almofada e cale essa boca. Você só fala se eu pedir ou se for pra falar a palavra de segurança, caso contrário eu vou ficar muito feliz em castigar essa sua boquinha linda. Entendido?
balançou a cabeça em confirmação entrando de vez em sua personagem. E eu me coloquei em minha posição, novamente entre suas pernas, mas em pé, a vela esticada a minha frente na altura dos meus ombros. Meus olhos travados nos seus quando a virei e deixei o primeiro fio escorrer, fazendo um risco vermelho descer por seu peito. Seus olhos e boca se apertaram e um gemido lhe escapou, ronronei de prazer com sua reação.
— Ruim? — testei para saber se deveria continuar.
— Bom. Muito bom. — gemeu em resposta.
Um sorriso ridículo se fez em minha boca e então me pus a derramar mais cera em sua pele recebendo um gemido entrecortado cada vez que o calor o atingia. Derramei em sua barriga, pouco acima da virilha, então derrubando primeiro na coxa direita até ficar satisfeita e então na esquerda.
O loiro tinha a cabeça jogada para trás e os olhos bem fechados, parecendo saborear cada pequena sensação que o dava. Eu gostava da cena mais do que queria admitir.
— Você está se sentindo bem?
— Sim. — ele respondeu ofegante ainda sem abrir os olhos.
— Ótimo. Lembra nossa palavra?
— Sim.
— Bom garoto.
Levei meus dedos em direção ao zíper do vestido puxando-o para baixo. Ao ouvir o barulho seus olhos se abriram em minha direção e eu apreciei a atenção. Deslizei a peça lentamente por meu corpo revelando meus seios nus e eriçados e então a calcinha minúscula que usava por baixo. Chutei o vestido para o canto ficando apenas com os saltos nos pés, observando lamber os lábios ao correr os olhos por meu corpo nu logo a sua frente.
— Gosta do que vê? — o tom lascivo foi intencional ao sentar-me em seu colo e apoiar as mãos em seus ombros.
— Muito.
— Estou vestida como uma prostituta bêbada? — provoquei.
Seus olhos desceram para meus seios a poucos centímetros de seu rosto. O sorriso devasso se fez presente.
— Não.
— Estou vestida como o que então?
lambeu os lábios antes de falar:
— Como a mulher que vai ser minha ruína.
Gargalhei com seu tom sério jogando a cabeça para trás. Seu pau duro cutucando o fundo da minha calcinha molhada tirando minha concentração.
— Você está malditamente certo, . Agora me beije. — sussurrei contra seus lábios antes que ele lambesse minha boca e me beijasse com volúpia.
Minha cabeça girava conforme seus lábios trabalhavam contra os meus e sua língua tentava tirar tudo de mim. Ele parecia faminto ao me devorar e frustrado tentando puxar as mãos para me tocar. Empurrou seu quadril contra mim acertando um ponto que me fez gemer contra sua boca e o querer dentro de mim logo.
Aproveitei sua distração para arranhar a cera para fora de seu peito com vontade. Então foi sua vez de gemer contra mim e largar minha boca para jogar a cabeça para trás. Minhas unhas foram vorazes em arranhá-lo novamente, desta vez na barriga enquanto lambia seu pescoço. Seus braços tremiam ao puxar-se para baixo fazendo minha prateleira ranger em reclamação. Uma mordida em seu maxilar e ele voltou ao seu papel.
Rebolei contra seu pau para provocá-lo, mas a essa altura eu também me sentia torturada. Ele investiu contra mim e eu quase silvei com a sensação quente que se espalhou em meu ventre.
— Por favor. — suplicou e eu ri contra seu pescoço.
Queria ter a gana de torturá-lo um pouco mais, mas eu precisava daquilo tanto quanto ele.
rangeu os dentes no segundo em que afastei minha calcinha e deslizei lentamente por seu pau, tão molhada que não fiz qualquer esforço para acomodá-lo dentro de mim. Parei por um momento somente para apreciar a sensação de tê-lo me preenchendo completamente. Parecia com o céu, mas sentia-se quente como o inferno. E eu estava amando aquilo.
Agarrei os cabelos de sua nuca e o obriguei a me olhar antes de lhe dar o sorriso mais sujo da noite e começar a cavalgar como uma amazona em seu pau. Não queria nada de baunilha, descia violenta contra suas coxas enquanto o beijava da melhor maneira que podia. Precisava gozar sentindo meus músculos o apertando por dentro, desenhando sua forma em mim, assim poderia finalmente dar um descanso para minha imaginação.
Parei por um segundo para tomar meu fôlego e aliviar a pressão que sentia nas coxas pela força. Foi quando , sem vergonha alguma, me fez gritar de prazer e ver estrelas pela segunda vez, ao lançar o quadril para frente com força, golpeando com destreza o ponto mais certo possível em mim. Mantive-me parada apoiada em seu ombro enquanto o sentia escorregar para dentro e para fora, mole demais para fazer qualquer coisa que não fosse desfazer o nó que mantinha seus pulsos juntos.
Quando se percebeu livre riu e mudou nossas posições me jogando de costas no sofá e arrancando sua camisa manchada de cera. Segurou-me pela nuca com gana, me beijando com força para logo em seguida me penetrar sem aviso algum arrancando um grito meu. Ele me fodeu com força, juntando meus joelhos e levando minhas pernas para cima de seu ombro. Uma de suas mãos se ocupou em apertar meu seio enquanto a outra massageava meu clitóris carente.
sabia exatamente onde me tocar, mesmo sem nunca ter feito isso antes e eu já estava perto de gozar uma terceira vez, mas não queria do seu jeito. O empurrei pelo peito com a ponta do pé virando de costas para ele no sofá. Ele foi rápido ao ficar em pé e se encaixar e meter com violência em mim. Puxou meu torso contra seu peito, segurando firme em meu seio e mordendo meu ombro ao mesmo tempo.
— Me sufoca. — ordenei, sentindo minha voz tremer.
— O que? — perguntou confuso.
— Eu quero que você me estrangule. — fui clara. — Segura no meu pescoço e me fode com força.
Um rugido foi a resposta que recebi antes de sua mão grande e forte apertar meu pescoço com vontade. Arfei e fechei os olhos com força ao sentir ele ainda mais fundo e pesado contra mim, castigando minha bocetä com o mais puro deleite. O nó em meu ventre se apertou ainda mais, pronto para romper e como um adivinho o homem estendeu seu polegar sobre meu clitóris desenhando círculos sobre ele.
Então eu entrei em curto e me desfiz em milhões de pedacinhos voando pelo céu. Talvez eu tenha gritado um nome, talvez eu tenha me jogado para trás sem ar e com os joelhos moles demais. A única certeza que eu tinha era que minha pele estava pegando fogo, formigando e elétrica, tudo ao mesmo tempo. falou algo atrás de mim, mas não fui capaz de processar algo além do beijo na base da minha nuca ou a forma como ele se desmontou sobre mim, tão suado e fodido quanto eu, nossas peles deslizando úmidas sobre o sofá arruinado.
Como uma boneca de pano, sem qualquer junta funcionando corretamente, fui arrumada sobre o sofá, virada de barriga para cima com cuidado e então puxada sobre o peito do loiro.
— Você está bem? — perguntou, levantando meu queixo em sua direção, os olhos preocupados vasculhando por algo errado.
Sorri mole e estiquei a mão por seu peito cheio de pedaços de cera presos.
— Estou. E você?
— Acho que não posso confiar nas minhas pernas nesse momento, mas estou bem sim. — disse risonho, me apertando contra si.
— E tem alguma coisa que você não gostou?
— Você está brincando? Eu já quero fazer isso outra vez!
Achei graça em sua disposição, uma vez que eu estava um trapo. Como recompensa dei um beijinho em seu maxilar. por sua vez me puxou mais para cima para um beijo que destoava completamente de nossa cena. Carinhoso e delicado, a mão suave acariciando meu pescoço. Sorri contra sua boca satisfeita.
— Eu não te machuquei, não é? Digo, quando apertei seu pescoço. — sussurrou quando afastou sua boca de mim.
— Você está brincando? — o imitei fazendo graça — Eu já quero fazer isso outra vez. A noite toda de preferência.
gargalhou gostoso e eu não me aguentei em imitá-lo mais uma vez.
— Quem diria, a doutora com sua carinha de princesa curte brutalizar. — soltou em um tom ainda desacreditado e cheio de graça.
— Quem vê cara não vê açoite, querido. — dei ombros como se não fosse nada, arrancando mais uma risada sua — Mas muito me surpreende logo você ser um submisso tão bom.
— Eu fiz pelo prêmio. — respondeu com desdém.
— Aposto que fez. — concordei, achando graça e virei-me sobre seu peito deixando meu cabelo emaranhado cair sobre meu rosto. Os olhos brilhantes de desceram carinhosos por mim e ele delicadamente colocou uma mecha atrás da orelha e me puxou para um selinho.
— Droga, eu sabia que te ter uma vez não seria suficiente. — reclamou, jogando sua cabeça contra o sofá — Libere meu pau sofredor desse feitiço, eu te imploro.
— Infelizmente não vai rolar. — fiz minha melhor cara de pena — Eu ainda quero transar no chuveiro e uma dar rapidinha na minha cama antes de te devorar e cuspir seus ossos.
— Eu posso, pelo menos, mijar antes?
Gargalhei pelo que deveria ser a enésima vez, depois de ter gozado como uma campeã até assistir um carrasco arrancar minhas unhas seria divertido. Beijei-o novamente e ficamos nos enrolando no sofá por algum tempo antes de irmos nos aventurar no chuveiro. E também na cama. Por boa parte da noite.
Não era cedo quando acordei com a cama vazia, já passava de meio dia, mas a estranha sensação de sentimentos misturados dentro de mim me deixava confusa.
Parte de mim estava aliviada de não acordar ao seu lado, entretanto, a outra parte, a que eu gostava de chamar carinhosamente de Ridícula, se encontrava desapontada por não ter ganhado um beijinho de bom dia sequer.
Tentei ignorar Ridícula jogando as cobertas para o lado e indo para o banheiro para tomar um banho de verdade e começar meu dia mesmo contra vontade e ocupar minha cabeça com outras coisas.
A princípio o cheiro de comida não me despertou nenhuma curiosidade, afinal eu tinha vizinhos e esse era o horário. Foi o barulho de louça batendo que chamou minha atenção. Barulho vindo da minha cozinha. Fui até lá dentro do robe felpudo de banho e a toalha branca enrolada nos cabelos, pé ante pé com curiosidade me comendo por dentro.
estava parado de costas para porta mexendo compenetrado em uma panela sobre o fogão, usando somente sua cueca e meu avental cor de rosa cheio de cupcakes. O cheiro de comida estava explicado agora, mas eu não estava tão interessada assim no conteúdo das panelas, não com um chef vestido daquela maneira em minha cozinha.
— Você acordou! — constatou após notar minha presença, largou a colher sobre o apoiador e veio em minha direção todo sorridente.
Ridícula bateu palmas e soltou rojões quando ele se curvou contra mim e me puxou pela nuca para um beijo. Quis ficar puta com ela, mas foi difícil julgá-la naquelas condições.
— Já estava começando a achar que tinha te colocado em coma de tanto foder. — disse com uma falsa seriedade, me segurando ainda.
— Foi quase, hein?! — concordei no mesmo tom, me segurando para não rir — O que você inventou aí?
virou-se para suas panelas e deu ombros.
— Uma coisa que eu vi na internet. Espero que não se importe, revirei seus armários e freezer atrás dos ingredientes.
Foi minha vez de dar ombros e ir espiar o que ele havia feito. O cheiro estava bom e a cara também, era algo de milho com frango. Logo ele colou em minhas costas e cheirou meu pescoço.
— Dá tempo de mais uma rapidinha antes da comida ficar pronta, o que acha?
Joguei minha cabeça em seu ombro rindo com sua besteira, aproveitando a posição ganhei um beijo no nariz. Virei-me de frente para ele ainda rindo.
— Segunda-feira você vai estar assim ou vai voltar a ser um boçal comigo? — fui direta e ele sorriu em resposta.
— Como você quer que eu esteja?
— Assim. Eu acho.
— Assim pelado, ou assim te beijando e pegando e pedindo por sexo a cada vinte minutos?
— Assim um ser humano decente. — rolei os olhos em brincadeira — Talvez me beijando escondido, com muita sorte transando em cima da sua mesa em silêncio para ninguém nos pegar.
— Parece como um plano pra mim.
Dei-lhe um último selinho antes de obrigá-lo a terminar a comida enquanto eu arrumava a mesa para nós.
Então quando fui buscar o refrigerante que sabia que havia na geladeira vi que meus imãs em forma de letras estavam organizados em forma de uma frase:
enfeitiçou meu pau.
Dei risada de sua imbecilidade, mas no fundo orgulhosa não só do meu feitiço, mas também por ter o feito soletrar como eu sabia que ele faria.
Não sabia quanto tempo aquilo ia durar ou se daria certo, talvez nem tivesse interesse em saber, apenas queria aproveitar o momento e dizer de boca cheia que, por pelo menos um final de semana, eu havia dobrado de jeito o garotinho alfabetizado que se achava melhor do que eu.
Fim
Nota da autora: Antes de mais nada quero deixar claro que sou uma princesa e nem sei o que pau quer dizer. Sei nada do que esse casal aí fez, tô chocada. Hahahaha
É, mais um ficstape pra conta, enaltecendo minha rainha indie suprema que só faz hino psicopata.
Queria agradecer ao squad por terem lido sem maiores pressões (não é mesmo, Lizi & Ceci? Rsrsrs) e serem as amigas mais maravilhosas que eu já tive. Amo vocês, princesas.
Espero que tenham gostado da história. Se gostou não se esquece de comentar e compartilhar com as amigas. Se não gostou comenta e compartilha mesmo assim, porque amigas que odeiam fics juntas permanecem juntas.
Até a próxima! ♥
Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
É, mais um ficstape pra conta, enaltecendo minha rainha indie suprema que só faz hino psicopata.
Queria agradecer ao squad por terem lido sem maiores pressões (não é mesmo, Lizi & Ceci? Rsrsrs) e serem as amigas mais maravilhosas que eu já tive. Amo vocês, princesas.
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