Capítulo 1
A fama tem um preço alto a se pagar. Acho que nunca acreditei nisso com tanta veemência como acredito hoje e cada vibração do meu celular era um lembrete constante. Eu amava e odiava o mundo de glamour e holofotes em que vivia. A fama me deu tudo que eu sempre sonhei: sucesso, reconhecimento, a chance de compartilhar minha música com o mundo, mas também trouxe consigo uma pressão avassaladora, a constante vigilância dos olhos curiosos e a crueldade dos haters, prontos para distorcer minhas palavras e julgar cada passo que eu dava.
Foi exatamente por isso que a mensagem urgente de minha irmã, , cortou o meu desespero como uma lufada de ar fresco em meio ao caos. Alívio passageiro, já que o conteúdo da mensagem não era o mais amigável.
online
Ignorei tudo que tinha para fazer dali em diante. Ignorei as explicações que precisava dar, os trajes suaves que precisaria vestir e a nova música que deveria lançar para diminuir as polêmicas que tinham me envolvido. Eu sabia que não costumava pedir ajuda a menos que fosse realmente necessário. O que quer que estivesse acontecendo era grande, e eu estaria lá para ela. Porque, para mim, não havia dúvidas: família sempre vinha em primeiro lugar.
✈️
O táxi me deixou em frente a um charmoso café, com uma placa de madeira desgastada pendurada sobre a porta que anunciava “Café do sol”. Enquanto eu entrava, senti os olhares curiosos dos poucos moradores locais que estavam presentes no lugar. Murmurinhos isolados preenchiam o ar ao meu redor e eu não pude deixar de notas as cabeças se virando em minha direção.
Com passos firmes e decidida a encontrar um pouco de energia para o que quer que eu estivesse prestes a enfrentar, me aproximei do balcão. Com um sorriso amigável, chamei a atenção do barista ocupado.
— Um copo com a maior dose de cafeína que você puder me oferecer, por favor. — O barista simpático, com uma expressão de desdém e desconfiança, assentiu. Ele parecia familiarizado com o pedido incomum de um copo de café cheio de cafeína.
Enquanto esperava meu pedido, não pude deixar de notar os olhares furtivos dos outros frequentadores do café, que pareciam intrigados com minha presença ali. O murmúrio constante ao meu redor aumentou ligeiramente, e uma sensação de desconforto se instalou em meu peito.
Finalmente, o barista retornou com meu pedido, colocando o copo fumegante diante de mim com um gesto solícito. Agradeci com um aceno de cabeça e peguei a bebida, sentindo o aroma rico e reconfortante do café enchendo minhas narinas. Antes mesmo que pudesse experimentar o líquido, fui interrompida por uma mão forte, que agarrou meu braço com firmeza. Antes mesmo que eu pudesse reagir, fui puxada para fora da cafeteria em um movimento rápido e repentino.
Meus olhos se arregalaram de surpresa e alarme quando me vi do lado de fora, encarando um homem alto, com cabelos escuros e uma expressão severa ocupando todo o seu rosto. Sua pele alva destacava-se contra o cenário urbano ao nosso redor, enquanto sua postura agressiva deixava claro que ele não estava ali para trocar gentilezas.
Antes que eu pudesse protestar ou sequer recuperar o fôlego, ele lançou sua pergunta carregada de hostilidade.
— Qual é a droga do seu problema? — ele rosnou, seus olhos se mantinham fixos em mim com uma intensidade intimidadora, mas eu não abaixaria a cabeça para qualquer desconhecido que, sem motivo algum, gritava comigo em plena rua.
Minha indignação rapidamente se tornou em fúria diante da sua abordagem agressiva.
— Qual é o seu problema? Quem você pensa que é para me puxar assim? — retruquei, utilizando o mesmo tom e deixando que minha voz ecoasse toda a minha irritação.
— O que você está fazendo tomando café aqui? Você tem outras responsabilidades, caso não lembre. — Sua pergunta era um desafio implícito, uma insinuação de que eu não pertencia àquele lugar, ou talvez àquele momento.
— Eu estou aqui porque eu quero, e eu estou tomando café porque eu preciso — declarei, ainda irritada o suficiente para quase berrar. — E você não tem o direito de me dizer o contrário ou de se meter entre mim e minha cafeína.
O homem manteve seu olhar penetrante sobre mim por mais um momento, seus lábios apertados em uma linha dura de desaprovação. Mas, eventualmente, ele pareceu desistir da disputa, soltando meu braço com um gesto brusco.
— Trocou a cocaína pela cafeína? — A pergunta cortante e carregada de desdém atingiu-me com a mesma rapidez que saiu da boca do estranho. Minha mente girava freneticamente, tentando entender de onde vinha aquela acusação, aquela mistura tóxica de ironia, decepção e mágoa.
Respirei fundo, tentando encontrar minha compostura, enquanto meus olhos se estreitavam em desconfiança. Alguma fonte maldosa havia novamente difundido boatos sobre meu estado, insinuando que minha magreza recente era resultado do uso de drogas? Ou, talvez, algum evento social o qual eu estivera ausente havia gerado fofocas infundadas sobre meu comportamento?
— Eu não faço ideia do que está falando, seu brutamontes mal educado.
— Não se faça de estúpida, . Você sabe muito bem do que estou falando, até sua filha sabe.
A confusão aumentou dentro de mim quando percebi que ele estava falando comigo achando que eu era minha irmã. Minha mente girou, tentando encontrar uma maneira de esclarecer o mal-entendido, as informações vieram rápidas e confusas. Então era essa a ajuda que ela precisava? Drogas e filha? Como diabos minha irmã teve uma filha e não me contou? Respirei fundo, tentando manter a calma enquanto enfrentava o homem com um olhar firme.
— Eu acho que você está cometendo um engano — respondi, mas minha voz ainda carregava irritação e uma ponta de indignação. — Eu não sou quem você pensa que sou.
— Não tente me enganar. Eu sei que você está tentando se esconder, mas não vai funcionar. Não dessa vez — retrucou, deixando nítida a pontada de desapontamento.
A frustração borbulhava dentro de mim diante da teimosia do homem, mas eu sabia que precisava esclarecer as coisas antes que a situação saísse ainda mais do controle.
— Olhe bem para mim — insisti, buscando encontrar alguma brecha na armadura de desconfiança que ele havia erguido ao meu redor. — Você está cometendo um terrível engano. Eu não sou .
Ele franziu o cenho, seus olhos escuros buscando os meus em busca de alguma confirmação. Por um instante, pareceu que ele estava prestes a recuar, a considerar a possibilidade de que talvez estivesse errado.
— Você não vai escapar dessa vez. — Meu coração parecia parar por alguns segundos quando ele se aproximou ainda mais. Em segundos, me vi perdida nos seus 1,90 e na beleza marcante do homem que contrastava perfeitamente bem com a intensidade do momento, deixando-me momentaneamente sem fôlego. Em meio à má educação, não pude observar o quão bonito ele era. Apesar de carrancudo, grosso, teimoso e imprevisível, ele tinha os olhos mais penetrantes que eu já pude ver.
Nossos rostos estavam agora a poucos centímetros de distância, e pude sentir o calor de sua respiração quente sobre a minha enquanto ele examinava meu rosto meticulosamente, em busca de qualquer sinal que confirmasse sua suspeita. Eu me esforcei para manter a compostura, mesmo que minha mente estivesse uma bagunça.
De repente, como se algo dentro dele tivesse sido despertado, ele recuou com uma expressão de constrangimento atravessando seu rosto. Era como se ele tivesse percebido algo que o fez retroceder, algo que eu não tinha, algo que tinha.
Apesar de parecer ficar desconcertado por um momento, ele não fez menção de pedir desculpas pelo equívoco. Em vez disso, sua expressão endureceu um pouco, enquanto ele parecia ponderar sobre a situação.
— São gêmeas, então? — ele perguntou, deixando o tom de sua voz um pouco mais suave do que antes.
Eu assenti com a cabeça.
— Sim, somos gêmeas — respondi, de forma simples, mas com a voz ainda carregada de determinação.
Ele pareceu absorver essa informação por um momento, seus olhos escuros buscando os meus em busca de alguma confirmação. Parecia que ele ainda estava processando a revelação, tentando reconciliar a imagem que tinha em mente com a realidade diante dele.
Finalmente, depois de um breve momento de silêncio, ele acenou com a cabeça.
— Entendi. Bem, desculpe o engano — ele disse, sua voz um pouco mais suave agora, antes de se afastar em direção à rua movimentada. Antes que ele pudesse se afastar completamente, eu estendi a mão e segurei a dele, buscando chamar sua atenção mais uma vez.
— Espere.
Ele virou-se para me encarar, surpreso com a minha atitude. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele retirou rapidamente a mão da minha, como se minha simples tentativa de contato o tivesse queimado.
Eu reuni minha coragem e continuei, sabendo que precisava encontrar minha irmã o mais rápido possível.
— Estou procurando minha irmã — expliquei, me esforçando para manter minha voz estável. — Parece que você conhece mais ela do que eu.
Ele pareceu considerar minhas palavras por um momento, seu olhar agora mais sério do que antes. Ele pareceu hesitar por um momento, seus olhos escuros estudavam-me cuidadosamente. Então, ele respirou fundo e assentiu, como se concordasse consigo mesmo.
— Sobre a filha... — comecei, me sentindo um pouco desconcertada ao mencionar algo que eu não sabia antes e que eu, com certeza, deveria saber. — Não sabia que minha irmã tinha uma filha.
Ele ficou em silêncio por um instante, ponderando minhas palavras com seriedade. Finalmente, ele pareceu chegar a uma decisão.
— Venha comigo — ele disse, sua voz firme, indicando com a cabeça em direção à rua movimentada. — Vou levá-la até a minha sobrinha.
— Sua sobrinha? — perguntei, minha voz ecoava total confusão. Eu tinha descoberto uma sobrinha e agora havia a possibilidade de um quase irmão?
— teve uma filha com meu irmão. — Sua voz soava carregada de tristeza e pesar. — Eles estavam juntos há anos, mas as coisas não estavam indo bem nos últimos tempos. E agora... — Ele parou por um momento, como se lutasse para encontrar as palavras certas ou apenas tentasse decidir se eu era confiável ou não. — Meu irmão morreu há dois dias. desapareceu desde então.
Uma onda de choque percorreu meu corpo ao ouvir as palavras dele. Meu coração apertou com a tristeza da perda e a incerteza do paradeiro de minha irmã.
— Eu... sinto muito.
Ele deu de ombros, assentindo com a cabeça.
— Meu irmão escolheu esse caminho. E ... Bem, ela está seguindo o mesmo rumo.
Foi exatamente por isso que a mensagem urgente de minha irmã, , cortou o meu desespero como uma lufada de ar fresco em meio ao caos. Alívio passageiro, já que o conteúdo da mensagem não era o mais amigável.
online
, por favor, você precisa vir. Estou com problemas... sérios problemas. Não posso lidar com isso sozinha.
Ignorei tudo que tinha para fazer dali em diante. Ignorei as explicações que precisava dar, os trajes suaves que precisaria vestir e a nova música que deveria lançar para diminuir as polêmicas que tinham me envolvido. Eu sabia que não costumava pedir ajuda a menos que fosse realmente necessário. O que quer que estivesse acontecendo era grande, e eu estaria lá para ela. Porque, para mim, não havia dúvidas: família sempre vinha em primeiro lugar.
O táxi me deixou em frente a um charmoso café, com uma placa de madeira desgastada pendurada sobre a porta que anunciava “Café do sol”. Enquanto eu entrava, senti os olhares curiosos dos poucos moradores locais que estavam presentes no lugar. Murmurinhos isolados preenchiam o ar ao meu redor e eu não pude deixar de notas as cabeças se virando em minha direção.
Com passos firmes e decidida a encontrar um pouco de energia para o que quer que eu estivesse prestes a enfrentar, me aproximei do balcão. Com um sorriso amigável, chamei a atenção do barista ocupado.
— Um copo com a maior dose de cafeína que você puder me oferecer, por favor. — O barista simpático, com uma expressão de desdém e desconfiança, assentiu. Ele parecia familiarizado com o pedido incomum de um copo de café cheio de cafeína.
Enquanto esperava meu pedido, não pude deixar de notar os olhares furtivos dos outros frequentadores do café, que pareciam intrigados com minha presença ali. O murmúrio constante ao meu redor aumentou ligeiramente, e uma sensação de desconforto se instalou em meu peito.
Finalmente, o barista retornou com meu pedido, colocando o copo fumegante diante de mim com um gesto solícito. Agradeci com um aceno de cabeça e peguei a bebida, sentindo o aroma rico e reconfortante do café enchendo minhas narinas. Antes mesmo que pudesse experimentar o líquido, fui interrompida por uma mão forte, que agarrou meu braço com firmeza. Antes mesmo que eu pudesse reagir, fui puxada para fora da cafeteria em um movimento rápido e repentino.
Meus olhos se arregalaram de surpresa e alarme quando me vi do lado de fora, encarando um homem alto, com cabelos escuros e uma expressão severa ocupando todo o seu rosto. Sua pele alva destacava-se contra o cenário urbano ao nosso redor, enquanto sua postura agressiva deixava claro que ele não estava ali para trocar gentilezas.
Antes que eu pudesse protestar ou sequer recuperar o fôlego, ele lançou sua pergunta carregada de hostilidade.
— Qual é a droga do seu problema? — ele rosnou, seus olhos se mantinham fixos em mim com uma intensidade intimidadora, mas eu não abaixaria a cabeça para qualquer desconhecido que, sem motivo algum, gritava comigo em plena rua.
Minha indignação rapidamente se tornou em fúria diante da sua abordagem agressiva.
— Qual é o seu problema? Quem você pensa que é para me puxar assim? — retruquei, utilizando o mesmo tom e deixando que minha voz ecoasse toda a minha irritação.
— O que você está fazendo tomando café aqui? Você tem outras responsabilidades, caso não lembre. — Sua pergunta era um desafio implícito, uma insinuação de que eu não pertencia àquele lugar, ou talvez àquele momento.
— Eu estou aqui porque eu quero, e eu estou tomando café porque eu preciso — declarei, ainda irritada o suficiente para quase berrar. — E você não tem o direito de me dizer o contrário ou de se meter entre mim e minha cafeína.
O homem manteve seu olhar penetrante sobre mim por mais um momento, seus lábios apertados em uma linha dura de desaprovação. Mas, eventualmente, ele pareceu desistir da disputa, soltando meu braço com um gesto brusco.
— Trocou a cocaína pela cafeína? — A pergunta cortante e carregada de desdém atingiu-me com a mesma rapidez que saiu da boca do estranho. Minha mente girava freneticamente, tentando entender de onde vinha aquela acusação, aquela mistura tóxica de ironia, decepção e mágoa.
Respirei fundo, tentando encontrar minha compostura, enquanto meus olhos se estreitavam em desconfiança. Alguma fonte maldosa havia novamente difundido boatos sobre meu estado, insinuando que minha magreza recente era resultado do uso de drogas? Ou, talvez, algum evento social o qual eu estivera ausente havia gerado fofocas infundadas sobre meu comportamento?
— Eu não faço ideia do que está falando, seu brutamontes mal educado.
— Não se faça de estúpida, . Você sabe muito bem do que estou falando, até sua filha sabe.
A confusão aumentou dentro de mim quando percebi que ele estava falando comigo achando que eu era minha irmã. Minha mente girou, tentando encontrar uma maneira de esclarecer o mal-entendido, as informações vieram rápidas e confusas. Então era essa a ajuda que ela precisava? Drogas e filha? Como diabos minha irmã teve uma filha e não me contou? Respirei fundo, tentando manter a calma enquanto enfrentava o homem com um olhar firme.
— Eu acho que você está cometendo um engano — respondi, mas minha voz ainda carregava irritação e uma ponta de indignação. — Eu não sou quem você pensa que sou.
— Não tente me enganar. Eu sei que você está tentando se esconder, mas não vai funcionar. Não dessa vez — retrucou, deixando nítida a pontada de desapontamento.
A frustração borbulhava dentro de mim diante da teimosia do homem, mas eu sabia que precisava esclarecer as coisas antes que a situação saísse ainda mais do controle.
— Olhe bem para mim — insisti, buscando encontrar alguma brecha na armadura de desconfiança que ele havia erguido ao meu redor. — Você está cometendo um terrível engano. Eu não sou .
Ele franziu o cenho, seus olhos escuros buscando os meus em busca de alguma confirmação. Por um instante, pareceu que ele estava prestes a recuar, a considerar a possibilidade de que talvez estivesse errado.
— Você não vai escapar dessa vez. — Meu coração parecia parar por alguns segundos quando ele se aproximou ainda mais. Em segundos, me vi perdida nos seus 1,90 e na beleza marcante do homem que contrastava perfeitamente bem com a intensidade do momento, deixando-me momentaneamente sem fôlego. Em meio à má educação, não pude observar o quão bonito ele era. Apesar de carrancudo, grosso, teimoso e imprevisível, ele tinha os olhos mais penetrantes que eu já pude ver.
Nossos rostos estavam agora a poucos centímetros de distância, e pude sentir o calor de sua respiração quente sobre a minha enquanto ele examinava meu rosto meticulosamente, em busca de qualquer sinal que confirmasse sua suspeita. Eu me esforcei para manter a compostura, mesmo que minha mente estivesse uma bagunça.
De repente, como se algo dentro dele tivesse sido despertado, ele recuou com uma expressão de constrangimento atravessando seu rosto. Era como se ele tivesse percebido algo que o fez retroceder, algo que eu não tinha, algo que tinha.
Apesar de parecer ficar desconcertado por um momento, ele não fez menção de pedir desculpas pelo equívoco. Em vez disso, sua expressão endureceu um pouco, enquanto ele parecia ponderar sobre a situação.
— São gêmeas, então? — ele perguntou, deixando o tom de sua voz um pouco mais suave do que antes.
Eu assenti com a cabeça.
— Sim, somos gêmeas — respondi, de forma simples, mas com a voz ainda carregada de determinação.
Ele pareceu absorver essa informação por um momento, seus olhos escuros buscando os meus em busca de alguma confirmação. Parecia que ele ainda estava processando a revelação, tentando reconciliar a imagem que tinha em mente com a realidade diante dele.
Finalmente, depois de um breve momento de silêncio, ele acenou com a cabeça.
— Entendi. Bem, desculpe o engano — ele disse, sua voz um pouco mais suave agora, antes de se afastar em direção à rua movimentada. Antes que ele pudesse se afastar completamente, eu estendi a mão e segurei a dele, buscando chamar sua atenção mais uma vez.
— Espere.
Ele virou-se para me encarar, surpreso com a minha atitude. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele retirou rapidamente a mão da minha, como se minha simples tentativa de contato o tivesse queimado.
Eu reuni minha coragem e continuei, sabendo que precisava encontrar minha irmã o mais rápido possível.
— Estou procurando minha irmã — expliquei, me esforçando para manter minha voz estável. — Parece que você conhece mais ela do que eu.
Ele pareceu considerar minhas palavras por um momento, seu olhar agora mais sério do que antes. Ele pareceu hesitar por um momento, seus olhos escuros estudavam-me cuidadosamente. Então, ele respirou fundo e assentiu, como se concordasse consigo mesmo.
— Sobre a filha... — comecei, me sentindo um pouco desconcertada ao mencionar algo que eu não sabia antes e que eu, com certeza, deveria saber. — Não sabia que minha irmã tinha uma filha.
Ele ficou em silêncio por um instante, ponderando minhas palavras com seriedade. Finalmente, ele pareceu chegar a uma decisão.
— Venha comigo — ele disse, sua voz firme, indicando com a cabeça em direção à rua movimentada. — Vou levá-la até a minha sobrinha.
— Sua sobrinha? — perguntei, minha voz ecoava total confusão. Eu tinha descoberto uma sobrinha e agora havia a possibilidade de um quase irmão?
— teve uma filha com meu irmão. — Sua voz soava carregada de tristeza e pesar. — Eles estavam juntos há anos, mas as coisas não estavam indo bem nos últimos tempos. E agora... — Ele parou por um momento, como se lutasse para encontrar as palavras certas ou apenas tentasse decidir se eu era confiável ou não. — Meu irmão morreu há dois dias. desapareceu desde então.
Uma onda de choque percorreu meu corpo ao ouvir as palavras dele. Meu coração apertou com a tristeza da perda e a incerteza do paradeiro de minha irmã.
— Eu... sinto muito.
Ele deu de ombros, assentindo com a cabeça.
— Meu irmão escolheu esse caminho. E ... Bem, ela está seguindo o mesmo rumo.
Capítulo 2
Ao entrar na biblioteca, me deparei com o tranquilo ambiente repleto de prateleiras repletas de livros. O cheiro característico de papel antigo e madeira polida preenchia o ar, trazendo uma sensação reconfortante de nostalgia, eu lembrava de quando ficava na biblioteca da minha cidade, compondo, criando canções que hoje eram a minha marca. Meus olhos vasculharam o local em busca da menina que mais parecesse .
Finalmente, a avistei em um canto acolhedor, próxima a uma estante de livros infantis. Seus cachos dourados dançavam enquanto ela folheava um livro com uma invejável concentração infantil. Ao nos ver nos aproximando, seus olhos se iluminaram e ela largou o livro, correndo na direção de com um sorriso radiante.
— Tio ! — ela exclamou, estendendo os braços para ele, que prontamente a recebeu com o mesmo entusiasmo.
se abaixou para recebê-la, seus braços a envolvendo com ternura enquanto ela se aconchegava em seu abraço. Um caloroso sorriso curvou seus lábios enquanto ele murmurava palavras suaves de carinho.
— Olá, pequena. Como foi o seu dia?
A criança, entretanto, desviou momentaneamente o olhar para mim, sua expressão se transformando em uma mistura de curiosidade e desconfiança.
— Ela não é minha mãe. Quem é ela?
— Parece que você tem uma tia. Sua mãe tem uma irmã gêmea que soube esconder muito bem.
A menina franziu o cenho, claramente intrigada com a revelação. Ela olhou para mim novamente, me estudando com uma intensidade infantil enquanto tentava processar a informação. Eu me esforcei para parecer amigável, mesmo que meu coração estivesse apertado com a compreensão de que minha presença era estranha e desconhecida para ela.
— Olá, querida. Meu nome é . É um prazer conhecê-la — disse com suavidade, estendendo minha mão, na esperança de que pudéssemos construir um vínculo, mesmo que fosse apenas temporário.
— Minha mãe não vai mais voltar e por isso mandou você? Eu não preciso de alguém que pareça ela, o tio pode cuidar de mim.
— Termine de ler seu livro, vou conversar um pouco mais com a sua nova tia. Tudo bem?
A menina olhou para por um momento, seus olhos ainda expressando uma mistura de tristeza e desconfiança. No entanto, ela assentiu lentamente, aceitando sua proposta.
— Tudo bem, tio . — Ela voltou sua atenção para o livro em suas mãos e se afastou, mergulhando de volta na história.
— Quantos anos ela tem?
— Sete — ele respondeu simplesmente, seus olhos refletindo uma mistura de preocupação e carinho pela criança ao nosso lado.
— Sete anos... — murmurei, mais para mim mesma do que para . — Por que minha irmã nunca me contou sobre ela? Nunca mencionou que tinha uma filha...
suspirou, uma sombra de ironia atravessando seu rosto.
— sempre foi ótima em tomar péssimas decisões — ele disse com um leve tom de sarcasmo. — E parece que esconder a existência da filha dela foi uma delas.
— Você não parece ser um grande fã da minha irmã — comentei, minha voz carregada de curiosidade e um toque de desaprovação.
soltou uma risada curta e amarga, sacudindo a cabeça com resignação.
— Se você a conhecesse um pouquinho mais, também não seria.
— Você sabe para onde ela foi? — perguntei, minha voz carregada de urgência.
balançou a cabeça, deixando uma sombra de frustração cruzar seu rosto.
— Não faço ideia — ele admitiu. — Acordei esta manhã com a menina batendo na minha porta. Havia um bilhete dela dizendo que precisava ir embora, junto a um pacote de salgadinhos e algumas roupas da pequena.
Senti um nó se formar em minha garganta diante da revelação. Era perturbador pensar que minha irmã havia partido sem deixar rastros, deixando para trás apenas um bilhete, algumas peças de roupa e a própria filha.
— Precisamos encontrá-la.
O riso de ecoou pela biblioteca quando mencionei a necessidade de encontrar .
— Se alguém precisa encontrar , é você, não eu. Você é a única esperança dela — ele disse, com um tom irônico, mas ao mesmo tempo cheio de verdade. — Estou cansado das irresponsabilidades dela. Minha sobrinha merece mais do que isso. Talvez seja melhor para ela ficar sem a mãe.
— Isso é bem cruel de se falar — respondi, sentindo sua hostilidade voltar. Ele continuou sorrindo com ironia.
— Sabe o que é cruel? Deixar uma criança, sete horas da manhã, em um frio dos infernos, batendo e esmurrando a porta de um parente apenas porque você acordou e viu que não queria mais ser mãe. O que é cruel é ter uma filha e não se importar o suficiente para dar a ela uma refeição além de salgadinhos. Cruel é ver sua filha implorando para que não a deixe e, mesmo assim, sumir sempre que tem a oportunidade. Sua irmã é cruel, eu sou apenas sincero. — Cada palavra que ele disse era como uma faca perfurando meu coração, e eu me vi lutando para encontrar uma resposta adequada. Eu sabia que não havia desculpas para as ações de minha irmã, mas ouvir a brutalidade de sua realidade era uma experiência avassaladora.
Eu fiquei sem palavras por alguns instantes, absorvendo o impacto das duras verdades que havia exposto. Senti-me completamente desarmada, sem nenhum argumento para refutar a cruel realidade que ele acabara de descrever.
Após um breve momento de silêncio tenso, reuni minha determinação e decidi mudar de assunto, buscando uma solução prática para a situação em que me encontrava.
— Você sabe de algum hotel onde eu possa ficar? — perguntei, minha voz soando um pouco mais firme, apesar da turbulência de emoções que ainda me assombrava.
respirou fundo enquanto ele considerava minha pergunta.
— Não, infelizmente não sei de nenhum. A única opção na cidade é um antigo hotel velho, mas está lotado por causa da festa de inverno que está chegando. É um evento muito grande por aqui — explicou ele, sua expressão mostrando uma mistura de pesar e preocupação.
Senti um aperto no peito ao ouvir suas palavras. A perspectiva de não ter onde dormir naquela noite só aumentava minha sensação de desamparo.
— E agora? Onde vou dormir? — perguntei, minha voz carregada de ansiedade e era mais direcionada para mim do que para a muralha em minha frente.
suspirou, parecendo pesaroso diante da minha situação.
— Bem, a casa onde estou tem espaço de sobra. Já tenho uma Hamman dormindo lá, então acho que posso acomodar mais uma pessoa. Pelo menos é família — ele disse, com um leve sorriso, tentando me reconfortar da melhor maneira que podia. Apesar da oferta inesperada, senti um misto de gratidão e desconforto.
Me senti tocada pela generosidade de , mas minha natureza independente me impelia a oferecer algo em troca pela hospitalidade que estava recebendo.
— Bom, sendo assim... Eu insisto em pagar pelo meu alojamento — comecei, determinada a contribuir de alguma forma.
balançou a cabeça com firmeza, sua expressão séria.
— Não, . Estou oferecendo minha casa, não um hotel. Não aceitarei dinheiro. Se você quiser ajudar, pode fazer isso ficando aqui e cuidando da pequena Hamman quando eu não puder. — Assenti, compreendendo que já tinha conhecido muito do homem para reconhecer sua teimosia desproporcional.
— Está bem, . Obrigada — concordei, sua voz suave refletindo sua gratidão.
Então me lembrou da menina que havia acabado de conhecer.
— Como é o nome dela? — perguntei, curiosa para saber mais sobre a criança que agora faria parte da minha vida.
sorriu levemente, parecendo mais leve agora que a questão do alojamento estava resolvida.
— O nome dela é — ele respondeu, seus olhos brilhando com carinho ao mencionar o nome de sua sobrinha.
Finalmente, a avistei em um canto acolhedor, próxima a uma estante de livros infantis. Seus cachos dourados dançavam enquanto ela folheava um livro com uma invejável concentração infantil. Ao nos ver nos aproximando, seus olhos se iluminaram e ela largou o livro, correndo na direção de com um sorriso radiante.
— Tio ! — ela exclamou, estendendo os braços para ele, que prontamente a recebeu com o mesmo entusiasmo.
se abaixou para recebê-la, seus braços a envolvendo com ternura enquanto ela se aconchegava em seu abraço. Um caloroso sorriso curvou seus lábios enquanto ele murmurava palavras suaves de carinho.
— Olá, pequena. Como foi o seu dia?
A criança, entretanto, desviou momentaneamente o olhar para mim, sua expressão se transformando em uma mistura de curiosidade e desconfiança.
— Ela não é minha mãe. Quem é ela?
— Parece que você tem uma tia. Sua mãe tem uma irmã gêmea que soube esconder muito bem.
A menina franziu o cenho, claramente intrigada com a revelação. Ela olhou para mim novamente, me estudando com uma intensidade infantil enquanto tentava processar a informação. Eu me esforcei para parecer amigável, mesmo que meu coração estivesse apertado com a compreensão de que minha presença era estranha e desconhecida para ela.
— Olá, querida. Meu nome é . É um prazer conhecê-la — disse com suavidade, estendendo minha mão, na esperança de que pudéssemos construir um vínculo, mesmo que fosse apenas temporário.
— Minha mãe não vai mais voltar e por isso mandou você? Eu não preciso de alguém que pareça ela, o tio pode cuidar de mim.
— Termine de ler seu livro, vou conversar um pouco mais com a sua nova tia. Tudo bem?
A menina olhou para por um momento, seus olhos ainda expressando uma mistura de tristeza e desconfiança. No entanto, ela assentiu lentamente, aceitando sua proposta.
— Tudo bem, tio . — Ela voltou sua atenção para o livro em suas mãos e se afastou, mergulhando de volta na história.
— Quantos anos ela tem?
— Sete — ele respondeu simplesmente, seus olhos refletindo uma mistura de preocupação e carinho pela criança ao nosso lado.
— Sete anos... — murmurei, mais para mim mesma do que para . — Por que minha irmã nunca me contou sobre ela? Nunca mencionou que tinha uma filha...
suspirou, uma sombra de ironia atravessando seu rosto.
— sempre foi ótima em tomar péssimas decisões — ele disse com um leve tom de sarcasmo. — E parece que esconder a existência da filha dela foi uma delas.
— Você não parece ser um grande fã da minha irmã — comentei, minha voz carregada de curiosidade e um toque de desaprovação.
soltou uma risada curta e amarga, sacudindo a cabeça com resignação.
— Se você a conhecesse um pouquinho mais, também não seria.
— Você sabe para onde ela foi? — perguntei, minha voz carregada de urgência.
balançou a cabeça, deixando uma sombra de frustração cruzar seu rosto.
— Não faço ideia — ele admitiu. — Acordei esta manhã com a menina batendo na minha porta. Havia um bilhete dela dizendo que precisava ir embora, junto a um pacote de salgadinhos e algumas roupas da pequena.
Senti um nó se formar em minha garganta diante da revelação. Era perturbador pensar que minha irmã havia partido sem deixar rastros, deixando para trás apenas um bilhete, algumas peças de roupa e a própria filha.
— Precisamos encontrá-la.
O riso de ecoou pela biblioteca quando mencionei a necessidade de encontrar .
— Se alguém precisa encontrar , é você, não eu. Você é a única esperança dela — ele disse, com um tom irônico, mas ao mesmo tempo cheio de verdade. — Estou cansado das irresponsabilidades dela. Minha sobrinha merece mais do que isso. Talvez seja melhor para ela ficar sem a mãe.
— Isso é bem cruel de se falar — respondi, sentindo sua hostilidade voltar. Ele continuou sorrindo com ironia.
— Sabe o que é cruel? Deixar uma criança, sete horas da manhã, em um frio dos infernos, batendo e esmurrando a porta de um parente apenas porque você acordou e viu que não queria mais ser mãe. O que é cruel é ter uma filha e não se importar o suficiente para dar a ela uma refeição além de salgadinhos. Cruel é ver sua filha implorando para que não a deixe e, mesmo assim, sumir sempre que tem a oportunidade. Sua irmã é cruel, eu sou apenas sincero. — Cada palavra que ele disse era como uma faca perfurando meu coração, e eu me vi lutando para encontrar uma resposta adequada. Eu sabia que não havia desculpas para as ações de minha irmã, mas ouvir a brutalidade de sua realidade era uma experiência avassaladora.
Eu fiquei sem palavras por alguns instantes, absorvendo o impacto das duras verdades que havia exposto. Senti-me completamente desarmada, sem nenhum argumento para refutar a cruel realidade que ele acabara de descrever.
Após um breve momento de silêncio tenso, reuni minha determinação e decidi mudar de assunto, buscando uma solução prática para a situação em que me encontrava.
— Você sabe de algum hotel onde eu possa ficar? — perguntei, minha voz soando um pouco mais firme, apesar da turbulência de emoções que ainda me assombrava.
respirou fundo enquanto ele considerava minha pergunta.
— Não, infelizmente não sei de nenhum. A única opção na cidade é um antigo hotel velho, mas está lotado por causa da festa de inverno que está chegando. É um evento muito grande por aqui — explicou ele, sua expressão mostrando uma mistura de pesar e preocupação.
Senti um aperto no peito ao ouvir suas palavras. A perspectiva de não ter onde dormir naquela noite só aumentava minha sensação de desamparo.
— E agora? Onde vou dormir? — perguntei, minha voz carregada de ansiedade e era mais direcionada para mim do que para a muralha em minha frente.
suspirou, parecendo pesaroso diante da minha situação.
— Bem, a casa onde estou tem espaço de sobra. Já tenho uma Hamman dormindo lá, então acho que posso acomodar mais uma pessoa. Pelo menos é família — ele disse, com um leve sorriso, tentando me reconfortar da melhor maneira que podia. Apesar da oferta inesperada, senti um misto de gratidão e desconforto.
Me senti tocada pela generosidade de , mas minha natureza independente me impelia a oferecer algo em troca pela hospitalidade que estava recebendo.
— Bom, sendo assim... Eu insisto em pagar pelo meu alojamento — comecei, determinada a contribuir de alguma forma.
balançou a cabeça com firmeza, sua expressão séria.
— Não, . Estou oferecendo minha casa, não um hotel. Não aceitarei dinheiro. Se você quiser ajudar, pode fazer isso ficando aqui e cuidando da pequena Hamman quando eu não puder. — Assenti, compreendendo que já tinha conhecido muito do homem para reconhecer sua teimosia desproporcional.
— Está bem, . Obrigada — concordei, sua voz suave refletindo sua gratidão.
Então me lembrou da menina que havia acabado de conhecer.
— Como é o nome dela? — perguntei, curiosa para saber mais sobre a criança que agora faria parte da minha vida.
sorriu levemente, parecendo mais leve agora que a questão do alojamento estava resolvida.
— O nome dela é — ele respondeu, seus olhos brilhando com carinho ao mencionar o nome de sua sobrinha.
Capítulo 3
O dia parecia se desenrolar a uma velocidade surpreendente, como se o relógio tivesse acelerado seus ponteiros. Cada instante era preenchido com a preocupação crescente pela minha irmã e por todas as ligações que iam direto para a caixa de mensagens.
Desde que cheguei à biblioteca, meu objetivo era construir um vínculo com minha sobrinha, mas cada tentativa parecia esbarrar em uma barreira invisível criada por ela mesma. permanecia distante, seu olhar era não apenas desconfiado, como também desacreditado. Lembro de tudo que falou, lembro de como deve ter sido para ver a minha irmã sumindo e voltando quando bem queria.
Enquanto eu tentava em vão conquistar a confiança dela, observei em seu habitat natural. Seu trabalho na biblioteca era uma graciosa mistura de atenção e gentileza, enquanto ele atendia às necessidades dos frequentadores, indicava livros com uma precisão quase cirúrgica e dedicava uma parte generosa de seu tempo à pequena . Eu o observava com admiração, maravilhada com a maneira como ele administrava tudo com tanta calma e eficiência e, ainda assim, tinha tempo para a menina, que parecia adorá-lo. Seus olhos escuros brilhavam com dedicação enquanto ele se movia entre as prateleiras, dava para ver nele o mesmo brilho que eu tinha em relação à música. Era bonito. Me perguntei se alguém já viu esse brilho em mim, se alguém me observou como eu estava observando-o. Muitas pessoas me enxergavam, mas quantas me viam?
— Você poderia ficar olhando tudo? Eu volto em dez minutos. — Neguei com a cabeça, observando meu mais novo hospedeiro e, quando ele saiu, aproveitei para olhar mais do ambiente. Eu nunca fui muito a mulher das bibliotecas, sempre fui mais artística. Não era muito do silêncio, exceto quando precisava de motivação extra para calar a boca, ou quando tinha que usar minha criatividade e concentração no volume máximo, mas agora, depois de tantos flashes, depois de tantos espetáculos, depois de tantas apresentações, o silêncio era reconfortante.
O sol lançava seus últimos raios sobre as estantes empoeiradas da biblioteca quando retornou, trazendo doces para e um generoso copo de café para mim.
— Aqui está seu combustível, para mantê-la em movimento — disse ele, me entregando o café, com um sorriso travesso.
— Obrigada. Sem cafeína, não sei se consigo sobreviver — respondi, aceitando a xícara.
se sentou ao meu lado, sua própria xícara de café em mãos.
— Desculpa pela hostilidade de mais cedo, eu não quis ser rude — falou ele, pela primeira vez se referindo ao momento em que nos conhecemos. Dei de ombros. Eu quis que ele se desculpasse, mas a forma carinhosa que quase escapou de sua boca me deixou vulnerável demais. — Você parece do tipo que precisa de uma dose extra de energia — provocou ele, logo em seguida.
— E você não? — contra-ataquei, arqueando uma sobrancelha.
Ele deu de ombros com um sorriso.
— Eu sou mais do tipo tranquilo. A cafeína é para casos de emergência.
Rimos juntos, e a tensão entre nós pareceu desaparecer instantaneamente. Era bom estar em boa companhia, sem medo de ser flagrada ou sem minha assessora me lembrando que em cinco minutos eu tinha algum outro compromisso. Era comum, e céus, quando o comum se tornou tão bom?
Então ele mudou de assunto, me observando com curiosidade.
— Você é muito diferente de sua irmã gêmea, sabia? — Intrigada, arqueei uma sobrancelha.
— Dado seu pensamento sobre ela, com toda certeza considerarei isso como um elogio — brinquei, sorrindo levemente. — Bem, eu sempre fui a ovelha negra da família.
riu também.
— Então estamos em boa companhia, porque eu também sou.
Antes que pudéssemos continuar nossa conversa, se aproximou, olhando para com olhos brilhantes.
— Tio , tem mais doces? — ela perguntou, esperançosa.
balançou a cabeça com um sorriso gentil.
— Desculpe, mocinha, mas esses são os últimos.
— Hm, então podemos ir ao parque hoje? — exclamou ela, pulando de alegria.
concordou com um aceno de cabeça, mas em seguida lembrou-a:
— Mas, antes disso, precisamos fazer o dever de casa, certo? Assim que chegarmos em casa, você vai direto para a mesa de estudos.
fez uma careta, mas assentiu obedientemente. O dever de casa era um preço pequeno a pagar por uma tarde no parque e ela era muito espera para já saber daquilo, claro.
Chegando ao carro, percebi que minhas malas já estavam acomodadas no porta-malas. assumiu o volante e logo estávamos atravessando as ruas da cidade, as luzes noturnas pintando um cenário encantador ao nosso redor. Enquanto conduzia com habilidade pelas ruas tranquilas, estava entretida no banco de trás, observando com admiração as luzes da cidade pela janela. Aproveitei o momento para fazer o mesmo, me deixando envolver pela atmosfera serena da noite e pelas vistas pitorescas da cidade.
À medida que nos afastávamos do centro e nos aproximávamos de casa, pude sentir uma sensação de calma e familiaridade se instalando em meu peito. A cidade era pequena, mas parecia ter uma personalidade e um charme únicos.
À medida que nos afastávamos cada vez mais da cidade, as luzes se tornavam escassas, até que, finalmente, estávamos em uma estrada onde a escuridão reinava. Observando a paisagem passar pela janela, pude sentir a atmosfera mudar, substituindo o frenesi da cidade pela calma serena do campo.
quebrou o silêncio, explicando a razão de morar um pouco distante quando percebeu que meus olhos estavam assustados.
— Prefiro a tranquilidade do campo. É longe o suficiente para escapar da agitação da cidade, mas perto o bastante para sentir-se conectado com tudo o que precisamos.
Concordei com a cabeça, mas acho que ainda tinha um tom de desconfiança em meu rosto pela risada que ele deu. parecia acostumada com o trajeto, então ao menos eu sabia que ela conhecia o lugar e ele não estava me levando para um matadouro.
— Parece ser um lugar maravilhoso para se viver — comentei, observando as estrelas brilharem no céu noturno.
Finalmente, chegamos à casa de , e ele, com uma gentileza completamente nova, abriu a porta para e para mim. Agradeci com um sorriso, enquanto entrava na casa, apreciando a atmosfera acolhedora que nos envolvia. A casa de era uma encantadora construção de dois andares, cercada por uma ampla extensão de gramado verdejante e árvores que pareciam tocar o céu noturno. Sua fachada, pintada em tons de azul suave e branco, irradiava uma sensação acolhedora e convidativa à medida que nos aproximávamos.
Ao entrarmos, fomos recebidos por uma atmosfera calorosa e familiar. O interior da casa era espaçoso e bem iluminado, com grandes janelas que permitiam a entrada abundante de luz natural durante o dia e ofereciam vistas panorâmicas do campo ao redor.
O hall de entrada levava a uma sala de estar aconchegante, decorada com móveis confortáveis e uma lareira que emanava calor e conforto. Era diferente do que eu conhecia, devido ao toque mais rústico e masculino, mas era encantadora e tinha a marca dele. Eu conseguia ver.
— Eu vou estacionar para nenhum bicho nos assustar à noite de novo, mostre à sua tia o quarto, sim? Daqui a pouco, subo com as malas.
concordou com a cabeça, mas andou na minha frente. Ela não parecia muito receptiva em relação a mim e eu não sabia se era por eu parecer muito com sua mãe, ou por ser muito diferente dela.
Enquanto caminhávamos pelos corredores da casa, tentei puxar conversa com , mas suas respostas eram monossilábicas, revelando sua relutância em se comunicar comigo. No entanto, mesmo com sua reserva, pude perceber um brilho de curiosidade em seus olhos enquanto me observava.
Finalmente, chegamos ao quarto e ao banheiro.
— Por favor, não demore muito. O parque fecha cedo e eu não quero perder a roda gigante. — Aceitei o aviso com um aceno de cabeça, compreendendo a urgência em não perder tempo.
— Entendido. Vou ser rápida — assegurei, lhe agradecendo por sua preocupação.
Após me deixar no banheiro, dei um suspiro frustrado, percebendo que conquistar a confiança da minha sobrinha não seria uma tarefa fácil. Ela tinha um gênio forte igual à mãe e uma personalidade distante igual à minha. A pior combinação possível de nós duas.
Enquanto eu desfrutava de um banho relaxante, completamente alheia ao mundo ao meu redor, um som repentino de porta se abrindo me tirou de meu estado de tranquilidade. Olhei para trás, esperando ver entrando para pegar algo, mas, para minha surpresa, era quem estava ali, de pé, com os olhos arregalados de choque.
— Oh! — exclamei, sentindo minhas bochechas queimarem com a vergonha, enquanto tentava manter a compostura.
parecia igualmente constrangido, e ambos nos apressamos em pegar nossas toalhas e nos vestirmos o mais rápido possível, desejando ardentemente que o chão se abrisse e nos engolisse. Ele balbuciou desculpas apressadas, se virando de costas, e aproveitei o embaçar do chuveiro para olhar os traços que a roupa escondia tão bem. Ele era um homem incrivelmente atraente, não era musculoso ao extremo, mas tinha músculos o suficiente para sua altura.
— Eu sinto muito, eu estava de fone e não ouvi o chuveiro. O quarto que era pra você estar era o outro e... — Percebi ele se embolar nas palavras e, não vendo uma necessidade de deixar aquilo mais constrangedor do que já era, agarrei a toalha ao meu redor com força, tentando cobrir qualquer vestígio de nudez.
— Foi minha culpa, eu deveria ter trancado a porta e esperar que me indicasse o quarto certo. me deu um quarto, não disse que seria o que eu ficaria. — O observei enrolar outra toalha no quadril enquanto se voltava a mim, conferindo se eu estava previamente coberta. Enquanto tentávamos processar a situação, o inevitável constrangimento deu lugar a um toque de humor, e eu não pude evitar soltar uma risada nervosa. — Bem, isso é uma maneira inusitada de nos conhecermos melhor! — comentei, tentando aliviar um pouco a tensão.
sorriu, um brilho divertido em seus olhos enquanto ele assentia, concordando.
— Parece que somos bons em nos encontrar nos lugares errados.
— Eu vou... tentar achar minhas coisas em outro quarto.
— Tudo bem.
Desde que cheguei à biblioteca, meu objetivo era construir um vínculo com minha sobrinha, mas cada tentativa parecia esbarrar em uma barreira invisível criada por ela mesma. permanecia distante, seu olhar era não apenas desconfiado, como também desacreditado. Lembro de tudo que falou, lembro de como deve ter sido para ver a minha irmã sumindo e voltando quando bem queria.
Enquanto eu tentava em vão conquistar a confiança dela, observei em seu habitat natural. Seu trabalho na biblioteca era uma graciosa mistura de atenção e gentileza, enquanto ele atendia às necessidades dos frequentadores, indicava livros com uma precisão quase cirúrgica e dedicava uma parte generosa de seu tempo à pequena . Eu o observava com admiração, maravilhada com a maneira como ele administrava tudo com tanta calma e eficiência e, ainda assim, tinha tempo para a menina, que parecia adorá-lo. Seus olhos escuros brilhavam com dedicação enquanto ele se movia entre as prateleiras, dava para ver nele o mesmo brilho que eu tinha em relação à música. Era bonito. Me perguntei se alguém já viu esse brilho em mim, se alguém me observou como eu estava observando-o. Muitas pessoas me enxergavam, mas quantas me viam?
— Você poderia ficar olhando tudo? Eu volto em dez minutos. — Neguei com a cabeça, observando meu mais novo hospedeiro e, quando ele saiu, aproveitei para olhar mais do ambiente. Eu nunca fui muito a mulher das bibliotecas, sempre fui mais artística. Não era muito do silêncio, exceto quando precisava de motivação extra para calar a boca, ou quando tinha que usar minha criatividade e concentração no volume máximo, mas agora, depois de tantos flashes, depois de tantos espetáculos, depois de tantas apresentações, o silêncio era reconfortante.
O sol lançava seus últimos raios sobre as estantes empoeiradas da biblioteca quando retornou, trazendo doces para e um generoso copo de café para mim.
— Aqui está seu combustível, para mantê-la em movimento — disse ele, me entregando o café, com um sorriso travesso.
— Obrigada. Sem cafeína, não sei se consigo sobreviver — respondi, aceitando a xícara.
se sentou ao meu lado, sua própria xícara de café em mãos.
— Desculpa pela hostilidade de mais cedo, eu não quis ser rude — falou ele, pela primeira vez se referindo ao momento em que nos conhecemos. Dei de ombros. Eu quis que ele se desculpasse, mas a forma carinhosa que quase escapou de sua boca me deixou vulnerável demais. — Você parece do tipo que precisa de uma dose extra de energia — provocou ele, logo em seguida.
— E você não? — contra-ataquei, arqueando uma sobrancelha.
Ele deu de ombros com um sorriso.
— Eu sou mais do tipo tranquilo. A cafeína é para casos de emergência.
Rimos juntos, e a tensão entre nós pareceu desaparecer instantaneamente. Era bom estar em boa companhia, sem medo de ser flagrada ou sem minha assessora me lembrando que em cinco minutos eu tinha algum outro compromisso. Era comum, e céus, quando o comum se tornou tão bom?
Então ele mudou de assunto, me observando com curiosidade.
— Você é muito diferente de sua irmã gêmea, sabia? — Intrigada, arqueei uma sobrancelha.
— Dado seu pensamento sobre ela, com toda certeza considerarei isso como um elogio — brinquei, sorrindo levemente. — Bem, eu sempre fui a ovelha negra da família.
riu também.
— Então estamos em boa companhia, porque eu também sou.
Antes que pudéssemos continuar nossa conversa, se aproximou, olhando para com olhos brilhantes.
— Tio , tem mais doces? — ela perguntou, esperançosa.
balançou a cabeça com um sorriso gentil.
— Desculpe, mocinha, mas esses são os últimos.
— Hm, então podemos ir ao parque hoje? — exclamou ela, pulando de alegria.
concordou com um aceno de cabeça, mas em seguida lembrou-a:
— Mas, antes disso, precisamos fazer o dever de casa, certo? Assim que chegarmos em casa, você vai direto para a mesa de estudos.
fez uma careta, mas assentiu obedientemente. O dever de casa era um preço pequeno a pagar por uma tarde no parque e ela era muito espera para já saber daquilo, claro.
Chegando ao carro, percebi que minhas malas já estavam acomodadas no porta-malas. assumiu o volante e logo estávamos atravessando as ruas da cidade, as luzes noturnas pintando um cenário encantador ao nosso redor. Enquanto conduzia com habilidade pelas ruas tranquilas, estava entretida no banco de trás, observando com admiração as luzes da cidade pela janela. Aproveitei o momento para fazer o mesmo, me deixando envolver pela atmosfera serena da noite e pelas vistas pitorescas da cidade.
À medida que nos afastávamos do centro e nos aproximávamos de casa, pude sentir uma sensação de calma e familiaridade se instalando em meu peito. A cidade era pequena, mas parecia ter uma personalidade e um charme únicos.
À medida que nos afastávamos cada vez mais da cidade, as luzes se tornavam escassas, até que, finalmente, estávamos em uma estrada onde a escuridão reinava. Observando a paisagem passar pela janela, pude sentir a atmosfera mudar, substituindo o frenesi da cidade pela calma serena do campo.
quebrou o silêncio, explicando a razão de morar um pouco distante quando percebeu que meus olhos estavam assustados.
— Prefiro a tranquilidade do campo. É longe o suficiente para escapar da agitação da cidade, mas perto o bastante para sentir-se conectado com tudo o que precisamos.
Concordei com a cabeça, mas acho que ainda tinha um tom de desconfiança em meu rosto pela risada que ele deu. parecia acostumada com o trajeto, então ao menos eu sabia que ela conhecia o lugar e ele não estava me levando para um matadouro.
— Parece ser um lugar maravilhoso para se viver — comentei, observando as estrelas brilharem no céu noturno.
Finalmente, chegamos à casa de , e ele, com uma gentileza completamente nova, abriu a porta para e para mim. Agradeci com um sorriso, enquanto entrava na casa, apreciando a atmosfera acolhedora que nos envolvia. A casa de era uma encantadora construção de dois andares, cercada por uma ampla extensão de gramado verdejante e árvores que pareciam tocar o céu noturno. Sua fachada, pintada em tons de azul suave e branco, irradiava uma sensação acolhedora e convidativa à medida que nos aproximávamos.
Ao entrarmos, fomos recebidos por uma atmosfera calorosa e familiar. O interior da casa era espaçoso e bem iluminado, com grandes janelas que permitiam a entrada abundante de luz natural durante o dia e ofereciam vistas panorâmicas do campo ao redor.
O hall de entrada levava a uma sala de estar aconchegante, decorada com móveis confortáveis e uma lareira que emanava calor e conforto. Era diferente do que eu conhecia, devido ao toque mais rústico e masculino, mas era encantadora e tinha a marca dele. Eu conseguia ver.
— Eu vou estacionar para nenhum bicho nos assustar à noite de novo, mostre à sua tia o quarto, sim? Daqui a pouco, subo com as malas.
concordou com a cabeça, mas andou na minha frente. Ela não parecia muito receptiva em relação a mim e eu não sabia se era por eu parecer muito com sua mãe, ou por ser muito diferente dela.
Enquanto caminhávamos pelos corredores da casa, tentei puxar conversa com , mas suas respostas eram monossilábicas, revelando sua relutância em se comunicar comigo. No entanto, mesmo com sua reserva, pude perceber um brilho de curiosidade em seus olhos enquanto me observava.
Finalmente, chegamos ao quarto e ao banheiro.
— Por favor, não demore muito. O parque fecha cedo e eu não quero perder a roda gigante. — Aceitei o aviso com um aceno de cabeça, compreendendo a urgência em não perder tempo.
— Entendido. Vou ser rápida — assegurei, lhe agradecendo por sua preocupação.
Após me deixar no banheiro, dei um suspiro frustrado, percebendo que conquistar a confiança da minha sobrinha não seria uma tarefa fácil. Ela tinha um gênio forte igual à mãe e uma personalidade distante igual à minha. A pior combinação possível de nós duas.
Enquanto eu desfrutava de um banho relaxante, completamente alheia ao mundo ao meu redor, um som repentino de porta se abrindo me tirou de meu estado de tranquilidade. Olhei para trás, esperando ver entrando para pegar algo, mas, para minha surpresa, era quem estava ali, de pé, com os olhos arregalados de choque.
— Oh! — exclamei, sentindo minhas bochechas queimarem com a vergonha, enquanto tentava manter a compostura.
parecia igualmente constrangido, e ambos nos apressamos em pegar nossas toalhas e nos vestirmos o mais rápido possível, desejando ardentemente que o chão se abrisse e nos engolisse. Ele balbuciou desculpas apressadas, se virando de costas, e aproveitei o embaçar do chuveiro para olhar os traços que a roupa escondia tão bem. Ele era um homem incrivelmente atraente, não era musculoso ao extremo, mas tinha músculos o suficiente para sua altura.
— Eu sinto muito, eu estava de fone e não ouvi o chuveiro. O quarto que era pra você estar era o outro e... — Percebi ele se embolar nas palavras e, não vendo uma necessidade de deixar aquilo mais constrangedor do que já era, agarrei a toalha ao meu redor com força, tentando cobrir qualquer vestígio de nudez.
— Foi minha culpa, eu deveria ter trancado a porta e esperar que me indicasse o quarto certo. me deu um quarto, não disse que seria o que eu ficaria. — O observei enrolar outra toalha no quadril enquanto se voltava a mim, conferindo se eu estava previamente coberta. Enquanto tentávamos processar a situação, o inevitável constrangimento deu lugar a um toque de humor, e eu não pude evitar soltar uma risada nervosa. — Bem, isso é uma maneira inusitada de nos conhecermos melhor! — comentei, tentando aliviar um pouco a tensão.
sorriu, um brilho divertido em seus olhos enquanto ele assentia, concordando.
— Parece que somos bons em nos encontrar nos lugares errados.
— Eu vou... tentar achar minhas coisas em outro quarto.
— Tudo bem.
Capítulo 4
estava radiante de alegria, correndo pelo parque e explorando cada canto com entusiasmo contagiante. Eu e a observávamos com olhos atentos, sentados em um dos bancos do parque, enquanto saboreávamos sorvetes.
— Ela parece estar se divertindo muito — comentei, sorrindo ao ver girar em torno de si mesma, rindo alto.
assentiu, um sorriso terno brincando em seus lábios.
— Sim, ela adora vir ao parque. É um dos seus lugares favoritos.
Enquanto conversávamos, se aproximou de nós, uma expressão travessa em seu rosto, enquanto pegava da mão do tio o seu algodão doce, completamente inerte ao lugar. Seu olhar parou por tempo demais em nós e pude sentir minha bochecha corar com a avaliação da menina de sete anos. Nem meus maiores haters me julgavam daquela forma.
— Vocês dois estão olhando muito um para o outro!
— Quê? — respondi rapidamente, sentindo minhas bochechas corarem com a observação da pequena. riu, parecendo divertido com a situação.
— Ela tem olhos de águia, não é? — ele comentou, trocando um olhar cúmplice comigo.
Conforme a tarde avançava, continuamos conversando sobre diversos assuntos, desde a vida na cidade até nossos interesses pessoais. Aos poucos, percebi que era um homem fascinante, com uma paixão genuína pela biblioteca que administrava e um amor inabalável por sua sobrinha.
— Você é o dono da biblioteca, não é? — perguntei, curiosa para saber mais sobre ele.
assentiu, um brilho de orgulho nos olhos.
— Sim, sou o bibliotecário chefe. E o que você faz da vida, ?
— Eu trabalho com música — respondi vagamente, evitando mencionar minha fama como cantora.
Para minha surpresa, a expressão de mudou ligeiramente, se tornando um tanto sombria.
— Ah, entendi.
— Não é algo que te interesse muito? — perguntei curiosa ao ver o tom de decepção em sua voz. Ele deu de ombros, parecendo indiferente.
— Não. Eu não sou muito ligado a isso. Para mim, tanto faz.
— Entendi. Bem, mudando de assunto... Eu queria te perguntar algumas coisas sobre minha irmã. Sei que é estranho, mas eu me sinto totalmente alheia à vida dela. Nunca soube muito sobre a vida dela aqui, nunca soube da minha sobrinha ou do casamento de com seu irmão... e acho que está na hora de mudar isso — expliquei, esperando que ele entendesse minha curiosidade.
pareceu pensar por um momento, seus olhos se fixaram em algum ponto distante, enquanto ele considerava minha pergunta.
— Claro. O que você quer saber sobre ela? — ele finalmente respondeu, seu tom gentil e acolhedor.
— Quando ela se casou? Tinha alguém da família aqui? Digo, da minha família — perguntei, sentindo um nó se formar em minha garganta enquanto esperava pela resposta.
pareceu considerar minha pergunta por um momento, seus olhos refletindo uma mistura de compaixão e cautela.
— Eles casaram há cerca de dez anos. E, honestamente, nunca conheci a família da sua irmã. A impressão que tive é que ela preferia manter uma certa distância, sabe? — ele respondeu, sua voz suave carregada de uma empatia que me tocou.
Eu absorvi suas palavras com um misto de surpresa e tristeza. O fato de minha irmã ter se casado sem a presença da família me deixou com uma sensação de isolamento. Nós não éramos a melhor família, mas nunca fomos maus ao ponto de sermos excluídos por completo. Me pergunto se meus pais sabem da vida dela e o motivo dela se distanciar tanto.
Observei enquanto ela entrava em outro brinquedo, dessa vez maravilhada com o carrossel de bichinhos. Ela tinha muitas expressões de , mas a grande maioria me era desconhecida, possivelmente parecendo com o irmão de .
— Eu não sei se sou bem-vinda, parece que ela não gosta muito de mim — murmurei, desviando o olhar para o chão, enquanto compartilhava minha preocupação com .
Ele colocou uma mão gentil em meu ombro, transmitindo conforto com seu toque.
— Tenha paciência com ela, . passou por muitas coisas recentemente. Perdeu o pai e sua mãe some com frequência. É normal que ela se sinta insegura e relutante em se apegar a alguém, com medo de ser abandonada novamente — ele explicou, sua voz suave e compassiva.
Eu absorvi suas palavras com uma mistura de compreensão e tristeza, imaginando a dor e a confusão que a pequena devia estar enfrentando.
— Sinto muito por ela ter que passar por tudo isso — murmurei sinceramente, desejando poder aliviar o sofrimento de de alguma forma.
assentiu, compartilhando minha preocupação.
— Eu também — ele afirmou, sua determinação evidente em suas palavras.
— , minha irmã... Ela é uma boa mãe? — perguntei, olhando para ele com uma expressão ansiosa.
ficou em silêncio por um momento, parecendo ponderar suas palavras com cuidado. Por fim, ele respirou fundo, parecendo decidir entre a verdade dolorosa ou uma versão mais confortável da realidade.
— Ela tenta o seu melhor, mas... nem sempre acerta. — Sua resposta foi cuidadosa, revelando muito mais do que suas palavras diziam.
— Você disse que ela está envolvida com drogas. O quão grave é? — perguntei, sentindo um nó se formar em minha garganta enquanto esperava pela resposta, mas sabia que era grave antes mesmo dela. Mesmo não conhecendo minha irmã da forma que acreditava, era impossível para mim imaginar que ela abandonaria uma criança se não estivesse com muitos problemas.
hesitou por um momento, sua expressão tornando-se sombria enquanto considerava suas palavras.
— É uma situação complicada. Sua irmã tem lutado contra o vício por um bom tempo — ele finalmente admitiu, sua voz carregada de preocupação. Eu engoli em seco, mastigando com dor a verdade até então desconhecida.
— E ... ela sabe sobre isso? — perguntei, preocupada com o impacto que a situação poderia ter na vida da minha sobrinha.
balançou a cabeça, parecendo triste.
— Eu tentei protegê-la do máximo possível, mas acho que ela sabe mais do que eu gostaria — ele admitiu, sua voz ecoando a angústia que sentia.
— Você acha que minha irmã vai voltar? — perguntei, ansiosa por alguma indicação de esperança em meio à escuridão que parecia envolver nossa família.
— Honestamente, não sei, . Há momentos em que eu desejei que ela não voltasse, apenas para garantir a segurança e a estabilidade de — ele confessou, sua voz carregada de preocupação. Meu coração se apertou com a angústia de , compreendendo a gravidade da situação. — Há dias em que ela desaparece por horas, deixando a menina sozinha. Desde o dia em que meu irmão morreu, ela tem piorado dia após dia. Eu não sei o que a motiva a fazer as escolhas que faz, mas sei que é a que mais sofre com isso tudo
— Ela deixa sozinha? — perguntei, horrorizada com a ideia de minha sobrinha enfrentando tamanha solidão e abandono.
assentiu sombriamente.
— Já tentei pegar a guarda da , mas não consegui. Então eu cuido dela sempre que posso, quando a mãe some ou quando sinto que ela precisa de mim — admitiu, sua voz carregada de frustração. Eu o encarei, impressionada com a dedicação e o amor que ele demonstrava por minha sobrinha.
— é muito sortuda por ter você — murmurei.0
sorriu, um brilho de orgulho nos olhos.
— Eu só tento ser o melhor que posso para ela e, embora eu nunca possa substituir o pai dela, espero que ela saiba que tem uma rede de amparo ao seu redor, sempre que precisar — ele explicou, mantendo sua voz suave e reconfortante.
— Ela parece estar se divertindo muito — comentei, sorrindo ao ver girar em torno de si mesma, rindo alto.
assentiu, um sorriso terno brincando em seus lábios.
— Sim, ela adora vir ao parque. É um dos seus lugares favoritos.
Enquanto conversávamos, se aproximou de nós, uma expressão travessa em seu rosto, enquanto pegava da mão do tio o seu algodão doce, completamente inerte ao lugar. Seu olhar parou por tempo demais em nós e pude sentir minha bochecha corar com a avaliação da menina de sete anos. Nem meus maiores haters me julgavam daquela forma.
— Vocês dois estão olhando muito um para o outro!
— Quê? — respondi rapidamente, sentindo minhas bochechas corarem com a observação da pequena. riu, parecendo divertido com a situação.
— Ela tem olhos de águia, não é? — ele comentou, trocando um olhar cúmplice comigo.
Conforme a tarde avançava, continuamos conversando sobre diversos assuntos, desde a vida na cidade até nossos interesses pessoais. Aos poucos, percebi que era um homem fascinante, com uma paixão genuína pela biblioteca que administrava e um amor inabalável por sua sobrinha.
— Você é o dono da biblioteca, não é? — perguntei, curiosa para saber mais sobre ele.
assentiu, um brilho de orgulho nos olhos.
— Sim, sou o bibliotecário chefe. E o que você faz da vida, ?
— Eu trabalho com música — respondi vagamente, evitando mencionar minha fama como cantora.
Para minha surpresa, a expressão de mudou ligeiramente, se tornando um tanto sombria.
— Ah, entendi.
— Não é algo que te interesse muito? — perguntei curiosa ao ver o tom de decepção em sua voz. Ele deu de ombros, parecendo indiferente.
— Não. Eu não sou muito ligado a isso. Para mim, tanto faz.
— Entendi. Bem, mudando de assunto... Eu queria te perguntar algumas coisas sobre minha irmã. Sei que é estranho, mas eu me sinto totalmente alheia à vida dela. Nunca soube muito sobre a vida dela aqui, nunca soube da minha sobrinha ou do casamento de com seu irmão... e acho que está na hora de mudar isso — expliquei, esperando que ele entendesse minha curiosidade.
pareceu pensar por um momento, seus olhos se fixaram em algum ponto distante, enquanto ele considerava minha pergunta.
— Claro. O que você quer saber sobre ela? — ele finalmente respondeu, seu tom gentil e acolhedor.
— Quando ela se casou? Tinha alguém da família aqui? Digo, da minha família — perguntei, sentindo um nó se formar em minha garganta enquanto esperava pela resposta.
pareceu considerar minha pergunta por um momento, seus olhos refletindo uma mistura de compaixão e cautela.
— Eles casaram há cerca de dez anos. E, honestamente, nunca conheci a família da sua irmã. A impressão que tive é que ela preferia manter uma certa distância, sabe? — ele respondeu, sua voz suave carregada de uma empatia que me tocou.
Eu absorvi suas palavras com um misto de surpresa e tristeza. O fato de minha irmã ter se casado sem a presença da família me deixou com uma sensação de isolamento. Nós não éramos a melhor família, mas nunca fomos maus ao ponto de sermos excluídos por completo. Me pergunto se meus pais sabem da vida dela e o motivo dela se distanciar tanto.
Observei enquanto ela entrava em outro brinquedo, dessa vez maravilhada com o carrossel de bichinhos. Ela tinha muitas expressões de , mas a grande maioria me era desconhecida, possivelmente parecendo com o irmão de .
— Eu não sei se sou bem-vinda, parece que ela não gosta muito de mim — murmurei, desviando o olhar para o chão, enquanto compartilhava minha preocupação com .
Ele colocou uma mão gentil em meu ombro, transmitindo conforto com seu toque.
— Tenha paciência com ela, . passou por muitas coisas recentemente. Perdeu o pai e sua mãe some com frequência. É normal que ela se sinta insegura e relutante em se apegar a alguém, com medo de ser abandonada novamente — ele explicou, sua voz suave e compassiva.
Eu absorvi suas palavras com uma mistura de compreensão e tristeza, imaginando a dor e a confusão que a pequena devia estar enfrentando.
— Sinto muito por ela ter que passar por tudo isso — murmurei sinceramente, desejando poder aliviar o sofrimento de de alguma forma.
assentiu, compartilhando minha preocupação.
— Eu também — ele afirmou, sua determinação evidente em suas palavras.
— , minha irmã... Ela é uma boa mãe? — perguntei, olhando para ele com uma expressão ansiosa.
ficou em silêncio por um momento, parecendo ponderar suas palavras com cuidado. Por fim, ele respirou fundo, parecendo decidir entre a verdade dolorosa ou uma versão mais confortável da realidade.
— Ela tenta o seu melhor, mas... nem sempre acerta. — Sua resposta foi cuidadosa, revelando muito mais do que suas palavras diziam.
— Você disse que ela está envolvida com drogas. O quão grave é? — perguntei, sentindo um nó se formar em minha garganta enquanto esperava pela resposta, mas sabia que era grave antes mesmo dela. Mesmo não conhecendo minha irmã da forma que acreditava, era impossível para mim imaginar que ela abandonaria uma criança se não estivesse com muitos problemas.
hesitou por um momento, sua expressão tornando-se sombria enquanto considerava suas palavras.
— É uma situação complicada. Sua irmã tem lutado contra o vício por um bom tempo — ele finalmente admitiu, sua voz carregada de preocupação. Eu engoli em seco, mastigando com dor a verdade até então desconhecida.
— E ... ela sabe sobre isso? — perguntei, preocupada com o impacto que a situação poderia ter na vida da minha sobrinha.
balançou a cabeça, parecendo triste.
— Eu tentei protegê-la do máximo possível, mas acho que ela sabe mais do que eu gostaria — ele admitiu, sua voz ecoando a angústia que sentia.
— Você acha que minha irmã vai voltar? — perguntei, ansiosa por alguma indicação de esperança em meio à escuridão que parecia envolver nossa família.
— Honestamente, não sei, . Há momentos em que eu desejei que ela não voltasse, apenas para garantir a segurança e a estabilidade de — ele confessou, sua voz carregada de preocupação. Meu coração se apertou com a angústia de , compreendendo a gravidade da situação. — Há dias em que ela desaparece por horas, deixando a menina sozinha. Desde o dia em que meu irmão morreu, ela tem piorado dia após dia. Eu não sei o que a motiva a fazer as escolhas que faz, mas sei que é a que mais sofre com isso tudo
— Ela deixa sozinha? — perguntei, horrorizada com a ideia de minha sobrinha enfrentando tamanha solidão e abandono.
assentiu sombriamente.
— Já tentei pegar a guarda da , mas não consegui. Então eu cuido dela sempre que posso, quando a mãe some ou quando sinto que ela precisa de mim — admitiu, sua voz carregada de frustração. Eu o encarei, impressionada com a dedicação e o amor que ele demonstrava por minha sobrinha.
— é muito sortuda por ter você — murmurei.0
sorriu, um brilho de orgulho nos olhos.
— Eu só tento ser o melhor que posso para ela e, embora eu nunca possa substituir o pai dela, espero que ela saiba que tem uma rede de amparo ao seu redor, sempre que precisar — ele explicou, mantendo sua voz suave e reconfortante.
Capítulo 5
A luz suave da manhã se infiltrava pelas cortinas, pintando o quarto com tons dourados enquanto eu lentamente despertava. Ainda me sentia um pouco desorientada pelo ambiente desconhecido. Meus olhos se abriram lentamente, encontrando os de fixos em mim, observando em silêncio.
Um sobressalto me percorreu quando percebi a presença silenciosa da menina, mas rapidamente recuperei minha compostura, forçando um sorriso gentil.
— Bom dia, . Como você está? — perguntei, tentando ocultar a súbita onda de desconforto que me atingiu.
A expressão da menina permaneceu impassível por um momento, antes que ela finalmente falasse, sua voz carregada de uma melancolia que me fez sentir um aperto no coração.
— Você parece muito com a minha mãe.
— Você sente saudade da sua mãe? — perguntei, tentando sondar os pensamentos da menina, enquanto observava sua expressão.
permaneceu em silêncio por um momento, seus olhos castanhos fixos nos meus enquanto parecia ponderar a pergunta cuidadosamente. Finalmente, ela suspirou suavemente, e pude ver uma sombra de tristeza passando por seus olhos antes de ela finalmente responder.
— Às vezes... eu acho que sim. — Sua resposta foi breve e evasiva, revelando mais do que suas palavras poderiam dizer. Eu assenti compreensivamente, sem querer pressionar demais a menina em um assunto tão delicado.
— É normal sentir saudade de alguém que amamos, mesmo que as coisas estejam difíceis — murmurei, tentando transmitir meu apoio e compreensão.
apenas assentiu em resposta, seus pensamentos pareciam distantes enquanto ela se perdia em seus próprios pensamentos. Eu me senti compelida a continuar a conversa, querendo oferecer conforto e apoio à menina em sua dor.
— Você sabe, eu também sinto saudade da sua mãe às vezes — admiti, deixando escapar um suspiro pesado enquanto pensava na minha irmã distante.
— Há quanto tempo minha mãe foi embora de você, tia ? — A pergunta me pegou de surpresa, e, por um momento, me vi lutando para encontrar as palavras certas para responder. Engoli em seco antes de finalmente encontrar minha voz.
— Por que você acha que sua mãe foi embora? — perguntei, curiosa para saber o que se passava na mente dela.
olhou para baixo por um momento, seus lábios se curvando em uma expressão triste.
— É o que ela faz. Ela vai embora.
— Deve ser difícil pra você.
— Acho que é mais difícil quando ela volta, porque aí não sei quanto tempo ela vai continuar, mas o tio cuida de mim. Ele não vai embora das pessoas, sabia?
— Seu tio parece ser uma pessoa incrível — respondi, sentindo minha admiração aumentar cada vez mais pelo homem, que parecia ser uma âncora na vida de .
assentiu com um leve sorriso, seus olhos castanhos brilhando com uma mistura de emoções. Era evidente que o vínculo entre ela e era profundo e significativo
— Ele é, sim. O tio é ótimo — ela concordou, parecendo encontrar algum conforto na conversa sobre o tio. Logo em seguida, como se quisesse mudar o rumo da conversa, mudou de assunto abruptamente. — Ele cozinha muito bem, você sabe? Fez panquecas no café da manhã hoje.
Seu comentário me fez sorrir, percebendo que ela estava fazendo uma conexão entre o momento presente e a razão de estar no quarto da tia. Fiquei grata pela mudança de tópico, reconhecendo que talvez estivesse tentando encontrar alguma normalidade em meio às circunstâncias turbulentas de sua vida.
Me arrumei brevemente para sair do quarto, caminhando ao lado da menina quando a vi parar repentinamente. Era evidente que ela carregava um peso emocional significativo em seus ombros jovens, uma carga que nenhuma criança deveria suportar.
— Você está bem, querida? — perguntei suavemente, tentando romper o silêncio tenso que pairava sobre nós.
assentiu com um movimento hesitante da cabeça, mas seu olhar permaneceu distante, perdido em pensamentos desconhecidos.
— Tudo bem. Eu só... — Ela hesitou, como se lutasse para encontrar as palavras certas. — Tio pediu para que dissesse obrigada, tia . Por estar aqui.
Suas palavras me pegaram de surpresa, enchendo meu coração com uma mistura de gratidão e tristeza. Eu me inclinei para frente, colocando uma mão reconfortante sobre a dela.
— Você não precisa agradecer, . Estou aqui para você, sempre que precisar. — Minha voz soou firme, reafirmando meu compromisso com a menina.
— Então você não vai embora? Digo, você parece a mamãe e a mamãe vai embora.
— Eu entendo que possa parecer confuso, mas eu prometo que estarei aqui por quanto tempo você precisar de mim. — Minha voz soou suave, mas firme, enquanto eu tentava transmitir confiança à menina.
pareceu ponderar minhas palavras por um momento, seus olhos buscando os meus à procura de alguma certeza. Lentamente, um pequeno sorriso se formou em seus lábios, e eu soube que minhas palavras haviam oferecido um pouco de conforto em meio às suas preocupações.
Ao chegarmos à cozinha, fui recebida por uma cena que me pegou de surpresa: estava lá, sem camisa, os músculos do peito e dos braços evidentes enquanto ele manuseava habilmente uma frigideira sobre o fogão. Seu cabelo escuro caía levemente sobre a testa, lhe dando uma aparência ainda mais atraente, e eu me vi momentaneamente distraída pela visão de sua beleza quase sobrenatural.
Um calor subiu às minhas bochechas enquanto eu desviava o olhar, me sentindo repentinamente consciente de minha própria presença naquela cozinha. Tentei disfarçar minha reação, mantendo minha expressão neutra enquanto observava preparar o café da manhã com uma destreza impressionante.
pareceu não notar minha reação, focada apenas na perspectiva de um café da manhã delicioso preparado pelo tio . Ela se aproximou do balcão, os olhos brilhando com a antecipação, e eu me juntei a ela, tentando ignorar a sensação estranha que ainda pairava no ar.
— Bom dia, . — Minha voz saiu um pouco mais alta do que o pretendido e eu forcei um sorriso enquanto tentava manter meu olhar longe do torso sem camisa dele.
virou-se para nós com um sorriso caloroso, seus olhos escuros brilhando com divertimento enquanto ele nos cumprimentava.
— Bom dia, , . Espero que vocês estejam com fome, porque o café da manhã está quase pronto! — Sua voz era descontraída, e eu me senti grata pela casualidade com que ele tratava a situação.
Tentei manter minha compostura enquanto me aproximava do balcão, tentando ignorar a sensação de calor que ainda queimava em minhas bochechas. Estava claro que aquele café da manhã seria uma experiência inesquecível, por razões que eu não tinha certeza se queria admitir.
Sentamo-nos à mesa, e eu lutei para manter minha compostura, enquanto servia o café da manhã. Ele cortava pedaços pequenos para , seus movimentos cuidadosos e precisos mostravam uma gentileza que me surpreendia. Observando-os interagir, era difícil ignorar o vínculo especial entre os dois — um vínculo que parecia transcender o papel de tio e sobrinha.
olhava para com admiração clara em seus olhos, fascinada pelo cuidado e atenção que ele demonstrava. Cada gesto era recebido com um sorriso radiante da menina e meu coração se aqueceu com a ternura da cena diante de mim.
Enquanto isso, eu me encontrava em um estado de desconexão, ainda me sentindo um pouco como uma intrusa nesta família que parecia tão unida. No entanto, a presença calorosa de ao meu lado começava a dissolver essa sensação de estranheza, a substituindo com um sentimento de pertencimento que eu não esperava encontrar tão rapidamente.
— Tio , você é o melhor cozinheiro do mundo! — exclamou com entusiasmo, olhando para ele com admiração óbvia.
sorriu, seu rosto iluminado pela expressão encantada da menina.
— Você é uma excelente ajudante na cozinha também. — Sua voz era cheia de orgulho, e eu podia ver o carinho genuíno em seus olhos enquanto ele olhava para ela. — Fez sua tarefa de casa? — perguntou , com um sorriso.
— Sim, tio . Terminei tudo ontem à noite — respondeu a menina, com um tom de orgulho em sua voz.
recolheu as xícaras vazias e olhou para com um sorriso gentil.
— Mais café, ?
Senti o coração acelerar diante daquele sorriso, e, por um momento, me perdi na beleza do homem à minha frente. Gaguejei por um instante, sem saber exatamente do que ele estava falando.
— Ah, sim, por favor. Mais um pouco seria ótimo — respondi finalmente, tentando recuperar a compostura.
Procurei afastar os pensamentos tumultuados que a presença de provocara. Sentia-me desconcertada pelo fato de que meus hormônios, de repente, estavam agindo como se eu fosse uma adolescente. Afinal, fisicamente, já tinha visto homens tão bonitos quanto .
Enquanto preparava o café, o observei discretamente. Ele era uma visão impressionante, com seus cabelos escuros e olhos penetrantes. Mas por que ele estava mexendo tanto comigo? Tentei me concentrar em qualquer coisa que não fosse a atração que sentia por ele, mas parecia uma tarefa impossível.
— Aqui está, mais café fresquinho — disse , interrompendo meus pensamentos. Peguei a xícara com um sorriso agradecido, tentando parecer mais calma do que realmente estava.
Enquanto conversava com e tentava entender por que me sentia tão atraída por ele, minha mente começou a sussurrar que nenhum dos homens que conheci até então cuidava de uma criança com tanto empenho quanto cuidava de . Uma risada sarcástica escapou dos meus lábios, e me vi em um diálogo interno.
"Ah, sim, , é claro que é isso", minha mente zombou. "Porque obviamente agora é o momento perfeito para confrontar seus 'daddy issues'."
Bufei, reconhecendo a verdade em minhas próprias palavras. Não era o momento para mergulhar em minhas questões pessoais. Eu precisava me concentrar em ajudar minha irmã e garantir o bem-estar de .
O telefone tocou, interrompendo meus pensamentos tumultuados sobre e . Instintivamente, atendi imediatamente, esperando ansiosamente que fosse minha irmã.
— ? — Minha voz soou urgente ao telefone.
— Oi, . — A voz de minha irmã soou do outro lado da linha, um pouco distante e fria.
— Onde você está? Estamos preocupados com você — eu disse, tentando manter a calma.
— Estou bem — ela respondeu evasiva. — Mas preciso de dinheiro.
Um nó se formou em meu estômago ao ouvir suas palavras. Eu sabia que tinha seus demônios, mas sempre esperava que ela pudesse superá-los por conta própria.
— Por que você precisa de dinheiro? — perguntei, tentando controlar a ansiedade em minha voz.
— Não importa — ela respondeu rapidamente. — Só preciso de dinheiro. Você pode me ajudar ou não?
Meu coração se apertou com a mistura de preocupação e frustração. Eu queria ajudar minha irmã, mas também sabia que ceder às suas demandas financeiras não resolveria seus problemas.
— Eu posso te ajudar, — eu disse finalmente. — Mas também quero te ajudar a encontrar um caminho para sair dessa situação. Podemos conversar sobre isso?
Houve um momento de silêncio do outro lado da linha, antes de finalmente responder.
— Eu não tenho tempo para conversar agora, . Apenas me envie o dinheiro.
Suspirei, resignada ao fato de que a conversa não levaria a lugar algum por enquanto.
— Está bem — eu disse. — Eu vou te enviar o dinheiro. Mas, por favor, , saiba que estou aqui para você, sempre que precisar.
Ela não respondeu antes de desligar, me deixando com um turbilhão de emoções enquanto eu me virava para encarar , que observava a cena com uma expressão preocupada. Era difícil ignorar o peso da conversa telefônica com enquanto encarava . Sua expressão preocupada ecoava minhas próprias preocupações, e antes que eu pudesse processar completamente o que havia acontecido, ele quebrou o silêncio.
— Ela ao menos perguntou sobre a filha? — Sua voz era baixa, como se quisesse proteger de ouvir a conversa.
Sacudi a cabeça, me sentindo constrangida pela falta de interesse de pela própria filha. Era como se ela tivesse se desligado completamente de suas responsabilidades maternas.
soltou uma risada incrédula, mas sem humor. Seu olhar se encontrou com o meu, e eu pude ver a decepção e raiva misturadas em seus olhos.
— Como ela pode simplesmente ignorar a própria filha assim? — ele disse, sua voz carregada de desgosto.
O peso das palavras dele recaiu sobre mim como um soco no estômago. Eu sabia que tinha suas falhas, mas a ideia de que ela poderia ignorar completamente a existência de era difícil de aceitar.
— Eu sinto muito, . Eu realmente sinto — eu murmurei, lutando para encontrar as palavras certas para expressar minha própria confusão e angústia diante da situação.
suspirou, passando uma mão pelos cabelos em um gesto de frustração.
— Eu odeio a mãe que o meu irmão escolheu para — ele disse finalmente, sua voz carregada de amargura. se levantou da mesa com um suspiro pesado, como se estivesse carregando o peso do mundo em seus ombros. — É melhor irmos, senão vai se atrasar para a escola — ele disse, sua voz carregada de preocupação.
Ele se aproximou de mim e estendeu uma chave na minha direção.
— Aqui está a chave da casa. Fique à vontade, . Mas eu preciso ir agora.
Eu peguei a chave, me sentindo grata por sua hospitalidade, mas relutante em deixá-lo ir embora tão cedo. Eu não queria enfrentar o dia sozinha, menos ainda em um lugar desconhecido e que eu não sentia que era meu.
— Posso ir com vocês? — eu perguntei, de repente, me sentindo um pouco desesperada com a ideia de ficar sozinha naquela casa estranha.
hesitou por um momento, olhando para mim com uma expressão indecifrável. Então ele suspirou e assentiu.
— Tudo bem, você pode vir conosco. Mas eu tenho que ir ao centro fazer algumas coisas antes de ir para a escola.
Eu me levantei da mesa rapidamente, aliviada por não ter que enfrentar o dia sozinha. Eu sabia que seria estranho e desconfortável acompanhar em suas tarefas diárias, mas era melhor do que ficar sozinha naquela casa vazia, com apenas meus pensamentos tumultuados para me fazer companhia.
Um sobressalto me percorreu quando percebi a presença silenciosa da menina, mas rapidamente recuperei minha compostura, forçando um sorriso gentil.
— Bom dia, . Como você está? — perguntei, tentando ocultar a súbita onda de desconforto que me atingiu.
A expressão da menina permaneceu impassível por um momento, antes que ela finalmente falasse, sua voz carregada de uma melancolia que me fez sentir um aperto no coração.
— Você parece muito com a minha mãe.
— Você sente saudade da sua mãe? — perguntei, tentando sondar os pensamentos da menina, enquanto observava sua expressão.
permaneceu em silêncio por um momento, seus olhos castanhos fixos nos meus enquanto parecia ponderar a pergunta cuidadosamente. Finalmente, ela suspirou suavemente, e pude ver uma sombra de tristeza passando por seus olhos antes de ela finalmente responder.
— Às vezes... eu acho que sim. — Sua resposta foi breve e evasiva, revelando mais do que suas palavras poderiam dizer. Eu assenti compreensivamente, sem querer pressionar demais a menina em um assunto tão delicado.
— É normal sentir saudade de alguém que amamos, mesmo que as coisas estejam difíceis — murmurei, tentando transmitir meu apoio e compreensão.
apenas assentiu em resposta, seus pensamentos pareciam distantes enquanto ela se perdia em seus próprios pensamentos. Eu me senti compelida a continuar a conversa, querendo oferecer conforto e apoio à menina em sua dor.
— Você sabe, eu também sinto saudade da sua mãe às vezes — admiti, deixando escapar um suspiro pesado enquanto pensava na minha irmã distante.
— Há quanto tempo minha mãe foi embora de você, tia ? — A pergunta me pegou de surpresa, e, por um momento, me vi lutando para encontrar as palavras certas para responder. Engoli em seco antes de finalmente encontrar minha voz.
— Por que você acha que sua mãe foi embora? — perguntei, curiosa para saber o que se passava na mente dela.
olhou para baixo por um momento, seus lábios se curvando em uma expressão triste.
— É o que ela faz. Ela vai embora.
— Deve ser difícil pra você.
— Acho que é mais difícil quando ela volta, porque aí não sei quanto tempo ela vai continuar, mas o tio cuida de mim. Ele não vai embora das pessoas, sabia?
— Seu tio parece ser uma pessoa incrível — respondi, sentindo minha admiração aumentar cada vez mais pelo homem, que parecia ser uma âncora na vida de .
assentiu com um leve sorriso, seus olhos castanhos brilhando com uma mistura de emoções. Era evidente que o vínculo entre ela e era profundo e significativo
— Ele é, sim. O tio é ótimo — ela concordou, parecendo encontrar algum conforto na conversa sobre o tio. Logo em seguida, como se quisesse mudar o rumo da conversa, mudou de assunto abruptamente. — Ele cozinha muito bem, você sabe? Fez panquecas no café da manhã hoje.
Seu comentário me fez sorrir, percebendo que ela estava fazendo uma conexão entre o momento presente e a razão de estar no quarto da tia. Fiquei grata pela mudança de tópico, reconhecendo que talvez estivesse tentando encontrar alguma normalidade em meio às circunstâncias turbulentas de sua vida.
Me arrumei brevemente para sair do quarto, caminhando ao lado da menina quando a vi parar repentinamente. Era evidente que ela carregava um peso emocional significativo em seus ombros jovens, uma carga que nenhuma criança deveria suportar.
— Você está bem, querida? — perguntei suavemente, tentando romper o silêncio tenso que pairava sobre nós.
assentiu com um movimento hesitante da cabeça, mas seu olhar permaneceu distante, perdido em pensamentos desconhecidos.
— Tudo bem. Eu só... — Ela hesitou, como se lutasse para encontrar as palavras certas. — Tio pediu para que dissesse obrigada, tia . Por estar aqui.
Suas palavras me pegaram de surpresa, enchendo meu coração com uma mistura de gratidão e tristeza. Eu me inclinei para frente, colocando uma mão reconfortante sobre a dela.
— Você não precisa agradecer, . Estou aqui para você, sempre que precisar. — Minha voz soou firme, reafirmando meu compromisso com a menina.
— Então você não vai embora? Digo, você parece a mamãe e a mamãe vai embora.
— Eu entendo que possa parecer confuso, mas eu prometo que estarei aqui por quanto tempo você precisar de mim. — Minha voz soou suave, mas firme, enquanto eu tentava transmitir confiança à menina.
pareceu ponderar minhas palavras por um momento, seus olhos buscando os meus à procura de alguma certeza. Lentamente, um pequeno sorriso se formou em seus lábios, e eu soube que minhas palavras haviam oferecido um pouco de conforto em meio às suas preocupações.
Ao chegarmos à cozinha, fui recebida por uma cena que me pegou de surpresa: estava lá, sem camisa, os músculos do peito e dos braços evidentes enquanto ele manuseava habilmente uma frigideira sobre o fogão. Seu cabelo escuro caía levemente sobre a testa, lhe dando uma aparência ainda mais atraente, e eu me vi momentaneamente distraída pela visão de sua beleza quase sobrenatural.
Um calor subiu às minhas bochechas enquanto eu desviava o olhar, me sentindo repentinamente consciente de minha própria presença naquela cozinha. Tentei disfarçar minha reação, mantendo minha expressão neutra enquanto observava preparar o café da manhã com uma destreza impressionante.
pareceu não notar minha reação, focada apenas na perspectiva de um café da manhã delicioso preparado pelo tio . Ela se aproximou do balcão, os olhos brilhando com a antecipação, e eu me juntei a ela, tentando ignorar a sensação estranha que ainda pairava no ar.
— Bom dia, . — Minha voz saiu um pouco mais alta do que o pretendido e eu forcei um sorriso enquanto tentava manter meu olhar longe do torso sem camisa dele.
virou-se para nós com um sorriso caloroso, seus olhos escuros brilhando com divertimento enquanto ele nos cumprimentava.
— Bom dia, , . Espero que vocês estejam com fome, porque o café da manhã está quase pronto! — Sua voz era descontraída, e eu me senti grata pela casualidade com que ele tratava a situação.
Tentei manter minha compostura enquanto me aproximava do balcão, tentando ignorar a sensação de calor que ainda queimava em minhas bochechas. Estava claro que aquele café da manhã seria uma experiência inesquecível, por razões que eu não tinha certeza se queria admitir.
Sentamo-nos à mesa, e eu lutei para manter minha compostura, enquanto servia o café da manhã. Ele cortava pedaços pequenos para , seus movimentos cuidadosos e precisos mostravam uma gentileza que me surpreendia. Observando-os interagir, era difícil ignorar o vínculo especial entre os dois — um vínculo que parecia transcender o papel de tio e sobrinha.
olhava para com admiração clara em seus olhos, fascinada pelo cuidado e atenção que ele demonstrava. Cada gesto era recebido com um sorriso radiante da menina e meu coração se aqueceu com a ternura da cena diante de mim.
Enquanto isso, eu me encontrava em um estado de desconexão, ainda me sentindo um pouco como uma intrusa nesta família que parecia tão unida. No entanto, a presença calorosa de ao meu lado começava a dissolver essa sensação de estranheza, a substituindo com um sentimento de pertencimento que eu não esperava encontrar tão rapidamente.
— Tio , você é o melhor cozinheiro do mundo! — exclamou com entusiasmo, olhando para ele com admiração óbvia.
sorriu, seu rosto iluminado pela expressão encantada da menina.
— Você é uma excelente ajudante na cozinha também. — Sua voz era cheia de orgulho, e eu podia ver o carinho genuíno em seus olhos enquanto ele olhava para ela. — Fez sua tarefa de casa? — perguntou , com um sorriso.
— Sim, tio . Terminei tudo ontem à noite — respondeu a menina, com um tom de orgulho em sua voz.
recolheu as xícaras vazias e olhou para com um sorriso gentil.
— Mais café, ?
Senti o coração acelerar diante daquele sorriso, e, por um momento, me perdi na beleza do homem à minha frente. Gaguejei por um instante, sem saber exatamente do que ele estava falando.
— Ah, sim, por favor. Mais um pouco seria ótimo — respondi finalmente, tentando recuperar a compostura.
Procurei afastar os pensamentos tumultuados que a presença de provocara. Sentia-me desconcertada pelo fato de que meus hormônios, de repente, estavam agindo como se eu fosse uma adolescente. Afinal, fisicamente, já tinha visto homens tão bonitos quanto .
Enquanto preparava o café, o observei discretamente. Ele era uma visão impressionante, com seus cabelos escuros e olhos penetrantes. Mas por que ele estava mexendo tanto comigo? Tentei me concentrar em qualquer coisa que não fosse a atração que sentia por ele, mas parecia uma tarefa impossível.
— Aqui está, mais café fresquinho — disse , interrompendo meus pensamentos. Peguei a xícara com um sorriso agradecido, tentando parecer mais calma do que realmente estava.
Enquanto conversava com e tentava entender por que me sentia tão atraída por ele, minha mente começou a sussurrar que nenhum dos homens que conheci até então cuidava de uma criança com tanto empenho quanto cuidava de . Uma risada sarcástica escapou dos meus lábios, e me vi em um diálogo interno.
"Ah, sim, , é claro que é isso", minha mente zombou. "Porque obviamente agora é o momento perfeito para confrontar seus 'daddy issues'."
Bufei, reconhecendo a verdade em minhas próprias palavras. Não era o momento para mergulhar em minhas questões pessoais. Eu precisava me concentrar em ajudar minha irmã e garantir o bem-estar de .
O telefone tocou, interrompendo meus pensamentos tumultuados sobre e . Instintivamente, atendi imediatamente, esperando ansiosamente que fosse minha irmã.
— ? — Minha voz soou urgente ao telefone.
— Oi, . — A voz de minha irmã soou do outro lado da linha, um pouco distante e fria.
— Onde você está? Estamos preocupados com você — eu disse, tentando manter a calma.
— Estou bem — ela respondeu evasiva. — Mas preciso de dinheiro.
Um nó se formou em meu estômago ao ouvir suas palavras. Eu sabia que tinha seus demônios, mas sempre esperava que ela pudesse superá-los por conta própria.
— Por que você precisa de dinheiro? — perguntei, tentando controlar a ansiedade em minha voz.
— Não importa — ela respondeu rapidamente. — Só preciso de dinheiro. Você pode me ajudar ou não?
Meu coração se apertou com a mistura de preocupação e frustração. Eu queria ajudar minha irmã, mas também sabia que ceder às suas demandas financeiras não resolveria seus problemas.
— Eu posso te ajudar, — eu disse finalmente. — Mas também quero te ajudar a encontrar um caminho para sair dessa situação. Podemos conversar sobre isso?
Houve um momento de silêncio do outro lado da linha, antes de finalmente responder.
— Eu não tenho tempo para conversar agora, . Apenas me envie o dinheiro.
Suspirei, resignada ao fato de que a conversa não levaria a lugar algum por enquanto.
— Está bem — eu disse. — Eu vou te enviar o dinheiro. Mas, por favor, , saiba que estou aqui para você, sempre que precisar.
Ela não respondeu antes de desligar, me deixando com um turbilhão de emoções enquanto eu me virava para encarar , que observava a cena com uma expressão preocupada. Era difícil ignorar o peso da conversa telefônica com enquanto encarava . Sua expressão preocupada ecoava minhas próprias preocupações, e antes que eu pudesse processar completamente o que havia acontecido, ele quebrou o silêncio.
— Ela ao menos perguntou sobre a filha? — Sua voz era baixa, como se quisesse proteger de ouvir a conversa.
Sacudi a cabeça, me sentindo constrangida pela falta de interesse de pela própria filha. Era como se ela tivesse se desligado completamente de suas responsabilidades maternas.
soltou uma risada incrédula, mas sem humor. Seu olhar se encontrou com o meu, e eu pude ver a decepção e raiva misturadas em seus olhos.
— Como ela pode simplesmente ignorar a própria filha assim? — ele disse, sua voz carregada de desgosto.
O peso das palavras dele recaiu sobre mim como um soco no estômago. Eu sabia que tinha suas falhas, mas a ideia de que ela poderia ignorar completamente a existência de era difícil de aceitar.
— Eu sinto muito, . Eu realmente sinto — eu murmurei, lutando para encontrar as palavras certas para expressar minha própria confusão e angústia diante da situação.
suspirou, passando uma mão pelos cabelos em um gesto de frustração.
— Eu odeio a mãe que o meu irmão escolheu para — ele disse finalmente, sua voz carregada de amargura. se levantou da mesa com um suspiro pesado, como se estivesse carregando o peso do mundo em seus ombros. — É melhor irmos, senão vai se atrasar para a escola — ele disse, sua voz carregada de preocupação.
Ele se aproximou de mim e estendeu uma chave na minha direção.
— Aqui está a chave da casa. Fique à vontade, . Mas eu preciso ir agora.
Eu peguei a chave, me sentindo grata por sua hospitalidade, mas relutante em deixá-lo ir embora tão cedo. Eu não queria enfrentar o dia sozinha, menos ainda em um lugar desconhecido e que eu não sentia que era meu.
— Posso ir com vocês? — eu perguntei, de repente, me sentindo um pouco desesperada com a ideia de ficar sozinha naquela casa estranha.
hesitou por um momento, olhando para mim com uma expressão indecifrável. Então ele suspirou e assentiu.
— Tudo bem, você pode vir conosco. Mas eu tenho que ir ao centro fazer algumas coisas antes de ir para a escola.
Eu me levantei da mesa rapidamente, aliviada por não ter que enfrentar o dia sozinha. Eu sabia que seria estranho e desconfortável acompanhar em suas tarefas diárias, mas era melhor do que ficar sozinha naquela casa vazia, com apenas meus pensamentos tumultuados para me fazer companhia.
Capítulo 6
Depois de deixarmos na escola, nós nos encontramos no centro da cidade, onde as ruas estavam agitadas com a movimentação matinal dos moradores. olhou para mim, seus olhos escuros não negavam estar cheios de curiosidade.
— Algum lugar em mente? — ele perguntou, seu tom casual revelando sua disposição para me acompanhar em qualquer lugar que eu quisesse ir. Eu mordi o lábio inferior, pensando em uma opção que pudesse resolver meu problema imediato. Então uma ideia surgiu em minha mente.
— Podemos ir a um shopping? — eu sugeri, esperando encontrar uma loja de roupas onde eu pudesse comprar algumas peças para substituir o que perdi com uma das malas que foi extraviada.
riu, balançando a cabeça em negação.
— Não temos um shopping por aqui, . Mas podemos encontrar algumas lojas interessantes ao redor.
Eu assenti, aceitando a realidade da situação. Então outra ideia surgiu em minha mente.
— Então... pode me mostrar onde fica uma loja de roupas íntimas? — eu perguntei, sentindo um leve rubor em minhas bochechas ao sugerir algo tão pessoal.
arqueou uma sobrancelha, surpreso com minha escolha inesperada.
— Uma loja de roupas íntimas? — ele repetiu. olhou para mim com uma expressão surpresa, mas, depois de um momento, ele assentiu, concordando em me acompanhar.
Ao chegarmos à porta da loja, eu me virei para , lhe oferecendo uma saída caso ele não quisesse entrar.
— Você pode esperar lá fora, se preferir. Não vai demorar muito — eu disse, tentando parecer casual.
olhou para mim com um sorriso brincalhão.
— Não, eu acho que vai ser divertido entrar — ele respondeu, fazendo o ardor de minhas bochechas aumentarem, assim como uma certa excitação também.
Ao entrarmos na loja, fomos recebidos por uma atendente que parecia mais interessada em do que em mim. Ela sorriu para ele de uma maneira um tanto exagerada, ignorando minha presença quase por completo. Ele, percebendo a situação, se manteve calmo e educado, enquanto eu observava a cena com um misto de curiosidade e desconforto.
— Olá, . Há quanto tempo! — disse a atendente, seu tom sugestivo indicando uma intimidade que me deixou intrigada e quase enciumada.
apenas deu de ombros, respondendo casualmente.
— Olá. E, na verdade, faz um bom tempo mesmo.
A atendente parecia incomodada com a presença dele ali comigo, e eu me senti um pouco desconfortável com a situação. No entanto, não parecia se importar.
— Então, quem é a sua amiga? — a atendente perguntou, me lançando um olhar de cima a baixo, como se estivesse avaliando minha presença ali.
olhou para mim, seu olhar tranquilo e confiante.
— Esta é .
— , tipo a cantora? — a funcionária perguntou, olhando para mim com um brilho de curiosidade nos olhos.
Eu ri nervosamente diante da pergunta inesperada, sacudindo a cabeça em negação.
— Não, não, nada disso — respondi, tentando disfarçar meu constrangimento. — Na verdade, só estou de passagem pela cidade.
A funcionária pareceu um pouco desapontada com minha resposta, mas rapidamente recuperou a compostura.
— Bem, seja bem-vinda de qualquer forma! E as lingeries ficam ali no fundo da loja, vou te mostrar.
Seguimos em direção ao fundo da loja, onde as lingeries estavam expostas em uma variedade de cores e estilos. Enquanto a funcionária me guiava pelo corredor, pude sentir os olhares curiosos dos outros clientes sobre mim, e isso só aumentou minha sensação de desconforto. Enquanto isso, aproveitava para explorar os outros cantos da loja, examinando as peças com uma expressão casual no rosto.
Ao voltarmos para o carro, carregando as sacolas das compras, percebi que tinha uma sacola própria, além de carregar várias das minhas. Ajeitei-me no banco do carona, prendendo o cinto de segurança, enquanto ele colocava as bolsas no banco de trás. Antes de ligar o carro, porém, ele me entregou uma sacola adicional.
— Aqui, percebi que você não deu uma olhada nesta, mas achei que combinaria bem com você — disse ele, com um sorriso nos lábios.
Curiosa, abri a sacola e me deparei com uma lingerie vermelha, delicadamente rendada. Senti minhas bochechas esquentarem diante do presente inesperado.
— Ah... Eu não sei se esse tipo combina muito comigo — murmurei, incerta.
riu suavemente, com seu olhar divertido encontrando o meu.
— Confie em mim, depois do que vi ontem, posso afirmar com certeza que qualquer lingerie ficaria incrível em você — ele brincou, me fazendo sorrir envergonhada e estranhamente lisonjeada diante de seu elogio inesperado.
— Você realmente acha isso? — perguntei, surpresa com sua franqueza e, ao mesmo tempo, aquecida pelo elogio.
assentiu com um aceno de cabeça, seus olhos transmitindo confiança.
— Completamente. E, além disso, vermelho é uma cor que combina com você — acrescentou, com um brilho travesso nos olhos.
Concordei com um sorriso tímido, ainda sentindo o calor subir ao rosto. Era estranho receber elogios tão diretos, especialmente de alguém como , cuja sinceridade parecia transbordar em cada palavra.
— Obrigada, . — Ele apenas sorriu em resposta, iniciando o carro e nos conduzindo de volta ao centro.
— Algum lugar em mente? — ele perguntou, seu tom casual revelando sua disposição para me acompanhar em qualquer lugar que eu quisesse ir. Eu mordi o lábio inferior, pensando em uma opção que pudesse resolver meu problema imediato. Então uma ideia surgiu em minha mente.
— Podemos ir a um shopping? — eu sugeri, esperando encontrar uma loja de roupas onde eu pudesse comprar algumas peças para substituir o que perdi com uma das malas que foi extraviada.
riu, balançando a cabeça em negação.
— Não temos um shopping por aqui, . Mas podemos encontrar algumas lojas interessantes ao redor.
Eu assenti, aceitando a realidade da situação. Então outra ideia surgiu em minha mente.
— Então... pode me mostrar onde fica uma loja de roupas íntimas? — eu perguntei, sentindo um leve rubor em minhas bochechas ao sugerir algo tão pessoal.
arqueou uma sobrancelha, surpreso com minha escolha inesperada.
— Uma loja de roupas íntimas? — ele repetiu. olhou para mim com uma expressão surpresa, mas, depois de um momento, ele assentiu, concordando em me acompanhar.
Ao chegarmos à porta da loja, eu me virei para , lhe oferecendo uma saída caso ele não quisesse entrar.
— Você pode esperar lá fora, se preferir. Não vai demorar muito — eu disse, tentando parecer casual.
olhou para mim com um sorriso brincalhão.
— Não, eu acho que vai ser divertido entrar — ele respondeu, fazendo o ardor de minhas bochechas aumentarem, assim como uma certa excitação também.
Ao entrarmos na loja, fomos recebidos por uma atendente que parecia mais interessada em do que em mim. Ela sorriu para ele de uma maneira um tanto exagerada, ignorando minha presença quase por completo. Ele, percebendo a situação, se manteve calmo e educado, enquanto eu observava a cena com um misto de curiosidade e desconforto.
— Olá, . Há quanto tempo! — disse a atendente, seu tom sugestivo indicando uma intimidade que me deixou intrigada e quase enciumada.
apenas deu de ombros, respondendo casualmente.
— Olá. E, na verdade, faz um bom tempo mesmo.
A atendente parecia incomodada com a presença dele ali comigo, e eu me senti um pouco desconfortável com a situação. No entanto, não parecia se importar.
— Então, quem é a sua amiga? — a atendente perguntou, me lançando um olhar de cima a baixo, como se estivesse avaliando minha presença ali.
olhou para mim, seu olhar tranquilo e confiante.
— Esta é .
— , tipo a cantora? — a funcionária perguntou, olhando para mim com um brilho de curiosidade nos olhos.
Eu ri nervosamente diante da pergunta inesperada, sacudindo a cabeça em negação.
— Não, não, nada disso — respondi, tentando disfarçar meu constrangimento. — Na verdade, só estou de passagem pela cidade.
A funcionária pareceu um pouco desapontada com minha resposta, mas rapidamente recuperou a compostura.
— Bem, seja bem-vinda de qualquer forma! E as lingeries ficam ali no fundo da loja, vou te mostrar.
Seguimos em direção ao fundo da loja, onde as lingeries estavam expostas em uma variedade de cores e estilos. Enquanto a funcionária me guiava pelo corredor, pude sentir os olhares curiosos dos outros clientes sobre mim, e isso só aumentou minha sensação de desconforto. Enquanto isso, aproveitava para explorar os outros cantos da loja, examinando as peças com uma expressão casual no rosto.
Ao voltarmos para o carro, carregando as sacolas das compras, percebi que tinha uma sacola própria, além de carregar várias das minhas. Ajeitei-me no banco do carona, prendendo o cinto de segurança, enquanto ele colocava as bolsas no banco de trás. Antes de ligar o carro, porém, ele me entregou uma sacola adicional.
— Aqui, percebi que você não deu uma olhada nesta, mas achei que combinaria bem com você — disse ele, com um sorriso nos lábios.
Curiosa, abri a sacola e me deparei com uma lingerie vermelha, delicadamente rendada. Senti minhas bochechas esquentarem diante do presente inesperado.
— Ah... Eu não sei se esse tipo combina muito comigo — murmurei, incerta.
riu suavemente, com seu olhar divertido encontrando o meu.
— Confie em mim, depois do que vi ontem, posso afirmar com certeza que qualquer lingerie ficaria incrível em você — ele brincou, me fazendo sorrir envergonhada e estranhamente lisonjeada diante de seu elogio inesperado.
— Você realmente acha isso? — perguntei, surpresa com sua franqueza e, ao mesmo tempo, aquecida pelo elogio.
assentiu com um aceno de cabeça, seus olhos transmitindo confiança.
— Completamente. E, além disso, vermelho é uma cor que combina com você — acrescentou, com um brilho travesso nos olhos.
Concordei com um sorriso tímido, ainda sentindo o calor subir ao rosto. Era estranho receber elogios tão diretos, especialmente de alguém como , cuja sinceridade parecia transbordar em cada palavra.
— Obrigada, . — Ele apenas sorriu em resposta, iniciando o carro e nos conduzindo de volta ao centro.
Capítulo 7
Eu estava sentada em uma das mesas da biblioteca, tentando concentrar-me em um livro que eu mal estava conseguindo ler. Meus pensamentos vagavam entre minha vida e a de minha irmã. Entre as diferenças que tomaram e, talvez, entre um pouco de culpa também. Culpa porque, mesmo com todos os problemas, foi a cola de nossa família enquanto eu... Eu fui a que precisou ir embora. A que quis ir embora.
— Posso me sentar? — ele perguntou, indicando a cadeira vazia à minha frente.
Eu assenti, surpresa com sua repentina abordagem. Ele se sentou, colocando um álbum de fotos sobre a mesa diante de mim.
— O que é isso? — perguntei, curiosa, enquanto observava as imagens antigas.
— Fotos do meu irmão com . Você disse que queria saber mais sobre sua irmã, a conhecer melhor. Bom, aqui está um pouco disso. — Sorri com sua preocupação em me mostrar mais e em me dar exatamente o que eu pedi. Talvez ele não fosse tão ogro quanto aparentava ser, ou talvez eu estivesse mais encantada do que assumiria. Eu peguei o álbum, o folheando lentamente. As fotografias retratavam momentos felizes, capturando sorrisos e gestos de carinho entre os dois. Era evidente o quanto eles se amavam.
— Eles pareciam tão felizes juntos — comentei, sentindo uma pontada de tristeza.
assentiu, um brilho melancólico em seus olhos. Ele me contou sobre o relacionamento de seu irmão com , como eles eram inseparáveis desde jovens e como ele se sentiu traído quando ela se afundou no mundo das drogas. O irmão de se chamava James e ele era o bom partido da família, o que estudava muito, tirava boas notas e fazia esportes. Parecia mesmo o tipo da minha irmã.
— Ela se envolveu com drogas há três anos — ele admitiu, com um sorriso sarcástico, e me encolhi com a estranha coincidência de que três anos atrás foi o exato momento em que eu ganhei o meu primeiro grammy. — Eu sempre quis acreditar que ela poderia mudar, que poderia voltar a ser a mulher que meu irmão amava — ele admitiu, sua voz vacilante com a emoção.
Eu ouvi atentamente, tocada pela sinceridade de suas palavras. Era evidente o quanto ele ainda se importava com , apesar de tudo o que ela havia feito.
— Você acha que ela ainda pode mudar? — perguntei, me sentindo compelida a saber.
suspirou, parecendo cansado e desanimado.
— Eu não sei. Às vezes, eu quero acreditar que sim, mas outras vezes... eu simplesmente não sei mais. Minha preocupação agora é só , ela é a única coisa que eu tenho. A morte do meu irmão foi grande e dolorosa demais. Minha mãe ainda não superou, mesmo fingindo diariamente que sim. E é tão parecida com ele, é como se fosse uma segunda chance. Eu não pude cuidar dele, mas posso cuidar dela agora.
Enquanto observávamos as fotografias, senti uma emoção intensa crescendo dentro de mim. Era como se cada imagem contasse uma história de amor e perda, uma narrativa de esperança e desilusão, de dor e de nova chance. E, no meio de tudo isso, havia , compartilhando sua dor e sua vulnerabilidade comigo de uma forma tão verdadeira que não pude evitar de olhar bem para ele.
Eu não pude deixar de notar como ele era incrivelmente atraente, não apenas fisicamente, mas também em sua maneira gentil e compassiva de ser, no cuidado sem jeito que tinha. E, à medida que nossos olhares se encontravam, algo mudou no ar entre nós, uma eletricidade sutil que eu não podia ignorar. De repente, eu me vi pensando em como seria beijá-lo, em como seria sentir seus lábios contra os meus. Respirei fundo, reunindo toda a coragem que tinha dentro de mim, antes de finalmente perguntar:
— , eu posso te beijar?
Sua expressão se tornou uma mistura de surpresa e seus olhos encontraram os meus com intensidade.
— Da onde veio isso? — ele perguntou confuso, talvez com a mudança rápida nos nossos assuntos, mas não era tão rápido pra mim. Eu estava com ele na minha mente desde o primeiro dia, e cada vez que o conhecia mais, eu gostava mais dele.
— Da estranha necessidade que eu sinto em saber se o gosto da sua boca é tão bom quanto o seu cheiro.
Ele riu, dando de ombros e se aproximou de mim. Ele se aproximou da mesa e me puxou para que eu levantasse. Rapidamente, suas mãos agarraram o meu quadril e ele me puxou para perto. Tão perto que eu podia ver a barba por fazer. Suas mãos apertaram a minha cintura com força e seus lábios roçaram nos meus.
— Você não tem ideia do quanto eu gostaria disso.
E então, sem mais hesitação, ele se inclinou em minha direção, seus lábios encontrando os meus em um beijo suave e apaixonado. Enquanto nossos lábios se encontravam em um doce e suave toque, uma corrente elétrica parecia percorrer todo o meu corpo. Foi como se o mundo ao nosso redor desaparecesse. O calor de seus lábios contra os meus era reconfortante e estimulante ao mesmo tempo, e eu me entreguei completamente à sensação avassaladora que ele evocava em mim. Cada movimento, cada respiração, era uma dança perfeita de desejo e emoção, nos levando a um lugar onde as palavras se tornavam desnecessárias.
E quando finalmente nos afastamos, uma onda de calor percorreu meu corpo, me deixando sem fôlego e ansiosa por mais. Foi como se, por um breve instante, todo o peso do mundo tivesse sido retirado dos meus ombros.
Foi estranho e maravilhoso ao mesmo tempo, e enquanto eu tentava processar a magnitude da experiência, uma coisa ficou clara: aquele foi, sem dúvida alguma, o melhor beijo da minha vida.
— Você beija como alguém que facilmente destruiria minha vida — ele murmurou, me fazendo gargalhar.
— Destruir sua vida? — perguntei, levantando uma sobrancelha em brincadeira. — Isso é um elogio ou um aviso?
Ele sorriu de leve, balançando a cabeça.
— Talvez um pouco dos dois. — Sua voz era suave, quase como um sussurro.
Após o beijo, permanecemos próximos, nossos corpos ainda se aquecendo pelo contato. Senti as mãos dele firmes em meu quadril, um gesto que me confortava e me deixava um pouco tímida ao mesmo tempo. Respirando fundo, reuni coragem para perguntar sobre o motivo de seu ódio em relação ao mundo da música. Talvez se eu soubesse o motivo de ele ser tão distante em relação à indústria, pudesse de alguma forma convencê-lo de que a música não era a pior coisa do mundo.
— , posso te perguntar algo? — Minha voz saiu um pouco hesitante, mas ele assentiu com um aceno, me encorajando a continuar. — Por que você odeia tanto o mundo da música?
— É uma longa história, . — Sua voz era carregada, pesada, como se levasse consigo muito mais do que apenas informações. — Não é que eu odeie a música em si, mas... ela me lembra de coisas que preferia esquecer. James... ele queria ser músico — ele começou, sua voz carregada de uma emoção contida. — Ele tinha tanto talento, era como se a música fluísse em suas veias. Mas as coisas não deram certo para ele.
Engoli em seco, sentindo a tristeza em sua voz.
— O que aconteceu? — perguntei, ansiosa para conhecer mais sobre a vida dele.
desviou o olhar por um momento, como se estivesse revivendo lembranças.
— Ele teve algumas oportunidades, mas acabou se envolvendo com as pessoas erradas, sua irmã já estava viciada e isso tudo fez com que a pressão se tornasse grande demais pra ele. Ele sucumbiu, assim como ela, pior que ela. A música... acabou se tornando um fardo para ele. E, no final, foi o que o levou embora. — Sua voz estava rouca, e eu podia ver a dor em seus olhos. — Antes disso, teve meu pai, que foi embora também para ser músico. Não sei, acho que, no fim das contas, a música sempre tirou pessoas de mim. Foi o fator em comum das perdas que eu tive, então meio que tento cortar o mal pela raiz.
— , se eu fosse uma cantora, você... você me amaria?
Ele pareceu ponderar por um momento, seu olhar era distante enquanto processava a pergunta. Então um sorriso sutil curvou seus lábios, carregado de uma tristeza velada, mas que eu pude reconhecer.
— Eu não sei muito bem sobre o amor, mas acho que amaria você... por um tempo. Até o momento em que você decidisse ir embora, como todos os outros.
— E se eu não fosse embora? — Sua risada foi incrédula enquanto ele me puxou mais para perto, olhando no fundo dos meus olhos de uma forma intensa, penetrante, entrando na minha cabeça, na minha alma e até na minha respiração.
— Essa é uma cidade de dez mil habitantes, não tem shopping, não tem nada que você está acostumada. Se fosse uma cantora, largaria tudo para ficar comigo aqui nesse fim de mundo? Para cuidar de ?
— Eu não sei. Podíamos ir para a cidade grande.
— E ela iria também? Ficaria longe da avó paterna e teria que se acostumar com o fato de mais uma pessoa entrando e saindo da vida dela a cada turnê?
— Eu... Eu não sei. — Minha voz saiu em um sussurro, enquanto eu me perdia na profundidade de seus olhos. — Talvez... Talvez ela pudesse se adaptar.
— Esse é o problema. Ela está tão adaptada a pessoas indo e vindo quando querem que ela não consegue mais aceitar que alguém fique. Ela não se acha boa para fazer alguém ficar em sua vida, e ela só tem sete anos. Acha que ela se acostumaria com alguém se afastando dela por trabalho? Por mais inteligente, madura e compreensiva que ela possa ser, ela é apenas uma criança que se sente rejeitada. Talvez quando ela for uma adolescente, mas, por hora... É outro tipo de adaptação que ela precisa de nós. Ela merece alguém que fique por anos, não por meses. Às vezes o que queremos não é o que é melhor para quem amamos.
— Eu entendo, mas nunca vou embora. Nunca deixaria vocês. Não tenha medo do abandono ou da mentira comigo, . Eu não sou como James, ou como seu pai, ou como . Te garanto isso, te prometo isso. Eu encontrei meu lar aqui e é muito mais do que eu poderia encontrar em qualquer show, em qualquer palco ou em qualquer lugar do mundo.
— Posso me sentar? — ele perguntou, indicando a cadeira vazia à minha frente.
Eu assenti, surpresa com sua repentina abordagem. Ele se sentou, colocando um álbum de fotos sobre a mesa diante de mim.
— O que é isso? — perguntei, curiosa, enquanto observava as imagens antigas.
— Fotos do meu irmão com . Você disse que queria saber mais sobre sua irmã, a conhecer melhor. Bom, aqui está um pouco disso. — Sorri com sua preocupação em me mostrar mais e em me dar exatamente o que eu pedi. Talvez ele não fosse tão ogro quanto aparentava ser, ou talvez eu estivesse mais encantada do que assumiria. Eu peguei o álbum, o folheando lentamente. As fotografias retratavam momentos felizes, capturando sorrisos e gestos de carinho entre os dois. Era evidente o quanto eles se amavam.
— Eles pareciam tão felizes juntos — comentei, sentindo uma pontada de tristeza.
assentiu, um brilho melancólico em seus olhos. Ele me contou sobre o relacionamento de seu irmão com , como eles eram inseparáveis desde jovens e como ele se sentiu traído quando ela se afundou no mundo das drogas. O irmão de se chamava James e ele era o bom partido da família, o que estudava muito, tirava boas notas e fazia esportes. Parecia mesmo o tipo da minha irmã.
— Ela se envolveu com drogas há três anos — ele admitiu, com um sorriso sarcástico, e me encolhi com a estranha coincidência de que três anos atrás foi o exato momento em que eu ganhei o meu primeiro grammy. — Eu sempre quis acreditar que ela poderia mudar, que poderia voltar a ser a mulher que meu irmão amava — ele admitiu, sua voz vacilante com a emoção.
Eu ouvi atentamente, tocada pela sinceridade de suas palavras. Era evidente o quanto ele ainda se importava com , apesar de tudo o que ela havia feito.
— Você acha que ela ainda pode mudar? — perguntei, me sentindo compelida a saber.
suspirou, parecendo cansado e desanimado.
— Eu não sei. Às vezes, eu quero acreditar que sim, mas outras vezes... eu simplesmente não sei mais. Minha preocupação agora é só , ela é a única coisa que eu tenho. A morte do meu irmão foi grande e dolorosa demais. Minha mãe ainda não superou, mesmo fingindo diariamente que sim. E é tão parecida com ele, é como se fosse uma segunda chance. Eu não pude cuidar dele, mas posso cuidar dela agora.
Enquanto observávamos as fotografias, senti uma emoção intensa crescendo dentro de mim. Era como se cada imagem contasse uma história de amor e perda, uma narrativa de esperança e desilusão, de dor e de nova chance. E, no meio de tudo isso, havia , compartilhando sua dor e sua vulnerabilidade comigo de uma forma tão verdadeira que não pude evitar de olhar bem para ele.
Eu não pude deixar de notar como ele era incrivelmente atraente, não apenas fisicamente, mas também em sua maneira gentil e compassiva de ser, no cuidado sem jeito que tinha. E, à medida que nossos olhares se encontravam, algo mudou no ar entre nós, uma eletricidade sutil que eu não podia ignorar. De repente, eu me vi pensando em como seria beijá-lo, em como seria sentir seus lábios contra os meus. Respirei fundo, reunindo toda a coragem que tinha dentro de mim, antes de finalmente perguntar:
— , eu posso te beijar?
Sua expressão se tornou uma mistura de surpresa e seus olhos encontraram os meus com intensidade.
— Da onde veio isso? — ele perguntou confuso, talvez com a mudança rápida nos nossos assuntos, mas não era tão rápido pra mim. Eu estava com ele na minha mente desde o primeiro dia, e cada vez que o conhecia mais, eu gostava mais dele.
— Da estranha necessidade que eu sinto em saber se o gosto da sua boca é tão bom quanto o seu cheiro.
Ele riu, dando de ombros e se aproximou de mim. Ele se aproximou da mesa e me puxou para que eu levantasse. Rapidamente, suas mãos agarraram o meu quadril e ele me puxou para perto. Tão perto que eu podia ver a barba por fazer. Suas mãos apertaram a minha cintura com força e seus lábios roçaram nos meus.
— Você não tem ideia do quanto eu gostaria disso.
E então, sem mais hesitação, ele se inclinou em minha direção, seus lábios encontrando os meus em um beijo suave e apaixonado. Enquanto nossos lábios se encontravam em um doce e suave toque, uma corrente elétrica parecia percorrer todo o meu corpo. Foi como se o mundo ao nosso redor desaparecesse. O calor de seus lábios contra os meus era reconfortante e estimulante ao mesmo tempo, e eu me entreguei completamente à sensação avassaladora que ele evocava em mim. Cada movimento, cada respiração, era uma dança perfeita de desejo e emoção, nos levando a um lugar onde as palavras se tornavam desnecessárias.
E quando finalmente nos afastamos, uma onda de calor percorreu meu corpo, me deixando sem fôlego e ansiosa por mais. Foi como se, por um breve instante, todo o peso do mundo tivesse sido retirado dos meus ombros.
Foi estranho e maravilhoso ao mesmo tempo, e enquanto eu tentava processar a magnitude da experiência, uma coisa ficou clara: aquele foi, sem dúvida alguma, o melhor beijo da minha vida.
— Você beija como alguém que facilmente destruiria minha vida — ele murmurou, me fazendo gargalhar.
— Destruir sua vida? — perguntei, levantando uma sobrancelha em brincadeira. — Isso é um elogio ou um aviso?
Ele sorriu de leve, balançando a cabeça.
— Talvez um pouco dos dois. — Sua voz era suave, quase como um sussurro.
Após o beijo, permanecemos próximos, nossos corpos ainda se aquecendo pelo contato. Senti as mãos dele firmes em meu quadril, um gesto que me confortava e me deixava um pouco tímida ao mesmo tempo. Respirando fundo, reuni coragem para perguntar sobre o motivo de seu ódio em relação ao mundo da música. Talvez se eu soubesse o motivo de ele ser tão distante em relação à indústria, pudesse de alguma forma convencê-lo de que a música não era a pior coisa do mundo.
— , posso te perguntar algo? — Minha voz saiu um pouco hesitante, mas ele assentiu com um aceno, me encorajando a continuar. — Por que você odeia tanto o mundo da música?
— É uma longa história, . — Sua voz era carregada, pesada, como se levasse consigo muito mais do que apenas informações. — Não é que eu odeie a música em si, mas... ela me lembra de coisas que preferia esquecer. James... ele queria ser músico — ele começou, sua voz carregada de uma emoção contida. — Ele tinha tanto talento, era como se a música fluísse em suas veias. Mas as coisas não deram certo para ele.
Engoli em seco, sentindo a tristeza em sua voz.
— O que aconteceu? — perguntei, ansiosa para conhecer mais sobre a vida dele.
desviou o olhar por um momento, como se estivesse revivendo lembranças.
— Ele teve algumas oportunidades, mas acabou se envolvendo com as pessoas erradas, sua irmã já estava viciada e isso tudo fez com que a pressão se tornasse grande demais pra ele. Ele sucumbiu, assim como ela, pior que ela. A música... acabou se tornando um fardo para ele. E, no final, foi o que o levou embora. — Sua voz estava rouca, e eu podia ver a dor em seus olhos. — Antes disso, teve meu pai, que foi embora também para ser músico. Não sei, acho que, no fim das contas, a música sempre tirou pessoas de mim. Foi o fator em comum das perdas que eu tive, então meio que tento cortar o mal pela raiz.
— , se eu fosse uma cantora, você... você me amaria?
Ele pareceu ponderar por um momento, seu olhar era distante enquanto processava a pergunta. Então um sorriso sutil curvou seus lábios, carregado de uma tristeza velada, mas que eu pude reconhecer.
— Eu não sei muito bem sobre o amor, mas acho que amaria você... por um tempo. Até o momento em que você decidisse ir embora, como todos os outros.
— E se eu não fosse embora? — Sua risada foi incrédula enquanto ele me puxou mais para perto, olhando no fundo dos meus olhos de uma forma intensa, penetrante, entrando na minha cabeça, na minha alma e até na minha respiração.
— Essa é uma cidade de dez mil habitantes, não tem shopping, não tem nada que você está acostumada. Se fosse uma cantora, largaria tudo para ficar comigo aqui nesse fim de mundo? Para cuidar de ?
— Eu não sei. Podíamos ir para a cidade grande.
— E ela iria também? Ficaria longe da avó paterna e teria que se acostumar com o fato de mais uma pessoa entrando e saindo da vida dela a cada turnê?
— Eu... Eu não sei. — Minha voz saiu em um sussurro, enquanto eu me perdia na profundidade de seus olhos. — Talvez... Talvez ela pudesse se adaptar.
— Esse é o problema. Ela está tão adaptada a pessoas indo e vindo quando querem que ela não consegue mais aceitar que alguém fique. Ela não se acha boa para fazer alguém ficar em sua vida, e ela só tem sete anos. Acha que ela se acostumaria com alguém se afastando dela por trabalho? Por mais inteligente, madura e compreensiva que ela possa ser, ela é apenas uma criança que se sente rejeitada. Talvez quando ela for uma adolescente, mas, por hora... É outro tipo de adaptação que ela precisa de nós. Ela merece alguém que fique por anos, não por meses. Às vezes o que queremos não é o que é melhor para quem amamos.
— Eu entendo, mas nunca vou embora. Nunca deixaria vocês. Não tenha medo do abandono ou da mentira comigo, . Eu não sou como James, ou como seu pai, ou como . Te garanto isso, te prometo isso. Eu encontrei meu lar aqui e é muito mais do que eu poderia encontrar em qualquer show, em qualquer palco ou em qualquer lugar do mundo.
Capítulo 8
O festival de inverno da cidade era um espetáculo de cores, luzes e animação. Enquanto caminhávamos pelas ruas movimentadas, eu sentia o calor do casaco que gentilmente colocara em meus ombros. Ele carregava no colo, e juntos parecíamos uma família. Nunca imaginei que um lugar assim pudesse existir, onde as luzes dançavam sobre esculturas de gelo, criando uma atmosfera mágica e acolhedora. Sob o calor reconfortante do casaco de , eu me sentia protegida e cuidada, como se estivesse em casa pela primeira vez na vida.
O riso alegre de ecoava ao nosso redor, sua empolgação contagiante enchendo o ar com uma energia positiva. Enquanto eu olhava para ela, sentia um calor reconfortante no peito e sensação que eu tinha era a de fazer parte de algo maior. Maior que as turnês, maior que as propostas de filmes e os comerciais. Maior que e do tamanho exato de .
e eu trocávamos olhares cúmplices, compartilhando o encantamento do momento. Seus dedos roçavam levemente nos meus enquanto ele ajustava o casaco em meus ombros. Era um gesto simples, que transmitia cuidado, afeto e amor. Eu me sentia cuidada por ele de uma forma que já não me sentia há muito tempo. Era como se finalmente tivesse encontrado um lugar onde eu verdadeiramente pertencia, ao lado de e , formando uma família que eu nunca soube que estava procurando.
— Olha só, , que incrível! — exclamei, apontando para as esculturas enquanto caminhávamos em direção a elas. sorriu, compartilhando o entusiasmo da menina.
— Que tal darmos uma olhada mais de perto nessas esculturas? — sugeriu ele, recebendo um aceno animado da menina.
Enquanto estávamos ocupados fotografando entre as esculturas de gelo, um som familiar chamou nossa atenção. Olhei ao redor e meus olhos se encontraram com uma figura conhecida se aproximando. Era , mas algo estava terrivelmente errado. Seu rosto exibia os sinais evidentes de uma recaída: olhos vermelhos, inchados, e o nariz avermelhado que denunciavam uma noite de excessos e dor.
Ao lado de , a observei se aproximar, uma onda de emoções contraditórias me invadindo. Apesar de sermos gêmeas, era chocante ver como estávamos tão diferentes. Ela parecia mais velha, mais cansada, e o contraste entre nós era dolorosamente evidente.
fez uma saudação desleixada, sua voz era rouca e sem entusiasmo. Sua presença parecia lançar uma sombra sobre o clima animado que tínhamos compartilhado até então. não escondeu sua frustração e raiva diante da situação, sua expressão se tornando fechada e tensa.
— Ah, então a minha famosa irmã realmente resolveu dar o ar da graça? — O sarcasmo em sua voz era evidente. O cheiro de álcool também. — Agora que estou aqui, você pode ir embora de novo e deixar minha filha em paz.
As palavras de foram como uma punhalada, me atingindo em cheio. Engoli em seco, tentando manter a compostura diante da hostilidade dela.
— Eu vim para ajudar você, assim como você pediu, . Você precisa de ajuda, e ... — Fui interrompida por um olhar venenoso e uma risada de escárnio.
— Você já ajudou demais, . — A voz de estava carregada de desdém. — Não vou deixar que você roube minha filha de mim. Minha vida dela. — Seu tom era acusatório e tentei me convencer de que ela estava fora do seu juízo normal, por mais difícil que fosse. Eu sabia que ela precisava de ajuda, ela tinha pedido por isso. — Você acha que não percebi o que está fazendo? — ela continuou, os olhos faiscando com uma mistura de raiva e desespero. — Vi vocês dois observando, planejando, como se fossem os salvadores dela. Mas ela é minha filha. Minha. E não vou deixar que você estrague tudo novamente.
, que até então havia mantido uma postura tranquila diante da situação tensa, não conseguiu mais conter sua irritação diante das acusações de . Sua voz saiu carregada de indignação e frustração.
— Ei, você não tem o direito de falar assim com ela! — Sua voz soou firme, cortando o ar como uma espada afiada. — Ela fez em dias muito mais do que você fez em anos pela sua filha. Se você é tão mãe assim, tão responsável assim, por que abandonou para ir atrás do seu vício?
riu, uma risada amarga que se misturou às lágrimas de angústia, enquanto as palavras saíam de sua boca em um misto de sarcasmo e dor.
— Ah, você... Sempre se metendo onde não é chamado. Sempre bancando o herói. Entenda de uma vez por todas, , você é só uma cópia barata do seu irmão. Você não é o pai de e você nunca vai ser como James. — Ela cuspiu as palavras com veneno, seus olhos estavam injetados de uma raiva e tristeza inexplicáveis e repentinas. — Você é outro que devia sumir daqui. Não sabe com o que está lidando. Vai se arrepender de defender essa estrela cadente. Está se esforçando muito para defender alguém que vai embora em três dias. — Seus olhos se fixaram em , desafiadores. — O que foi? Achou mesmo que a estrelinha da música iria se apaixonar por você? Ficar aqui e assumir uma filha que não é dela? Pelo amor de Deus, não é possível que tenha sido tão ingênuo.
Eu me virei para , esperando que ele me olhasse, que me desse uma chance de explicar, mas sua expressão confusa só alimentou o fogo de , que riu com desdém.
— Ah, você não sabe, não é? — ela zombou, seus olhos brilhando com malícia. — Você achou mesmo que ela se importaria com você ou com ? Não seja tolo, . — Antes que eu pudesse falar, voltou sua ira para mim, suas palavras atingindo em cheio meu coração.
— ... Eu posso explicar.
— CALE A BOCA — ela gritou, seus olhos faiscando de raiva. — Não seja mais a fingida boazinha. Eu vim do mesmo lugar que você, e se tem alguém que te conhece sou eu. Você finge se importar, finge ligar para os outros, finge que família é tudo, mas onde você esteve quando a nossa desmoronou? Onde você esteve quando eu precisei? Você me largou para virar a cantora de merda que virou, largou a todos. — Suas palavras cortaram como facas, perfurando minha alma e trazendo à tona todas as minhas dúvidas e inseguranças. — Agradeço pelos dias que passou e pelas migalhas que ofereceu a , mas eu voltei. Pode ir embora, dê o seu show, , mas se afaste da minha filha. Você não é a mãe dela. Que bom que se tornou a cantora que sempre quis, espero que você lembre de todos que abandonou quando estiver no alto da sua carreira. Espero que veja meu rosto no olhar de cada fã que te exalta.
— Cantora? — Ele olhou para mim, sua expressão revelando uma mistura de surpresa e curiosidade. Fiquei sem jeito com a revelação repentina de minha irmã e com a reação de .
Eu não sabia exatamente o motivo que tinha escondido isso de , mas sabia que não queria que ele me visse de outra forma. Eu precisava que ele não me olhasse com outros olhos porque eu estava começando a gostar dos olhos dele sobre mim.
Eu suspirei, sentindo o nó apertar em minha garganta enquanto tentava formular minhas palavras. Nunca me senti tão vulnerável diante de alguém como me sentia naquele momento, com olhando-me com olhos que pareciam penetrar minha alma.
— , sinto muito por ter ocultado parte da verdade sobre minha vida para você. Não era minha intenção esconder isso, mas eu não queria que você me visse apenas como uma cantora. A música se tornou uma parte tão grande da minha vida que... — hesitei, sentindo uma onda de emoção ameaçar transbordar — eu não queria que você pensasse que é tudo o que eu sou. Não foi minha intenção negar quem eu era, mas quando cheguei aqui e ninguém me reconheceu foi... bom. Senti que podia fazer tudo sem ser julgada ou atacada por isso. Me senti confortável.
permaneceu em silêncio, sua expressão era séria, e quando ele finalmente falou, sua voz soou fria e distante.
— Você não me deve explicações sobre sua vida, . Eu não me importo com o que você faz ou quem você é. Não tenho interesse em saber sobre seu passado ou sua carreira. — Ele se afastou, dando alguns passos para trás, como se precisasse de espaço.
Senti um aperto no peito ao ver a mudança repentina em , como se uma parede invisível tivesse se erguido entre nós. Me senti magoada e confusa, sem entender o motivo exagerado da reação dele.
— , eu só queria que você... — comecei, mas fui interrompida pela risada amarga dele.
— O que você queria? Usar minha cidade como um refúgio para se esconder da sua fama? Ou talvez me usar como apenas mais uma distração para se afastar da realidade? — Ele soltou as palavras com uma dose de amargura, seus olhos faiscavam. — Você vai embora em breve, não é? De volta para o seu mundo de estrelato, deixando para trás, assim como sua irmã faz. O pior de tudo é que deixei você se aproximar da menina, deixei que ela começasse a se apegar a você achando que, apesar de idêntica, você teria mais caráter do que , mas é impossível. Todas vocês são iguais. A indústria muda, mas quem a ocupa é sempre o mesmo tipo de pessoa. Quer saber? Eu já até entendi o que aconteceu aqui. Você e eram gêmeas inseparáveis, até que você foi embora escolher o seu sonho e deixou sua irmã na pior. Não acho que estava errada em se escolher, mas que não fingisse. Você vem correndo quando ela chama, compaixão não faz isso. Sabe o que causa isso, ? Culpa.
Eu me senti atingida pelas palavras duras de , como se cada uma delas fosse um golpe direto ao meu coração. Sua amargura era palpável, e eu me vi sem palavras, lutando para encontrar uma resposta que pudesse dissipar a raiva e a frustração que emanavam dele, mas o que mais me atingia era que eu sabia que ele estava certo. implorou que eu não a deixasse, ela falou que precisava de mim e, mesmo assim, eu fui embora. Só tinha espaço para uma de nós na gravadora e perder essa oportunidade... não fazia parte dos meus planos. Desde então, estou sozinha nas maiores plataformas de streamings. Eu fingia não saber porque tinha sido excluída da vida da minha irmã, mas eu sabia o porquê. Eu também a excluí da minha.
— , eu não queria... — Tentei novamente, mas minhas palavras pareciam fracas e sem sentido diante da intensidade de suas acusações.
Ele ergueu uma sobrancelha, como se desafiasse minhas desculpas a terem algum peso diante do que ele acreditava ser a verdade. Seus olhos, normalmente tão calmos e gentis, agora brilhavam com uma mistura de desconfiança e ressentimento.
— Você não queria o que, exatamente? — Sua voz era cortante, como uma lâmina afiada, pronta para ferir.
Senti um nó se formando em minha garganta, a dor da rejeição pulsando dentro de mim. Eu não era como , eu não queria abandonar . Mas como eu poderia convencê-lo disso quando nem mesmo eu acreditava? Eu tinha lutado muito por uma carreira de sucesso no mundo da música, e abrir mão dela era abrir mão de mim. Eu não sabia quem eu era sem a música. Eu era , a celebridade. Eu só sabia ser ela.
— Eu vim ajudar a minha irmã. Eu só quero... queria fazer parte da vida dela, oferecer a um pouco de estabilidade, de amor... — Minha voz falhou no final, as lágrimas ameaçando transbordar.
olhou para mim por um momento, seu olhar suavizando ligeiramente antes que ele desviasse o olhar, como se lutasse contra suas próprias emoções.
— Você acha mesmo que pode oferecer estabilidade e amor a ela? — ele disse, sua voz cortante como uma lâmina afiada. Seus olhos, normalmente tão gentis, agora faiscavam com um misto de descrença e desgosto. — Você não passa de mais uma ilusão na vida dela, . Uma distração passageira antes de você voltar para seu mundo de brilho e glamour, a deixando sozinha como sua irmã fez. — Sua voz soou cansada. — Não estou bravo por mim, estou com pena da criança de sete anos que não tem ninguém para se manter na vida dela uma só vez. É isso que me irrita.
— Eu sei que não deve ter sido fácil estar sozinho para ela, mas...
— Você não sabe nada sobre o que eu passei, não sabe nada sobre as batalhas que eu lutei para cuidar de . — Ele avançou um passo, sua expressão endurecida pelo desespero e pela raiva. — Você só está aqui porque não tem mais para onde ir, porque não tem mais ninguém para te salvar. Mas eu não vou deixar você usar como uma tábua de salvação. Ela não merece ser arrastada para o seu mundo de mentiras e ilusões. Você não está tentando o que, exatamente? Mudar quem você é? Ou apenas mudar a maneira como as pessoas te veem? — Sua voz era um chicote afiado, me cortando até os ossos. — Bem, eu tenho novidades para você, . Você não pode fugir de quem você é. Você pode tentar esconder quem você é, pode tentar se esconder atrás de uma fachada de bondade e compaixão, mas, no final do dia, você sempre será a mesma pessoa egoísta e superficial que abandonou sua própria família. Você não tem ideia do que é ser mãe, . Você não tem ideia do que é se sacrificar por outra pessoa, de colocar suas próprias necessidades de lado em prol do bem-estar de outra pessoa. — Ele avançou um passo, sua expressão endurecida pelo desespero e pela raiva. — E você, , você não tem ideia do que é ser responsável por outra vida, de cuidar de uma criança e garantir que ela tenha tudo o que precisa para crescer e prosperar. Você não tem ideia do que é ser mãe, e é por isso que você nunca poderá ser uma mãe para . Então vão embora, as duas. Vão embora antes que façam ela sofrer mais.
se aproximou da cena, seus olhos cheios de lágrimas, refletindo a confusão e a angústia que estava sentindo. Ela correu para perto de , soluçando baixinho e se agarrando a ele com força, buscando conforto em seus braços fortes.
— Tio , por favor, me leva embora daqui — ela implorou, sua voz embargada pelo choro.
a envolveu em um abraço protetor, sentindo o coração apertar com a tristeza da menina. Sem dizer uma palavra, ele a pegou no colo com cuidado e começou a afastar-se da discussão, levando consigo. Eu queria ir atrás deles, queria consolá-la, mas as palavras afiadas de ambos ainda ecoavam em minha mente, me paralisando no lugar.
Ele me pediu para ir embora.
E eu fui.
O riso alegre de ecoava ao nosso redor, sua empolgação contagiante enchendo o ar com uma energia positiva. Enquanto eu olhava para ela, sentia um calor reconfortante no peito e sensação que eu tinha era a de fazer parte de algo maior. Maior que as turnês, maior que as propostas de filmes e os comerciais. Maior que e do tamanho exato de .
e eu trocávamos olhares cúmplices, compartilhando o encantamento do momento. Seus dedos roçavam levemente nos meus enquanto ele ajustava o casaco em meus ombros. Era um gesto simples, que transmitia cuidado, afeto e amor. Eu me sentia cuidada por ele de uma forma que já não me sentia há muito tempo. Era como se finalmente tivesse encontrado um lugar onde eu verdadeiramente pertencia, ao lado de e , formando uma família que eu nunca soube que estava procurando.
— Olha só, , que incrível! — exclamei, apontando para as esculturas enquanto caminhávamos em direção a elas. sorriu, compartilhando o entusiasmo da menina.
— Que tal darmos uma olhada mais de perto nessas esculturas? — sugeriu ele, recebendo um aceno animado da menina.
Enquanto estávamos ocupados fotografando entre as esculturas de gelo, um som familiar chamou nossa atenção. Olhei ao redor e meus olhos se encontraram com uma figura conhecida se aproximando. Era , mas algo estava terrivelmente errado. Seu rosto exibia os sinais evidentes de uma recaída: olhos vermelhos, inchados, e o nariz avermelhado que denunciavam uma noite de excessos e dor.
Ao lado de , a observei se aproximar, uma onda de emoções contraditórias me invadindo. Apesar de sermos gêmeas, era chocante ver como estávamos tão diferentes. Ela parecia mais velha, mais cansada, e o contraste entre nós era dolorosamente evidente.
fez uma saudação desleixada, sua voz era rouca e sem entusiasmo. Sua presença parecia lançar uma sombra sobre o clima animado que tínhamos compartilhado até então. não escondeu sua frustração e raiva diante da situação, sua expressão se tornando fechada e tensa.
— Ah, então a minha famosa irmã realmente resolveu dar o ar da graça? — O sarcasmo em sua voz era evidente. O cheiro de álcool também. — Agora que estou aqui, você pode ir embora de novo e deixar minha filha em paz.
As palavras de foram como uma punhalada, me atingindo em cheio. Engoli em seco, tentando manter a compostura diante da hostilidade dela.
— Eu vim para ajudar você, assim como você pediu, . Você precisa de ajuda, e ... — Fui interrompida por um olhar venenoso e uma risada de escárnio.
— Você já ajudou demais, . — A voz de estava carregada de desdém. — Não vou deixar que você roube minha filha de mim. Minha vida dela. — Seu tom era acusatório e tentei me convencer de que ela estava fora do seu juízo normal, por mais difícil que fosse. Eu sabia que ela precisava de ajuda, ela tinha pedido por isso. — Você acha que não percebi o que está fazendo? — ela continuou, os olhos faiscando com uma mistura de raiva e desespero. — Vi vocês dois observando, planejando, como se fossem os salvadores dela. Mas ela é minha filha. Minha. E não vou deixar que você estrague tudo novamente.
, que até então havia mantido uma postura tranquila diante da situação tensa, não conseguiu mais conter sua irritação diante das acusações de . Sua voz saiu carregada de indignação e frustração.
— Ei, você não tem o direito de falar assim com ela! — Sua voz soou firme, cortando o ar como uma espada afiada. — Ela fez em dias muito mais do que você fez em anos pela sua filha. Se você é tão mãe assim, tão responsável assim, por que abandonou para ir atrás do seu vício?
riu, uma risada amarga que se misturou às lágrimas de angústia, enquanto as palavras saíam de sua boca em um misto de sarcasmo e dor.
— Ah, você... Sempre se metendo onde não é chamado. Sempre bancando o herói. Entenda de uma vez por todas, , você é só uma cópia barata do seu irmão. Você não é o pai de e você nunca vai ser como James. — Ela cuspiu as palavras com veneno, seus olhos estavam injetados de uma raiva e tristeza inexplicáveis e repentinas. — Você é outro que devia sumir daqui. Não sabe com o que está lidando. Vai se arrepender de defender essa estrela cadente. Está se esforçando muito para defender alguém que vai embora em três dias. — Seus olhos se fixaram em , desafiadores. — O que foi? Achou mesmo que a estrelinha da música iria se apaixonar por você? Ficar aqui e assumir uma filha que não é dela? Pelo amor de Deus, não é possível que tenha sido tão ingênuo.
Eu me virei para , esperando que ele me olhasse, que me desse uma chance de explicar, mas sua expressão confusa só alimentou o fogo de , que riu com desdém.
— Ah, você não sabe, não é? — ela zombou, seus olhos brilhando com malícia. — Você achou mesmo que ela se importaria com você ou com ? Não seja tolo, . — Antes que eu pudesse falar, voltou sua ira para mim, suas palavras atingindo em cheio meu coração.
— ... Eu posso explicar.
— CALE A BOCA — ela gritou, seus olhos faiscando de raiva. — Não seja mais a fingida boazinha. Eu vim do mesmo lugar que você, e se tem alguém que te conhece sou eu. Você finge se importar, finge ligar para os outros, finge que família é tudo, mas onde você esteve quando a nossa desmoronou? Onde você esteve quando eu precisei? Você me largou para virar a cantora de merda que virou, largou a todos. — Suas palavras cortaram como facas, perfurando minha alma e trazendo à tona todas as minhas dúvidas e inseguranças. — Agradeço pelos dias que passou e pelas migalhas que ofereceu a , mas eu voltei. Pode ir embora, dê o seu show, , mas se afaste da minha filha. Você não é a mãe dela. Que bom que se tornou a cantora que sempre quis, espero que você lembre de todos que abandonou quando estiver no alto da sua carreira. Espero que veja meu rosto no olhar de cada fã que te exalta.
— Cantora? — Ele olhou para mim, sua expressão revelando uma mistura de surpresa e curiosidade. Fiquei sem jeito com a revelação repentina de minha irmã e com a reação de .
Eu não sabia exatamente o motivo que tinha escondido isso de , mas sabia que não queria que ele me visse de outra forma. Eu precisava que ele não me olhasse com outros olhos porque eu estava começando a gostar dos olhos dele sobre mim.
Eu suspirei, sentindo o nó apertar em minha garganta enquanto tentava formular minhas palavras. Nunca me senti tão vulnerável diante de alguém como me sentia naquele momento, com olhando-me com olhos que pareciam penetrar minha alma.
— , sinto muito por ter ocultado parte da verdade sobre minha vida para você. Não era minha intenção esconder isso, mas eu não queria que você me visse apenas como uma cantora. A música se tornou uma parte tão grande da minha vida que... — hesitei, sentindo uma onda de emoção ameaçar transbordar — eu não queria que você pensasse que é tudo o que eu sou. Não foi minha intenção negar quem eu era, mas quando cheguei aqui e ninguém me reconheceu foi... bom. Senti que podia fazer tudo sem ser julgada ou atacada por isso. Me senti confortável.
permaneceu em silêncio, sua expressão era séria, e quando ele finalmente falou, sua voz soou fria e distante.
— Você não me deve explicações sobre sua vida, . Eu não me importo com o que você faz ou quem você é. Não tenho interesse em saber sobre seu passado ou sua carreira. — Ele se afastou, dando alguns passos para trás, como se precisasse de espaço.
Senti um aperto no peito ao ver a mudança repentina em , como se uma parede invisível tivesse se erguido entre nós. Me senti magoada e confusa, sem entender o motivo exagerado da reação dele.
— , eu só queria que você... — comecei, mas fui interrompida pela risada amarga dele.
— O que você queria? Usar minha cidade como um refúgio para se esconder da sua fama? Ou talvez me usar como apenas mais uma distração para se afastar da realidade? — Ele soltou as palavras com uma dose de amargura, seus olhos faiscavam. — Você vai embora em breve, não é? De volta para o seu mundo de estrelato, deixando para trás, assim como sua irmã faz. O pior de tudo é que deixei você se aproximar da menina, deixei que ela começasse a se apegar a você achando que, apesar de idêntica, você teria mais caráter do que , mas é impossível. Todas vocês são iguais. A indústria muda, mas quem a ocupa é sempre o mesmo tipo de pessoa. Quer saber? Eu já até entendi o que aconteceu aqui. Você e eram gêmeas inseparáveis, até que você foi embora escolher o seu sonho e deixou sua irmã na pior. Não acho que estava errada em se escolher, mas que não fingisse. Você vem correndo quando ela chama, compaixão não faz isso. Sabe o que causa isso, ? Culpa.
Eu me senti atingida pelas palavras duras de , como se cada uma delas fosse um golpe direto ao meu coração. Sua amargura era palpável, e eu me vi sem palavras, lutando para encontrar uma resposta que pudesse dissipar a raiva e a frustração que emanavam dele, mas o que mais me atingia era que eu sabia que ele estava certo. implorou que eu não a deixasse, ela falou que precisava de mim e, mesmo assim, eu fui embora. Só tinha espaço para uma de nós na gravadora e perder essa oportunidade... não fazia parte dos meus planos. Desde então, estou sozinha nas maiores plataformas de streamings. Eu fingia não saber porque tinha sido excluída da vida da minha irmã, mas eu sabia o porquê. Eu também a excluí da minha.
— , eu não queria... — Tentei novamente, mas minhas palavras pareciam fracas e sem sentido diante da intensidade de suas acusações.
Ele ergueu uma sobrancelha, como se desafiasse minhas desculpas a terem algum peso diante do que ele acreditava ser a verdade. Seus olhos, normalmente tão calmos e gentis, agora brilhavam com uma mistura de desconfiança e ressentimento.
— Você não queria o que, exatamente? — Sua voz era cortante, como uma lâmina afiada, pronta para ferir.
Senti um nó se formando em minha garganta, a dor da rejeição pulsando dentro de mim. Eu não era como , eu não queria abandonar . Mas como eu poderia convencê-lo disso quando nem mesmo eu acreditava? Eu tinha lutado muito por uma carreira de sucesso no mundo da música, e abrir mão dela era abrir mão de mim. Eu não sabia quem eu era sem a música. Eu era , a celebridade. Eu só sabia ser ela.
— Eu vim ajudar a minha irmã. Eu só quero... queria fazer parte da vida dela, oferecer a um pouco de estabilidade, de amor... — Minha voz falhou no final, as lágrimas ameaçando transbordar.
olhou para mim por um momento, seu olhar suavizando ligeiramente antes que ele desviasse o olhar, como se lutasse contra suas próprias emoções.
— Você acha mesmo que pode oferecer estabilidade e amor a ela? — ele disse, sua voz cortante como uma lâmina afiada. Seus olhos, normalmente tão gentis, agora faiscavam com um misto de descrença e desgosto. — Você não passa de mais uma ilusão na vida dela, . Uma distração passageira antes de você voltar para seu mundo de brilho e glamour, a deixando sozinha como sua irmã fez. — Sua voz soou cansada. — Não estou bravo por mim, estou com pena da criança de sete anos que não tem ninguém para se manter na vida dela uma só vez. É isso que me irrita.
— Eu sei que não deve ter sido fácil estar sozinho para ela, mas...
— Você não sabe nada sobre o que eu passei, não sabe nada sobre as batalhas que eu lutei para cuidar de . — Ele avançou um passo, sua expressão endurecida pelo desespero e pela raiva. — Você só está aqui porque não tem mais para onde ir, porque não tem mais ninguém para te salvar. Mas eu não vou deixar você usar como uma tábua de salvação. Ela não merece ser arrastada para o seu mundo de mentiras e ilusões. Você não está tentando o que, exatamente? Mudar quem você é? Ou apenas mudar a maneira como as pessoas te veem? — Sua voz era um chicote afiado, me cortando até os ossos. — Bem, eu tenho novidades para você, . Você não pode fugir de quem você é. Você pode tentar esconder quem você é, pode tentar se esconder atrás de uma fachada de bondade e compaixão, mas, no final do dia, você sempre será a mesma pessoa egoísta e superficial que abandonou sua própria família. Você não tem ideia do que é ser mãe, . Você não tem ideia do que é se sacrificar por outra pessoa, de colocar suas próprias necessidades de lado em prol do bem-estar de outra pessoa. — Ele avançou um passo, sua expressão endurecida pelo desespero e pela raiva. — E você, , você não tem ideia do que é ser responsável por outra vida, de cuidar de uma criança e garantir que ela tenha tudo o que precisa para crescer e prosperar. Você não tem ideia do que é ser mãe, e é por isso que você nunca poderá ser uma mãe para . Então vão embora, as duas. Vão embora antes que façam ela sofrer mais.
se aproximou da cena, seus olhos cheios de lágrimas, refletindo a confusão e a angústia que estava sentindo. Ela correu para perto de , soluçando baixinho e se agarrando a ele com força, buscando conforto em seus braços fortes.
— Tio , por favor, me leva embora daqui — ela implorou, sua voz embargada pelo choro.
a envolveu em um abraço protetor, sentindo o coração apertar com a tristeza da menina. Sem dizer uma palavra, ele a pegou no colo com cuidado e começou a afastar-se da discussão, levando consigo. Eu queria ir atrás deles, queria consolá-la, mas as palavras afiadas de ambos ainda ecoavam em minha mente, me paralisando no lugar.
Ele me pediu para ir embora.
E eu fui.
Capítulo 9
Três dias haviam se passado desde aquele confronto angustiante na praça. passou esse tempo na casa de , encontrando conforto e segurança nos braços do tio, e eu sabia que ela estava segura. Não havia nenhum outro lugar melhor para ela do que ao lado do bibliotecário preocupado, cuidadoso e admirável que eu havia conhecido.
Enquanto me perdia nos pensamentos, terminei de fazer as malas e chamei o funcionário do hotel para levar minha bagagem até a saída. Ao caminhar pelo corredor em direção à recepção, senti um nó se formar em minha garganta. Era difícil dizer adeus, mesmo sabendo que era necessário. Na recepção, troquei algumas palavras rápidas com os funcionários. Depois da confusão, alguns habitantes pesquisaram o meu nome, reconhecendo quem eu era. Não demorou até que o conflito familiar se tornasse palco de mais uma matéria focada para me atacar, mas houve também os que me defenderam. Tentei manter um sorriso no rosto apesar da tristeza que sentia. Finalmente, com a ajuda de nossos pais, consegui convencer a procurar ajuda e iniciar o processo de reabilitação. Sentia que eu tinha feito o que havia ido fazer, mas agora era minha vez de partir.
O som da minha música preencheu o ambiente da recepção enquanto eu aguardava o meu check-out, ecoando pelos corredores do hotel. Um calafrio percorreu minha espinha enquanto reconhecia os acordes familiares, como se uma parte de mim estivesse sendo chamada para fora, para o mundo lá fora, onde a melodia ressoava. Caminhei em passos lentos e desconfiados para o lado de fora do lugar.
estava lá, segurando uma caixa de som com um sorriso radiante no rosto, seus olhos brilhavam com uma empolgação infantil. Ao seu lado, estava de pé, sua expressão séria substituída por uma serenidade surpreendente, enquanto ele cantava trechos da minha própria música. Fiquei paralisada, incapaz de acreditar no que estava vendo e ouvindo e sentindo. , o homem que havia manifestado tanto desprezo pela música, estava ali, interpretando minhas próprias palavras com uma emoção que eu jamais imaginaria ver nele.
— ... — comecei, mas as palavras pareciam se emaranhar em minha garganta, incapazes de expressar a intensidade do que eu estava sentindo.
— Eu sempre achei que a música tirou tudo de mim. Que a música tinha uma faceta que eu não podia encarar porque todos iam embora. Eu nunca quis me envolver com alguém do ramo porque a ideia do abandono me doeu e talvez por isso eu quis tanto ser a pessoa que ficava aqui quando todos iam, mas eu percebi que muito pior do que viver em um mundo de música, é viver sem você, . E é por isso que, por você, eu enfrento qualquer acorde. Por você, eu danço, eu canto, eu vivo e eu me permito, se assim você aceitar. Eu não consigo encarar a música, mas eu ainda espero desesperadamente que você queira dançar comigo. Dance comigo, . Cante comigo, me deixe ouvir sua voz e sentir sua pele, mas nunca me deixe nenhum outro dia sem você.
As lágrimas inundaram meus olhos, transbordando de emoção diante das palavras sinceras de . Ele havia desarmado todas as minhas defesas, revelando a vulnerabilidade que ele escondia por trás de sua fachada de dureza. E ali, naquele momento, eu soube que não havia mais nada que eu pudesse querer além dele.
— ... — murmurei, minha voz embargada pela emoção. — Eu... Eu dançaria com você a cada batida do coração, cantaria com você a cada suspiro da alma. E jamais, jamais, eu deixaria um dia passar sem você ao meu lado. Eu te amo, . Mais do que palavras podem dizer, mais do que melodias podem expressar. Eu te amo, com todo o meu ser.
Ali, naquele momento, entre notas e acordes, percebi que não importava para onde a vida nos levasse, estávamos unidos por algo muito maior do que nós mesmos. E enquanto a música continuava a nos envolver, eu soube que, não importava o que o futuro reservasse, estávamos prontos para enfrentá-lo juntos, como uma família.
Enquanto me perdia nos pensamentos, terminei de fazer as malas e chamei o funcionário do hotel para levar minha bagagem até a saída. Ao caminhar pelo corredor em direção à recepção, senti um nó se formar em minha garganta. Era difícil dizer adeus, mesmo sabendo que era necessário. Na recepção, troquei algumas palavras rápidas com os funcionários. Depois da confusão, alguns habitantes pesquisaram o meu nome, reconhecendo quem eu era. Não demorou até que o conflito familiar se tornasse palco de mais uma matéria focada para me atacar, mas houve também os que me defenderam. Tentei manter um sorriso no rosto apesar da tristeza que sentia. Finalmente, com a ajuda de nossos pais, consegui convencer a procurar ajuda e iniciar o processo de reabilitação. Sentia que eu tinha feito o que havia ido fazer, mas agora era minha vez de partir.
O som da minha música preencheu o ambiente da recepção enquanto eu aguardava o meu check-out, ecoando pelos corredores do hotel. Um calafrio percorreu minha espinha enquanto reconhecia os acordes familiares, como se uma parte de mim estivesse sendo chamada para fora, para o mundo lá fora, onde a melodia ressoava. Caminhei em passos lentos e desconfiados para o lado de fora do lugar.
estava lá, segurando uma caixa de som com um sorriso radiante no rosto, seus olhos brilhavam com uma empolgação infantil. Ao seu lado, estava de pé, sua expressão séria substituída por uma serenidade surpreendente, enquanto ele cantava trechos da minha própria música. Fiquei paralisada, incapaz de acreditar no que estava vendo e ouvindo e sentindo. , o homem que havia manifestado tanto desprezo pela música, estava ali, interpretando minhas próprias palavras com uma emoção que eu jamais imaginaria ver nele.
— ... — comecei, mas as palavras pareciam se emaranhar em minha garganta, incapazes de expressar a intensidade do que eu estava sentindo.
— Eu sempre achei que a música tirou tudo de mim. Que a música tinha uma faceta que eu não podia encarar porque todos iam embora. Eu nunca quis me envolver com alguém do ramo porque a ideia do abandono me doeu e talvez por isso eu quis tanto ser a pessoa que ficava aqui quando todos iam, mas eu percebi que muito pior do que viver em um mundo de música, é viver sem você, . E é por isso que, por você, eu enfrento qualquer acorde. Por você, eu danço, eu canto, eu vivo e eu me permito, se assim você aceitar. Eu não consigo encarar a música, mas eu ainda espero desesperadamente que você queira dançar comigo. Dance comigo, . Cante comigo, me deixe ouvir sua voz e sentir sua pele, mas nunca me deixe nenhum outro dia sem você.
As lágrimas inundaram meus olhos, transbordando de emoção diante das palavras sinceras de . Ele havia desarmado todas as minhas defesas, revelando a vulnerabilidade que ele escondia por trás de sua fachada de dureza. E ali, naquele momento, eu soube que não havia mais nada que eu pudesse querer além dele.
— ... — murmurei, minha voz embargada pela emoção. — Eu... Eu dançaria com você a cada batida do coração, cantaria com você a cada suspiro da alma. E jamais, jamais, eu deixaria um dia passar sem você ao meu lado. Eu te amo, . Mais do que palavras podem dizer, mais do que melodias podem expressar. Eu te amo, com todo o meu ser.
Ali, naquele momento, entre notas e acordes, percebi que não importava para onde a vida nos levasse, estávamos unidos por algo muito maior do que nós mesmos. E enquanto a música continuava a nos envolver, eu soube que, não importava o que o futuro reservasse, estávamos prontos para enfrentá-lo juntos, como uma família.
So one more night
I'm gonna choose
I don't wanna face the music
But I still wanna dance with you
I'm gonna choose
I don't wanna face the music
But I still wanna dance with you
FIM
Nota da autora: Sem nota.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.