05. Just for

Fanfic finalizada: 15/08/2021

Capítulo único

07/06/2011

Era a primeira festa organizada pelos calouros de medicina para comemorar o final do semestre, estavam em seu segundo ano, não tinham dado sua festa de calourada e a casa que foi cedida não poderia se encontrar mais cheia, a cozinha foi totalmente montada para ser um bar improvisado, com diversas bebidas expostas na mesa, a sala de jantar como sendo um espaço de jogos, como o Beer pong, a sala de estar um lugar mais reservado para quem preferia um pouco mais de silêncio, algumas pessoas estavam no centro jogando verdade ou consequência, a festa mesmo acontecia na área externa, jogos de luzes espalhados pelo local deixando todos ali ainda mais entorpecidos pela música, as pessoas dançavam na frente do pequeno palco improvisado para o DJ, entregues aquela noite, outras estavam jogados na piscina como se não fizesse frio algum, todos riam como se tudo fosse magicamente perfeito.
E ali era, tudo era possível, a noite poderia ficar ainda mais mágica. que de nada parecia com aquele ambiente, sempre sendo taxada como a sem graça, comum demais aos olhos dos outros, mas naquela noite tudo seria magico, estava ali por ser mais uma caloura de medicina e uma das responsáveis por aquele evento que entraria para história, tudo em que se envolvia, por mais simples que fosse, dava tudo de si e ali estava a prova, tudo pela casa tinha tema do seu curso, doses de bebidas servidas em seringas, luvas servindo de balões, universitários usando jalecos e por baixo apenas roupas intimas e ela não estava muito diferente, por debaixo de seu jaleco semi-amarrado, usava um top preto de rendas e um mini short, os cabelos na altura da sua cintura estavam com alguns cachos e a maquiagem o mais discreta possível, marcando apenas os lábios com um vermelho sangue, ela estava com toda certeza atraindo mais olhares do que esperava, todo aquele ar de inocência que tentava transferir a deixava ainda mais sexy e ela não podia negar que estava adorando, apesar de ser focada em seu objetivo e com isso parecer nerd demais, ela era mulher e amava ser desejada e mesmo que muitos duvidassem, gostava de viver aventuras.
Ela caminhou entre os espaços da área externa, checava se tinha algum problema e decidiu dar uma olhada no interior da sala. Pegou na mesa um copo, colocou vodca, gelo e energético, aproveitou e tirou do bolso do jaleco uma bala de êxtase e quebrou na metade colocando dentro do copo. Quando percebeu que já tinha dissolvido bebeu alguns goles e começou a andar até a sala, esperando sentir um pouco do efeito da droga com o álcool, ela não se privava de viver aquilo as vezes.

- Ei, , vem cá... – Taylor, sua amiga de curso e com quem dividia um pequeno apartamento perto da faculdade a chamava acenando exageradamente para a roda em que se encontrava na sala jogando verdade ou consequência, deveria ter em média 6 pessoas ali. sorriu, olhando para todos como forma de cumprimento e se sentou ao lado da amiga. vendo a garrafa girar e parar em Taylor e um garoto na sua frente. Bebeu mais um pouco olhando distraidamente para o tal rapaz, sem de fato focar nele. Sentia os dedos começarem a formigar e uma euforia começar a surgir em seu ventre. - Ele é um gato... - Taylor sussurrou e a outra a olhou fazendo um som mudo de “quem?”, acompanhando o queixo da amiga ao apontar para o rapaz, comprovando que ele realmente era muito bonito, deveria ser mais velho que elas, tinha um maxilar bem definido, os cabelos usados de uma forma bagunçada, parecia gritar por uma tesoura pelo tamanho um pouco mais longo, que dava um ar de despojado e cravava um sorrisinho no canto dos lábios, sacana. conseguia decifrá-lo com total facilidade, ele era um belo de um galinha, tudo nele exalava sexualidade. - Te desafio a dar um selinho em cada garota que ficaria dessa roda. - Taylor o desafiou olhando para a amiga e piscando um dos olhos.
observou ele levantar dando um riso baixo e reparou no corpo de estatura alta, algo por volta de 1,80 de altura, com braços definidos e não exagerados, com toda certeza deveria ser algum atleta da faculdade ou gastava boas horas na academia, ele foi até uma garota ali e encostou seus lábios ao dela levemente, foi até Taylor e riu, trocaram um olhar cumplice que mostrava que eles se conheciam a muito tempo, ele se abaixou e virou para , colocou uma mexa do cabelo da mais nova atrás de sua orelha e se aproximou lentamente, dando um selinho na menina que estava atônita em seu lugar, sentindo aquele pequeno toque se intensificar ainda mais por conta do seu segredinho dentro do copo, e sentiu os lábios macios dele, conseguia sentir um gosto de maconha com menta, não poderia mentir, se deliciou em um demorado selinho. Ele se ergueu como se não tivesse importância alguma e o jogo retornou, mas na verdade ele queria muito mais, sabia que aquela garota não o enganava, ela escondia algo gostoso demais para tamanha inocência.
- , verdade ou consequência? - Uma das garotas perguntou.
- Verdade. - disse e bebeu um longo gole de seu copo, comprovando que tinha acabado e tudo vibrava cada vez mais dentro de si, a ansiedade pela pergunta, a vontade de dançar, beijar. Não de beijar qualquer um, mas sim ele.
- É verdade que você é uma das calouras que nunca caiu nos encantos ou cama do ? - ela falou, fazendo a garota arregalar os olhos ao constatar quem era o tal cara, que apenas ergue o copo para ela e riu discretamente.
- Não sabia nem quem ele era até poucos segundos atras. - Mentiu, estava caidinha pelo cara, conhecia sua fama pelos corredores, sabia do prodígio que a engenharia tinha e que era um grande galinha, mas nunca tinha o conhecido e ali estava ele.
- Outch. - Ele disse colocando a mão no peito, rindo leve. - Assim você me fere, gatinha.
- Uma que não alimenta seu ego, babe - Taylor disse rindo.
O jogo retornou e já estava alegre e solta demais, fazendo perguntas mais descaradas, respondendo coisas mais safadas, havia aceitado um desafio de beber álcool da barriga de uma das garotas, beijo triplo e estava amando sua noite, já havia sido desafiada a tirar o jaleco, uma vez na vida ela não estava medindo consequências sobre os seus atos e apenas vivendo aquela noite, com desconhecidos. Estava deitada, sentindo a bebida ser colocada em sua barriga até o umbigo e cravou seus olhos em esperando pelos próximos passos, o seu desafio era beber todo o álcool no corpo da menina, as pupilas dele estava dilatadas em total desejo, o corpo pequeno, curvilíneo, desenhado em curvas marcadas em cintura e quadril o atraiam, fazia sua boca secar e uma vontade imensa de atacar aquela garota, se trancar com ela e fazer muito barulho, se fundir a ela e a mostrar um prazer de verdade. Ela sentiu pela primeira vez depois do uso da bala seu corpo se tencionar, não conseguia ficar relaxada, sentia o seu interior formigar com a simples menção daquela língua em seu corpo e acompanhou com o olhar todos os passos dele, quando ele se abaixou lentamente e soltou o ar pela boca na barriga dela, vendo-a se contrair e arrepiar com aquele ato, seu maxilar estava travado, sentia a garganta seca, passou sua língua, sugando levemente em alguns pontos o álcool, sentindo o gosto dela e de algo cítrico misturado à vodca, todo o seu corpo junto ao dela reagiam a aquele toque, arrepios para ambos os lados e pensamentos totalmente impróprios, ela reprimia o gemido que estava preso em sua garganta e sentia sua calcinha vergonhosamente molhada, ali estava sendo criada uma grande tensão sexual e nada poderia quebrar aquele momento deles. Todos observam de fora e sentiam o calor emanar, sentiam o tesão que vinha. Ele ergueu o rosto quando terminou o seu serviço e a fitou, vendo os olhos da garota transbordar desejo, se via daquela mesma forma, sentindo seu pau latejar dentro da calça.

I want to
Take his eyes out
Just for looking at you
Yes I do
I want to
Take his hands off
Just for touching you
Yes I do
(Eu quero
Arrancar os olhos dele
Apenas por ele te olhar
Sim eu quero
Eu quero
Arrancar as mãos dele
Apenas por te tocar
Sim eu quero)


- Uau, vocês me deixaram excitado. - Um dos garotos falou ali para quebrar todo o clima que parecia palpável para todos. Todos riram e aqueles dois continuavam se encarando. Até cada um voltar ao seu lugar em um surto de coragem.
- , te desafio a ficar 5 minutos trancada comigo. - Ele disse sorrindo de canto, quando por um milagre a garrafa parou nos dois.
- Você não se contenta de que eu não caio no seu charme? Eu sou anestesiada de tipos como você, baby boy - ela disse se levantando enquanto era guiada por ele.
- Oras, não vou tentar nada com você. Nunca disse que tentaria. - Ele disse e, quando ela ia rebater, ele apenas sussurrou em seu ouvido. – Ainda...
Entraram em um salinha, ele não se deu ao trabalho de ligar a luz ou observar melhor o ambiente, queria apenas beijar aquela garota e não mediu esforço para concretizar seu desejo, desde o maldito selinho, sentiu sua boca formigar pela inocência fajuta da menina, juntou seu corpo ao dela em um beijo feroz, nada calmo com gosto de vodka e cigarro, a empurrou o ate encontrar uma parede, passou a mão por suas pernas, a erguendo e roçando sua ereção que começava a surgir em sua intimidade coberta apenas por um mini short, a garota em resposta mordeu o seu lábio soltando o gemido que abafou durante a noite.
- Sabe, acho que até vale a pena ceder a você e comprovar que não é nada se comparado ao que dizem. - Ela disse provocando-o. Aquilo foi o suficiente para ele a mostrar do que realmente ele era capaz, transaram ali loucamente, não se importavam com o barulho que faziam, apenas aproveitaram um ao outro, os toques, o sabor e cada nova sensação que aquela noite trouxe.

01/04/2015

- Sério , qual o meu problema? - A garota bufou, batendo a tela do notebook para fechar e ele, que estava deitado em sua cama mexendo no celular, apenas riu. - Para de rir, eu não sei mais o que fazer, estou cansada, quero um namorado para poder transar sem me preocupar com todo aquele papo que você tem que ter, quero terminar logo essa faculdade e quero que você volte para sua casa.
- Qual é , já moro aqui e eu já te disse que não precisa de namorado, sempre que precisar estou aqui. - Ele respondeu piscando um olho para garota de forma sedutora, a verdade é que não tinha efeito algum sobre ela. A menina bufou e revirou os olhos, se rendendo e rindo. - Mas se te motiva, hoje tem uma festa em um pub aqui perto, o pessoal vai, o que acha? Se você ficar bêbada eu te trago em casa.
- Pode ser. – Ela disse, procurando um pouco mais de ânimo, estava cansada pelo final do semestre, estava cansada de tantos relacionamentos fracassado e principalmente por não conseguir focar em algo, sentiu picos de ansiedade a atingirem cada vez mais e mais, principalmente depois que começou a parar de usar remédios paliativos mais definidos como drogas, estava irritada o tempo todo e somente para aguentá-la.
-Vou para casa me arrumar e as 21 horas passo aqui - ele levantou e saiu do quarto dela, indo em direção ao seu apartamento.
A verdade é que depois da transa deles na festa, os dois ainda tentaram algo, começaram a sair, beber, foram para cama algumas vezes, aproveitaram algumas festas juntos, mas não deu muito certo, o rapaz era galinha demais, tentou ao máximo não se chatear com as vezes que levou bolo e descobriu que ele estava com outra, ou das vezes em que viu algo em seu celular só pela barra de notificações e isso se tornava um bloqueio enorme para ela. Não foi difícil a escolha, após uma conversa franca, perceberam que combinavam mais como amigos do que parceiros amorosos e optaram por manter aquilo tudo em apenas amizade, o que estava funcionando bem, eles passavam horas do dia juntos, passeavam, assistiam filmes, iam a festas e quase sempre ele quem cuidava dela depois de um porre, isso quando não ia embora acompanhado de alguém.
De fato, nos últimos dias, os dois estavam mais afastados, ela estava em etapa de provas e se encaminhava para focar em sua residência, enquanto ele já havia terminado a sua faculdade e passava o dia no trabalho e às vezes chegava tão cansado que não se importava com mais nada além de sua cama, mas não poderia negar que o coração andava sentindo falta de mais outra coisa, ou melhor, pessoa. Foi por isso que após seu expediente de sexta não hesitou em ir direto para a casa da amiga só para observá-la estudar, ou escutar seus resmungos sobre mais um relacionamento fracassado.
Ela havia tido um namorado nesse período, mas o cara era inseguro demais para conviver com uma mulher como , não conseguia lidar com o fato de ela ter amigos homens e por compartilhar uma parte da vida dela com eles, ou como ela era bem mais inteligente que ele, a verdade é que todos que um dia tentaram entrar em sua vida fugiram como patinhos com medo de serem inferiores a ela. Grandes babacas, isso era o que sempre pensava quando via a amiga chorando em seu colo por mais um idiota sem noção. De todos ele foi o único que sempre a desafiou a ser alguém melhor, havia visto a menina de quatro anos atrás se tornar uma mulher, acompanhou suas vitórias e derrotas, segurou seus cabelos diversas vezes enquanto tentava ficar limpa do início de seu vicio pelo uso exagerado de remédios para se drogar, a ajudou com a louça, com a limpeza da casa, com o coração partido e com o autoconhecimento, de fato, sabia que ela seria uma excelente cirurgiã cardiologista e seria sempre a sua melhor amiga, por quem um dia foi apaixonado e a deixou escapar por ser idiota demais.
Hoje, com os seus 27 anos, não conseguia mais ser o mesmo rapaz daquela época, não tinha o mesmo pique, hoje era um homem que tinha contas para pagar no final do mês e um emprego que demandava de sua atenção com projetos complexos, tinha sua carreira e suas prioridades deixaram de ser festas, álcool e mulheres, na realidade, as únicas mulheres mais presentes em sua vida eram sua secretaria Wendy, sua mãe que o ajudava com as comidas da semana e que era com quem dividia a vida, sem de fato terem algo. Naquela noite estava disposto a aproveitar um pouco, precisava relaxar.
No horário marcado, chegou na frente da casa de sua amiga e mandou uma mensagem, ela em menos de cinco minutos saia do seu prédio e caminhava em direção ao carro. E como sempre acontecia, ele a observava caminhar como se estivesse sendo observava por diversos críticos da beleza, desfilava, rebolava levemente a bunda em cada passo que dava, o vestido azul escuro contrastava com a tonalidade da pele dela, os lábios marcados por um batom vermelho, os olhos com pouca maquiagem, característico da , da sua . Ele a achava tão linda, como se tivesse sido tirada do Olímpio dos Deuses, ele tinha absoluta certeza de que ela havia sido esculpida ali.
- , limpa a boca. - Ela disse enquanto afivelava o cinto, já dentro o carro. – Se você não fosse meu melhor amigo, eu te agarrava agora.
- Cala boca vai, já estou me arrependendo... - ele disse bufando e ela riu. Foram em silêncio até o tal pub que mais se parecia uma boate.
Lá era a personificação do perigo, todos pareciam bêbados demais ou chapados de algo que com toda certeza se interessou, havia sido uma luta para ela se limpar daquele vicio ridículo que começou a aflorar na faculdade, a havia ajudado em todos os momentos e ela era extremamente grata a ele por isso. Mas hoje sentia uma necessidade ridícula de aliviar a tensão do ultimo mês, precisava sentir a euforia em seu estomago, a cabeça ficar leve e tudo ao redor ser intenso. Precisava sentir o êxtase da vida. A noite com toda certeza seria memorável se ela conseguisse algo e ali não seria difícil.
Caminharam até encontrar os amigos em uma mesa mais para o canto, algumas coisas não haviam mudado, aquele mesmo grupo de quatro anos atrás se tornou algo para a vida, sempre que podiam se reuniam, as vezes não conseguiam juntar todos, mas a maioria sim. Taylor não disfarçou em nada a secada que deu em assim que eles se aproximaram da mesa, algo que reparou e odiou, sentiu um enjoo na boca de seu estômago e uma vontade de mandar a amiga não olhar demais, mas não podia, afinal eles eram seus amigos e ela nada tinha com ele. Apenas ciúmes de amiga. Pelo menos era o que dizia a si mesma.
- Você quer algo, ? - perguntou no ouvido da garota quando eles já estavam sentados com todos conversando sobre as aventuras da semana.
- Vodca com energético, por favor. - Ela disse com um sorriso contido, estava mais retraída que o normal. Tentava a todo custo justificar como sendo o cansaço da semana e não o fato de Taylor comer com os olhos.
- Velhos tempos? - ele disse rindo
- Velhos tempos. - Ela disse, dando um sorriso de fato. Era sempre isso que bebia quando estava com ele quando se conheceram, havia mudado para a cerveja depois da intimidade que adquiriu com ele e foi aprendendo a gostar das mesmas coisas que ele. Mas naquela noite precisava de algo mais forte. O viu se levantar e se distanciar, observava cada passo dele e como algumas mulheres o miravam e ele parecia tão alheio a isso, quando na realidade sabia que era desejado e observado.
- Vocês realmente não têm nada? - Taylor disse baixinho fazendo com que a olhasse de lado. - Digo, além de amizade.

And I want to
Rip his heart out
Just for hurting you
And I want to
Break his mind down
Yes I do
(E eu quero
Arrancar fora o coração dele
Apenas por te machucar
E eu quero
Deixar ele louco
Sim eu quero)


- Não, a gente é só amigo. - sentindo uma pontada em seu peito.
- Você não se incomoda, né? - Taylor disse e a outra uniu as sobrancelhas em dúvidas. - Eu estou com uma puta vontade de ficar de novo com o , em outras palavras.
- Ohhh, não, não, pode ficar, sério, não ligo. - exagerou na resposta e nos movimentos das mãos mostrando que estava nervosa e Taylor reparou nisso, sabia que no fundo ambos sentiam algo um pelo outro e tentava mascarar isso com uma amizade, quando na realidade era apenas medo de se permitir, mas não seria ela a insistir nos dois, iria aproveitar enquanto eles não caiam em si.
- Okay, então... - dizendo isso, se levantou e caminhou até o homem que estava de costas no bar esperando seu pedido. observava tudo de longe bufando, enquanto os outros dois riam e entravam em uma conversa.
Não aguentando ver aquela cena ridícula, ela tratou de levantar e ir atrás de algo que realmente a fizesse relaxar. Andou até um ponto próximo aos banheiros onde sabia que sempre teria algo, entrou no banheiro, observou todo o movimento e percebeu que a menina no canto da pia era a vendedora da roda. Usou o banheiro e foi até a pia mais próxima dela. Esperou esvaziar mais o ambiente, olhando para si mesma pelo espelho, sem desviar o olhar para garota.
- Você tem xanax e MD? - perguntou com total naturalidade, tinha consciência que as misturar era forte demais para alguém que estava a meses sóbria e cansada demais, não tinha se alimentado direito nos últimos dias e poderia com toda certeza fazer um efeito muito pior do que o esperado.
- Tenho o MD comigo agora, o xanax te arrumou e entrego daqui a pouco. – A outra disse também abrindo a bolsa e pegando um batom enquanto passava nos lábios.
- Feito, quanto? - perguntou enquanto ajeitava os cabelos.
- Tudo 70 libras - A traficante disse. - Quer o batom? - Na realidade o MD estava dentro da tampa do batom. pegou e jogou o saquinho da tampa dentro da bolsa, fez de conta que passava o batom e tirou uma embalagem de pó de maquiagem e colocou o dinheiro embaixo. - Me empresta?
- Claro, pode usar.
Depois de pegar tudo, saiu e parou na porta do banheiro colocando a pequena droga abaixo da língua e a sentindo dissolver em sua boca, não era fã do uso assim, mas se colocasse em seu copo, perceberia. Caminhou o mais lentamente possível para a mesa e percebeu que os dois estavam conversando próximos demais, pegou o copo de sua bebida da mesa e bebeu mais da metade do conteúdo em rápidos gole.
- Hey, calma garota. - Só a mera presença da mulher o fazia perder o foco de todo resto, Taylor era ótima, já haviam ficado algumas vezes, era um tipo de tapa buraca na vida dele, assim como ele era na dela e não se importavam com isso. Mas naquela noite estavam diferentes. Ele percebeu que estava com as bochechas em uma tonalidade mais avermelhada e se demonstrava mais elétrica, em outros tempos diria que ela havia se aplicado de algo, mas ela prometeu que não faria mais isso.
- Eu estava com sede, só isso. - Ela disse sorrindo de lado. – Vou pegar mais, vocês querem algo?
Eles negaram com a cabeça e ela foi a passos rápidos até o bar quando reparou a mesma garota a mirando de longe, estavam lado a lado no balcão, pediu a sua bebida e moça pediu o mesmo, passando por debaixo do balcão, com os corpos lado a lado o pequeno saco com o comprimido. De longe, percebeu o movimento e custou a acreditar, era como uma traição, eles sofreram muito para limpar ela e agora estava vendo aquilo. Chamou Taylor para dançar e virou alguns shots de tequila que estavam na mesa. Havia se passado algum tempo e ele sentia o queimar da tequila o relaxar, dançavam próximos demais, sentindo o cheiro e o corpo um do outros. Era excitante, Taylor era a personificação do sexo, seus jeitos e trejeitos sempre demonstravam o que ela queria e como queria, naquela noite ele não a deixariam escapar. Colocou a mão na cintura da mulher e beijou a base de seu pescoço, com leves mordidas ate chegar a sua boca onde iniciaram um beijo. Não era sua garota, mas era alguém com quem ele sentia prazer na mesma proporção. Um pouco mais distante dali, dançava sem se preocupar com nada, havia batido o MD com toda proporção de prazer em seu corpo, sentia o mais elevado pico de felicidade dentro de si, todas as terminações nervosas de seu corpo estavam relaxadas, parecia que era a pessoa mais sexy e poderosa daquele lugar, poderia gritar, dançar e se satisfazer a noite inteira, era capaz de tudo, só com aquele efeito. Estava dançando com uma garota que conhecera enquanto estava com a traficante da noite e ficaram as três conversando enquanto o efeito vinha e quando esse o fez presente, partiram para a pista de dança e começaram a aproveitar. já havia reparado que Hanna, a segunda garota que chegou, era lésbica e se mostrava inteiramente afim dela, algo que ela gostou, sempre zoava com sua cara dizendo que ela tinha um lado muito bissexual e por isso nunca deu certo com ninguém. Mas tinha uma história com garotas, na sua fase de descoberta de si mesma havia tido relacionamento com mulheres e homens, mas se viu hétero, curtia mais o que rolava com os caras. Com mulheres foi mais pelo momento, experiência e influência das drogas que a faziam querer conhecer o mundo. Em um dos seus movimentos viu o momento exato em que beijou Taylor e seu mundo pareceu congelar, parou no meio da pista, tonta, suada, completamente chapada e encarou os dois. Seu coração parecia se quebrar naquele momento, tudo era irreal demais, suas duas recém amigas olharam na mesma direção e Hanna colocou a mão em seu ombro.
- É ele, né? - não disse, apenas a olhou pelo canto dos olhos. - É ele a sua alma gêmea, dizem que o nosso verdadeiro amor se encontra no nosso melhor amigo e eu vejo que é ele o seu.
- Você tá é chapada. - disse balançando a cabeça. - Eu não sinto nada por ele.
- Negar a si mesma é o primeiro passo da paixão. – Penne, a traficante disse, enquanto tirava algo da bolsa e estendia a . - Toma, dizem que o cura amor.
não sabia o que era, mas o fino comprimido foi colocado na boca e ela engoliu no seco, pegando também o xanax e fazendo a mesma coisa. Não ligava mais para o efeito, só queria esquecer que aquela noite e aquele momento existiram.
- Vai com calma, você nem gosta dele - Penner disse, rindo com Hanna. - Vem, vamos curtir.

E a noite seguiu, não encontrou mais e, mesmo se ele estivesse na sua frente não o reconheceria, estava chapada demais, grogue demais e amando aquela falta de coerência de sua mente, a luta contra o sono, misturado com a euforia que o outro proporcionava, parecia que ela estava dentre as nuvens em um momento só dela, mas ele a observava de longe, sabia que ela não estava em si e a qualquer momento falharia. Taylor tentava ocupar sua atenção e ele fazia o que podia, mas foi no exato momento em que um cara segurou na cintura de sua amiga que ele levantou e decretou que não estava em si, Taylor foi com ele até a mais nova.
- , vamos. - disse, quando sua amiga o encarou ele soube, ela não estava mais em si, não estava focando, suas pílulas estavam extremamente dilatadas.
- Eu...é...... - ela falava arrastado, sem de fato conseguir formular nada, tombando segurou no braço dele. - Minhas amigas... - ela tentava assimilar quem era quem. - Essa é Hanna e essa é Penne.
- Eu sou Hanna.
- Penne.
Elas disseram na real ordem e riu, ele confirmou com a cabeça e anunciou que a levaria embora, ela não conseguia sequer protestar, não sabia nem o que estavam falando. Taylor o ajudou até chegarem ao carro e disse que iria depois com os amigos, trocaram um selinho rápido e ele ocupou o banco do motorista enquanto estava ao seu lado cantando e conversando coisas totalmente desconexas. Quando ela finalmente ficava calada e ele achava que tinha dormido, vinha com mais uma enxurrada de coisas. Chegando no apartamento dela, a ajudou a descer do carro e andar até o prédio, entraram no elevador com as risadas dela e seguiram até o apartamento, com muita dificuldade, ele conseguiu entrar com ela. A mulher já foi tirando as sandálias de salto e ao tentar tirar o vestido, deu de cara com a parede e caiu no chão, ele correu alarmado, mas foi a risada estridente dela que o fez rir, mesmo que minimamente.
- Vem , vou te ajudar no banho. – Ele a ergueu no colo e levou até o banheiro, a sentando no vaso e ajudando a tirar a roupa ficando apenas de lingerie. - Me perdoa, mas eu já vi tudo mesmo.
- Eu não ligo, , você quem me deu os melhores orgasmos mesmo. - Ela disse arrastada, tentando tirar o sutiã.
- Deus, para - ele tirou o restante das peças, evitando ao máximo olhar seu corpo, mas havia notado como ela estava mais magra. Colocou-a dentro do chuveiro e esperou a água fazer o efeito nela.
- Frio, . - Ela disse manhosa depois de um tempo, ele desligou o registro e a enrolou na toalha, vestiu uma roupa mais quente e confortável nela e deitou.
- Por que você fez isso, ? - ele a questionou mesmo sabendo que ela não entenderia muito. Sentou na beira da cama e alisou os cabelos dela, a vendo começar a fechar os olhos. - Você estava indo bem.
- Você beijou a Taylor - ela disse depois de um tempo de silêncio o assustando, achava que ela já dormia. - Ela tá afim de você. Sério dessa vez.
- Descansa, depois a gente conversa. Vou para casa. - Ele beijou sua testa e ela agarrou seu pescoço.
- Fica, só por essa noite.
E ali, naquela noite, a noite testemunhou um dos poucos momentos em que ambos os corações estavam expostos um para o outro. Ele aninhou ela em se peito e jurou ouvir ela sussurrar “eu te amo”, mas estava tão entregue em seu sono e cansaço da semana que acreditava ser alucinação. No outro dia teriam que conversar sobre a atitude dela e não seria nada fácil.

20/10/2015

Fazia alguns meses desde o ocorrido e tudo não poderia ter mudado mais, no dia seguinte conversaram e passou a procurar ajuda médica, eles foram se afastando gradativamente. havia pegado um projeto grande e dedicava maior parte de seu dia a isso e, nos poucos tempos livres, passou a sair com Taylor e se permitir conhecer a mulher e estava gostando do que eles estavam construindo, era pela primeira vez algo sério em que ele firmava no sentido amoroso, já havia iniciado no hospital, dividia seu dia entre estudos e plantões, sua vida era basicamente a medicina, quando ela tinha um tempo livre, ele estava com Taylor e quando ele tinha um tempo livre, ela estava com Mark, um dos médicos do hospital com quem havia saído durante alguns meses e pouco mais de 3 meses depois engataram em um namoro. Mark era o cirurgião ortopédico de lá e extados 10 anos mais velho que ela, um homem maduro, sem inseguranças e com toda certeza dedicado a profissão, fez com que ela se apaixonasse em um único dia sendo interna dele no hospital. Hoje era um dos poucos momentos em que e passavam um tempo juntos, ele estava jogado em sua cama como sempre, enquanto ela ajeitava umas roupas em seu guarda-roupas.

And I want
To make him
Regret life
Since the day
He met you
Yes I do
And I want
To make him
Take back all
That he took from you
Yes I do
(E eu quero
Fazê-lo
Se arrepender
Do dia
Em que ele te conheceu
Sim eu quero
E eu quero
Fazer ele
Devolver tudo
Que ele tirou de você
Sim eu quero)


- , eu estou ficando velho, olha, até óculos eu tenho que usar agora. - Ele dizia aquela frase o que parecia ser a vigésima vez naquela semana e décima só naquela noite. - Eu estou chegando aos 30 anos e estou ficando igual a um velho de 60. Dores no corpo e tudo.
- Verdade, olha esse fio branco aí em seu cabelo. - Ela provocou, segurando a risada quando ele arregalou os olhos e correu procurando esse tal fio no espelho.
- , vai a merda, velho é o tal doutorzinho que você arrumou e chama de namorado. - Ele provocou, mas ali existia uma pontada de ciúmes.
- Mas ele tem idade para começar a ter cabelos brancos e ser sexy, você não - ela provocou rindo.
- Vai se foder, . - Ele disse bufando. - Vai sair com ele não?
- Hoje ele tá de plantão. - Ela deu de ombros.
- Você quer... - quando ia terminar a frase, seu celular começou a tocar anunciando uma chamada da Taylor. Ela o chamava para a acompanhar em um jantar da empresa em que trabalha e ele tentou ser o menos grosseiro ao dizer que não, inventando uma desculpa. Quando desligou, o encarava de braços cruzados. - O que?
- Não te entendo, você namorada a garota, mas não vai nas coisas dela. Um relacionamento não funciona dessa forma, você tem que ser mais presente.
- Mas eu também quero fica um pouco com minha melhor amiga, não posso? - ele revidou.
- Pode, mas eu estou te expulsando para ficar com sua namorada, vai logo. Eu sobrevivo sozinha. - Ela disse, o enxotando com o travesseiro.
- para, deixa... - ele tentou terminar a frase.
- Para, . Ela gosta de você e você dela, aproveitem. O que você tem pra fazer aqui de especial? Nada, então vai- ela disse o empurrando em direção à porta da sala.
- Você não sabe o quanto... - ele sussurrou para si mesmo, na realidade queria aproveitar o pouco que podia com , sabia o quanto gostava de ficar com ela, das conversas, da cumplicidade e do quanto eles combinavam em diversos aspectos. Ela era a parte boa da vida dele e seria eternamente grato por tê-la em sua vida, mesmo que como amiga e nada além disso. – Tudo bem, eu vou. Mas arrume um tempo para almoçar comigo.
- Divirta-se. - Ela disse e recebeu um beijo dele em sua testa. Seu coração bateu mais forte, sua respiração ficou presa e eles se encaram, como se um ímã existisse ali, ela se aproximou e beijou uma bochecha sentindo seus lábios formigarem. - Boa noite, .
- Boa noite, .
E ali eles se despediram, com os corações acelerados, as peles arrepiadas pelo simples encostar de lábios. A verdade é que eles eram tolos demais para admitir o que verdadeiramente sentiam um pelo outro, não passavam de morros covardes, preferiam tentar achar em outras pessoas o que encontravam apenas um no outro.

31/12/2015

Era noite de ano novo, tinha viajado para a cidade da família de Taylor para passar essa data, Mark tinha conseguido trocar seu plantão e passara na casa de seus pais e com seu filho e passaria em um plantão de hospital, longe de sua família, namorado e amigos. E, para piorar, passaria a data com tantos pensamentos em sua cabeça, rolava um burburinho pelos corredores que Mark andava frequentando demais uma determinada sala com uma enfermeira, mas toda vez que tentava descobrir algo, as enfermeiras mudavam de assunto, faziam de conta que não falavam de nada e isso a estava matando. O plantão estava tranquilo, aparentemente nenhum bêbado havia feito besteira, todos da emergência se reuniam ao redor da televisão que estava no centro, cada um com seu copo de café para brindar o ano que iria se iniciar. E com a contagem, orou a aquele que há muito não falava...10... pediu por um ano iluminado, cheio de coisas boas...9... pediu que sua família fosse abençoada por muita paz, amor e prosperidade...8... pediu que conseguisse finalizar a faculdade e fase de interna com maestria...7... que os boatos de Mark fossem falsos...6...para que fosse feliz em suas decisões...5... que eles conseguissem manter a amizade por muito tempo...4...que Taylor o amasse, assim como o coração dela o amava...3...para que pudesse se curar de seu vício...2... para que fosse corajosa...1 para que entendesse seus reais sentimentos. Seu celular começou a vibrar em seu bolso, foi para o lado de fora ler as mensagens de seus familiares, atendeu a ligação de sua mãe, conversaram alguns minutos em meio as lágrimas de saudades e promessas de visita. Havia uma pequena mensagem de seu namorado:

“Feliz ano novo, querida. Xx Mark”

Respondeu da mesma forma seca e fria dele, já fazia algum tempo que eles não eram os mesmos e culpavam sempre o trabalho e estudos, quando na realidade ela estava apaixonada por outro e todos os dias começava a ter ainda mais certeza disso. Como se lesse seus pensamentos, começou a ligar em chamada de vídeo e ela suspirou antes de atender.
- FELIZZZZZ ANO NOVOOOO, RAIO DO SOL. - Ele estava incrivelmente lindo, usava uma blusa social com alguns botões abertos, na cabeça estava uma tiara com “2016” em dourado e o sorriso estava ainda mais iluminado. Taylor lhe fazia incrivelmente bem, era isso que ela pensava, quando na realidade aqueles sorrisos eram para a própria . - Ai, cara, eu estou bêbado, o pai da Tay e eu apostamos quem bebia mais cerveja irlandesa e não ficava bêbado, obviamente eu perdi para o irlandês, .
- Feliz ano novo, little baby. - Ela disse com um sorriso sincero, genuíno, carregado de saudades e amor por ele. Amor esse que a estava consumindo. – , seu forte não é mais a bebida. Lembra que você é um velho que usa óculos e tem cabelos brancos?
- MERDAA, ALI. - Ele bateu a mão na testa como se lembrasse de algo e procurava desesperadamente por isso. - Perdi meus óculos.
- Seu cabeção, está na sua blusa. - ria com a atitude de bêbado dele, que fez um “aaah eu sabia” e como se ainda fosse possível ficou ainda mais bonito com os óculos. - Gostando da Irlanda? A terra da rainha sente sua falta. - Na realidade ela sentia sua falta. Fazia algumas semanas que eles não tinham um momento só deles e tudo em sua vida parecia se agravar com a distância. Passaram poucos minutos juntos no Natal e nada além disso.
- Aqui tá muito frio, mas é um bom lugar. Com toda certeza a cerveja é melhor. – Ele disse rindo. Ela percebeu que ele tinha ido em algum cômodo mais afastado do pessoal, não ouvia barulho ao redor. - Como vai o plantão? O velho tá aí?
- Cala a boca - ela riu, negando com a cabeça, estava sendo invadida nos últimos dias por uma solidão sem explicação, seu coração estava sendo despedaçado e ela nada poderia fazer para sequer melhorar isso. – Ele trocou o plantão, ficou com o filho e família.
-Um belo banana mesmo, viu, eu nunca te deixaria se fosse seu namorado, eu me acidentaria só pra ser atendido por você. - Ele dizia tentando transparecer brincadeira e arrancar um sorriso dela, sabia que ela não estava feliz e isso doía nele. E ela riu, como sempre ria com suas besteiras. – Mas acontece que a mocinha preferiu mulher.
- Cala a boca, seu idiota. - Riu mais ainda com a última frase. - Foi só uma fase, o que? Toda mulher que passa por suas mãos percebe que homem nenhum presta.
- Você tá mesmo dizendo que sua fase sapatão é minha culpa, ? Sério mesmo? - Ele perguntou em uma falsa indignação.
- Sério, até hoje tenho medo de homem. Tem uma médica gata aqui, acho que vou tentar, hein?! - ela falou mais baixo e ele enrugou as sobrancelhas em uma careta. - Eu posso te convidar para um encontro a três na minha cama... - ela sussurrou vendo o amigo arregalar os olhos e abrir a boca levemente e não emitir som algum. - Você tá velho mesmo, que conheço teria se convidado.
- ALISSON, me chama porra, meu sonho. - Ele gritava como suplica e ela riu. Então o silêncio se fez presente nas duas ligações, ele reparava cada detalhe do rosto dela, as olheiras estavam marcadas denunciando que não tinha tido boas noites de sono, o pequeno sorriso demonstrava felicidade, mas seus olhos estavam um tanto quanto opacos. Ela o observava com as bochechas em um tom mais avermelhados, os cabelos que agora eram mais curtos em um penteado arrumado, um sorriso tão verdadeiro que chegava aos seus olhos, como se ela fosse realmente tudo para ele.
- , eu preciso te dizer algo. - Ele afirmou com a cabeça, ela olhou para o lado nervosa, mordeu o lábio inferior, mordeu o dedão e negou com a cabeça, em 5 segundos de coragem decidiu falar sobre quão confusa sobre os dois estava. - ... Eu...droga, eu queria que você soubesse.
- EMERGÊNCIA CHEGANDO, VAMOS NOS PREPERANDO EQUIPE, O ANO NOVO COMEÇOU. - O médico responsável pelo turno gritou, era estranho dizer isso, mas em uma noite tão vazia sentíamos felicidade por alguma movimentação.
- Preciso desligar, beijo. - Ela desligou sem esperar resposta. Era isso, o universo disse que ela não poderia fazer isso. Iria levar em segredo sempre em seu coração aquilo.

06/03/2016

Naquele dia em especial, havia conseguido uma folga, finalmente um tempo para si, cada dia mais perto da sua tão esperada residência. Depois da maldita ligação de ano novo, havia tomado a decisão mais difícil de sua vida, depois de mais de 5 anos de amizade, passou a ignorar , trocaram poucas mensagens durante os últimos meses e escassas ligações, uma vez que, toda vez em que ele a procurou, recebeu uma desculpa para não conversarem, estava sempre ocupada no hospital, na casa de Mark, com tudo, menos com tempo para eles dois. Havia feito isso para o bem dos dois, não poderia arriscar perder a amizade dele e não tinha o direito de fazer com que ele escolhesse entre Taylor e ela, sua amiga não merecia tamanha dor e nem ela. Estava sendo difícil demais encarar um relacionamento cada vez mais frio, sabia a dor de ser deixada de lado e não desejava a ninguém. Havia tido uma sessão com sua psiquiatra naquela semana e mesmo que tivesse escutado um “você tem que ser mais egoísta as vezes, . Pense mais nos seus sentimentos e não no do outro. Se permita sentir.” E ela só não conseguia. Estava sendo tempos difíceis para manter a sobriedade dentro de um hospital com tantos atrativos para seu organismo que um dia fora completamente dependente. O celular dela começou a tocar em seu bolso enquanto caminhava pelo centro da cidade comprando algumas roupas que estava precisando e quando olhou o visor era o hospital.
- Alô - ela disse, já sabendo o que poderia ser.
- Senhorita , bom dia. Estamos precisando de uma forcinha aqui, pode vir? - uma das enfermeiras falou.
- Estou a caminho.
Acenou a mão para um táxi e seguiram viagem, correu para o vestiário, colocou seu uniforme e foi em direção a emergência, estava um verdadeiro caos, aparentemente uma virose em massa.
- Se equipa, não sabemos se é contagioso. - O médico aconselhou e ela colocou a capa, touca, luvas, máscaras e seguiu para ajudar o máximo que pôde, trocando as luvas com frequência. - Droga, acabou as gases, pode ir buscar?
- Claro, volto já.- Seguindo os corredores que estavam vazios pelo horário se encaminhou até o deposito dos medicamentos e utensílios necessário, colocou o cartão magnético que liberou sua entrada e percebeu um barulho por ali, arregalou um pouco os olhos ao perceber que eram quadris se chocando, não que naquele hospital não tivesse casais se engraçando pelas saletas, ela mesmo já havia feito, só nunca tinha flagrado. Evitou ao máximo fazer barulho e procurou por todos os corredores o que precisava colocando em uma cesta, lembrou de umas ampolas que iriam acabar de remédio e caminho com cuidado até os estoques, encarando a cartela dos de efeito mais alucinógeno e suspirando, sentia necessidade de usar somente uma vez para aliviar os pensamento, mas isso decepcionaria o e principalmente a si mesma. Foi quando deu mais um passo em direção ao próximo setor que congelou no local, ali somente de calça hospitalar, suado e beijando a enfermeira estava ninguém mais, ninguém menos que Mark, seu namorado, com quem dividia seus últimos meses e planos, por alguém que ela acreditou amar. Seu coração estava em pedaços, seu primeiro amor estava namorando, seu atual namorado a estava traindo e ela estava se sabotando um pouco todos os dias. Foi quando soltou por instinto a cesta. - Droga. - Sussurrou.
- ? - Ouviu a voz de Mark e levantou bem devagar a cabeça. - Droga, . A gente pode conversar?
- Conversar? Sério mesmo, Mark? Você agora quer conversar depois que eu peguei você com outra, mesmo depois do tanto que eu te procurei para fazer isso? - ela exclamou, sentindo os olhos marejarem.
- Sério, , eu só não estava bem... faz 2 anos que minha esposa sumiu e...- Mark tentava justificar com qualquer bobagem para não perder a mulher.
- Vai a merda, Mark. Vai se foder de verdade, você é um belo bosta. - Ela disse pegando a cesta do chão, enfiando uma caixa de felicidade pelo caminho e saindo a passos largos enquanto Mark gritava seu nome. Seria um longo dia e ela apenas desejava terminar logo e ficar sozinha com sua felicidade.

saiu cedo da empresa e foi ao mercado comprar mantimentos do mês, preparou um jantar mais caprichado para sua namorada, estava ficando bom no lance do amor. Tentava todos os dias encontrar em Taylor seu amor, tentava depositar paixão no relacionamento deles, só que estava sendo difícil, gostava muito dela, isso nunca negaria, mas não a amava, não estava apaixonado por ela e faria o que fosse possível para os dois serem felizes. parecia fazer o mesmo com sua vida, fazia dias que não se falavam e meses que não tinham uma conversa de verdade e nem se encontravam cara a cara, estavam distantes e ele sentia falta das besteiras que vivia com a amiga, sentia falta dela e de como seu coração acelerava. A última conversa de verdade tinha ficado incompleta, ele nunca soube o que ela iria dizer, seu pobre coração se engava todos os dias achando que ela diria o quanto era apaixonada por ele e que Mark era um completo banana. Mas isso nunca iria saber. Terminou de ajeitar tudo e foi tomar um banho.
- Hey, babe. - Taylor disse quando ele apareceu na sala de banho tomado. - Caprichou, hein?
- Hey... - ele disse dando um selinho demorado nela. - Hoje estou meio inspirado.
- Estou vendo e amando isso. – Taylor disse sorrindo sincera. Esteve apaixonada por ele por mais tempo de sua vida do que poderia contar, sempre tiveram um lance casual, um tapa buraco, negando que nunca teriam nada além disso, mas ela se apaixonou por ele quando ainda era menina. Então qualquer momento que pudesse ter com ele era valido e ser hoje a namorada dele a deixava nas nuvens. Tinha certa insegurança apenas quando se tratava de , sabia dos sentimentos que eles tinham um pelo outro e o medo em seu peito era sempre frequente, não queria perder seu amor. Mas se fosse o perder um dia, seria somente para , pois o amor deles ia além. Jantaram em meio a conversas, risadas e estavam felizes. Ele foi levar a louça na pia e ela foi trocar a música que tocava, pegou o celular dele para mudar e então viu mensagens de :

: , você tá aí?
: Me ajuda, !!!
: Não me deixa cair nisso de novo.
: Ele me destruiu, , todos eles me destruíram.


- Taylor o que acha de darmos uma volta? - ela deu um sobressalto com o susto ao constatar que ele havia retornado, apagou as mensagens da barra de notificação e se virou sorrindo. – Algo importante?
- Na verdade não, vamos. - Ela escondeu o fato que estava passando por algo e saiu de mãos dadas com ele. Sabia dos problemas com sobriedade que havia enfrentado e como lutava todos os dias contra isso, sentia seu coração apertar a cada centímetro, estava chegando cada vez mais perto do fim de seu relacionamento. Andavam em silêncio e ela não conseguia conter sua tristeza. - Posso te perguntar uma coisa? - ele confirmou com a cabeça. - Você é apaixonado por mim? - ele arregalou levemente os olhos e parou de andar . – Seja sincero, somos amigos antes de tudo.
- Eu... - ele tentou mentir, mas não podia, ela merecia sua sinceridade.- Eu estou tentando, eu realmente gosto de você Taylor, mas é que...
- Você sempre foi apaixonado pela e sempre vai escolher ela. - Taylor terminou a frase por ele, arrancou de vez o curativo de sua ferida, suspirou. - E eu sempre serei a garota apaixonada pelo cara que é apaixonado por outra.
- Para, Tay. Vamos conseguir juntos, okay? Eu realmente quero nós dois, acredite. – Ele disse alisando o rosto dela.
- Não, . Eu não quero assim. Eu estou no meio de algo que não me cabe. Sempre vou te amar e por isso mesmo prefiro que você vá até quem você ama. - Ela disse segurando as lágrimas. - te mandou mensagem, ela tá precisando de você. Então vai e se declara para ela. Não tenha medo, vai logo.
- Para com isso, vamos conversar com calma, por favor. - tentava a convencer.
- , se eu te perguntasse agora, é eu ou ela, quem você escolheria? - então ele abaixou a cabeça, não conseguiria verbalizar e sabia que não poderia ter as duas. - Exatamente como eu previa.
-Me perdoa, de verdade. - Ele disse segurando a mão dela.
- Seja feliz e eu te perdoo, agora vai. - Ele deu um beijo na testa dela e virou de costas se afastando a passos largos. Ela deixou os ombros caírem e deixou a única lágrima solitária de cair em seu rosto. Não choraria, seria feliz pela felicidade daquele que amava.

Ele caminhou o mais rápido que pode até o prédio de e, chegando em seu andar, procurou no esconderijo de plantas a chave reserva dela, abriu a porta e congelou com o que viu, sua espinha estava arrepiada, o coração parecia ter vindo a boca, as mãos gelaram e tudo pareceu girar. Ela estava sentada de frente a mesa de centro que se encontrava disposta com diversos comprimidos, alguns quebrados e em fileiras, outros espalhados e as caixas jogadas, sua menina estava com o rosto vermelho, olhos inchados. O encarou e balançou a cabeça.

And I want to
Rip his heart out
Just for hurting you
And I want to
Break his mind down
Yes I do
(E eu quero
Arrancar fora coração dele
Apenas por te machucar
E eu quero
Deixar ele louco
Sim eu quero)


- Eu não usei nada. Não consigo... eu... - ela tentava terminar a frase, mas só o falto de não ter usado nada o deixava feliz. - Você sempre esteve certo, ele era um banana, um velho banana.
- Eu fico extremamente feliz por você se manter sóbria e por reconhecer que ele é um banana. O encontrou com outro homem na cama de hospital? - Tentou quebrar o clima enquanto fechava a porta e se aproximava lentamente.
- Não, era a enfermeira. Uma das novatas, ele gosta de batizar todas pelo que eu vi. - Ela disse encostando a cabeça no ombro dele.
- Que bom que você está bem. - Ele disse, sentindo o coração encontrar um ritmo normal depois do susto. - Podemos jogar tudo isso fora?
- Não, deixa eu olhar mais tempo, isso me lembra que não posso ser fraca, por mim e por você. - Disse sem o encarar, sentindo o coração ir à boca com a pequena declaração.
- , eu quebro a cara dele se você quiser, igual fiz com aquele Logan, você sempre com uns gostos. - Ela riu, lembrava bem do primeiro namorado de faculdade e como havia ficado puto quando o pegou com outra e dado diversos murros no idiota.
- , a minha psiquiatra me disse que eu deveria ser mais egoísta. Me permitir por mim mesma. - Ela levantou a cabeça e o encarou. - Uma vez escutei de alguém que tem sorte quem encontra no melhor amigo o seu amor e eu sou sortuda por isso.
- , eu... - ele não sabia como reagir, havia finalmente chegado o dia em que ele tanto sonhou, estava com a garota que amou durante tantos anos e se sentia um garoto de 13 anos recebendo um elogio de alguma menina mais velha. – , você é a minha garota muito antes disso, sempre amei você e eu estou aqui por você.
- Promete? Mesmo eu sendo uma viciada de merda. - disse enquanto sentava no colo do homem e fazia um carinho em seu rosto. - Ou eu sendo uma interna que é explorada pelo hospital e que morre de medo de trovão? Que ronca a noite ou que tem pesadelos constantes por causa dos plantões?
- eu me apaixonei por cada detalhe seu e eu não sou perfeito. - Disse enquanto chegava mais perto do rosto dela. - Eu vou cuidar de cada pedacinho seu.
Enquanto se olhavam, com toda a intensidade que tinham, não precisaram de mais palavras, selaram os lábios em um beijo forte, de saudades e de conexão. Não sabiam se aquilo realmente daria certo, mas tentariam, afinal ela era a sua maior fraqueza e ele era sua maior fortaleza. Eram o encaixe do quebra cabeça que faltava. E se existia um Deus por quem orar, iriam fazer isso pelo amor deles durar.



Fim.



Nota da autora: Sem nota.



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