05. Know It All

Última atualização: 21/06/2023

Capítulo Único

— O que acha? — ela indagou ao olhá-lo.
Ambos estavam deitados na cama da garota, no quarto dela, de frente para a parede cheia de posters e colagens de cadernos.
— Isso é tudo? — ele a questionou.
Ela apenas concordou com a cabeça, dando um dos seus sorrisos mais lindos, que o manteve preso por longos segundos, até aproximar os seus lábios dos dela e deixar um selar delicado.


Vancouver, Canadá.

“O voo 491 com destino a Montreal sofreu um breve atraso por conta da nevasca. Em breve, avisaremos a respeito do embarque. A Flair Airlines agradece.”

Ele respirou fundo e tomou um pouco do café quente que estava no copo em suas mãos. As lembranças, tendo em vista que voltava para casa, o atingiam a todo momento.
Sabia que aquilo ia acontecer.
Cinco anos depois daquele dia do quarto. Cinco anos que ele não a via. Cinco anos.
Ouviu um barulho e notou que era o seu celular. O retirou com cuidado do bolso da jaqueta, viu o nome da sua mãe no visor com uma foto dos dois, sorriu imediatamente.
— Oi.
. Você já embarcou? — o questionou apressadamente.
— O voo atrasou por causa da nevasca. Acho que não vou chegar a tempo — mordeu o próprio lábio inferior, levemente tenso com aquela possibilidade.
— Ela vai ficar tão chateada.
— Mãe, eu sei, mas não posso me teletransportar e muito menos pegar um carro ou outro transporte, que aí não chego na hora do casamento mesmo.
A mais velha apenas concordou com um murmúrio e disse que o esperava em Montreal nas próximas horas, e, enfim, eles desligaram a ligação. voltou a beber do seu café, que estava delicioso e no fim, e pensou nos últimos anos.
Ele tinha conquistado a maioria dos seus sonhos. Fez uma faculdade que envolvia Computação e, desde que se formou, trabalhava na área e ganhava um bom dinheiro para se sustentar. Não era muito, mas era o que ele precisava.
Cerca de 45 minutos depois, o rapaz ouviu novamente o aviso no alto-falante do aeroporto e pegou a sua bagagem de mão: finalmente poderia embarcar e agradeceu mentalmente por isso.
Assim que se sentou em sua poltrona, abriu a janela e deixou que a iluminação entrasse, viu outros passageiros entrando e pegou os fones de ouvido, os colocando sem pensar duas vezes. Não demorou muito para que o avião levantasse voo e ele estivesse entre as nuvens dos céus canadenses.
Colocou uma das músicas clássicas que usava para programar e acabou tirando um cochilo de alguns minutos, segundo ele, mas foram horas.
— Com licença, senhor — a aeromoça tocou o seu ombro.
sobressaltou-se e a olhou, levemente assustado.
— Desculpa — pediu, arrependido.
Ela riu fraco e negou com a cabeça.
— Já iremos aterrissar. Estamos chegando em Montreal.
O rapaz concordou com a cabeça, se ajeitando na poltrona e passando as mãos pelo rosto. Olhou no relógio e pensou que talvez desse tempo de chegar, todavia, seus olhos foram levados para fora do avião ao sobrevoarem a cidade tomada pela neve.
Seu coração foi tomado por um sentimento inexplicável de saudade, por mais que não tivesse pensado duas vezes ao ir embora dali.
A aterrisagem o deixou bem nervoso, devido a quantidade de neve na pista, mas o piloto conseguiu executá-la da forma mais precisa possível. Logo que o avião parou, algumas pessoas foram descendo e esperou, acabando por ficar quase por último.
— Boa noite. Obrigado — agradeceu a uma das aeromoças ao passar pela porta.
Carregava uma mochila em um dos seus ombros e um casaco mais pesado na outra mão, e já foi o colocando, uma vez que o frio estava intenso na cidade.
Esperou pacientemente pela sua mala de rodinhas no local correto e, junto com outras pessoas, de longe, observou uma família de três, um casal e seu filho pequeno. Sua mente foi tomada por conversas.

— Você pensa nisso? — ele a questionou com um tom de voz calmo.
Parou na prateleira correta e suspirou, escolhendo o chocolate correto para que comessem juntos mais tarde.
Acompanhou o olhar da mulher, que estava de mãos dadas com ele, até uma criança que passava com a mãe pelo corredor no qual estavam.
— Ter filhos? — uma risada foi ouvida entre seus lábios. — Com certeza.

Alcançou a alça da sua mala preta de rodinhas e começou a sair dali em passos rápidos, sacou o celular do seu bolso até que ouviu alguém chamar pelo seu nome. Instantaneamente se virou.
— Você não mudou nada, .
Um sorriso brotou em seus lábios, mas, ao mesmo tempo, sentiu algo inexplicável em seu estômago. Ele não a via faziam cinco anos. Seus olhos, respeitosamente, percorreram o seu corpo e notou que ela usava amarelo e riu fraco disso.
— Você de amarelo — comentou o óbvio e deixou que outra risada escapasse.
Ela colocou as mãos na cintura, fazendo uma pose e deu uma gargalhada rápida. Se aproximou do rapaz, passando os braços ao redor do pescoço dele e o beijando na bochecha. O cheiro dele parecia o mesmo de alguns anos, foi o primeiro pensamento dela ao aspirar o seu perfume. passou os braços ao redor da cintura da mulher e sorriu com a proximidade dos seus corpos.
— Você ‘tá atrasado. — Se afastou dele e o olhou nos olhos.
— Desculpa, , mas trabalhei até altas horas — fez uma careta rápida.
concordou com a cabeça e deu de ombros enquanto esboçava um sorriso. Pegou em uma das mãos do rapaz e dessa forma o arrastou para fora do aeroporto e o guiou até o seu automóvel. Com a ajuda dele, colocou a mala dele dentro do porta-malas e sentaram-se lado a lado, ela no banco do motorista e ele no passageiro.
— Como estão as coisas? — a questionou assim que ela começou a dirigir. — Como está o Ethan? — a olhou.
Ambos trocaram um olhar mais intenso por alguns segundos, no entanto, voltou a atenção para o trânsito em sua frente.
— Ele ‘tá ótimo. Você vai vê-lo no casamento. O Julian ‘tá super crescido e falando coisas absurdas já — deu uma risada fraca.
— Ele sabe?
— Quem?
...
A garota apertou um pouco os dedos em volta do volante e sentiu a respiração ficar alterada.
, eu não...
Negou com a cabeça e voltou a olhá-lo por breves segundos.
— Como eu vou contar para ele que o que tivemos foi químico?
— Não é igual ao que você tem com ele agora?
Ouch! mordeu o próprio lábio inferior e sentiu os olhos começarem a arder imediatamente.
— Eu não vou discutir isso com você. — Sua voz era ríspida.
— Nós não estamos discutindo. Estamos conversando — usou um tom de voz calmo. — Ele não sabe, não é?
Ela apenas negou. Não conseguia ter voz para falar alguma coisa naquele momento.
Após um bom tempo de silêncio entre eles, olhou para o lado e viu que tudo estava branco.
— Se importa se eu me trocar?
franziu o cenho com aquela pergunta enquanto dirigia.
— Aqui dentro?
— É rápido — o rapaz apenas deu de ombros.
Ela não concordou e nem discordou, apenas ficou sem reação ao vê-lo pular para o banco de trás com a mochila em mãos. Pelo espelho retrovisor, e paralelo a isso, sentiu seu corpo inteiro se arrepiar.
O ar dentro do automóvel era quente, tendo em vista a temperatura baixa lá fora, porém, assim que o viu tirar o casaco mais pesado e depois as roupas de baixo, o calor tomou conta do seu corpo.
Sabia que sua bochecha estava corada, corada até demais, então tentou manter os olhos no trânsito e sentiu as mãos suarem um pouco em volta da direção. Pensou em outra coisa.
— Por que a Miranda não veio? — sondou, já que sabia algumas coisas, considerando que suas mães eram amigas.
— Nós terminamos. E eu sei que você sabe disso.
alcançou a camisa branca, de manga comprida, a colocou com toda calma do mundo, seguido de um colete, no mesmo tecido da calça.
— Você sabe que eu sei? Como você sabe que eu sei? — o retrucou, olhando pelo retrovisor.
— Pelo simples fato que te conheço desde que somos crianças — respondeu levemente ofegante e terminando de passar uma das pernas para dentro da calça.
fez um bico e suspirou.
— Como sempre, você está certo — disse, calmamente, mas algo a assustou. — Sinal vermelho, que merda! — falou mais alto e freou o carro imediatamente.
O corpo de foi jogado para a frente, ele bateu com o nariz na parte de trás do banco de passageiro e caiu entre o vão dos bancos.
! — a garota olhou para trás, desesperada.
Colocou a mão no nariz, resmungou, xingou algumas palavras inaudíveis e foi se sentando aos poucos no banco, onde estava anteriormente.
— Você está bem?
Ele apenas fez o positivo com uma das mãos e com a outra tocou o nariz, sentindo uma leve dor.
— Meu Deus! Você dirige igual ao rapaz de Velozes e Furiosos... — resmungou.
— Você sabe o nome dele? — provocou o amigo, já que ele não sabia muito a respeito desses filmes.
apenas deu de ombros, fazendo com que a garota gargalhasse. A gargalhada dela o levou até o passado.

— Nós já maratonamos toda a primeira temporada de Supernatural. E agora? — a olhou, sorrindo.
Estavam sentados no sofá da casa dele, sozinhos, pois os pais do garoto haviam saído para um aniversário que ele não quis ir, então chamou . Comeram pizza, beberam Coca Cola e maratonaram uma das séries favoritas dos dois.
O clima dentro da residência estava quentinho, afinal, a lareira estava acesa e a neve caía sem precedentes lá fora.
— Nós poderíamos transar agora.
O jovem rapaz, que levava a latinha de refrigerante até a boca, parou o que estava fazendo e a olhou.
A gargalhada dela ecoou pela casa.
— Pode parecer, mas eu não estou brincando.
— Ah, é? Então prova — arqueou as sobrancelhas.
Deixou a latinha sobre a mesinha de centro, ainda a olhando e esperando ansiosamente que ela tomasse a iniciativa. deixou que um sorriso malicioso se ocupasse dos seus lábios e, em um gesto lento, se colocou sobre o colo do namorado, deixando uma perna de cada lado e uniu seus lábios em um selinho demorado.
— Me leva para o seu quarto, . Agora — mandou.
Ela sorriu e mordeu o próprio lábio inferior, ele fez o mesmo. E dessa forma se levantou, a segurando em seu colo, correndo desajeitadamente até o quarto.

O casamento da irmã de , que também era amiga de , foi lindo. O local escolhido, uma enorme casa em um bairro residencial rico de Montreal, foi tomado por flores e cadeiras. Era uma cerimônia para poucas pessoas, somente aquelas que eram bem próximas como parentes e alguns amigos do ensino médio.
Durante toda a cerimônia, o rapaz não conseguiu tirar os olhos de no altar, ao lado da irmã. Ela ouvia as palavras do juiz de paz e chorava com as declarações do casal recém-formado.
Era começo de noite, a banda tocava na parte externa, mesmo com o frio, os convidados se divertiam. Uns dançavam em casais, outros sozinhos, com uma taça de vinho de companhia, e, de longe, sentada à mesa com a sua mãe e outras senhoras, via com o pequeno Julian nos braços e o ajudava a comer.
Riu fraco ao ver o pequeno garoto negando um pedaço de brócolis.
— Filho, você precisa comer — ela disse, fazendo um biquinho.
— Sabia que uma das verduras favoritas do Homem Aranha é brócolis? — se aproximou, agachando-se próximo aos dois, e viu sorrir ternamente. — Na verdade, eu ouvi dizer que é. Eu como, por via das dúvidas.
O pequeno ser olhou para a mãe e recebeu uma verdura na boca com gosto.
De forma inaudível, olhou para e trocou um olhar intenso com ele enquanto o agradecia por ter ajudado.
Assim que se colocou de pé, viu Ethan se aproximar e sorriu, o cumprimentando.
! Parece uma miragem! — gargalhou e lhe deu um tapa no braço.
— Não, não é — riu de leve.
— Papai, banheiro!
— Ah, eu levo — Ethan riu e se curvou para pegar o filho nos braços. — Já volto para colocarmos o papo em dia.
— Se importa se eu dançar com a ?
— Claro que não — ele riu antes de sair.
olhou para a mulher e esticou um dos braços, deixando a sua mão disponível.
— Por favor, senhorita ? Não sei se você continua sendo — fez uma careta, arrancando uma risada da amiga.
Ela pegou na mão dele, enquanto ainda ria, e ambos sentiram o choque percorrer seus corpos.
— É Norton agora.
— Bonito.
Caminharam juntos até o meio da pista, onde outras pessoas estavam, e comportadamente levou uma das suas mãos até a cintura da melhor amiga de tempos e imediatamente sorriu com o seu perfume.
— Você era único, sabia? Bonito, inteligente, simpático, sabia me ouvir, era bom de cama...
— Era?
riu.
— Até onde eu sei. E eu fiz questão de te dizer isso sempre, para que você soubesse, mesmo quando não estivesse mais comigo, que seria único para alguém.
girou os seus corpos e não evitou em fitar os lábios da mulher posta em sua frente.
— Não importa se ele sabe ou não. O que importa é o que nós vivemos e o que nós sabemos. E eu fui muito feliz com você, .
piscou algumas vezes e sentiu os olhos arderem.
— E eu espero que você seja muito feliz. Ele te faz feliz, te deu um filho lindo, que, à proposito, puxou só a você, e é isso. A vida é injusta, às vezes, mas estou realmente feliz em te ver bem.
Ela riu fraco na parte em que ele disse de Julian ter a puxado.
— Obrigada, — a garota respondeu baixo, estava se segurando diante das palavras dele.
— Nós podemos ser amigos, certo?
Imediatamente ela balançou a cabeça positivamente.
— Por favor, venha nos visitar sempre — exigiu, séria, mas de brincadeira.
— Eu vou — finalmente sorriu.
E seu coração estava tranquilo naquele momento, como se, depois de tanto tempo, encontrar seu amor de adolescência fizesse com que fechasse um ciclo. Ela nunca mais seria dele da forma como ele queria, mas, pelo menos, ele a teria em sua vida como amiga e estava tranquilo com isso.


FIM.



Nota da autora: Sem nota.

Nota da beta: Eu amo quando o casal termina bem no final ❤️


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.

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