Finalizada em: Out/2021

life is still going on

Pois é
Acho que estou virando adulto
Acho que essa é a vida
Todos parecem estar seguindo em frente
E eu sou o único estagnado”


Não há nenhuma forma de se preparar para uma noite inesquecível.
Esse tipo de coisa acontece quando você não espera.
No caso de Jaemin, ele só queria que o sábado terminasse o mais rápido possível.
Quando apertou a Triumph entre dois carros mal estacionados perto da caixa de correio, ele foi atingido pelo brilho forte de uma das luzes que passeavam como loucas pela festa que rolava por detrás do portão da frente. Os gritos já estavam altos o bastante para adiantar o nível de transtorno da multidão, o que antes seria o suficiente para deixá-lo animado para fazer o mesmo, mas isso agora parecia distante. Pertencia a um outro Jaemin, estagnado há meses atrás.
Ao finalmente ultrapassar a entrada e se juntar aos colegas na área da piscina, ele foi recepcionado por uma visão comum, mas que era digna de admiração todas as vezes: em seu hábitat natural.
Se títulos sociais fossem distribuídos abertamente, receberia uma placa de “a alma da festa”.
Com os braços escorados em um móvel de madeira enquanto tentava plantar uma bananeira torta, ela tinha as pernas firmadas por outras pessoas para que não despencasse, recebendo a bebida de cor estranha direto de um cano que saía de um barril médio na mão de uma garota que berrava enquanto via o pseudo pomo de adão da beberrona de cabeça para baixo subir e descer. Ela não parecia nada incomodada com a posição – ela nunca ficava. Também não parecia se importar de estar com uma saia jeans e que ela tinha grande potencial de mostrar mais do que devia, mas ninguém ao redor parecia estar preocupado com isso.
Quando colocou os pés de volta no chão e se ergueu com um sorriso vitorioso, ela o enxergou no mesmo lugar, onde não havia se mexido um centímetro sequer.
— Jaemin!
correu para um abraço que ele já esperava, prendendo-a em seus braços enquanto os dela iam pela sua nuca. A posição os deixava perto o bastante para olhares de esguelha, mas ninguém parecia muito interessado em fofocar sobre a vida alheia naquele dia.
— Se você não viesse, eu te mataria — ela sussurrou ao pé do ouvido, arrancando uma risada dele enquanto se afastava — Mas como esperado, você não parece nada contente.
— Eu te disse que não era a companhia certa pra se curtir uma festa hoje — os ombros dele se levantaram enquanto soltou um suspiro, olhando ao redor com pesar — Vim porque você insistiu muito e não sou louco de duvidar que me buscaria na porta de casa.
— Você me conhece tão bem — ela jogou a metade do cabelo para as costas em um movimento teatral — Mas o seu esforço em aparecer é o bastante pra mim. Afinal, é nossa despedida.
Ele anuiu lentamente com a cabeça, olhando ao redor mais uma vez em uma tentativa de gravar aqueles rostos na memória. Não dava pra saber quando os veria de novo depois daquela noite.
— Vem, vamos dançar — ela pegou ligeiramente em sua mão, e Jaemin teve medo das palmas suarem de repente.
— Acho que não estou bêbado o suficiente pra isso — soltou de sua mão rapidamente, esperando que o gesto não tenha sido rude demais. não pareceu se importar.
— Então o que está esperando? Vamos beber!
Animada, ela inclinou a cabeça para a porta dupla de vidro há alguns metros à frente, depois de um pequeno caminho trilhado de pedras em cima do gramado. Ele suspirou ao vê-la caminhar, com seu jeito despojado de quem não se importa se a resposta dele era sim ou não. Era a de sempre: alegre, espontânea, imutável. Tudo o que ele acreditava que foi um dia.
Por fim, seguiu os passos da garota até a cozinha ampla, cumprimentando algumas pessoas pelo caminho, que esboçaram a mesma reação ao vê-lo: espanto. Era o que os olhos arregalados e os dedos ligeiramente apontados demonstravam. Nada do que ele já não esperava assim que tomou sua decisão de sair de casa naquele dia.
Eles não perguntariam nada, e Jaemin também não se via com a menor disposição de ceder explicações sobre sua presença. Sua simpatia ensaiada e seus olhos cansados teriam de servir por aquela noite, até que ela acabasse.
A cozinha parecia tão abarrotada quanto o lado de fora, com os cotovelos se batendo lá em cá em busca da bolsa térmica mais próxima. As informações que ele tinha sobre a festa eram rasas: a casa era propriedade dos Skarzanka, um casal de advogados poloneses que achou pertinente viajar para uma segunda lua de mel em algum país da Europa e, assim, autorizar que o bando alucinado de adolescentes da turma da filha ocupasse seu jardim para a última festa do ensino médio. O gramado recém cortado seria vítima de bastante material orgânico e misturas concentradas que Jaemin nem queria imaginar, mas os donos da casa não precisavam saber disso. Iman era a filha em questão, e se os boatos sobre seu namoro com Mark Lee, um veterano da Dong-Eui University, fossem verdadeiros, não era difícil adivinhar que ela não fazia parte da população do quintal.
esticou o pescoço sobre algumas bolsas e voltou-se para Jaemin, murmurando então algumas palavras sobre ir pegar bebidas do outro lado do cômodo. Jaemin ouviu a palavra “estoque”, mas a batida eletrônica alta e frenética não o deixou escutar mais do que isso. Ele se deteve em assentir com a cabeça e ver a garota sumindo entre a multidão. Logo, ele estava sozinho. De novo.
Como as coisas mudam.

Aproveite o hoje, mesmo que por um momento
A vida continua, de qualquer forma, ela flui”


Era inevitável o sentimento de deslocamento. Assim como era confuso.
Há meio ano atrás, Na Jaemin era o cara que estaria liderando a panfletagem daquela festa, assim como seria ele a pessoa escorada de cabeça para baixo enquanto recebia a bebida de procedência duvidosa direto na garganta, mas aquilo tudo parecia ultrapassado, um amontoado de lembranças. Faziam parte de um Jaemin antigo, um que não havia tecnicamente morrido, mas com certeza estava em um sono profundo.
O mesmo sono que sua mãe estava antes de ele correr ao hospital para assinar um atestado de óbito.
Parecia cômico estar ali agora. Os amigos usariam a palavra improvável, já que o garoto havia repetido dezenas de vezes que não pretendia comparecer à última festa da turma antes da formatura. Mas, ao mesmo tempo, era a última festa da turma antes da formatura. Não parecia certo colocar os problemas na frente mais uma vez, não hoje. Agora ele valorizava memórias mais do que nunca, e parecia a coisa certa estar presente na última fotografia da classe.
Bem, ele esperava aguentar até lá.
Ir até ali a pedido de era o mínimo que ele poderia fazer. Jaemin certamente enlouqueceria sem a companhia da garota para se distrair nos dias em que tudo parecia escuro e deserto demais, e se afogar em cerveja barata como seu pai havia se habituado a fazer não parecia a melhor forma de fugir da realidade. Não parecia certo nem assistir aquilo, quanto mais participar e formar o combo da irresponsabilidade que não os levaria a lugar nenhum.
Tudo ganhou um novo significado. As coisas ficaram estranhas e patéticas, cinzas e melancólicas. Era bizarro o que a morte poderia causar em uma pessoa.
Apenas foi além do “sinto muito pela sua perda”. Só ela havia se esforçado em manter-se por perto quando todos os outros haviam aceitado “nãos” demais de Jaemin e simplesmente seguido suas vidas. Ele não os culpava por isso, nem de longe. Odiava a ideia de ser um atraso na vida de qualquer pessoa, enquanto sentia a sua própria ficando para trás.
Era o que estava acontecendo. Ele estava ficando para trás.
E não conseguia achar a solução para seguir em frente.
A multidão o fez se sentir sufocado de repente. Ele andou até a grande bancada, vendo que a casa não estava apenas povoada pelo ensino médio da Daeyeon High School, mas também os veteranos da Busan National University dando as caras enquanto aproveitavam para comercializar o bom e velho ensino conservador. Ele esperava não ver nenhum dos antigos companheiros do moto clube, tudo menos aquilo. A possibilidade de ter que explicar porque sumiu tão repentinamente o deixava com náuseas. A péssima ideia que era aquela festa começou a se tornar cada vez mais real.
Ele achou garrafas de água dentro de um balde de gelo e tratou logo de pegar uma. Engoliu com tanta rapidez que não pensou em verificar antes se realmente se tratava de água, mas por sorte não teve surpresas desagradáveis. Sendo assim, se embrenhou por entre os corpos agitados, tentando se lembrar do caminho pelo qual seguiu, mas a massa humana e as luzes baixas impossibilitavam sua visão do outro lado do cômodo e ele não via mais nada a não ser rostos e copos coloridos. A sensação era de um peixe fora d’água, um rei exilado em seu ex-território. As pessoas aqui já não o olhavam com expectativa ou paravam para cumprimentá-lo em um êxtase aliviado, porque afinal, o dono da festa estava presente. Na Jaemin agora era um entre tantos, e não mais tantos em um.
Uma pequena aglomeração enérgica no canto da sala chamou sua atenção. e grandes manifestações andavam em paralelo na mente dele, e onde havia gritos exasperados, era lá onde ela provavelmente estaria. Jaemin não sabia se a casa era maior do que pensava ou se a multidão não o deixava chegar ao destino, mas, por fim, quando finalmente alcançou, viu algo que mereceu seu sorriso aberto, mesmo que estivesse confuso.
Haechan foi o primeiro a ser reconhecido. O rapaz estava sentado atrás de uma mesa redonda, usando um chapéu triangular e pontudo como as vestes de Hogwarts e posicionava cartas paralelamente em cima da superfície, murmurando algo pacificamente para a pequena roda de garotos ao redor, que encaravam tudo com as sobrancelhas juntas e cochichos entre si. Jaemin se aproximou um pouco mais até ouvir coisas como “É isso mesmo, você vai trabalhar com seu pai” e ser respondido com chiados e gemidos de frustração. Porém, a sentença “mas vai conseguir comprar o seu Ford em menos de um ano” gerou uma reação feliz e animada. Era incompreensível até Jaemin notar que uma dose de soju era servida no final de cada pequena sessão.
— Nossa, é o Jaemin! — alguém gritou por cima de todas as vozes falantes ao redor da mesa, e pelo menos seis pares de olhos viraram-se para ele, que ainda estava parado encarando as cartas coloridas de Haechan.
— Minha nossa, é Na Jaemin! — o mesmo soltou um grito alegre, levantando-se da cadeira enquanto dava tapinhas nos ombros de Jaemin. Ele tinha um cheiro forte de makgeolli, mesmo que Jaemin não tivesse visto nenhuma garrafa daquela bebida ali — Nunca imaginei que te veria aqui hoje. Como vai?
— Oi, Haechan — ele deu um sorriso fino para o garoto, e virou-se para a voz anterior — Chenle — cumprimentou novamente, tentando conter a alegria que massacrava seu peito no momento. Esses caras. Era com eles que estaria pulando e se divertindo no momento, e agora mal conseguia cumprimentá-los direito — Eu vou bem, e como vocês estão? O que estão aprontando aí?
— Ah, você vai adorar! É o novo passatempo do Hyuck — disse Jeno, que era a pessoa sentada à frente da cadeira de Haechan como se fosse o cliente da vez — Tarô.
Jaemin encarou as cartas posicionadas e seus desenhos iguais no verso. Ele soltou uma risada ao imaginar Haechan comprando tal coisa em qualquer mercado barato do norte da cidade.
— Tarô, é? — voltou-se para o amigo, ainda sorrindo — E por acaso está funcionando?
— Eu não sei, eu não quero trabalhar com o meu pai — Jeno fez uma careta, mas se recuperou logo depois.
— Ele acertou a cor da camiseta que o Jisung estaria usando hoje — Chenle deu de ombros, apontando para o amigo alto que tentava flertar com uma menina há alguns metros dali.
— Bela constatação — Jaemin assentiu, controlando a língua para não soltar piadas, as que normalmente faria, mas que não se sentia com direito de fazer.
— Ah, qual é, não usa esse tom de desdém — Haechan se manifestou, sentando-se novamente do outro lado da mesa — Senta aí, pode experimentar pra ver.
Jaemin juntou as sobrancelhas, como se desconfiasse que ele estava realmente falando com ele. Os demais olharam em sua direção, esperando. Jeno se levantou como um jato, puxando a cadeira para que o amigo se sentasse.
— Pessoal, eu acho que não…
— Ah, qual é, Jaemin, não vai levar nem um minuto! Vai ser divertido — Jeno insistiu — E a gente tava com saudade de se divertir com você.
Todas as cabeças assentiram em concordância, e Jaemin sentiu um formigamento estranho no peito, algo dizendo que ele poderia seguir em frente, que estava tudo bem em dar umas risadas antes de voltar para sua vida normal. Sua terrível vida normal.
— Eu estou com a…
— Tudo bem, a gente já te viu com a ! Aquela lá deve ter encontrado um dos trezentos amigos e estar jogando conversa fora — Chenle falou com confiança, e a ideia de não estar fazendo nada disso remexeu uma pontada ínfima em Jaemin, que decidiu apenas ignorar a sensação sem sentido e beber mais um gole de água antes de se sentar.
— Tudo bem, só um pouco — ele avisou, recebendo um tapinha nos ombros de Chenle. A ideia de gastar algumas horas com os velhos amigos que provavelmente não veria mais por um bom tempo o deixava mais feliz e propenso a esquecer dos problemas do lado de fora. Só um pouco, ao menos um pouco…
— Pois bem — suspirou Haechan, embaralhando as cartas como um mestre e deslizando-as pelo tampo — Fiquei sabendo que vai ficar em Busan.
Jaemin olhou pra ele.
— Você viu isso nessas cartas?
— Ah, não — ele riu — É mais um conhecimento geral mesmo.
— Ah, conhecimento geral — Jaemin franziu os lábios, cruzando os braços repentinamente — Eu não… Bem, acho que sim.
Ele disse como quem encerra o assunto. Haechan olhou de relance para os outros dois amigos de pé, o trio formado que logo mais iriam estar passando pela porta da frente da universidade de Seul depois do vestibular bem sucedido. Jaemin nem chegou a tentar.
Continuando com o processo, Haechan guardou o restantes das cartas e pôs o indicador em cima da mesa.
— Sua vez, Nana.
Jaemin encarou as cartas posicionadas e coloridas e apontou para uma da esquerda. Haechan fez sinal para que ele virasse e Jaemin o fez, revelando uma carta amarelo vibrante com o desenho estampado de sete moedas separadas por ramos de flores púrpura.
— Hum. O 7 de Ouros — Haechan assentiu, depositando um dedo sobre o queixo — Ela tem um significado bem interessante. Indica que você vive em uma prisão interna e isso dificulta que aceite algumas mudanças que são necessárias no caminho.
Jaemin pensou em rir da deliberação, mas Haechan encarava a carta com o cenho franzido em um foco tão absoluto, como se a informação fosse chegando a ele aos poucos, que pensou que seria uma falta de educação terrível, mesmo que tudo não passasse de uma brincadeira.
Ele encarou rapidamente os amigos ao lado, que assentiram com a cabeça em expressões fortes, em uma confiança absoluta nas palavras de Hyuck.
— Bem, o arcano 7 de Ouros diz que é a hora certa para as descobertas e um toque de realidade para quem está analisando a vida demais e agindo de menos — ele concluiu, com um sorriso singelo de canto. Jaemin piscou os olhos e apenas balançou a cabeça, sem ter o que responder.
— Agora vamos para os arcanos maiores — continuou ele, recolhendo todas as cartas na mesa e pegando um outro rolo, dessa vez com cartas maiores e mais coloridas — As mensagens dos arcanos menores se complementam com as maiores, então nada disso aqui é por acaso.
Ele embaralhou o outro montante da mesma forma que fez anteriormente, deslizando-as com destreza. Desta vez, não precisou pedir para que Jaemin virasse uma. Quando o fez, uma carta com o desenho de um homem vestido com roupas medievais e um chapéu dourado, junto com uma costura em retalho com bolas enormes abaixo do pescoço pareceu assustá-lo de imediato. Haechan ergueu uma sobrancelha, impressionado. Ele pegou a carta nas mãos, tentando se lembrar outra vez da mensagem escondida por trás dela.
— O Louco — disse ele, em tom de voz baixo que foi abafado pela música — Uma carta que é a primeira e a última ao mesmo tempo. O início e o fim. Fala explicitamente de recomeços, meu caro Nana — Haechan balançou a carta em frente ao amigo — Complementando os dois arcanos, a sua mensagem do presente diz claramente que o caminho que você está tomando agora é de autodescoberta, e novos desafios virão mas você precisa se abrir para que eles te ensinem como seguir em frente. Porque no final é isso que tudo quer dizer: a vida continua. Você pode seguir em frente.
Haechan abriu um grande sorriso firme para Jaemin e os demais, orgulhoso de seu progresso com a nova atividade extracurricular, mas engoliu em seco logo depois ao notar como o amigo o encarava com seriedade. Jaemin não fitava as cartas coloridas ou a superfície lisa da mesa; ele encarava Haechan direto nos olhos, como se tentasse descobrir se a situação era proposital. Se aquelas palavras foram jogadas em cima dele com um objetivo claro: passá-lo o mesmo recado que ele tanto escutou depois do ocorrido – acontecimento esse que todos ali na mesa estavam cientes, o que deixava o garoto ainda mais desconfiado.
No entanto, Jaemin não estava ali para concordar ou discordar de nada. Ele só precisava curtir uma noite sem pensar no que aconteceu. E se existiam boas intenções em que pudesse confiar, sabia que as dos rapazes ali presentes eram as primeiras da lista.
Porque, afinal, fingido ou não, eles não estavam errados. Ele precisava seguir em frente. Só não sabia como.
— Claro que nem tudo é tão literal, não é, Haechan? — Jeno quebrou o silêncio depois de alguns minutos, forçando o riso para que Jaemin desfizesse aquela cara, o que ele prontamente fez. A ideia de afastá-lo tão rápido depois de conseguirem tê-lo por perto por um tempo era desanimadora. Ainda mais por um motivo tão óbvio quanto tocar na ferida.
Por fim, Jaemin recostou-se na cadeira, abrindo seu melhor sorriso plácido para quebrar um pouco do clima que se instalou.
— Bom trabalho, Hyuck. Dá pra ganhar um dinheiro extra em Seul com isso?
O amigo deu de ombros em resposta, começando a recolher o resto das cartas.
— Posso vender simpatias e amuletos para os estudantes do ensino médio e fazer previsões de respostas das provas dos meus colegas. É tudo parte do plano, com certeza vou ficar rico. — Lançou uma piscadela na direção de Jaemin.
Seu tom divertido foi o bastante para que o restante do peso no ar se dissipasse de uma só vez e os garotos compartilhassem gargalhadas e empurrões que faziam parte de uma antiga rotina agradável e familiar. Jaemin viu os problemas saírem pela porta da frente. Ele se sentia aliviado com a recepção que estava tendo, mesmo que no começo não parecesse que se sentiria confortável ao lado dos amigos de novo.
Haechan puxou o copo de soju e o encheu com a bebida posicionada ao lado da mesa. Empurrou um deles para Jaemin e ergueu o outro até à frente do nariz.
— Aos velhos tempos — disse ele, com um sorriso.
Jaemin olhou do líquido para o amigo, ponderando a ideia. Aos velhos tempos era dito de uma forma engraçada, nostálgica e errada. Eles nunca foram adolescentes preocupados em respeitar a lei, com a prova viva desse fato sendo os organismos tolerantes ao álcool aos 19 anos de idade. A circunstância de Jaemin fazer parte do motoclube ao sul da cidade, competindo em corridas desportivas de motocross nas montanhas ao norte, com a maioria dos membros sendo alunos da universidade nacional ou adultos com problemas judiciais, não ajudava muito com que ele sempre andasse na linha. Ele foi um adolescente ativo, impetuoso, sedento por ação e adrenalina, o que o tornou um pouco difícil e agitado, levando isso até o final, quando percebeu que a vida real guardava responsabilidades bem maiores do que cruzar a trilha de chegada.
Nenhuma dessas coisas parecia importar agora.
Ele brindou com Haechan e meteu o líquido goela abaixo, internalizando todas as memórias junto com a vibração dos amigos. Tapinhas foram dados e mais soju foi servido, agora com todos eles bebendo juntos e, de fato, se divertindo como antes. Não valia a pena falar dos problemas passados que o esperavam do lado de fora, e nem de oportunidades perdidas que os separariam por um longo tempo, mas sim, o que estava acontecendo ali e agora, onde todos eles pertenciam ao mesmo lugar, no coração de cada um.
Jaemin não sabe por quanto tempo ficou ali, revivendo histórias e até conflitos com os outros integrantes até sentir um par de mãos em seus ombros e voltar-se para encontrar , que finalmente havia reaparecido com duas latas de cerveja esverdeadas. Ela encarou o grupo com surpresa, porém felicidade estampada. Estava acontecendo. Era exatamente isso que ela pretendia ver desde que fez o convite ao amigo no dia anterior.
— Vocês estão embebedando ele, não é? — disse ela de forma descontraída, mas fogos de artifício explodiam dentro de si.
— Na verdade, ele sempre insiste em beber mais uma dose — Chenle respondeu, fazendo os outros concordarem enquanto Jaemin apenas piscava os olhos e soltava o riso frouxo. Ele encarou e ela o retribuiu.
— Onde você esteve? — perguntou.
— Tentando me livrar de uns caras que não entendem quando uma garota diz não. — deu de ombros, pondo as duas garrafas na mesa — Deixou o Hyuck te falar asneiras sobre sua sorte com essas coisas?
— Ei, olha o respeito — o garoto resmungou, com a voz torta — Fiz uma previsão muito boa pra você no começo da festa, não devia desdenhar dos arcanos desse jeito.
estreitou os olhos para ele de um jeito furioso e apenas balançou a cabeça em negação. Jeno soltou uma gargalhada.
— É verdade, Komorowska. Ainda mais quando a previsão diz que você vai se declarar para o…
Uma nuvem de líquido alaranjado voou pelos ares até pousar e encharcar a camisa listrada de Jeno. Ele se afastou em um pulo para trás, mais pela bebida gelada do que pelo susto do ataque.
— Lee Jeno! — gritou, arregalando os olhos de espanto para o garoto. Seus dedos se apertaram em volta da lata que segurava, agora praticamente vazia, e todos os olhos se voltaram para ela. Os de Jaemin trouxeram as sobrancelhas juntas de quem estava por fora de uma piada interna.
— Do que estão falando? — ele soltou uma risada divertida, olhando para os demais e detendo sua atenção em — Você não me disse nada sobre se declarar. Isso é verdade?
Ela o encarou com os mesmos olhos raivosos, porém agora pareciam um tanto assustados, pegos em flagrante. Com um baque, a garota largou a lata amassada em cima do tampo com força e saiu por entre as pessoas na direção das escadas em espiral do outro lado, sumindo por dentro da multidão.
Jaemin encarou suas costas desaparecendo em total confusão, virando-se para os amigos logo em seguida.
— O que foi isso? — perguntou.
Os ombros de todos estavam abaixados pela repreensão de , o que fez Haechan afanar a lata que era para Jaemin e tomar um grande gole. Jeno deu um sorriso amarelo enquanto coçava a parte de trás da cabeça e Chenle revirou os olhos nas órbitas, suspirando.
— Acho melhor você ir atrás dela, Nana. Vou ver se corto a língua do Jeno e substituo por outra coisa mais útil — disse o amigo, lançando um olhar severo para Jeno.
Jaemin apenas concordou.
— Já volto.
Mergulhando entre os colegas, ele andou até as escadas de mármore e começou a subir pelo mesmo lugar. O corredor largo estava ocupado pelas mais diferentes posições em que era possível a troca de beijos na boca sem estar necessariamente deitado ou quase isso. Jaemin se esquivou de papel prateado, garrafas de vidro e pacotes pretos e abertos espalhados pelo chão. As portas fechadas significavam o óbvio, mas não seria o caso de . De jeito nenhum. Se estava tão chateada quanto demonstrou no andar debaixo, o que ele ainda não entendia, ela se enfiaria em um lugar fechado e sozinha, mas sem empatar a diversão de mais ninguém. Como uma porta isolada e distante das outras enfileiradas de um único lado.
De fato, existia uma. Ela era alta e amadeirada, porém quase escondida pelos corpos que se espremiam na entrada. Ele migrou para lá com a certeza inquestionável de que encontraria , mas não avançou por muito mais tempo quando a interrupção de mãos grandes e fortes agarraram seu casaco e o virassem na direção de seu dono.
— Na Jaemin! Não acredito! — era Johnny e seu cheiro padrão de cigarro e cerveja vagabunda. Ele vestia o colete preto de couro dos Abutres, e o cabelo longo e loiro estava preso em um coque baixo — Há quanto tempo não te vejo. Por onde andou?
— Não tenho andado muito por aí ultimamente — respondeu rápido, olhando para o fim do corredor novamente, ansioso para não perder de vista outra vez — Eu preciso…
— Ei, ei, espera aí. Eu fiquei sabendo da sua mãe, cara — Johnny estalou a língua, pondo uma das mãos no ombro do garoto — Isso é sempre uma merda. O Yuta andou me perguntando de você o tempo todo, você perdeu tipo umas cinco reuniões. Então vai desistir das corridas? Você era nosso melhor competidor.
Jaemin trincou os dentes, desejando que um terremoto caísse especificamente sobre os pés de Johnny e o engolisse chão abaixo. Ele nunca foi educado o suficiente para fingir interesse em uma conversa que não queria ter, mas o problema era que Johnny não tinha desconfiômetro o suficiente para perceber alguma coisa. Ainda mais para notar o quanto o assunto mais machucava Jaemin do que o deixava incomodado.
A questão não era que odiasse o que Johnny dizia. A questão era odiar enfrentar a realidade que ele relembrava. Era doloroso e frustrante ter que explicar porque desistiu dos próprios sonhos.
— Olha, Johnny, não foi por mal. Só… aconteceu — ele deu de ombros, tentando encurtar a conversa — Acho que precisei de um tempo pra mim. As pessoas tem dessas, às vezes. Agora, se não se importa…
Ele deu um sorriso frígido e seguiu novamente para o corredor.
— Ei, espera aí… — ouviu a voz de Johnny ficando para trás, mas poderia usar a desculpa da música alta algum outro dia para explicar porque o ignorou. Se é que o encontraria de novo para se explicar.
Ao chegar na porta do final, foi necessário pedir licença a um casal que se engolia no pior sentido da palavra e erguer o dedo para os tantos outros quartos logo ao lado dali. Os dois resmungaram enquanto Jaemin batia três vezes. A voz de soou do outro lado, enfurecida, com um “Tá ocupado!”. Aliviado por estar certo, ele escancarou a mesma, encontrando-a parada em frente ao espelho retangular na parede e as mãos apoiadas na pia, encarando seu reflexo com expressão consternada.
— Eu disse que estava ocupado! — ela gritou novamente quando virou-se para a porta com raiva. Ao ver o garoto, seus ombros se encolheram e ela engoliu em seco — O que faz aqui?
— O que você faz aqui? — frisou a palavra, fechando a porta atrás de si. ouviu o barulho do trinco — Por que saiu daquele jeito?
— Não é nada para se preocupar — ela respondeu baixo, balançando a cabeça e ajeitando os cabelos — Eu vou sair… — ela passou por ele e andou até a porta.
— Ei, espera — Jaemin virou-se repentinamente, segurando na curva de seu cotovelo — Por que ficou tão chateada com o que o Jeno disse? Tem alguma coisa que você não quer me contar?
— Não! — arfou, com os olhos fundos e desfocados pelo nervosismo mal disfarçado — O que eles disseram? Se eles disseram alguma coisa…
— Não, eles não me disseram nada. É por isso que estou aqui. Você gosta de alguém, é isso?
engoliu em seco. Aquilo estava pior do que pensava. Seu coração batia tanto que ela sentia o latejar em suas orelhas.
— Eu não… — ela começou, mas parou. Jaemin ergueu as sobrancelhas, em espera — Eu gosto — sussurrou.
O rapaz parou por alguns segundos antes de baixar os ombros e assentir. Alguma coisa dolorida se apoderou de seu peito, e nada teve a ver com os shots de soju que entornou no andar debaixo. era sua melhor amiga e estava tudo bem que quisesse guardar um assunto delicado daqueles consigo mesma, mas ele não imaginava que isso o deixaria tão perdido. Até abrir aquela mesma porta, ele jurava que queria saber, mas agora se odiou por ouvir. Uma queimação no estômago indicava frustração. Ele sentiu aquilo que se assemelhava ao que via nos dramas de TV, quando o mocinho sentia vontade de afundar a cabeça no travesseiro ao ver a protagonista com outro cara.
Mas isso era um absurdo.
— Ah… — foi a única resposta que conseguiu emitir depois da informação. mantinha a boca entreaberta, certa de que a respiração lhe faltava cada vez mais — Que legal. Eu o conheço?
Ela tentou responder, mas não sabia como fazer isso. Então, apenas crispou os lábios e murmurou:
— Não conhece.
Alguma coisa se escondia por baixo daquela expressão atípica. Como se fosse algo proibido. Jaemin franziu o cenho, notando o fato na mesma hora, e olhou para a porta, tentando controlar a curiosidade que queimava por dentro.
— É algum cara da faculdade? — ele tentou novamente, e revirou os olhos, achando tudo aquilo uma tortura — Espera, é algum dos caras do clube? Por isso você não quis me contar?
— Argh, para! — guinchou ela, afastando-se do rapaz até a outra metade do banheiro enorme — Podemos voltar aos meninos? Eu realmente não tô afim de falar sobre isso agora.
— Por que é tão difícil me dizer? Você me contou absolutamente tudo nos últimos meses, achei que confiasse em mim pra isso.
Ela olhou para ele. Uma risada sarcástica escapou de sua garganta.
— Também achei que você confiasse em mim, Jaemin — ela deu de ombros, cruzando os braços logo em seguida. O olhar fulminante dele a atacava de certa forma; como se fosse uma cobrança repentina — Confiar o bastante para se abrir sobre o que você mais quer da vida, sobre o seu sonho. E que sua mãe o apoiou até o último segundo, te fazendo um último pedido. Como se sente jogando tudo isso fora?
Jaemin engoliu em seco e se afastou há três passos dela. A revelação o atingiu como uma espada na ferida aberta. escondeu as mãos trêmulas ao lado do corpo, arrependendo-se quase que imediatamente por ter dito aquilo de forma tão bruta. Não era assim que deveria desviar assuntos sobre si mesma.
— Como você sabe disso? — a voz dele era um sussurro. abaixou os olhos, querendo mais do que nunca sair correndo, mas os pés pesados não fariam um bom serviço.
— O dia das fitas. — Ela umedeceu os lábios, tentando manter a voz firme — Eu te vi no seu quarto aquele dia, olhando para o retrato dela, e… Olha, Jaemin, me desculpa, eu não quis…

— Eu sei, eu tenho sérios problemas de filtro e digo a primeira coisa que vem à minha cabeça, mas eu acabei ouvindo. Você nunca duvidou tanto de si mesmo como quando se viu sozinho sem a pessoa que mais te apoiava, mas saiba que nem tudo acaba com a morte. Sua mãe não se importava se você fosse ficar em Busan, Seul, ou até mesmo na Coreia, ela só queria que você não parasse com o que quer que você quisesse fazer da vida, e pode ter certeza que ela sabia das corridas. Talvez seja complicado aprovar práticas perigosas que podem matar o seu filho, mas sua felicidade era o que mais importava. E ela te disse isso abertamente antes de ir, ela pediu. E em vez disso, você simplesmente desistiu. E isso acabou comigo também — a garota diminuiu o tom de voz, dando um passo à frente — Porque eu procurei maneiras de fazer você encontrar uma nova força, mas você só estava ignorando a que já tinha. Então, depois de tudo, sinto que você também não foi sincero o suficiente comigo. Você não confiou em mim para se abrir de verdade e dizer que nada disso adiantava.
Jaemin permaneceu imóvel enquanto soltava pequenos arquejos. A consciência do que estava acontecendo o deixava perturbado, tentando resgatar as palavras que fugiam de sua mente. Ele não estava acostumado a ter os sentimentos puxados para fora sem permissão prévia, mesmo que fossem puxados por .
— Achei que era autoexplicativo — respondeu ele, escondendo as mãos nos bolsos da jaqueta. — Achei que soubesse que eu não tinha mais forças para tentar.
Eu tentei ser essa força. — Ela levantou os braços, exasperada — Pelo menos… Pelo menos um pouco. Até que você se decidisse, ou até que me dispensasse, eu não sei. Mas fui sincera com você. Eu estava do seu lado e te apoiaria no que fosse, mas você nem me deixou saber o que estava pensando.
— E você? Está me dizendo o que está pensando agora? — Ele rangeu os dentes, sentindo o coração palpitar pela aproximação repentina dela, desejando que sua língua se controlasse para não dizer nada impulsivo, mas ela parecia ter vida própria — ‘Tá sendo sincera comigo agora não me contando quem é esse cara?
A garota piscou os olhos, perplexa.
— Por que voltamos a falar disso?! Não é…
— Eu aceitei a sua companhia, . Jamais vou ser ingrato por tudo que passamos juntos, e por todas as confidências, risadas, minutos de silêncio, tudo isso te transformou em uma pessoa especial e insubstituível para mim. Algumas questões internas minhas vão além disso, mas isso não muda sua posição na minha vida. É exatamente por isso que eu me preocupo de você começar a sair com um imbecil à essa altura do campeonato, dá pra entender?
Ela parou, totalmente sem resposta por alguns segundos. O semblante do garoto era resignado, os músculos retesados em uma tentativa de controlar uma explosão de argumentos. Ela precisou controlar um riso.
— Ele não é um imbecil… às vezes — disse ela.
— Ah, isso melhora muita coisa — Jaemin revirou os olhos, o sorriso de escárnio sendo a prova viva do ciúme entalado na garganta — Ele vai te acompanhar em Seul? Sabe que você não gosta de comida apimentada? Da sua mania de mandar mensagens de boa noite todo santo dia e de pular os paralelepípedos de forma alternada? Me diz, ele já sabe dessas coisas?
Um sorriso singelo brotou nos lábios de .
— Acho que ele sabe sim.
— Duvido que ele sabe que você coloca a batata frita no milk shake — ele fez uma expressão de asco, e uma raiva pulsava dentro de si ao vê-la sorrindo pra ele — E tem mais, será que ele…
achou que fosse a hora certa de calá-lo.
Jaemin ainda manteve os olhos abertos quando a boca dela tocou a sua. Seu cérebro era uma pane total e sua cabeça não se mexeu. pressionou seus lábios contra os dele com força antes de se afastar com a cabeça baixa, encarando os próprios pés e as bochechas banhadas em vermelho.
— Desculpa — ela levou um dedo aos próprios lábios, desacreditada do que haviam acabado de fazer — Não era assim que eu queria que você soubesse, eu só não…
Desta vez, ela sentiu o corpo ser comprimido contra o dele enquanto a boca do garoto invadia a sua. Um incêndio aconteceu no corpo de Jaemin. Ele não se sentia fisicamente capaz de falar, só de agir. Sua cabeça explodia com terríveis evidências, comprovações, situações que passaram despercebidas e que agora se revelavam como a verdade absoluta que sempre existiu, mas que ele estava cego demais para ver. Cego pela dor e pela acomodação. Sua verdadeira força sempre esteve ali, bem ao lado – das duas formas, nos dois planos espirituais existentes.
retribuiu o beijo feroz, afundando os dedos nos cabelos de Jaemin até sentir as costas baterem na parede gelada de mármore, sentindo as mãos dele firmarem sua cintura e os dentes mordiscarem seu lábio inferior com clemência e agilidade.
Deus do céu, o desejo mais oculto de seu coração estava se tornando real...
— Jaemin… — ela tentou dizer com a voz abafada, sentindo ele se afastar ofegante. Ela sentia suas pernas tremerem de excitação, de loucura. O sentimento era mútuo. — Acho que temos que conversar…
— É, temos — ele assentiu, dando um longo selinho nela — Sou um idiota, mais alguma novidade?
Ela riu de encontro ao nariz dele.
— Temos que voltar lá pra fora. — disse, desejando ficar naquele mesmo lugar, ou em qualquer outro que ele estivesse junto pelo resto da noite.
— Claro, temos também — ele passou uma das mãos no cabelo, afastando-se lentamente.
Ele engoliu em seco, ainda desorientado com a própria atitude, com seus sentimentos, com tudo que foi dito e ouvido, mas conseguia quebrar qualquer clima estranho que pudesse se instalar. Ela mordeu o lábio inferior e pegou em sua mão, a qual ele não soltou dessa vez, e começou a guiá-lo para fora do banheiro.
— Então, posso finalmente te levar a uma festa? — ela disse com um sorriso. Ele retribuiu, sentindo o canto dos lábios se erguerem em um primórdio de expectativa como há muito não acontecia.
— Claro. Sempre.
Os dois saíram para o barulho do lado de fora, voltando para o mesmo lugar de antes, mas que agora parecia diferente. Ele se sentia diferente, no sentido mais complexo da palavra. Na Jaemin podia não ser mais o rei da festa, mas agora ele poderia ser o que quisesse. Era uma sensação nova de controle da própria vida. E
Bem, ela era o catalisador de toda essa balbúrdia interna.
Eles pararam na base das escadas, ainda de mãos dadas enquanto buscavam os outros garotos de antes. Avistou-os há alguns metros dali, no centro da pista de dança. Haechan ainda usava seu chapéu ridículo, Chenle bebia enquanto ria dos amigos que passavam vergonha com danças esquisitas, como Jeno e Jisung, enquanto tentavam impressionar um grupo de garotas logo ao lado. Nada mudou, e ao mesmo tempo tudo mudou.
Novos caminhos, mesmas pessoas.
— Acho que a previsão do Haechan estava certa — Jaemin falou ao ouvido de , soltando uma risada divertida. Ela revirou os olhos, mas sorriu do mesmo jeito, tendo o corpo aproximado por ele para um beijo rápido.
— A sua também vai se cumprir — ela deu uma piscadela, pulando para frente e puxando-o para se juntar aos amigos.
E ele foi, com um sorriso no rosto, sentindo-se jovem e vivo outra vez, sabendo que o caminho de autodescobertas começava aqui e agora, para a frente. Para onde a vida continua.
E ele não iria mais ficar para trás.


FIM.



N/A FIXA 📌: Obrigada por ter lido :)


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