05. Pandora's Box

FINALIZADA.

Prologue

— Você já ouviu sobre o mito da Caixa de Pandora? — ela se aproximou minimamente, sentando-se ao meu lado e me encarando com os olhos brilhando. Um pequeno sorriso se abriu em meus lábios de forma singela.
— Muito pouco — menti, observando a feição da garota ficar ainda mais brilhante e animada.
— Então eu vou te contar! — Hyumi se ajeitou no sofá ao meu lado, virando-se de frente para mim, com as pernas jogadas para o lado. Girei meu corpo levemente em sua direção, compartilhando da mesma empolgação.
Seus olhos brilhavam muito, além da diversão estampada em sua expressão. Seu corpo todo gritava de divertimento e eu apenas admirava de perto, sem dizer mais nada.
Ela respirou fundo antes de começar: — Há muitos e muitos anos, lá na Grécia, havia um titã chamado Prometeu…

Opening Chapter – fallen in Pandora’s Box

Alguns anos atrás…

O barulho da maquininha de tatuagem, que eu nem ao menos sabia se tinha um nome próprio, irritava meus ouvidos.
Aquele ambiente não me chamava a atenção. Na verdade, apenas de saber que eu estava dentro de um estúdio de tatuagem me dava tremeliques, mas tentei não externar tanto aquele sentimento.
— Você está mais pálido que o normal — minha melhor amiga se aproximou com um sorriso, cruzando os braços assim que se pôs ao meu lado, sem olhar em minha direção.
— Não sei como você consegue gostar tanto desse tipo de coisa — meus ombros tremerem para cima, deixando-me quase sem pescoço. — Aquelas agulhas são assustadoras.
— Você que é frouxo demais — riu alto, finalmente se virando em minha direção. Girei a cabeça para poder encará-la. — Nem dói tanto assim.
Optei por permanecer sentado no pequeno banquinho no canto, encostado na parede. Abracei uma almofada que estava sobre o almofadado como se ela pudesse me proteger daquela maquininha.
Percebi que soltava uma risada alta sempre que nossos olhos se encontravam. Ela não reclamava da dor, não reclamava de nada.
Mais alguns minutos de tortura, que na minha cabeça duraram horas, e a garota se levantava com cuidado da maca, com a tatuagem completamente feita em sua coxa. O tatuador limpou uma última vez e tampou com plástico filme, dando alguns conselhos sobre como ela deveria cuidar da tatuagem nos próximos dias.
me olhou, indicando que queria dizer algo, mas meus olhos estavam presos na tatuagem.
Era uma caixa aberta com diversas caveiras saindo dela.
Uma caixa de pandora.
Não encarei por muito tempo, tentando não parecer nenhum fanático ou algo do gênero, apenas engolindo em seco e voltando a agir normalmente.
— Vou te esperar do lado de fora.
Sim, completamente normal.
Como eu estava com a chave do carro, destranquei-o e me ajeitei no banco do motorista. Segurei no volante por alguns segundos, rapidamente encarando o lado de dentro do estúdio pela enorme parede de vidro frontal, mas logo desviei o olhar e comecei a mexer em meu celular.
Não havia nada me chamando a atenção nos stories do Instagram.
A porta do outro lado do carro se abriu com força enquanto uma sorridente entrava com cuidado, se sentando no banco do passageiro. Guardei o celular.
— Você gostou…? — sua voz soou mais baixa e eu pude sentir seus olhos me encarando. Virei em sua direção levemente, com um sorriso ladino.
— Achei muito bem feita.
Ela soltou ar pelo nariz, mantendo o sorriso no rosto antes de dizer:
— Estar bem feita não significa que gostou.
— Só achei meio… Grande e assustadora, eu acho — pressionei os lábios, virando-me para frente e dando partida no carro de uma vez.
— Pode ser sincero se quiser, — ela disse ainda me olhando, mas apenas lhe lancei um sorriso em resposta, sem querer dizer mais nada.
apenas suspirou e mexeu no rádio, colocando uma de suas músicas prediletas no meu pendrive. I’m Your Psycho da Janet Suhh.
— O que pretende fazer no restinho do recesso? — tentei puxar algum assunto para quebrar aquele clima que se instaurou entre nós.
— Acho que só vou dormir e maratonar Blood.
E não disse mais nada.
Encarei-a rapidamente, uma vez que já estava com o carro andando nas ruas movimentadas de uma Seoul noturna pós ano novo. Aquele era um sinal claro de que ela não estava querendo conversar.
Afinal, o que queria ao tatuar uma Caixa de Pandora? Eu gostaria muito de perguntar, mas não achava que aquele seria um bom momento. Ela claramente estava chateada por eu não ter elogiado mais a sua escolha de tatuagem, mas eu simplesmente não conseguia mentir.
Era simbólica. E pesada.
O caminho todo seguiu em silêncio, com apenas as músicas de Janet Suhh soando pelo veículo.

🗳

— Você bebeu muito? — perguntei enquanto segurava o seu cabelo.
tentou responder, mas em questão de segundos sua cara estava enfiada no vaso sanitário mais uma vez, vomitando.
Apenas suas golfadas me davam ânsia, então minha outra mão automaticamente subiu na direção de minha boca, tapando-a em um ato impensado.
Esperei que ela vomitasse tudo aquilo que precisava e a ajudei a se levantar, limpando sua boca na pia e jogando água em sua nuca.
Assim que saímos do banheiro, estava completamente mole ao meu lado, apoiada em meu ombro.
— Vou deixá-la em casa — avisei a Young Ho, que apenas assentiu e me ajudou a colocar dentro do carro.
— Me avisem quando chegar — ele pediu, me encarando. Concordei com a cabeça antes de correr para o lado do motorista e dar a partida no carro.
A música que tocava era alguma da Heize, mas eu não conseguia prestar atenção. Estava ocupado demais com o trânsito e com mais da metade do meu cérebro se perguntando como diabos havia chegado naquele estado.
Fazia cerca de um mês desde o dia da tatuagem e, desde então, ela tem me evitado. Não que tivéssemos parado de conversar ou algo do tipo, mas eu havia percebido que ela nunca mencionava a tatuagem em nossos papos diários. Além de que, ela parecia desviar a conversa sempre que comentávamos sobre qualquer coisa do recesso do ano novo.
… — escutei ela me chamando e virei em sua direção.
— O que foi??
— Por que você não gostou da minha tatuagem? — sua voz saiu arrastada. Era nítido que ela não estava bem.
— Podemos falar disso outra hora? — voltei a encarar a pista molhada.
Estava chovendo até alguns minutos atrás.
— Não — resmungou e percebi que ela se revirou um bocado no banco ao meu lado. — Eu nunca tive coragem de entrar nesse assunto com você de novo porque tinha medo de perguntar o porquê.
Suspirei fundo, sabendo que não conseguiria fugir daquela conversa por muito tempo. Ainda demoraria mais de meia hora para que chegássemos em sua casa, uma vez que estávamos reunidos na casa de Young Ho, em outra cidade.
— Não é que eu não gostei — comecei a dizer, tentando falar de uma forma lenta para que ela compreendesse. — Eu só achei pesada. Não gosto de caveiras.
— Eu também não.
Minhas sobrancelhas se curvaram em uma completa confusão.
— Então por que você tatuou um monte delas?
Uma risada sem graça saiu de seus lábios, seguida de um suspiro pesado. ainda demorou alguns minutos para conseguir pensar e responder.
— É porque eu queria uma Caixa de Pandora e…
— Eu sei o que é uma caixa de pandora, — acabei resmungando grosseiramente, sem olhá-la.
Escutei a garota ao meu lado suspirar.
Andamos mais alguns quilômetros, faltando pouco mais de cinco minutos para chegarmos na casa de .
Desde o momento em que fui levemente grosso, ela não disse mais nada. O caminho seguiu com a música tocando, como no dia da tatuagem.
— Está entregue — disse por fim, estacionando o carro e a olhando. já parecia bem melhor.
Ela abriu a boca para dizer algo, mas não se virou em minha direção.
— Sabe, , acho que sou como uma Caixa de Pandora — ela sorriu, encarando a rua escura pelo visor do carro.
estava com o corpo levemente esticado pelo banco, com as mãos cruzadas e descansando sobre seu colo. Seus olhos baixos e um olhar perdido para frente, como se ela divagasse em seus próprios pensamentos.
Ela ainda não me encarava.
— Uma caixinha secreta que guarda muita coisa dentro de si. Que quando for aberta, pode criar um caos total — seus olhos se encheram de lágrimas, mas nenhuma escorreu. — Mas, diferente de uma Caixa de Pandora, acho que não há nenhuma esperança dentro de mim.
abriu a porta do carro e saiu caminhando para dentro de casa, sem olhar para trás, me deixando para trás completamente parado e confuso.
Parado, confuso e apaixonado.
Sim, eu tinha me apaixonado por uma Caixa de Pandora.
E definitivamente não sabia o que fazer.




FIM



Nota da autora: HAHAHAHA ok, talvez eu tenha sido malvada em parar aí, mas é o que temos!
Em breve teremos uma continuação dessa fic em outro ficstape <3 não me odeiem tanto, por favor!
E vocês? Gostaram? Me deixem saber nos coments!
Um cheiro enooooorme,
~xoxo




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