Finalizada em: 20/09/2020

Capítulo Único

Broad street
(Na Rua Broad)
Yeah we met over sake
(Sim, nos conhecemos com saquê)
Might have started off rocky
(Pode ter começado estranhamente)
And ruined our first date
(E arruinamos nosso primeiro encontro)




Cheguei no restaurante sete minutos antes do combinado. Poucos pares se espalhavam no recinto e notei que estava relativamente vazio, apesar de ser horário de pico. Ajustei as abotoaduras do terno antes de ir até a mesa do maitre, que não estava lá, descobrir qual daquelas mesas era a minha. Não esperei muito tempo até que uma figura estonteante entrou no restaurante, com um vestido vermelho comportado, um batom combinando e as bochechas coradas com o calor que fazia do lado de fora. Demos um sorriso educado a guisa de um cumprimento para o outro, até que a mulher riu, sarcástica.
- Eu não acredito. – Murmurou ela. – Vai ficar me seguindo agora, ?
Demorei três segundos para me lembrar de onde eu a conhecia. A boate. Merda.
- ?
Ela revirou os olhos.
- Espero que não tenha vindo arruinar meu encontro. – Disse, orgulhosa. – Porque, sabe, uma mulher como eu ainda pode sair com um homem lindo, rico e gentil.
- Você? Fisgou um riquinho? – Dei risada, só para provocá-la. – Ora, , sempre soube que era interesseira, não precisa se orgulhar disso.
- Eu estou interessada nele de verdade, okay? – Defendeu-se. – Ele não desrespeita o livre arbítrio de mulheres solteiras em boates. Espero que não arruíne isso.
Dei uma risada que não era nem de longe sincera ou empolgante.
- Só para que saiba: eu também estou em um encontro. – Comecei.
- Você? Conseguiu convencer qualquer mulher a sair com você? – Deu risada, olhando para o lado. – Espera ela descobrir que você é um machista idiota.
Era um encontro ás cegas, eu não fazia ideia de quem iria me encontrar ali, mas mesmo assim não iria deixar levar a melhor sobre mim.
- Eu não a convenci, na verdade ela que me chamou para sair. – Respondi. – Porque, sabe, acredito em mulheres que tomam a iniciativa, ao contrário do que pensa. E essa mulher em especial... Ah, , eu acho que ela é a mulher certa!
torceu o nariz, e em minha defesa devo dizer que ela tinha começado toda essa palhaçada.
Eu não tinha intenção de ser machista quando a conheci na boate. Não queria tê-la magoado, mas como dizia minha irmã mais nova: a desconstrução não acontece da noite para o dia. Não estou dizendo isso para parecer melhor, ou diferente. Eu sei que o que é certo e errado, mas as vezes os antigos hábitos escapam.
Avistamos o maitre chegando em seu posto e me prontifiquei a falar, já que tinha chegado primeiro.
- Uma reserva em nome de Dukan. – Falei, percebendo que tinha soado mal-educado. Tentei consertar com um sorriso que o homem não viu. – Boa noite, desculpe.
- Boa noite, senhor. – Disse, consultando algo atrás da bancada. – Certo, sua mesa está pronta. – Proferiu, educado, sem se abalar com a minha notável falta de jeito.
Viramo-nos em direção ao interior do restaurante, sem nem me dar o trabalho de me despedir dela.
- Espere! – Escutei a voz de atrás de nós. Quando me virei para olhá-la, parecia em dúvida entre seguir em frente ou ir embora o mais rápido possível.
- Pois não, senhorita? – Perguntou o homem.
Ela olhou no fundo dos meus olhos, apertando os lábios de nervoso antes de responder.
- Minha reserva também é em nome de Dukan.
Que falta de sorte.
Acompanhei o mais ereto e elegante possível, como se fizesse aquele tipo de coisa o tempo todo, o que eu claramente nunca na minha vida tinha feito. Provavelmente era a segunda vez em vinte e quatro anos que eu usava um terno. O homem parou há alguns metros de uma mesa um pouco discreta, com uma luz mais baixa e com vista para o mar. Mentalmente dei um tapa de agradecimento nas costas de Luke Dukan, parecia que ele sabia mesmo o que estava fazendo quando se prontificou para escolher o restaurante. Só não sabia escolher a companhia, pelo visto.
Dei um sorriso debochado para ela quando se sentou na cadeira em frente à minha.
- Então... lindo, gentil e rico, hein? Não sei o que te contaram, mas estou sem um puto no bolso.
Ela me encarou mortificada de vergonha por poucos segundos, mas depois sorriu debochada também.
- E onde está essa mulher empoderada que te chamou para sair? – Riu quando eu não respondi. – Coitado, ainda precisa que o amigo marque suas batalhas.
Ficamos nos encarando com raiva por uns segundos, até eu resolver que já tinha ido até ali, gastado uma grana no aluguel do terno e provavelmente na conta. Eu precisava aproveitar, não fazia muito sentido ir embora agora.
- Olha. – Tentei de novo, com um tom de voz mais gentil. – Me desculpe por aquele dia, sério. Não tinha intenção de te ofender, mas você estava bem na minha e eu achei que...
- Que poderia me comer por uma noite porque era aparentemente uma mulher fácil? – Disse, nervosa. – Eu sou uma mulher como qualquer uma outra, Petter!
- Eu sei que é!
- Pois não parecia. E, aliás, não existe essa de mulher fácil. – Explicou. – O que existe é mulher desapegada, que só querem uma noite de amor e mais nada e também está tudo bem. Mas eu não sou assim, estava naquela boate para comemorar o aniversário da minha amiga e não para selecionar uma piroca para sentar.
- ...
- ...ao contrário de vocês, homens, que acham que boate é um self-service infinito.
Suspirei.
- Eu sei disso agora. Por favor, me desculpe. – Pedi, sorrindo e disposto a reconquistar o coração feminista dela. – Olha, eu deixo você escolher o prato mais caro do cardápio.
Ela não parecia disposta a me perdoar tão cedo, mas riu.
- Achei que estava sem um puto.
Sorri.
- Posso ter reservado um dólar ou dois para esse encontro.
- Eu ia dizer para a gente dividir a conta, mas depois dessa patifaria nada mais justo do que eu extorquir cada centavo do que possui.
Pegou o cardápio e ficou procurando algo, provavelmente o prato mais caro mesmo, e depois que descobriu o que queria, entregou o cardápio para mim.
O resto da noite foi tranquilo, na medida do esperado levando em consideração meu passado com . Quando paguei a conta (sozinho, como ela prometeu), acompanhei a mulher até a calçada, onde ela pediu um uber. Eu tinha oferecido uma carona, mas se manteve irredutível.
- Nós vamos sair de novo? – Perguntei, coçando a cabeça.
Ela sorriu.
- Eu vou pensar.
- No código feminino isso geralmente significa não. – Falei, olhando para baixo.
- É, mas no meu código geralmente significa vou pensar. – Respondeu. Ouvi seu riso baixo e levantei a cabeça de novo para olhá-la. Ela era mesmo linda.
O carro dela chegou e antes de avançar para abrir a porta, se aproximou de mim e me deu um beijo no rosto.
- Foi um prazer conhece-lo, .


But last night
(Mas ontem à noite)
When you finally called me
(Quando você finalmente me ligou)
I ran straight thru the lobby
(Eu corri imediatamente para o lobby)
I couldn't keep you waiting
(Não conseguia esperar)



Um mês se passou sem notícias de . Não que eu tenha ficado esperando na frente do telefone como uma adolescente de quinze anos. Ela não quis passar o telefone dela, ao invés disso, pediu o meu. Eu era novo naquela história de mulheres que tomam a iniciativa, então só deixei rolar.
Quando ficou óbvio que ela não queria mais me ver, desisti de esperar também.
- Fica claro que você é uma cadelinha quando se trata de mulheres. – Falou Cassie pela primeira vez.
Revirei os olhos para minha irmã mais nova, que estava esparramada no meu sofá assistindo algum episódio de Riverdale.
- Você não sabe de nada.
- Eu te conheço, . – Insistiu, dando pause na Netflix para me encarar. – Se não tivesse sido um macho escroto na boate, quem sabe.
- Ei, eu não sou um macho escroto.
Ela riu, mostrando toda a sua sabedoria naquela cabecinha de treze anos de idade.
- Eu não disse que é; eu disse que foi, naquele dia.
- Ainda não sei porque contei essa história para uma criança. – Murmurei, sentando no sofá ao lado dela. Cassie bateu com o controle na minha perna.
- Porque sabe que sou a única que pode ajudar você.
Não queria ficar ouvindo conselhos de uma garota de treze anos, mas sério, ela era muito madura para idade dela.
- E o que sugere que eu faça então, buda?
Ela deu de ombros, dando play na TV de novo.
- Supera, irmãozinho. Ela não vai ligar.
Ela tinha razão. Mesmo assim passei as mãos no cabelo, frustrado.
- É, não vai.
- E sua vizinha, a senhorita Berry? – Cassie perguntou. – Ela é muito gentil. Posso falar com ela se quiser muito uma namorada.
- Cassie, ela é pelo menos dez anos mais velha que eu.
Ela bufou.
- Idade é só um número. Você é onze anos mais velho que eu e mesmo assim estou te dando conselhos.
- Está certo. – Concordei, tentando me distrair com a série que ela estava assistindo. – Mas não quero sair com a senhorita Berry.
- Então fica aí solteiro. – Murmurou.
- Eu não quero uma namorada!
Vi com o canto do olho que ela deu uma risadinha, e antes que eu pudesse falar qualquer coisa, meu celular tocou. Ainda cheio das provocações de Cassie, atendi de qualquer jeito sem nem ver quem era.
- Alô.
- Oi, . Sou, eu .
Arregalei os olhos e Cassie me olhou preocupada.
- Oi, tudo bem? Aconteceu alguma coisa? – Perguntei.
- O que, ? O que aconteceu? – Gritou Cassie.
- Tem alguém aí com você? Posso ligar outra hora. – Falou , do outro lado da linha.
Arregalei os olhos.
- Não, não, é só minha irmã mais nova, mas ela já estava de saída, não é Cassie? – Disse para a garota que me observou ao mesmo tempo chocada e emburrada por ter sido expulsa.
- Vai me expulsar? – Falou, em tom de birra.
- Um momento, por gentileza. – Sussurrei no telefone.
- Cassie. É .
Ela levou as mãos a boca.
- Podia ter começado com essa parte! – Veio até mim estalando um beijo na minha bochecha e pegando seu celular na mesa de centro. – Te amo, maninho, boa sorte!
E foi embora, sem nem me dar a chance de responde-la. Ouvi a porta bater e voltei minha atenção para o celular.
- Oi, . Desculpe, minha irmã é enxerida.
Ela riu.
- Parece ser adorável!
- Às vezes ela é.
Ficamos um tempo em silêncio.
- Mas e aí...
- Aconteceu alguma coisa?
Falamos ao mesmo tempo. Ri.
- Desculpe, pode falar você primeiro.
- Gostaria de saber se quer sair... para algum lugar.
- Claro! Onde iremos?
Ela riu baixinho, provavelmente com vergonha alheia da minha empolgação. Eu não podia culpa-la.
- Me passa seu endereço que eu te busco. – Pediu, calma.
Desconstrução, . Desconstrução. Isso é perfeitamente normal.
- Tudo bem.
Mal passei meu endereço, desligamos o telefone e combinamos de ela me buscar em quarenta minutos. Porém, obviamente, vinte minutos depois eu já estava de banho tomado e com minha melhor roupa casual esperando no lobby do prédio. Como Cassie havia dito mesmo? Ah, sim.
Droga.
Eu era totalmente cadelinha. Depois desse pensamento cogitei voltar para o meu apartamento e ainda fazer esperar por uns dez minutos depois que chegasse, mas, ei, era exatamente esse pensamento que fez ela se afastar de mim em primeiro lugar.
Frustrado, suspirei, me sentando em um dos sofás para esperar pela gloriosa mulher de cabelos .


Yea I know yea I know yea I know yea I know
(Sim, eu sei, sim, eu sei, sim, eu sei)
That you work sundays for minimum wage
(Que você trabalha aos domingos por salário mínimo)
Should I have known that
(Eu deveria saber que)
You would take hold and never let go?
(Você pegaria e nunca mais largaria?)
Never let go
(Nunca mais largaria?)
And I know and I know and I know and I know
(E eu sei e eu sei e eu sei e eu sei)
That you like your space with your one roommate
(Que gosta do seu espaço com seu único amigo de quarto)
Do you mind if I see you tomorrow?
(Você se importa se eu te ver amanhã?)



Descobri muitas coisas sobre nas semanas que se seguiram. Ela era garçonete em uma lanchonete do centro e trabalhava de domingo a sexta. Era a mais velha de cinco irmãos, todos meninos. Talvez por isso tenha crescido toda independente a respeito do sexo masculino. A mãe era alcoólatra e estava doente, o pai tinha sumido há muito tempo e cabia a garantir os proventos da família. Quando o irmão mais novo completou dezoito anos, saiu de casa para morar com seu melhor amigo de anos em um apartamento próximo ao trabalho. Os irmãos começaram a trabalhar, mas ela não parou de ajudar a família. O salário quase não sobrava para ela mesma, e quando isso acontecia ela se permitia se divertir de vez em quando. Isso foi o que achei mais lindo nela: mesmo colocando a vida da família inteira na frente da sua própria, ela ainda achava a vida linda, tinha excelentes amigos e nunca abandonava aquilo que acreditava. Seus valores eram a sua maior força e fiquei chateado comigo mesmo que eu tivesse demorado tanto tempo para entender isso.
Estávamos no parque fazendo um piquenique com Cassie. Tinha sido ideia da própria Cassie, é claro, queria conhecer a mulher que com suas palavras “tinha me colocado na linha”. Argumentei o que eu já havia ouvido antes em alguma postagem do facebook: mulher não é reabilitação para macho escroto. Foi muito engraçado ver Cassie fechar a cara porque não conseguiu rebater minha justificativa à altura.
Cassie e estavam conversando há horas como se fossem grande conhecidas e pude notar que ficou surpresa com a maturidade da minha irmã.
- Eu quero ser advogada quando crescer. – Explicou Cassie. Não perdia uma oportunidade de dizer que estava estudando para Harvard. – E proteger o direito das mulheres.
sorriu, encantada, enquanto colocava geléia de amora em uma torrada e dava uma generosa mordida.
- É muito legal saber o que quer ser tão cedo. – Elogiu . – Eu mesma não queria ser a grande garçonete que sou hoje.
Ela disse em tom de ironia, mas Cassie praticamente a repreendeu.
- Tenho certeza que muitas lanchonetes matariam para ter uma garçonete como você.
corou e olhou para mim, sorrindo.
- E você, ?
- Eu o que?
- Sempre quis ser professor de colegial? – Questionou, rindo.
Não, definitivamente não.
- Não posso dizer que estava nos meus planos. – Murmurei. – Mas eu gosto.
- Gosta só até precisar me dar aulas. Eu sou uma aluna terrível. – Interferiu Cassie. – Me aguarde no ensino médio ano que vem, irmãozinho!
riu, aprovando a provocação, e as duas fizeram um high five no ar. Me senti totalmente sobrando, o que era bem engraçado.
- Não acredito que já vai para o ensino médio.
Cassie revirou os olhos.
- Tão sentimental!
As duas riram de novo, o que me fez rir também. Cassie tirou um jogo de mímica de tabuleiro para jogarmos e espalhou as comidas que tínhamos levado para abrir espaço.
O sol já estava quase se pondo e o clima estava bem fresco. No final foi uma tarde bem legal e eu não via a hora de sair com de novo.
E dessa vez, sem a pestinha da minha irmã.


I think I might push my luck with you
(Eu acho que abusei da minha sorte com você)
Does another night feel alright to you?
(Mais uma noite parece legal para você?)
If I ask right now would you think it through?
(Se eu pedir agora mesmo, você pensaria nisso?)




- , espera, eu não quis dizer isso! – Falei, indo atrás dela pela rua.
Consegui alcança-la e toquei seus ombros para que se virasse. – Por favor, não vai embora.
- , tenho tentado ser paciente com você, mas sério... Eu consigo ver para onde nossa relação está indo, e é para o inferno! – Cuspiu.
- Por favor, me ouve! – Pedi, suplicante, o desespero soando em meu timbre.
- Não tenho o que te ouvir!
- Eu não devia ter insistido e...
- É, mas insistiu! – Interrompeu, nervosa. – Qual é o próximo passo? Me obrigar a trocar de roupa porque achou meu vestido curto? Me estapear para transar com você?
- Você está exagerando, .
Ela sorriu, sem humor nenhum.
- Achei que era diferente, . Achei que sabia o que estava fazendo quando resolvi te dar a chance de mostrar que não era um babaca.
- Mas eu não sou! – Gritei, exasperado, colocando meu braço com gentileza em seu ombro. Tinha consciência de que estava no meio da calçada e que todos que passavam conseguia nos ouvir, mas naquele momento não me importei. – Vem, vamos voltar e conversar com calma.
Mas sacudiu os braços para um taxista livre que estava passando, se desvencilhando do meu braço.
- Tchau, .
E saiu correndo em direção ao carro, me deixando sozinho na entrada do prédio.


Fui até a casa dos meus pais e quando cheguei encontrei Cassie nadando na pequena piscina que havia no quintal. A garota pulou da piscina na hora, certa de que tinha acontecido algo. Se enrolou na toalha e sentou-se na cadeira ao lado da minha, enquanto contei a história a ela.
- Bom, chegou e estava muito bonita, como sempre. – Comecei. – Era a primeira vez que ela ia no meu apartamento, então deixei tudo arrumado. Disse que ia cozinhar para ela.
- E você lá sabe cozinhar? – Interrompeu.
- Quer ouvir ou não?
- Aí, nossa, desculpe. – Murmurou. – Continue.
- Bom, deixei o apartamento limpo, arrumei a mesa e coloquei várias velas espalhadas. Apaguei a luz. Estava bem romântico. – Sorri, com a lembrança. chegou maravilhada com a decoração. – Foi tudo muito bem, e aí...
- E aí, o que?
- Bom, me aproximei para beijar ela. E ela disse que não queria me beijar, mas eu insisti. Muito. – Confessei. – E aí ela foi embora, dizendo algo sobre eu não respeitar o espaço dela e não querer me dar outra chance.
Cassie ouviu toda história com atenção. É claro que não contei tudo a ela, porque isso significaria dizer que eu tentei transar com quando ela não estava no clima e minha irmã não precisava desses detalhes sórdidos. Mas eu tinha que parar de subestimar a inteligência daquela pestinha, porque ela sacou tudo.
- Então você forçou ela a te “beijar”? – Perguntou com julgamento, fazendo aspas no ar.
- Cassie!
- Eu entendo de tabu para menores de dezoito. Mas fica tranquilo porque o papai e a mamãe já me ensinaram tudo sobre sexo.
Não sabia o quanto meus pais liberais haviam ensinado a essa garota impetulante, nem se aprovava essa educação sexual tão cedo. Mas talvez por isso Cassie sabia tanto sobre a questão do “não é não” e do “meu corpo minhas regras”, o que me dava um certo consolo. Uma sorte, mais para mim do que para ela, que estaria dando aulas na mesma escola que ela estudaria no próximo semestre.
- Certo.
- E, , está certa, não tenho nada a dizer sobre isso. – Disse, em tom de quem se lamenta, mas também acha que foi merecido. – A não ser que eu faria o mesmo.
E dizendo isso, se levantou largando a toalha na cadeira e pulando novamente na piscina.
- Espera! – Insisti, quando ela voltou a superfície. – Não devo nem pedir desculpas?
Ela pensou por um momento.
- É, seria legal pedir desculpas. Eu aceitaria se fosse comigo, mas acho que nunca mais iria querer ver você.
Levantei-me, deixando-a sozinha na piscina e indo até o interior da casa me despedir dos meus pais.

estava me esperando no banco da praça próxima a minha casa. Eu estava carregando um buquê de flores e uma extensa carta, reconhecendo que minha ação havia sido irresponsável e imperdoável. Não porque era o que ela queria ouvir e sim o que eu estava dizendo do fundo do meu coração. Sei que era uma pessoa diferente de quando a conheci na boate, uns meses atrás. Sei que ela me ensinou coisas que eu jamais esqueceria. Sei que talvez ela não fosse me aceitar de novo.
Quer dizer, eu não forcei ela a transar comigo. Eu jamais faria isso. Eu apenas insisti para que o fizesse, o que, reconheço, não é muito melhor. Mas eu não toquei nela! Eu fui desrespeitoso de um modo que dava para melhorar.
Eu queria melhorar.
Nunca conheci ninguém como ela, e mesmo que não ficássemos juntos, sabia que em meu próximo relacionamento eu agiria completamente diferente dos anteriores, por causa do que aprendi com .
- Oi. – Ela disse, quando me avistou. Entreguei a ela o buquê e a carta.
- Oi, . – Nem me dei o trabalho de sentar, e depois de alguns minutos ela também se levantou.
- , olha...
- Espera. – Interrompi, de uma maneira gentil. – Eu não vim dizer palavras estapafúrdias para que você volte para mim. Não vim recitar um poema qualquer que li na internet e nem palavras baratas que pesquisei com amigos. Eu vim única e exclusivamente para pedir desculpas pelo que aconteceu. Por favor, leia a carta quando estiver sozinha.
Ela me encarou, surpresa. Percebi que nenhum homem havia pedido desculpas para ela antes.
- Hm... – Inalou o perfume das flores e sorriu para mim. – Fico feliz que tenha vindo se desculpar. Significa muito para mim, . Prova o que eu sabia desde o começo: você é mesmo diferente.
Uma onda de esperança inundou meu peito, mas eu sabia que não seria fácil assim. A onda se foi tão rápido quanto veio.
- Não quero ser diferente, . – Respondi. – Eu quero ser uma pessoa melhor. Um homem melhor.
Ela sorriu mais largo.
- Sei que sim. Mas você não está preparado para mim, . Não está preparado para nenhuma mulher que goste de voar livremente.
Aquilo foi um soco na minha cara.
- Não sei se um dia vou estar, se não tentar. Se não aprender. – Murmurei.
Ela passou os dedos pela minha barba rala e então se inclinou para beijar minhas bochechas. Ainda bem próxima do meu rosto, disse:
- Tenho muito orgulho do quanto evoluiu, mas não posso ficar com você. Não posso me dar ao luxo de ficar à espreita, esperando que a qualquer momento você dê mais um deslize.
- , eu...
Ela negou com a cabeça, encostando suavemente seus lábios no meu.
- Eu preciso ir.
E se afastando, foi andando em direção ao centro.
- .- Chamei, quando ela já estava de costas para mim.
- Sim?
Cocei a cabeça, andando até ela mais uma vez.
- Eu sei que abusei da minha sorte com você. Sei que não respeitei seu espaço e sinto muito por isso. Será que a gente podia sair como amigos, uma última vez? – Pedi, não acreditando em mim mesmo.
sorriu, olhando para a carta que eu tinha dado a ela.
- Eu vou pensar.
Foi a minha vez de sorrir.
- No código feminino “vou pensar” geralmente quer dizer não.
sorriu antes de se afastar de novo.
- Sim, mas no meu código significa que vou pensar mesmo! – Gritou, levantando o buquê no alto.
Acenei para ela, até que estivesse totalmente de costas para mim, e voltei para casa. não voltaria a ser minha namorada. Desde o começo estava claro que eu jamais me daria bem com uma mulher como ela. Mas eu queria.
E antes de dormir me peguei desejando que faria tudo para voltar do começo e fazer as coisas diferentes. Depois sorri, balançando a cabeça. Muitas coisas não dariam certo se eu fizesse tudo diferente. Para começo de conversa, se eu não fosse um idiota eu nem estaria naquela boate.
E eu não teria conhecido , a mulher mais incrível, e a melhor coisa que aconteceu comigo.




Fim!



Nota da autora: Oi, de novo! Espero que tenham gostado da história desse homem sendo homem, para variar! haha sugestões e críticas abertas, podem me contar o que acharam! Beijoos!





Outras Fanfics:
LONGFIC
The Only Girl [original/em andamento]
Burn With You [original/finalizada]
Take Me Back To San Francisco [A Whole Lot Of History/ em andamento]

SHORTFIC
I Want To Write You A Song [especial A Whole Lot Of History/finalizada]

ONESHOT
Loved You First [especial A Whole Lot Of History/finalizada]
You Know I'll Be Your Love [especial A Whole Lot Of History/finalizada]


comments powered by Disqus