Prólogo
Quando eu era pequeno, eu não entendia quando as missas na igreja eram oferecidas às pessoas que tiravam a própria vida, eu não entendia porque alguém não gostaria de viver. No primeiro ano da faculdade de psicologia, minha irmã me explicou:
- O desespero beira o insuportável. A cada dia, o sofrimento físico ou emocional acaba ficando mais intenso e viver se torna um fardo, um fardo pesado e angustiante. A dor fica incomunicável e por mais que você tente… Entende, Sant?
Alguns anos depois eu entendi! O suicídio teve a sua beleza na minha vida. Nele eu conquistaria a paz da morte, o fim da dor que afligia a minha alma. A minha vida se tornou um lugar vazio sem ela, sem sua bondade, seus carinhos, seus conselhos, sem sua fé e sem o seu amor… As pessoas costumam dizer que morrer é mais fácil, mais simples, e eu concordo. A vida não é tão bondosa, não é tão leve e muito menos simples. A vida não perdoa os que erram, ela os pune, os maltrata à sua maneira.
Eu descobri isso da forma mais dolorosa possível, da pior forma possível. E agora eu apenas quero por fim no meu lamento. Já não me restaram muitos resquícios de fé, e nem deveria. Deus não ama pessoas como eu…
Ay, yo río por fuera
Y lloro por dentro
- O desespero beira o insuportável. A cada dia, o sofrimento físico ou emocional acaba ficando mais intenso e viver se torna um fardo, um fardo pesado e angustiante. A dor fica incomunicável e por mais que você tente… Entende, Sant?
Alguns anos depois eu entendi! O suicídio teve a sua beleza na minha vida. Nele eu conquistaria a paz da morte, o fim da dor que afligia a minha alma. A minha vida se tornou um lugar vazio sem ela, sem sua bondade, seus carinhos, seus conselhos, sem sua fé e sem o seu amor… As pessoas costumam dizer que morrer é mais fácil, mais simples, e eu concordo. A vida não é tão bondosa, não é tão leve e muito menos simples. A vida não perdoa os que erram, ela os pune, os maltrata à sua maneira.
Eu descobri isso da forma mais dolorosa possível, da pior forma possível. E agora eu apenas quero por fim no meu lamento. Já não me restaram muitos resquícios de fé, e nem deveria. Deus não ama pessoas como eu…
Y lloro por dentro
Capítulo Único
antes/durante
O vento começou a bater com mais força em meu rosto, projetando meu cabelo e casaco para trás, trazendo uma sensação de estar um pouco mais vivo do que antes, e definitivamente isso não acontecia desde o dia 16 de junho, o fatídico dia em que … Minha irmã morreu quando eu tinha doze anos, e mesmo sendo mais velha que eu três anos, nós éramos grudados e inseparáveis, e quando nós descobrimos a gravidade do problema dela no coração isso se tornou ainda maior, mesmo não sendo grave. A primeira crise dela aconteceu quando completou quinze anos, nós estávamos em casa e ela começou a reclamar de uma dor no peito que não passava, meus pais acharam que não era nada demais, mas eu sabia que alguma coisa de muito errada estava acontecendo.
Três dias depois, o médico disse que não era nada demais, que ela apenas possuía um sopro, era apenas um sopro no coração e uma pessoa normal poderia viver com isso tranquilamente, e ele estava errado. Naquela noite ela piorou e não conseguia respirar sem a ajuda de aparelhos, minha irmã ficou internada por quinze dias e teve alta, o médico nos disse que estava tudo bem, mas que ela não poderia fazer esforço. Só que ela estava diferente e eu sabia que estava piorando, eu sentia… A partir daí começaram os desmaios, as febres rotineiras, a perda de força, a insuficiência respiratória. Nós fizemos todos os exames possíveis e ela estava "saudável". Houve uma negligência médica enorme, mas infelizmente não tivemos tempo para perceber e muito menos para fazer a maldita tomografia. No dia em que morreu nós estávamos na praia, era nosso lugar preferido, e mesmo sem querer ela foi comigo. Estava tudo bem até que nós começamos a brincar juntos e aconteceu a segunda crise, essa veio tão forte que ela chegou desacordada no hospital - mesmo tentando impedir as lágrimas corriam forte por meu rosto e eu as sentia caindo até meu peito. Eu fui o caminho todo ao lado dela, segurando sua mão e rezando baixinho para que Deus não a tirasse de mim. O que não sabíamos era que tinha um tumor no coração bem raro, a maioria é benigno ou deriva de outros órgãos, mas o dela não, o dela apareceu silencioso e tomou metade dele antes que a gente pudesse fazer qualquer coisa. O filha da puta do médico chamou nossa família para conversar e aconselhou que fôssemos nos despedir, foi doloroso e ridículo depois de todos os exames… Eu me lembro de todas as lágrimas que meus pais derramaram, mas nada doeu tanto quanto ver minha irmã naquele estado.
morreu na minha frente, era uma confusão de aparelhos e médicos, os olhos dela estavam em meu rosto e me pediam ajuda... eu não pude ajudar. Ela morreu de mãos dadas comigo e seus olhos ainda estavam me observando… Foi um ano dolorosos após isso, dias intermináveis onde eu tentava acabar com todo esse lamento, e para falar a verdade eu tinha uma imaginação bastante fértil, por exemplo: minha primeira tentativa foi a exaustão de um carro, pois eu sabia que isso iria liberar mais CO e seria mais mortal do que um enforcamento, mas eu não tive coragem para continuar no carro; minha segunda tentativa foi tomar uma dose letal de pílulas na mesa de cabeceira da minha mãe, pois eu sabia que isso representa um perigo maior do que a prescrição atual que o psiquiatra prescreveu, mas eu fiquei tão nervoso que vomitei tudo em seguida; minha terceira tentativa foi usar a arma de fogo do meu pai que estava no armário… E após inúmeras tentativas me faltou coragem para concluir todas elas, e mesmo com todos me dizendo que eu estava em depressão e precisava de cuidados, tudo que eu pensava era que não merecia estar vivo enquanto minha irmã estava morta! Mesmo que todos os métodos de letalidade tenham fracassado, eu encontrei um meio rápido e fácil: o famoso precipício quase no final do México. Ele estava localizado em um lugar onde quase ninguém ia e embaixo dele estava o mar raivoso cheio de pedras, era o melhor jeito para que meus pais não sofressem mais com enterros e caixões. Foram longas semanas onde eu me torturava por horas também pensando nos meus pais e na tristeza de perder mais um filho. Mas o dia chegou e não tinha mais volta.
Meus pés tocaram a beirada de areia no instante em que a última gota de lágrima tocou o nome de gravado no relicário. Olhei para baixo e um sorriso mórbido tocou meus lábios secos pela maresia. Daquele ponto em que eu me encontrava, era uma caída de mais ou menos 20 metros, com a maré batendo furiosamente no grande paredão de pedras da Playa Rosa. Suas águas hoje estavam em um azul esverdeado e inegavelmente atraentes, o jeito como elas se moviam era peculiarmente apaziguante, mesmo estando tão bravas. No último ano, absolutamente tudo na minha vida conspirou para este inigualável momento, eu me preparei para este dia e senti que estava na hora de pôr um fim. Aquele seria meu destino, o meu ponto final que eu tanto quis. Por um breve momento meu estômago revirou e pela primeira vez eu senti medo, medo do desconhecido e medo do que minha irmã pensaria. Para uma criança de treze anos, eu estava bem à frente do meu tempo. Mas ao olhar novamente para o horizonte eu me senti em casa novamente, teria forma melhor de morrer? Iria ser incrível pular daquela altura e apreciar essa vista…
Fechei os olhos, estendi meus braços e elevei minha cabeça para respirar fundo pela última vez, sorri e deixei que todas as memórias boas e ruins que tive me invadissem sem dó e trouxessem o aval para meu espírito, senti meu coração bombear cada vez mais forte em meu peito e aquilo me fez dar um passo para trás instantaneamente... Uma vida inocente seria tirada por mim, que de acordo comigo não tinha mais sentido, era o certo? Claro que sim, a hora da autopiedade já havia acabado, toda a culpa que eu carregava iria sumir, assim como eu, mas era o certo?
Por más duquelas
De esta pena mía
Remedio no encuentro
- NÃO!
Senti o ar ser arrancado abruptamente pelos meus pulmões e os braços irreconhecíveis me envolveram. Não deu nem tempo de me desvencilhar deles, nem de me debater ou de esmurrar os braços que me seguravam, na verdade não deu tempo nem de pensar, a única coisa que eu sentia era alívio.
Assim que os minutos passavam, a sensação de ironia pairava ainda mais, era quase impossível alguém estar nessa estrada, principalmente em um dia festivo na cidade. Olhei para o céu e sorri mais uma vez quando o nome de minha irmã invadiu meus pensamentos…
- Pode me soltar... – falei com calma e bem mais consciente dessa vez - É sério!
- Certeza? Ainda não estou muito confiante nisso... – Ele perguntou em meu ouvido enquanto eu balançava a cabeça.
Agora eu mal conseguia ver a água que batia nas pedras, o vento não lançava meu cabelo para trás e aquilo me deu um balde de água fria. O caminho de volta para um lugar seguro foi banhado pelo silêncio, nenhuma palavra foi dita e nem mesmo os barulhos ao redor eram capazes de mudar isso. Ele continuou com os lábios franzidos e nada foi capaz de sair de sua boca, ele parecia estar me ignorando e eu desisti antes mesmo de tentar saber algo.
Nós já não estávamos mais na área do paredão e eu pude sentir, com muita impaciência, quando ele passou minhas pernas e me colocou sentado como um boneco em cima do concreto.
- Já não era sem tempo!
- É mesmo? – finalmente ele falou, sua voz ainda bem perto de mim me deixava cada vez mais envergonhado. – Qual a credibilidade que você tem para me pedir uma coisa dessa?
- Você não vai entender!
Aquela foi a minha gota d’água, o ápice do meu limite durante um ano todo. No início foi um choque encontrar seus olhos cinzas duros, especialmente porque eles estavam perfurando minha alma e encontrando algo que eu não gostaria de compartilhar.
- Eu gostaria de entender o que leva um adolescente de quatorze anos a querer se matar!
Ele soltou o ar pesadamente e revirou os olhos, eu abaixei a cabeça soltando as lágrimas do enterro que nunca foram derramadas. Por que eu simplesmente não morro?
- O que você quer?
- No momento? Te ajudar!
A voz dele era sincera e firme, aquilo invadiu meu coração e me deixou incapaz de dizer não. Naquele momento eu me lembrei das palavras do padre um ano antes: Deus às vezes envia anjos para salvar a sua vida!
- Ninguém consegue!
Minhas palavras mesmo sem querer eram ásperas e rudes, e mesmo assim ele não se abalou, apenas continuou com a mesma expressão de afeto de antes.
- Não tenho pena de você, se é isso que você está pensando. Só não acho que sua vida valha tão pouco.
- Foi o único jeito que encontrei de não sofrer...
- Você não quer sofrer ou não quer viver?
Ao longe, eu ouvi o canto de um pássaro e aquilo me puxou ainda mais de volta à realidade. Uma parte de minha mãe morreu há um ano e meio, meu pai ficou irreconhecível, e tudo que tinham era eu. Por um momento, imaginei os gritos dolorosos de minha mãe com a notícia de minha morte, pensei no semblante derrotado de meu pai e na dor angustiante dos dois.
- Você sempre faz isso? – Perguntei com uma curiosidade à cinta.
- Oi? – ele recuou um passo e me olhou, nesse momento eu percebi que não era tão mais velho.
– Sempre salva adolescente de fazer uma burrada? - balancei a cabeça frustrado.
- Eu fazia com meu irmão...
- Ele morreu também? - seus olhos ficaram escuros por uma fração de segundo e depois se voltaram para mim com uma clareza incomoda. - É, temos algo em comum então!
- Tem certeza? – ele perguntou e balançou a cabeça negando.
Foi a primeira vez que fechei os olhos e me encolhi ao pensar na minha irmã.
- Podemos ir embora?
- Eu não entendo a incompreensão de uma pessoa querer morrer! – eu me sentia na defensiva sem nem perceber.
Eu o vi hesitar por alguns segundos e sabia que estava tentando encontrar as palavras certas para me ajudar, seu rosto não estava mais tão calmo quanto antes e eu me sentia desligado.
- Eu posso te ajudar? Por favor!
- E você não se lembra de nada mais desse dia?
- Me lembro de flashes, doutora. Me lembro do nome dele, do alívio dele ter salvo a minha vida e de nunca mais tê-lo visto!
- E qual era o nome dele?
- Dylan! - respirei fundo ao encontrar os olhos do mesmo jeito duvidoso de sempre. - Não, eu não acho que tenha sido coisa da minha cabeça!
- Quanto tempo demorou para você se sentir de volta ao controle de sua mente?
Aquela pergunta me pegou de surpresa porque eu jamais havia pensado nisso. Quando eu aceitei recomeçar as visitas aos psicólogos, não achei que fosse me surpreender tanto quanto eu vinha me surpreendendo. Primeiro, foi a primeira vez que eu contei parte do meu processo depressivo sem me sentir culpado ou sufocado, e isso foi uma grande vitória. Segundo, foi a primeira vez que eu contei parte do meu processo de mudança e evolução sem sentir vergonha, todo o trajeto que eu percorri me tornou mais forte.
Mas infelizmente existem aqueles dias em que eu não conseguia manter o controle… e era por esses dias que eu estava aqui.
- Sr. ? ?
- Eu ainda não me sinto no controle da minha cabeça, doutora, então não posso te responder isso… pelo menos não agora...
Reniego de mi sino
Como el reniego
durante...
Como el reniego
durante...
Seria um pouco conveniente demais da minha parte dizer que as coisas voltaram ao normal depois daquele dia. Eu posso apenas dizer que o mundo voltou a girar. Fazendo um enorme resumo, eu terminei a escola, fiz faculdade de Redes de Computadores e um curso de banco de dados. Tudo isso para ver minha vida dando um 360 e eu acabar trabalhando em Moscou como hacker, o (des) orgulho dos pais (se eles soubessem).
A convicção nessas palavras que eu recitava todo o santo dia às vezes era dolorosa. Viver sabendo que eu não teria ao meu lado era terrível o bastante para que a morte viesse, porém eu aprendi a viver com essa dor e essa ausência… principalmente que meses depois de chegar em Moscou eu conheci o complicado e solitário Alexandre Castello e com ele veio o bônus da alegria de Kimberley Jones.
Sorte ou azar meu? Sorte. Muita. Sorte.
Na realidade, tudo era uma grande sorte. A regra é contada como se eu tivesse salvo Alex da morte - sigo salvando toda vez que ele insiste em ser o Super Homem, mas a verdade é que ele me salvou. Alex trouxe de volta o termo de amizade, confiança, lealdade e família. Mesmo após tantos anos, eu ainda me culpava e martirizava, mas era impossível não ficar feliz ao lado de Kimberley. A gente costuma dizer que ela é o sol em nossas mentes, e é a pura verdade.
- … Kim combinou tudo, é meio louco porque elas só vão ter alta daqui a 15 ou 20 dias, mas já está tudo combinado, certo?
- Sí? – Alex me olhou aparentemente irritado e bufou duas vezes, mas a menção do nome Pietra deixou seus nervos irritados. Eu ainda estava me sentindo frustrado de não ter encontrado nada da menina, todavia meus pensamentos logo deslocaram desse assunto. - OK! Não precisa me olhar como se fosse me mutilar… Eu concordo com tudo o que você disse.
- Pensando em ? - balancei a cabeça e continuei quieto. - Tem certeza que está bem? Faz uns meses que você não visita a psi…
Não olhei para ver o semblante sério e preocupado de Alex, o conhecia como a palma da minha mão.
- Eu estou bem, hermano...
Fechei os olhos, soltando um suspiro e observando a paisagem do rio. Um dia ou outro era sempre nostálgico e eu me concentrava para continuar no comando de tudo isso, principalmente porque outras duas pessoas dependiam de mim, e eu não podia decepcionar.
- Eu agora estou bem, de verdade! Sabe que eu não sei mentir para você, e estou bastante curioso para conhecer a salvadora da Pátria de nossa família... – algo esquisito pairou sob o semblante dele e por um momento me lembrei do enterro de minha irmã, as palavras se embolaram e meus lábios deram lugar a um desabafo. - Eu entendo que os problemas não vão se resolver com a minha morte, eu consigo manter o controle e eu ainda sou o sinônimo de felicidade na vida de vocês, apenas relaxem…
Pelo canto do olho, pude notar que um sorriso pequeno surgiu nos lábios do meu melhor amigo e logo em seguida ele aumentou ainda mais o volume do carro, me dando o espaço necessário. Pela janela do carro, eu conseguia ver as primeiras casas de rua dele se aproximarem, e aquilo me acalmou de alguma forma. Depois de uma semana longe deles procurando uma agulha no palheiro, era bom estar em casa.
Não tive tempo nem mesmo de terminar de sair do carro e logo um borrão loiro se chocou contra meu corpo, me abraçando ainda mais forte.
- Opa! – exclamei apertando um pouco mais e encarando seu corpo minúsculo. – Quem te deu o direito de se machucar?
Kim se encolheu e escondeu o rosto envergonhada, me dando a chance de abraçá-la ainda mais. A cruel verdade do medo de Kim fez meus olhos marejaram, e os dela também. A dor de perder quase uma irmã me deixou ainda pior depois de todo o estresse.
- Por onde você esteve? - ela reclamou, nos acompanhando até a sala.
- Resolvendo umas coisas, nada de muito importante… Como está se sentindo? - ela balançou a cabeça e deu de ombros pondo a mão na barriga. - E ele?
O rosto de Kim se tornou mais abatido e apenas com um olhar mais analítico eu entendi tudo. O rosto de Alex havia se tornado uma máscara de cansaço e apreensão, ele esperava que qualquer alguém fosse entrar e arruinar a sua vida mais uma vez, e eu entendia bem isso. Alex voltou da cozinha com uma dezena de remédios na mão e sentou no sofá, no instante Kim deitou em seu colo e suavizou a expressão de dor e preocupação.
Essa era a minha família!
- Preciso te apresentar a Pietra… - a voz de Kim chamou minha atenção, me tirando do fundo de meus pensamentos. - Você vai adorar ela… bem, é impossível não gostar de Pietra! - ela lançou um olhar para Alexandre, mas ele já havia embarcado em um sono profundo. - Sant?
- Já gosto dela só pelo fato de tê-la salvo… Quando vamos conhecê-la?
Como el reniego
Oh, ay, ay,
de la horita que te he conocido
hoje.
Oh, ay, ay,
de la horita que te he conocido
hoje.
A casa inteira não escondia a alegria de receber uma visita tão aguardada como Pietra, e isso só se intensificou quando Kim abriu a porta e a presença da novata encheu o ambiente. Alex era outro que não escondeu o dia todo como estava ansioso, e agora não exibia vergonha alguma de demonstrar que estava olhando para ela descaradamente, embora ela não tivesse prestando atenção. Os olhos dele avaliavam cada parte da menina, e algo parecido a um suspiro de alívio saiu de seus lábios, era nítido para mim e qualquer outra pessoa que Alex estava se sentindo bem em saber que Pietra também estava bem, saudável e em sua casa.
- Tá sujo... – Alex me lançou um olhar interrogativo e eu não reprimir a risada – A baba está escorrendo…
Na minha cabeça a situação era totalmente engraçada e eu planejava continuar com o deboche... até eu virar a cabeça e encontrar o rosto dela em minha direção… Depois de tantos anos… depois de tantas lágrimas… Era ela! Naquele momento nada tinha sentido, nada fluiu, ninguém percebeu ou acreditou porque não conheciam, mas não existem motivos para acreditar… eu apenas sentia… apenas sinto que nada disso fazia sentido, apenas sentia que eu não queria estar aqui com essas pessoas, com ela… sentia como se Deus tivesse vergonha de mim. Desde o momento que vi Pietra, fui cativado por aquela exótica sensação de uma estrela apagada, a semelhança com era impenetrável, indestrutível, inquebrável e sombria ao extremo. A minha sensação era que aquela imagem estava me manipulando ao seu próprio deleite, zombava de mim como se eu fosse sua marionete. Por um momento, eu não senti nada a não ser puro ódio, era tão grande que eu me sentia continuamente sufocado nesse seu mundo abstrato de nada. Era uma sensação de nada tão cheio de tudo, mas tão cheio de nada, que me partiu novamente. Como escapar do inferno? Como escapar da armadilha que eu tracei para mim? Ela não pertence a esse lugar. Minha irmã estava morta, mas estava viva em minha frente. Sempre morta e viva ao mesmo tempo.
Uma morta-viva.
- Concha de la lora! – murmurei e senti meu corpo perdendo um pouco as forças e meu rosto pálido. Em minha cabeça havia se passado horas… mas ao olhar no relógio, eram apenas segundos.
Alex pareceu perceber e aquilo passou novamente por seus olhos… ele sabia, dentro de algo ele sabia.
- , o que aconteceu? – a voz de Kim foi um pouco mais audível do que os zumbidos em meus ouvidos.
- Sí... Oi? – cocei a nuca recobrando a consciência e tentando ao máximo evitar de olhá-la.
Todos infelizmente me encaravam de forma preocupada, eu me sentia gelado dos pés até a cabeça; até mesmo ela que não me conhecia ficou assustada ao ver minha reação.
COÑO!
- , essa é a Pietra, minha amiga. Pie, esse é o , faz parte da família – ela sorriu, mas seus olhos estavam ambivalentes e aquilo fez meu estômago embrulhar… até o sorriso… ao meu lado, Alexandre continuava me encarando cuidadoso. – Meu irmão você conhece. Vou te mostrar a casa!
- Muito prazer, ! - a voz dela me deu embrulho no estômago e me fez ficar ainda pior.
- O que aconteceu? - a voz de Alex era grave e séria. Eu me mantive quieto. – Viu um fan...
- Não faça essa piada! – eu me debrucei na bancada, virando o primeiro copo. Fechei os olhos e logo em seguida virei mais um. Eu tinha certeza que meu coração ia sair do meu corpo.
- Chega! - Alex tirou o terceiro de minha mão de forma brusca, me assustando. – , eu estou ficando preocupado!
- Ela é igual a minha irmã! Você viu os olhos dela? O sorriso? Minha irmã, cara! A . Isso é uma piada?
Ele ficou quieto e suspirou derrotado, aquele semblante me respondia tudo: Alex percebeu a semelhança e preferiu achar que era coisa de sua cabeça. Ele se lembrava de , mas preferiu não fazer alarde.
Peguei mais um corpo, virei mais um pouco de vodka e senti meus olhos começando a brilhar demais, e eu sabia que não era pelo álcool. Senti a mão de Alex em meu ombro e respirei fundo, repetindo o mantra.
Você é a sua melhor versão hoje!
Escutei os passos dela na escada e minha espinha gelou mais uma vez.
Você é a sua melhor versão hoje!
Respirei fundo tomando coragem e virei a cabeça observando ainda mais seus olhos.
Fim
Nota da autora: Ok. Ok! Definitivamente não achei que a história do Sant fosse tão difícil… Eu achei que o que mais me tomou tempo foi meu trabalho e justamente a falta de tempo para escrever, mas esqueci que essa história mesmo curtinha tem alguns gatilhos difíceis. Então, antes de mais nada: desculpe a todos vocês que são sensíveis, e estou aqui aberta para ajudar vocês também!
Eu sinceramente não sei em qual delírio coletivo eu falei ok nessa história e nessa música, mas na realidade desde que eu li sobre ela, o Santiago ficou falando em minha cabeça para eu contar a história dele… E apesar de todo os contratempos aí está ela, impossível não querer escrever mais milhares de coisas sobre ele: Santiago é meu cristal!!! Em resumo rápido: a primeira parte é ele contando a história dele para a psicóloga. A segunda parte é ele contando em resumo como foi a sua vida e sua relação com seus amigos. A terceira parte é como ele se sentiu na primeira vez que viu Pietra e percebeu a semelhança com sua irmã. Essa história veio para trazer uma visão menos central e mais emocionante da história de Santiago.
Eu queria agradecer demais a todos os leitores que chegaram até aqui de paraquedas, a todos que me acompanham e a todos que estão de alguma forma presente na minha vida. Vocês são todo o combustível que eu preciso para não abandonar esse mundo louco, vocês são todo o combustível que eu levo para a vida. Obrigada, obrigada e obrigada: all the love ever.
As minhas outras ficstapes (E SÃO MUITAS) ainda não foram todas postadas (ou eu não tinha o link na hora que enviei essa), então eu vou disponibilizar todas no meu grupo do Facebook, venham!
Sejam bem vindas a esse mundo louco que eu me meti e vou esperar ansiosa os feedbacks!!!
Com muito amor e carinho, Analua.
Outras Fanfics:
» Between Secrets (Originais - Em andamento - Restrita)
» The Take (Baseado na música de Tory Lanez - Finalizada - Restritas)
» Red Love Made
(Escrito para o especial Meu Primeiro Amor - Finalizada - Restritas)
» 12. Chains (Ficstapes Perdidos #001 - Finalizada - Restrita)
Nota da Beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Eu sinceramente não sei em qual delírio coletivo eu falei ok nessa história e nessa música, mas na realidade desde que eu li sobre ela, o Santiago ficou falando em minha cabeça para eu contar a história dele… E apesar de todo os contratempos aí está ela, impossível não querer escrever mais milhares de coisas sobre ele: Santiago é meu cristal!!! Em resumo rápido: a primeira parte é ele contando a história dele para a psicóloga. A segunda parte é ele contando em resumo como foi a sua vida e sua relação com seus amigos. A terceira parte é como ele se sentiu na primeira vez que viu Pietra e percebeu a semelhança com sua irmã. Essa história veio para trazer uma visão menos central e mais emocionante da história de Santiago.
Eu queria agradecer demais a todos os leitores que chegaram até aqui de paraquedas, a todos que me acompanham e a todos que estão de alguma forma presente na minha vida. Vocês são todo o combustível que eu preciso para não abandonar esse mundo louco, vocês são todo o combustível que eu levo para a vida. Obrigada, obrigada e obrigada: all the love ever.
As minhas outras ficstapes (E SÃO MUITAS) ainda não foram todas postadas (ou eu não tinha o link na hora que enviei essa), então eu vou disponibilizar todas no meu grupo do Facebook, venham!
Sejam bem vindas a esse mundo louco que eu me meti e vou esperar ansiosa os feedbacks!!!
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