Roxy. 06 de fevereiro de 2017. Cinco anos, 1825 dias. Nunca imaginei estar aqui, nunca imaginei que ela estaria aqui, nunca imaginei que um dia iriamos nos ver novamente. Conseguir VÊ-LA sorrindo de novo era o que fez meu dia valer a pena, mesmo depois de tanto tempo.



Dia 06 de fevereiro de 2012. A noite em Nova York estava ainda mais gelada do que as outras. Seguia direto o tal Roxy, era o nome do lugar. Normalmente eu não frequentava esses lugares pra falar a verdade, e como dizem, pra tudo tem sua primeira vez. Lucy conseguiu me arrastar, depois que descobriu esse lugar com sua melhor amiga. Todos da faculdade estavam lá e fui direto para o bar. A música estava bem agitada como agora e a luzes dançavam junto. Para mim estava entediante até que vi. ELA. Dançando como agora, encantando a todos como agora. Seu corpo mexia de acordo com a música. Como se fossem um só. Eu estava completamente hipnotizado, até que ela veio em minha direção. Eu não conseguia tirar meus olhos dela, até que minha prima apareceu.
- que bom que veio. - eu apenas sorri e a deixei falando sozinha enquanto a observava pedindo um dry Martini, o que a vi fazer várias vezes. Eu não acreditava em amor a primeira vista, pois aquilo que senti na hora que a vi com certeza não era amor. Atração? Desejo? Qualquer coisa menos amor, ainda. Minha prima ainda falava até que ela pegou seu drink e se virou para Lucy. Seu olhar meio puxado veio de encontro ao meu e aquele arrepio filha da mãe passou por todo meu corpo. Ela apenas sorriu. - Ah essa é minha amiga, ela que me mostrou esse lugar. , , , .
, , ... era como se o DJ tivesse colocado um remix do seu nome para tocar nesse momento. Eu a cumprimentei sorrindo. Quando Lucy saiu de perto de mim até pensei que ela iria junto, mas acabou ficando.
Eu não era um santo, gostava de estudar, estava na faculdade e tinha notas razoáveis, mas em partes eu era um completo babaca. Não que eu era o quebra corações de mocinhas, mas eu não curtia me envolver, não mais que dois encontro, mas com ela foi diferente. Ela me fazia esquecer tudo. Foi ela quem me mostrou o mundo.
Ela me olhou e então fez a pergunta que mudaria não só a minha como a vida dela também:
- Vamos sair daqui?
O que mais eu poderia responder? Ela me tinha em suas mãos. Apenas segurou minha mão e me puxou para fora daquele lugar.
Nessa nossa primeira noite, não posso dizer que a conheci totalmente. A cada passo que ela dava era como se surgisse mais um mistério para ser desvendado. Lembro que estávamos sentados em um telhado qualquer de um dos prédios da movimentada NY. Ela me ofereceu um cigarro. “Você devia parar com isso”, foi o que disse, pela quinta vez, mas parecia que ela gostava quando eu o dizia, parecia ser a única pessoa a dizer isso a ela.
- Existe coisa pior para acabar com a vida senhor, . – disse, dando sua ultima tragada.
- Como o quê? - perguntei.
Ela me encarou e sorriu:
O AMOR.

She always dance when it's raining
And once it start baby
She looks at me like she's waiting
Making time go slow
When they show her the table

3 meses juntos. Para mim parecia muito mais. Desde então ia aonde eu fosse e vice e versa. Ela ria dizendo que parecíamos dois estúpidos apaixonados, mas realmente éramos. Estávamos em meu apartamento, que não era muito grande. Era apenas o que meu dinheiro podia pagar.
Estava deitada no sofá, apenas de calcinha e uma blusa minha do Darth Vader que ela adorava, enquanto em tentava encontrar o folheto da comida chinesa que sempre pedíamos. O tempo em NY estava péssimo, chovia e não tinha quase nada aberto, não as três da manhã. Lembro que depois que fiz nosso pedido, me sentei ao seu lado, até que ela veio com mais uma de suas loucuras.
- Essa chuva estragou todos os meus planos. – comentei. Alias, tudo que planejei para aquela noite tinha ido literalmente por água abaixo.
- Há suas vantagens morar no terraço. - ela se levantou, me puxando janela afora e escada acima, indo para o terraço. A chuva batia forte em nós, mas ela nem ligava, então porque eu ligaria. Então ela começou a se mexer, não faço ideia do que seria, mas era perfeito. Sua roupa grudada em seu corpo, marcando cada curva perfeita, então ela me puxou, colando nossas bocas. - Nada está perdido agora caro, . - então eu apenas deixei que ela me levasse para seu mundo. Eu aceitava qualquer uma das loucuras que que oferecesse, até amá-la.



Mais um tempo passou e a cada dia invadia mais a minha vida. Éramos um apenas, eu dependia dela assim como ela dependia de mim. Na noite em que percebi que aceitei a sua maior loucura, foi o dia que tinha certeza que dependíamos tanto um do outro que não tínhamos noção do estrago que isso podia causar em nós mesmos.
Mas eu estava enfeitiçado. Ela dançava, as luzes a faziam aparecer e desaparecer a minha frente, o que me deixava louco por me imaginar ficar sem ela um dia sequer. E foi ai que ela me deu o seu sim, o melhor sim que um dia pude receber de alguém, mas ela não me deu apenas um sim, ela me deu a certeza de que ela queria ser amada, queria alguém para abraçá-la, alguém para amá-la do jeito certo.

She's crying out that she loves me
Holding my hands so I won't leave
Cause baby don't wanna be lonely
She says "I just want you to hold me"

Nada são mil maravilhas, mas nunca imaginei que iriamos para o inferno em tão pouco tempo. Alguns anos depois, ela veio morar comigo. Juntamos o pouco que tínhamos e para mim foi perfeito. Tudo estava indo perfeitamente bem até então.
Em uma certa noite decidimos sair, eu decidi na verdade. andava um pouco estranha, desanimada, não era a que eu conhecia e depois de tanto pedir ela decidiu ir comigo a um pub. Ela deu uma animada, um pouco, mas seus olhos brilharam quando viu a mesa que havia pegado para nós. Bebemos a maior parte do tempo. Enquanto dançava eu a observava e via seu olhar distante, sentia sua mente distante, como vinha sendo há muito tempo. Lembro que me levantei e fui dançar com ela, uma das nossas musicas favoritas, pois ela fazia nossos corpos mexerem em sintonia perfeita, e foi nessa hora que a vi, aquela maldita lágrima. Ela pegou a seu casaco e saiu dali tão rápido que nem lembrei de mais nada lá dentro.
- , espera. Me diz o que aconteceu.
- Não aconteceu nada, . Eu só quero ir embora, eu só preciso ir embora. – ela ainda ia andando em direção ao nosso carro. Como sempre NY estava chovendo o que dificultava um pouco para enxerga-la a minha frente.
- Merda, , espera. Não foge de mim como vem fazendo. – disse e então ela parou, olhando para trás e me encarou. Não conseguia ver suas lágrimas, mas seus olhos vermelhos eram visíveis. Seu olhar era profundo, eu pude sentir dor ali. Mas por quê? Foi então que ela correu e me abraçou. Mas esse abraço foi totalmente diferente de todos que um dia já recebi dela. Nunca pensei que ainda existiam enigmas para desvendar em , mas pelo visto tinha, ainda mais quando escutei a sua voz fraca ao meu ouvido:
- Só quero que você me abrace.



Eu juro que fiz o meu melhor, eu não queria perdê-la. Eu trabalhava meio período então costumava chegar em casa antes dela. Lembro que nesse dia completaríamos três anos juntos. Era uma data mais que especial para mim, e sei que pra ela também. Ela adorava comemorar até os meses que estávamos juntos antes de oficializarmos nossa relação. Passei em uma floricultura para pegar o buque que havia encomendado, Jasmin era sua favorita. Busquei nosso jantar onde sempre pedíamos e fui para casa.
Tudo estava quieto, o que já era esperado, mas não contava com aquele papel dobrado em cima da mesa de centro. Eu sabia que algo que iria acabar com a minha vida estava escrito em palavras ali naquele papel. Na minha cabeça maquinava um “você sabia”, mas meu coração queria saber o por quê. Deixei o buque em cima do sofá e fui tomar um banho, queria apenas um minuto de sanidade em meio a loucura e destruição da minha vida agora. Depois do banho peguei a sacola com o “nosso” jantar, pus a mesa como sempre fazia quando estava sozinho e jantei ao som de uma NY barulhenta e caótica. Depois de arrumar tudo, me sentei no sofá e encarei aquele papel por um bom tempo, quando finalmente encostei a mão nele, devia ser por volta de seis da manhã do outro dia, e no papel dizia...

“Querido ,
Sei que você deve estar se sentindo um psicopata agora por estar agindo normalmente sabendo que algo aconteceu. Eu tentei evitar a todo custo, eu juro que tentei, mas infelizmente as coisas não saíram como planejado para mim. Você sabe que meu coração manda em mim, graças a ele eu te fiz aquele convite que mudou as nossas vidas. Há um tempo atrás eu não sabia que iria ficar com você, morar com você, mas quando vi já estava dependente de você. E com o tempo eu vi que você era a pessoa certa pra mim, só você pode e um dia poderá me amar da maneira certa. Sei que nunca vou esquecer seu toque, seu cheiro e seu jeito. Você me completa .
Você sempre diz que eu te mostrei o mundo, que topava todas as minhas loucuras, mas era só com você que eu conseguia ser eu mesma. Nesses três anos juntos eu pude perceber o quanto a pessoa que vier depois de mim será feliz, pois eu fui feliz. Desculpa por não dizer isso pessoalmente, por não ter ficado, mas foi preciso, e espero do fundo do coração que um dia me perdoe. Não vou dizer que ficaremos juntos algum dia, mas tenho certeza que um dia nos veremos novamente e espero que você esteja feliz, como deve ser.
Desculpa por tudo. Um beijo do seu céu, ”

Eu li aquela carta uma, duas, três, quatro...
Na primeira semana depois da partida de a minha única amiga era a garrafa de vodca que ela deixou. Eu sentava no sofá e encarava a porta por horas e horas, a imaginando abri-la dizendo que se arrependeu e queria ficar.
No primeiro mês eu ainda escutava sua voz me chamando de noite, as noites eram mal dormidas, mas era só lembrar da sua voz que eu me acalmava, era o fantasma de vindo me ajudar.
No primeiro ano, a vodca ainda era minha companhia de todas as noites, a minha barba por fazer já nem me incomodava mais. Minha vida já estava monótona o que pra mim era bom, nada de mais acontecia.

She wants somebody to love, to kiss her
She wants somebody to love in the right way

Mais um ano se passou, monótono, sem vida, literalmente. Cinco anos faríamos hoje se ela ainda estivesse aqui, minha cabeça maquinava isso. Eu não estaria aqui hoje se não tivesse pela primeira vez em dois anos, escutado meu coração novamente. Peguei o mesmo caminho que fazíamos, deixei o carro um lugar qualquer e fui em direção ao bar.
Foi como um flashback, as luzes dançavam junto com seu corpo, e a iluminava como sempre. Seu cabelo estava maior, sua pele mais morena, mas seu olhar não tinha a mesma vida de sempre, era vazio. A solidão era estampada em seu rosto, mas mesmo assim ela ainda dançava, como se o amanhã não existisse. Pisquei algumas vezes até ter certeza que não era coisa da minha cabeça ou do álcool excessivo que tinha em meu corpo, mas ela realmente estava ali.
Eu queria ir lá, queria xingá-la de todos os nomes possíveis, dizer o quanto ela acabou com minha vida, queria contar pra ela o quanto eu chorei por causa dela, dos meus delírios, de tudo. Mas a única coisa que eu realmente queria fazer de verdade e o que vinha em minha cabeça e no coração era invadir aquela pista, segura-la para que ela não escapasse e beijá-la com toda força possível.
Minha cabeça ainda maquinava quando a vi novamente, parando de dançar e me olhando. “Merda” foi a única coisa que disse. Durante esse tempo eu pensei em tantas merdas, já disse a mim que não a perdoaria que não a queria mais. Não sei o real motivo do porque ela foi embora, do porquê ter me deixado, mas depois de pensar em tudo, eu sei que a queria de volta, não importa mais nada pra mim. Ela só precisava dizer apenas uma frase...
Foi quando ela parou a minha frente.
- Vamos sair daqui?

Nota da autora: Sem nota.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.

CAIXINHA DE COMENTARIOS:
O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.