Capítulo Único
sempre se considerou um cara responsável e muitas vezes era tachado por certinho demais, mas ele já havia se acostumado a viver dessa maneira; Gostava de ter sempre o controle de tudo, surpresas e inesperado eram palavras que, além de não fazerem parte de seu vocabulário, o assustavam. Muitos o consideraram “perfeito” demais, mas isso não existe de fato, ele apenas tentava manter tudo em ordem e tinha medo do errado e do diferente, por isso preferia ter sua vida mais regrada.
possuía sua rotina: acordar, ir ao seu “coffee shop” habitual, ler seu jornal, ir para o trabalho, sair com a sua namorada de longa data, Courtney, para jantar ou leva-la ao cinema e algumas vezes até sua casa. Sim, às vezes iam viajar, passar um final de semana um pouco diferente, mas claro tudo mediante à uma programação com antecedência. não era um cara chato, inclusive era muito bem humorado, ele apenas apreciava tudo que possuía, muitos poderiam descrevê-lo como alguém calmo, amigo e principalmente muito otimista.
(...)
Era manhã de domingo, mas aquela não era uma manhã qualquer, era véspera de Natal e sabia que quando o sol brilhava nos dias de inverno em Seattle, as paisagens ficam deslumbrantes, revelando montanhas com picos nevados e o Mount Rainier parecia ficar ainda maior. Então tudo que ele queria era aproveitar cada instante desse dia.
Antes de ir buscar Courtney, foi até ao “coffee shop”, o qual ele costuma frequentar todos os dias. Ele nem precisou chamar e a garçonete veio atendê-lo.
, ela o atendia todos os dias e com isso acabaram desenvolvendo uma amizade. havia desenvolvido um carinho enorme por .
- O de sempre? – perguntou.
Por um minuto quase concordou, mas aquele dia ele sentiu que por mínima que fosse a mudança, queria pedir algo diferente. Balançou a cabeça negativamente e voltou seu olhar para o menu.
- Hoje vou querer esse... – apontou para o menu. – Omelete Imperial e um iogurte para acompanhar. – fez o pedido todo confiante, como se fosse um grande passo em sua vida. chegou a rir discretamente ao vê-lo tão contente apenas por uma mudança no seu pedido. Diferente de , ela sempre o havia notado, todos os dias quando ele passava por aquela porta, nas vezes em que ele entrava com seu cabelo loiro meio bagunçado e quando sentava sempre na mesma mesa. Quando ela o atendia, quando ele contava algumas coisas sobre como havia sido seu dia anterior, ela reparava naquele sorriso doce e ao mesmo tempo acanhado.
se aproximou com seu pedido em mãos.
- Aqui está. – pôs seu Omelete Imperial na mesa e por uma fração de segundos seus olhares se cruzaram, arrancando um sorriso bobo de ambos. abriu um grande sorriso, que deixou ainda mais intrigado e ao mesmo tempo hipnotizado por aquele sorriso que hoje parecia diferente. Quebrando esse momento, deu as costas e voltou para a cozinha. pensou mais uma vez em como nunca havia notado aqueles olhos verdes de , mas lembrou o real motivo: ele tinha uma namorada. Arregalou os olhos ao lembrar; COURTEY. Ele precisava se apressar para ir busca-la.
Nesse momento, uma mensagem vinda de Courtney apareceu no visor de seu celular. Terminou seu café o mais rápido que pôde, sequer abriu a mensagem, apenas guardou o celular no bolso, colocou o dinheiro na mesa e, antes de levantar-se para ir embora, pegou o jornal que estava em cima da mesa. Ele ainda nem havia parado para ler as notícias e, de um modo quase que amassando, o colocou debaixo do braço e saiu rapidamente.
estranhou e começou a perceber que esse dia não era como os outros. Passou por algumas pessoas na rua e estavam todas cabisbaixas, procurou por um sorriso, mas sem sucesso.
Finalmente chegou até seu carro, entrou e ao virar a chave ele não deu partida. Mais uma vez e nada. Bateu com as mãos no volante, mas não deixaria isso o abater. Tirou seu celular do bolso, para poder avisar Courtney que iria se atrasar. Olhou e tocou a tela, lembrou da mensagem que antes havia recebido e a abriu para ler.
O que está acontecendo? Falou com ele mesmo dentro do carro. não conseguia acreditar nas palavras de Courtney, isso definitivamente não estava em seus planos.
“Não é que eu não ligue para os seus sentimentos, as coisas apenas não continuam as mesmas. Sinto que de certa maneira estamos distantes, ambos somos culpados e não saberia dizer quanto tempo mais isso iria adiante. Terminar e cada um seguir o seu caminho é o único caminho.
Courtney.”
- Definitivamente esse não era meu dia. – jogou o celular no porta luvas. E agora é oficial, ela partiu seu coração, mas não iria deixar isso o derrubar, pensou .
Sentiu um aperto no peito e olhou para o banco de carona, onde havia deixado o jornal, encarou aquelas folhas acinzentadas por alguns segundos e o pegou para se distrair um pouco e ler as notícias do dia.
A primeira notícia que saltou aos seus olhos foi de um incêndio a um lar de idosos que coincidentemente ficava a menos de uma quadra de onde ele estava.
“As chamas tiveram inicio por volta das 11:00 da manhã de ontem (24/12). Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo atingiu uma cortina que estava próxima a um aquecedor, localizado no quarto de um dos idosos. Os bombeiros tentaram conter o fogo, mas o fogo havia se alastrado com rapidez.”
- Espera. – estranhou alguns dados da notícia. – Manhã de ontem? Mas hoje não é dia vinte e quatro. – Começou a se fazer essas perguntas. Puxou a manga e viu que o relógio marcava 10:30 PM. Pegou o jornal novamente e leu a primeira página. Lá continha a data de vinte e cinco de dezembro de 2017. Pensou por alguns instantes e pegou o celular e lá marcava dia vinte e quatro de dezembro. ficou extremamente confuso e resolveu ligar o rádio de seu carro, lá sintonizou a estação de notícias da manhã, para poder se certificar da data correta, mas ele ficou ainda mais intrigado ao escutar as notícias da data de hoje, dia vinte e quatro. Chegou ficar um pouco zonzo, não estava entendendo.
Juntou todas aquelas folhas, saiu do carro e resolveu ir a pé mesmo até aquele local. Ao chegar, observou bem e tudo estava intacto, nem sequer um sinal de fumaça. Abriu novamente o jornal e conferiu, era o mesmo que dizia na notícia, mas reparou no horário. Segundo o que dizia o incêndio havia ocorrido próximo às onze e meia da manhã do dia 24 de dezembro. Olhou em seu relógio e faltavam apenas quinze minutos. Pensou, andou de um lado para o outro, as palavras da notícia martelavam em sua cabeça.
Não pensou mais, faltavam em média dez minutos, não queria mais arriscar. Mas como ele faria para esvaziar o local ou alertar, sem pensarem que ele era um louco? Avisar de um incêndio que ainda não aconteceu e nem se sabe se irá mesmo acontecer, acreditava que seria impossível não ser considerado um maluco.
Como ele não sabia em qual quarto havia começado o incêndio, resolveu entrar e tentar falar com a responsável na recepção.
- Bom dia, posso ajudar o senhor? – Ele olhou um pouco apreensivo aquela senhora tão simpática e não sabia exatamente o que dizer, então algo lhe ocorreu, tipo um estalo, ou melhor dizendo, a falta de ideias junto com o desespero.
- Eu... – Os olhos de voltaram para uma porta aberta que dava acesso a um grande corredor. – INCENDIO! – ele gritou e entrou correndo com os braços para cima, feito um doido. – Saiam... Ligeiro... – passava em alta velocidade pelos corredores e batendo nas portas. Deixando todos assim alarmados e então começaram a evacuar o local. Em questão de alguns minutos seguintes o fogo realmente se fez presente, mas todos já estavam do lado de fora e assim ele conseguiu chamar os bombeiros.
sequer acreditou no que havia acontecido, aquele jornal realmente continha notícias verdadeiras do dia de hoje, ele estava com um jornal do futuro?
Antes mesmo que todos pudessem agradecê-lo, , resolveu sair discretamente dali, não gostava desse tipo de exposição e sentiu que precisava ver qual era a próxima notícia ruim que ele poderia impedir.
Desceu mais uma quadra e abriu novamente o jornal e buscou por mais uma notícia, enquanto continuava a andar pela calçada e sequer notou quando pisou em algo totalmente indesejável.
- Um cocô de cachorro! – parou de andar e balançou seu calçado. E começou a tentar limpá-lo no canto da calçada.
respirou fundo, continuou a “limpeza” da sola de seu sapato e pensou: “Não importa o que a vida queira colocar no meu caminho, não há nada que irá destruir o meu humor.”
O tempo de repente começou a se fechar novamente, alguns pingos começaram a cair, logo a chuva começou a se intensificar. Para escapar da chuva, correu para o primeiro local aberto que encontrou. Atravessou uma porta que tocou um sininho assim que entrou.
- Madame Hilda Lang? – Leu a plaquinha na entrada. Ficou se perguntando onde é que ele havia vindo parar. Dobrou o jornal debaixo do braço e bateu os pés no capacho na entrada. Começou a observar tudo ao seu redor, alguns livros místicos, algumas pedras, incensos.
- Posso ajuda-lo? – uma senhora de estatura baixa, cabelos castanhos enrolados, apareceu atrás de , o fazendo se virar rapidamente.
- Desculpe, entrei por causa da chuva e...
- Gostaria de uma consulta? – ela perguntou com a voz calma e serena.
- Não... – ele balançou a cabeça. – Não... Eu entrei por causa da chuva, logo...
- . – ela o interrompeu. arregalou os olhos, não havia dito seu nome a ela.
- C-como sabe meu nome? – Gaguejou.
- Nada acontece por acaso, . Eu sou Hilda. – ela se aproximou. – Você não tem curiosidade? Não tenha medo. Entre, é apenas uma consulta. Hoje é de graça, presente de Natal. – ela fez um gesto, indicando a porta atrás dela. E estampava um sorriso tão terno como se o conhecesse há tempos.
jamais acreditara nessas coisas, mas já que estava por ali e queria esperar a chuva passar, resolveu entrar naquela sala atrás da Madame Hilda.
Sentou-se naquela pequena mesa redonda e em seguida ela sentou-se a sua frente. Retirou o baralho de uma caixa de madeira e embaralhou as cartas e posicionou-as na mesa em um monte.
- Corte em três montes. – ela pediu a .
Ele assim o fez. Hilda organizou as cartas e começou virá-las na mesa, dispondo-as em formato de um símbolo de adição. apenas observava atentamente.
- Hummm... – Madame Hilda bateu a ponta do dedo em uma das cartas. – Aqui as cartas me dizem que você teve uma desilusão amorosa recente. apenas balançou a cabeça afirmativamente, mas pensava que isso era uma coisa muito fácil de se constatar. – Continuando. – ela apontou para a próxima carta. – Vejo nuvens de tempestade circulando ao seu redor, sua vida está tomando outro rumo. – Ela balançou a cabeça negativamente e colocou o dedo sobre a próxima carta. – Você está condenado, meu querido. – arregalou os olhos, o que ela queria dizer com aquilo? Mas afinal o que ela sabe?
- Por que está tentando acabar com a minha alegria? – Respondeu , extremamente irritado. Em seguida levantou-se dali, pegou o jornal que estava pousado sobre seu colo e saiu dali o quanto antes. Ele não queria que ninguém acabasse como seu otimismo.
bateu a porta tão forte que quase derrubou o sininho que estava pendurado. Ficou aliviado ao perceber que a chuva havia parado. Atravessou a rua e voltou a ler as notícias, enquanto estava compenetrado lendo mal sentiu quando em uma velocidade relâmpago um rapaz passou correndo e roubou sua carteira do bolso traseiro.
- Tudo culpa dessa Madame Hilda! – maldisse enquanto tentou correr atrás, mas em vão, pois o rapaz era muito veloz. – Minha carteira não teria ficado quase pra fora do bolso se não tivesse me sentado naquele banco de madeira. – continuou a reclamar. Respirou fundo novamente, tentando pensar que esse dia ruim e estranho iria passar. Ele já estava ficando cansado de ser tão positivo com tantas coisas ruins acontecendo sucessivamente.
Caminhou um pouco desanimado, mas respirou fundo quando lembrou de outra notícia que havia acontecido ali por essa região onde ele estava. Parou próximo a um cruzamento entre as ruas onde na notícia falava sobre uma falha no semáforo, que havia causado um atropelamento com uma vítima fatal. Aquilo estava perturbando , que resolveu ficar de sentinela por ali. A princípio estava tudo funcionando perfeitamente, olho para os lados, pouco fluxo de pessoas. O que era normal naquela rua, principalmente nessa data. O vento frio de Seattle soprou e soprou as mãos tentando aquecê-las. Olhou para o relógio e continuou cuidando de algumas pessoas que atravessavam.
De repente ele notou alguém passar reto por ele para atravessar a rua e nesse mesmo instante um ônibus em alta velocidade estava vindo e quando olhou para cima o semáforo estava desligado. A moça não parou e estava com os fones de ouvido, correu e a puxou pelo braço, fazendo-a cair na calçada e no mesmo instante aquele ônibus cruzou por eles, fazendo com que os cabelos dela balançassem com a pressão do vento.
- Você está bem? – perguntou enquanto os dois estavam caídos na calçada. Ela então tirou os cabelos do rosto, revelando ser . Ele logo sorriu ao reconhecê-la. Ela estava extremamente assustada e aliviada ao mesmo tempo, seu corpo ainda tremia. ajudou a se levantar.
- Muito obrigada, . – finalmente ela conseguiu pronunciar algo após o grande susto. E o abraçou bem forte, toda aquela adrenalina do momento fez o coração de bater ainda mais forte. Ela se afastou brevemente dele e sorriu. que há pouco viu todas as cores da vida ficarem acinzentadas, com aquele abraço caloroso e aquele sorriso tão doce foi como se todos os seus problemas desaparecessem, tudo por causa dela, . Essa garota que esteve tanto tempo presente em sua vida, mas até o dia de hoje não a havia notado tanto, reparado de fato nela. O quanto ela era muito bonita e de repente sentia uma conexão tão forte com ela, não sabia explicar, só lhe vinha uma canção à mente e sentia vontade de sorrir.
Um vento forte passou por eles, espalhando todas as folhas do jornal e levou a maioria delas, sobrando apenas uma que ficou grudada ao pé de . Ele abaixou-se para pegar, dobrou e guardou no bolso do seu blazer. Olhou para os lados e não viu mais nem um sinal do resto do jornal, foi realmente levado pelo vento.
- Hey, . – Ele voltou a olhar para . – Nem sei como te agradecer, eu estava tão distraída. – enrolou os fones na mão. - Eu moro naquele prédio lá, tem uma casa de chás bem em frente. – apontou para a quadra adiante. – Posso te pagar um chá? – ela encolheu os braços, acanhada, pois gostaria de mostrar mesmo o quanto estava grata a ele, não apenas pagando um simples chá.
lembrou do dia em que ela contou que não tomava café, mas era viciada em chás, que todos as cidades que visitava ela comprava um pacotinho de chá, e ele riu.
- Acho que posso começar a ser adepto ao chá também. – sorriu de canto para .
Tomaram chá, conversaram sobre assuntos diversos, riram juntos. Ao saírem da casa de chá, lembrou que precisaria pegar o ônibus, mas sua carteira havia sido roubada. Apalpou o bolso de seu blazer e lá achou alguns trocados e também a única folha restante daquele jornal e, para sua surpresa, quando começou a ler nela continha os resultados da loteria do dia seguinte. olhou para cima, sorriu e mentalmente agradeceu.
- O que houve ? – ficou intrigada ao ver a reação dele ao olhar para a folha do jornal.
Um pingo caiu na ponta do seu nariz, logo a chuva se fez presente novamente, mas era uma chuva calma, apesar de estar frio, ambos tinham muito o que agradecer. recém havia tido uma segunda chance, sentia-se viva, feliz, havia sido salva pelo homem que ela observava e desejava todas as manhãs. E , apesar de todos os contratempos, sabia seu dia iria acabar muito bem, podia sempre manter seu pensamento de que nada iria destruir o seu humor e tudo que ele queria agora era cantar na chuva.
- Vamos ... – A pegou pela mão, para irem até a casa de apostas mais próxima que achassem. – Precisamos achar uma casa de apostas, rápido. – Ela ficou sem entender, mas se deixou ser guiada por ele.
Durante o trajeto, em meio àquela chuva fina eles mantinham o passo acelerado. resolveu cantar e sabia essa mesma canção, era a música que ela estava ouvindo minutos antes de ser salva por . Ele ficou surpreso ao vê-la acompanhar a letra, pois não era uma canção muito conhecida. A chuva engrossou e em meio a risos, mas sem romper a cantoria, continuaram assim até o destino. Ao pararem na porta, resolveu ser impulsivo, algo totalmente diferente do que costumava ser. Olhou para , ambos ensopados, envolveu-a pela cintura e a beijou, seus lábios estavam gelados e os dela também, por causa da chuva e do frio, mas logo aquele beijo os aqueceu, foi um beijo calmo, mas era ansiado por há muito tempo. Ambos sentiram uma sensação intima através daquele beijo e a partir desse beijo eles estavam prestes a construir uma conexão que nem eles haviam imaginado.
So I'll be singing (I'll be singing)
I'll be singing (I'll be singing)
I'll be singing in the rain (Singing in the rain)
So I'll be singing (I'll be singing)
I'll be singing (I'll be singing)
I'll be singing in the rain (Singing in the rain)
E assim iniciou-se uma nova fase na vida , percebeu que o inesperado nem sempre é ruim, e ele só acontece para que coisas novas e melhores possam acontecer. Como um pé na bunda o fez abrir os olhos para quem sempre esteve diante dos seus olhos e inclusive se tornar um milionário, depois de um dia cheio, tão acinzentado. E como dizem: “Não fuja da tempestade, aprenda a dançar na chuva!”
possuía sua rotina: acordar, ir ao seu “coffee shop” habitual, ler seu jornal, ir para o trabalho, sair com a sua namorada de longa data, Courtney, para jantar ou leva-la ao cinema e algumas vezes até sua casa. Sim, às vezes iam viajar, passar um final de semana um pouco diferente, mas claro tudo mediante à uma programação com antecedência. não era um cara chato, inclusive era muito bem humorado, ele apenas apreciava tudo que possuía, muitos poderiam descrevê-lo como alguém calmo, amigo e principalmente muito otimista.
(...)
Era manhã de domingo, mas aquela não era uma manhã qualquer, era véspera de Natal e sabia que quando o sol brilhava nos dias de inverno em Seattle, as paisagens ficam deslumbrantes, revelando montanhas com picos nevados e o Mount Rainier parecia ficar ainda maior. Então tudo que ele queria era aproveitar cada instante desse dia.
Antes de ir buscar Courtney, foi até ao “coffee shop”, o qual ele costuma frequentar todos os dias. Ele nem precisou chamar e a garçonete veio atendê-lo.
, ela o atendia todos os dias e com isso acabaram desenvolvendo uma amizade. havia desenvolvido um carinho enorme por .
- O de sempre? – perguntou.
Por um minuto quase concordou, mas aquele dia ele sentiu que por mínima que fosse a mudança, queria pedir algo diferente. Balançou a cabeça negativamente e voltou seu olhar para o menu.
- Hoje vou querer esse... – apontou para o menu. – Omelete Imperial e um iogurte para acompanhar. – fez o pedido todo confiante, como se fosse um grande passo em sua vida. chegou a rir discretamente ao vê-lo tão contente apenas por uma mudança no seu pedido. Diferente de , ela sempre o havia notado, todos os dias quando ele passava por aquela porta, nas vezes em que ele entrava com seu cabelo loiro meio bagunçado e quando sentava sempre na mesma mesa. Quando ela o atendia, quando ele contava algumas coisas sobre como havia sido seu dia anterior, ela reparava naquele sorriso doce e ao mesmo tempo acanhado.
se aproximou com seu pedido em mãos.
- Aqui está. – pôs seu Omelete Imperial na mesa e por uma fração de segundos seus olhares se cruzaram, arrancando um sorriso bobo de ambos. abriu um grande sorriso, que deixou ainda mais intrigado e ao mesmo tempo hipnotizado por aquele sorriso que hoje parecia diferente. Quebrando esse momento, deu as costas e voltou para a cozinha. pensou mais uma vez em como nunca havia notado aqueles olhos verdes de , mas lembrou o real motivo: ele tinha uma namorada. Arregalou os olhos ao lembrar; COURTEY. Ele precisava se apressar para ir busca-la.
Nesse momento, uma mensagem vinda de Courtney apareceu no visor de seu celular. Terminou seu café o mais rápido que pôde, sequer abriu a mensagem, apenas guardou o celular no bolso, colocou o dinheiro na mesa e, antes de levantar-se para ir embora, pegou o jornal que estava em cima da mesa. Ele ainda nem havia parado para ler as notícias e, de um modo quase que amassando, o colocou debaixo do braço e saiu rapidamente.
estranhou e começou a perceber que esse dia não era como os outros. Passou por algumas pessoas na rua e estavam todas cabisbaixas, procurou por um sorriso, mas sem sucesso.
Finalmente chegou até seu carro, entrou e ao virar a chave ele não deu partida. Mais uma vez e nada. Bateu com as mãos no volante, mas não deixaria isso o abater. Tirou seu celular do bolso, para poder avisar Courtney que iria se atrasar. Olhou e tocou a tela, lembrou da mensagem que antes havia recebido e a abriu para ler.
O que está acontecendo? Falou com ele mesmo dentro do carro. não conseguia acreditar nas palavras de Courtney, isso definitivamente não estava em seus planos.
Courtney.”
- Definitivamente esse não era meu dia. – jogou o celular no porta luvas. E agora é oficial, ela partiu seu coração, mas não iria deixar isso o derrubar, pensou .
Sentiu um aperto no peito e olhou para o banco de carona, onde havia deixado o jornal, encarou aquelas folhas acinzentadas por alguns segundos e o pegou para se distrair um pouco e ler as notícias do dia.
A primeira notícia que saltou aos seus olhos foi de um incêndio a um lar de idosos que coincidentemente ficava a menos de uma quadra de onde ele estava.
“As chamas tiveram inicio por volta das 11:00 da manhã de ontem (24/12). Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo atingiu uma cortina que estava próxima a um aquecedor, localizado no quarto de um dos idosos. Os bombeiros tentaram conter o fogo, mas o fogo havia se alastrado com rapidez.”
- Espera. – estranhou alguns dados da notícia. – Manhã de ontem? Mas hoje não é dia vinte e quatro. – Começou a se fazer essas perguntas. Puxou a manga e viu que o relógio marcava 10:30 PM. Pegou o jornal novamente e leu a primeira página. Lá continha a data de vinte e cinco de dezembro de 2017. Pensou por alguns instantes e pegou o celular e lá marcava dia vinte e quatro de dezembro. ficou extremamente confuso e resolveu ligar o rádio de seu carro, lá sintonizou a estação de notícias da manhã, para poder se certificar da data correta, mas ele ficou ainda mais intrigado ao escutar as notícias da data de hoje, dia vinte e quatro. Chegou ficar um pouco zonzo, não estava entendendo.
Juntou todas aquelas folhas, saiu do carro e resolveu ir a pé mesmo até aquele local. Ao chegar, observou bem e tudo estava intacto, nem sequer um sinal de fumaça. Abriu novamente o jornal e conferiu, era o mesmo que dizia na notícia, mas reparou no horário. Segundo o que dizia o incêndio havia ocorrido próximo às onze e meia da manhã do dia 24 de dezembro. Olhou em seu relógio e faltavam apenas quinze minutos. Pensou, andou de um lado para o outro, as palavras da notícia martelavam em sua cabeça.
Não pensou mais, faltavam em média dez minutos, não queria mais arriscar. Mas como ele faria para esvaziar o local ou alertar, sem pensarem que ele era um louco? Avisar de um incêndio que ainda não aconteceu e nem se sabe se irá mesmo acontecer, acreditava que seria impossível não ser considerado um maluco.
Como ele não sabia em qual quarto havia começado o incêndio, resolveu entrar e tentar falar com a responsável na recepção.
- Bom dia, posso ajudar o senhor? – Ele olhou um pouco apreensivo aquela senhora tão simpática e não sabia exatamente o que dizer, então algo lhe ocorreu, tipo um estalo, ou melhor dizendo, a falta de ideias junto com o desespero.
- Eu... – Os olhos de voltaram para uma porta aberta que dava acesso a um grande corredor. – INCENDIO! – ele gritou e entrou correndo com os braços para cima, feito um doido. – Saiam... Ligeiro... – passava em alta velocidade pelos corredores e batendo nas portas. Deixando todos assim alarmados e então começaram a evacuar o local. Em questão de alguns minutos seguintes o fogo realmente se fez presente, mas todos já estavam do lado de fora e assim ele conseguiu chamar os bombeiros.
sequer acreditou no que havia acontecido, aquele jornal realmente continha notícias verdadeiras do dia de hoje, ele estava com um jornal do futuro?
Antes mesmo que todos pudessem agradecê-lo, , resolveu sair discretamente dali, não gostava desse tipo de exposição e sentiu que precisava ver qual era a próxima notícia ruim que ele poderia impedir.
Desceu mais uma quadra e abriu novamente o jornal e buscou por mais uma notícia, enquanto continuava a andar pela calçada e sequer notou quando pisou em algo totalmente indesejável.
- Um cocô de cachorro! – parou de andar e balançou seu calçado. E começou a tentar limpá-lo no canto da calçada.
respirou fundo, continuou a “limpeza” da sola de seu sapato e pensou: “Não importa o que a vida queira colocar no meu caminho, não há nada que irá destruir o meu humor.”
O tempo de repente começou a se fechar novamente, alguns pingos começaram a cair, logo a chuva começou a se intensificar. Para escapar da chuva, correu para o primeiro local aberto que encontrou. Atravessou uma porta que tocou um sininho assim que entrou.
- Madame Hilda Lang? – Leu a plaquinha na entrada. Ficou se perguntando onde é que ele havia vindo parar. Dobrou o jornal debaixo do braço e bateu os pés no capacho na entrada. Começou a observar tudo ao seu redor, alguns livros místicos, algumas pedras, incensos.
- Posso ajuda-lo? – uma senhora de estatura baixa, cabelos castanhos enrolados, apareceu atrás de , o fazendo se virar rapidamente.
- Desculpe, entrei por causa da chuva e...
- Gostaria de uma consulta? – ela perguntou com a voz calma e serena.
- Não... – ele balançou a cabeça. – Não... Eu entrei por causa da chuva, logo...
- . – ela o interrompeu. arregalou os olhos, não havia dito seu nome a ela.
- C-como sabe meu nome? – Gaguejou.
- Nada acontece por acaso, . Eu sou Hilda. – ela se aproximou. – Você não tem curiosidade? Não tenha medo. Entre, é apenas uma consulta. Hoje é de graça, presente de Natal. – ela fez um gesto, indicando a porta atrás dela. E estampava um sorriso tão terno como se o conhecesse há tempos.
jamais acreditara nessas coisas, mas já que estava por ali e queria esperar a chuva passar, resolveu entrar naquela sala atrás da Madame Hilda.
Sentou-se naquela pequena mesa redonda e em seguida ela sentou-se a sua frente. Retirou o baralho de uma caixa de madeira e embaralhou as cartas e posicionou-as na mesa em um monte.
- Corte em três montes. – ela pediu a .
Ele assim o fez. Hilda organizou as cartas e começou virá-las na mesa, dispondo-as em formato de um símbolo de adição. apenas observava atentamente.
- Hummm... – Madame Hilda bateu a ponta do dedo em uma das cartas. – Aqui as cartas me dizem que você teve uma desilusão amorosa recente. apenas balançou a cabeça afirmativamente, mas pensava que isso era uma coisa muito fácil de se constatar. – Continuando. – ela apontou para a próxima carta. – Vejo nuvens de tempestade circulando ao seu redor, sua vida está tomando outro rumo. – Ela balançou a cabeça negativamente e colocou o dedo sobre a próxima carta. – Você está condenado, meu querido. – arregalou os olhos, o que ela queria dizer com aquilo? Mas afinal o que ela sabe?
- Por que está tentando acabar com a minha alegria? – Respondeu , extremamente irritado. Em seguida levantou-se dali, pegou o jornal que estava pousado sobre seu colo e saiu dali o quanto antes. Ele não queria que ninguém acabasse como seu otimismo.
bateu a porta tão forte que quase derrubou o sininho que estava pendurado. Ficou aliviado ao perceber que a chuva havia parado. Atravessou a rua e voltou a ler as notícias, enquanto estava compenetrado lendo mal sentiu quando em uma velocidade relâmpago um rapaz passou correndo e roubou sua carteira do bolso traseiro.
- Tudo culpa dessa Madame Hilda! – maldisse enquanto tentou correr atrás, mas em vão, pois o rapaz era muito veloz. – Minha carteira não teria ficado quase pra fora do bolso se não tivesse me sentado naquele banco de madeira. – continuou a reclamar. Respirou fundo novamente, tentando pensar que esse dia ruim e estranho iria passar. Ele já estava ficando cansado de ser tão positivo com tantas coisas ruins acontecendo sucessivamente.
Caminhou um pouco desanimado, mas respirou fundo quando lembrou de outra notícia que havia acontecido ali por essa região onde ele estava. Parou próximo a um cruzamento entre as ruas onde na notícia falava sobre uma falha no semáforo, que havia causado um atropelamento com uma vítima fatal. Aquilo estava perturbando , que resolveu ficar de sentinela por ali. A princípio estava tudo funcionando perfeitamente, olho para os lados, pouco fluxo de pessoas. O que era normal naquela rua, principalmente nessa data. O vento frio de Seattle soprou e soprou as mãos tentando aquecê-las. Olhou para o relógio e continuou cuidando de algumas pessoas que atravessavam.
De repente ele notou alguém passar reto por ele para atravessar a rua e nesse mesmo instante um ônibus em alta velocidade estava vindo e quando olhou para cima o semáforo estava desligado. A moça não parou e estava com os fones de ouvido, correu e a puxou pelo braço, fazendo-a cair na calçada e no mesmo instante aquele ônibus cruzou por eles, fazendo com que os cabelos dela balançassem com a pressão do vento.
- Você está bem? – perguntou enquanto os dois estavam caídos na calçada. Ela então tirou os cabelos do rosto, revelando ser . Ele logo sorriu ao reconhecê-la. Ela estava extremamente assustada e aliviada ao mesmo tempo, seu corpo ainda tremia. ajudou a se levantar.
- Muito obrigada, . – finalmente ela conseguiu pronunciar algo após o grande susto. E o abraçou bem forte, toda aquela adrenalina do momento fez o coração de bater ainda mais forte. Ela se afastou brevemente dele e sorriu. que há pouco viu todas as cores da vida ficarem acinzentadas, com aquele abraço caloroso e aquele sorriso tão doce foi como se todos os seus problemas desaparecessem, tudo por causa dela, . Essa garota que esteve tanto tempo presente em sua vida, mas até o dia de hoje não a havia notado tanto, reparado de fato nela. O quanto ela era muito bonita e de repente sentia uma conexão tão forte com ela, não sabia explicar, só lhe vinha uma canção à mente e sentia vontade de sorrir.
Um vento forte passou por eles, espalhando todas as folhas do jornal e levou a maioria delas, sobrando apenas uma que ficou grudada ao pé de . Ele abaixou-se para pegar, dobrou e guardou no bolso do seu blazer. Olhou para os lados e não viu mais nem um sinal do resto do jornal, foi realmente levado pelo vento.
- Hey, . – Ele voltou a olhar para . – Nem sei como te agradecer, eu estava tão distraída. – enrolou os fones na mão. - Eu moro naquele prédio lá, tem uma casa de chás bem em frente. – apontou para a quadra adiante. – Posso te pagar um chá? – ela encolheu os braços, acanhada, pois gostaria de mostrar mesmo o quanto estava grata a ele, não apenas pagando um simples chá.
lembrou do dia em que ela contou que não tomava café, mas era viciada em chás, que todos as cidades que visitava ela comprava um pacotinho de chá, e ele riu.
- Acho que posso começar a ser adepto ao chá também. – sorriu de canto para .
Tomaram chá, conversaram sobre assuntos diversos, riram juntos. Ao saírem da casa de chá, lembrou que precisaria pegar o ônibus, mas sua carteira havia sido roubada. Apalpou o bolso de seu blazer e lá achou alguns trocados e também a única folha restante daquele jornal e, para sua surpresa, quando começou a ler nela continha os resultados da loteria do dia seguinte. olhou para cima, sorriu e mentalmente agradeceu.
- O que houve ? – ficou intrigada ao ver a reação dele ao olhar para a folha do jornal.
Um pingo caiu na ponta do seu nariz, logo a chuva se fez presente novamente, mas era uma chuva calma, apesar de estar frio, ambos tinham muito o que agradecer. recém havia tido uma segunda chance, sentia-se viva, feliz, havia sido salva pelo homem que ela observava e desejava todas as manhãs. E , apesar de todos os contratempos, sabia seu dia iria acabar muito bem, podia sempre manter seu pensamento de que nada iria destruir o seu humor e tudo que ele queria agora era cantar na chuva.
- Vamos ... – A pegou pela mão, para irem até a casa de apostas mais próxima que achassem. – Precisamos achar uma casa de apostas, rápido. – Ela ficou sem entender, mas se deixou ser guiada por ele.
Durante o trajeto, em meio àquela chuva fina eles mantinham o passo acelerado. resolveu cantar e sabia essa mesma canção, era a música que ela estava ouvindo minutos antes de ser salva por . Ele ficou surpreso ao vê-la acompanhar a letra, pois não era uma canção muito conhecida. A chuva engrossou e em meio a risos, mas sem romper a cantoria, continuaram assim até o destino. Ao pararem na porta, resolveu ser impulsivo, algo totalmente diferente do que costumava ser. Olhou para , ambos ensopados, envolveu-a pela cintura e a beijou, seus lábios estavam gelados e os dela também, por causa da chuva e do frio, mas logo aquele beijo os aqueceu, foi um beijo calmo, mas era ansiado por há muito tempo. Ambos sentiram uma sensação intima através daquele beijo e a partir desse beijo eles estavam prestes a construir uma conexão que nem eles haviam imaginado.
I'll be singing (I'll be singing)
I'll be singing in the rain (Singing in the rain)
So I'll be singing (I'll be singing)
I'll be singing (I'll be singing)
I'll be singing in the rain (Singing in the rain)
Fim.
Nota da autora: E aí meninas!!! Quis fazer uma história light que nem a música, que inspira algo alegre. Essa recém foi minha segunda ficstape, espero que você tenham gostado assim como gostei de escrever essa história. :D Bjussss
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