Capítulo Único
Março, 1987
Rockford Hills, sábado 11:43
acordou aos poucos com o som de seu despertador, sentindo a claridade invadir o quarto pela fresta aberta da cortina e tateou a cômoda ao lado da cama até conseguir desligar aquele barulho infernal soltando um suspiro enquanto aproveitava o silêncio novamente. Silêncio que durou pouco pois o toque estridente do telefone invadiu seus ouvidos segundos depois.
- Mas que porra! – xingou alto enquanto rolava para o outro lado da cama, onde o telefone e se esticou para alcança-lo no chão. Ela ainda se recusava levantar – Alô?!
- ... É o Mark – seu chefe, ela completou em sua cabeça e segurou um resmungo – Estou ligando para saber se você está melhor de seu, erm, problema feminino mas pelo seu tom acredito que não – escutou a risada fraca do homem do outro lado da linha e se limitou a revirar os olhos. Machista de merda, quase soltou, mas ela ainda precisava daquele emprego.
- Estou melhorando... –respondeu enquanto coçava os olhos.
- Bom, espero que você fique bem – disse sincero – E caso ainda não se sinta bem pode vir apenas na terça, ok?
- Claro Mark, muito obrigada – disse sincera e até um pouco surpresa. Talvez devesse fingir ter cólicas mais vezes – Mas acredito que amanhã já consigo ir novamente, quem sabe até cubro o turno que vou perder hoje...
- Não se preocupe com isso mas me ligue qualquer coisa, sim?
- Pode deixar.
- Até mais , se cuide!
- Eu sempre me cuido – a ligação foi encerrada e ela devolveu o telefone devolta no gancho, suspirando alto mais uma vez. Não era sempre que ela se aproveitava de suas condições femininas para conseguir alguma coisa, como faltar em uma prova na faculdade ou então tirar um sábado a mais de folga para aproveitar com seus amigos, mas precisava daquele dia para descansar um pouco mais, queria estar bem disposta para a festa que iria naquela noite. E como qualquer homem que conhecia parecia ter certa repulsa pela palavra menstruação, acabou usando a melhor carta que tinha em sua manga.
Depois de alguns minutos deitada, finalmente tomou coragem e se levantou e vestiu o short de seu pijama que estava jogando proximo de sua cama. Amarrou o robe envolta da cintura enquanto descia as escadas e ligou o rádio da sala, colocando o volume alto o suficiente para conseguir ouvir da cozinha. A mulher preparou um cereal com leite para comer enquanto o café não ficava pronto e aproveitou pra ler algumas noticias do jornal que estava jogando em cima de sua bancada. Nada muito fora do normal. Colocou sua tigela agora já vazia dentro da pia e o café numa xícara grande com um pouco de açúcar até que começou a notar os barulhos que estava vindo do lado de fora da casa, como caixas sendo colocadas no chão e caminhões dando ré. Tomou um gole do café andando pela sala e pegou seus fieis óculos escuros que estavam jogados na mesinha de centro da sala, colocando-os em seu rosto antes de abrir a porta pro sol não matar suas corneas até que acabou se deparando com um cenário quase atípico naquele bairro. Alguém estava se mudando. E para a casa ao lado da sua.
- Ora ora, um novo vizinho para reclamar do meu som alto – revirou os olhos enquanto tomava mais gole até que viu uma silhueta masculina sair da casa, indo buscar mais algumas caixas e ela se surpreendeu. O homem tinha uma aparencia jovial, parecia ser um pouco mais alto que ela e os cabelos caiam brilhantes por sua testa, quase chegando aos ombros. Os fios tinham um tom de tão lindos que quase deu inveja na garota mas foi só quando ele se virou para entrar novamente na casa que ela conseguiu ver seu rosto. O maxilar marcava perfeitamente seu rosto e os óculos com a armação redonda dava um charme a mais nele. Caramba, ele era lindo – Ou talvez não... – escondeu seu sorriso malicioso com a xícara de café. Ele ainda não notado que estava ali observando seus movimentos, diferente dos outros homens que o ajudavam na mudança, que até inflaram o peito para se mostrarem e parecerem mais fortes. Patéticos.
- ? – seus pensamentos foram cortados quando viu uma senhora baixinha de cabelos grisalhos aparecer na calçada, acenando simpática. A ruiva tirou os óculos e caminhou até a calçada para ir comprimenta-lá.
- Bom dia senhora Grace! Como vai?
- Quase boa tarde não é mesmo mocinha? – a mais velha riu, dando um beijo na bochecha dela – Estou bem... Vou passar no mercado, precisa de algo? Por acaso mais café? – a olhou sugestiva, apontando com o queixo para a casa ao lado, onde podiam ver o rapaz colocando a caixa na sala pois as janelas estavam abertas e ele ainda não tinha cortinas.
- Grace! – se fingiu ofendida e riu baixo, tomando mais um gole do café que já estava esfriando – Muito obrigada, mas já fiz as compras na semana passada... Talvez precise de uma ou duas xícaras de açúcar – a velhinha riu com gosto e deu um tapinha leve, mas amigável, em seu braço.
- Deveria ir falar com ele, se apresentar... Vai que se tornam amigos.
- Ah não sei ainda – tombou a cabeça pro lado, observando ele sair novamente. Aos poucos as caixas foram se esvaziando da calçada e do jardim, os ajudantes agora levavam alguns móveis – Ele pode ser meio chato – deu ombros, terminando de vez seu café – Prefiro esperar um pouquinho – piscou para a senhora.
- Entendo... – a senhora Williams brincou com uma mecha daquele cabelo vibrante – Mas não espere demais querida, pode ser que ele seja doidinho igual a você – as duas riram baixo, coisa que acabou finalmente chamando a atenção do rapaz. Ele tinha uma caixa média nas mãos mas deu um sorriso torto na direção delas. Ainda parecia tímido demais. Grace acenou para que ele se aproximasse, logo tratando de deixar a caixa no chão e limpar as mãos na parte de trás da calça jeans.
- Olá, seja muito bem vindo ao nosso bairro! Me chamo Grace Williams – ela estendeu a mão para comprimenta-lo e o a apertou carinhosamente de volta – Moro ali no final da rua.
- Prazer, sou – arrumou os óculos que caiam por seu nariz – – se virou para a mais nova que o observava com um meio sorriso.
- – estendeu a mão livre – Sua nova vizinha.
Seu olhar se perdeu enquanto a observava. Os olhos eram expressivos, pareciam selvagens ainda mais por conta da pouca maquiagem que estava borrada no canto externo dos olhos, como se fosse tirada as pressas para poder dormir logo, fora o glitter que ia quase até a linha de seu cabelo descendo em algumas partes de seu pescoço até chegar no colo exposto pelo robe. Uma figura. notou o olhar descer e deu um pigarro alto, tirando de seu transe e olhou sugestiva para Grace que riu dos dois.
- Bom, preciso resolver algumas coisas! – ela desconversou ainda rindo e arrumou a bolsa no ombro – Foi um prazer conhece-lo , você vai gostar de Rockford Hills.
- Oh,muito obrigado senhora. Tenha um bom dia!
- Igualmente meu querido! – ela ja tinha se distanciado alguns passos – E você – apontou para a ruiva – Juízo hein!
Os dois jovens se despediram da senhora que agora já virava a rua para seguir seu caminho até o mercadinho mais próximo, ainda pouco desconfortáveis. voltou seu olhar curioso pra ruiva e deu um meio sorriso sendo igualmente retribuído.
- Ela é alguma familiar sua? – questinou.
- Não, eu e Grace nos conhecemos quase nesse mesmo cenário. Tinha me mudado a pouco tempo e ela veio puxar conversa, essas coisas – mexeu no cabelo por alguns segundos – Não somos melhores amigas mas as vezes na falta de um colo de avó... Ela é bem gentil, garanto!
- Vocês parecem bem próximas... Mas bom saber quem são os amigáveis do bairro – ele brincou.
- Ahm, então - começou - Eu e alguns amigos vamos sair pra jantar em um restaurante não muito longe daqui, não sei se você já conhece alguém por aqui mas se quiser se juntar a nós... - levantou os ombros - Será muito bem vindo .
Ele sorriu gentilmente - Uau! Agradeço mesmo mas acontece que eu já tenho planos pra hoje - coçou a nuca pouco envergonhado, arrumando seus óculos que escorregavam por seu nariz - meus colegas de trabalho acabaram me convidando... Pelo menos pra conhecer um pouco de Rockford Hills, já que trabalhamos em Los Angeles.
- Tá brincando, eu também trabalho em LA! - ela riu, voltando a arrumar o robe no corpo e deu alguns passos em direção a sua casa, afinal, ela ainda estava apenas de robe com vários homens olhando torto pra ela - Você veio de onde?
- Literalmente do outro lado do país, Boston.
- Uau - repetiu a fala dele, segurando um riso - Se perdeu pela Califórnia rapaz?
- Bom, de emprego em emprego... - sentiu seu corpo esquentar levemente, rindo com ela - uma hora paramos em algum lugar, fora que também precisava de um lugar só meu, passei na fase de dividir quarto, isso larguei na faculdade.
assentiu, gostava também de ter a casa só pra ela - Alguma razão especial pra ter escolhido Rockford Hills?
- O aluguel - deu ombros – A distância até Los Angeles não é tão grande, então seria menos tempo no trânsito... Mas principalmente o aluguel.
- Nisso eu tenho que concordar - sorriu assentindo levemente e por fim abriu novamente a porta de sua casa - Eu preciso arrumar algumas coisas por aqui mas se precisar de algo, ou uma xícara de açúcar - brincou, vendo as bochechas do rapaz corarem novamente, achando-o ainda mais lindo - pode me chamar.
- Muito obrigado, .
- Muito de nada, - ela piscou e o observou fazer o caminho de volta para as caixas espalhadas na calçada.
Trancou a porta e suspirou alto. Até o momento estava achando um fofo. Achou engraçado o fato dele a olhar meio torto e só entendeu quando se viu direito no espelho antes de entrar no chuveiro, o cabelo amassado e frisado junto com a maquiagem meio borrada provavelmente passaram uma imagem errada da garota, fora o glitter que tinha em seu colo e também quase em sua testa. Que noite!. Não que gostasse se não passar a ideia errada, na verdade não dava a mínima pro que pensavam dela, mas como esse seria seu novo vizinho, gostaria de evitar brigas que não envolvessem a polícia novamente. Ela riu. Outra noite absurda. Mas talvez não fosse um completo nerd. Ele era jovem e bonito. Muito bonito na verdade. E pelo pouco que conversaram, parecia ter vivido uma experência ou outra, provavelmente nada das confusões que se metia de vez em quando, ainda mais na faculdade. A mulher suspirou novamente, sentia falta de suas aulas já que acabou trancando o último ano do curso de literatura, não que estivesse achando o curso chato, pelo contrário, ela amava, mas aos poucos sua atenção começou a se desviar muito mais para as festas das fraternidades, baladas, shows e áreas VIPs dos rockstars que passavam pela cidade. Como não queria decepcionar seus pais, e nem a si mesma, chegou em um bom senso de pelo menos dar um tempo, “você ainda é jovem” dizia uma voz em sua cabeça, teria tempo de retomar seus estudos, claro que não queria trabalhar em um bar pro resto de sua vida. Aos poucos foi terminando seu banho, até que desligou o chuveiro e se enrolou em seu roupão indo até o quarto onde abriu seu armário, começando a separar a roupa que usaria naquela noite.
O resto do sábado passou devagar para mas quase voando para , que corria contra o tempo para arrumar sua casa o mais rápido possível porém apenas teve tempo de conseguir organizar a sala e um pouco de seu quarto, aproveitando para deixar as caixas ainda não esvaziadas no quarto extra. Ele pelo menos tinha sua TV e o pacote à cabo funcionando, entediado não ficaria. Ainda faltava bastante coisa para fazer ali até que pudesse chamar aquele lugar de lar mas até que estava bastante feliz. O sol foi se pondondo e começou a sentir o cansaço de ficar o dia inteiro levando e trazendo caixas, e muitas tralhas que estavam dentro delas, de um lado do outro, quase pensou em furar o jantar com os amigos apenas para poder dormir mais de dez horas, mas também não queria ficar trancado ali em pleno sábado à noite. Ele já estava com uma toalha enrolada na cintura, procurando uma roupa no meio da bagunça que estava o chão de seu quarto quando ouviu um ronco de motor alto e uma música tão alta quanto, atiçando sua curiosidade. Ele se apoiou na janela, vendo uma Mercedez preta conversível buzinar e dar a volta na esquina, parando em frente a casa de sua nova vizinha. Poucos segundos depois, um Mustang LX – também conversível – parou atrás dele. Em ambos carros tinham alguns jovens, vestidos com roupas chamativas e acessórios quase punks, parecia uma turma interessante. Sua cabeça deu um estalo, lembrando da conversa que teve com no começo e o convite feito pela garota para se juntar a ela e seus amigos. Ele riu baixo, pensando se tinha escapado de uma furada ou de então uma noite completamente insana... Infelizmente não iria saber, pelo menos não naquela noite.
- VAMO’ BORA ! – uma das meninas gritou, apertando a buzina novamente fazendo os outros rirem e ele também. Imaginava quem mais naquela rua estaria escondido na janela ou atrás da cortina como ele para saber de tanto barulho.
- TO INDO! – a ruiva gritou da janela, fechando-a logo em seguida. Poucos minutos depois ela apareceu na frente da casa, andando até os carros e começou a comprimentar os amigos com abraços e beijos. observou a garota de longe, prestando atenção principalmente em suas roupas, conseguindo ver um pouco mais do estilo dela do que tinha visto no começo da tarde. Gautier usava uma calça preta colada de cintura alta e o parecia ser um cinto com detalhes em metal, uma blusa amarela dos Sex Pistols com as mangas cortadas e amarrada na cintura, deixando-a mais justa e uma parte do corpo a mostra, também usava botas pretas de salto e cano alto, fechando sua produção com uma bolsa que ia quase até suas coxas e o que parecia uma jaqueta amarrada nela. Os cabelos estavam com seus cachos definidos e volumosos, fazendo um contraste interessante com a cor de sua blusa. Lia estava linda. Ela se direcionou para o Mustang mas antes de entrar viu um dos meninos cochichar algo em seu ouvido, logo sendo olhado por ele. sentiu um frio na espinha, se sentindo sem graça de ter sido notado observando aquele pessoal até que sua vizinha se virou em sua direção, acenando sorrindo com a mão. Ele ficou surpreso com a atitude. Qualquer outra pessoa provavelmente mandaria o dedo do meio ou berraria um palavrão, mandando cuidar da própria vida – felizmente isso não aconteceu. Ele retribuiu o aceno, ainda meio tímidio, assistindo os carros arrancarem em alta velocidade e com as músicas tocando ainda mais altas. Com certeza eles iriam se meter em confusão, como já dizia Elton John, sábádo é ótimo para brigas.
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Maio, 1987
Rockford Hills, sábado 11:43
sentia a brisa leve da cidade batendo contra seu rosto, fazendo alguns fios voarem levemente e ela se animou um pouco mais no ombro de sua amiga Janet, que também se encontrava quase deitada em Bryan, em uma troca de calor corporal que estava deliciosa. O rádio agora estava baixinho, provavelmente sintonizado em alguma estação de notícia, o que permitam que ouvissem melhor os sons da cidade. Os três no banco de trás ainda se sentiam bebâdos e até meio chapados, coisa que particularmente não gostava tanto, ela preferia algo que a deixasse mais viva e ativa durante a noite, como sua querida cocaína, mas Bryan acabou a convencendo a fumar maconha ele pelo menos já no final da festa. Agora ela sentia seu corpo relaxado ao mesmo tempo que precisava muito comer alguma coisa.
- Ei – sentiu alguém cutucando sua perna e despertou rapidamente, arrumando os óculos escuros que acabaram caíndo com o susto – Chegamos!
- Nossa eu dormi legal.
- E com razão né? – o moreno riu dela, desligando o carro e deu a volta para ajuda-la a sair, sabia que não era tão acostumada com a maconha quanto seu amigo e a combinação da erva mais quantidades absurdas de álcool nem sempre davam um barato tão bom – Se eu tivesse feito tudo que vocês fizeram, estaria na mesma ou até pior – disse sorrindo.
- Que bom que revisamos a rodada de motorista então... - riu baixo, passando a alça da bolsa em seu ombro e deu um beijinho na bochecha da amiga de leve para não acorda-lá e se apoiou no banco do passageiro, pegando a mão de Tommy para conseguir sair do carro.
- Precisa de ajuda pra entrar?
- Não estou tão ruim assim vai... – disse ainda meio mole, se espreguiçando ali mesmo e deu um bocejo alto – Muito obrigada Tom Tom! – se despediu do amigo e o viu voltar para o carro, buzinando enquanto seguia o caminho para sua própria casa agora. Janet e Bryan provavelmente iriam dormir lá também. A ruiva balançou a cabeça e andou devagar até sua casa enquanto procurava as chaves dentro da bolsa, até aproveitou para pegar suas correspondencias na caixa do correio.
que assistia qualquer coisa na televisão enquanto comia seu café da manhã acabou ouvindo o ronco do motor do Mustang e a buzina, se levantando para espiar entre as cortinas, vendo a vizinha chegar de mais uma noitada enquanto ele se preparava para ir trabalhar. Não costumava ir pro escritório de sábado mas alguém na redação sempre conseguia estragar alguma coisa ou então algo precisava ser feito urgente para a impressão no domingo. Ele sorriu com a pequena cena e abriu a porta, a observando ainda de longe. Dessa vez ela usava uma blusa que parecia ser social, aberta até a metade, deixando parte de seu sutiã de renda vermelho a mostra, uma minissaia preta de couro e as mesmas botas de cano alto com a jaqueta de couro completando seu look final. Somente nesse horário da manhã para se usar uma peça de roupa tão pesada na California.
- Longa noite?
demorou alguns segundos até processar aquela voz, olhou em volta e se tocou que era um ela – Ah! – soou sem graça – Loooonga... Tudo o que eu queria era comer uma pizza.
- Tenho algumas sobras na geladeira se você quiser – segurou a risada até que a feição da garota pareceu mais séria e ela retirou os óculos escuros do rosto com a mão livre.
- Não brinca comigo sobre comida !
- Eu juro – levanto as mãos em rendimento, quase a convidando para entrar – Posso levar pra você mais tarde também – deu ombros.
- Oh meu Deus, você um anjo! – sorriu aberto e continuou folheando os envelopes até que achou um que lhe interessou – Me ajuda aqui rapidinho? – não esperou a resposta, apenas estendendo as outras cartas pra ele e quando se livrou dos outros papéis, abriu o que tinha em mãos, retirando de dentro alguns ingressos além de três pulseiras brilhantes que indicavam a área VIP.
“Estaremos na cidade em breve. Espero conseguir te ver por lá novamente.
Love, Nikki.”
encarava curioso aquela cena até que finalmente ela subiu o olhar para seu rosto, abrindo os ingressos como se fosse um leque – Diga-me meu querido ... Você gosta de Motley Crue?
- Motley Crue?! Você conseguiu ingressos pro Motley Crue?!
- Na verdade eu meio que conheço eles - começou explicando e o queixo de quase foi parar no chão - Então quando eles estão em turnê e passam por aqui, e eles sempre passam pois meio que nasceram por aqui não é - ela riu mas logo parou pois sentiu sua cabeça doer - Enfim, topa? Tem uma pulseira pro VIP sobrando...
- S-Se topo?! Mas é claro que sim , caralho! Não sei nem o que dizer ou como te agradecer!
- Awn - a ruiva se aproximou um pouco mais dele, se apoiando em seu ombro e deu um beijo em sua bochecha - Pode começar me levando uma pizza a noite, sim?
- Quantas você quiser! - falou por impulso até que ouviu outra risada vindo dela - Desculpa, ahn...
- Não tem problema , aqui - ela tirou um dos ingressos do leque improvisado, provavelmente tinham cinco ou seis ali, entregando para ele junto com a pulseira brilhante - NÃO PERDE ISSO PELO AMOR DE DEUS! Nikki me mataria - brincou.
- Guardarei com a minha vida, chérie!
- Se não me engano, o show é na próxima sexta então esteja pronto as 19h. Iremos de táxi até a arena! – ela disse já longe, com o resto das correspondências jogadas dentro da bolsa que logo tratou de se livrar assim que voltou a pisar em casa. Fez seu caminho de sempre até seu quarto, deixando uma peça de roupa a cada passo que dava. Mais tarde colocaria tudo para lavar pois tudo o que mais queria naquele momento era sua cama.
Para , a semana passou na mesma velocidade de uma lesma. A cada dia que voltava para casa do trabalho parecia que faltava ainda mais para o dia show. Acabou conversando pouco com sua vizinha já que seus horários durante a semana dificilmente batiam, ela sempre chegava tarde do trabalho e ele não queria incomoda-lá, conseguia ter mais sucesso durante o final de semana. Foi somente na própria sexta-feira que ele se tocou que o dia tão esperado finalmente tinha chegado, tanto que não conseguiu esconder sua animação logo ao acordar, colocando o disco Shout At The Devil para tocar e aumentou o som logo de manhã e também não escondeu de seus colegas de trabalho que iria no show de umas das bandas populares do momento, causando inveja em alguns estagiários que até tentaram sorte em comprar ingressos mas tudo já estava esgotado. Sorte grande a dele.
Eram quase sete horas quando o bateu na porta de e escutou um alto ‘pode entrar!’ vindo de dentro, encontrando a garota apoiada no balcão da cozinha com uma grande agenda telefônica.
- To procurando o número do taxi, eu tinha um dentro da bolsa mas acabei perdendo um dia desses – soou meio desanimada e levantou o rosto das páginas para encarar o homem e sorriu ao ve-lô. Como sempre, ela estava deslumbrante. Dessa vez, as botas iam até o joelho e tinham detalhes com spikes, a saia parecia alguns dedos mais curta, usava uma camiseta da última turnê deles com as datas e lugares nas costas, com nó amarrado um pouco abaixo dos seios. A ruiva também usava uma luva de renda cortada nos dedos junto com alguns braceletes e colares de prata, por fim, notou os lábios muito mais destacados pelo batom vermelho e tinha duas tiras pretas nas bochechas, igual como Sixx usava. Seus olhos não estavam com uma maquiagem tão pesada mas ainda dava pra perceber que eles estavam mais sensuais que o normal.
- Ai meu Deus, você está lindo! – ela se aproximou dele, o abraçando rapidamente e seu perfume doce exalou por . O rapaz usava uma calça preta, um cinto com spikse e a camiseta da banda estampada com o álbum que escutava mais cedo, nós pés, um coturno preto. Uma bandana vermelha amarrada junto da calça dava um charme a mais em seu look – Posso dar mais um detalhe também? – os olhos dela até brilharam.
- Fique a vontade – riu, levantando os braços em rendimento, fazendo o sorriso dela alargar ainda mais.
o puxou mais para a cozinha, pegando a tinta preta que usou em sua própria maquiagem e usou um pincel de pintura para fazer duas tiras mais finas no alto do lado esquerdo de suas bochechas, iguais do Tommy. Aproveitou também um pouco do spray de cabelo que tinha usado para retocar seus cachos e borrifou um pouco nos s lisos de , passando os dedos entre eles e os amassou pro lado. Quando terminou, deu um passo pra trás, levou as mãos ao peito, exagerando a emoção – Meu Deus, você está praticamente um rockstar agora! Eu tenho um espelho na sala, me diz o que achou! – deu um pulo animada, observando ele com cuidado.
sorriu com sua imagem refletida, estranhou um pouco seu cabelo jogado pro lado, ainda mais armado do jeito que estava, mas gostou da produção final, principalmente das tirinhas em seu rosto – Foda hein, ! – fez várias poses, fingindo ser um vocalista na frente do pequeno espelho enquanto a garota ria e voltava a sua procurar do maldito táxi.
finalmente conseguiu um número disponível e um carro iria busca-los em breve. No meio tempo, ela arrumou sua bolsa com algumas coisas que precisava, checou os ingressos e principalmente, colocou a pulseira brilhante do VIP nela e em , ficando feliz em ver a animação de seu vizinho. Eles tiraram algumas fotos e seguiram caminho para a árena em Los Angeles.
até que tentou, mas não conseguia de jeito nenhum esconder seu entusiasmo já logo quando entraram pelo portão especial do VIP. Ele se contentaria somente com o ingresso mas o fato de conseguir ficar naquele lugar especial estava sendo máximo, ainda mais pelo o que contou durante a pequena viagem, depois do show, a banda sempre fica um tempo ali, sociando com o pessoal, ou seja, não só ele veria o show mas ainda teria a chancer de beber algumas doses com os caras. realmente estava nas nuvens. Entre uma cerveja e outra antes do show começar, ele acabou notando que as outras garotas ali – vestidas quase iguais à ruiva, algumas até de roupas mais curtas ainda – olhavam meio torto e até com o que parecia ser certo desprezo para Gautier, tendo sua curiosidade desperta novamente. Via que a amiga chegava a revirar os olhos para os cochicos e dedos apontados “discretamente” para ela, até levantava o queixo, mostrando não estar intimidada e virou outro gole, finalmente a afastando daquela sala e ficaram quase na saída para a platéia geral.
- Posso saber por que todas as outras lá dentro parecem não gostar de você?
A mulher riu – Uau, você é um ótimo observador! – brincou – Mas elas realmente não gostam ... Me olham torto porque eu transei com o Nikki algumas vezes – deu ombros, desviando o olhar para alguns rodies que passavam com cabos nas mãos. Felizmente eles estavam em um lugar de pouca iluminação pois a cara de surpresa dele provavelmente estaria cômica – E digamos que ele tenha certa preferência por mim – deu um sorriso convencido de lado, voltando a focar no homem em sua frente – Por isso que quando eu apareço elas fazem essa cara, sabem que essa noite não tem chances com o baixista.
- Você... e Nikki... – falou baixo, e ela sentiu o rosto esquentar.
- Não é nada sério! Mas como te falei, conheço os caras tem um tempo já, eventualmente acabou rolando – balançou os ombros.
- Você realmente é uma caixinha de surpresas, garota!
A ruiva riu com gosto – Ainda tenho muito pra te contar, , vem na minha que é sucesso – piscou um olho, o puxando pela mão de volta à sala VIP para pegarem mais bebidas pois o show começaria em breve.
Com os copos cheios, os dois desceram para a pista principal, não ficaram colados na grade mas estavam em uma distância boa para verem o palco inteiro e ainda ficarem perto da banda. e aproveitaram cada segundo de cada música juntos como se fossem melhores amigos de infância, sacudiram os cabelos em Looks That Kill, acenderam isqueiros com Home Sweet Home e gritaram com força em Shot At The Devil – uma das músicas favoritas dos dois.
O público também não decepcionou, se ele ali no meio da multidão sentiu a energia a todo momento, de cima do palco então provavelmente os músicos sentiram dez vezes mais fortes. A adrenalina ainda corria pelas veias do corpo do rapaz enquanto a banda tocava a última música do show, deixando-o minimamente triste, momento esse que durou poucos segundos já que lembrou que ainda teria chance de conhecer os Crues! A luta para área VIP era enorme, viu de perto algumas meninas levantarem - ou abaixarem - as blusas para os seguranças em troca da passagem e muitas até conseguiram! Uma vez que conseguiram finalmente passar com suas pulseiras e crachás, e finalmente voltaram para o espaço onde estavam no começo da noite. A comida foi repostas e quantidade de bebida pareceu triplicar, assim como a quantidade de garotas ali e não deixou de notar poucos homens. Esses não eram nada parecidos com ele. Os caras que passaram ou então já tinham o acesso tinham o visual mais agressivo e roupas muito mais apertadas, claramente inspirada na banda.
- VAMOS COMEÇAR LOGO ESSA FESTA, CARALHO! - um corpo magro, porém super alto, apareceu praticamente gritando do nada enquanto explodia uma champanhe e molhava boa parte das pessoas ali. e inclusos. Todos foram a loucura conforme foram vendo todos os membros do Motley Crue se juntarem a eles - meros mortais -, a presença deles realmente era quase grandiosa.
- Então, quem você quer conhecer primeiro? - sentiu toques em sua costela e voltou a realidade - Eu sei, eles são lindos mesmo - brincou - Mas cuidado para não babar, uh - o toque em seu queixo foi divertido, como se quisesse fechar sua boca.
- Bom, não sei... Queria trocar algumas palavras com Mick pelo menos.
- Vamos então! Ele geralmente não fica pra parte dois - andou com o braço enlaçado no amigo, abrindo caminho entre as pessoas.
- Parte dois? - questionou.
- Essa é surpresa, mas você vai descobrir daqui a pouco! - se soltou de e cutucou o ombro do mais velho, que se servia de algumas doses de vodka - Mick?
O guitarrista ouviu a voz suave de , demorando alguns segundos para reconhece-la até virar para encarar a garota, sorrindo ao ver ela ali - Olhe só, quem está de volta!
- Que isso Mars, falando assim parece que não te vejo a séculos - ela o abraçou carinhosamente - Como está?
- Bem, bem... A adrenalina sempre passa depois que saio do palco - ele notou o que o encarava atrás dela - Vai me apresentar ao seu amigo? - apontou com o queixo.
- Mas é claro! Mick, esse é meu novo vizinho, . , Mick Mars! - fez as devidas apresentações, deixando o rapaz se aproximar - Mas isso provavelmente você já sabia - piscou para ele
- Uau, é um prazer te conhecer cara! - os dois deram um aperto de mãos firme - Parabéns pelo show inclusive!
Gautier deu mais alguns goles em sua Jack and Coke, observando o resto do pessoal até que seu olhar finalmente cruzou com o do baixista, que até então estava cercado por quatro groupies, mas logo fez questão de sair dali, avançando em direção a ruiva. sentiu um arrepio descer por sua coluna e deu uma rápida olhada em , como ele aparentava bastante entretido, provavelmente não sentiria sua falta por alguns segundos.
- Ora, ora... - Nikki finalmente chegou perto dela, puxando seu corpo pra perto num abraço apertado - Fico feliz que tenha vindo - falou baixo em seu ouvido, passando o nariz por seu pescoço.
- Que isso Sixx - ela disse quase mole, subindo as mãos por seus braços até chegar nos ombros - Falando assim até parece que sentiu minha falta - brincou.
- Eu senti sua falta - disse firme, colando rapidamente seus lábios e encarou o que conversava com seu guitarrista - Aquele ali é seu amigo?
- Sim, ele se mudou pra casa do lado da minha - brincou com alguns fios de cabelo do homem e Nikki voltou a encara-la com as sobrancelhas levantadas como se perguntasse o porquê do rapaz estar ali, já que normalmente ela levava algumas amigas pro VIP com ela - Ah qual é! - ela deu um tapa fraco em seu braço - Ele me disse que era fã da banda, eu estou fazendo um favor pra um fã e um amigo trazendo-o pra cá... E não só outro rabo de saia com pernas longas pra vocês ficarem admirando - revirou os olhos e escutou uma risada gostosa do moreno.
- Senti um tom de ciúmes aí, Gautier? - apertou novamente sua cintura, sentindo a pele quente dela.
- Eu?! Com ciúmes logo de você, Sixx? - cruzou os braços se fingindo brava - Logo você que provavelmente já dormiu com quase todas as groupies do país - abaixou o tom da voz mas deixou uma risada escapar - Bobinho - tocou a ponta de seu nariz.
- Posso sonhar de vez em quando - deu ombros, sorrindo novamente pra ela.
Os dois continuaram conversando, contando alguns detalhes da vida pessoal um do outro , até que finalmente ela conseguiu apresentar para os outros meninos da banda. Tommy particularmente gostou muito dele só por causa que a maquiagem que era a mesma que usava, um assunto cruzou com o outro e os dois até já garhalhavam juntos. A ruiva encarou a cena de longe, sorrindo levemente, feliz por ter trazido com ela. A festa então acabou sendo movida para a cobertura do humilde hotel luxuoso onde estavam hospedados.
Várias outras figuras da mídia também acabaram se juntando naquele hotel, empresários, produtores, atores... A piscina logo começou a ficar cheia e a ficar alta por conta do álcool, além da cocaína que rolava solta entre os convidados.
- ! - ela alcançou o amigo que estava indo pro bar instalado ali somente para a banda.
- Ei sumida - brincou - Juro que te devo uma pro resto da minha vida por ter me trazido hoje - passou o braço por seu ombro, falando baixo para que somente ela ouvisse.
- Falando nisso, essa era a "parte dois". O Motley costuma fazer essas festas depois de alguns shows e deixam o pessoal do VIP vir junto - explicou - Achei que você fosse gostar também. ficou surpreso com o gesto dela e como não conseguiu falar mais nenhuma palavras, apenas a abraçou com carinho - Eu disse, vem na minha que é sucesso... Trate de deixar sua agenda livre pro verão rapaz!
- Eu não vou nem contestar - estendeu uma dose de tequila para ela - Ao rock n' roll!
- Ao rock n' roll! - ela repetiu, brindando os copos e os viraram a bebida, rindo em seguida um do outro já meio bobos.
Os dois curtiram a festa, fizeram novas amizades até que acabaram se separando. Sixx chegou manso na ruiva, a abraçando por trás, logo passando os lábios levemente no pescoço exposto dela. As mãos passeavam por seu corpo, causando arrepios e a fazendo suspirar. Trataram logo de sair da multidão. sumiu com Nikki, trocando beijos no meio do corredor até finalmente entrarem no quarto do baixista, acabando novamente em sua cama, onde ela acabou ficando e sequer lembrou que tinha uma festa acontecendo. Só foi se lembrar de seu amigo quando estava na frente do hotel esperando sua carona pois foi nesse mesmo momento que apareceu. Os cabelos lisos estavam rebeldes e ele tinha marcas avermelhadas por todo seu pescoço, fora os arranhões pelos braços. Acabaram por dividir o mesmo carro, dirigido pelo próprio motorista da banda, já que moravam literalmente um ao lado do outro. Na viagem, ele acabou contando que Tommy o apresentou para alguma modelo, ou atriz - ele realmente não lembrava -, uma coisa levou a outra e eles passaram a noite juntos. ainda se sentia completamente chapado então também não quis saber muitos detalhes da noite da amiga, apenas riu fraco quando ela confirmou que estava com Nikki. Ele suspeitou no momento que deu a falta dos dois e também pelo o que a garota já tinha falado do baixista, eles pareciam ter algo. No final, a noite foi muito bem aproveitada pelos dois.
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Julho de 1987
Los Angeles, sexta 22:27
- Ugh! Não dá nunca onze horas - reclamou baixo para Elle, sua colega, enquanto olhava o relógio do pulso.
- Sorte sua de ir embora às onze - a morena reclamou de volta, se abaixando para pegar outra cerveja no freezer para servir.
- Olha se eu tivesse entrado super mais tarde, não estaria reclamando tanto - levantou as mãos em rendimento - Tô morta de cansaço.
- Não vai sair hoje? Logo você?!
- Meu Deus, acho que criei uma reputação péssima por aqui - riu alto, pegando a caneca vazia do homem que agora pedia mais um chopp enquanto deixava o dinheiro no balcão alto de madeira - Sem condições hoje, eu também preciso do meu sono de beleza - serviu com cuidado a bebida, registrando a venda e colocando o dinheiro no caixa - Quero logo minhas férias - sorriu leve.
- Nem imagino o que você vai aprontar durante esse período - a amiga brincou, apertando a cintura da ruiva que acabou dando um tapinha em sua mão para afasta-lá.
- Ei! Parou - se fingiu ofendida mas retribuiu o sorriso pra ela, voltando a servir os clientes que continuavam chegando.
negaria até a morte se alguém perguntassem o motivo dela querer sair logo dali e o por quê de estar tão ansiosa quando na verdade não deveria estar. Nem motivos lógicos tinha para aquele comportamento.
"Ele é apenas seu amigo! Seu vizinho! Seu amigo vizinho... Seu amigo vizinho que quase acabou beijando várias vezes em algumas festas.". Droga, ela voltou a pensar no incidente. Suspirou alto, relembrando alguns momentos enquanto fazia suas tarefas quase no automático. Depois que ela e foram na festa do Motley Crue, a amizade deles mudou bastante, passaram a conversar mais, saírem mais juntos... Demorou um tempo até que finalmente ele resolveu se juntar à sua fiel trupe. E talvez foi bem aí que as coisas desandaram, digamos assim. Uma música com alto teor sexual tocava, depois outra lenta, outra mais rápida, os corpos foram colando um no outro ao mesmo tempo que o desejo crescia entre eles. Não estava louca, jurava que o amigo também correspondeu, o brilho nos olhos dele estavam intensos demais para ser apenas efeito colateral das drogas usadas. Mas Janet, outra de sua turma, fez questão de quebrar o momento dos dois que passou despercebido por ela, já que também estava completamente bêbada.
mordeu a boca, apertando os olhos e se virou para a pessoa que chamava seu nome, tentando abstrair seus pensamentos mas quando encarou seu próximo cliente, tomou um susto.
- !
- Casa lotada hein - brincou, quase fazendo a garota derreter. Uma das coisas que ela mais gostava era o sorriso dele, deixava-o ainda mais perfeito.
- E-eu... - sentiu sua voz falhar e deu um pigarro - Eu já estou saindo, okay? Preciso só trocar de roupa.
- Sem pressa, a reunião da redação demorou bastante pra acabar também, inclusive o happy hour deles ainda tá rolando - riu baixo.
- você aceita algo pra beber? Por minha conta!
- Só uma cerveja – piscou um olho.
A ruiva voltou a se abaixar para pegar a long neck, colocando-a na frente dele e logo acabou vendo a nota de cinco dólares posta ali também. deu um sorriso inocente e ela pegou a nota revirando os olhos enquanto ria – Eu pago meu jantar então – olhou para ele por cima do ombro enquanto colocava o dinheiro no caixa. Faltando apenas alguns minutos para seu horário da liberdade, saiu do balcão do bar, caminhando rápido até os fundos já se livrando do avental que estava amarrado em sua cintura e também da regata branca que Mark, o dono, fazia as meninas usarem. Jogou um pouco de conversa fora com as outras garotas que também estavam no vestiário enquanto guardava as peças de roupas e vestia uma camiseta um pouco mais larga do que costumava usar junto com sua jaqueta de couro. Colocou a bolsa em seu ombro e saiu pela porta dos fundos com uma das mãos já dentro da bolsa. Viu algumas pessoas naquele beco mas tentou ignorar, a maioria estava ali apenas para dar uns amassos até que sentiu uma forte pressão em seu braço direito que a empurrava para a parede mais próxima – Agora você não me escapa, gatinha – a voz baixa do homem fez seu estômago embrulhar de tanto nojo. O pior era que aquela voz não lhe era estranha, provavelmente era algum cliente que ela não deu bola e agora queria se vingar. Seu coração começou a bater de forma acelerada e ela tremeu mas tentou ficar firme, chutou o meio das pernas do homem e ele recuou um pouco mais para trás, soltando um grunhido de dor. A mulher aproveitou a brecha e tirou a pequena pistola preta de sua bolsa, atirando duas vezes pra cima e então apontou a arma para ele, que agora já tinha começado a correr, tropeçando até nas próprias pernas enquanto saía assustado daquele beco. Ela quis rir com aquela cena mas se sentia sem forças até para isso no momento, seu corpo inteiro tremia de frio mesmo com o casaco pesado a cobrindo.
- ?! – escutou longe a voz de e forçou suas pernas a caminhar para fora ali, o encontrando mais perto da saída do beco, onde a iluminação já era melhor – ! – sentiu as mãos dele apertarem seus ombros – O que houve? Eu ouvi tiros! Você está bem?!
Ela não respondeu de primeira. O olhar estava distante, focando aos poucos no rapaz em sua frente até que ela abaixou a cabeça, vendo que arma continuava em suas mãos – E-Eu... – sua voz falhou e precisou respirar fundo.
- Foi você? – disse baixo, tendo apenas como resposta uma balançada de cabeça positiva. Ele não disse nada, apenas a observou guardar o objeto de volta em sua bolsa e passar as mãos de forma nervosa no rosto, suspirando pesadamente.
- Já passou, já passou... – forçou um sorriso mas foi pega de surpresa quando sentiu os braços do rapaz passarem por seu corpo, a segurando em um abraço apertado. Os olhos até se encheram de lágrimas enquanto ela o abraçava de volta e ficaram ali, juntos numa forma de consolo silenciosa.
- Podemor ir direto pra casa se você quiser. Comemos lá mesmo – disse enquanto se afastava devagar.
- Não! – o cortou rapidamente – Não vou deixar um imbecil daquele estragar o resto da minha noite – fungou, limpando a lágrima que acabou escapando – Aconteceu... Infelizmente. Não é a primeira e talvez nem a última – seu tom abaixou de forma triste, dando ombros e jogou os cabelos para trás, enlaçando seu braço no de – Além do mais, eu to morrendo de fome – fez um bico e ele riu fraco.
- Vamos então!
Os dois caminharam juntos até o carro de enquanto trocavam algumas palavras sobre o dia, e ele se preocupou em tomar cuidado em não voltar no acontecido do beco, ainda estava meio tenso por ela mas fez o seu melhor para tentar distri-lá. Era o mínimo da parte dele. Acabaram comendo em um dinner de vinte quatro horas não muito longe de estavam. O movimento dentro estava tranquilo, a maioria dos clientes eram jovens que estavam voltando de algum bar, ou então se preparando para irem em outros. Apesar de já ter passado da meia noite, comeram panquecas e tomaram café como fosse de manhã até que finalmente seguiram seu caminho para casa.
tinha deixado o carro em casa naquela sexta-feira, sendo a melhor escolha de seu dia pois como já tinha combinado de sair com o amigo depois do trabalho, ficaria feliz de aproveitar a carona com ele e dada a atual circunstância, ela realmente estava. Não queria ficar sozinha naquele momento e a companhia dele era a melhor possível. Foi só quando viraram a esquina, voltaram a ficar quietos.
- Pode perguntar – disse simples. Ele virou o rosto para encara-la enquanto manobrava – Eu sei que você quer saber sobre a arma.
- Oh... Não queria te deixar desconfortável – mordeu os lábios.
- Tudo bem – assentiu – Meu pai me deu quando eu resolvi me mudar, disse que uma mulher vivendosozinha precisaria saber se proteger e levando em conta meu estilo de vida, não é mesmo – soltou um riso pelo nariz, olhando a rua deles sem movimento algum – No começo achei loucura mas conforme o tempo foi passando e bem... Muitas coisas aconteceram então agora eu prefiro não me arriscar mais sabe?
- Eu sinto muito . De verdade – ele disse simples, sem saber mais o que falar para ajudar sua amiga, enquanto desligava o carro. A ruiva sorriu compreensiva e saiu do veículo, o esperando do lado de fora.
Andaram lado a lado devagar até a porta da casa de Gautier, ela já tinha as chaves da casa em mãos e parou de andar, observando . Suspirou algumas vezes e mordeu os lábios, sentindo o desejo voltar novamente. As luzes que vinham dos postes de luz da rua pareceram deixar o clima perfeito, ela conseguia enxergar o brilho nos olhos fundos dele. Desceu o olhar, observando os detalhes de seu rosto até que parou em sua boca rosada que sempre a achou muito convidativa. Ainda mais agora. sentiu os olhares caírem sobre ele e prendeu sua respiração por alguns segundos, deixando ela se aproximar. Sentiu a mão livre dela subir por seu braço e ombro, subindo por seu pescoço até parar em sua nuca, tendo os fios de cabelo entre os dedos dela. encostou a testa na dele, passando a lingua por seu próprio lábio antes de encurtar a mínima distância entre eles até que foi surpreendida pela atitude de , sendo ele quem a beijou primeiro. A surpresa dela foi clara e não conseguiu esconder a felicidade da reciprocidade vinda do , jogando seus braços ao redor de seu pescoço conforme eles se aprofundavam naquele beijo. Entraram aos tropeços dentro da casa dela, deixando peças de roupas espalhadas pelo chão, fazendo o caminho devagar e lento até a cama da garota. Eles exploravam o corpo um do outro no ritmos deles, com curiosidade e delicadeza. Vibravam com a ansiedade e proporção que aquilo foi se tornando, ambos até se surpreendendo com o quanto os dois estavam querendo aquilo e se perguntaram desde quando aquele sentimento estava reprimido ali dentro. Para , desde a vez que dançaram juntos na primeira festa que foi com ela e seus amigos. Para , desde quando o viu se mudando para casa ao lado.
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- SUMMERTIIIIIIIME!!! Finalmente, caralho! – gritou levantando os braços, sentindo o vento bater forte contra seu rosto conforme o Mustang ia acelerando, fazendo os amigos rirem. Jake dirigia e Janet fazia companhia no banco de passageiro, estava no meio com Hannah ao seu lado esquerdo e à sua direita, sentindo-o a abraçar seus ombros e ela se inclinou para lhe dar um beijo rápido que se logo se tornou intenso, chamando a atenção de seus amigos que começaram a zoar os dois. Até viram a Mercedez ultrapassando eles e buzinado junto com o resto do grupo gritando para eles.
- Ei, ei, EEEEI! – Jake até buzinou, provocando ainda mais risadas no grupo – Calma casal, ainda não estamos nem na metade do caminho.
- Ai Jake, não fica com cíumes – brincou, voltando a se sentar, mas ainda com o braço dele envolta de sua cintura.
conseguiu convencer a ir junto dela em uma pequena viagem para a praia com seus amigos. Ainda o sentia meio tímido quando estavam todos juntos, mas no fundo ela sabia que era só questão de tempo até ele se sentir confortável junto deles. A promessa dela era que aquela seria apenas a primeira viagem que fariam juntos naquele verão pois conforme as tão sonhadas férias foram se aproximando, os shows de rock também chegaram e sendo a pessoa que ela era, ganhou inúmeros ingressos e convites para quase todos os shows que aconteceriam em Los Angeles. Sem contar as after partys em que ela e seu grupo marcavam presença. conheceu inúmeras pessoas influentes, até divulgou seu trabalho e prometeram a ele que se algum dia saísse de seu emprego atual, teriam outras oportunidades esperando por ele. Seria grato a Gautier pro resto de sua vida. Ela também reecontrou vários amigos, principalmente os leopardos britânicos do Def Leppard, que depois de alguns anos parados por questões maiores, finalmente voltaram a ativa, mas foi quando o apresentou ao próprio Jon Bon Jovi que achou que iria cair para trás. Durante as festas ele acabou reparando mais no jeito em que ela se comportava ao redor das bandas, não era muito diferente de quando estava somente com ele ou então seus amigos, era espontânea, simples, diferente de outras que já iam para as festas com segundas intenções para cima de todos os músicos. Claro que se perguntou diversas vezes se ela já foi uma daquelas garotas, uma groupie, principalmente quando foram para a primeira festa do Motley Crue – por que tiveram algumas outras ainda. Também não iria mentir, ficou um pouco tenso quando se reencontrou com os Crues, não que ele e fossem namorados sérios ou algo do tipo, mas tentou não se sentir tão intimidado quando viu o próprio Nikki Sixx pessoalmente, ele já era alto, Nikki então conseguia ser quase um palmo a mais e ainda tinha o detalhe de que a garota pela qual estava começando a desenvolver sentimentos pudesse ser um caso fixo dele. Ele também nunca teve coragem de questiona-lá sobre seu passado, tanto com o baixista ou os outros músicos, gostava da pessoa que ela era agora naquele momento.
Talvez era uma noite de quarta ou quinta-feira, eles já não se importavam mais, tinham parado de contar os dias fazia quase três semanas, quando se encontraram novamente na festa do Motley, que gentilmente fizeram o favor de destribuírem saquinhos cheios da melhor e mais pura cocaína da Califórnia para seus convidados. Algumas carreiras depois, o corpo de vibrava com exitação e adrenalina, coisa que o fez beber ainda mais ao lado de Tommy até que voltou a ser falta da figura ruiva ao seu lado. Ele levantou do sofá, cambaleando levemente e riu de si mesmo. O dia seguinte seria um verdadeiro porre. Saiu a procura da garota pela grande casa, a encontrando no chão de um dos muitos banheiros do segundo andar, tinha o braço esquerdo preso com um cinto e uma agulha em mãos, pronta para se furar até que notou a presença do amigo.
- Ei ! – sorriu meio mole e ele sentiu um arrepio descer por sua coluna. Ela parecia muito mais chapada do que costumava ficar – Quer se juntar a mim? Nikki foi buscar um pouco mais, podemos fazer os três juntos! - apenas negou educadamente até o moreno voltar para o ambiente com outro saco branco, quase não dando bola para ele que estava parado ali na frente dela. Sua visão já estava turva mas notou ela dar ombros, voltando a aquecer a colher com o isqueiro enquanto Sixx trabalhava rápido com a agulha, furando o braço dela com a heroína e se picando logo em seguida também. O baixista não esperou muito, logo preparando outra dose para aplicar neles dois, no meio tempo, viu a amiga virar uma dose do que pareceu ser um Jack Daniels direto da garrafa e arrumou uma carreira na beira da banheira.
aos poucos foi perdendo os sentidos, sua cabeça pesava, precisando se apoiar no mármore gelado mas ainda mantinha um sorriso de lado nos lábios. Já não enxergava direito o homem na sua frente e o amigo encostado no batente da porta já tinha se tornado um vulto. Seu coração parecia bater na mesma frequência da música alta que soava abafada ali dentro. A terceira picada pareceu a atingir mais fundo, pois sentiu um incômodo quando ela saiu de sua veia. Então tudo começou a girar, seu peito apertou e ficou sem ar, tentava se levantar sem sucesso. Parecia que estava presa, com cordas por todo o corpo e queria gritar para soltarem ela porém sem sucesso. Ela admirou o por alguns segundos, vendo o quão lindo ele estava naquela noite com uma regata feita de uma camiseta e blusa xadrez vermelha amarrada em sua cintura, foi sua última visão até que tudo escureceu e não viu mais nada, caindo para trás no chão gelado. O baque do corpo dela pareceu finalmente chamar a atenção dos dois homens ali. se forçou a ficar alerta, se abaixando para ver o que tinha acontecido enquanto Nikki tentava processar o que ele mesmo estava sentindo, já que estava tão mal quanto a ruiva no chão.
- ? – o segurou seu rosto – ! - tentava balançar os ombros para acorda-lá – Não, não, NÃO! – se aproximou um pouco mais para checar sua respiração que agora estava mais leve do que uma brisa e o pulso tão fraco quanto. O desespero cresceu nele, temendo que o pior poderia acontecer se não agisse rápido – ALGUÉM CHAMA UMA AMBULÂNCIA! TEMOS UMA OVERDOSE AQUI! – saiu gritando pelo corredor, batendo nas paredes por conta das drogas em seu próprio organismo. Muitos ignoraram, continuando sua festa enquanto outros o encaravam confuso, sem saber o que fazer. Tommy apareceu para ver a confusão e despejou toda a informação em cima dele, o arrastando para o segundo andar para ver a cena, xingando alto o amigo logo e deu um tapa no rosto de Sixx em seguida para ver ele reagiria. Nada. Sixx sentiu segundos depois, tentou revidar mas apenas acabou achando graça. O baterista retirou o corpo dele do banheiro, abrindo espaço para . não sabia muito sobre primeiros socorros, não sabia se uma massagem cardíaca era o melhor a ser feito então se preocupou em segurar o pulso dela com dos dedos em cima de sua veia, tentando fazer a contagem dos batimentos que sentia.
- A ambulância vai chegar em alguns minutos cara – Tommy voltou a aparecer, apertando o ombro de seu amigo enquanto engolia a seco com a visão que tinha. estava pálida, a boca já estava seca e seu corpo não respondida a nada mas não temeu o pior, sabia que a garota era forte e iria se recuperar.
só ficou calmo quando entrou na van junto com os paramédicos e praticamente voaram até o hospital mais próximo. Tudo se passou em câmera lenta, do momento que retiraram o corpo do chão do banheiro e a colocaram na maca até a entrada no pronto-socorro, onde ele precisou ficar na sala de espera enquanto a amiga era desintoxicada. Ficou sentado em uma das poltronas esperando boas notícias dela. Começou a repensar até mesmo o estilo de vida que tinha começado a levar, tudo era álcool e drogas até que alguém perto dele sofresse uma overdose e tivesse um impacto que o abalaria. Só nunca imaginou que fosse ser justamente . Para , eles dois eram quase intocáveis, nada nunca os atingiria, seriam jovens e viveriam para sempre... Quanta bobagem. E quanta imprudência! Revirou os olhos molhados já impaciente com seus próprios pensamentos, ficando ainda pior quando um dos médicos o chamou para ir até o quarto dela, durante o trajeto ele se preparava psicologicamente para a pior notícia de todas mas foi atingido com uma muito melhor: Ela iria acordar. Quase abraçou o homem que estava ao seu lado, sentindo o coração bater rápido – agora de felicidade. Como ele era seu único acompanhante, foi permitida a entrada de no quarto. ainda dormia mas ele ficou ao seu lado na maca , sentado em outra poltrona igualmente desconfortável como a primeira e aos poucos ele foi se entregando ao cansaço. Provavelmente todos os médicos achavam que aquela overdose era culpa sua pois ele deveria estar tão mal quanto, já não lembrava mais de muita coisa, a viagem na ambulância se tornou um borrão e finalmente fechou os olhos, se sentindo um pouco mais trânquilo para dormir.
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A primeira coisa que sentiu foi sua garganta extremamente seca, tanto que tossiu quando engoliu a própria saliva. Ela também tinha um gosto amargo presente em sua boca que chegou a enjoar, voltando a ter uma sensação de náusa e poucos foi tentando abrir seus olhos que pareciam pesar uma tonelada cada um, notando que o ambiente em que estava não era geralmente o que costumava acordar – sendo seu quarto ou algum quarto de hotel. Ela gemeu baixo, levando uma das mãos até sua testa mas parou no meio do caminho ao sentir dor quando dobrou seu braço, abaixou o olhar para ver o que a impedia de tal ato e encontrou um grande hematoma roxo com alguns furos ali, além de um acesso que estava posto nas costas de suas mãos. A ruiva suspirou, voltando a ter flashs do que acreditava ser da noite passada. Muito álcool, muita cocaína e doses exageradas de heroína, coisa que ela não estava muito acostumada a usar mas por alguma razão, Nikki, com sua lábia de sempre, conseguiu a convencer experimentar algumas picadas. Estúpida! Em pensar que acreditava que o baixistas gostava e ainda se preocupava com ela, nenhum ser que gostasse de outro faria um vacilo desse tamanho com outra pessoa dessa forma. Se sentiu extramamente menosprezada, usada, como se fosse qualquer outra groupie que ele já havia fodido... Talvez no final, ela se definisse a isso mesmo. Uma mera groupie. Ela suspirou triste, ouvindo seus batimentos cardiácos apitarem mais rápidos por conta dos eletrodos colados em seu peito e respirou fundo algumas vezes enquanto secava as lágrimas até que sentiu algo se remexendo no fim de sua maca, perto de suas pernas. levantou a cabeça num susto, por conta do barulho das máquinas e se surpreendeu ao ver sua amiga acordada.
- Ei... – disse baixo, aos poucos se aproximando dela – Como se sente?
- Como se um caminhão tivesse me atropelado – sentiu a voz sair rouca e arranhada – umas cinco vezes. Seguidas – riu fraco, sentindo os olhos molhados novamente e um leve carinho em sua bochecha, aproveitando para secar as lágrimas que insistiam em continuar caindo.
- Tá tudo bem agora ... Você vai ficar bem – sorriu confiante para ela, segurando sua mão.
começou a explicar para ela os acontecimentos que a levaram parar naquela cama de hospital, dizendo que estavam ali a quase dois dias mas não se importava, na verdade mal conseguia escuta-lo. Tudo em que prestava atenção era como ele estava ali com ela. Para ela. Os cabelos estavam mais bagunçados que o normal, resultado das noites mal dormidas no hospital e usava uma camiseta diferente da que ela lembrava quando o viu pela última vez mas os olhos ainda brilhavam, ele tinha uma leve expressão preocupada mas internamente estava muito mais tranquilo agora que estava a vendo acordada. Os sentimentos por começaram a ficar confusos dentro de seu peito no meio do verão enquanto iam de festa em festa juntos, infelizmente ela se viu dividida entre ele e Sixx sempre que o músico cruzava seu caminho, e como ela era idiota. Aquele homem não era o suficiente para ela. Não adiatava negar o que sentia por , ele foi chegando de devagar, se tornando seu amigo, depois seu ficante. Só o fato de estar ali com ela naquele momento terrível já mostrava o quanto se importava. Pelo menos alguém.
- Obrigada por estar aqui – susurrou, sentindo ele encostar sua testa na dela.
- Eu sempre vou estar, pode ter certeza – não conseguiu segurar o sorriso enquanto o beijava, ansiando para começar a chama-lo logo de seu namorado.
Rockford Hills, sábado 11:43
acordou aos poucos com o som de seu despertador, sentindo a claridade invadir o quarto pela fresta aberta da cortina e tateou a cômoda ao lado da cama até conseguir desligar aquele barulho infernal soltando um suspiro enquanto aproveitava o silêncio novamente. Silêncio que durou pouco pois o toque estridente do telefone invadiu seus ouvidos segundos depois.
- Mas que porra! – xingou alto enquanto rolava para o outro lado da cama, onde o telefone e se esticou para alcança-lo no chão. Ela ainda se recusava levantar – Alô?!
- ... É o Mark – seu chefe, ela completou em sua cabeça e segurou um resmungo – Estou ligando para saber se você está melhor de seu, erm, problema feminino mas pelo seu tom acredito que não – escutou a risada fraca do homem do outro lado da linha e se limitou a revirar os olhos. Machista de merda, quase soltou, mas ela ainda precisava daquele emprego.
- Estou melhorando... –respondeu enquanto coçava os olhos.
- Bom, espero que você fique bem – disse sincero – E caso ainda não se sinta bem pode vir apenas na terça, ok?
- Claro Mark, muito obrigada – disse sincera e até um pouco surpresa. Talvez devesse fingir ter cólicas mais vezes – Mas acredito que amanhã já consigo ir novamente, quem sabe até cubro o turno que vou perder hoje...
- Não se preocupe com isso mas me ligue qualquer coisa, sim?
- Pode deixar.
- Até mais , se cuide!
- Eu sempre me cuido – a ligação foi encerrada e ela devolveu o telefone devolta no gancho, suspirando alto mais uma vez. Não era sempre que ela se aproveitava de suas condições femininas para conseguir alguma coisa, como faltar em uma prova na faculdade ou então tirar um sábado a mais de folga para aproveitar com seus amigos, mas precisava daquele dia para descansar um pouco mais, queria estar bem disposta para a festa que iria naquela noite. E como qualquer homem que conhecia parecia ter certa repulsa pela palavra menstruação, acabou usando a melhor carta que tinha em sua manga.
Depois de alguns minutos deitada, finalmente tomou coragem e se levantou e vestiu o short de seu pijama que estava jogando proximo de sua cama. Amarrou o robe envolta da cintura enquanto descia as escadas e ligou o rádio da sala, colocando o volume alto o suficiente para conseguir ouvir da cozinha. A mulher preparou um cereal com leite para comer enquanto o café não ficava pronto e aproveitou pra ler algumas noticias do jornal que estava jogando em cima de sua bancada. Nada muito fora do normal. Colocou sua tigela agora já vazia dentro da pia e o café numa xícara grande com um pouco de açúcar até que começou a notar os barulhos que estava vindo do lado de fora da casa, como caixas sendo colocadas no chão e caminhões dando ré. Tomou um gole do café andando pela sala e pegou seus fieis óculos escuros que estavam jogados na mesinha de centro da sala, colocando-os em seu rosto antes de abrir a porta pro sol não matar suas corneas até que acabou se deparando com um cenário quase atípico naquele bairro. Alguém estava se mudando. E para a casa ao lado da sua.
- Ora ora, um novo vizinho para reclamar do meu som alto – revirou os olhos enquanto tomava mais gole até que viu uma silhueta masculina sair da casa, indo buscar mais algumas caixas e ela se surpreendeu. O homem tinha uma aparencia jovial, parecia ser um pouco mais alto que ela e os cabelos caiam brilhantes por sua testa, quase chegando aos ombros. Os fios tinham um tom de tão lindos que quase deu inveja na garota mas foi só quando ele se virou para entrar novamente na casa que ela conseguiu ver seu rosto. O maxilar marcava perfeitamente seu rosto e os óculos com a armação redonda dava um charme a mais nele. Caramba, ele era lindo – Ou talvez não... – escondeu seu sorriso malicioso com a xícara de café. Ele ainda não notado que estava ali observando seus movimentos, diferente dos outros homens que o ajudavam na mudança, que até inflaram o peito para se mostrarem e parecerem mais fortes. Patéticos.
- ? – seus pensamentos foram cortados quando viu uma senhora baixinha de cabelos grisalhos aparecer na calçada, acenando simpática. A ruiva tirou os óculos e caminhou até a calçada para ir comprimenta-lá.
- Bom dia senhora Grace! Como vai?
- Quase boa tarde não é mesmo mocinha? – a mais velha riu, dando um beijo na bochecha dela – Estou bem... Vou passar no mercado, precisa de algo? Por acaso mais café? – a olhou sugestiva, apontando com o queixo para a casa ao lado, onde podiam ver o rapaz colocando a caixa na sala pois as janelas estavam abertas e ele ainda não tinha cortinas.
- Grace! – se fingiu ofendida e riu baixo, tomando mais um gole do café que já estava esfriando – Muito obrigada, mas já fiz as compras na semana passada... Talvez precise de uma ou duas xícaras de açúcar – a velhinha riu com gosto e deu um tapinha leve, mas amigável, em seu braço.
- Deveria ir falar com ele, se apresentar... Vai que se tornam amigos.
- Ah não sei ainda – tombou a cabeça pro lado, observando ele sair novamente. Aos poucos as caixas foram se esvaziando da calçada e do jardim, os ajudantes agora levavam alguns móveis – Ele pode ser meio chato – deu ombros, terminando de vez seu café – Prefiro esperar um pouquinho – piscou para a senhora.
- Entendo... – a senhora Williams brincou com uma mecha daquele cabelo vibrante – Mas não espere demais querida, pode ser que ele seja doidinho igual a você – as duas riram baixo, coisa que acabou finalmente chamando a atenção do rapaz. Ele tinha uma caixa média nas mãos mas deu um sorriso torto na direção delas. Ainda parecia tímido demais. Grace acenou para que ele se aproximasse, logo tratando de deixar a caixa no chão e limpar as mãos na parte de trás da calça jeans.
- Olá, seja muito bem vindo ao nosso bairro! Me chamo Grace Williams – ela estendeu a mão para comprimenta-lo e o a apertou carinhosamente de volta – Moro ali no final da rua.
- Prazer, sou – arrumou os óculos que caiam por seu nariz – – se virou para a mais nova que o observava com um meio sorriso.
- – estendeu a mão livre – Sua nova vizinha.
Seu olhar se perdeu enquanto a observava. Os olhos eram expressivos, pareciam selvagens ainda mais por conta da pouca maquiagem que estava borrada no canto externo dos olhos, como se fosse tirada as pressas para poder dormir logo, fora o glitter que ia quase até a linha de seu cabelo descendo em algumas partes de seu pescoço até chegar no colo exposto pelo robe. Uma figura. notou o olhar descer e deu um pigarro alto, tirando de seu transe e olhou sugestiva para Grace que riu dos dois.
- Bom, preciso resolver algumas coisas! – ela desconversou ainda rindo e arrumou a bolsa no ombro – Foi um prazer conhece-lo , você vai gostar de Rockford Hills.
- Oh,muito obrigado senhora. Tenha um bom dia!
- Igualmente meu querido! – ela ja tinha se distanciado alguns passos – E você – apontou para a ruiva – Juízo hein!
Os dois jovens se despediram da senhora que agora já virava a rua para seguir seu caminho até o mercadinho mais próximo, ainda pouco desconfortáveis. voltou seu olhar curioso pra ruiva e deu um meio sorriso sendo igualmente retribuído.
- Ela é alguma familiar sua? – questinou.
- Não, eu e Grace nos conhecemos quase nesse mesmo cenário. Tinha me mudado a pouco tempo e ela veio puxar conversa, essas coisas – mexeu no cabelo por alguns segundos – Não somos melhores amigas mas as vezes na falta de um colo de avó... Ela é bem gentil, garanto!
- Vocês parecem bem próximas... Mas bom saber quem são os amigáveis do bairro – ele brincou.
- Ahm, então - começou - Eu e alguns amigos vamos sair pra jantar em um restaurante não muito longe daqui, não sei se você já conhece alguém por aqui mas se quiser se juntar a nós... - levantou os ombros - Será muito bem vindo .
Ele sorriu gentilmente - Uau! Agradeço mesmo mas acontece que eu já tenho planos pra hoje - coçou a nuca pouco envergonhado, arrumando seus óculos que escorregavam por seu nariz - meus colegas de trabalho acabaram me convidando... Pelo menos pra conhecer um pouco de Rockford Hills, já que trabalhamos em Los Angeles.
- Tá brincando, eu também trabalho em LA! - ela riu, voltando a arrumar o robe no corpo e deu alguns passos em direção a sua casa, afinal, ela ainda estava apenas de robe com vários homens olhando torto pra ela - Você veio de onde?
- Literalmente do outro lado do país, Boston.
- Uau - repetiu a fala dele, segurando um riso - Se perdeu pela Califórnia rapaz?
- Bom, de emprego em emprego... - sentiu seu corpo esquentar levemente, rindo com ela - uma hora paramos em algum lugar, fora que também precisava de um lugar só meu, passei na fase de dividir quarto, isso larguei na faculdade.
assentiu, gostava também de ter a casa só pra ela - Alguma razão especial pra ter escolhido Rockford Hills?
- O aluguel - deu ombros – A distância até Los Angeles não é tão grande, então seria menos tempo no trânsito... Mas principalmente o aluguel.
- Nisso eu tenho que concordar - sorriu assentindo levemente e por fim abriu novamente a porta de sua casa - Eu preciso arrumar algumas coisas por aqui mas se precisar de algo, ou uma xícara de açúcar - brincou, vendo as bochechas do rapaz corarem novamente, achando-o ainda mais lindo - pode me chamar.
- Muito obrigado, .
- Muito de nada, - ela piscou e o observou fazer o caminho de volta para as caixas espalhadas na calçada.
Trancou a porta e suspirou alto. Até o momento estava achando um fofo. Achou engraçado o fato dele a olhar meio torto e só entendeu quando se viu direito no espelho antes de entrar no chuveiro, o cabelo amassado e frisado junto com a maquiagem meio borrada provavelmente passaram uma imagem errada da garota, fora o glitter que tinha em seu colo e também quase em sua testa. Que noite!. Não que gostasse se não passar a ideia errada, na verdade não dava a mínima pro que pensavam dela, mas como esse seria seu novo vizinho, gostaria de evitar brigas que não envolvessem a polícia novamente. Ela riu. Outra noite absurda. Mas talvez não fosse um completo nerd. Ele era jovem e bonito. Muito bonito na verdade. E pelo pouco que conversaram, parecia ter vivido uma experência ou outra, provavelmente nada das confusões que se metia de vez em quando, ainda mais na faculdade. A mulher suspirou novamente, sentia falta de suas aulas já que acabou trancando o último ano do curso de literatura, não que estivesse achando o curso chato, pelo contrário, ela amava, mas aos poucos sua atenção começou a se desviar muito mais para as festas das fraternidades, baladas, shows e áreas VIPs dos rockstars que passavam pela cidade. Como não queria decepcionar seus pais, e nem a si mesma, chegou em um bom senso de pelo menos dar um tempo, “você ainda é jovem” dizia uma voz em sua cabeça, teria tempo de retomar seus estudos, claro que não queria trabalhar em um bar pro resto de sua vida. Aos poucos foi terminando seu banho, até que desligou o chuveiro e se enrolou em seu roupão indo até o quarto onde abriu seu armário, começando a separar a roupa que usaria naquela noite.
O resto do sábado passou devagar para mas quase voando para , que corria contra o tempo para arrumar sua casa o mais rápido possível porém apenas teve tempo de conseguir organizar a sala e um pouco de seu quarto, aproveitando para deixar as caixas ainda não esvaziadas no quarto extra. Ele pelo menos tinha sua TV e o pacote à cabo funcionando, entediado não ficaria. Ainda faltava bastante coisa para fazer ali até que pudesse chamar aquele lugar de lar mas até que estava bastante feliz. O sol foi se pondondo e começou a sentir o cansaço de ficar o dia inteiro levando e trazendo caixas, e muitas tralhas que estavam dentro delas, de um lado do outro, quase pensou em furar o jantar com os amigos apenas para poder dormir mais de dez horas, mas também não queria ficar trancado ali em pleno sábado à noite. Ele já estava com uma toalha enrolada na cintura, procurando uma roupa no meio da bagunça que estava o chão de seu quarto quando ouviu um ronco de motor alto e uma música tão alta quanto, atiçando sua curiosidade. Ele se apoiou na janela, vendo uma Mercedez preta conversível buzinar e dar a volta na esquina, parando em frente a casa de sua nova vizinha. Poucos segundos depois, um Mustang LX – também conversível – parou atrás dele. Em ambos carros tinham alguns jovens, vestidos com roupas chamativas e acessórios quase punks, parecia uma turma interessante. Sua cabeça deu um estalo, lembrando da conversa que teve com no começo e o convite feito pela garota para se juntar a ela e seus amigos. Ele riu baixo, pensando se tinha escapado de uma furada ou de então uma noite completamente insana... Infelizmente não iria saber, pelo menos não naquela noite.
- VAMO’ BORA ! – uma das meninas gritou, apertando a buzina novamente fazendo os outros rirem e ele também. Imaginava quem mais naquela rua estaria escondido na janela ou atrás da cortina como ele para saber de tanto barulho.
- TO INDO! – a ruiva gritou da janela, fechando-a logo em seguida. Poucos minutos depois ela apareceu na frente da casa, andando até os carros e começou a comprimentar os amigos com abraços e beijos. observou a garota de longe, prestando atenção principalmente em suas roupas, conseguindo ver um pouco mais do estilo dela do que tinha visto no começo da tarde. Gautier usava uma calça preta colada de cintura alta e o parecia ser um cinto com detalhes em metal, uma blusa amarela dos Sex Pistols com as mangas cortadas e amarrada na cintura, deixando-a mais justa e uma parte do corpo a mostra, também usava botas pretas de salto e cano alto, fechando sua produção com uma bolsa que ia quase até suas coxas e o que parecia uma jaqueta amarrada nela. Os cabelos estavam com seus cachos definidos e volumosos, fazendo um contraste interessante com a cor de sua blusa. Lia estava linda. Ela se direcionou para o Mustang mas antes de entrar viu um dos meninos cochichar algo em seu ouvido, logo sendo olhado por ele. sentiu um frio na espinha, se sentindo sem graça de ter sido notado observando aquele pessoal até que sua vizinha se virou em sua direção, acenando sorrindo com a mão. Ele ficou surpreso com a atitude. Qualquer outra pessoa provavelmente mandaria o dedo do meio ou berraria um palavrão, mandando cuidar da própria vida – felizmente isso não aconteceu. Ele retribuiu o aceno, ainda meio tímidio, assistindo os carros arrancarem em alta velocidade e com as músicas tocando ainda mais altas. Com certeza eles iriam se meter em confusão, como já dizia Elton John, sábádo é ótimo para brigas.
Maio, 1987
Rockford Hills, sábado 11:43
sentia a brisa leve da cidade batendo contra seu rosto, fazendo alguns fios voarem levemente e ela se animou um pouco mais no ombro de sua amiga Janet, que também se encontrava quase deitada em Bryan, em uma troca de calor corporal que estava deliciosa. O rádio agora estava baixinho, provavelmente sintonizado em alguma estação de notícia, o que permitam que ouvissem melhor os sons da cidade. Os três no banco de trás ainda se sentiam bebâdos e até meio chapados, coisa que particularmente não gostava tanto, ela preferia algo que a deixasse mais viva e ativa durante a noite, como sua querida cocaína, mas Bryan acabou a convencendo a fumar maconha ele pelo menos já no final da festa. Agora ela sentia seu corpo relaxado ao mesmo tempo que precisava muito comer alguma coisa.
- Ei – sentiu alguém cutucando sua perna e despertou rapidamente, arrumando os óculos escuros que acabaram caíndo com o susto – Chegamos!
- Nossa eu dormi legal.
- E com razão né? – o moreno riu dela, desligando o carro e deu a volta para ajuda-la a sair, sabia que não era tão acostumada com a maconha quanto seu amigo e a combinação da erva mais quantidades absurdas de álcool nem sempre davam um barato tão bom – Se eu tivesse feito tudo que vocês fizeram, estaria na mesma ou até pior – disse sorrindo.
- Que bom que revisamos a rodada de motorista então... - riu baixo, passando a alça da bolsa em seu ombro e deu um beijinho na bochecha da amiga de leve para não acorda-lá e se apoiou no banco do passageiro, pegando a mão de Tommy para conseguir sair do carro.
- Precisa de ajuda pra entrar?
- Não estou tão ruim assim vai... – disse ainda meio mole, se espreguiçando ali mesmo e deu um bocejo alto – Muito obrigada Tom Tom! – se despediu do amigo e o viu voltar para o carro, buzinando enquanto seguia o caminho para sua própria casa agora. Janet e Bryan provavelmente iriam dormir lá também. A ruiva balançou a cabeça e andou devagar até sua casa enquanto procurava as chaves dentro da bolsa, até aproveitou para pegar suas correspondencias na caixa do correio.
que assistia qualquer coisa na televisão enquanto comia seu café da manhã acabou ouvindo o ronco do motor do Mustang e a buzina, se levantando para espiar entre as cortinas, vendo a vizinha chegar de mais uma noitada enquanto ele se preparava para ir trabalhar. Não costumava ir pro escritório de sábado mas alguém na redação sempre conseguia estragar alguma coisa ou então algo precisava ser feito urgente para a impressão no domingo. Ele sorriu com a pequena cena e abriu a porta, a observando ainda de longe. Dessa vez ela usava uma blusa que parecia ser social, aberta até a metade, deixando parte de seu sutiã de renda vermelho a mostra, uma minissaia preta de couro e as mesmas botas de cano alto com a jaqueta de couro completando seu look final. Somente nesse horário da manhã para se usar uma peça de roupa tão pesada na California.
- Longa noite?
demorou alguns segundos até processar aquela voz, olhou em volta e se tocou que era um ela – Ah! – soou sem graça – Loooonga... Tudo o que eu queria era comer uma pizza.
- Tenho algumas sobras na geladeira se você quiser – segurou a risada até que a feição da garota pareceu mais séria e ela retirou os óculos escuros do rosto com a mão livre.
- Não brinca comigo sobre comida !
- Eu juro – levanto as mãos em rendimento, quase a convidando para entrar – Posso levar pra você mais tarde também – deu ombros.
- Oh meu Deus, você um anjo! – sorriu aberto e continuou folheando os envelopes até que achou um que lhe interessou – Me ajuda aqui rapidinho? – não esperou a resposta, apenas estendendo as outras cartas pra ele e quando se livrou dos outros papéis, abriu o que tinha em mãos, retirando de dentro alguns ingressos além de três pulseiras brilhantes que indicavam a área VIP.
Love, Nikki.”
encarava curioso aquela cena até que finalmente ela subiu o olhar para seu rosto, abrindo os ingressos como se fosse um leque – Diga-me meu querido ... Você gosta de Motley Crue?
- Motley Crue?! Você conseguiu ingressos pro Motley Crue?!
- Na verdade eu meio que conheço eles - começou explicando e o queixo de quase foi parar no chão - Então quando eles estão em turnê e passam por aqui, e eles sempre passam pois meio que nasceram por aqui não é - ela riu mas logo parou pois sentiu sua cabeça doer - Enfim, topa? Tem uma pulseira pro VIP sobrando...
- S-Se topo?! Mas é claro que sim , caralho! Não sei nem o que dizer ou como te agradecer!
- Awn - a ruiva se aproximou um pouco mais dele, se apoiando em seu ombro e deu um beijo em sua bochecha - Pode começar me levando uma pizza a noite, sim?
- Quantas você quiser! - falou por impulso até que ouviu outra risada vindo dela - Desculpa, ahn...
- Não tem problema , aqui - ela tirou um dos ingressos do leque improvisado, provavelmente tinham cinco ou seis ali, entregando para ele junto com a pulseira brilhante - NÃO PERDE ISSO PELO AMOR DE DEUS! Nikki me mataria - brincou.
- Guardarei com a minha vida, chérie!
- Se não me engano, o show é na próxima sexta então esteja pronto as 19h. Iremos de táxi até a arena! – ela disse já longe, com o resto das correspondências jogadas dentro da bolsa que logo tratou de se livrar assim que voltou a pisar em casa. Fez seu caminho de sempre até seu quarto, deixando uma peça de roupa a cada passo que dava. Mais tarde colocaria tudo para lavar pois tudo o que mais queria naquele momento era sua cama.
Para , a semana passou na mesma velocidade de uma lesma. A cada dia que voltava para casa do trabalho parecia que faltava ainda mais para o dia show. Acabou conversando pouco com sua vizinha já que seus horários durante a semana dificilmente batiam, ela sempre chegava tarde do trabalho e ele não queria incomoda-lá, conseguia ter mais sucesso durante o final de semana. Foi somente na própria sexta-feira que ele se tocou que o dia tão esperado finalmente tinha chegado, tanto que não conseguiu esconder sua animação logo ao acordar, colocando o disco Shout At The Devil para tocar e aumentou o som logo de manhã e também não escondeu de seus colegas de trabalho que iria no show de umas das bandas populares do momento, causando inveja em alguns estagiários que até tentaram sorte em comprar ingressos mas tudo já estava esgotado. Sorte grande a dele.
Eram quase sete horas quando o bateu na porta de e escutou um alto ‘pode entrar!’ vindo de dentro, encontrando a garota apoiada no balcão da cozinha com uma grande agenda telefônica.
- To procurando o número do taxi, eu tinha um dentro da bolsa mas acabei perdendo um dia desses – soou meio desanimada e levantou o rosto das páginas para encarar o homem e sorriu ao ve-lô. Como sempre, ela estava deslumbrante. Dessa vez, as botas iam até o joelho e tinham detalhes com spikes, a saia parecia alguns dedos mais curta, usava uma camiseta da última turnê deles com as datas e lugares nas costas, com nó amarrado um pouco abaixo dos seios. A ruiva também usava uma luva de renda cortada nos dedos junto com alguns braceletes e colares de prata, por fim, notou os lábios muito mais destacados pelo batom vermelho e tinha duas tiras pretas nas bochechas, igual como Sixx usava. Seus olhos não estavam com uma maquiagem tão pesada mas ainda dava pra perceber que eles estavam mais sensuais que o normal.
- Ai meu Deus, você está lindo! – ela se aproximou dele, o abraçando rapidamente e seu perfume doce exalou por . O rapaz usava uma calça preta, um cinto com spikse e a camiseta da banda estampada com o álbum que escutava mais cedo, nós pés, um coturno preto. Uma bandana vermelha amarrada junto da calça dava um charme a mais em seu look – Posso dar mais um detalhe também? – os olhos dela até brilharam.
- Fique a vontade – riu, levantando os braços em rendimento, fazendo o sorriso dela alargar ainda mais.
o puxou mais para a cozinha, pegando a tinta preta que usou em sua própria maquiagem e usou um pincel de pintura para fazer duas tiras mais finas no alto do lado esquerdo de suas bochechas, iguais do Tommy. Aproveitou também um pouco do spray de cabelo que tinha usado para retocar seus cachos e borrifou um pouco nos s lisos de , passando os dedos entre eles e os amassou pro lado. Quando terminou, deu um passo pra trás, levou as mãos ao peito, exagerando a emoção – Meu Deus, você está praticamente um rockstar agora! Eu tenho um espelho na sala, me diz o que achou! – deu um pulo animada, observando ele com cuidado.
sorriu com sua imagem refletida, estranhou um pouco seu cabelo jogado pro lado, ainda mais armado do jeito que estava, mas gostou da produção final, principalmente das tirinhas em seu rosto – Foda hein, ! – fez várias poses, fingindo ser um vocalista na frente do pequeno espelho enquanto a garota ria e voltava a sua procurar do maldito táxi.
finalmente conseguiu um número disponível e um carro iria busca-los em breve. No meio tempo, ela arrumou sua bolsa com algumas coisas que precisava, checou os ingressos e principalmente, colocou a pulseira brilhante do VIP nela e em , ficando feliz em ver a animação de seu vizinho. Eles tiraram algumas fotos e seguiram caminho para a árena em Los Angeles.
até que tentou, mas não conseguia de jeito nenhum esconder seu entusiasmo já logo quando entraram pelo portão especial do VIP. Ele se contentaria somente com o ingresso mas o fato de conseguir ficar naquele lugar especial estava sendo máximo, ainda mais pelo o que contou durante a pequena viagem, depois do show, a banda sempre fica um tempo ali, sociando com o pessoal, ou seja, não só ele veria o show mas ainda teria a chancer de beber algumas doses com os caras. realmente estava nas nuvens. Entre uma cerveja e outra antes do show começar, ele acabou notando que as outras garotas ali – vestidas quase iguais à ruiva, algumas até de roupas mais curtas ainda – olhavam meio torto e até com o que parecia ser certo desprezo para Gautier, tendo sua curiosidade desperta novamente. Via que a amiga chegava a revirar os olhos para os cochicos e dedos apontados “discretamente” para ela, até levantava o queixo, mostrando não estar intimidada e virou outro gole, finalmente a afastando daquela sala e ficaram quase na saída para a platéia geral.
- Posso saber por que todas as outras lá dentro parecem não gostar de você?
A mulher riu – Uau, você é um ótimo observador! – brincou – Mas elas realmente não gostam ... Me olham torto porque eu transei com o Nikki algumas vezes – deu ombros, desviando o olhar para alguns rodies que passavam com cabos nas mãos. Felizmente eles estavam em um lugar de pouca iluminação pois a cara de surpresa dele provavelmente estaria cômica – E digamos que ele tenha certa preferência por mim – deu um sorriso convencido de lado, voltando a focar no homem em sua frente – Por isso que quando eu apareço elas fazem essa cara, sabem que essa noite não tem chances com o baixista.
- Você... e Nikki... – falou baixo, e ela sentiu o rosto esquentar.
- Não é nada sério! Mas como te falei, conheço os caras tem um tempo já, eventualmente acabou rolando – balançou os ombros.
- Você realmente é uma caixinha de surpresas, garota!
A ruiva riu com gosto – Ainda tenho muito pra te contar, , vem na minha que é sucesso – piscou um olho, o puxando pela mão de volta à sala VIP para pegarem mais bebidas pois o show começaria em breve.
Com os copos cheios, os dois desceram para a pista principal, não ficaram colados na grade mas estavam em uma distância boa para verem o palco inteiro e ainda ficarem perto da banda. e aproveitaram cada segundo de cada música juntos como se fossem melhores amigos de infância, sacudiram os cabelos em Looks That Kill, acenderam isqueiros com Home Sweet Home e gritaram com força em Shot At The Devil – uma das músicas favoritas dos dois.
O público também não decepcionou, se ele ali no meio da multidão sentiu a energia a todo momento, de cima do palco então provavelmente os músicos sentiram dez vezes mais fortes. A adrenalina ainda corria pelas veias do corpo do rapaz enquanto a banda tocava a última música do show, deixando-o minimamente triste, momento esse que durou poucos segundos já que lembrou que ainda teria chance de conhecer os Crues! A luta para área VIP era enorme, viu de perto algumas meninas levantarem - ou abaixarem - as blusas para os seguranças em troca da passagem e muitas até conseguiram! Uma vez que conseguiram finalmente passar com suas pulseiras e crachás, e finalmente voltaram para o espaço onde estavam no começo da noite. A comida foi repostas e quantidade de bebida pareceu triplicar, assim como a quantidade de garotas ali e não deixou de notar poucos homens. Esses não eram nada parecidos com ele. Os caras que passaram ou então já tinham o acesso tinham o visual mais agressivo e roupas muito mais apertadas, claramente inspirada na banda.
- VAMOS COMEÇAR LOGO ESSA FESTA, CARALHO! - um corpo magro, porém super alto, apareceu praticamente gritando do nada enquanto explodia uma champanhe e molhava boa parte das pessoas ali. e inclusos. Todos foram a loucura conforme foram vendo todos os membros do Motley Crue se juntarem a eles - meros mortais -, a presença deles realmente era quase grandiosa.
- Então, quem você quer conhecer primeiro? - sentiu toques em sua costela e voltou a realidade - Eu sei, eles são lindos mesmo - brincou - Mas cuidado para não babar, uh - o toque em seu queixo foi divertido, como se quisesse fechar sua boca.
- Bom, não sei... Queria trocar algumas palavras com Mick pelo menos.
- Vamos então! Ele geralmente não fica pra parte dois - andou com o braço enlaçado no amigo, abrindo caminho entre as pessoas.
- Parte dois? - questionou.
- Essa é surpresa, mas você vai descobrir daqui a pouco! - se soltou de e cutucou o ombro do mais velho, que se servia de algumas doses de vodka - Mick?
O guitarrista ouviu a voz suave de , demorando alguns segundos para reconhece-la até virar para encarar a garota, sorrindo ao ver ela ali - Olhe só, quem está de volta!
- Que isso Mars, falando assim parece que não te vejo a séculos - ela o abraçou carinhosamente - Como está?
- Bem, bem... A adrenalina sempre passa depois que saio do palco - ele notou o que o encarava atrás dela - Vai me apresentar ao seu amigo? - apontou com o queixo.
- Mas é claro! Mick, esse é meu novo vizinho, . , Mick Mars! - fez as devidas apresentações, deixando o rapaz se aproximar - Mas isso provavelmente você já sabia - piscou para ele
- Uau, é um prazer te conhecer cara! - os dois deram um aperto de mãos firme - Parabéns pelo show inclusive!
Gautier deu mais alguns goles em sua Jack and Coke, observando o resto do pessoal até que seu olhar finalmente cruzou com o do baixista, que até então estava cercado por quatro groupies, mas logo fez questão de sair dali, avançando em direção a ruiva. sentiu um arrepio descer por sua coluna e deu uma rápida olhada em , como ele aparentava bastante entretido, provavelmente não sentiria sua falta por alguns segundos.
- Ora, ora... - Nikki finalmente chegou perto dela, puxando seu corpo pra perto num abraço apertado - Fico feliz que tenha vindo - falou baixo em seu ouvido, passando o nariz por seu pescoço.
- Que isso Sixx - ela disse quase mole, subindo as mãos por seus braços até chegar nos ombros - Falando assim até parece que sentiu minha falta - brincou.
- Eu senti sua falta - disse firme, colando rapidamente seus lábios e encarou o que conversava com seu guitarrista - Aquele ali é seu amigo?
- Sim, ele se mudou pra casa do lado da minha - brincou com alguns fios de cabelo do homem e Nikki voltou a encara-la com as sobrancelhas levantadas como se perguntasse o porquê do rapaz estar ali, já que normalmente ela levava algumas amigas pro VIP com ela - Ah qual é! - ela deu um tapa fraco em seu braço - Ele me disse que era fã da banda, eu estou fazendo um favor pra um fã e um amigo trazendo-o pra cá... E não só outro rabo de saia com pernas longas pra vocês ficarem admirando - revirou os olhos e escutou uma risada gostosa do moreno.
- Senti um tom de ciúmes aí, Gautier? - apertou novamente sua cintura, sentindo a pele quente dela.
- Eu?! Com ciúmes logo de você, Sixx? - cruzou os braços se fingindo brava - Logo você que provavelmente já dormiu com quase todas as groupies do país - abaixou o tom da voz mas deixou uma risada escapar - Bobinho - tocou a ponta de seu nariz.
- Posso sonhar de vez em quando - deu ombros, sorrindo novamente pra ela.
Os dois continuaram conversando, contando alguns detalhes da vida pessoal um do outro , até que finalmente ela conseguiu apresentar para os outros meninos da banda. Tommy particularmente gostou muito dele só por causa que a maquiagem que era a mesma que usava, um assunto cruzou com o outro e os dois até já garhalhavam juntos. A ruiva encarou a cena de longe, sorrindo levemente, feliz por ter trazido com ela. A festa então acabou sendo movida para a cobertura do humilde hotel luxuoso onde estavam hospedados.
Várias outras figuras da mídia também acabaram se juntando naquele hotel, empresários, produtores, atores... A piscina logo começou a ficar cheia e a ficar alta por conta do álcool, além da cocaína que rolava solta entre os convidados.
- ! - ela alcançou o amigo que estava indo pro bar instalado ali somente para a banda.
- Ei sumida - brincou - Juro que te devo uma pro resto da minha vida por ter me trazido hoje - passou o braço por seu ombro, falando baixo para que somente ela ouvisse.
- Falando nisso, essa era a "parte dois". O Motley costuma fazer essas festas depois de alguns shows e deixam o pessoal do VIP vir junto - explicou - Achei que você fosse gostar também. ficou surpreso com o gesto dela e como não conseguiu falar mais nenhuma palavras, apenas a abraçou com carinho - Eu disse, vem na minha que é sucesso... Trate de deixar sua agenda livre pro verão rapaz!
- Eu não vou nem contestar - estendeu uma dose de tequila para ela - Ao rock n' roll!
- Ao rock n' roll! - ela repetiu, brindando os copos e os viraram a bebida, rindo em seguida um do outro já meio bobos.
Os dois curtiram a festa, fizeram novas amizades até que acabaram se separando. Sixx chegou manso na ruiva, a abraçando por trás, logo passando os lábios levemente no pescoço exposto dela. As mãos passeavam por seu corpo, causando arrepios e a fazendo suspirar. Trataram logo de sair da multidão. sumiu com Nikki, trocando beijos no meio do corredor até finalmente entrarem no quarto do baixista, acabando novamente em sua cama, onde ela acabou ficando e sequer lembrou que tinha uma festa acontecendo. Só foi se lembrar de seu amigo quando estava na frente do hotel esperando sua carona pois foi nesse mesmo momento que apareceu. Os cabelos lisos estavam rebeldes e ele tinha marcas avermelhadas por todo seu pescoço, fora os arranhões pelos braços. Acabaram por dividir o mesmo carro, dirigido pelo próprio motorista da banda, já que moravam literalmente um ao lado do outro. Na viagem, ele acabou contando que Tommy o apresentou para alguma modelo, ou atriz - ele realmente não lembrava -, uma coisa levou a outra e eles passaram a noite juntos. ainda se sentia completamente chapado então também não quis saber muitos detalhes da noite da amiga, apenas riu fraco quando ela confirmou que estava com Nikki. Ele suspeitou no momento que deu a falta dos dois e também pelo o que a garota já tinha falado do baixista, eles pareciam ter algo. No final, a noite foi muito bem aproveitada pelos dois.
Julho de 1987
Los Angeles, sexta 22:27
- Ugh! Não dá nunca onze horas - reclamou baixo para Elle, sua colega, enquanto olhava o relógio do pulso.
- Sorte sua de ir embora às onze - a morena reclamou de volta, se abaixando para pegar outra cerveja no freezer para servir.
- Olha se eu tivesse entrado super mais tarde, não estaria reclamando tanto - levantou as mãos em rendimento - Tô morta de cansaço.
- Não vai sair hoje? Logo você?!
- Meu Deus, acho que criei uma reputação péssima por aqui - riu alto, pegando a caneca vazia do homem que agora pedia mais um chopp enquanto deixava o dinheiro no balcão alto de madeira - Sem condições hoje, eu também preciso do meu sono de beleza - serviu com cuidado a bebida, registrando a venda e colocando o dinheiro no caixa - Quero logo minhas férias - sorriu leve.
- Nem imagino o que você vai aprontar durante esse período - a amiga brincou, apertando a cintura da ruiva que acabou dando um tapinha em sua mão para afasta-lá.
- Ei! Parou - se fingiu ofendida mas retribuiu o sorriso pra ela, voltando a servir os clientes que continuavam chegando.
negaria até a morte se alguém perguntassem o motivo dela querer sair logo dali e o por quê de estar tão ansiosa quando na verdade não deveria estar. Nem motivos lógicos tinha para aquele comportamento.
"Ele é apenas seu amigo! Seu vizinho! Seu amigo vizinho... Seu amigo vizinho que quase acabou beijando várias vezes em algumas festas.". Droga, ela voltou a pensar no incidente. Suspirou alto, relembrando alguns momentos enquanto fazia suas tarefas quase no automático. Depois que ela e foram na festa do Motley Crue, a amizade deles mudou bastante, passaram a conversar mais, saírem mais juntos... Demorou um tempo até que finalmente ele resolveu se juntar à sua fiel trupe. E talvez foi bem aí que as coisas desandaram, digamos assim. Uma música com alto teor sexual tocava, depois outra lenta, outra mais rápida, os corpos foram colando um no outro ao mesmo tempo que o desejo crescia entre eles. Não estava louca, jurava que o amigo também correspondeu, o brilho nos olhos dele estavam intensos demais para ser apenas efeito colateral das drogas usadas. Mas Janet, outra de sua turma, fez questão de quebrar o momento dos dois que passou despercebido por ela, já que também estava completamente bêbada.
mordeu a boca, apertando os olhos e se virou para a pessoa que chamava seu nome, tentando abstrair seus pensamentos mas quando encarou seu próximo cliente, tomou um susto.
- !
- Casa lotada hein - brincou, quase fazendo a garota derreter. Uma das coisas que ela mais gostava era o sorriso dele, deixava-o ainda mais perfeito.
- E-eu... - sentiu sua voz falhar e deu um pigarro - Eu já estou saindo, okay? Preciso só trocar de roupa.
- Sem pressa, a reunião da redação demorou bastante pra acabar também, inclusive o happy hour deles ainda tá rolando - riu baixo.
- você aceita algo pra beber? Por minha conta!
- Só uma cerveja – piscou um olho.
A ruiva voltou a se abaixar para pegar a long neck, colocando-a na frente dele e logo acabou vendo a nota de cinco dólares posta ali também. deu um sorriso inocente e ela pegou a nota revirando os olhos enquanto ria – Eu pago meu jantar então – olhou para ele por cima do ombro enquanto colocava o dinheiro no caixa. Faltando apenas alguns minutos para seu horário da liberdade, saiu do balcão do bar, caminhando rápido até os fundos já se livrando do avental que estava amarrado em sua cintura e também da regata branca que Mark, o dono, fazia as meninas usarem. Jogou um pouco de conversa fora com as outras garotas que também estavam no vestiário enquanto guardava as peças de roupas e vestia uma camiseta um pouco mais larga do que costumava usar junto com sua jaqueta de couro. Colocou a bolsa em seu ombro e saiu pela porta dos fundos com uma das mãos já dentro da bolsa. Viu algumas pessoas naquele beco mas tentou ignorar, a maioria estava ali apenas para dar uns amassos até que sentiu uma forte pressão em seu braço direito que a empurrava para a parede mais próxima – Agora você não me escapa, gatinha – a voz baixa do homem fez seu estômago embrulhar de tanto nojo. O pior era que aquela voz não lhe era estranha, provavelmente era algum cliente que ela não deu bola e agora queria se vingar. Seu coração começou a bater de forma acelerada e ela tremeu mas tentou ficar firme, chutou o meio das pernas do homem e ele recuou um pouco mais para trás, soltando um grunhido de dor. A mulher aproveitou a brecha e tirou a pequena pistola preta de sua bolsa, atirando duas vezes pra cima e então apontou a arma para ele, que agora já tinha começado a correr, tropeçando até nas próprias pernas enquanto saía assustado daquele beco. Ela quis rir com aquela cena mas se sentia sem forças até para isso no momento, seu corpo inteiro tremia de frio mesmo com o casaco pesado a cobrindo.
- ?! – escutou longe a voz de e forçou suas pernas a caminhar para fora ali, o encontrando mais perto da saída do beco, onde a iluminação já era melhor – ! – sentiu as mãos dele apertarem seus ombros – O que houve? Eu ouvi tiros! Você está bem?!
Ela não respondeu de primeira. O olhar estava distante, focando aos poucos no rapaz em sua frente até que ela abaixou a cabeça, vendo que arma continuava em suas mãos – E-Eu... – sua voz falhou e precisou respirar fundo.
- Foi você? – disse baixo, tendo apenas como resposta uma balançada de cabeça positiva. Ele não disse nada, apenas a observou guardar o objeto de volta em sua bolsa e passar as mãos de forma nervosa no rosto, suspirando pesadamente.
- Já passou, já passou... – forçou um sorriso mas foi pega de surpresa quando sentiu os braços do rapaz passarem por seu corpo, a segurando em um abraço apertado. Os olhos até se encheram de lágrimas enquanto ela o abraçava de volta e ficaram ali, juntos numa forma de consolo silenciosa.
- Podemor ir direto pra casa se você quiser. Comemos lá mesmo – disse enquanto se afastava devagar.
- Não! – o cortou rapidamente – Não vou deixar um imbecil daquele estragar o resto da minha noite – fungou, limpando a lágrima que acabou escapando – Aconteceu... Infelizmente. Não é a primeira e talvez nem a última – seu tom abaixou de forma triste, dando ombros e jogou os cabelos para trás, enlaçando seu braço no de – Além do mais, eu to morrendo de fome – fez um bico e ele riu fraco.
- Vamos então!
Os dois caminharam juntos até o carro de enquanto trocavam algumas palavras sobre o dia, e ele se preocupou em tomar cuidado em não voltar no acontecido do beco, ainda estava meio tenso por ela mas fez o seu melhor para tentar distri-lá. Era o mínimo da parte dele. Acabaram comendo em um dinner de vinte quatro horas não muito longe de estavam. O movimento dentro estava tranquilo, a maioria dos clientes eram jovens que estavam voltando de algum bar, ou então se preparando para irem em outros. Apesar de já ter passado da meia noite, comeram panquecas e tomaram café como fosse de manhã até que finalmente seguiram seu caminho para casa.
tinha deixado o carro em casa naquela sexta-feira, sendo a melhor escolha de seu dia pois como já tinha combinado de sair com o amigo depois do trabalho, ficaria feliz de aproveitar a carona com ele e dada a atual circunstância, ela realmente estava. Não queria ficar sozinha naquele momento e a companhia dele era a melhor possível. Foi só quando viraram a esquina, voltaram a ficar quietos.
- Pode perguntar – disse simples. Ele virou o rosto para encara-la enquanto manobrava – Eu sei que você quer saber sobre a arma.
- Oh... Não queria te deixar desconfortável – mordeu os lábios.
- Tudo bem – assentiu – Meu pai me deu quando eu resolvi me mudar, disse que uma mulher vivendosozinha precisaria saber se proteger e levando em conta meu estilo de vida, não é mesmo – soltou um riso pelo nariz, olhando a rua deles sem movimento algum – No começo achei loucura mas conforme o tempo foi passando e bem... Muitas coisas aconteceram então agora eu prefiro não me arriscar mais sabe?
- Eu sinto muito . De verdade – ele disse simples, sem saber mais o que falar para ajudar sua amiga, enquanto desligava o carro. A ruiva sorriu compreensiva e saiu do veículo, o esperando do lado de fora.
Andaram lado a lado devagar até a porta da casa de Gautier, ela já tinha as chaves da casa em mãos e parou de andar, observando . Suspirou algumas vezes e mordeu os lábios, sentindo o desejo voltar novamente. As luzes que vinham dos postes de luz da rua pareceram deixar o clima perfeito, ela conseguia enxergar o brilho nos olhos fundos dele. Desceu o olhar, observando os detalhes de seu rosto até que parou em sua boca rosada que sempre a achou muito convidativa. Ainda mais agora. sentiu os olhares caírem sobre ele e prendeu sua respiração por alguns segundos, deixando ela se aproximar. Sentiu a mão livre dela subir por seu braço e ombro, subindo por seu pescoço até parar em sua nuca, tendo os fios de cabelo entre os dedos dela. encostou a testa na dele, passando a lingua por seu próprio lábio antes de encurtar a mínima distância entre eles até que foi surpreendida pela atitude de , sendo ele quem a beijou primeiro. A surpresa dela foi clara e não conseguiu esconder a felicidade da reciprocidade vinda do , jogando seus braços ao redor de seu pescoço conforme eles se aprofundavam naquele beijo. Entraram aos tropeços dentro da casa dela, deixando peças de roupas espalhadas pelo chão, fazendo o caminho devagar e lento até a cama da garota. Eles exploravam o corpo um do outro no ritmos deles, com curiosidade e delicadeza. Vibravam com a ansiedade e proporção que aquilo foi se tornando, ambos até se surpreendendo com o quanto os dois estavam querendo aquilo e se perguntaram desde quando aquele sentimento estava reprimido ali dentro. Para , desde a vez que dançaram juntos na primeira festa que foi com ela e seus amigos. Para , desde quando o viu se mudando para casa ao lado.
- SUMMERTIIIIIIIME!!! Finalmente, caralho! – gritou levantando os braços, sentindo o vento bater forte contra seu rosto conforme o Mustang ia acelerando, fazendo os amigos rirem. Jake dirigia e Janet fazia companhia no banco de passageiro, estava no meio com Hannah ao seu lado esquerdo e à sua direita, sentindo-o a abraçar seus ombros e ela se inclinou para lhe dar um beijo rápido que se logo se tornou intenso, chamando a atenção de seus amigos que começaram a zoar os dois. Até viram a Mercedez ultrapassando eles e buzinado junto com o resto do grupo gritando para eles.
- Ei, ei, EEEEI! – Jake até buzinou, provocando ainda mais risadas no grupo – Calma casal, ainda não estamos nem na metade do caminho.
- Ai Jake, não fica com cíumes – brincou, voltando a se sentar, mas ainda com o braço dele envolta de sua cintura.
conseguiu convencer a ir junto dela em uma pequena viagem para a praia com seus amigos. Ainda o sentia meio tímido quando estavam todos juntos, mas no fundo ela sabia que era só questão de tempo até ele se sentir confortável junto deles. A promessa dela era que aquela seria apenas a primeira viagem que fariam juntos naquele verão pois conforme as tão sonhadas férias foram se aproximando, os shows de rock também chegaram e sendo a pessoa que ela era, ganhou inúmeros ingressos e convites para quase todos os shows que aconteceriam em Los Angeles. Sem contar as after partys em que ela e seu grupo marcavam presença. conheceu inúmeras pessoas influentes, até divulgou seu trabalho e prometeram a ele que se algum dia saísse de seu emprego atual, teriam outras oportunidades esperando por ele. Seria grato a Gautier pro resto de sua vida. Ela também reecontrou vários amigos, principalmente os leopardos britânicos do Def Leppard, que depois de alguns anos parados por questões maiores, finalmente voltaram a ativa, mas foi quando o apresentou ao próprio Jon Bon Jovi que achou que iria cair para trás. Durante as festas ele acabou reparando mais no jeito em que ela se comportava ao redor das bandas, não era muito diferente de quando estava somente com ele ou então seus amigos, era espontânea, simples, diferente de outras que já iam para as festas com segundas intenções para cima de todos os músicos. Claro que se perguntou diversas vezes se ela já foi uma daquelas garotas, uma groupie, principalmente quando foram para a primeira festa do Motley Crue – por que tiveram algumas outras ainda. Também não iria mentir, ficou um pouco tenso quando se reencontrou com os Crues, não que ele e fossem namorados sérios ou algo do tipo, mas tentou não se sentir tão intimidado quando viu o próprio Nikki Sixx pessoalmente, ele já era alto, Nikki então conseguia ser quase um palmo a mais e ainda tinha o detalhe de que a garota pela qual estava começando a desenvolver sentimentos pudesse ser um caso fixo dele. Ele também nunca teve coragem de questiona-lá sobre seu passado, tanto com o baixista ou os outros músicos, gostava da pessoa que ela era agora naquele momento.
Talvez era uma noite de quarta ou quinta-feira, eles já não se importavam mais, tinham parado de contar os dias fazia quase três semanas, quando se encontraram novamente na festa do Motley, que gentilmente fizeram o favor de destribuírem saquinhos cheios da melhor e mais pura cocaína da Califórnia para seus convidados. Algumas carreiras depois, o corpo de vibrava com exitação e adrenalina, coisa que o fez beber ainda mais ao lado de Tommy até que voltou a ser falta da figura ruiva ao seu lado. Ele levantou do sofá, cambaleando levemente e riu de si mesmo. O dia seguinte seria um verdadeiro porre. Saiu a procura da garota pela grande casa, a encontrando no chão de um dos muitos banheiros do segundo andar, tinha o braço esquerdo preso com um cinto e uma agulha em mãos, pronta para se furar até que notou a presença do amigo.
- Ei ! – sorriu meio mole e ele sentiu um arrepio descer por sua coluna. Ela parecia muito mais chapada do que costumava ficar – Quer se juntar a mim? Nikki foi buscar um pouco mais, podemos fazer os três juntos! - apenas negou educadamente até o moreno voltar para o ambiente com outro saco branco, quase não dando bola para ele que estava parado ali na frente dela. Sua visão já estava turva mas notou ela dar ombros, voltando a aquecer a colher com o isqueiro enquanto Sixx trabalhava rápido com a agulha, furando o braço dela com a heroína e se picando logo em seguida também. O baixista não esperou muito, logo preparando outra dose para aplicar neles dois, no meio tempo, viu a amiga virar uma dose do que pareceu ser um Jack Daniels direto da garrafa e arrumou uma carreira na beira da banheira.
aos poucos foi perdendo os sentidos, sua cabeça pesava, precisando se apoiar no mármore gelado mas ainda mantinha um sorriso de lado nos lábios. Já não enxergava direito o homem na sua frente e o amigo encostado no batente da porta já tinha se tornado um vulto. Seu coração parecia bater na mesma frequência da música alta que soava abafada ali dentro. A terceira picada pareceu a atingir mais fundo, pois sentiu um incômodo quando ela saiu de sua veia. Então tudo começou a girar, seu peito apertou e ficou sem ar, tentava se levantar sem sucesso. Parecia que estava presa, com cordas por todo o corpo e queria gritar para soltarem ela porém sem sucesso. Ela admirou o por alguns segundos, vendo o quão lindo ele estava naquela noite com uma regata feita de uma camiseta e blusa xadrez vermelha amarrada em sua cintura, foi sua última visão até que tudo escureceu e não viu mais nada, caindo para trás no chão gelado. O baque do corpo dela pareceu finalmente chamar a atenção dos dois homens ali. se forçou a ficar alerta, se abaixando para ver o que tinha acontecido enquanto Nikki tentava processar o que ele mesmo estava sentindo, já que estava tão mal quanto a ruiva no chão.
- ? – o segurou seu rosto – ! - tentava balançar os ombros para acorda-lá – Não, não, NÃO! – se aproximou um pouco mais para checar sua respiração que agora estava mais leve do que uma brisa e o pulso tão fraco quanto. O desespero cresceu nele, temendo que o pior poderia acontecer se não agisse rápido – ALGUÉM CHAMA UMA AMBULÂNCIA! TEMOS UMA OVERDOSE AQUI! – saiu gritando pelo corredor, batendo nas paredes por conta das drogas em seu próprio organismo. Muitos ignoraram, continuando sua festa enquanto outros o encaravam confuso, sem saber o que fazer. Tommy apareceu para ver a confusão e despejou toda a informação em cima dele, o arrastando para o segundo andar para ver a cena, xingando alto o amigo logo e deu um tapa no rosto de Sixx em seguida para ver ele reagiria. Nada. Sixx sentiu segundos depois, tentou revidar mas apenas acabou achando graça. O baterista retirou o corpo dele do banheiro, abrindo espaço para . não sabia muito sobre primeiros socorros, não sabia se uma massagem cardíaca era o melhor a ser feito então se preocupou em segurar o pulso dela com dos dedos em cima de sua veia, tentando fazer a contagem dos batimentos que sentia.
- A ambulância vai chegar em alguns minutos cara – Tommy voltou a aparecer, apertando o ombro de seu amigo enquanto engolia a seco com a visão que tinha. estava pálida, a boca já estava seca e seu corpo não respondida a nada mas não temeu o pior, sabia que a garota era forte e iria se recuperar.
só ficou calmo quando entrou na van junto com os paramédicos e praticamente voaram até o hospital mais próximo. Tudo se passou em câmera lenta, do momento que retiraram o corpo do chão do banheiro e a colocaram na maca até a entrada no pronto-socorro, onde ele precisou ficar na sala de espera enquanto a amiga era desintoxicada. Ficou sentado em uma das poltronas esperando boas notícias dela. Começou a repensar até mesmo o estilo de vida que tinha começado a levar, tudo era álcool e drogas até que alguém perto dele sofresse uma overdose e tivesse um impacto que o abalaria. Só nunca imaginou que fosse ser justamente . Para , eles dois eram quase intocáveis, nada nunca os atingiria, seriam jovens e viveriam para sempre... Quanta bobagem. E quanta imprudência! Revirou os olhos molhados já impaciente com seus próprios pensamentos, ficando ainda pior quando um dos médicos o chamou para ir até o quarto dela, durante o trajeto ele se preparava psicologicamente para a pior notícia de todas mas foi atingido com uma muito melhor: Ela iria acordar. Quase abraçou o homem que estava ao seu lado, sentindo o coração bater rápido – agora de felicidade. Como ele era seu único acompanhante, foi permitida a entrada de no quarto. ainda dormia mas ele ficou ao seu lado na maca , sentado em outra poltrona igualmente desconfortável como a primeira e aos poucos ele foi se entregando ao cansaço. Provavelmente todos os médicos achavam que aquela overdose era culpa sua pois ele deveria estar tão mal quanto, já não lembrava mais de muita coisa, a viagem na ambulância se tornou um borrão e finalmente fechou os olhos, se sentindo um pouco mais trânquilo para dormir.
A primeira coisa que sentiu foi sua garganta extremamente seca, tanto que tossiu quando engoliu a própria saliva. Ela também tinha um gosto amargo presente em sua boca que chegou a enjoar, voltando a ter uma sensação de náusa e poucos foi tentando abrir seus olhos que pareciam pesar uma tonelada cada um, notando que o ambiente em que estava não era geralmente o que costumava acordar – sendo seu quarto ou algum quarto de hotel. Ela gemeu baixo, levando uma das mãos até sua testa mas parou no meio do caminho ao sentir dor quando dobrou seu braço, abaixou o olhar para ver o que a impedia de tal ato e encontrou um grande hematoma roxo com alguns furos ali, além de um acesso que estava posto nas costas de suas mãos. A ruiva suspirou, voltando a ter flashs do que acreditava ser da noite passada. Muito álcool, muita cocaína e doses exageradas de heroína, coisa que ela não estava muito acostumada a usar mas por alguma razão, Nikki, com sua lábia de sempre, conseguiu a convencer experimentar algumas picadas. Estúpida! Em pensar que acreditava que o baixistas gostava e ainda se preocupava com ela, nenhum ser que gostasse de outro faria um vacilo desse tamanho com outra pessoa dessa forma. Se sentiu extramamente menosprezada, usada, como se fosse qualquer outra groupie que ele já havia fodido... Talvez no final, ela se definisse a isso mesmo. Uma mera groupie. Ela suspirou triste, ouvindo seus batimentos cardiácos apitarem mais rápidos por conta dos eletrodos colados em seu peito e respirou fundo algumas vezes enquanto secava as lágrimas até que sentiu algo se remexendo no fim de sua maca, perto de suas pernas. levantou a cabeça num susto, por conta do barulho das máquinas e se surpreendeu ao ver sua amiga acordada.
- Ei... – disse baixo, aos poucos se aproximando dela – Como se sente?
- Como se um caminhão tivesse me atropelado – sentiu a voz sair rouca e arranhada – umas cinco vezes. Seguidas – riu fraco, sentindo os olhos molhados novamente e um leve carinho em sua bochecha, aproveitando para secar as lágrimas que insistiam em continuar caindo.
- Tá tudo bem agora ... Você vai ficar bem – sorriu confiante para ela, segurando sua mão.
começou a explicar para ela os acontecimentos que a levaram parar naquela cama de hospital, dizendo que estavam ali a quase dois dias mas não se importava, na verdade mal conseguia escuta-lo. Tudo em que prestava atenção era como ele estava ali com ela. Para ela. Os cabelos estavam mais bagunçados que o normal, resultado das noites mal dormidas no hospital e usava uma camiseta diferente da que ela lembrava quando o viu pela última vez mas os olhos ainda brilhavam, ele tinha uma leve expressão preocupada mas internamente estava muito mais tranquilo agora que estava a vendo acordada. Os sentimentos por começaram a ficar confusos dentro de seu peito no meio do verão enquanto iam de festa em festa juntos, infelizmente ela se viu dividida entre ele e Sixx sempre que o músico cruzava seu caminho, e como ela era idiota. Aquele homem não era o suficiente para ela. Não adiatava negar o que sentia por , ele foi chegando de devagar, se tornando seu amigo, depois seu ficante. Só o fato de estar ali com ela naquele momento terrível já mostrava o quanto se importava. Pelo menos alguém.
- Obrigada por estar aqui – susurrou, sentindo ele encostar sua testa na dela.
- Eu sempre vou estar, pode ter certeza – não conseguiu segurar o sorriso enquanto o beijava, ansiando para começar a chama-lo logo de seu namorado.
Fim.
Nota da autora: "MEU DEUS, NEM ACREDITO QUE FINALMENTE SAIU AAAAA!!! Sério, eu morri com essa história, como sempre deixei alguns detalhes pros 45 do segundo tempo e ainda mudei algumas coisas do final (ninguem nunca vai saber como tava antes, ehehe). Até penso se cabe um spin off pra mostrar algumas cenas com detalhes... Será? rs
Mas queria mandar um beijo especial pra Gab, que sempre perguntava se estava tudo com o plot ou se alguém sempre precisava de ajuda. Obrigada pela paciência irmã, de verdade! Fiz com muito carinho e espero que gostem!❤"
Outras Fanfics:
- 02.Say Amen
Mas queria mandar um beijo especial pra Gab, que sempre perguntava se estava tudo com o plot ou se alguém sempre precisava de ajuda. Obrigada pela paciência irmã, de verdade! Fiz com muito carinho e espero que gostem!❤"
Outras Fanfics:
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