Fanfic Finalizada

Prólogo


Vê-lo me dava prazer, vê-lo me dava a sensação de que eu estava vivendo por alguma coisa. Sua voz me deixava tonta, seu sorriso, aquele sorriso lindo, me deixava boba e seus olhos apenas confirmavam o porquê de estar apaixonada pelo vocalista do The Lipstick.
O problema de ter essas sentimentalidades por alguém do tipo rock star é que nada do que se sonha vai virar realidade, principalmente se você for alguém como eu, invisível, ninguém especial, somente outra garota de olhos abertos que está desesperadamente apaixonada por ele. É o pior tipo de amor platônico, pior até que o amor não correspondido.
Eu conheci a música deles quando Suelen me levou a um festival de música em Londres e eles tocariam lá pela primeira vez. Ao som dos primeiros acordes, eu já estava hipnotizada. Quando olhei para o palco e vi quem era o dono daquela voz rouca e maravilhosa, eu perdi todos os meus sentidos.
A Carol fala que é doença. O Gab fala que é obsessão. Já eu acho que é só paixão, daquelas fortes, que te iludem e duram para sempre, quebrando todas as regras estabelecidas. É errado, mas eu não posso evitar ou me sentir como se não tivesse nada mais certo quando eu o vejo.
Ele tocava a guitarra ao mesmo tempo que tocava meu coração. Se eu dissesse isso em voz alta, a Carol pegava uma faca e me cortava em pedacinhos. Afinal, que tipo de garota de 19 anos sente isso por um cantor de uma banda universitária de rock? Só eu mesmo, a infantil.
Quando comecei a gostar de um garoto na minha adolescência, eu estabeleci regras para mim mesma, feitas para durar por todo o meu pequeno infinito: 1) Não me apegar; 2) Não chorar e; 3) Não aprofundar aquilo que não vai dar certo.
Adivinhe: eu quebrei todas essas regras com .



Capítulo 1 - “So dim that spotlight”


Eu sempre o observo no refeitório da Universidade. Ele e Isaque estão sempre juntos e eu os vejo dando risadas bem altas. Várias garotas correm para beijá-los, abraça-los e sentar em seus colos. Toda vez que vejo aquelas líderes de torcida perto deles, eu solto um suspiro profundo. Carol me entende só pelo olhar.
- Vai falar com ele, . Pede um autógrafo, sei lá! – ela disse atentamente – Pelo menos ele vai saber da sua existência e quem sabe ele não te acha bonitinha e te chama pra sair?
Carol não sabe o que está falando, ela deve fumar qualquer coisa com o Gab, certeza. é um 10 e eu sou uma 6. O que gente desse patamar quer fazer com o meu tipo? Nada. Eles nem sequer olham.
- Não, Carol, você sabe muito bem o porquê. Aliás, eu tenho que buscar meu pai na estação. E eles têm um compromisso muito importante hoje – dei tchau para a Carol e fui embora, deixando-a sozinha.
Meus queridíssimos iriam fazer um tipo de audição. Stephen Cooper, o diretor executivo da Warner Music (The Rolling Stones, Ed Sheeran e Charli XCX), estava na cidade, buscando novos talentos. Caso passasse, The Lipstick ganharia um contrato e ficariam mundialmente famosos, tenho certeza.
Eu queria que eles passassem, mesmo que ficasse mais difícil de vê-los. Mas só de pensar que não iria frequentar Cambridge no próximo verão, já me dava vontade de chorar.
Ao chegar na estação, olhei meu relógio no pulso. Vi papai sentado em um dos bancos, parado e lendo jornal. Fariam seis meses que não nos víamos.
Me sentei em seu lado e ele nem notou.
- Vai ter uma apresentação de Lago dos Cisnes hoje. Quer ir? – eu disse. Ele me olhou da cabeça aos pés e depois me abraçou. Aquele abraço bom de pai, sabe? Bem apertado e infinito. Eu sentia muita falta desse tipo de carinho.
- Nem preciso pensar duas vezes – Lago do Cisnes era seu espetáculo de ballet favorito. Eu cansei de ir inúmeras vezes com ele quando era pequena no teatro de Sheffield assistir. Eu também o levei na estreia de Cisne Negro e ele adorou, comprou o DVD e tudo. Nunca entendi tanto fascínio.
Quer dizer, quem sou eu para julgá-lo? Eu vou em todos os shows de uma banda de faculdade! Minha profissão atual é stalker profissional da vida de .

~~**~~

A apresentação foi maravilhosa. Papai disse que fazia tempo que não via algo parecido e em Sheffield, Lago dos Cisnes já nem fazia parte do repertório cultural da cidade.
- Depois que aquela banda se tornou viral, eles só fazem covers deles – Ele estava falando do Arctic Monkeys.
- Poxa, pai, eles são tão legais quanto qualquer outro Rock Alternativo, e você gosta! – Disse, entrando no carro. Papai resolveu dirigir.
- Tudo bem, , não vou discutir com você – Seguido de uma risada. Desde que mamãe se foi, ele não dá risadas como antes, mas ele tenta. -Tenho que te mostrar uma música – Papai pegou o celular. Ele já estava dirigindo.
Começou a tocar um country, mas ele logo mudou para uma música que eu conhecia muito bem: Crazy, do Aerosmith.
Ouvimos um estrondo, como se algo pesado tivesse caído sobre a lataria do carro. Papai olhou para ver o que era e aparentemente não havia nada, mas a frente estava, de fato, amassada.
Fiquei um pouco assustada. Tinha apenas um bar aberto na redondeza. Desci do carro para ver. E lá estava ele, deitado no chão, desmaiado e com arranhões na cara e a blusa rasgada também mostrava outras feridas no peito.
- Você que é a médica daqui – disse papai.
Quando fui checar se as pulsações do cara estavam normais, eu vi. Logo depois, eu desmaiei.
Meu pai havia atropelado .

~~**~~

Eu me senti perdida. Acordei em um lugar que eu conhecia muito bem, mas nunca estive nessa situação, “do outro lado”. Não conseguia saber como e porquê. Sentei-me na maca onde estava e meu pai estava sentado em uma poltrona ao lado de vários suportes para soro. Ele estava dormindo. Eu estava no Cambridge University Hospital, onde eu fazia minha residência.
- Pai? – Perguntei para ver se ele acordava. Nenhum resultado, perguntei de novo. Não queria fazer muito barulho, não estava entendendo o que havia acontecido. Na quinta vez, ele acordou assustado.
- Oi, filha, como você está se sentindo? – Como se ele já não soubesse.
- Confusa, perdida. O que eu fiz para vim parar aqui? – Ele se levantou e se aproximou.
Papai me explicou: havíamos atropelado um garoto e que eu havia desmaiado quando o vi, pois ele era o vocalista da minha banda favorita.
A Polícia veio até o hospital e realizou o teste do bafômetro no meu pai e no e este estava muito alcoolizado. Por não ter fugido do local, não teria motivos para prendê-lo, afinal, quem estava bêbado era .
- Eu quero vê-lo. Ele ainda está aqui?
- Você não pode. Ele está em coma na UTI. Só em horário de visitação. Quando ele acordar, vão transferi-lo para o quarto – Cabisbaixa, senti algo no peito, como uma pontada. Pena que papai não sabia que este hospital, eu conhecia muito bem. – Vou chamar um médico.
Ainda estava repassando as informações adquiridas naquele momento de tensão. Olhei no visor do meu telefone, que estava na mesa de cabeceira ao lado. Cinco e meia da manhã. Tantas coisas podem acontecer em tão pouco tempo!



Capítulo 2 - “I can’t help but wish I could see your face”


No sonho, eu corria por uma rua vazia. Os estabelecimentos estavam fechados e nas casas não havia ninguém. No final, ela dava em um hospital cheio.
Eu entrei procurando por algo e descobri que era uma garota. Um garoto apareceu do nada ao meu lado e passou a procurar a garota comigo.
Ela estava em um quarto e estava cheia de agulhas perfurando seu corpo. O outro garoto e eu tiramos todas elas e a garota se levantou. Ela era loira e seus olhos verdes brilhavam conforme a luz.
Saímos do hospital e voltamos à rua vazia. Do nada, um homem encapuzado sai de dentro de uma loja de ferragens. Ele carrega na mão uma arma e começa a correr atrás de nós.
Procuramos por algum lugar destrancado, mas falhamos. No final da rua, quando vemos o bandido se aproximando, eu olho a garota nos olhos e digo:
“Eu sei que é uma péssima hora para dizer isso, mas você é a garota dos meus sonhos e eu te amo...” ela me corta e me beija. Aqueles beijos de filme. Ela acariciava minha nuca e sua mão direita estava em meu peito. Ela sentia meu coração pulsar mais forte por causa da adrenalina.
Uma bala a acertou na cabeça. E logo, outra acertou meu coração.
Quando abri meus olhos, eu me senti perdido entre o sonho e a realidade. Eu não fazia ideia de quem ela era. Eu não sabia quem eu era.
Eu estava em algum lugar por mim desconhecido. Era tudo branco, mas minha visão falhava. Eu piscava com frequência para ver se melhorava.
Uma mulher de branco estava ao meu lado quando consegui distinguir o que eu via. Ela correu e saiu pela porta. A mulher voltou com outro homem, também de branco.
- Olá, rapaz. Como está se sentindo? – ele perguntou.
- Eu não sei, onde estou? Quem são vocês? – me sentia fraco e com uma dor de cabeça quase insuportável. Mal conseguia abrir meus olhos.
- Você sofreu um acidente, mas vai ficar tudo bem. Você lembra seu nome?
- Isaque? – Perguntei.
- Bom, acho que vou ter que realizar alguns exames. Eu tinha em mente que isso aconteceria. Seu nome é . Você teve uma perda de memória, mas garanto que logo voltará, principalmente com a prática – Esse cara só me deixou mais perdido – Vou chamar seus pais e depois vamos te transferir para outro quarto.
Ele chamou e um casal entrou pela porta. A mulher morena dos olhos claros estava chorando e me abraçou fortemente. Já o homem estava sorrindo ao me abraçar. Seus nomes eu já não lembrava mais.
Depois que eles saíram, me levaram para uma sala de exames, onde havia um tubo e eles me colocaram lá dentro. Enfiaram mais agulhas em mim e depois me levaram para um outro quarto, mais vasto com uma TV.
Dava para ver a porta de onde eu estava e o médico conversava com uma médica. Ela era loira e magra, mas não conseguia ver seu rosto. Quando ela se virou e veio em direção a mim, eu a reconheci.
Ela era a garota do meu sonho! E, admito, ela era bem mais bonita pessoalmente – e com o corpo fantástico também. Aquele jaleco nunca ficou tão bem em uma mulher quanto ficava nela.
Estava sentado na maca e sorri ao vê-la. Seu rosto ficou da cor de um tomate maduro.
- O-oi, – ela disse, gaguejando. Achei até bonitinho – Tu-tudo bem?
- Oi. Não precisa ficar nervosa, sou uma pessoa normal – ela deu uma risada irônica.
- Porra. Você não é normal, você é ! Queria que eu agisse como? Calma e comportada? Não possuo este dom, perdão. Vou tentar me controlar, mas não prometo nada. – Ele deu risada e eu sorri de volta – Mas olhe para você, continua maravilhoso mesmo neste estado. Isso é para poucos, acredite!
- Tudo bem, então. Quem é você? - Ele perguntou e finalizou com um meio sorriso no rosto.
- Meu nome é . script>document.write(Murphy). Eu sou fã da banda que você participa e de um jeito estranho, eu sei bastante da sua vida. Então seus pais me mandaram aqui para eu responder todas as dúvidas que você tiver. Também faço residência nesse hospital e entendo muito bem do seu problema – Agora, ela tentou passar um ar de confiança e acho que deu certo. Estava louco para ouvir o que ela tinha a dizer.
- Eu tenho uma banda?
- Sim, você é o vocalista e toca algumas músicas na guitarra e violão.
passou um bom tempo comigo e tirou quase todas as minhas dúvidas. Contou como fui parar ali e eu dei risada quando ela disse que parte da culpa foi dela, mas eu a perdoei. Ela me contou como foi nosso primeiro show e como eu soltei o sorriso mais verdadeiro do mundo quando todos nos aplaudiram.
Sentia que essa minha perda de memória era um pouco estranha. Eu entendia as coisas que me falavam, sabia quantos anos eu tinha. O que falta são detalhes, pequenos detalhes, como pessoas, datas e fatos. São esses detalhes que me deixam mais confuso.
- É isso que eu não entendo, . Como eu não lembro das pessoas, das memórias, de detalhes se eu entendo o que as pessoas dizem e fazem? Até quando eu vou ficar assim?
- Bom, a mente humana é um dos maiores mistérios para nós. O que você teve foi uma concussão forte quando você caiu e bateu a cabeça fortemente. Isso pode causar, de fato, a amnesia retrógrada e atingiu a parte do cérebro que guarda esse tipo de informação. A ciência ainda não descobriu como inverter isso. O que sabemos é que o repouso é indispensável, além de coisinhas básicas para tentar trazer essas memórias de volta.
- E se não voltar?
- Eu aconselho criar novas memórias para compensar àquelas perdidas, mesmo que isso afaste pessoas da “outra vida” de você.

~~**~~

deixou o quarto quase de noite. Fiquei imaginando se ela não ficaria encrencada por ter passado tanto tempo comigo. Mas logo os meninos da minha banda entraram no quarto e relevei tal assunto.
Durante os quinze dias que fiquei em coma, meus amigos não saíram do hospital. Eles me falaram que havíamos perdido o contrato para uma banda de Jazz (sim, de jazz) e que sai bem irado do Trinity Hall, onde aconteceu a audição. Ligando os fatos, depois eu enchi a cara e fui atropelado.

Capítulo 3 - “I can’t take my eyes off you”


- Oi, – ele disse quando entrei no quarto. Dona Cláudia estava lá também.
- Olá, como passou a noite? Lembrou de algo? – Perguntei sorridente.
- Isaque e Gustavo me ajudaram com algumas coisas, assim como a mamãe. Meu pai também esteve aqui e me contou de algumas atrocidades da minha infância.
- Eu trouxe o violão dele para ver se ele lembrava de pelo menos um acorde, mas não deu em nada – Ela disse. A mãe de era uma mulher de extrema elegância. A bolsa Michael Kors estava pendurada em seu braço e ornava com o tom pastel do vestido e de seu salto 15 cm.
- Você sabe tocar, ? – Perguntou .
- Eu tento, não é? Faz tempo que não toco – Os olhos de brilhavam. Ele parecia estar sedento por conhecimento.
- Toca para nós, então!
- Não sei se posso, lembre-se que eu preciso desse estágio.
- Se alguém reclamar, eu vou lá tirar satisfações com eles, fique tranquila, querida. Pode tocar, vai fazer bem para o meu zinho – Ele riu.
Tudo bem, eu estava prestes a soltar a voz na frente de e a mãe dele. Eu estava um pouco nervosa, mas não tanto como no dia anterior. Eu já conseguia me sentir mais à vontade na companhia dele.
Comecei a tocar Enchanted, da Taylor Swift. Eu demorei para aprender essa. Tentei não desafinar, mas minha voz não se comparava a dele ou a do próprio cantor.
- Você toca muito bem, ! Deveria se juntar a banda dos meninos, o Gustavo e o Isaque não param de falar de você! – Disse a Sra. . Eu ri alto, sentia que aquilo havia sido uma brincadeira, mas ela me olhou feio – De verdade, .
Fiquem sem graça. Realmente, fiquei amiga deles em pouco tempo. Já os achava incríveis antes, e agora? Mais incríveis ainda!
- Bom, tenho que ir, vou buscar umas roupas para zinho – ele se despediu do garoto e se foi.
- Toca outra, – ele disse, depois que a mãe saiu. Mas antes de falar qualquer coisa, tocar qualquer coisa, fui interrompida pela presença de ninguém mais, ninguém menos que Barbara Stealer.



Capítulo 4 - “Ain’t nothing more right, baby”


balbuciou seu nome para mim.
A tal Bárbara tinha uma beleza incomparável. Seus cabelos escuros ondulados ornavam com o formato oval de seu rosto. Os fios batiam em seu ombro e balançavam conforme ela andava em cima de seus saltos.
Quando me viu, ela foi diretamente ao encontro da minha boca, e me beijou forte, com aquele tom de saudade misturado. Ela deveria ser minha namorada.
Deixou sua bolsa enorme em cima da bancada e vi guardando o violão na capa e indo em direção a saída.
- , que bom que você sai logo desse lugar, estava com saudades de você, do nosso sexo quente e das nossas conversas depois da meia-noite - Babi dizia algumas palavras, mas eu não prestava atenção e a cortei:
- , fique aqui – Disse. Babi fez cara de incomodada e levantou suas sobrancelhas feitas e perfeitamente cobertas por maquiagem – Ninguém pediu para você sair.
- É melhor, vou deixá-los à vontade – Ela colocou a mão em seu bolso no jaleco. Vi que estava com os pulsos fechados e dava para ver a força que exalava em seu braço.
- Barbara, esta é . Ela faz residência aqui, mas cuida de mim melhor que meu neurologista! – Disse, apontando para .
- Sei – Disse a garota, que se virou para se cumprimentar – Olá, queridinha. Meu amor, não querendo ser grosseira, mas acho que está na hora dela sair.
concordou com a cabeça e se foi. Não queria que saísse, ficava inseguro aqui sozinho sem ela. Ela é a única que me vê sem aquele olhar clichê de pena. Ela e Barbara, que olha para mim como um objeto sexual.
Ela me beijava, agora no pescoço. Ela também desabotoou os primeiros botões da camisola do hospital, e aquilo fez com que eu me arrepiasse.
- Espere até você sair daqui, bebê – Depois pegou a bolsa e saiu. Ela nem perguntou se eu estava bem ou qualquer coisa do tipo.
Mesmo perdendo a memória, o conceito namorada ainda estava presente no meu cérebro e namoradas ligam para o bem-estar e a saúde do parceiro, não somente sexo.
Aquilo me deixou furioso e me rebati na cama. Aquilo não estava certo!
Por um breve momento, vários flashes começaram a palpitar em meus olhos. Várias sequências de imagens, vários fatos.
Lembrei da vez que quebrei o braço quando tinha apenas cinco anos. Lembrei de quando entrei para o colegial e lembrei do meu primeiro show.
Eu, finalmente, havia me lembrado de tudo!
Apertei o botão vermelho que chamava as enfermeiras.
Uma senhora com seus sessenta e poucos anos apareceu rapidamente, perguntando se eu precisava de alguma coisa.
- Chame a , por favor! – Ela saiu apressada.



Capítulo 5 - “Morning loneliless”


Saí do quarto dele com raiva. Respira e inspirava fundo com as mãos fechadas. Eu estava com ciúmes sim! Como qualquer outra pessoa, na verdade. E para piorar, tudo isso era ilusão da minha cabeça. Queria perguntar a algum poder divino, horóscopo, tarot, qualquer um serve: por que raios existe paixão platônica?
Sentei na mesa que tinha na farmácia da Unidade 2. Suelen chegou perto de mim e viu que eu estava com aquela cara típica de quem está na “bad”.
- Você não está bem de novo. O que aconteceu agora? Não pode ser pelo , ele está bem e ele está na sua, escreve o que eu estou te falando.
- É, é por ele mesmo. Barbara Stealer está aqui. Aquela vaca não veio visita-lo nenhuma vez dentro desses vinte dias, e aparece bem na melhor hora. E ainda disse que está com saudade do “sexo quente” – Peguei um dos biscoitos de polvilho do pacote que Su trazia consigo.
- Pelo amor de Deus, ! Você não consegue ver a quão dramática e otária você está parecendo? – Fiz que não – , quando eu entro no quarto para fazer a medicação, ele só pergunta por você! Quando você está lá, ele não desgruda da sua mão, ele te olha com um brilho nos olhos que ele não olha para qualquer outra pessoa. Se isso não for paixão, me diga para eu pegar uma lâmina e me cortar até perfurar meu braço.
Aquilo me veio como um choque. Mas como?
- Quando ele se lembrar, vai se recordar de Barbara também. Ela é perfeita, você sabe. Ela tem dinheiro e aquele rostinho de Barbie morena vende mais que a cara de qualquer famoso.
- Tudo bem, , mas ele não se lembra. E ele vai cultivar os sentimentos de agora posteriormente. Você, mais que ninguém, deveria saber disso. Está se especializando em psiquiatria, lembra?
- Olha, Su, a Carol pensa a mesma coisa, mas tem o Leo. E as palavras que ele me disse não saem da minha cabeça, desde aquele dia.

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O Leo. era meu amigo desde os tempos do jardim de infância, lá em Sheffield. Sempre fomos muito próximos e em certo do momento da nossa vida, o Leo disse que me amava. Amava, do jeito que meu pai ama minha mãe, do jeito que o Josh Hutcherson ama a Jennifer Lawrence (eles só não sabem disso).
Eu o achava muito precipitado, mas eu o via como um irmão, afinal, crescemos juntos e blábláblá. Eu estava em choque e não sabia o que dizer para ele. Uma semana depois do ocorrido, ele disse que estava errado e que nada daquilo podia estragar a nossa amizade.
Ok.
Depois que o acidente envolvendo o aconteceu, resolveu se afastar de mim pelos motivos mais clichês que eu já ouvi: “preciso estudar” e “preciso focar”.
tirava 10 em todas as matérias da sua faculdade de Direito.
Resolvi tirar satisfação. Mandei uma mensagem e marquei com ele em casa, por coincidência, um dia antes de acordar do coma.
- Eu amo você, . Não enxerga? Eu sou louco por você desde que tínhamos, sei lá, doze anos – se eu já estava chocada antes, agora eu já tinha quebrado a casca do ovo – E agora, você fica cuidando desse garoto como se fosse sua obrigação e ele não sente nada por você. Nada.
Eu pensei muito nesse assunto, sabe? Ver Gabriel com outros olhos foi algo que eu nunca tive a proeza de conseguir. É claro que nosso namoro ia dar certo, nos conhecemos a muito tempo, sabemos dos gostos, manias,vergonhas e sentimentos um do outro. Porém eu não sentia a mesma coisa, certamente iria acabar magoando-o.
Ele não entendia isso, mas eu não conseguia me desvencilhar de . Ele poderia ser a pessoa mais babaca que eu conhecesse, mas ele era quem ele era: interessante, divertido, inteligente e, com certeza, tinha um bom coração, bem-humorado e ele era uma daquelas pessoas com quem o tempo passa voando a cada frase que diz.
ainda me perguntou como eu sabia de todas essas coisas se nem o conheces direito.
Eu já me sentia humilhada, no chão.
- Tudo o que você tem com não sai de dentro da sua cabeça, do Incrível Mundo de . Seus pensamentos buscaram nele algo para o sentimento verdadeiro que você sente por mim passar despercebido. Compreende? Não está na hora de crescer, de se livrar dessa coisa boba? – O meu quarto nunca pareceu tão desconfortante.
Depois que ele disse isso, eu retirei a coroa imaginária de Rei Babaca do meu Incrível Mundo da cabeça de e coloquei na cabecinha que envolvia a mente fechada de .
Eu não tenho voz para brigar. Eu simplesmente saí da frente dele e fui para a sala, e então, abrir a porta e apontar para que ele saísse. Se dependesse de mim, e não olhava mais na cara dele.

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- , esquece o ! Ele só te humilhou, desde quando isso é amor? Ele não te merece! Bola pra frente, querida! - Suelen era aquele tipo de garota forte, nada nem ninguém consegue abalá-la. Ela me dava o suporte que eu precisava sempre. Quando o fato com o Gabriel ocorreu, foi para ela que eu corri.
- Ok, Su. Vamos esperar para ver o que vai acontecer. Mas ainda acho que o jogo virou, sabe? Agora que está na friendzone sou eu. pulará de alegria se souber. Mas espero que não saiba! – Su deu risada.
- , está te chamando – disse dona Alberta.
Olhei para Suelen que me deu um sorrisinho malicioso. Eu só queria que ela estivesse certa.



Capítulo 6 - “I’m no onespecial”


Minhas últimas horas no hospital. O médico passou ontem para me dar alta. Não contei à ele nem a ninguém que minha memória estava sã novamente. Queria fazer uma surpresa à pessoa mais importante para mim nesta nova vida: .
Combinamos que ela passaria em casa para me visitar depois do estágio. E eu já estava preparando tudo na minha mente: a comida, a mesa, os beijos e qualquer coisa que ela quisesse depois.
Quando minha mãe veio me buscar, eu contei para ela que me levou até o meu lugar preferido em Cambridge: Clowns, um café perto de casa. Melhor lugar para comer um donut de chocolate com suco de laranja.
- vai em casa hoje depois do expediente – disse. Mamãe esbugalhou seus olhos.
- O que há entre vocês, hein? Eu vejo como você olha para ela e ela olha para você. Parece real – ela disse. Concordei completamente com ela, era real. Nada do que eu tive com Barbara, aliás, tinha que ligar para ela.
- Não sei, mãe. Ela é incrível! Não sei como não a via na faculdade. Se soubesse, eu estaria com ela desde o começo!
Mamãe sorriu orgulhosa. Passamos no mercado depois para comprarmos os ingredientes da sopa que eu faria. Estava congelando e os flocos de neve que caiam na minha cabeça pareciam caspas.

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Chegou a hora: o interfone tocou e a única pessoa que eu esperava era .
A mesa estava posta, a casa estava organizada – graças a dona Claudia, claro! Esperava muito dessa noite e não queria deixar nada a perder.
A campainha tocou e eu estava nervoso, um frio estranho soprava minha barriga. Acho que isso é amor, não sei. Estou sentindo tudo isso pela primeira vez e quero continuar experimentando!
estava usando um casacão preto e dava para ver que usava um vestido da mesma cor. Deveria estar passando frio nas pernas só com uma meia calça! Sua bota vinha na altura de seus joelhos. Sua franja estava puxada para trás com uma trança.
- Você está linda, ! – Um sorriso apareceu em seu rosto, mostrando seus dentes perfeitamente brancos. Ela me abraçou forte.
- Que bom que você está bem! Como anda a recuperação? Está se adaptando sem a memória? – Ela perguntou. Peguei seu casaco para pendurá-lo perto da porta.
- Claro – Menti. Era uma mentira boa, seria uma surpresa, mas para eu não ter que mentir mais, mudei de assunto – Você gosta de sopa, ?
- Gosto, sim! Me lembra das sopas que mamãe fazia quando eu era pequena. Eram deliciosas!
Servi o jantar e ela saboreou cada colher. Eu achava que estava delicioso! Porém, gostos são gostos, né?
- Comprei um vinho para comemorar! – Para começar a esquentar o clima, claro. E também para ela ver como eu caprichei! Essa noite está sendo perfeita, em homenagem a ela!
Antes de brindar, perguntei:
- , você estava na minha outra vida?
- Não – ela abaixou a cabeça de leve, ainda mantendo a postura.
- Pois eu quero que você participe desta!
Fiz o primeiro ataque. Ela respondeu ao beijo e colocou uma de suas mãos em meu peitoral e a outra na minha nuca. Eu fazia carinho em suas costas e em seu cabelo – que estava mais para bagunçado já!
O clima foi esquentando e ela teve a atitude de desabotoar os botões da minha camisa rosa.
- Está certa disso, ? – Era melhor perguntar antes de qualquer coisa.
- Sim, certeza absoluta!



Capítulo 7 - “You smile, that beautiful smile”


A noite foi perfeita! A sopa de feijão era minha favorita e eu nunca imaginei que fosse FAZER SEXO COM .
SIM, SIM, SIM!
O único problema é que deixei meu pai em casa sozinho, então tive que voltar logo (três da manhã).
Graças a Deus ele já estava dormindo quando cheguei, senão iria começar a fazer perguntas e mais perguntas.
Era um sábado e combinei com a Su e com a Carol para irmos ao Jardim Botânico da Universidade.
- Eu transei com ele – disse, quando estávamos sentadas observando o lago. As duas me olharam boquiabertas.
- VOCÊ O QUÊ? – Perguntaram juntas e me abraçaram.
- Foi legal e tals... – Estava envergonhada e me arrependi de ter dito.
- FOI LEGAL? – Disseram novamente juntas.
- Ok, foi incrível, sensacional e eu me senti uma princesa, uma criança indo ao parque pela primeira vez.
- EU NÃO TE DISSE, , EU DISSE! ELE ESTAVA CAIDINHO POR VOCÊ DESDE O PRIMEIRO DIA – Su estava pulando de alegria – Literalmente.
- Quando vai acontecer de novo? – Perguntou Carol.
- Não sei, galera, não sei. Não sei de nada, na verdade. Ele não me ligou nem mandou mensagem hoje. Falei somente com o Gus que disse que estava indo para Londres.
- Ele deve estar esperando você ligar! – Suelen gritou desta vez! Acho que ela estava mais empolgada que eu.
- Ou talvez ele não tenha gostado, né? – Perguntei.
- Vem cá, tu és capricorniana? – Carol era doida por horóscopos! Ela sempre lia o meu e sabia que eu era desse signo! – Porque tu és muito pessimista, garota! Liga para ele agora!
Suspirei e peguei o telefone. Chamou, chamou, mas ninguém atendia. Cabisbaixa, desliguei o telefone e olhei para elas. Suelen achava que ele deveria estar tomando banho ou algo do tipo.
- Ai, meninas, relevem! Outrora ele liga, ou eu ligo. Vamos aproveitar este dia lindo! – Elas gargalharam e esqueceram o assunto por um momento, embora eu não consegui fazer o mesmo.



Capítulo 8 - “Every night on the radio”



“Aê ! Fiquei sabendo do que aconteceu! Parabéns! The Lipstick merece muito sucesso - Julie”
“Fala, cara! Tá indo pra Londres? Me leva na mala? Muito sucesso para vocês! Billy”
, me liga o quanto antes. Gusta”

As mensagens não paravam de chegar e logo de manhã. A cama estava vazia, então já tinha ido embora.
Que noite! Aquela garota deve ser algum tipo de deusa ou algo assim. Como ela conseguia me dar tanto prazer, assim, de repente? Como as coisas mudam em tão pouco tempo!
Ainda não contei para ela que minha memória voltou, esperava contar depois, mas o Gus me mandou uma mensagem dizendo que eu tinha que ligar para ele com urgência.
- Fala, Gus!
, A GENTE VAI PARA LONDRES, NOSSA BANDA FOI CONTRATADA”
- Sério? Não acredito! Quando a gente vai?
“Agora, se arruma que logo eu chego aí”
Ok, agora eu estava ferrado: queria ligar para a , mas eu estava atrasado e eu nem sei quantas roupas eu tinha que levar. Essa história ainda estava mal contada e estava ansioso para ver o que o Gusta e o Isaque tinham para falar.
Ele chegou em casa dez minutos depois do telefonema e eu só tinha uma mochila arrumada.
- Só isso, ? Vamos passar uma semana lá, talvez até mais. Pega mais umas camisetas, caso for compramos lá. Estamos atrasados, nosso trem é agora às dez – Gustavo me ajudou a pegar os pertences e fechamos a casa.
- Eu tenho que ligar para a , Gus – Disse.
- Não esquenta, já mandei uma mensagem para ela. Ei, talvez ela vá com a gente! – Entramos no elevador, carregando duas mochilas.
- OI? ELA VAI COM A GENTE? – Perguntei. O elevador já estava no quinto andar.
- Sim, você não sabia? Desde que o Gabriel saiu, nossa banda não tem um baixista. A me disse que tocava baixo e eu perguntei para ela se ela queria se juntar a nós – Eu prestava atenção em cada palavra dele – Ela disse que sim.
- Essa menina é louca. E eu sou louco por ela.
- EITA, CORAÇÃO APAIXONADO, HEIN?! – Ele gritou, enquanto passávamos pelo hall do prédio.
- Contei para você que eu recuperei a memória?

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Chegamos em Londres já passavam de duas horas. Fomos para um hotel cinco estrelas. Era sensacional, tinha até um tobogã na piscina! Pena que estava frio e tínhamos uma reunião marcada logo, senão eu já estaria lá.
A tal reunião seria no escritório da Warner Music. O diretor executivo que nos recusou primeiro disse que a banda de jazz não era tudo aquilo que ele esperava e resolveu chamar os segundos colocados, no caso, The Lipstick.
- Vocês não têm um baixista, certo? – Ele perguntou.
- Temos sim, mas ela não estava na audição – Isaque defendeu.
- Sei, ela pode vir até aqui rapidamente?
- Claro – Disse, empolgado. Isaque e Gus fizeram um sinal para que eu ligasse para ela lá fora.
- Oi, . Tá sentada? – Ela riu.
“Estou sim!” – Que voz gostosa! Meu coração batia acelerado.
- Eu estou em Londres e nós vamos fechar um contrato com a gravadora. Eu também recuperei a memória, queria fazer surpresa, mas não deu certo. Estamos precisando de uma baixista. Topa?
“É muita coisa para absorver! Sobre o contrato, eu estou muito feliz por vocês e sim, aceito ser sua baixista. Sobre a sua memória, por que não me avisou antes? Eu tinha que falar com seu neurologis...”
- Meu amor, desculpa te cortar, mas você tem que vir para Londres no primeiro trem. Traz umas mudas de roupa, vai precisar. Te pegamos na estação, ok?
“VOCÊS ME DEIXAM LOUCA, MAS EU AMO MESMO ASSIM.”
Entrei na sala novamente com uma cara triste.
- E aí, ela vem? – Perguntou Isaque.
- Sim, está vindo. Nós temos uma baixista!

<~~**~~

Quando chegou, eu não sabia mais o que eram pés. Eu pareço um daqueles caras de filmes de amorzinho que correm atrás da garota que não dá a mínima para eles. Minha sorte é que a garota, aparentemente, corresponde aos meus sentimentos e não montei uma fábrica que produz papel de trouxa.
Ela estava com um sorriso radiante e ao vê-la, pude perceber que eu também estava sorrindo igual a um mané. Ela me abraçou e pude sentir seu coração bater forte contra o meu.
Pegamos um táxi para ir ao escritório e ela foi me contando todos os problemas que eu poderia ter causado se não tivesse dito que minha memória havia voltado.
- Eu trouxe também a receita do novo remédio que você vai ter que tomar e... – Beijei-a. Poxa, ela estava lá, perfeitinha e eu não estava mais aguentando – Até esqueci o que eu ia falar.
O sorriso dela me transmitia alegria.
Quando conheceu Stephen, foi uma troca de simpatias que ele não teve com a gente.
- Leiam com calma e assinem o contrato em seu tempo. Voltem para o hotel, descansem e espero vocês aqui segunda-feira – Stephen se levantou e apertou a mão de cada um.
Apesar de umas coisas bestas como “Não usar drogas”, eu concordava com o contrato. Duraria dois anos, e poderia se renovar conforme o sucesso. As músicas seriam compostas logo e poderíamos ajudar e mandar nossas composições também. Dentro de um semestre, lançaríamos nosso primeiro single e faríamos nosso primeiro show como The Lipstick contratada.
Acabou rolando com de novo. Ela tinha truques e não foi igual como na primeira vez...

<~~**~~

No domingo, acordamos tarde e passamos o dia na piscina. A noite, resolvemos ir a um pub perto do hotel.
- Cuidado, hein, ! Esse é o rei delas, você sabe. Se eu fosse você, não tirava os olhos – Ri cínico para Isaque.
- Não sou você, viadão! – Esse Isaque brinca, mas não gosta que brinquem com ele. Parou de rir em segundos – Vou pegar uma bebida que eu ganho mais! Você vem, ?
- Não, pode ir. Confio em você! Só me traga uma piña colada – Os dois gritaram “HMMMMMMMMMM”, não me pergunte porquê. Dois palhaços.
- Uma piña colada e uma caipirinha de frutas vermelhas, por favor – Foi só olhar para o lado que eu vi a última pessoa que eu queria ver: Barbara Stealer.
Quando eu fiquei com a Barbara Stealer pela primeira vez eu não sabia aonde eu fui me meter. Claro que eu só queria sexo, mas os seus joguinhos manipuladores me hipnotizavam.
Depois de três meses na mesma coisa, Lucas me aconselhou a pedi-la em namoro. Tudo bem, só queria farra mesmo e Barbara era perfeita para isso.
Antes do meu acidente acontecer, ela começou a mentir, dizendo que ia para uma festa do pijama na casa de um clone dela. Na verdade, ela ia mesmo era em festa de uns caras lá e abusava da bebida e das drogas. Como aquele rostinho bonito tinha coragem de injetar heroína na veia? Não sei.
Brigamos e aí depois teve a audição e não passamos e deu no que deu, né?
- Olha quem está aqui – ela sorriu maliciosamente – O cara que me chutou. Que piada – Resolvi ficar calado, para não falar qualquer merda na cara dela e ela inventar qualquer coisa para falar que eu estava atacando-a verbalmente ou qualquer coisa pior – Como está a vidinha sem mim? Um lixo né? Todos os caras falam que eu faço da noite deles a melhor de todas. Deve estar com saudades disso, certo, ?
- Está ótima, na verdade. Melhorou quando eu te liguei antes de ontem – vi que ela deu uma olhada em direção a nossa mesa.
- Aquela lá é aquela sua enfermeirazinha? – Satirizou.
- Não, aquela é minha namorada – Ok, ainda não era namorada, mas já estávamos quase lá. Ela repetiu seu sorriso malicioso e me beijou.
Tentei empurrá-la, mas ela me abraçou com toda a força possível e que eu nem sabia que ela tinha. É óbvio que quando certas coisas como essa acontecem, a única pessoa que não queremos que veja tal cena, vê.
Barbara largou de mim e eu só consegui ver deixando o pub e não olhando para trás.



Capítulo 9 - “Misty morning”


Fazia dois meses que estávamos em Londres. Nosso álbum já estava quase pronto e faltava três ou quatro músicas.
Nunca pensei em deixar a banda depois daquele incidente, principalmente num momento como esses. Eu superei o fato e continuei vivendo normalmente.
Seu sorriso estava me fazendo mal desde aquele dia. Ele me olhava com uma cara diferente e tentava falar comigo todos os dias. Eu apenas dizia que estava com dor de cabeça ou tinha compromisso. Eu queria meu espaço por um tempo. Agora que deve estar realmente pulando de alegria.
me magoou de um jeito que eu nunca pensei que fosse acontecer, principalmente depois daquelas noites. Barbara Stealer é uma vaca vestida de puta.
Comecei a relembrar do começo do ano, quando não passava de um sonho para mim. Aquela época era boa, eu tinha comigo, Carol e a Su estavam sempre por perto. Faz dois meses que não as vejo.
Num ato momentâneo, eu liguei para o Leo, sem pensar.
“Alô?”
- Oi, Leo.
“Oi . Tudo bem?”
- Tudo. Você está aonde?
“Em Londres, com a minha família. Aconteceu alguma coisa?”
- Sim, venha me visitar na Cadogan Square.
“Logo estou aí”
Num ímpeto, me levantei do sofá e peguei meu caderno. As palavras foram saindo pela ponta do lápis e, em pouco tempo, eu tinha escrito uma canção para ele. E esses versos foram tão libertadores que eu até havia me esquecido de .
A porta estava aberta quando ele bateu e pediu licença. Ele veio em minha direção e me abraçou. Lembrei do abraço do meu pai que eu não tinha faz tempo, desde quando eu vim para cá. me fazia sentir em casa.
- Oi, – Ele disse, ainda me abraçando.
- Não deixe minha vida de novo, por favor. Você foi um estúpido aquela vez, mas quem sou eu para não te dar uma segunda chance, né? – Ele me abraçou novamente e agradeceu em meu ouvido.
Infelizmente, eu dividia a casa com os meninos e o nosso empresário, Gabriel. E quem tinha que chegar bem naquela hora? Ele mesmo, , destruidor de sentimentos.
- Olá – Ele apertou a mão do Leo – Tudo bem? Sou – Senti o nojo na voz de quando respondeu seu nome.
- , escrevi uma música para o álbum. Está em cima do sofá, se quiser ver. Vou com o Leo tomar um sorvete. - O começo da primavera foi realmente mais quente do que eu pensei que seria. assentiu e seguimos em frente. Só queria que ele lesse sozinho e desligado do mundo. Cada uma daquelas palavras foram escritas para ele.


Você me deixou daquele jeito
Sem esperanças, imperfeito
Nos sonhos você era melhor que isso
Não assumimos algum compromisso
Seus olhos diziam que tudo era real e eu acreditei

Vou fingir que te superei, eu arranjei outro
Mas quem estou querendo enganar?
Você permaneceu aqui por tanto tempo,
Aquele sentimento era rotineiro
Só quero saber como vou te tirar daqui de dentro.

Agora eu me despeço de você com um sorriso no rosto
No meu coração não tem espaço para você.
Ilusão da minha cabeça
Não tem mais nada para você aqui, bebê
Oh, não tem nada mais para você aqui
No meu mundo inventado
Você era meu príncipe encantado
Antes de nos conhecer, você já simbolizava algo para mim
Gostaria de voltar no tempo e dizer para mim mesma
Não se apaixone por alguém assim

Como dizia o poeta
As coisas que errei na vida
São as coisas que acharei na morte
Vou fazer de você um recorte
Abstraída, jogarei seus pedaços
Para não os encontrar nem no meu juízo final

Agora eu me despeço de você com um sorriso no rosto
No meu coração não tem espaço para você.
Ilusão da minha cabeça
Não tem mais nada para você aqui, bebê
Oh, não tem nada mais para você aqui


Aquelas palavras entraram na minha mente do jeitinho que precisava.
Desde que nos “separamos”, eu nunca fiz nada além de tentar conversar com . Estávamos muito ocupados, compondo músicas e gravando... Ah, isso não é desculpa! Que tipo de pessoa apaixonada é essa, que não toma atitude para fazer aquilo dar certo? Agora ela está lá com aquele cara.
Afinal, quem era aquele cara?
Na minha lista de contatos, achei o número da Suelen, amiga da e apertei no botão de ligar. Ela me explicaria quem era aquele cara, certeza que ela deve saber.
Essa é a parte do filme em que o mocinho acorda e se toca de que aquela garota é a garota ideal e parte para fazer alguma coisa inesquecível e que deixa qualquer mulher chorando no final do filme.



Capítulo 10 - “And all the girls in the front row scream your name”


, consegui marcar um show para vocês hoje. Vão fazer alguns covers em um pub perto do Palácio. Um carro passa para pegar vocês no apartamento às seis – Gab”
17:34. Estava atrasada.
- Leo, eu sei que você vai querer me bater porque o papo está ótimo, mas eu tenho que ir. O Gab marcou um show para às seis horas! – Peguei minha bolsa e deixei o dinheiro em cima da mesa.
Foi mancada, foi. Mas, nesses tempos, qualquer show era importante.
Cheguei no apartamento e não tinha ninguém em casa. Achei estranho, já que o Gab disse que o carro passaria para pegar todo mundo junto. Ou foi isso que eu entendi, né?
Me arrumei rapidamente, coloquei qualquer vestido preto e um salto 15 cm, passei um delineador nos olhos e um batom vermelho na boca. Quando chegasse lá, passaria o resto da maquiagem na cara.
Quando cheguei lá embaixo, quem estava me esperando em um daqueles carros antigos conversíveis era . Ele vestia um terno fino com uma gravata azul por cima da camisa branca. Ele ficava bem de terno, se tivesse terminado a faculdade, daria um ótimo advogado – se talento fosse determinado por roupa, claro.
- Oi, . Que carro é esse que o Gabriel mandou? Ele ficou louco? – Perguntei e ele riu.
- Não, , ele não é louco. Eu sou louco por você.
Aquilo começou a ficar estranho, mas coloquei meu baixo no banco de trás de qualquer jeito.
Chegamos no tal lugar e eu descobri que era no mesmo pub que “quebrou meu coração”. Se aquela cena inicial parecia loucura, agora já está na hora de procurar um hospício!
subiu no palco, sozinho. O pub já estava lotado por causa do happy hour de sexta-feira.
- , eu sei que eu fiz a maior cagada do mundo, mesmo não querendo fazer. Você sabe a história, mas eu quero te pedir só uma coisa: você está dando uma segunda chance para um cara que te humilhou, te xingou, te chamando de infantil e machucando seus sentimentos. Eu fiz quase a mesma coisa, mas eu não consigo ficar longe de você mais. Sinto falta dos seus beijos, dos seus abraços. Quando eu li aquela música que você compôs, a ficha caiu. Eu vi que tinha que fazer alguma coisa para reconquistar seu coração antes que seja tarde demais. Por isso, vou cantar essa música para você. Ela é muito especial para mim e sei que é de uma de suas cantoras favoritas.
Ele começou com os acordes, dava para saber que música que era. Quer dizer, eu sempre tocava no meu tempo livre.

I'm so glad you made time to see me
How's life, tell me, how's your family?
I haven't seen them in a while
You've been good, busier than ever
We small talk, work and the weather
Your guard is up and I know why


Que bom que você sabe, né, ?

Because the last time you saw me
Is still burned in the back of your mind
You gave me roses and I left them there to die

So this is me swallowing my pride
Standing in front of you, saying I'm sorry for that night
And I go back to December all the time
It turns out freedom ain't nothing but missing you
Wishing I'd realized what I had when you were mine
I go back to December, turn around
And make it all right
I go back to December all the time


As lágrimas saíam de seus olhos. não foi feito para chorar. Ele não tem cara para isso, me deixa toda arrepiada, querendo abraçá-lo, beijá-lo, cuidar dele.

These days I haven't been sleeping
Staying up playing back myself leaving
When your birthday passed and I didn't call
Then I think about Summer, all the beautiful times
I watched you laughing from the passenger side
And realized I loved you in the Fall

And then the cold came with the dark days
When the fear crept into my mind
You gave me all your love and all I gave you was goodbye

So this is me swallowing my pride
Standing in front of you, saying I'm sorry for that night
And I go back to December all the time
It turns out freedom ain't nothing but missing you
Wishing I'd realized what I had when you were mine
I go back to December, turn around
And change my own mind
I go back to December all the time

I miss your tan skin, your sweet smile
So good to me, so right
And how you held me in your arms that September night
The first time you ever saw me cry
Maybe this is wishful thinking
Probably mindless dreaming
But if we loved again, I swear I'd love you right
I'd go back in time and change it, but I can't
So if the chain is on your door, I understand

But this is me swallowing my pride
Standing in front of you, saying I'm sorry for that night
And I go back to December
It turns out freedom ain't nothing but missing you
Wishing I'd realized what I had when you were mine
I go back to December, turn around
And make it all right
I go back to December, turn around
And change my own mind
I go back to December all the time

All the time


- Eu sei que não foi aquilo que você esperava, mas eu só queria dizer que você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Sem você, eu não estaria onde eu estou agora. Lembra quando eu te perguntei se você fazia parte da minha vida antiga e eu disse para você fazer parte dela? – Fiz que sim com a cabeça, dava para inundar o Thames com o que caía dos meus olhos já – Então, . É para sempre. Se você aceita minhas desculpas e aceita ser minha namorada e futura noiva, quero que suba aqui no palco e cante comigo a sua música favorita:

You're on the phone with your girlfriend, she's upset
She's going off about something that you said
'Cause she doesn't get your humor like I do

I'm in my room, it's a typical tuesday night
I'm listening to the kind of music she doesn't like
And she'll never know your story like I do

But she wears short skirts, I wear t-shirts
She's cheer captain and I'm on the bleachers
Dreaming about the day when you wake up and find
That what you're looking for has been here the whole time

If you could see that I'm the one who understands you
Been here all along, so why can't you see me?
You belong with me
You belong with me

Walk in the streets with you and your worn out jeans
I can't help thinking this is how it ought to be
Laughing on a park bench thinking to myself
"Hey, isn't this easy?"

And you've got a smile that could light up this whole town
I haven't seen it in a while since she brought you down
You say you're fine, I know you better than that
Hey, what are you doing with a girl like that?

She wears high heels, I wear sneakers
She's cheer captain and I'm on the bleachers
Dreaming about the day when you wake up and find
That what you're looking for has been here the whole time

If you could see that I'm the one who understands you
Been here all along, so why can't you see?
You belong with me

Standing by and waiting at your backdoor
All this time how could you not know, baby?
You belong with me
You belong with me

Oh, I remember you driving to my house
In the middle of the night
I'm the one who makes you laugh
When you know you're 'bout to cry
And I know your favorite songs
And you tell me about your dreams
I think I know where you belong
I think I know it's with me

Can't you see that I'm the one who understands you?
Been here all along, so why can't you see?
You belong with me

Standing by and waiting at your backdoor
All this time how could you not know, baby?
You belong with me
You belong with me

You belong with me
Have you ever thought just maybe
You belong with me
You belong with me





Fim.



Nota da autora: Sem nota.

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