Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

YEAH IT CREEPS ON IN, UNTIL IT HURTS LIKE HELL

Elas haviam brigado novamente.
sentia-se esgotada emocionalmente ao cruzar o corredor da faculdade, relembrando a briga que tivera com a namorada horas antes.
havia finalmente conseguido uma folga do trabalho. Elas estavam esperando por aquele milagre natalino fazia meses, e, então, quando enfim pode se sentir livre para planejar o que elas fariam nas festas de fim de ano, a namorada decidira que viajaria com alguns amigos - e deixara bem claro que não a queria junto.
Aquilo foi o necessário para que a garota visse como seu relacionamento estava por um fio. Os momentos ruins estavam superando os bons em quantidade, as brigas eram constantes, e percebia que o estado de exaustão psicológica em que se encontrava era alarmante. estava drenando aos poucos sua saúde mental, e ela não era forte o suficiente para dar um basta na história.
A verdade é que ela tinha medo. Um medo absurdo de acabar sozinha, de que não fosse boa o suficiente para encontrar alguém melhor, receio de que todo o esforço colocado para que aquele relacionamento desse certo fosse em vão, e finalmente sentia como se amar fosse um fardo difícil demais, e que mesmo se encontrasse outra pessoa, seria tão ruim ou pior do que era com . Ela havia se acomodado em um relacionamento que não a fazia mais feliz havia tempos, apenas porque não sabia mais o que era viver fora dele.
Andou lentamente até a aula esbarrando em no meio do corredor.
- EI! - Ele gritou para a garota antes que ela virasse na esquina do corredor. - Tá tudo bem?
Ela se virou o encarando com os olhos inchados e vermelhos. Não estava bem, e ela sabia que não conseguiria mentir para o melhor amigo.
e haviam se conhecido mais cedo naquele ano, sua paixão em comum por Star Wars e coisas do universo nerd os uniu em uma amizade tranquila e recíproca, que só cresceu ao longo dos meses. Ela estava o tempo todo com ele, e por consequência, ele sabia de todos os problemas de relacionamento que a garota tinha com a namorada. Tinha conhecimento o suficiente para saber que ela tinha passado a manhã chorando por causa de .
- O que ela fez dessa vez? - se aproximou da amiga rapidamente, abraçando-a antes que ela desabasse em sua frente. sentiu as lágrimas rolarem livremente pelo rosto, ensopando o tecido da camisa do amigo. - Ei, tá tudo bem.
Eles continuaram abraçados por um tempo, ignorando os olhares curiosos que os alunos davam ao passar pelos dois. era sua casa, seu conforto, e ele estar a consolá-la fazia o peso ser mais fácil de carregar. Aos poucos sua respiração foi se regularizando e os soluços cessaram com as lágrimas. respirou fundo, se afastando do amigo e secando o rosto com a manga da blusa.
- Ela decidiu que iria viajar com os amigos ao invés de passar o Natal e Ano novo comigo. - suspirou, mordendo o lábio de leve e olhando pro chão, desolada. - Dá pra acreditar nisso? Fazem meses que ela não tem uma folga digna, fazem meses que a gente não fica junto direito, meses que eu tô ansiosa esperando um minutinho de brecha, um segundinho de folga que ela tenha pra poder mendigar por atenção, e ela escolhe os amigos ao invés de mim! Que droga de relacionamento é esse, sabe? Só eu faço esforços, só eu faço concessões…
Ela estava quase rompendo em choro novamente, mas respirou fundo, contando até dez e fechou os olhos, esperando as lágrimas teimosas voltarem novamente para seu duto lacrimal, de onde não deveriam sair.
Quando abriu os olhos encontrou os azuis de a encarando. Sua expressão era de simpatia, como se ele entendesse o que ela estava passando.
- Eu não sei como te consolar. - Por fim disse, respirando fundo e rindo sem graça. - Mas acho que você deve estar precisando de uma bebida. Que tal a gente não ver as últimas aulas e ir pro bar aqui na frente?
- São duas da tarde ! - riu, fungando levemente enquanto checava o celular. - Eu tenho uma aula importante agora…
- Todas as suas aulas são importantes, . - Ele argumentou, convencido a levar a amiga pro bar. - Isso nunca te impediu antes.
Ela sorriu. O amigo sempre fora péssimos com conselhos, em geral ele só a aconselhava a mandar todos tomarem no cu, mas era uma boa companhia pra beber, além de bom ouvinte. Em todos esses meses de amizade, ele já sabia mais sobre a vida dela do que ela se permitiria contar a qualquer outra pessoa. Portanto assentiu com a cabeça, ajeitando o moletom e a mochila nas costas e rumou para o bar na companhia do amigo.

- Ela me traiu, sabia? - soltou após várias garrafas de cerveja serem consumidas. Sua cabeça estava mais leve, e aquelas horas que passara bebendo com o melhor amigo serviram para ajudar a se distrair. Entretanto, conforme o grau alcóolico ia aumentando, suas paranóias voltaram com mais força. - Na verdade eu não tenho prova nenhuma disso, mas eu vi o jeito que ela tava na festa do John, com aquela garota. Eu depois vi várias mensagens dela no celular da .
Havia sido mais uma briga feia.
tinha bebido demais naquele dia, ignorou pela maior parte do tempo, e quando a namorada foi procurá-la, ela a encontrou junto com uma garota loira da turma de . Ela não as viu beijando, mas estavam próximas demais, e trocavam sorrisos cúmplices. O tipo de sorriso que era reservado apenas à no começo do relacionamento.
- Você chegou a ler? - perguntou, sorvindo mais um gole da sua cerveja. negou com a cabeça.
- eu odeio quem eu me tornei! - Ela finalmente soltou o que já pensava havia meses. - Eu odeio ter me tornado essa pessoa insegura, ciumenta, controladora. Possessiva. Odeio acordar todos os dias neurada e fantasiando mil e uma paranóias, imaginando com quem ela passou a noite... - Enxugou uma lágrima solitária que escorreu por sua bochecha. - Ela me transformou no meu pai!
Arregalou os olhos assustada com a revelação. Nunca havia pensado nisso antes, mas fazia muito sentido agora dito em voz alta. Todos os problemas que tinha com o pai era justamente pela natureza controladora e possessiva que ele tinha. A vontade de controlar cada parte da vida da filha, que ela não fosse imprevisível. Ela odiava aquilo, e agora aos poucos percebia o quão parecida com ele estava se tornando.
- Eu vou precisar de algo mais forte. - Levantou-se cambaleante e andou até o bar. - Eu quero tequila! - Embolou a voz, percebendo que estava ficando mais bêbada do que tinha notado estar.
O barman a olhou desconfiado, mas colocou um copo à sua frente, enchendo-o com a dose da tequila. Ele mal tinha terminado de servir quando a garota virou o líquido de uma vez, sentindo a garganta arder. Depositou o copo com força no balcão e ordenou: Mais.
a observava voltar para a mesa depois da terceira dose. Ela sorriu para ele e voltou a sentar-se de frente ao amigo.
- Agora sim. - Ela sorriu embriagada, sentindo-se menos preocupada.
- Você vai ficar bem. - Ele sorriu. Não era uma pergunta, mas ela acenou concordando. - Você é forte, e já passou por muito mais bostas com o seu pai, é só mais um pedacinho de bosta que você precisa limpar da sua vida.
riu, fechando os olhos e apoiando a cabeça na mão. Tudo rodava, mas ela ainda não se sentia mal. Em meio ao seu estado de semi inconsciência, ela reconheceu a música que tocava, despertando na hora.
- EU AMO ESSA MÚSICA! - Ela gritou, olhando para o amigo. - Vamos dançar!
- Não acho uma boa ideia. - tentou protestar, mas não estava sóbrio o suficiente para resistir ao puxão que a melhor amiga deu, o arrastando para o meio do bar, dançando desengonçadamente com ela.
- MEXE OS BRAÇOS, VAI! - Ela inventava coreografias estranhas e o obrigava a acompanhá-la. Como sempre fazia quando eles bebiam juntos.
se sentia sortuda por ter um amigo como ele. Eles se conheciam há pouco tempo, ela sabia, mas a conexão havia sido instantânea, rápida demais. passava confiança, conforto, ele era a ilha no meio do oceano de confusão que era a sua vida de vez em quando e sempre estava lá para ampará-la, quando ela não fazia sentido nem para si mesma.
Então sentiu-se extremamente grata ao vê-lo ali, dançando como se fosse um robô no meio da multidão.

Já havia anoitecido quando decidiram que era hora de voltar para os dormitórios. O tempo que passaram no bar foi o suficiente para ficarem sóbrios e bêbados novamente, e eles não sabiam o quão mais poderiam gastar se continuassem na bebedeira.
Entretanto, ela estava leve. Saltitava pela calçada, sentindo o vento gelado de dezembro lhe roçar suavemente a face.
- ! Nós somos apenas duas almas fodidas e bêbadas, emaranhadas no vento! - Ela riu e rodopiou, voltando a saltitar de mãos dadas com o amigo.
Ele sorria de uma forma fofa, o que fez a garota o encarar em silêncio por algum tempo. Os olhos estavam fixos à frente, o cabelo começava a crescer, e embora ela tivesse protestado várias vezes o mandando cortar, estava ficando bom o cumprimento. Ele era bonito, e a garota pensou que seria mais fácil se ela estivesse apaixonada por ele, e não por .
- Sabe o que você deveria fazer? - Ele falou, ao encontrar seus olhos o encarando. negou com a cabeça com veemência, tentando se desfazer daquele pensamento. - Você deveria ligar agora mesmo pra ela e terminar esse relacionamento bosta em que ela te enfiou.
A garota não estava esperando por aquilo. Encarou-o estática, processando o que tinha ouvido. Ela havia pensado em terminar várias vezes, mas nunca tinha tido a coragem para realmente dar cabo ao plano. Porém ouvindo o amigo falando, fazia tanto sentido, parecia tão óbvio.
Mas não tinha coragem. E se ela ficasse sozinha pra sempre? já chegara a falar que só ela teria coragem de aturar suas esquisitices, inseguranças, seus problemas com o pai… E ela realmente acreditava nisso. O medo apertou e a vontade de chorar a acometeu novamente.
- ? - parou de andar e a olhou preocupado. Os olhos da amiga estavam novamente cheios d’água, lágrimas caiam descontroladamente pelo rosto. - Desculpa, não queria que você ficasse mal!
- Tá tudo bem. - Ela esperou um pouco, concentrando-se em sua respiração, tentando se acalmar. - Vamos voltar pro dormitório.
Ele assentiu, e acenou para um táxi que parecia desocupado. O veículo amarelo parou e os dois entraram em silêncio. passou o endereço para o motorista e encarou a amiga.
estava encostada na janela, olhando para a rua com os olhos tristes e pesados. Sua respiração era curta e a vontade que tinha era de sumir e não precisar nunca mais lidar com aqueles sentimentos.
Ficaram em completo silêncio. O único barulho que existia vinha do rádio baixo no banco da frente. Ela imergiu em pensamentos, observando os prédios passarem rápido pelos seus olhos.
- ? - Falou baixinho após um tempo.
- Hm? - Ele murmurou, de olhos fechados.
- Essa tristeza vai durar pra sempre? - Ela mordeu os lábios com força ao senti-los tremerem. Não queria chorar novamente. abriu os olhos e a encarou com o cenho franzido em preocupação. Suspirou fundo e por fim a puxou para perto dele, abraçando-a de lado com força. repousou a cabeça em seu peito e se permitiu chorar.
- , eu acho que sim.

Assim que o táxi parou em frente aos prédios do dormitório, o estômago da garota se rebelou contra a bebedeira e o passeio de carro, e a única coisa que deu tempo de fazer foi abrir a porta do veículo e vomitar todo o seu almoço do dia no meio-fio.
pagou a corrida, saiu, deu a volta no carro e ajudou a amiga a sair, fazendo-a passar o braço pelo seu ombro, abraçando-a pela cintura e ajudando-a a subir as escadas. era uma bêbada parcialmente colaborativa, mas quando cismava era impossível de lidar.
E ela cismou que estava cansada demais pra subir o restante das escadas e sentou-se em um degrau, encostando a cabeça no de cima e fechando os olhos.
- , a gente já tá chegando. - protestou ao ver o estado da amiga, mas ela não deu sinais de que iria se mover. Finalmente suspirou fundo, desistindo de lutar com a garota e sentou-se ao seu lado.
Então o silêncio voltou a reinar. permanecia de olhos fechados escorada na escada, olhava para o corredor acima, preparado para levantar caso aparecesse alguém.
- Eu tenho medo. - Ela soltou aleatoriamente. a olhou confuso, esperando que ela continuasse. Seus olhos o encaravam sonolentos. - Eu tenho medo que eu não encontre mais ninguém que me aguente como ela aguenta. Tenho medo de acabar sozinha. Afastar todos ao meu redor. Ela é a única pessoa que me aguenta, eu sei disso.
- Eu fico pessoalmente ofendido ao ouvir isso. - sorriu de lado, a encarando de canto de olho. A expressão da garota se fechou em confusão. - Eu passei a tarde inteira curtindo na cachaça com você, e você vem falar que ela é a única que te aguenta. Tô pessoalmente ofendido, ! - Ele riu ao ver a compreensão iluminar os olhos da amiga. - Não precisa se desculpar! - Ele a interrompeu quando ela abriu a boca. Levantou-se oferecendo a mão para ter apoio para se levantar também, e para sua felicidade ela não fez manha e se levantou.
Subiram os últimos degraus que faltavam e caminharam lado a lado até o quarto de .
- . - Ele a chamou depois de pararem em frente à porta do cômodo. - Eu não posso dizer que eu to aqui pra te completar e te livrar de todas as suas preocupações... - tinha um semblante sério, e sustentava o seu olhar, como se tentasse passar toda a verdade que ele estava falando através daquele gesto. -, mas acredite, que se depender de mim você nunca vai ficar sozinha, ok?
Ela o encarou, sentindo as lágrimas queimarem seus olhos novamente, e num impulso o abraçou apertado. Escondeu o rosto na curva do ombro do amigo, e pela primeira vez desde que seu relacionamento começara a desandar, não se sentia sozinha.
- Eu te amo, ! - Ela falou abafado, separando-se do amigo.
- Eu sei. - Ele sorriu marotamente e beijou a testa da garota. - Eu também te amo.
E então ele foi embora. Mas sabia que ele voltaria. E com essa certeza, a coragem para pegar aquele telefone e acabar finalmente com o relacionamento que desgastava-a e deixava-a doente veio junto.
Mais tarde ao desligar o telefone, sentada na beirada da sua cama e encarando uma foto dela com no criado mudo, ela soube.
Enquanto ele estivesse lá, ela não estaria sozinha novamente.

don’t you understand, you won’t be alone again






Fim



Nota da autora: Olá galere, como vão vocês? É a segunda vez que eu mando uma fic pro site, e eu fiquei muito feliz de ter conseguido esse musicão da porra. Eu escrevi com os pps da minha long ainda não postada no site, mas assim que ela entrar, aparece aqui na sessão de outras fics! Espero que gostem, não deixem de falar se verem qualquer erro.





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