Única atualização: 19/03/2020

Capítulo Único

Três meses para o casamento.

Todas as histórias foram contadas no ponto de vista dele, Keanu Reeves. Não nego que sempre amei vê-lo contar tudo, até mesmo cantar mas, dessa vez, resolvi dizer do meu ponto, desde o começo até o meu último segundo sendo apenas uma mulher solteira.
Canadá e seu doce ar fresco. Eu estava pronta para poder sair e correr pelo o quarteirão. Tudo estava ocorrendo de maneira certa desde o momento em que fui pedida em casamento no Natal do ano anterior. Jurei que estaria mais nervosa que qualquer outra noiva. Afinal, eu estava noiva de Keanu Reeves. Mas negar que nunca desejei uma festa grandiosa? Enquanto estava no meu cooper matinal, eu planejava meu vestido de casamento. Não era difícil de tê-lo, eu só precisava ter a certeza que iria achar em algum lugar do Canadá.
Na verdade, minha preocupação era outra: como fazer minhas filhas de quatro patas se comportarem para levar a aliança até o altar? A escola de adestramento já estava nesse processo para o casamento, que iria acontecer dali atrês meses – já havia se passado dois meses desde o pedido.
Voltei para casa e tomei um banho rápido, mesmo que minha reunião fosse por transmissão de vídeo. Eu não esperava que, no ano anterior, eu seria uma das primeiras opções para o figurino de um dos meus filmes favoritos. Não, não é com Ocean’s Eleven, mas sim Top Gun 2.



Algum mês de 2019.

Era fim de expediente. Keanu estava em uma conferência de jogos e eu, como sempre, na minha “casa”, o teatro. Eu olhava aqueles figurinos com tanta leveza nos atores, com tanta perfeição. Era o último dia da peça e eu estava apreciando da plateia, um pequeno ritual meu. Sempre, não importava o dia, eu assistia a peça. Da primeira fileira, às vezes. Quase sempre, Kino assistia comigo.
As expressões dele sempre foram as melhores de tentar compreender, além da forma como ele analisava o figurino de todos os atores. Não era apenas um namorado. Ele interagia com meu trabalho, me elogiava, me enaltecia e nunca nem sequer me proibia de fazer nada. Bom, tirando o dia em que hesitei aceitar a proposta de Tom Cruise.
Era o último dia da apresentação da Sons of Patriots no teatro principal. Estava nervosa pois um dos figurinos havia rasgado aos quarenta e cinco do segundo tempo. Eu estava entre subir correndo para o palco e ficar sentada ao lado de Tom Cruise. Meu Deus, era Tom Cruise! Eu assistia todos os filmes dele e estava louca para pedir um autógrafo.
– É maravilhoso. – Comentou comigo. – As falas, os movimentos e os figurinos. – Nitidamente, ele não sabia quem eu era, Tom Cruise só queria expressar sua admiração pela peça teatral. – Os figurinos estão fiéis ao ano.
– Realmente. – Se eu não estivesse sentada, eu juro que poderia cair naquele exato momento. – Estão perfeitos mesmo.
– Pretendo ir conversar com a estilista. – Estávamos aplaudindo o final da peça de pé. – Obrigado pela conversa.
– Não há de quê.
E lá fiquei, parada, como se fosse uma das estátuas de Michelangelo. Só depois me lembrei de que tinha que ir ao backstage.
– Ali está a nossa figurinista maravilhosa. – Lauren comentou ao me ver. – Tom Cruise quer conversar com você.
– Obrigada. – Agradeci. – Tudo bom?
– Mas você não estava... – Parou para pensar. – Eu te elogiei sem imaginar. – Rimos.
– Pois é, eu nem esperava o elogio.
, certo? – Concordei com a cabeça. – Tenho uma proposta a você. Espero que aceite, pois sei que irá ficar nos conformes que desejamos.
– Claro, pode fazer. Quer conversar na minha sala? – Então foi ele que concordou com a cabeça. – Me siga, por favor.
Fomos até minha sala – ou melhor, meu ateliê improvisado. Servi uma água para nós e sentamos frente a frente. Estava bem interessada no que ele tinha a dizer e isso não incluía os elogios que ele fazia naquele momento.
– ... E, com isso, lembrei rapidamente que Top Gun 2 não possuía uma estilista definida, já que Joseph Kosinski não conseguiu achar a estilista. Então, com os figurinos da peça, percebi que você é perfeita para o filme.
– Fazer parte da equipe? – Eu não estava escutando direito ou eu sonhei e não percebi.
– Sim. Eu disse, você é uma ótima estilista, e seria perfeita conosco.
– Eu preciso pensar. – Foi a primeira coisa que veio na cabeça. – Se você não se incomodar, é claro.
– Não, claro que não, você tem suas coisas também. – Tirou um papel da carteira. – Aqui está meu número, ligue diretamente para mim. Assim, agilizamos as coisas.
– Certo. Daqui a uma semana, eu entro em contato com você.
– Muito obrigada. – Apertamos as mãos.
– Eu que agradeço, e estarei esperando sua ligação.
Eu estava parada e em êxtase, não acreditava que tudo estava mudando do nada. Precisei sentar novamente e ingerir aquela proposta que, depois de uma semana, eu aceitei com um grande empurrão de Kino – uma forma carinhosa que achei para chamá-lo, bem abrasileirado.



Enquanto esperava o carro ir me buscar, respondi as mensagens de Keanu. Esperava que não fosse um “o voo atrasou, não sei que horas eu chego”.

Boa tarde, amor
Chego em casa em uma hora e meia
As meninas estão lá?

Boa tarde, amor
Desculpa a demora, acho que você já chegou
Eu estava em uma reunião

Não precisa se desculpar
Está chegando?
Eu preparo um almoço para você

Não vou recusar
Eu chego em casa daqui meia hora

Estou te esperando
Até mais, meu amor

Até, Keanu ❤


Era de se admirar a forma como uma conversa de poucos minutos com Keanu fazia com que eu renovasse as energias.



Cheguei em casa com aquele perfume de molho bolonhesa totalmente natural, o que despertou mais ainda minha fome. Joguei minhas coisas em cima do sofá e coloquei o salto ao lado do mesmo. Se eu dissesse que não senti falta da festa das labradoras – Lucy e Chanel –, que estavam na escola de adestração, estaria mentindo.
Reeves estava de costas, mexendo em alguma panela. A cozinha estava limpa, tudo que ele havia usado estava em seu devido lugar. A mesa, posta para nós dois. Eu o amava incondicionalmente, e aquelas viagens dele só me deixavam animada. Devagar, eu cheguei atrás dele e o abracei. Por trás dos fios longos dele, eu vi um grande sorriso aparecer em seus lábios.
– Oi.
– Oi, . – Acariciou minha mão. – Estava com saudades. – Virou-se depois de desligar o fogão. – Como foi a reunião hoje?
– Eu também estava com saudades. – Envolvi meus braços em seu pescoço. – Foi produtiva, acertamos tudo o que faltava. Eles precisaram regravar algumas cenas e queriam ajuda com os figurinos. Afinal, eu não volto para lá, tenho outros figurinos para cuidar. – Eu me referi ao casamento entre sorrisos. – E como foram seus dias de trabalhos?
– Cansativo. A esposa do Nick Jonas vai fazer parte do elenco, eu me esqueci do nome dela. – Referia-se a Matrix.
– Priyanka. – Eu ri. – Ela é maravilhosa, e perfeita!
– Discordo. – Olhei estranho para ele. – Só existe uma única mulher maravilhosa e perfeita. – Deu um selinho em mim. – Você. – Sussurrou.
– Eu não consigo negar isso. E o que temos para o almoço?
– Macarrão à bolonhesa. Eu fiz carne para mim, espero que não se encomende. – Neguei com a cabeça. – E preparei uma sobremesa.
– É a que você sabe fazer? – Queria rir, mas ele só sabia preparar gelatina.
– Não. – Ele sorriu, divertido. – Quando terminamos nosso almoço, você verá.
– Keanu Reeves, o que você aprontou na minha cozinha?
– Você verá.
Eu realmente estava com minhas dúvidas. Ele não conseguia aprender outra receita de doce com facilidade, e então me questionei quem seria a pessoa que teria ensinado. Não eram ciúmes, mas deveria ter muita paciência para poder ensiná-lo.
– Você precisa fazer o almoço mais vezes. – Comentei depois do meu terceiro prato.
Já estávamos havia um tempo conversando e esperando um pouco para comer a sobremesa.
– Claro. Amanhã, preparo mais uma vez. De noite, pedimos algo. – Sorriu, carinhoso. – Agora vamos para a sobremesa.
– Impossível você ter feito outra coisa sem ser gelatina. – Ouvi ele rir. – Eu quero só ver o que você tem para mim.
– Me falaram que o bom seria deixar um pouco na geladeira porque, se comer quente, algumas coisas podem acontecer. – Colocou em cima da mesa. – Eu espero que esteja bom. Provei a raspa da panela e estava quase igual o seu. – Entregou a colher para mim.
– Você fez brigadeiro? Eu não acredito. Quem te ensinou? – Peguei logo um pedaço do prato. – Meu Deus, Keanu! Está maravilhoso. Quem passou a receita? Ou melhor... Com quem você aprendeu?
– Obrigado. – Disse, vitorioso. – Seu pai. Encontrei ele nos Estados Unidos. Ele me convidou para almoçar na casa onde ele e sua mãe estavam hospedados e ele ensinou.
– Aprendeu perfeitamente. – Peguei mais um pouco. – Eu ainda tenho a coragem de dizer que superou o meu. – Sentei em seu colo.
– Podemos continuar esse assunto lá no quarto? – Ele me beijou. – Ou ali no sofá? – Beijou meu pescoço.
– Eu aceito. Vamos para o quarto.
Todo o meu corpo estava com saudades dele. De seus toques, seus beijos, seus carinhos e também das nossas horas de amor.
Fiquei deitada ao lado dele, sentia suas pontas dos dedos acariciando minhas costas desnudas. Só levantei quando escutei a campainha tocar. Eram as labradoras. Afinal, nós já conhecíamos o horário que deixavam elas em casa.
– Pode ficar. – Ele me puxou pela mão delicadamente. – Eu busco Lucy e Chanel, pode ficar aqui. – Selou rapidamente nossos lábios.
Enrolei-me no lençol e esperei ele voltar para a cama. Mais tarde, nós descemos, comemos o restante do brigadeiro e ficamos um pouco com as labradoras.



Dois meses antes do casamento.

Eu já não sabia mais como lidar com todos falando que deveria ser uma grande festa. “Afinal, você vai casar com Keanu Reeves e precisa ter uma grande festa”. Eu já tinha usado toda a minha educação – e Keanu também – para explicar que não era assim que víamos nosso casamento. Era como se fosse uma regra: se fosse casar com um famoso, Hollywood toda deveria saber que você casou e que sua festa foi a mais cara entre as estrelas.
Por sorte, sempre tive meu noivo ao meu lado, apoiando e aceitando todas as decisões – que agradecia por serem quase idênticas às suas. Entretanto, uma das conversas com algumas mulheres que trabalhavam comigo no teatro me fez repensar muita coisa.
– Oi. – Ele havia chegado. – E o teatro, como foi?
– Eu estou me perguntando aqui desde que eu cheguei... – Disse depois de dar um beijo nele. – Qual a necessidade de fazer uma festa de casamento?
Reeves ficou um tempo quieto. Mexia na capinha do celular e olhava fixamente para mim. Estava pensando em uma boa resposta. Apenas despertou quando Lucy chegou, pedindo carinho para ele.
– Eu não vejo necessidade. Muitos vão ficar reclamando, outros vão fingir que está tudo mil maravilhas, e quem vai gostar mesmo são as crianças que vão comer doce. – Eu ri da conclusão dele, e ele estava certo, super certo.
– Então compartilhamos a mesma ideia.
– Mas por quê isso, ? – Aproximou-se mais de mim.
– Estava conversando com algumas das meninas que trabalham comigo. Uma delas comentou sobre festas e outra levantou esse ponto.
– Você prefere o quê?
– Podemos fazer uma pequena viagem e um almoço para os mais próximos. Eu só não quero atrapalhar sua agenda.
– A respeito da minha agenda, não precisa se preocupar. Por você, remarco tudo. Decida se quer festa ou não e eu aceitarei. – Depositou um beijo em minha bochecha.
– Certo. Como foi a prova do terno?
– Melhor do que em John Wick. – Rimos. – Logo fica pronto, daqui a um mês, certinho.
– Meu vestido também. Preciso fazer a prova dele hoje.
– Acho que dá tempo de me ajudar na escolha. – Pegou o celular da pequena mesinha. – Olha, estou em dúvida entre essas opções. Qual você sugere?
– Viagem?
– Sim, para nossa lua de mel.
– Keanu. – Eu me ajeitei no sofá. – Você tem certeza?
– Absoluta. – Tinha um lindo sorriso nos lábios. – Só escolher.
Tentação. Eu era apaixonada pela Grécia, Itália e França, e eram as três viagens mais importantes para mim.
– Dependendo do que você escolher sobre a festa, podemos prolongar o tempo.
– Paris. – Encostei o celular no colo do meu seio, como se pudesse abraçar o país. – Quero ver a Torre Eiffel, a Catedral de Notre-Dame, o Museu do Louvre...
– Vou fechar com eles então. E a festa?
– Sem festa. Quanto mais tempo com você, melhor. – Eu o beijei brevemente. – Agora tenho que ir, preciso provar o vestido.
– Fica mais um pouco. – Keanu me segurava pela cintura.
– Bem que eu queria, mas volto logo. Você passeia com elas nesse meio tempo?
– É claro, vou levá-las na lama.
– Não. – Rimos. – Sem lama hoje.
Subi rapidamente e peguei o papel do vestido referente à prova. Despedi-me de novo deles e fui para a loja. Estava tão ansiosa para poder ver como ficara e se precisava de alguns ajustes que me esqueci que precisava ligar para minha mãe via chamada de vídeo. Ela não podia comparecer nas provas, entretanto, ela sempre me chamava por ligação. Conversávamos e ela opinava, sempre para o positivo. Não era igual aquelas mães do programa “O vestido ideal”. Acho que nunca quis ser daquele jeito, só dava graças a Deus porque eu ia casar antes dela morrer.



Estacionei o carro na garagem para clientes e entrei já com o papel na mão. Esperei pouco tempo para ser atendida e, nesse meio tempo, escutava conversa de algumas noivas que falavam sobre o casamento de Keanu – deduzi serem fãs dele apenas por saberem muito bem sobre a vida do meu noivo. Fiquei apenas escutando, não tinha ciúmes. Afinal, eu sabia que poderia acontecer muita coisa depois que a mídia soubesse do casório.
– Mas você não acha?
– Não sei mas, não falando que é interesse dela, pois os dois são amigos desde sempre, mas acho que é desespero dele para ter alguém.
– Eu já acho que é para compensar algo pessoal. Nós só somos fãs. Sabemos o que ele conta nos programas, não sabemos de tudo da vida dele.
– Pode ser. Só espero que ele não faça nem uma bobagem de casar por casar. Sabe... Às vezes, parece que não é amor, é só para cessar o que aconteceu com ele e a Stacy.
E eu nunca havia pensado daquele jeito. Stacy foi um grande amor dele, isso eu sabia de olhos fechados. Aquilo ficou em meus pensamentos por um bom tempo até o momento que Clare, a moça que me atenderia para a prova do vestido, se aproximou de mim.
– Esse é o vestido certo? – Clare confirmou.
– Sim. Ele está tão lindo... – Tinha a certeza de que meus olhos brilhavam.
– Precisa de algum ajuste que você perceba?
– Só aqui nas laterais, sinto que meus seios não estão bem sustentados.
– Assim está bom? – Disse, ajustando manualmente.
– Perfeito.
– Vou marcar aqui com alfinete. Não se mexa muito, está bem?
– Sim.
Nesse tempo, eu liguei para a minha mãe pelo aplicativo e esperei os ajustes para poder mostrar como o vestido estava. Por sorte, não achou nenhum defeito depois de ter feito eu dançar de um lado para o outro com o eletrônico na mão.
Não precisa mudar, como eu disse, mas o que são esses pontinhos prateados nas costas?
– Alfinetes. Eu sentia que meus peitos não estavam bem sustentados.
Ah sim, espero que agora fiquem. Quando é a próxima prova do vestido?
– Daqui a um mês.
Vejo se consigo ir com você. Agora eu preciso desligar, filha, mas está maravilhosa, como sempre. Parece aquela princesa da Disney, a...
– Tiana. – Eu ri.
Ela mesma. A única diferença é o príncipe, mas está valendo. – Tirou risos até de Clare. – Nos falamos mais tarde, até mais.
– Até mãe, beijo.
– É apenas no busto? Não sente desconforto em nenhum lugar?
– Não, está tudo ótimo assim. Daqui a um mês, certinho, eu volto. – Tirei o vestido com a ajuda de Clare.
– Se ficar pronto antes, quer que avise?
– Por favor, agradeço.
– Então até.
Agradeci Clare com um sorriso e saí da loja, mas aquela ideia que surgiu com a conversa das garotas ficou em meus pensamentos ainda. Eu nunca fui insegura, só indecisa – ainda mais com alguns figurinos para apresentar, sempre gostava de todos –, porém algo no fundo do meu coração fez com que eu me preocupasse com aquele momento.



Keanu não havia chegado e, como não recebi nenhum pulo de felicidade em mim, então logo deduzi que ele ainda estava passeando com elas. Subi cansada e preparei um banho na banheira. Coloqueis sais, peguei meu roupão e deixei ao lado dela. Sempre tirava um dia da semana para desfrutar do que eu tinha.
Aproveitando o quentinho da água e o suco de uva na taça de vinho – eu, infelizmente, tinha esquecido de comprar mais vinho –, fiquei respondendo os e-mails referentes ao casamento e conversando com a minha mãe e também com a mãe de Keanu.
– Oi. – Ele disse na porta do banheiro. – Vou te esperar lá fora. Eu trouxe vinho, o nosso havia acabado.
– Eu percebi. – Ri, me debruçando na borda da banheira. – Peguei suco de uva para tomar.
– Quer que eu traga vinho para a futura senhorita Reeves?
– Agradeço.
Nitidamente, ele desceu rápido, abriu e voltou, depois de falar com as labradoras. Ele segurava mais uma taça em sua mão ao sentar do meu lado.
– Aqui está. – Ele me serviu. – E como foi a prova do vestido?
– Obrigada. Foi boa. A Clare vai ajustar no busto, e o restante do vestido está certo. – Bebi meu vinho.
– Podíamos adiantar o casamento.
– Não. – Sorria. – Vai demorar pro vestido ficar pronto.
– Mas você é linda com ou sem vestido de noiva. – Nós nos beijamos. – Prefiro sem, não vou mentir para você. – Disse com um sorriso divertido nos lábios.
– Vamos deixar para a data certa. Você ainda tem que fazer algumas viagens, não?
– Preciso ver, mas acho que só mais duas.
– Hm, espero que não seja nenhuma. – Ele riu. – Eu vou sair já, não pretendo fazer a janta hoje.
– Vou pedir algo para comer. Você quer comida indiana?
– Pode ser. Não inclua a bebida, a gente fica com o nosso vinho mesmo.
– Claro, eu comprei só uma garrafa. – Escutei ele se jogando na cama.
– Compra outra amanhã. – Apareci na frente dele de roupão.
– Podemos deixar o pedido para mais tarde?
– Espero que esse mais tarde não seja de madrugada. – Deitei-me em cima dele. – A casa está trancada, né?
– Está, e você não precisa mais desse robe.
Ele soltou o nó do e tirou o robe que eu estava usando. Não estava tão acostumada com ter aquele homem apenas para mim.

Ainda deitada ao lado dele, eu me questionei se deveria perguntá-lo se tinha a certeza sobre o casamento, porém deixei quieto. Onde eu estava com a cabeça? Por que estava me sentindo tão insegura? Ou melhor... Por que estava começando a me sentir tão insegura?
Logo, eu o vi se mexendo na cama. Ele me deu um beijo rápido e mexeu no celular.
– Pedi nosso jantar. Se não se incomodar, eu vou para o banho.
– Ok, eu já vou. – Eu o vi sorrir.
– Estou esperando.
Separei uma nova toalha para usar, já que a toalha eu usara anteriormente ainda estava molhada. Tivemos que ser um pouco rápidos porque a comida podia chegar a qualquer momento. Descemos e ficamos na sala até o entregador chegar. Fazia um bom tempo que não comia uma comida indiana tão maravilhosa como aquela, e nem precisava dizer que ele escolheu os melhores pratos – sem carne.



Um mês para o casamento.

Fim de tarde, Lucy e Chanel estavam brincando no quintal enquanto eu e Keanu estávamos sentados na cadeira do quintal. Ele, tranquilamente, dedilhava o violão, deixando algumas notas saírem.
– Você toca tão bem. – Disse, olhando para ele. – Fez aulas depois que foi para os Estados Unidos?
– Não, apenas pro filme que eu fiz, mas ficou por isso também. – Ainda dedilhava.
– É pedir muito você conseguir compor algo para o casamento? – Eu me aproximei dele. – Sem pressão.
– Pode ser que eu consiga, – Ele falava de olhos fechados enquanto acariciava seus cabelos. – mas não prometo nada.
– Não tem problema, eu falei que era sem pressão. – Sorria feito boba.
– Sobre as viagens, eu só tenho que fazer mais uma. É a última e, depois, estou livre. Depois da conferência, achei que não teria nenhuma reunião ou algo assim, mas me enganei.
– Vai tranquilo, eu consigo dar conta de tudo. Já está quase tudo pronto mesmo.
– Ok. – Colocou o violão na grama. – Eu vou sentir saudades, principalmente dos seus beijos.
– Keanu Reeves, você quer alguma coisa. – Nós nos beijávamos.
– A única coisa que venho desejando é casar com você, e que essa viagem não tivesse que acontecer.
– Logo, acredite, vamos ter tudo isso e vamos poder passar os dias em Paris.
– Sim. – Beijou-me mais uma vez. – Vou arrumar a mala. Você vem comigo?
– Vou sim.
Não só fiquei ao lado dele conversando como o ajudei a arrumar. Sempre fui bem organizada para ajeitar a mala, e ele só levaria uma, então tive que ajudá-lo. Nessa viagem, ele iria passar na sua loja de moto no Estados Unidos, até porque ele tomava conta à distância quando não podia estar presente para poder monitorar tudo.
Cinco dias, era apenas o tempo dele longe de mim. Cinco dias para poder finalizar tudo, meu vestido, o pequeno jardim para os convidados e pegar o terno dele na loja.
E as meninas me deram orgulho. Em uma das idas para a escola de adestramento, ela se mostraram educadas e prontas para levarem as alianças. Por sorte, mamãe estava vindo para a última prova do meu vestido.
– Se comportem. Logo eu volto, viu? – Falei para as labradoras, que estavam olhando para mim achando que nunca mais voltaria.
– Você pegou tudo, não? – Minha mãe me questionou, colocando o óculos de sol. – Espero que não tenha esquecido nada. A essa altura, não podemos deixar nada passar.
– Não, mãe, está tudo comigo, não se preocupe. Até mesmo a notinha do terno do Keanu.
– Ele devia estar aqui. – Entramos no carro. – Não devia ter viajado.
– É o trabalho dele. Foi de última hora, não posso culpá-lo.
– Mas podia ter feito ele ficar.
– Foi assim que você e papai terminaram. – Olhei para ela enquanto esperava o semáforo abrir. – Você começou a não o deixar ir nos outros restaurantes, passou a ir com ele e ficava ainda dando pitaco nos pratos, até o papai se cansar e ir embora, então pode ficar calma que eu sei o que faço. Sou bem grandinha. – Falei a última frase bem baixinho.
– Não está mais aqui quem falou.
No caminho todo, não falamos mais nada. Peguei o terno branco – digamos que não fazia a ideia da cor que era – de Reeves, coloquei pendurado no apoio de mão do carro e fomos para a loja ver meu vestido – não só vê-lo, mas também levá-lo comigo. A ansiedade estava mil.
– Boa tarde, tenho hora marcada com a Clare.
– Boa tarde. Seu nome, por favor.
.
– Pode esperar no sofá. Aceita uma água, champanhe...?
– Não, obrigada.
– Eu estava vendo o vestido para mim ainda, não achei nada.
– Vai nas lojas daqui, sempre tem vestidos bonitos. Papai vai comprar terno ou usar um que ele tem?
– Ele tem muitos mas chegou à conclusão de que precisa de um novo. – Ela riu. – Eu não sei como, naquele closet, cabe tanto terno.
– Você que ajudou ele a projetar. Esqueceu, senhora arquiteta?
– Não, eu não fiz nada. – Escondia a verdade.
– Mãe.
– Pode ser que eu não tenha desejado deixá-lo com um closet pequeno.
– Nossa, você é incrível. – Rimos.
– Vão se mudar de casa?
– Acho que sim, não tenho certeza.
– Vão para o Estados Unidos? Porque é mais fácil para ele.
– Sinceramente, eu não faço a mínima ideia, não pensamos nisso.
Realmente, não tínhamos pensado em mudar de casa mas, parando para pensar, não teria como fazer a mudança. Minha vida e meu trabalho eram os teatros e ele, com seus trabalhos no oeste do Estados Unidos. Talvez eu falaria sobre aquilo enquanto estivéssemos em Paris.
– Senhorita . – Clare se aproximou. – Seja bem-vinda mais uma vez.
– Muito obrigada. Essa é minha mãe, Olivia.
– Muito prazer em conhecer a senhora.
– Eu que agradeço.
– Me sigam, por favor. – Ela nos levou para a sala de prova. – Então essa é a última. Se tudo estiver certo, já vai querer levá-lo?
– Isso. Espero que esteja tudo certo, não quero precisar mexer nele novamente.
– Acho que não. Com licença, senhora. – Disse, fechando a cortina. – Você já tinha deixado avisado que não muda muito o corpo e o ajuste era fácil.
– Sim, mas e o medo? – Ri de nervoso enquanto tirava a roupa.
– Agora os braços. – Ela me ajudava com o vestido. – Certo, vou fechar para você aqui. – Ouvi o zíper ser fechado. – E como está?
– Perfeito. – Via meu reflexo no espelho. – Impecável. Muito obrigada, Clare, por cuidar do meu vestido.
– Não precisa agradecer, vou abrir a cortina para sua mãe. – Ele segurou delicadamente a cortina e abriu sem fazer muito barulho. – Mãe? Sua filha está pronta.
Ela anunciou e eu me senti uma criança de cinco anos saindo da escolinha. Minha mãe me olhou dos pés à cabeça, pediu para eu girar com delicadeza para ela – só para não estragar o vestido – e se aproximou de mim.
– Só está faltando uma coisa. – Ela mexia na bolsa enquanto eu e Clare entreolhamos sem entender nada, o vestido estava completo e impecável. – Aqui, falta isso aqui. – Minha mãe tirou um embrulho e, de dentro, o véu que era da família, bem cuidado, simples e com bordados feitos a mão.
– Ah, claro, o véu. – Senti meus olhos marejarem.
– Vamos colocar assim. – Clare ajeitava no topo da minha cabeça. – E como você se sente?
– Eu não sei descrever a sensação. Obrigada, mãe, – Segurei a mão dela. – por trazer e compartilhar o véu.
– É de família, você não iria ficar sem.
– Podemos tirar?
Guardamos o véu em uma embalagem apropriada que Clare nos deu e, depois, o vestido. Dei a entrada e paguei a primeira parcela do vestido e do ajuste, que já tinha sido incluso.
Uma semana agitada, com a ajuda da minha sogra, Patricia, e com a minha mãe, porém tudo estava indo muito bem. Não sabia o motivo de ter entrado no link que foi enviado através de uma “amiga” – não sabia também o motivo de eu tê-la no meu Instagram.
Fazia um bom tempo que já havia desativado meu perfil no Twitter. Não usava mais, não me interessava e só tinha tempo para o Instagram. Mesmo não tendo conta, era possível ver tudo. E aquela hashtag realmente acabou com o meu dia, com minha autoestima e com tudo o que tinha acontecido nos últimos anos.
A minha confiança, que sempre foi uma das melhores, caiu. Comentários sobre meu casamento, as pontuações de puro interesse e que ele só estava no casamento para esquecer Stacy eram horríveis.

Ele só vai casar com aquela “figurinista”, que se dizer ser uma, apenas para fazer ciúmes na Stacy, maravilhosa.

’Amiga desde sempre’? Que amiga é essa que você nunca viu prestigiando o trabalho e, quando termina o casamento, dá encima do Keanu?

Ridícula! Quer fama e sucesso à custa de Reeves!

Se diz boa moça, vegetariana, figurinista, mas não passa de uma mulher de mau caráter, que só tem a ganância e o desejo de subir em cima do Keanu Reeves.

Falsa! Eu tenho dó do Keanu. Ela deve ter feito de tudo, deve ter mexido com essas coisas para separar #Keacy e para casar com ele e ganhar a fama.

Duvido que ela conseguiu entrar como figurinista no Top Gun por mérito. Nem sucesso ela tem.


Por sorte – ou não –, eu estava sozinha em casa, em frente à minha penteadeira, esperando a energia voltar. Cada palavra escrita foi um soco, me machucou de uma forma que cheguei a questionar tudo, até mesmo meu trabalho.
Por mais que eu fosse forte, independente e sem medo de algumas pegadinhas da vida, eu acabei caindo nos comentários, me sentindo novamente a adolescente que não conseguia conversar com ninguém. Eu precisava sair de casa, sumir, ir para algum lugar tão longe que ninguém me encontraria.
Levantei tão rápido que derrubei meus perfumes, misturando seus aromas no ar. A primeira mala que eu peguei, joguei na cama. Sem se incomodar, coloquei minhas roupas e a necessaire de viagem de qualquer jeito na mala. Minha cabeça só trabalhava no que foi dito, em tudo que eu li. Kino realmente podia ter confundido tudo. Era o período mais frágil dele e tudo podia ser facilmente mal interpretado. Como eu não percebi?
– Como eu pude? – Sentei na cama. – Era tão nítido! Por que permitir que tudo acontecesse assim?
Eu estava me deixando levar, tinha também a noção disso, mas palavras são a pior forma de machucar qualquer, um até mesmo nos cegar quando estamos no verdadeiro caminho. Não culpei as fãs. Eu tinha sido assim e aprendi com os erros. Só queria que elas nunca lessem algo do mesmo nível.
Desci as escadas e juntei tudo que era das labradoras, como os brinquedos e cobertores de Lucy e Chanel. Coloquei no porta-malas e depois arrumei tudo para levar as duas no banco traseiro.
– Vamos, meninas. Entrem, vamos passear um pouco. Talvez por muito tempo, mas vocês vão gostar.
Fechei a porta, dei partida no carro e saí, rumo ao interior. Algo no fundo do meu coração me guiou para a fazenda do meu tio. Eu sabia que ninguém ia me procurar lá e que meu tio ia me receber tranquilamente. Nunca questionaria o motivo, mesmo estando convidado para o casamento.



Depois de horas de viagem de carro, desci sem pegar as malas e fui com calma depois de soltar Lucy e Chanel.
A casa estava aberta, o que mostrava que o homem estava cuidando do rebanho sozinho como sempre. Caminhei devagar, respirando o ar puro da fazenda. Com os sons dos animais, eu estava em casa e me reconectando comigo.
– Tio.
– Querida, achei que estaria se arrumando para o casamento. – Ele me abraçou forte.
Aquele sotaque brasileiro era gracioso.
– Eu desisti. – Andávamos até ao celeiro. – De última hora, eu sei, devia ter avisado todos, mas logo vão saber.
– O que o Keanu fez? Me diga que vou lá dar umas surras nele.
– Não precisa. – Eu ria. – Está tudo certo.
– Tudo certo você terminar um noivado com quem você ama? , me conte. O que aconteceu?
– Eu não sei. – Sentei em cima de um feno amarrado. – Eu li alguns comentários na internet e pode ser verdade. Keanu começou algo comigo quando ainda estava abalado com a traição. Claramente, o que ele sentiu foi só para... – Procurava uma palavra.
– Suprir a falta de Stacy? – Ele sentou ao meu lado. – Eu posso dar minha opinião? – Eu concordei. – Ele não queria nada para suprir. Ele te amava mas, às vezes, temos que aprender a viver sem o que fazia a gente feliz para ver que era você o que ele sempre precisou e procurou.
– Você acha?
– Ele não desgrudava de você. Vinha aqui quando podia e vocês sempre saíam quando podiam. A primeira pessoa que ele procurava era você. No fundo, ele queria ouvir que você gostava dele, e aí ele ia largar tudo e correr até você.
– Pode ser. Eu só não vejo ele querendo isso. É como se as fãs estivessem certas.
– Cadê aquela garota que sempre estava com a autoestima, que não se importava com esses comentários?
– Ela sumiu. Deve ter ficado na grande cidade, ou quis ir para outro lugar.
– Tente trazer ela de volta. Enquanto isso, eu vou ordenhar as vacas. Sei que você não bebe leite, mas espero que não se incomode.
– À vontade, tio. Eu posso ficar aqui por quanto tempo?
– O tempo que você precisar.
– Obrigada, eu vou arrumar um quarto.


Podia ter a certeza que, àquela hora, Keanu Reeves estava chegando na nossa casa e minha mãe, no SPA do hotel.
Ele devia ter estranhado a ausência das meninas, os perfumes no chão, uma mala faltando e o vestido e o terno pendurados no closet. Com certeza, não entendia nada que acontecera ali e me ligar seria sua primeira reação para compreender tudo.
Senti meu celular vibrar enquanto estava sentada na cama e me recusei a atender. Não queria ouvir a voz dele. Eu ia fraquejar e me render a algo que não fazia sentido para mim. Meu pai sempre falou que nunca devíamos resolver algo com a cabeça a mil, e isso incluía relacionamentos também. Se fosse preciso, para vê-lo feliz, eu o deixaria.
Logo em seguida, minha mãe me ligou e, da mesma forma, eu não a atendi.
Ela ia falar e falar... Minha mãe sempre tivera esse problema. Muitas vezes, pensava mais em falar do que tentar compreender o outro lado, e meu pai não gostava desse lado da minha mãe. Lembrava-me dele falando para ela mudar a forma de agir comigo, ainda mais quando o assunto foi minha vida profissional. Para ela, devia ter escolhido medicina mas, segundo papai, eu ia me formar para “ser um daqueles médicos que vivem dizendo que não se tem nada". A verdade é que, àquela altura, eu ia deixar que descobrissem tudo sozinhos. Se eu falasse algo, realmente ia sair grosseiro.
? – Meu tio bateu na porta. – Posso entrar?
– Pode.
– Estou indo no mercado, vou comprar algumas coisas para você comer tranquila e queria saber o que você gosta.
– Pode comprar soja, e eu como queijo também. Ah, e leite de soja.
– Certo, logo eu volto. Suas cachorras estão amando colocar as vacas para correr. – Ele ria.
– O quê? Eu preciso ir ver isso.
– Vai. Logo estarei de volta.
Lucy e Chanel estavam amando brincar com as vacas. Eu só teria um grande trabalho se elas descobrissem que ali perto tinha lama.


Mais tarde, naquele mesmo dia, Keanu estaria junto de sua mãe e seus sogros, na casa que era de , todos tentando entender. Era como se ela conseguisse sentir tudo que se passava a quilômetros de distância de mim.
– Ela não deixou nada? – Patricia questionou ao Keanu.
– Não, procurei em todo lugar.
– Eu falei com a prima dela e ela mostrou alguns prints da rede social que ela tem. – Olivia mostrou o celular para Reeves.
Ele leu, atento, todos os comentários que haviam sobre o assunto comentando, e ficou nervoso, irritado. Para tirar ele do sério, era bem complicado. E todas as frases que ele leu fizeram isso.
– Ela sempre foi super segura de si. Agora quer fazer isso antes do casamento? Eu falei para ela que ela não devia casar, ainda mais com alguém famoso. – Olivia comentou.
– Não começa. Não hoje, não aqui. – Seu ex-marido estava sério. – Ela demorou muito para ser segura de si, até mesmo do que fazer da vida. Não comece com esse assunto.
– Eu não faço ideia da onde ela pode estar. – Keanu comentou.
– Acho que você sabe sim, filho. Vocês eram muito ligados um ao outro, saíam sempre juntos.
Keanu entregou o celular para Olivia e caminhou até a cozinha. Com um copo de água na mão, ele ficou pensando nos lugares que iam juntos. Foi então que ele teve um estalo. Subiu correndo, pegou seu violão e entrou no carro, deixando todos sem entender. Seriam horas de estrada para ele, como foi para mas, para Reeves, podia ser uma eternidade pensando nas palavras para lhe fazer pensar diferente.



Era manhã, bem cedinho. O galo já havia cantado e podia sentir o cheiro do café vindo da cozinha. Eu me levantei, troquei de roupa e fiz minha higiene pessoal. Estava melhor que no dia anterior. Parcialmente, os sintomas da minha ansiedade não estavam tão visíveis.
Quando eu entrei na cozinha, não esperava uma mesa toda arrumada, com um buquê em cima dela. Keanu estava sentado na cadeira de madeira não envernizada.
– Eu achei que você não se lembraria daqui.
– Também, mas precisei lembrar muito que você estaria aqui, que seria aqui que você tentaria fugir de tudo.
– Eu não tentei, eu me afastei temporariamente.
– E deu certo?
– Um pouco. A ansiedade foi bem controlada.
– Me preocupei com isso. – Ele se levantou. – Amor, precisa ter calma. Eu sei que é muito fácil falar quando não é com a gente, mas você precisa. Tudo o que foi dito... Nada é verdade. Você é maravilhosa e perfeita no que faz, tanto pessoal quanto profissionalmente.
– Se fosse tão fácil assim... – Suspirei e soltei sua mão. – Tudo ficou em dúvida. Eu sabia que o casamento poderia ser um gatilho para a ansiedade, mas aquelas palavras foram para colocar tudo a perder.
– Como assim?
– E se elas estiverem certas? E se você só teve os se...
– Nem termine. – Ele me interrompeu, sério. – Posso ter demorado muito tempo para perceber que meu coração pertencia a você, mas nunca usaria uma mulher, principalmente você, para esquecer a Stacy. Você é o amor da minha vida, e fiz o seu pedido.
– Meu pedido? – Perguntei enquanto eu enxugava as lágrimas.
– É.
Sentou-se novamente na cadeira e fez um sinal para eu me sentar ao lado dele. Pude ver, pela minha visão periférica, meu tio, montado no cavalo e observando tudo de longe pela janela. Kino ajustou as cordas e me olhou com o sorriso mais doce. De início, ele apenas dedilhou algumas notas, mas logo a música sutil começou a ser cantada e tocada.
Eu precisei pegar um guardanapo para poder enxugar minhas lágrimas. Do começo ao fim, ele retratou toda a nossa história juntos, e ainda enalteceu a mulher autêntica que eu era. Nunca chorei tanto em minha vida.
– Tudo bem? – Ele ria, sabia que o choro não era de tristeza.
– Tudo ótimo, só caiu um cisco no meu olho. – Ríamos. – Eu preciso me desculpar pelos meus cinco minutos.
– Não precisa. Você só se recuou, melhor do que ficar lá e sofrer, porque sei que não ia conversar comigo, muito menos com seu pai. Há quanto tempo não sentia sua ansiedade assim?
– Ah, faz um bom tempo, mas está tudo certo agora.
– Quer casar mesmo?
– É bom você pensar direitinho. – Meu tio apareceu na cozinha. – Vim tomar meu café, ele chegou já arrumando tudo para te esperar e nem tomei meu café.
– Keanu. – Meu noivo riu.
– Desculpa, estava com pressa de acertar tudo.
– Tenho, mas acho que está tudo em cima da hora, não?
– Não se preocupe com isso, só tome seu café da manhã com seu tio e comigo que o resto se resolve.



Tudo estava já programado nos devaneios de Reeves. Tomamos o café da manhã, demos uma volta pela fazenda até chegar o momento onde uma equipe de maquiagem – a que trabalhava sempre comigo nos teatros – chegou, juntamente de alguns convidados, meus pais e minha sogra.
Nós nos arrumamos ali mesmo. Reeves ficou no quarto do meu tio, juntos com os homens. Eu, minha mãe, senhora Patricia, e as madrinhas ficamos no quarto onde passei a noite. Vestido bem posicionado no corpo, a maquiagem impecável e o cabelo também, o volume dos meus cachos bem definidos... Eu me despertava para a mulher que realmente era.
Saí com o buquê nas mãos com as flores do jardim da fazenda. A cara de Kino e os olhos brilhando juntamente com a mão da boa, escondendo o quão linda eu estava, foi de tirar leves risos. Ele também me surpreendeu com o terno todo branco – eu não tinha visto qual era quando fui buscar –, e o cabelo cortado só o deixou mais lindo.
– É de livre e espontânea vontade que você, , aceita se casar com Keanu?
– Sim.
– E você, Keanu, é de livre e espontânea vontade que aceita se casar com ?
– Sim. – Disse um pouco alto, tirando burburinhos de risos dos convidados.
– Então é com muito amor que anuncio que, a partir de agora, vocês são marido e mulher. Pode beijar a noiva.
O beijo mais feliz da minha vida selava um momento e iniciava uma grande história.
As palavras das fãs poderiam me machucar – mesmo que não fosse a intenção de algumas. A costa oeste podia ter Keanu Reeves, mas nada nunca substituiria meu lugar na vida dele, e a mulher maravilhosa e independente que eu sempre fui.
Claro, o salão e tudo que foi reservado para o casamento foi pago. Eles só não tiverem a nossa presença e dos convidados. E a festa na fazenda foi a melhor que eu já pude ter em toda a minha vida.


Coming soon: Paris...



Nota da autora: "Oi amores, chegamos ao fim da trilogia do Keanu Reeves, foram três fics só com esse homem. Não sei se irei trazer mais fics com ele, pode ser que sim pode ser que não hehe.
Bom, espero que tenham gostado, as outras partes está aqui embaixo, e para aquelas que sempre queriam fic com Keanu, espero muito ter suprido a vontade de vocês.
Parte I - http://fanficobsession.com.br/ficstape/13tomorrownevercame.html
Parte II - http://fanficobsession.com.br/ficstape/13rollercoaster.html
Realmente espero que tenham gostado da fanfic ❤
“Comentem o que acharam, obrigada pelo seu gostei, e nos vemos no próximo capítulo” – Alanzoka. ❤"



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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