Prólogo
Era trinta de agosto o dia em que e nasceram, na mesma manhã nublada de domingo, em extremos opostos de São Paulo. Seus destinos foram traçados naquele instante e seriam implacáveis - não havia como fugir do que havia sido orquestrado pelo Universo. Porém, assim como era implacável, o destino também era imprevisível: eles dois já estiveram juntos no mesmo trem da linha amarela, já se esbarraram em um bloco de carnaval na Faria Lima e já tocaram no mesmo livro exposto na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, porém o destino só os uniu depois de dezenove anos, em plena estação Sé do metrô.
Parte 1
folheava As Regras do Método Sociológico sem ler sequer uma palavra. A garota não sabia ao certo o que fazia na Sé bem na hora do rush, mas a ideia de estar sozinha na estação mais movimentada do metrô lhe parecia muito boa. Do local onde estava, a frente das catracas, podia ver a Catedral à sua direita e dezenas de pessoas que entravam e saíam da estação à esquerda, mas o principal foco de sua atenção era um rapaz sentado no chão. Ele olhava o celular a todo momento, como se esperasse algo e sua expressão era um misto de ansiedade e preocupação. Era bem fácil para desvendar o que acontecia ali: ele esperava por alguém que não viria mais. Ela sentiu curiosidade – quem ele esperava? O que havia impedido essa pessoa de chegar? Quais eram os planos do garoto para aquela tarde de sexta? Provavelmente nenhum deles envolvia levar um bolo.
olhou o WhatsApp pela milésima vez em menos de uma hora. Apesar de ser um cara meio chegado em hipérboles, com certeza esse não era um caso do seu usual exagero. Luísa, a garota do Tinder, havia combinado de encontrá-lo as três da tarde nas catracas da Estação Sé e até agora não chegara. As mensagens de não estavam sendo recebidas e ela não estava online desde o meio dia. Doía admitir, mas ele havia sido iludido mais uma vez. Novamente, ele olhou esperançoso para a nova leva de pessoas que saíam da estação, porém nenhuma delas era quem ele esperava – isso fez com que ele se sentisse o mais humilhado dos paulistanos. Era óbvio que havia levado um bolo! Todo mundo ali sabia – inclusive a moça que fingia ler Durkheim. Ela olhava diretamente para ele, dando à a plena certeza de que sua derrota era nítida para qualquer um que o visse. Para disfarçar, ele lentamente levantou a mão e acenou, sorrindo como se dissesse "fazer o quê, né?". Para sua surpresa, a garota retribuiu o gesto. É importante ressaltar que nunca foi o tipo de cara que chega em garotas desconhecidas em estações do metrô, mas naquele momento foi como se seu corpo e sua mente não estivessem em sincronia. Ele se levantou, pegando a mochila do chão e indo em direção ao banco em que a jovem estava sentada. Ela não fez que ia sair – era como se estivesse esperando que o rapaz tomasse aquela atitude. Por um momento de ilusão, passou pela cabeça de que ela poderia ser Luísa o tempo todo.
— Você não é a Luísa, é? — Perguntou ele, com um tom engraçado. riu e fechou o livro, virando-se para o rapaz. Perto demais para dois alguéns que não se conhecem, mas ela nunca foi o tipo de pessoa que segue imposições e ele igualmente não pareceu se importar.
— Não, não sou a Luísa. Nem conheço nenhuma Luísa. — Respondeu ela, levemente agitada. Era como se esperasse por aquele momento há tempos, mesmo não tendo ideia da existência daquele cara. Ela havia consultado o Tarô Online e as cartas disseram que ela conheceria o amor da sua vida, mas isso nem poderia ser levado em consideração, afinal, não havia sequer uma cartomante impostora: era apenas um site na internet, criado para enganar idiotas.
— Certo, então eu realmente levei um bolo no meu primeiro encontro pós-término. — Concluiu ele, sorrindo como se contasse uma piada. riu. — Sou .
— — respondeu ela, ainda com aquela agitação estranha. Ela sentia uma vontade louca de chegar mais perto e de tocá-lo, mas aquilo era absurdo. Ela nem o conhecia!
— Então, , por que você está fingindo ler Durkheim numa estação de metrô? — Perguntou ele, olhando para a garota com interesse na resposta. Ela estava ali há tempos, folheando o livro inquieta, olhando tudo ao redor. Observando-o.
— Para ser sincera, eu não sei. Eu só saí da minha aula e senti uma vontade louca de vir para cá. Como se o Universo me puxasse para a Sé, plena sexta a tarde. E sobre a leitura... Bem, preciso ler isso para fazer um trabalho, mas sou especialista em procrastinar, então decidi criar histórias na minha cabeça sobre você em vez de ler o que Durkheim tem para dizer.
observou o rapaz enquanto falava, como se quisesse guardar todos aqueles detalhes em sua mente. Seu cabelo castanho era cacheado, sua pele tinha cor de bronze de verão. Seus olhos por trás dos óculos eram pequenos e ele tinha um pouquinho de barba. Ele vestia uma camisa social com estampa floral, jeans e All Star vermelho de cano alto, o cabelo estava jogado para o lado. Ele parecia ter se dedicado para encontrar a tal Luísa e perceber isso fez com que sentisse um aperto no peito. Mesmo que não conhecesse , mesmo que não tivesse ideia do que havia levado a moça a desistir.
— Admito que fiquei curioso para saber o que você imaginou a meu respeito — respondeu ele, passando os dedos entre os cachos e os arrumando para o lado. — Mas não foi nada grandioso, não. Conheci ela no Tinder, conversamos por umas duas semanas e eu a chamei para tomarmos um café. Nem preciso falar o resto, né?
— Bem, no seu lugar eu desinstalaria esse aplicativo e bloquearia essa garota. Ou talvez só bloquearia ela, não sei. É meio difícil lidar com essas coisas, ainda mais quando sempre surge alguém do bueiro mais próximo citando o amor líquido de Bauman e culpando a modernidade pela babaquice alheia.
não parecia uma personagem de filme indie. O cabelo dela era meio acobreado nas pontas, ela usava óculos redondos e vestia roupas pretas, exceto pela jaqueta jeans. Ela tinha os dentes ligeiramente tortos e estalava os dedos enquanto falava.
— Você falou com um certo desdém. Eu sei, Tinder não é a opção mais descolada, mas eu não tenho tempo de ter vida social e nem possuo os atributos necessários para flertar pessoalmente. — sorriu. Estava curioso em saber sobre a vida daquela garota. Ele não era um cara muito apegado à religiões – sequer tinha uma –, mas gostava de ver certas coisas como sinais. Na maioria do tempo, quebrava a cara – no entanto, isso nunca o assustou.
— Uau, então você é ocupado assim? — Respondeu , com deboche nítido em seu tom. Ela riu e ele riu também, ambos sabendo que não houvera maldade ali, só sendo . Era louco pensar isso, mas " ser " não era mistério para : era como se ele soubesse que era assim, mesmo que nunca a tivesse conhecido antes.
— É, sou bem ocupado. Estou no primeiro período de Engenharia Mecânica e já quero morrer — explicou ele.
— É o que eu sempre digo: ninguém é feliz estudando números. É por isso que estou lendo esse livrinho aqui — ela indicou As Regras do Método Sociológico em seu colo.
— Realmente, ninguém é feliz estudando números. Por isso quero trocar de curso. Ir para as humanas, estudar Direito.
— Cê tá brincando? Eu também quero trocar de curso! Curso Jornalismo, mas odeio comunicação! Quero ir pra Ciências Sociais.
— E o que te impede de sair? — Perguntou , ansiando por contar o que o impedia. Ele não havia falado sobre isso nem com a irmã, mas parecia ser a pessoa ideal para expor todos os seus segredos, como uma cidade derruba os muros e mostra a realidade.
— Sou uma puta de uma covarde e a droga do capitalismo me faz pensar sobre dinheiro mais do que eu deveria. E o que te impede de ir pro Direito? Ainda faz parte da Santíssima Trindade dos Cursos Superiores para 9 a cada 10 pais consultados.
— Sou um puta de um covarde e não sei se consigo passar na Fuvest de novo — explicou ele. — Não sou de São Paulo, então meus pais estão me bancando aqui com o maior prazer, já que consegui entrar na Poli*.
— Meu, cê conseguiu entrar na Poli? É óbvio que passa pra Direito. E com certeza seus pais vão aceitar.
falou com tanta certeza que quase concordou. Ele sorriu pra ela como se agradecesse por aquilo. Ela retribuiu o sorriso, sabendo do que se tratava. Por alguns minutos, nada mais foi dito e os ruídos do Centro de São Paulo eram os únicos sons no plano de fundo daquele encontro armado pelo destino. não sabia porquê, mas seu coração estava acelerado. não entendia como, mas sentia que conhecia aquela garota. Naquele instante, ele quis muito ser o tipo de cara que pede o telefone ou que ela fosse esse tipo de garota, mas algo o travava. Por mais que parecesse o certo, não era muito de seguir seus instintos, já que esses normalmente o levavam a ter o coração partido. Ele precisava pensar em algo, já que em breve precisaria estar na Rodoviária do Tietê para pegar o ônibus cujo destino era Bauru, sua cidade natal.
— Qual linha do metrô você vai pegar? — Perguntou ele, tentando não parecer um stalker.
— Irei até a Luz e lá pego a Linha Amarela, por quê? — Respondeu ela, com um tom cansado. — Eu odeio a Linha Amarela, sabia?
— Eu acho a Linha Amarela bem legal, na verdade. Talvez porque sou um caipira na cidade grande. E é exatamente por isso: logo terei que ir embora, já que comprei uma passagem para ir pra casa dos meus pais esse final de semana e não posso perder o ônibus, mas não queria parar de conversar com você.
sorriu e não respondeu, já que não confiava em galanteios masculinos. Todos eram muito fofos a princípio e depois, do nada, começavam a agir estranhamente. Nesse conto ela não caía mais.
— Onde seus pais moram? Não é muito cansativo ir no final de semana? — Perguntou , desviando do assunto. Pegar um trem da CPTM já lhe parecia cansativo demais.
— Moram em Bauru, e sim, é meio cansativo, mas não tenho o que ficar fazendo aqui. O cara com quem divido o apartamento traz uma garota diferente a cada final de semana e é meio desagradável saber que estou sendo meio que empata-foda. Mesmo que minha presença não os impeça, ainda sinto que é meio complicado pra ele.
— Ah, é pra isso que você baixou o Tinder, então? — Perguntou , rindo. Como uma garota que não é muito do tipo de ficar por ficar, ela entendia esses momentos de desespero onde tudo o que se é necessário é uma boca para se beijar. Principalmente quando se é a única solteira do círculo social.
— Não foi o que eu quis dizer — respondeu, meio sem graça. — Meu curso além de majoritariamente composto por caras, é integral... Não tenho como ter contato com garotas legais...
— Eu estava brincando, moço. — riu e a acompanhou. De repente, ao olhar no celular, o rapaz constatou duas coisas:
A) Em vinte minutos precisaria estar na rodoviária
B) Luísa havia o bloqueado no WhatsApp
Ele riu do próprio infortúnio e deixou levemente confusa. Era normal que aquele tipo de coisa acontecesse – garotas que deixavam de responder do nada, que voltavam com o ex, que ficavam frias num piscar de olhos. Luísa não era a primeira e certamente não seria a última, porém ainda assim ele se sentia um pouco perdido a cada vez que aquilo acontecia. Ele já era quase acostumado com a dor, porém aqueles microssegundos de felicidade que sentia ao acreditar que tinha encontrado A Garota Ideal faziam com que a dor do término de algo que nunca realmente começou fosse ainda mais intensa.
— Bem, eu preciso ir — ele disse, meio sem graça. prontamente levantou e os dois seguiram para as catracas. passou seu cartão e inseriu o bilhete. Eles não sabiam andar ao lado um do outro e estavam meio atrapalhados. Desceram todas as escadas necessárias. Dois trens sentido Tucuruvi passaram antes que eles conseguissem chegar perto da plataforma de embarque. Naqueles instantes, ficaram calados, as vezes sorrindo um pro outro. Quando o trem finalmente chegou, eles se acomodaram num canto – perto o bastante para que algumas partes de seus corpos se encostassem involuntariamente, mas numa distância segura para que não houvesse contato demais. A distância média que tentamos manter dos desconhecidos num vagão de trem.
— Quanto tempo leva daqui para Bauru? — Perguntou ela.
Próxima estação: São Bento / Next station: São Bento. Desembarque pelo lado esquerdo do trem.
— Eu nunca passei a viagem toda acordado, pra ser sincero. Mas deve ser umas cinco horas, por aí. Dependendo do motorista.
queria saber o sobrenome dele ou qualquer coisa que a ajudasse a procurá-lo online. Sua estação era a próxima e ela não sabia o que fazer. O trem voltou a correr e parecia alarmado também.
— Vou descer agora — informou ela, baixinho.
Próxima estação: Luz / Next station: Luz
Eles mantiveram-se calados, ambos sem coragem de demonstrar que queriam manter aquele contato. tinha a sensação de olhar para com desespero no olhar. Já ele, apertava a barra de ferro onde se segurava com todas as suas forças, como se aquilo fosse o impedir de falar qualquer besteira.
O trem diminuiu a velocidade. posicionou-se atrás dos demais que desceriam. O trem parou.
— Me liga, . 9857... — Porém, antes que terminasse, foi empurrada para fora do trem. Ela não conseguia vê-lo para descobrir o resto do telefone. As portas se fecharam. O trem partiu, e também.
*Poli é a Escola Politécnica da USP.
Parte 2
Durante um mês, envolveu-se com outro cara, mas não conseguiu manter, por mais que Felipe (ou seria Fernando?) fosse bem legal. Ela também havia largado a faculdade e estudava novamente para os vestibulares. questionava se estava feliz. Se havia conseguido tempo para conhecer garotas legais. Se continuava no Tinder e se nunca a acharia no aplicativo. Por duas vezes, ela teve vontade de ir até a Cidade Universitária e só sair de lá quando o encontrasse, mas nunca teve coragem. Agora, se amaldiçoava por não ter acreditado no Tarô Online: talvez fosse mesmo o amor de sua vida e graças a seu medo de ter o coração partido, ela o havia perdido para sempre.
O que não sabia é que por mais que suas ações influenciassem sim no destino, o que estava escrito ainda era implacável. mudara os meios, mas o fim ainda era certo. Ela só havia dificultado um pouco.
Seguindo conselhos de uma garota que podia ou não ser real, largou a faculdade e voltou para Bauru. Fora recebido com olhares de desaprovação dos pais, mas logo as expectativas de ter um advogado na família ultrapassaram tudo. Ele não tinha mais tempo para pensar em nada além de obras obrigatórias da Fuvest, redações e aulas extras no cursinho pré-vestibular, mas quando se dava ao luxo de procrastinar, perdia alguns minutos imaginando . Não era possível que algo tão improvável acontecesse sem um maior propósito. Não era possível que ela só tivesse aparecido para lhe dar uma resposta sobre o dilema que o torturava. Não podia ser.
não sabia porque sentia aquilo, mas não se deixou perder as esperanças. Algo lhe dizia que sua história com não estava encerrada, então ele deixou que o destino o surpreendesse novamente.
Parte 3
Quando teve coragem de abrir a lista de aprovados da Fuvest, o primeiro que procurou foi . Haviam mais de três, e ela não sabia se algum deles era o que procurava há meses. Ela tirou um print da tela. Depois disso, após dias de ansiedade, finalmente viu seu nome ali. Havia sido convocada na primeira lista para cursar Ciências Sociais. Ela gritou e pulou, despertando a atenção de Pablo – seu cachorro – e de sua mãe. não pode acreditar, seu coração batia disparado – ela não dormiria naquela noite.
Antes de qualquer coisa, pegou seu notebook e entrou no Facebook. Digitou o nome e sobrenome de todos os da lista, mas nenhum era o seu. Por mais que estivesse feliz como jamais estivera antes, sentiu vontade de chorar. Esperava que estivesse na lista de convocados da Fuvest, só assim ela o acharia. Agora, agarrou-se na última esperança: que ele jamais tivesse deixado São Paulo. Ela ansiou pelo momento em que começasse a estudar na Cidade Universitária.
não estava na lista de convocados. Quando viu sete caras com nome igual ao seu ali, se arrependeu de ter saído da faculdade. Agora não estava nem em Direito e nem em Engenharia. Seu esforço tinha sido em vão. Tinha seguido o conselho de uma desconhecida e se deu mal. Nada novo na vida do rapaz. No entanto, aquela lista lhe deu uma ideia. O primeiro nome que procurara ali havia sido . Havia uma boa porção delas, mas ele precisava de algo para se distrair. Precisava achar aquela garota, nem que para culpá-la por sua desgraça.
Oito tentativas depois, uma com cabelo curto e com mechas cor-de-rosa – diferente do longo cabelo acobreado – sorria na tela do celular de . , cuja capa do Facebook era uma foto de uma estante de livros, cujo perfil não era atualizado desde julho do último ano, que recebia congratulações dos parentes por ter entrado na Universidade de São Paulo. hesitou antes de mandar a solicitação de amizade, que em menos de cinco segundos foi aceita. Por dois minutos ele esperou que ela dissesse algo – e então falou.
Parabéns! Ciências Sociais mesmo?
Ah, eu não acredito! Eu estava usando a lista para te procurar também.
Sorte a sua que vc passou, se não, jamais nos reencontraríamos.
Sim! Ah, estou tão feliz.
Eu imagino. Estou feliz de ter te encontrado.
Eu tbm! Estudaremos no mesmo campus, certo?
Na verdade, não. Eu saí da Poli, e não passei para Direito
Ainda haverá outras listas. Cê vai passar, tenho certeza!
Bem, eu espero. Só assim eu poderia te chamar para sair.
Sim, você totalmente poderia me chamar para sair.
Parte 4
— Tá esperando alguém? — Questionou ela, sorrindo.
— Você sempre aparece quando eu espero alguém — disse ele. Em circunstâncias normais, jamais continuaria aquela frase, mas aquela não era uma circunstância comum. — Estou começando a achar que é você quem eu espero.
— Cê sempre diz esse tipo de coisa para as garotas? Por que se a resposta for sim, eu saberei porque você levou o bolo que fez com que a gente se conhecesse.
— Na verdade, eu nunca digo e elas fogem mesmo assim.
— Eu não vou pra lugar nenhum — disse , sorrindo. Eles fizeram seus pedidos e enquanto aguardavam, falava suas primeiras impressões da faculdade e ele contava sobre o curso de Direito. Havia sido chamado na segunda lista de convocados e fora a primeira a saber. Desde que haviam se encontrado online, não deixaram de conversar por um instante: admitiu que se arrependera de não ter passado o número antes, mas para estava tudo bem. Segundo ele, tudo havia acontecido como devia acontecer. desejou ser calma daquele jeito, mas era impossível. — Eu achei que nunca mais ia te encontrar. Cara, eu cheguei a pensar que tinha te inventado, não era possível.
— Meu melhor amigo achava que você era uma invenção até o dia que te achei no Facebook.
— Até o Tinder eu baixei tentando te encontrar. Pensei em interrogar cada aluno da USP para te encontrar, mas sei lá, não quis parecer maluca.
— Eu não tinha nada além do seu nome, então só pude contar com o Universo.
— Eu não sou muito de acreditar nessas paradas de Universo, sabe? Mas desde que te conheci comecei a achar que nada é por acaso. Quer dizer, a gente se encontrou super aleatoriamente, trocamos conselhos e mudamos de vida em meses. Assim que a gente conseguiu seguir nossos sonhos, nos reencontramos. Chega a ser inacreditável.
As bebidas chegaram e observava enquanto bebia seu chá gelado. Na sua orelha agora havia uma mini argola prateada. Se ela fizesse um compilado de todos os caras que idealizou durante sua adolescência, seria o resultado final. Era difícil ser cética quando tudo dava a entender quer aquele encontro era armação do destino. Era difícil acreditar em todos aqueles sinais depois de ter seu coração partido por tantas vezes. Era difícil se permitir viver tais sentimentos quando tudo o que se vê é o tal do amor líquido sendo amaldiçoado aos quatro ventos.
— No que você tá pensando, ? — Perguntou , segurando a mão da moça. Ela sentiu sua pele arrepiar com o toque e sorriu. Ele estava ali, ao lado dela e todas as possibilidades se estendiam sob seus pés.
— Eu tô pensando no quanto tudo isso é louco e no quanto eu não me importo... Não sei se tô sendo precipitada, não sei se foi escrito nas estrelas, não sei se voltei a ser uma adolescente que acredita em horóscopo, mas a verdade, , é que eu quero que isso aconteça.
— Já está acontecendo — respondeu ele, num sussurro. agradeceu o fato de estarem numa mesa meio escondida, pois só assim teve coragem de aproximar-se e fazer o que há meses desejava. Ela se aproximou lentamente, seus lábios se tocando gentilmente. Tinha gosto de chá gelado e suco de laranja, mas não importava. Eles se beijaram com tanta calma que poderiam acabar com toda a teoria de Bauman sobre o amor na pós-modernidade. Eles se beijaram com tanto afeto que finalmente entenderam que o que havia juntado eles não era nada menos que o destino. Eles se beijaram e mostraram que Criolo estava errado e que há sim amor em SP. Eles eram vítimas do destino. Eles foram vítimas do amor. E não temeram.
FIM!
Nota da autora: Escrever essa história foi algo complicado. Quando eu entrei nesse ficstape maravilhoso da minha miga/beta eu tinha uma ideia completamente diferente do que ia escrever, mas aí aconteceram coisas e coisas e eu entendi que precisava escrever sobre isso. Tenho uma grande tendência a escrever me inspirando em coisas que aconteceram comigo, e com Casualty of Love não foi diferente. Essa história é meu jeitinho de agradecer por momentos em que fui muito, muito feliz. Talvez a pessoa que me inspirou jamais leia isso aqui, mas é assim que eternizo os momentos que passamos juntos. Com palavras. A história real não foi bem assim, mas houve uma conversa em plena estação Sé numa sexta a tarde, houveram os conselhos. Eu não sei se ele algum dia voltara à minha vida, prefiro deixar que o destino me surpreenda. Escrever essa história foi especial e me fez ter esperança. Espero que toque vocês assim como tocou a mim. Beijo, Dudss.
Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.