FFOBS - 05. God is a Woman, por Lefebvre

Finalizada em: 31/08/2019

Capítulo Único

- , eu não aguento mais! Por quanto tempo você irá ficar sem me contar o que rolou quando você e se conheceram? - Disse Erin, praticamente implorando, o que me fez rir.
- É que a nossa relação tem muitos altos, eu não sei se você está preparada.
- Aí minha deusa, eu estou mais do que preparada. Eu PRECISO saber disso, com detalhes.
- Até os sórdidos? - Perguntei encarando-a. E seu sorriso animado duplicou.
- Principalmente os sórdidos! - Ela se deitou em sua cama e ficou me encarando, como uma criança esperando sua historinha preferida. Balancei a cabeça em negação e ri sozinha, Erin era muito engraçada.
- Depois não venha com o papo de 'informação demais' que foi você quem pediu todos os detalhes.
- Tá bom, tá bom. Só, me conta, T-U-D-O!
Me arrumei na cama, apoiando-me nos cotovelos para poder olhar para o teto branco do quarto em que estávamos confinadas nesta noite.
Eu lembrava exatamente cada detalhe dos quatro meses que e eu havíamos passados juntos há 6 anos atrás e, eu tinha certeza que essa memória ainda estava viva para ele também.
- Eu sabia que ia ter um pequeno festival de música em Denver e eu estava com muita vontade de ir. Soube na escola que uns conhecidos iam e, como a minha vida em casa estava um caos devido ao processo de separação dos meus pais, vi essa pequena viagem como um jeito de não ter que passar mais um final de semana naquela zona de combate entre eles. Então, embarquei nessa aventura com o pessoal que estudava comigo.
Chegamos lá por volta das nove da noite, o evento já tinha começado e a fila para entrar estava enorme. Eu nem sabia que esse estilo musical fazia tanto sucesso até estar na capital. Ouvi um pessoal na fila conversando sobre a banda que faria o show principal, eles tinham lançado uma música que havia virado hit e aparentemente eram meio famosinhos. Eu não fazia ideia de quem se tratava, mas, estava curiosa. Demoramos uma hora pra entrar. Eu e os garotos havíamos combinado que nos encontraríamos em frente ao carro assim que o show acabasse, para não nos perdermos.
Assim que entrei, fui direto para o bar e pedi uma cerveja. Felizmente, ninguém estava preocupado com idade e documentos naquele lugar. A casa de shows era um ovo, chamar aquele evento de festival era muita petulância. Depois da terceira cerveja, fui o mais próximo do palco que consegui. E, foi quando eu prestei a devida atenção no que acontecia no palco que eu o vi pela primeira vez. Ele estava tocando guitarra e cantando uma música que eu não conhecia. Vestia uma camisa do Blink 182 surrada e uma camisa xadrez amarela por cima. Seus cabelos castanhos eram compridos e seus cachos estavam presos com uma bandana que tinham o efeito de uma faixa para que não lhe tampassem os olhos. E, quando olhei para seus olhos, vi que sua atenção estava em mim. Eu sabia disso porque eu pisquei para ele e ele retribuiu em seguida, o que me fez rir sozinha no meio do show. Passamos todo o resto do show nessa de trocar olhares e sorrisinhos. Sua voz era maravilhosa e ele era lindo demais. Céus, suado, cantando daquele jeito, tocando aquela guitarra. Eu queria subir no palco e pular em seus braços. Mas, permaneci civilizada.
A banda tocou mais 7 músicas, incluindo um cover de Blink, que era a única que eu conhecia. Quando o show acabou, um DJ começou a tocar e a casa deu uma esvaziada, os meninos não queriam ir embora ainda então, voltei para o bar.
Duas cervejas depois, um segurança da casa me chamou e pediu para que eu lhe acompanhasse. Meu coração parou na hora. Já estava imaginando o pior, eu, menor de idade, sendo levada pela polícia para casa. Ai que o inferno seria instaurado de uma vez entre meus pais. Fui levada até uma sala atrás do palco onde algumas pessoas estavam conversando e bebendo. Pensei que deveria ser um after e eu era uma das escolhidas. Já havia ouvido algumas histórias assim. Então, tratei de me enturmar e foi ali que conheci Alicia, a melhor amiga de . Ela tinha os cabelos cor de rosa e algumas tatuagens nos braços. Vestia um vestido bem justo em vinil preto e nos pés, coturnos também pretos. Linda. Não lembro nem sobre o que conversamos, dez minutos depois já estávamos em algum canto da sala nos beijando. Seus cabelos eram tão macios e tinham um cheiro tão bom, ela era sensacional. Estávamos num amasso muito gostoso. Quando fomos interrompidas pelo cantor, totalmente chocado.
- Alicia, eu não sabia que você conhecia a minha convidada. - Ele disse divertindo-se com a situação. Ela me soltou assim que o ouviu.
- Eu não sabia que havia assinado um contato de exclusividade com você. - Ela disse, provocando o rapaz.
- ? - Ele repetiu o meu nome sorrindo e me encarou.
- Então, você é o motivo pelo qual estou aqui. - Disse enquanto terminava de limpar o batom vermelho de Alicia de meus lábios olhando meu reflexo no celular. Pude notar de soslaio, o sorriso que brotou em seu rosto. Alicia deu uma tosse forçada, fazendo com que lembrasse que ela estava ali.
- Ah, me desculpa. Vocês podem continuar o que estavam fazendo. Podemos conversar depois.
- Não precisa, continuamos depois. irá conosco para a festa na sua casa.
- Vai?
- Vou?
Perguntamos ao mesmo tempo. O que nos fez rir.
- Se você não tiver compromisso é claro. - Ela disse acariciando meu rosto.
- Claro que não. Eu só preciso avisar os meus amigos.
- Pode trazê-los também. Há espaço para todo mundo. - Ela sorriu e selou nossos lábios, puxando o meu inferior enquanto separava nossas bocas. Sorri e concordei com a cabeça. Peguei meu celular em seguida para mandar uma mensagem para eles pedindo que viessem até essa sala, que quando chegassem na porta era para falarem que eram convidados da Alicia, se deixasse para fazer isso depois, com certeza esqueceria.
- Alicia está bem a fim de você. - Ele disse encostando na parede do meu lado.
- Ela é maravilhosa. - Guardei meu celular no bolso de trás da calça e o observei. Era mais bonito ainda de perto.
- Sim, ela é. Te garanto que ela lhe proporcionará uma noite inesquecível. - Ele piscou, me fazendo sorrir. Eu estava agradecendo as deusas mentalmente por terem me feito bissexual. Pois, aqueles dois eram o verdadeiro significado de tanto faz.
- Já está sendo, desde o momento que lhe vi naquele palco. - Mordi meu lábio inferior.
- Bom, não sei se isso é realmente verdade. Percebi que não conhecia as músicas da banda, então como pode dizer que gostou do que viu?
- Confesso que não conhecia mesmo. - Ele riu assim que me entreguei. - Entretanto, mesmo sem conhecer as músicas, eu não consegui tirar os olhos do vocalista da banda.
- Não diga isso. - Ele murmurou, acariciando meu rosto assim como Alicia havia feito instantes atrás. - Minha amiga não ficará nem um pouco contente.
- Eu não sabia que tinha assinado um contrato de exclusividade com ela. - Repeti as palavras da colorida, fazendo-o sorrir.
- . - Ele estendeu a mão em minha direção.
- Prazer . - Apertei a sua mão. - Espero que esteja ao meu dispor. - Falei e ele gargalhou.
- Totalmente.
🌻🌻🌻

Sua casa era uma típica casa americana com cercas brancas. Dois andares, com um quintal bacana e uma piscina na parte de trás.
Além do pessoal da banda, Alicia e nós - eu e meus 3 colegas - havia mais umas 6 ou 7 pessoas. A festa era uma pequena confraternização na verdade que estava acontecendo na casa da piscina. Lá tinha uma mesa de sinuca e um pebolim, além de um bar com todo o tipo de bebida possível e dois galões de chopp. Eles estavam muito equipados.
- quer te comer. - Sussurrou Alicia em meu ouvido me fazendo gargalhar.
- Eu sei. Acho que quer desde que me viu na plateia.
- Bem possível. Por isso te convidou para os bastidores. Ele é um cara legal, você não vai se arrepender.
- Então é comum vocês dividirem as meninas? - Perguntei curiosa com a amizade dos dois.
- Não tanto quanto você imagina. não é tão conquistador quanto você imagina.
- Eu não imagino nada. - Disse fazendo-a rir.
- Eu normalmente pego mais meninas da plateia do que ele. - Se gabou.
- Não duvido. - Não duvidava mesmo, ela era muito bonita.
- Bom, nós temos alguns negócios para resolver. - Ela passou a língua entre os lábios e sorriu.
- Estou a sua disposição. - Falei antes de virar o resto do chopp que estava em meu copo. Alicia sorriu e se sentou em meu colo, com uma perna em cada lado do meu corpo e me beijou.
Ela era a definição de pecado em pessoa. Seu corpo estava perfeitamente desenhado com aquele vestido. Sua pele era macia e ela tinha um cheiro tão doce que eu estava morrendo de vontade de lamber para saber se tinha o mesmo gosto. As deusas haviam feito ela com o intuito de deixar qualquer um louco. E, eu não estava muito longe disso.
Quando o clima já tinha passado de quente para insuportável, ela me pegou pela mão, falou alguma coisa no ouvido de que me encarou e sorriu e, me puxou em direção da casa grande.
- Não está me levando para o quarto do , né?
- Se eu estiver fará alguma diferença? - Não. Só que, seria estranho. - Confessei.
- Eu sei. Relaxa, me aproveita. E não, não iremos para o quarto do .

🌻🌻🌻

Quando voltamos para a festa todos já estavam levemente alterados. Meus olhos imediatamente procuraram por . Eu havia acabado de foder com a melhor amiga dele, mas, era ele quem estava dominando meus pensamentos. Queria mais informações, mais interações, mais qualquer coisa que ele pudesse oferecer.
Ele estava jogando sinuca sem a camisa xadrez. Suas bochechas estavam ruborizadas, provavelmente por causa do álcool.
Meus colegas estavam muito distraídos conversando com pessoas que eu não conhecia e Alicia já estava conversando com outra moça. Ela definitivamente era uma conquistadora.
Sentei-me no mesmo sofá preto que tinha sentado mais cedo e fiquei bebendo enquanto observava o rapaz jogar.
Felizmente, eu já era forte para a bebida. E, quando bebia algo mais forte que chopp, sabia que tinha que intercalar com uma garrafa de água. Meu pai sempre me ensinou o que ele achou que eu precisava saber sobre como era a vida na rua, levando em conta que meu objetivo era ser uma cantora famosa e que essas pequenas coisas ajudariam bastante. Deixando claro que, minha mãe sempre foi contra. Tudo. Principalmente a carreira que eu já tinha escolhido. Sendo esse um dos motivos das brigas constantes dentro de nossa casa.
- Já se resolveu com a Alexia? - perguntou sentando-se no braço do sofá, com os pés em cima do assento de couro.
- Aham. Sem nenhuma pendência.
- Ótimo! Agora podemos nos conhecer. Prazer, meu nome é . - Disse esticando a mão para um cumprimento, como se não tivéssemos sido apresentados ainda. O que me fez rir.
- . - Segurei sua mão. - Isso não é um problema pra você?
- Isso o que? - Respondeu, confuso.
- Eu e Alexia.
- Vocês terem transado? - Perguntou e eu afirmei com a cabeça. - E por que seria? Temos o privilégio de sermos jovens no século 21, onde podemos ser e ter quem quisermos. Tem coisa melhor do que isso? A heterossexualidade e a monogamia ficaram no século passado, não existe mais rótulos, meu amor. - Ele sorriu.
- Espero que isso não seja um discurso de esquerdomacho desconstruídão, mas, que na prática não funciona.
gargalhou e meu corpo todo se arrepiou.
- Acho que se eu fosse um esquerdo, como que é mesmo?
- Esquerdomacho desconstruídão. - Ele gargalhou novamente.
- Isso! Esquerdomacho desconstruídão você saberia. Você parece ser o tipo de pessoa que sabe muito bem com quem está lidando. - Disse me fazendo rir.
- Bom, sim. Também sei quando tenho que lidar com um conquistador. Me diga, com quantos dessa sala você já dormiu?
- Seria mais fácil você perguntar com qual deles eu não dormi. - Direto.
Ele piscou e bebeu um gole seu chopp. - Tenho certeza que se estivesse em meu lugar não faria diferente. - Continuou.
- Não mudaria uma vírgula. - Ele gargalhou novamente.
- , não sei se acredita em destino. Mas, quando te vi no bar daquele muquifo, eu não sei, não sei explicar como e o que senti. - Acho que ele já está bêbado o suficiente, pensei, encarando-o confusa.
- Ei, não faça essa cara. Não pense que estou falando isso porque sou um esquerdomacho desconstruídão, esse termo é sensacional. - Riu sozinho. - Um esquerdomacho desconstruídão que só tá falando essas asneiras porque quer te comer. O que eu realmente quero dizer foi que eu senti alguma coisa, que eu não sei explicar, só sei que parecia certo. Foi algo muito louco, que eu nunca tinha sentido antes. E, quando você se aproximou do palco e cantou a única música que não era de nossa autoria, eu achei sensacional.
- Desculpa, mas eu realmente não conheço a banda. E, ouvi na fila que eram famosos.
- Na verdade, fomos. Banda de um hit só que traz nostalgia para a galera, sabe? Ainda dá pra fazer uma graninha. Estamos trabalhando para que essa maldição do 'único hit famoso' se quebre, mas tá difícil. , estávamos falando de sentimentos bons e você desconversou e começou falar do meu fracasso. Estou me sentindo ofendido.
- Oh, perdão. Não foi minha intenção. - Me desculpei e ele gargalhou.
- Tudo bem, eu entendo que conversar sobre a carreira falida de uma banda é interessante, mas pensei que poderíamos deixar isso para lá e conversamos sobre qualquer outra coisa que não me deprima.
- Talvez você possa me falar sobre essa camiseta surrada.
- Blink 182?
- Qual é a história dessa camiseta e qual a sua relação com ?
- Prepare-se para uma longa viagem, meu amor. - Disse escorregando no sofá para sentar-se ao meu lado.

🌻🌻🌻


Eu não faço ideia de que horas começamos a conversar, só sei que quando paramos para pensar o sol já estava alto. Tínhamos saído de perto do pessoal quando começou a ficar difícil conversar no meio da bagunça e passamos o resto do tempo sentados na beira da piscina. Vimos as estrelas, o dia amanhecer e o sol brilhar alto no céu. Mas, não havíamos nos dados conta do tempo.
Talvez porque nossa sintonia era tão inexplicável que nada ao nosso redor parecia importar. Esse sempre foi uma questão que pesou muito em nossa relação. Pro lado bom e pro ruim.
Bom, naquela altura do dia ele já sabia mais sobre meus pensamentos e sonhos do que qualquer outra pessoa e provavelmente, eu já tinha um pedaço dele que até então ele não tinha divido com ninguém.
Meus amigos, junto com os outros convidados já tinham ido embora. E, não tinha nem como reclamar, quando fomos olhar no relógio já havia passado das duas da tarde.
perguntou se eu queria sair para comer e eu neguei, não queria sair dali e ter que enfrentar o mundo real. Decidimos então vasculhar a cozinha e ver o que poderíamos comer.
Almoçamos macarrão com atum, enquanto falávamos sobre o papel da Madonna na cena pop e como ela quebrou muitos paradigmas e abriu as portas para que a próxima geração pudesse ter seu espaço. Além de um ótimo cozinheiro, sabia conversar sobre qualquer coisa. Da mais absurda, como memes de internet até sobre o desenvolvimento de inteligências artificiais. Mas, sua verdadeira paixão era a música, assim como era a minha. E, foi esse o assunto que nos prendeu.
Depois do almoço, teve que resolver alguma coisa referente ao show que fariam a noite em outro clube na cidade e pediu para que eu ficasse a vontade em sua casa, uma vez que ele tinha me convidado para ir assistir o show de mais tarde.
Peguei um carregador emprestado e mandei uma mensagem avisando meu pai que estava bem e que voltaria amanhã. Ele respondeu em seguida dizendo que estava tudo certo e que era para me cuidar. Meu pai era tudo pra mim. E, minha mãe também, mas de um jeito diferente. E toda essa situação e divórcio estava acabando comigo. Não queria ter que escolher um dos dois. Então, evitava estar na presença deles o máximo que podia. Porque sempre acabamos nesse assunto e eu não sabia o que responder.
A casa da piscina diferente do que eu pensei, estava organizada. Não tinha copos jogados e o piso não estava sujo. Deveriam ter limpado tudo antes de sair. Pelo o que eu havia conhecido do anfitrião, deveria ser uma condição para as festas continuarem acontecendo ali.
Com 22 anos, era o único da banda que morava sozinho, numa casa bacana. Isso porque havia herdado do avô. O dinheiro que haviam feito com o hit de sucesso tinha sido bom, mas não dava para comprar uma casa como aquelas. Então, John e Spencer, o baterista e o outro guitarrista, moravam juntos num apartamento no centro da cidade que, segundo era muito bonito. E Noah morava por escolha própria com a mãe médica num bairro de classe média alta não muito distante dali, aparentemente, não queria perder o conforto que ela lhe proporcionava.
havia herdado a casa do avô porque morava com ele e cuidou dele quando estava doente. Além do mais velho ser quem mais apoiava sua carreira como músico. Não tínhamos conversado sobre seus pais, talvez seja um assunto delicado e eu preferi não conversar sobre.

🌻🌻🌻


Depois do show de sábado fomos em uma lanchonete com Alicia, que eu descobri ter algum tipo de relacionamento com John, e os outros meninos da banda. Pude conhecê-los melhor e comecei a entender como a relação entre eles funcionava. Inclusive, a relação entre e Noah. Que era longa, porém bem resolvida. A banda só havia nascido porque, quando namorados, haviam dividido o sonho de ter uma banda. Criando então a coragem, juntos, de pôr em prática. Noah agora estava noivo de um rapaz chamado Theo, que era diretor de arte.
- E você ? O que podemos saber sobre você? Qual é o seu maior desejo? O que você pretende fazer da vida? - Perguntou Noah.
- Credo, Noah! Parece aquelas perguntas de almoços de família. - Alexia revirou os olhos e todos riram, inclusive eu.
- Bom, eu vou ser cantora. Esse é meu maior desejo e objetivo. Além de ser uma pauta muito discutida nos almoços da minha família.
- Cantora? - que estava sentado em minha frente perguntou, curioso.
- Sim. - Sorri.
- E como eu ainda não sabia disso?
- Ué, porque você não perguntou o que eu queria fazer da vida, apenas o que eu já fazia e eu lhe respondi que era dançarina.
- E eu achei que esse era o problema na sua casa. Sua carreira como dançarina.
- Não, isso seria a solução, na cabeça da minha mãe. Balé, Bolshoi, essas coisas que eu não tenho paciência.
- E o que você canta? - Perguntou Noah, curioso.
- Qualquer coisa. Sou muito versátil nesse quesito. - Disse, fazendo-os rir.
- É disso que estou falando! - Noah disse animado. - Está vendo ? Acho que você tem algumas coisas para aprender com a .
- Ninguém nessa banda me respeita mesmo. - murmurou.
- Cara, você tem que tentar outras coisas. Banda emo não vende mais. , fale pra ele que banda emo não vende mais. - Alicia falou.
- Banda emo não vende mais. - Disse olhando para ele, pedindo desculpas mentalmente.
- Está vendo, . Talvez te ensine alguma coisa. - Noah falou.
- Espero que ela me ensine muita coisa. - Ele passou a língua pelo lábio inferior e piscou para mim.
- Argh, arrumem um quarto. - Alicia resmungou, jogando uma batata em , o que fez todos rirem.

🌻🌻🌻


Quando estava perto de amanhecer, fomos para casa de . Combinamos que iríamos assistir um filme qualquer na Netflix e que depois do almoço ele me levaria de volta para Colorado Springs. Entretanto, chegamos em casa, tomamos banho e dormimos nos primeiros minutos do filme, no sofá.
Acordamos depois das três horas da tarde, dando tempo apenas de conversarmos sobre qualquer besteira e almoçar. O trajeto de Denver até Colorado Springs era mais ou menos duas horas e, para não ficar muito ruim para ele voltar, no final da tarde, decidimos que já era hora de eu voltar para casa.
No caminho, combinamos que na sexta feira ele iria me buscar para passar o final de semana em Denver novamente.

🌻🌻🌻


Durante a semana, conversamos o dia inteiro por mensagem. O dia inteiro mesmo. Desde as sete, a hora que eu acordava, até duas ou três da manhã. Dependendo do que ele estava fazendo. Sua banda também fazia algumas apresentações durante a semana, então, ficava acordado até tarde da noite. E, como eu acordava cedo, ele também acordava para podermos conversar por mais tempo.
Sexta feira, como prometido, ele veio me buscar e para passarmos mais um final de semana juntos.
Meus pais nunca foram de se importar onde e com quem eu estava desde que eu mandasse uma mensagem dizendo que estava bem e que sempre atendesse o telefone quando eles ligassem. Então, quando disse que ia passar outro final de semana em Denver com alguns amigos, eles não foram contra.
Na noite de sexta, fomos em uma formatura universitária, onde eles eram a atração principal. Ficamos até o dia amanhecer bebendo na conta dos contratantes. Sábado acordamos perto do meio dia e, à tarde, fomos no museu de arte da cidade. Segundo , deveríamos ter um encontro descente. O que para mim era uma perca de tempo, pois já estava preparadíssima para pularmos alguns degraus, direto para o quarto dele.
Depois do passeio no museu, voltamos para a casa dele para nos arrumarmos para o show num pub da capital. Quando o show acabou, fomos direto para a mesma lanchonete da semana anterior e ficamos lá até quase amanhecer novamente. Eu adorava os amigos de , muito. Inclusive, acreditava que um dia poderiam ser meus amigos. Entretanto, eu queria muito ficar sozinha com . Então, quando ele perguntou se eu queria ir embora, não pensei duas vezes em dizer que sim. Chegando em casa, eu visível que estava esgotado. Então, quando ele propôs assistir um filme na Netflix, eu não fui contra.
Domingo, ele me acordou com beijinhos no rosto. Como não havíamos tido nenhum tipo de contato físico mais íntimo até então, eu achei aquela demonstração de carinho maravilhosa. Ele havia acordado animado devido a um sonho em que cantávamos Fleetwood Mac e, ele queria torná-lo real. Já havíamos conversado sobre a minha futura carreira como cantora, mas nunca tínhamos parado para cantar juntos. Nossa relação era um tanto quanto engraçada pois, nitidamente queríamos transar e éramos cantores e, nunca tínhamos feito nada em relação a essas coisas até então.
Oh Daddy era minha música favorita da banda então, havia lhe sugerido ela assim que me contou sobre a cena. Mas, estava resmungando que apenas queria realizar a parte do sonho em que cantávamos juntos pois, segundo ele, Fleetwood Mac era muito mórbido para nosso primeiro dueto. Entretanto, escolheu Listen To Your Heart do Roxette que, para mim, era tão mórbido quanto. Mas, como ele ficou falando e falando e falando o quanto essa música era perfeita eu apenas concordei pois também gostava da dupla.
Fomos até o segundo andar da casa onde tinha uma sala que era usada como estúdio. La tinha vários violões, guitarras, baixos, uma bateria e um grande piano. Onde ele se sentou e começou imediatamente a tocar a intro da música. Sentei-me do seu lado, só que com as pernas viradas para o lado de fora do banco, fazendo com que ficássemos do lado contrário um do outro. Cantei toda a primeira parte sozinha, um pouco tímida, sem saber o porquê uma vez que já tinha cantado várias vezes para ele. entrou no início da segunda parte e, na segunda estrofe piscou para que eu cantasse com ele. E, ali, olhando em seus olhos, tudo sumiu, absolutamente tudo. Só existia ele, aquele piano e aquela música. Nós juntos, no nosso primeiro dueto. E, foi sensacional. Foi a primeira vez que me senti uma cantora ou uma perfomer ou uma artista, não sei explicar, de verdade. causava um reboliço de sentimentos inexplicáveis dentro de mim e eu estava amando cada sensação. Passamos a tarde cantando juntos e, quando o dia começou a escurecer, ele me levou para casa com a promessa de que na próxima semana nos encontraríamos novamente.
E, eu passei a semana toda esperando por sexta feira e como demorou. Parecia que chegaria o Natal, mas não o dia de vê-lo novamente. As ligações por telefone e pelo Skype contribuíram mais ainda com a minha ansiedade pois, começamos a conversar sobre nossa atração um pelo outro e sobre sexo.
Primeiro sobre o básico, nossas primeiras vezes, nossos gostos, nossos fetiches. Mas, na noite de quarta feira eu já tinha mais do que certeza de que meu sentimento de 'precisamos muito nos resolver' era correspondido. Então, esperei ele dizer que havia chegado em casa, depois de seu show, e lhe enviei uma foto minha em que eu estava deitada na cama de bruços vestida com uma camisola preta um tanto quanto transparente. Não aparecia nada muito explícito, pois havia tirado com a câmera frontal.
Como trocamos bastante fotos, se ele estivesse de boa, ela passaria batido e eu receberia algum emoji engraçadinho e um breve resumo da apresentação. Entretanto, eu o conhecia o suficiente para saber o que não era isso o que viria. E, foi ali que recebi seu primeiro semi-nude. Sem camisa, no banheiro ainda molhado com a toalha enrolada na cintura, tampando suas partes.
"Ainda estou me arrumando para deitar."
Era a mensagem que vinha com a foto.
"E irá vestir o que?"
Digitei em resposta, me arrependendo logo em seguida pela mensagem idiota.
"Você tem alguma sugestão?"
"Está quente, acredito que não precisará de roupas."
"E como irei tirar sua foto de boa noite?"
"Exatamente do jeito que for deitar."
"Receio que não será apropriado."
"Já passou da meia noite, não há mais restrições."

E, foi ali que recebi o primeiro nude.
Na foto, uma selfie que ele havia tirado de lado, com o braço esticado, ele estava meio deitado, meio sentado na cama, e eu tinha a visão de todo o seu abdômen nu e, da cabecinha do seu pau no final da foto. Provavelmente ele havia cortado. E, pela Deusa, como eu queria transar com ele.
"Como eu queria que você estivesse aqui." Mandei para ele sem nem conseguir pensar direito.
"Pq? O que você queria fazer?"

E, assim começou nossos primeiros sextings.
Na sexta feira, chegou no mesmo horário, como o combinado.
Durante a viagem, fiquei sabendo que essa semana só fariam um show, na sexta e que ele estaria de folga no resto do final de semana sendo assim, poderíamos aproveitar bastante.
Não conversamos sobre as conversas da semana, muito menos sobre as fotos e vídeos, ficou tudo na mesma até voltarmos do show.
Saímos da apresentação sozinhos, porque ele tinha como objetivo exclusividade total a minha pessoa. Segundo Alexia, eu tinha comprado os direitos autorais daquele final de semana.
Então, como de praxe, fomos tomar um chopp sentados na beira da piscina, era como se fosse o nosso lugar em sua casa. Depois de algum tempo, decidi que precisaria tomar alguma iniciativa. Então, me levantei e imediatamente me seguiu.
- Podemos entrar na piscina, o que você acha?
- Agora? - Perguntou.
- Faz duas semanas que passo o final de semana aqui com você e nunca entramos nessa piscina juntos. Você tem medo de água ?
- O que? Claro que não. - Deu risada. - Só achei estranho por serem três horas da manhã. - Abri o zíper do meu vestido e o deixei escorregar pelo meu corpo. permaneceu em silêncio, sem tirar os olhos de mim. Me aproximei e puxei sua camisa para cima e, ele me ajudou levantando os braços para tirá-la.
- Não sei se vai dar boa entrar na piscina uma hora dessas. - Disse enquanto desabotoava sua calça.
- Acho que você vai ter que confiar em mim então. - Pisquei para ele e corri em direção a piscina, pulando para dentro da água. Era setembro e o clima estava razoavelmente quente, então, acreditava que não ficaríamos doentes.
- Se entrar de uma vez é melhor. - Falei e ele riu, pulando para dentro logo em seguida.
- , talvez você tenha que me levar para o hospital depois dessa brincadeira.
- Provavelmente. - Sorri e o puxei pelo pescoço, colando nossos lábios. Fui correspondida de imediato e, o selinho que havia lhe dado se tornou um beijo urgente que fez com que eu perdesse completamente a noção do tempo.
Eu havia passado essas duas semanas imaginando como seria a sensação da sua boca na minha, seu gosto, seu jeito de beijar. E tudo o que eu havia imaginado não chegava nem perto da euforia que estava instaurada dentro de mim naquele momento.
- , precisamos parar. - Ele disse ofegante.
- O que? Por quê? Pensei que estivéssemos na mesma página aqui.
- Estamos. Quer dizer, talvez eu esteja um pouco adiantado. - O encarei sem entender onde ele queria chegar com aquilo. - Oh . - Ele me puxou para outro beijo. Talvez mais intenso e urgente que os anteriores.
- Precisamos parar porque estou muito excitado. - Ele sussurrou em meu ouvido. Deixando uma mordida em meu pescoço. Sua voz estava rouca e eu não me contive e revirei os olhos só de imaginar o que poderíamos fazer. Peguei sua mão e a levei para o cós da minha calcinha.
- Não precisamos parar, inclusive, precisamos muito continuar. - Foi a minha vez de sussurrar em seu ouvido. riu baixinho e me puxou para outro beijo.
Começamos ali mesmo na piscina, estávamos sozinhos então, não teria problema.
Fazia duas semanas que eu o conhecia, mas eu podia jurar que pareciam anos. Talvez de outras vidas. Eu não sei. Eu só sabia que tudo o que estava acontecendo ali e em todos esses dias era certo. Eu sentia essa certeza dentro de mim assim como ele disse que sentiu no exato momento em que viu. E, quando eu me sentei nele e pude senti-lo inteiro dentro de mim que eu tive certeza que não tinha mais volta. Estávamos certos. Estávamos predestinados. Estávamos apaixonados.
Respirei fundo para me recompor e comecei a me movimentar, para cima e para baixo devagar, rebolando um pouquinho só para provocá-lo. Suas mãos apertaram a minha cintura e ele praticamente ronronou.
- Você gosta ? Você gosta do jeito que eu te mexo? Assim, dentro de mim? - Murmurei e rebolei mais uma vez fazendo-o revirar os olhos.
- Você gosta do jeito que eu te toco? - Arranhei seu peito e o aperto em minha cintura aumentou. gemeu baixinho e eu mordi meus lábios para conter um gemido.
Eu estava tão molhada que sabia que estava o lambuzando todo. Como ele era delicioso, delicioso.
- Oh , você sabe que eu sei como você quer. Já conversamos tanto sobre isso. - Ele suspirou. - Me deixa meter, vai. - Ele forçou sua virilha contra a minha me fazendo gemer.
- Baby, podemos fazer isso durar, ir devagar, hmm. - Murmurei. Sabia que não ia durar muito se ele metesse, mesmo já tendo gozado antes.
- Por favor , juro que você não vai se arrepender. Por favor. - Ele suplicou e eu jamais conseguiria negar um pedido daqueles.
- Faça do jeito que você quiser, você sabe como eu quero. - Suas mãos começaram a ajudar meus movimentos de subir e descer e então, ele começou a meter. Primeiro comigo ainda em seu colo, cavalgando, eu já não conseguia mais conter os gemidos. Mas, foi quando ele me deitou e me virou de bruços, fazendo com que eu empinasse a bunda para ele que eu gritei. Gritei igual uma cachorrinha. Quando sua voz rouca, gemia meu nome ou qualquer outra coisa incompreensível me deixava mais excitada ainda. Em algum momento da noite, ele me puxou pelos cabelos fazendo com que minhas costas colassem em seu tronco. Com uma mão ele segurou em minha garganta e a outra foi para o meu clitóris. Seus gemidos em meu ouvido, seu cheiro, tudo colaborava. Era como se estivéssemos vendo o universo juntos. E eu sabia que ele sentia. Eu sabia que ele sentia o mesmo que eu.
Transamos até eu não conseguir mais levantar e ele não conseguir mais ejacular. Estávamos esgotados.
- É como se eu tivesse sido abençoado ou salvo ou ido para os céus. - Disse extasiado.
- Como eu te disse, deus é uma mulher. E, no seu caso, quem salvou sua alma fui eu. - Selei nossos lábios.
- Eu acredito. - Ele disse divertido e se aconchegou com a cabeça em minha barriga. Meus dedos foram imediatamente para seus cachos bagunçados, acariciando-os.
- Você também acredita que estávamos predestinados a estarmos aqui hoje a agora?
- Com toda a minha existência.

🌻🌻🌻


Suspirei. Era engraçado que, depois de tanto tempo e tantas coisas eu ainda me sentia exatamente do mesmo jeito.
- Bom, acho que já deu de nostalgia por hoje.
- O que? Você não pode fazer isso comigo . Você não pode parar a história na melhor parte e fingir que vai ficar tudo bem. Como eu vou viver sem saber o que aconteceu depois disso? Ou, o porquê de vocês terem se separado e passado todos esses anos sem trocar uma mensagem? Ou, como foi reencontrá-lo em um reality show? Pensei que fossemos amigas. - Resmungou a última frase me fazendo rir.
- Pare de drama! O principal você já sabe. Então, deixamos o resto da história pra outro dia. - Pisquei para ela, recebendo uma travesseirada em resposta.


Fim



Nota da autora: Muito obrigada a todxs que leram essa fic que é tudo para mim.
Eu espero que vocês tenham gostado!
Beijos e até a próxima. ♥



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus