05. Starring Role


Última atualização: 14/02/2019

Capítulo Único

Foram muitas as coisas que fizeram com que se envolvesse. era tudo o que ela esperava quando pensava em um cara atraente. Ele também era um daqueles caras que leem clássicos da literatura, falam espanhol e sabem desenhar. Outra coisa muito importante sobre é que ele é um desses jovens pós-modernos que são adeptos da não-monogamia. nunca acreditou realmente que ele fosse trocar sua namorada descolada por ela, mas sua personalidade ainda a fazia crer que ela precisava ser a protagonista daquela história e, querendo ou não, aquilo já fazia parte de sua vida. Seria fácil desaparecer, bloquear os números dele e seguir em frente, mas não é do tipo que deseja uma vida tranquila.
Havia cerca de um ano que ela e viviam esse relacionamento casual. Tempo suficiente para ela ser conhecida por todos os porteiros do prédio dele e ter meio que a entrada liberada sem grandes burocracias. Ela soltou os cabelos azuis e conferiu a maquiagem no elevador. Quando as portas se abriram no quinto andar, foi até a porta de número 52 e girou a maçaneta, sabendo que estaria destrancada. Lá dentro, estava sem camisa jogando um videogame qualquer. Ele sorriu para ela e voltou sua atenção ao jogo. Ela deixou sua bolsa sobre a mesa e foi até o sofá onde ele estava sentado.
— Oi — murmurou ela.
— Oi — respondeu ele. Eles não conversavam. Ela não fazia mais questão de saber coisas sobre ele e ele jamais teve interesse em saber as preferências dela. E assim tudo dava certo.
Ele pausou o jogo e colocou a mão na coxa dela, insinuando que tudo estava normal. Ela sentou no colo dele, encaixando suas pernas paralelamente às dele. Ele moveu as mãos para os quadris dela e a puxou para um beijo tão intenso que fez com que eles batessem os dentes – o que não foi um problema. Suas línguas se tocavam sem resquícios de calmaria, as mãos dela exploravam todo o abdome descoberto dele e nada mais se passava em suas mentes. Eles partiram o beijo para que a blusa dela fosse retirada e ele aproveitou para deitá-la no sofá e ficar por cima, beijando-lhe o pescoço, colo e seios. aproveitou a posição para retirar a saia de , e a garota retirou os All Stars vermelhos com os próprios pés - amém, pessoas que não amarram cadarços! Quando eles voltaram aos beijos na boca, a moça aproveitou para desabotoar o jeans dele. sorriu para enquanto enrolava uma mecha azul do cabelo dela em seu dedo. Ela o puxou novamente para um beijo, envolvendo o quadril dele com suas pernas, quase colando seus corpos. Ele, por sua vez, fez com que a moça se inclinasse por uns segundos para que fosse possível lhe tirar o sutiã. Quanto menos peças de roupas em seus corpos, maior a ligação entre os dois. As luzes do anoitecer de sexta refletiam na sala pouco iluminada, fazendo com que se tornasse apenas uma sombra sobre – assim era, desde sempre. Não havia muita nitidez, não haviam cores, não haviam detalhes. Era tudo borrões, sombras, representações pouco trabalhadas da realidade. No fundo de seu coração, sabia que gostaria que se abrisse, se mostrasse ao vivo e em cores, mas ela também sabia que isso não iria acontecer. Enquanto ele mordia levemente os seios da moça, ela livrou-se de sua calcinha e também da cueca dele, fazendo com que ela sentisse ainda mais tesão quando suas genitálias se aproximavam. Ela o puxou para mais um beijo apressado, cheio de línguas, arfadas e mãos confusas, mas foi ele quem partiu o beijo com um selinho e levantou-se, levando a menina para o quarto no qual ela já acordara inúmeras vezes. Ela se jogou na cama e ele fez o mesmo, pairando sobre ela, acariciando os ombros, seios, barriga e coxas com uma calma quase enlouquecedora. Por fim, beijou-a novamente e aproveitou aquele momento para deslizar sua mão entre as coxas dela, os dedos acariciando seu clitóris. Ela sorriu.
— Estou cansada de dedos, . Melhore.
Ele riu e afastou-se dela, posicionando-se entre as pernas da garota e beijando então seus outros lábios. Sua língua a estimulava, fazendo com que grunhidos fossem ouvidos, lençóis fossem puxados, pernas tremessem. Naquele momento, ele a tinha por completo e era lembrado disso a todo momento em que ela clamava para que ele não parasse. Ela transbordava na penumbra do quarto – naquele momento ela era a protagonista e, por hora, bastava. clamava e atendia. Simples. Quando ela se desfez em um milhão de pequenos pedacinhos, respirando sofregamente, ele a reconstruiu, beijando-a com paixão. Ela bebeu água de uma garrafa que estava sempre naquele mesmo lugar, da qual algumas outras também beberam. Havia mais, eles passariam a noite como amantes e ao raiar do sol, voltariam a ser desconhecidos. Aquela era a boa e velha dinâmica de e .
O preservativo foi colocado, mas ela não estava segura. Ele não a amava, o que não era um grande problema, afinal, antes da largada ser dada ela já via aquele fim. Porém, com ele-dentro-dela tudo era esquecido e de repente nada daquilo lhe passava na cabeça. gostava de sentir-se no controle, mesmo que na prática esse lhe faltasse. Ela sentava, sentava, sentava e a cama rangia, e os dois balbuciavam, como selvagens, sons incompreensíveis sem sequer pensar que os outros poderiam ouvir. Ela descarregava todas as suas frustrações naquela foda, e aquilo a consumia de tal forma que lágrimas não requisitadas lhe encheram os olhos, servindo de combustível para que ela se movimentasse ainda mais, rebolando e o dominando por completo, fazendo-o parte dela mesmo que por pouco tempo. estava tão alucinada que aquela foi uma das vezes em que gozaram juntos, o que fez com que ela desabasse sobre ele, cansada como se tivesse corrido uma maratona e completamente devastada de prazer. Ela rolou para o lado e por alguns minutos, os dois contemplavam o escuro e o único som ouvido era o das respirações ofegantes.
— Banho — murmurou ele. Era um convite. A fórmula + só funcionava dessa maneira, com comunicação verbal quase nula.
Ela o seguiu até o banheiro branco e eles se espremeram no box apertado, o que era apenas um pretexto para outros meios de libertinagem. Ele começou passando o sabonete no corpo da menina sem pressa, dando a ela tempo para ansiar pelo desfecho. Ela estava de costas para ele, não conseguia vê-lo, mas sentia uma das mãos dele em suas costas, em sua bunda, na barriga; a outra ensaboava o seio esquerdo dela suavemente, acariciando o mamilo. Nada era dito. Ele, por fim, chegou ao seu objetivo. As pontas de seus dedos tocavam levemente o ponto mais sensível dela, estimulando-a, e por mais que afirmasse estar acostumada com dedos, ela gemia baixinho enquanto tentava ditar a movimentação de em seu clitóris. Ela nunca teve seu coração partido, nunca chorou no transporte público enquanto ouvia “Stop Crying Your Heart Out”, do Oasis, nos fones e não era por que iria chorar, mas havia algo de masoquista em seu coração, que sabia que ele não a amava, mas que também não ia deixá-lo livre. Quando ela conseguiu juntar as forças necessárias para desvencilhar-se do rapaz, não disse nada antes de beijá-lo com certa calma. Ela aproveitou a pele molhada para deslizar, ajoelhou-se a seus pés para lhe dar prazer com sua boca. Ela sugava, chupava e lambia sem pensar muito no que estava fazendo – queria apenas sentir-se segura naquele mundo à parte por mais algum tempo. A água morna do chuveiro respingava sobre ela, os dedos do rapaz entrelaçavam-se aos fios azuis do cabelo dela enquanto ele suspirava alto com os movimentos da boca de . Era rápidorápidorápido e lento, com olhadas sacanas ou pálpebras fechadas. Ela sabia o que causava nele e não importava mais se era apenas carnal. Ela o tinha na boca e naquele momento eram seus lábios que o controlavam, ela estava no controle e aquilo a excitava. Quando percebeu que ele estava prestes a chegar a seu ápice, ela parou com os movimentos e reergueu-se, beijando-o demoradamente na boca. Passaram alguns segundos assim antes de ele desligar o chuveiro e os dois saírem do banheiro sem trocar uma única palavra. Embrulhada em uma toalha, ela foi até a sala recuperar sua calcinha e depois voltou ao quarto, onde pegou uma das camisetas usadas dele para passar a noite. já estava deitado na cama e checava algo no celular. deitou-se ao lado dele – sem se importar que o cabelo azul molhado poderia manchar as fronhas – e novamente tudo o que tinha era um batimento cardíaco a seu lado. e voltaram a ser desconhecidos dividindo a cama. Estava tudo bem – ela nunca falou como se sentia e reprimiu tanto o sentimento que ele já não era mais um problema. já tinha toda uma armadura contra a frieza – não falava, não a abraçava, e nisso lembrava muito o pai dela. Eles se dariam bem, e isso era irônico.
virou para o lado e passaram poucos minutos antes dela sentir a mão quente de em sua coxa.
Ela nunca o libertaria.





FIM!



Nota da autora: Esse foi meu primeiro ficstape como organizadora e também foi o primeiro onde escrevi uma restrita. Tenho um certo bloqueio com essas cenas, já que não gosto de nada escrachado demais (como perceberam), mas arrisquei um pouco porque achei esse plot interessante. Tudo isso tá bem experimental, confesso. Não sei se seguirei escrevendo esse tipo de restrita ou sequer se voltarei a escrever uma cena assim, então peço que POR FAVOR, me digam o que acharam, seja sua opinião boa ou ruim. É isto. P.S.: Eu sou um bolinho e estou ligeiramente ENVERGONHADA de estar escrevendo tais coisas afinal quem lê minhas outras histórias sabe que eu sou uma autora que narra apenas amorzinho, então, se você é uma das minhas leitoras, saiba que ainda sou um bolinho fofinho e minhas aventuras no mundo das restritas são bem pontuais, então lhes garanto humor duvidoso e romances fofinhos.
Beijos!!!






Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


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