05. Wake Me Up

Capítulo Único

- Cara, acho que eu vou vomitar! - falei, enquanto andava pra lá e pra cá dentro do quarto e respirava profundamente, tentando acalmar meu estômago, que parecia ter vida própria.
- Para de ser gay, - Brad, meu melhor amigo de infância falou.
- Eu to nervoso - retruquei, inspirando e soltando o ar novamente.
- Relaxa, cara. Respira, que vai dar tudo certo - deu um tapinha no meu ombro.
- Você já se olhou no espelho hoje? - Colin perguntou ao entrar no quarto - Você tá verde!
- Eu to uma pilha de nervos - respondi, enquanto ele parava em frente ao espelho e arrumava sua gravata borboleta azul clara.
- Então é melhor se acalmar. Duvido que a vá curtir a ideia de se casar com o Hulk - ele falou.
- Acho que eu vou vomitar - repeti.
- Desde quando você é gay assim, ? - Colin perguntou.
- É o que eu estou me perguntando desde cedo - Brad respondeu.
- E se ela desistir? - perguntei.
- Ela não tem motivos pra isso, tem? - Brad perguntou.
- Se ela não desistiu de você depois daquela after party há sete anos, não desiste mais - Colin comentou e eu balancei a cabeça em concordância.

Flashback On

Londres, 5 de julho de 2008

O barulho da música eletrônica alta mais o som das pessoas conversando, cantando ou simplesmente soltando gritos de empolgação era praticamente ensurdecedor. O tempo estava abafado do lado de fora da boate, e do lado de dentro o calor estava insuportável. Minha camiseta preta estava começando a grudar no meu corpo devido ao suor e, assim que nós conseguimos passar pela multidão na pista de dança, dirigi-me ao bar e pedi uma cerveja ao garçom. Estava com tanta sede que sequei a garrafa em menos de um minuto.
Tínhamos acabado de tocar para o nosso maior público até então, em uma boate no centro da cidade e que, segundo nosso empresário, havia vendido todos os ingressos disponíveis para o show.
- E cadê os nossos convidados? - Brian perguntou, olhando ao redor.
- Estão na área VIP, lá em cima - Fletch respondeu.
- Então vamos subir - Brad sugeriu.
- É cara, to doido pra saber o que a Izzy achou do show - Colin falou.
- Calma aí, garotos. Vocês têm que fazer uma social aqui embaixo por enquanto - Fletch segurou Colin pelo braço. - Tem muita gente importante da imprensa e de gravadoras por aqui. Vai ser bom pra vocês dar uma circulada por aí.
- Então vamos acabar logo com isso - falei, acabando com a segunda garrafa de cerveja e pedindo mais uma para o garçom.
Saímos da área do bar e fomos circular pela boate. Mal podíamos dar dez passos antes de ser parados por todo tipo de gente, desde fotógrafos, repórteres de jornais e sites que nos fotografavam e perguntavam o que esperávamos da carreira até empresários do ramo da música e groupies. Muitas groupies.
Colin e Brad tinham namoradas de longa data, mas Brian e eu éramos solteiros. Ou mais ou menos solteiros, como era o meu caso. Eu tinha uma espécie de relacionamento com , a irmã mais velha de Brian. Estávamos saindo há algum tempo, e eu acho que gosto dela. Já cheguei até a pensar em pedi-la em namoro, mas eu não sei o que ela pensa. Ela não é o que se pode chamar de mulher romântica e essas coisas.
Eu já estava na minha décima cerveja. Ou seria a décima primeira? Já não sabia mais. Já tínhamos subido até a área VIP e Brad e Colin ficaram por lá com suas namoradas, enquanto Brian e eu resolvemos dar mais uma circulada pela boate, afinal, não tinha ninguém ali além de alguns amigos e as namoradas dos outros caras.
- Cadê a sua irmã? - perguntei, tentando parecer o mais casual possível.
- Tinha uma festa pra ir. Você não falou com ela hoje? - ele perguntou, arqueando uma sobrancelha.
- Não - respondi, dando de ombros.
Chegamos à pista de dança e começamos a nos movimentar por lá. Logo já havia uma loira pendurada no pescoço dele. Ri e dei um gole na minha cerveja e então percebi uma ruiva dançando à minha frente. Fingi que não percebi os olhares que ela lançava na minha direção e continuei dançando sozinho. A ruiva, porém, insistiu e, em um determinado momento, me vi dançando com ela.
"-Tudo bem, ! Você só está dançando e a nem está aqui" - era o que a voz na minha cabeça dizia, mas eu não conseguia deixar de sentir uma sensação estranha dentro do peito.
Depois de umas três músicas, a garota anunciou que estava com sede e foi até o bar buscar uma cerveja. Aproveitei a saída dela para dar o fora da pista e abrir caminho entre as pessoas até a área VIP. Estava no meio do caminho, quando meus olhos encontraram os olhos de no meio da multidão. E ela não estava sozinha. Um loiro alto estava dançando na frente dela e falando alguma coisa no seu ouvido. Ela, porém, não riu. Apenas ficou me olhando. Fiquei puto da vida com aquela visão e respirei fundo para me controlar e não partir pra cima do cara. Depois de me acalmar, resolvi ir para o bar beber um pouco mais. Não vi mais a ruiva, mas não me importava. Só queria beber pra não pensar no que significava aquilo.
- Vem, , já chega por hoje - ouvi alguém dizer, ao tirar o copo da minha mão algum tempo depois.
- Não enche, Brian - falei - Me deixa beber em paz.
- Não deixo, não. Esse lugar está lotado de gente importante no meio musical. O Fletch já fez vários contatos e eu não vou deixar você passar a imagem de bêbado rebelde e estragar tudo - ele falou, enquanto me puxava pelo braço até o estacionamento onde havíamos deixado os carros. - Me dá a chave do carro!
- Eu dirijo - falei, pegando as chaves no bolso da calça jeans.
- Claro que sim! Eu queria mesmo morrer hoje à noite - ele respondeu, arrancando as chaves da minha mão e abrindo o carro. Fiquei parado, teimoso, enquanto ele sentava no banco do motorista - E aí, vai entrar ou eu vou ter que te enfiar aqui dentro à força?
- Você nem tem tamanho pra isso, moleque - retruquei, mas entrei no carro mesmo assim.
- O que deu em você pra querer beber o bar inteiro? - ele perguntou enquanto dirigia.
- Sede - respondi, seco. Encostei a cabeça à janela do passageiro e fechei os olhos. Senti meu corpo ficando cada vez mais mole e os sons ao redor mais distantes.
Acordei na manhã seguinte sentindo minha cabeça pesar uma tonelada, no mínimo. Levantei da cama e fui até o banheiro tropeçando nos meus próprios pés. Lavei o rosto e escovei os dentes. Meu reflexo no espelho estava péssimo. Ponderei entre tomar um banho e voltar pra cama, e a segunda opção me pareceu bem mais convidativa. Levei um tremendo susto ao entrar no quarto e me deparar com sentada na poltrona no canto, uma xícara na mão e olhando pela janela. No criado mudo ao lado da cama havia outra xícara.
- ? O que você tá fazendo aqui? - perguntei.
- Eu dormi aqui - ela respondeu, dando de ombros - Tem chá ali. Sei que café seria melhor pra te acordar, mas sei também que você não gosta muito.
- Obrigado! - falei, sentando na cama e bebendo um gole do chá quente, que me despertou um pouco na mesma hora - Você... Dormiu aqui?
- Dormi. No quarto de hóspedes - ela respondeu. - O Brian me ligou quando chegou aqui com você dormindo e aí eu vim pra cá ajudá-lo a te colocar na cama.
- Obrigado - falei novamente e então me lembrei de tê-la visto dançando com um cara na noite passada. E de esse ter sido o motivo para a minha bebedeira.
- Eu te vi ontem à noite - falei.
- Eu sei - ela respondeu. - Eu também te vi.
- Quem era aquele cara? - perguntei.
- Só um cara qualquer - ela respondeu.
- E por que você estava dançando com um cara qualquer num lugar que sabia que eu estaria? - perguntei.
- Porque você estava dançando com uma mulher nesse mesmo lugar - falou. Não respondi de imediato, porque não sabia o que dizer.
- Mas eu só estava dançando - retruquei.
- Eu também - ela disse, olhando pela janela.
- - chamei, alguns segundos depois. Ela apenas me olhou, indicando que estava ouvindo. - Eu não gostei. Não gostei de te ver dançando com outro!
- E você acha que eu gostei? Eu cheguei na boate doida pra te ver, dar os parabéns e me desculpar por não poder ter ido ao show. E aí, de repente, eu dou de cara com você e uma ruiva dançando tão animados.
- Mas eu realmente só estava dançando. Não tinha a mínima intenção de fazer nada além disso - expliquei.
- Tudo bem, . Mas não foi legal ver aquilo e ouvir na minha cabeça novamente todo mundo que me falou que não era uma boa ideia eu me relacionar com você - ela respondeu.
- As pessoas te falam que nós dois não somos uma boa ideia? - perguntei.
- O tempo todo! - ela falou, sentando-se ao meu lado na cama. - Elas falam que logo a sua banda vai ser famosa e vocês sairão em turnê, enquanto eu fico aqui. E que não pode ser bom um relacionamento nessas circunstâncias.
- E você acredita nisso? - perguntei, torcendo para que ela não acreditasse.
- Não - ela respondeu e eu respirei aliviado. - Mas eu quase acreditei ontem.
- - falei, pegando uma mão dela. - Acredita em mim! Eu só estava dançando. Eu sei que eu não sou um exemplo de cara e que muitas vezes eu não demonstro o que eu sinto, mas eu gosto de você. E eu quero fazer as coisas darem certo entre a gente.
- Eu também quero que as coisas deem certo, - ela respondeu, apertando minha mão.
- Então me promete que quando eu for um idiota de novo, você vai conversar comigo. Não faz mais isso. Eu quase fui pra cima do cara ontem. - pedi, abraçando-a pelos ombros.
- Promete que você não vai mais sair dançando com qualquer uma por aí. Pode não ter parecido nada pra você, mas não foi legal pra mim - ela pediu.
- Prometo - falei e a beijei.

Flashback Off

- Cara, você tá verde! Sério, muito verde - Brian falou, ao entrar no quarto.
- Eu disse - Colin falou, sorrindo de lado.
- Eu to nervoso - repeti.
- , você está indo em direção ao altar pra casar com a mulher da sua vida, e não pra forca - Brad disse, na tentativa de me acalmar.
- Não que as duas coisas não sejam um pouco parecidas - Brian começou - Apesar de que, se eu pudesse escolher, talvez eu preferisse a forca. É mais rápido e dói menos. O casamento é uma morte lenta demais pra mim.
- Brian, cala a boca! - pedi e meu cunhado riu.
- Está na hora, crianças - minha mãe entrou no quarto, toda elegante no seu vestido azul marinho - Ah, vocês estão tão lindos! , meu filho...
- Moleque, você tá verde - meu pai a interrompeu, entrando no quarto.
- Eu já sei disso, pai! Estou parecendo o Hulk e minha noiva vai fugir de mim assim que pisar naquela tenda - falei, sentindo meu estômago revirando novamente.
- Ela não vai fugir de você, querido! E você só está um pouco nervoso, o que é perfeitamente normal - garantiu minha mãe, ajeitando a minha gravata.
- Tem certeza, mãe? - perguntei.
- Claro que sim - meu pai respondeu no lugar dela - Eu mesmo vomitei e tive dor de barriga antes de me casar.
- E o casamento atrasou meia hora por causa disso - minha mãe completou - Você está dando um grande passo na sua vida e é normal estar um pouco assustado.
- Você tem um minuto pra estar lá embaixo - Jeremy, o mestre de cerimônias anunciou ao entrar afobado no quarto - Todos vocês, andem.
- Boa sorte, cara! - Colin deu um tapinha no meu ombro.
- Vai dar tudo certo - Brad assegurou.
- E se a quiser fugir, eu prometo que tranco a porta da tenda e levo ela até o altar arrastada pelos cabelos, igual os homens das cavernas faziam - Brian falou e piscou, fazendo todo mundo rir e os três saíram do quarto e desceram as escadas do enorme casarão na fazenda que a família da tem em Stonehenge. A fazendo ficava bem perto do complexo de pedras muito famoso na região, e era enorme. Tinha um lago grande e nós montamos todo a estrutura do casamento no grande gramado onde o lago ficava, na parte dos fundos do casarão. Meu pai desarrumou ligeiramente meu cabelo, deu um beijo na minha testa e seguiu o mesmo caminho que meus padrinhos, sem dizer nada.
Respirei fundo, dei mais uma olhada no espelho e então sai do quarto também, acompanhado pela minha mãe. Descemos a escada e saímos para o gramado dos fundos. Havia duas tendas montadas. Uma onde seria realizada a cerimônia religiosa, com cadeiras brancas enfileiradas e um corredor com um tapete vermelho coberto por pétalas de flores do campo. O corredor era ladeado por pequenos arranjos com velas aromáticas, que formava um caminho iluminado até o pequeno altar montado na frente, com colinas no estilo grego. A outra tenda era um pouco maior e era onde a festa seria realizada. A decoração seguia o padrão da primeira tenda: velas aromáticas, flores do campo e colunas gregas. Tudo simples e ao mesmo tempo muito bonito, do jeito que minha noiva queria.
Os convidados já estavam sentados na primeira tenda. Meus três padrinhos já estavam posicionados no altar, junto com o padre que realizaria a cerimônia religiosa, meu pai e a mãe da . Entrei pelo caminho de velas e flores do campo junto com minha mãe, sorrindo e acenando com a cabeça para as pessoas. Posicionei-me de frente para a entrada da tenda e discretamente sequei minhas mãos que suavam na parte de dentro dos bolsos da calça. Uma música suave começou a tocar e as damas de honra entraram na tenda com seus vestidos azuis claro. Nada de rosa. A detestava rosa. E então, depois que elas também se posicionaram, a marcha nupcial começou a tocar e minha noiva apareceu na porta da tenda, de braços dados com seu pai. Juro que eu perdi o fôlego por meio minuto inteiro e tenho certeza que meu queixo chegou a cair, pois ouvi Brian rindo ao meu lado. Ela estava mais linda que o normal. Seu vestido era simples, de renda branco, tomara que caia com uma pequena cauda. Conforme ela entrava na tenda pelo caminho de flores do campo, pequenos pontos de luz podiam ser vistos bordados no vestido. Seu cabelo estava preso por uma trança lateral e ela tinha uma coroa de pequenas flores brancas na cabeça. Seus olhos verdes brilhavam e ela tinha um sorriso lindo nos lábios. Estava maravilhosa. Tão maravilhosa que eu me vi sem palavras. Jamais conseguiria expressar o quão linda ela era pra mim. Eu estava simplesmente encantado, assim como eu havia ficado durante a nossa primeira viagem juntos.

Flashback On

Bristol, 20 de dezembro de 2009

Estacionei o carro no acostamento da Floating Harbour, um dos pontos turísticos de Bristol. A ponte com acesso para carros e pedestres atravessava o Rio Avon e ficava particularmente bonita no inverno quando a vegetação nas pequenas colinas ao redor ficava coberta pela neve.
Não tinha neve nesse dia. Estava sol, mas fazia um frio de 6 graus. e eu estávamos fazendo uma pequena viagem, para comemorar nosso primeiro ano de namoro. Eu já havia ido a Bristol antes, mas ela não. Resolvi parar o carro na ponte porque era uma paisagem digna de ser apreciada.
- O que foi? - ela perguntou, confusa ao me ver estacionando.
- Vem - falei e desci do carro, apertando mais minha jaqueta ao redor do corpo. obedeceu sem fazer mais nenhuma pergunta e também saiu do carro.
- Que frio! - ela exclamou, arrumando o cachecol ao redor do pescoço e apertando o grosso sobretudo preto que ela usava por cima de uma cacharrel de lã verde, calças pretas e botas.
- Vem aqui - estendi o braço para que ela se acomodasse entre as minhas pernas depois que eu sentei no capo do carro. Virei-a de frente para a paisagem e passei meus braços ao redor de sua cintura. - Olha como é lindo lá embaixo - falei, apoiando o queixo no seu ombro. Ela suspirou em concordância. - Você precisa ver isso aqui coberto por neve.
- Fica bonito? - perguntou, já com o nariz ficando vermelho por causa do frio.
- Fica maravilhoso – falei. - Eu costumava passar o natal aqui com os meus pais quando era mais novo. Uma vez, meu pai comprou um globo de vidro com neve de verdade dentro em uma lojinha de artesanato no centro da cidade. A mulher da loja disse que era neve daqui de Bristol mesmo - se virou de frente pra mim. - Eu costumava levar aquele globo pra todos os lugares comigo. E fazia questão de contar pra todo mundo que eu tinha minha própria neve de Bristol - terminei de contar e ela sorriu, aquele sorriso que me deixava sem ar. Seus olhos haviam mudado do verde claro para um tom de cinza, por causa do frio. Era uma visão mais do que adorável!
- Ah, , que pena que não está nevando agora. Seria como a paisagem da sua infância - ela falou.
- Não! A paisagem de agora é mil vezes mais bonita - falei, puxando-a para mais perto.
- Mas não tem neve - ela argumentou.
- Tem sim! Não neve de Bristol, mas eu trouxe o meu próprio floco de neve de Londres - respondi e passei meu nariz pelo nariz dela. Ela fechou os olhos e sorriu. Beijei-a delicadamente e também sorri em meio ao beijo.

Flashback off

e o pai dela finalmente chegaram até o altar, onde o pai dela a entregou a mim. Dei um beijo na pontinha do nariz dela, que sorriu.
- Você está tão linda! - falei.
- Você também! - ela disse, ajeitando minha gravata.
Viramo-nos de frente para o padre, que enfim começou a cerimônia. Nossas mães e as damas de honra secavam lágrimas com pequenos lencinhos, enquanto os caras apenas sorriam.
Depois do sermão, o padre pediu para que ficássemos um de frente para o outro e me entregou o microfone, para que eu fizesse os meus votos. Respirei fundo e comecei a falar:
- Eu sou péssimo nisso! Passei dias e dias pensando no que falar nessa hora, mas não consegui pensar em nada à altura do momento. Então eu resolvi contar como foi que as coisas mudaram. Como, depois daquela festa na casa do Harry, eu comecei a enxergar muito mais do que a irmã mais velha do meu amigo.

Flashback On

Londres, 25 de abril de 2008

- Até que enfim vocês chegaram - Colin exclamou alto quando Brian, e eu entramos na sua casa, que àquela altura já estava cheia de pessoas bebendo e dançando ao som da música alta. - Achei que vocês não vinham.
- Culpa da - Brian resmungou - Não sei pra que demorar tanto pra se vestir.
- Porque alguém precisa ser minimamente apresentável nessa família, irmãzinho - ela falou.
- E esse definitivamente não é você - provoquei e ele me mostrou o dedo do meio.
- Venham! O Brad e as meninas estão em um cantinho reservado lá na parte da piscina - Colin falou e foi abrindo caminho entre as pessoas até chegarmos ao local onde Brad estava com Giovanna e Izzy. Cumprimentamos todo mundo, sentamo-nos e começamos a conversar e a beber. Em uma determinada hora, Brian e foram para dentro da casa e eu fui deixado sozinho com os casais. Conversamos mais um pouco, mas logo a conversa ficou muito melosa pro meu gosto e eu resolvi dar uma volta e fumar um cigarro.
Peguei outra cerveja e fui até o jardim dos fundos, que estava um pouco mais tranquilo. Sentei na grama e acendi um cigarro. Estava na metade do mesmo quando apareceu e sentou ao meu lado.
- Não quero ser chata nem nada, mas eu realmente acho que você deveria parar de fumar - ela falou e eu ri.
- Você está sempre tentando me convencer a não fumar mais, . Não dá pra ser mais chata – falei. - Na verdade, já até me acostumei - completei e ri da careta que ela fez.
- Sério, ! Você vai acabar com as suas cordas vocais com essa porcaria aí - ela falou e franziu o nariz quando soltei um pouco de fumaça. Apaguei o cigarro e o joguei dentro do cinzeiro que eu havia pego na cozinha. - Além do mais, você pode até voltar a ser cheiroso se parar de fumar - ela completou casualmente, dando um gole no grande copo de bebida que tinha nas mãos.
- Você está me chamando de fedido, ? - perguntei, arqueando uma sobrancelha e achando graça da observação dela.
- Mais ou menos - ela respondeu e eu ri - Você já foi mais cheiroso, sabe? Agora vive com cheiro de fumaça.
- E desde quando você presta atenção no meu cheiro? - perguntei.
- Desde que ele começou a ficar ruim - ela falou e bebeu o resto do conteúdo do copo.
- Tá bebendo o que? - perguntei.
- Vodka - ela respondeu.
- Vodka com o que? - perguntei novamente.
- Com Vodka - ela respondeu.
- Você não acha que é muito forte pra você, não? – falei. - Quer dizer, você é mulher e tal.
- Mulheres não podem beber Vodka? - ela perguntou.
- Depende da mulher - respondi - Se você quiser levá-la pra cama, pode sim. Agora se ela for a irmã do seu melhor amigo e você estiver correndo o risco de ela vomitar no seu carro na volta pra casa, definitivamente não.
- Primeiro: você está precisando mesmo rever suas táticas se você realmente precisa deixar uma mulher bêbada pra levá-la pra cama - ela comentou. - Segundo: eu não vou vomitar no seu carro. Acho mais fácil você mesmo fazer isso.
- Eu? , você me conhece há anos. Já viu que eu sei beber sem dar vexame - respondi, orgulhoso.
- Eu também sei, - ela falou.
- Duvido!
- Quer apostar? - ela perguntou. Olhei para ela e reparei pela primeira vez em como ela era bonita. Os olhos verdes, o cabelo loiro caindo pelos ombros. Usava uma calça jeans clara e uma blusa preta de mangas coladas, com um decote que estava começando a deixar minha imaginação fluir. E da distância que nós estávamos, eu podia sentir o cheiro gostoso do seu perfume. Sem pensar muito bem e colocando a culpa nas poucas cervejas que eu já tinha bebido, respondi:
- Ok, vamos apostar. Se você perder, você vai ter que sair comigo.
- Sair? - ela perguntou - Sair como?
- Sair, oras. Tipo um encontro - respondi, com um sorrisinho do lado. pensou por alguns segundos e respondeu:
- Certo. E se você perder?
- Eu faço um cover de uma música dos Backstreet Boys pra você - respondi e ela gargalhou.
- Fechado! - falou, estendendo a mão para que eu apertasse e selasse nossa aposta.
Levantamos e fomos até a cozinha pegar mais bebidas. E adotamos um ritmo alucinante no decorrer da noite: cerveja, vodka, tequila. Qualquer outra garota já teria entrado em coma alcoólico depois de beber tanto. Mas não ela. Ela não estava sequer cambaleando. Estava bêbada, claro. Mas não cambaleando, nem falando arrastado. A garota bebia como um cara. Ela conseguia ser tão forte pra beber quanto eu. E olha que eu bebo muito.
No fim da noite, estávamos os dois encostados na mureta que separava a piscina do jardim dos fundos, cada um com uma garrafa de cerveja na mão, rindo de qualquer coisa.
- Acho que ninguém ganhou nossa aposta - ela falou.
- Você bebe demais, garota - respondi, parando na frente dela.
- Olha quem fala - ela falou, dando um gole na cerveja.
- Mas eu sou homem - falei - Homens bebem muito!
- Papo de testosterona, blá blá blá - ela disse, revirando os olhos.
- Acho que nossa aposta já era - falei.
- Droga! Eu queria meu cover de As Long As You Love Me - ela fez bico e eu me peguei olhando para a boca dela. Num impulso que eu não sei bem de onde surgiu, coloquei minha garrafa de cerveja no chão ao meu lado, peguei a garrafa dela e coloquei junto da minha.
- E eu queria te levar pra sair - disse, apoiando uma mão na parede ao lado da cabeça dela e a outra mão na sua cintura. Ela me olhou nos olhos e mordeu o lábio inferior levemente. Aproximei-me mais ainda, praticamente acabando com o espaço entre nossos corpos.
- - ela chamou - Eu não estou bêbada o suficiente pra fingir que nada aconteceu amanhã.
- Nem eu, - puxei levemente o lábio dela com os meus. - Nem eu!
Colei nossos lábios e a beijei, esquecendo que ela era a irmã mais velha do meu melhor amigo e todo o resto. O beijo encaixou com perfeição, e só separei nossos lábios após algum tempo porque ambos precisávamos respirar.
- Eu acho que eu tive uma ideia pra resolver o problema da aposta - ela falou.
- Estou ouvindo - falei, enquanto analisava o rosto dela e me perguntava por que eu demorei tanto tempo pra beijá-la.
- Você passa na minha casa amanhã às 19h e me leva pra jantar - ela disse.
- Parece ótimo - respondi, tentando não sorrir igual idiota diante da perspectiva de um encontro.
- E pode começar a ensaiar a música pro meu cover - ela falou e eu gargalhei.
- É justo - disse e a beijei de novo.

Flashback off

- E cara! – exclamei. - Aquele foi o melhor beijo da minha vida. Fico arrepiado só de lembrar.
- Muita informação, ! Muita informação - Brian falou e todos os convidados riram.
- E foi então que eu soube que ela não era só a irmã do Brian. Descobri que ela era a garota perfeita. E a cada dia que se passava eu me via querendo passar mais e mais tempo ao seu lado. E até assistir ao DVD do Shrek doze vezes não era tão ruim se eu estivesse com ela - falei e ela riu.

Flashback On

Londres, 10 de fevereiro de 2009

- Você é muito ruim nisso, - Brad falou, após eu perder o jogo de novo.
Estávamos os quatro reunidos no meu apartamento jogando videogame, o que não era exatamente o meu forte. Já tinha perdido pelo menos uma rodada pra cada um deles e agora tinha entregado o controle pro Brian depois de perder de novo. O telefone tocou e levantei do sofá para atender, enquanto eles começavam mais um jogo.
- Cadê o infeliz do meu irmão? - perguntou do outro lado da linha.
- Oi, linda - cumprimentei - Tudo bem?
- Não! - ela respondeu com uma voz estranha - Cadê o Brian?
- Tá jogando videogame com o Brad. Aconteceu alguma coisa? - perguntei, preocupado.
- Ele quebrou meu DVD - ela respondeu e eu pude jurar que ela estava fazendo bico do outro lado da linha.
- Qual DVD? - perguntei.
- O do Shrek - falou e eu sorri.
- Ah, linda, não fica assim. Eu te dou outro - tranquilizei-a.
- Mas eu ia assistir ele agora - ela falou - Fala pra esse moleque que eu vou enfiar essa cabeça loira dele dentro do forno quando ele chegar em casa.
- Darei o recado - gargalhei e nós nos despedimos.
Voltei pra sala e sentei ao lado do Brian, dando um tapa na cabeça dele.
- Ai! Que foi que eu fiz? - perguntou, fazendo careta.
- Quebrou o DVD favorito da sua irmã - respondi.
- Ah, merda, ela já descobriu? - ele perguntou.
- Descobriu – falei. - E disse que vai enfiar sua cabeça loira no forno quando você chegar em casa - completei enquanto Brad e Colin riram.
- Acho melhor você não aparecer em casa hoje - Colin sugeriu.
- Mas eu ia comprar outro - Brian resmungou.
- Demorou muito - falei.
Eles voltaram a jogar e eu fiquei olhando para a tela da TV, sem prestar atenção ao jogo.
- Vou sair - avisei os caras quando uma ideia se formou na minha cabeça - Podem continuar jogando - completei, peguei as chaves do carro e saí.
Parei o carro na frente da casa dos meus pais, que ficava em um bairro próximo ao meu. Eles estavam em uma viagem de férias, mas eu tinha a chave, então entrei e fui direto ao porão, que estava repleto de coisas velhas e cheias de pó.
Encontrei nosso velho vídeo cassete ao lado de uma pilha de discos antigos. Limpei-o e sai da casa. Parei em uma loja que vendia coisas antigas no caminho para a casa da , e com muita sorte, achei os três filmes do Shrek em VHS. Paguei pelas três fitas e dirigi até o apartamento dela, que me recebeu com um bico e um pote de sorvete em mãos. Dei um selinho nela e entrei no apartamento, carregando uma sacola enorme que ela mal percebeu.
- Você está numa sessão fossa? - perguntei.
- Estou de luto pelo meu DVD - ela respondeu, se jogando no sofá.
- Eu trouxe uma coisa pra te tirar do luto - falei, tirei o vídeo cassete de dentro da sacola e comecei a ligá-lo na TV.
- Isso é um vídeo cassete? - ela perguntou.
- Sim - respondi - Relíquia da família . E isso aqui são...
- Fitas VHS dos três filmes do Shrek - ela disse, os olhos brilhando de empolgação, quando tirei as fitas da sacola e entreguei pra ela.
- Eu disse que isso ia te tirar do luto – falei, enquanto ela pulava no meu pescoço e enchia meu rosto de beijinhos - Não é nenhum Blue Ray, mas dá pro gasto.
- Você é incrível, - ela falou.
- Não sou, não! - falei, abraçando-a pela cintura - Só faço de tudo pra ver a minha Fiona feliz - completei e nós dois rimos.

Flashback off

- Então, eu só quero prometer que vou fazer o possível e o impossível pra tornar a sua vida no conto de fadas distorcido que você tanto ama. Eu te amo, Fiona! - terminei meus votos, deixando com lágrimas nos olhos e um sorriso bobo nos lábios. O padre então entregou o microfone pra ela, que pigarreou e falou:
- Eu poderia começar dizendo que eu nunca pensei que um dia fosse me casar. Muito menos com o pentelho do amigo do meu irmão mais novo. Mas também jamais imaginei que o Shrek da minha vida real existia mesmo. Completamente maluco, é verdade. Mas de um jeito adorável. Confesso que, às vezes, a loucura assusta um pouco e que, sim, eu já tive vontade de sair correndo sem nem olhar pra trás - ela falou e todo mundo riu, inclusive eu. - Como na vez em que você tatuou meu nome na mão na Califórnia. Pensei que você fosse um daqueles caras que ficam obcecados, tatuam os nomes das namoradas e um belo dias as pobrezinhas acabam esquartejadas no porta malas do carro. Mas depois você disse que era Henna, e eu achei até que bonitinho. Ou como, no mesmo dia, você ficou com ciúmes de um surfista e disse que faria até uma cirurgia plástica pra ter o nariz igual ao dele se isso fosse me deixar feliz - ela completou e eu ri, lembrando-me perfeitamente da ocasião.

Flashback On

Califórnia, 14 de agosto de 2011

Estávamos na Califórnia, todos aproveitando alguns dias de folga antes de a banda voltar a fazer shows pelo Reino Unido, onde já éramos bastante conhecidos. Viemos todos com nossas respectivas namoradas, incluindo Brian, que estava namorando uma garota muito boazinha chamada Lara. Eu e estávamos firmes há quase três anos e eu tinha certeza que ela seria a pessoa que passaria o resto da vida ao meu lado. Pelo menos no que dependesse de mim.
Enquanto ela estava no mar com as outras garotas, eu estava sentado na areia observando-a de longe, pensando que não havia nada nesse mundo que eu não faria por ela e em quão engraçado é o fato de a mulher da minha vida ter estado ao meu lado durante anos e eu nem ter percebido antes. Porém, tenho certeza que as coisas aconteceram no momento em que tinham que acontecer e sou grato por isso.
Ouvi de longe o som da sua gargalhada e sorri junto.
- Cara, será que você consegue babar um pouco menos na minha irmã? - Brian me cutucou, sentado ao meu lado.
- Levando em consideração que ela é minha namorada, não, não consigo - respondi, sem desviar meus olhos dela.
- Sabe que eu ainda tenho um pouco de dificuldade em acreditar que você tá aí todo apaixonado por ela? Mesmo depois de tanto tempo - ele falou - É surreal!
- Nem eu acredito, às vezes. Difícil acreditar no tamanho da minha sorte - falei.
- Ai, meu deus! Daqui a pouco você vai tatuar um coração com o nome dela no meio - Brian falou e nós dois rimos.
- Ela me mataria - respondi e ele concordou com a cabeça.
- Vou dar um mergulho - ele avisou e levantou - Você vem?
- Daqui a pouco - falei e ele se afastou.
A praia estava vazia, tendo poucas pessoas além do nosso grupo espalhadas pela areia e no mar. Olhei em volta e avistei uma pequena lojinha na orla. Levantei, bati as mãos no shorts para limpar a areia e fui até ela. Um sino tocou quando abri a porta da cabana de madeira onde a loja fora montada. Várias pranchas de surf coloridas estavam espalhadas pela loja, junto com brincos e pulseiras artesanais de todos os tipos e tamanhos, objetos decorativos também artesanais e óculos de sol, biquínis e protetores solar. Um reggae suave saía das caixas de som e um cheiro leve de incenso preenchia o ar.
- E aí, cara? - um moreno vestindo uma camiseta do Bob Marley e cheio de dreads no cabelo cumprimentou.
- Oi! E aí? - respondi.
- Beleza? Em que posso ajudar? - ele perguntou.
- Na verdade, entrei pra dar uma olhada – respondi. - Estava na praia e vi a cabana - completei, apoiando os braços no balcão localizado no fim da loja. Em cima do balcão havia uma pasta de capa transparente com uns desenhos dentro - São tatuagens?
- São. Pode olhar - o cara respondeu.
Abri a pasta e comecei a folhear os desenhos. Uns muito bonitos, outros nem tanto. Enfim cheguei a uma parte onde haviam nomes em letras trabalhadas e cheias de frescura. Por algum motivo, o comentário de Brian sobre a tatuagem me veio à mente na hora e eu quis fazer uma brincadeira com a .
- São de henna? - perguntei.
- Faço definitiva se você quiser - ele respondeu.
- Não! Só quero fazer uma brincadeira com a minha namorada - falei - Quero tatuar o nome dela na minha mão.
- Como ela chama? - ele perguntou.
- - respondi. Ele pegou um lápis e um papel e começou a escrever o nome dela em uma daquelas letras legais. Quando terminou, ele virou o papel na minha direção. - Ficou bom, cara!
- Vamos fazer? - perguntou e eu concordei com a cabeça.
Em menos de dez minutos ele terminou, eu paguei e saí da loja. Voltei para a praia e encontrei nosso grupo todo sentado em toalhas na areia. Dougie estava dividindo uma toalha com a irmã e se levantou para que eu sentasse ao lado da quando me aproximei.
- Achei que você tinha fugido - ela comentou, apoiando a cabeça no meu ombro.
- Jamais - falei - Só fui ali naquela lojinha super legal fazer uma surpresa pra você.
- Surpresa? - ela perguntou, levantando a cabeça do meu ombro - Cadê?
- Aqui - levantei a mão, de forma que ela pudesse ver o nome dela escrito. Sua expressão mudou para uma de espanto, que eu quis até tirar uma foto. Tive que me segurar pra não rir.
- ... Você fez uma... Tatuagem? - ela perguntou, a voz um tanto quando esganiçada.
- Gostou? - perguntei.
- Eu não sei o que dizer - ela respondeu ainda olhando fixamente para a minha mão, como se isso fosse fazer aquilo sair de lá.
- Poxa, amor, fiz com tanto carinho - falei, fazendo bico - Doeu tanto!
- É só que... Uma tatuagem, ? Você podia, sei lá, ter me dado um brinco - ela falou.
- Sério? Um brinco? - perguntei, fingindo indignação - Eu tatuo seu nome na minha pele e você diz que preferia um brinco?
- É que uma tatuagem é muito radical, só isso - ela respondeu, encolhendo os ombros - Mas ainda bem que foi só meu nome e não o meu rosto na sua panturrilha - completou e eu gargalhei - Que foi?
- Tá vendo isso aqui? - perguntei, apontando pra tatuagem.
- Claro que sim. Estou olhando pra ela há cinco minutos com esperanças de que talvez ela suma daí se eu desejar com bastante força - ela respondeu.
- É henna - falei - Vai sumir em uma semana.
- Sério? - ela perguntou e eu concordei com a cabeça - Idiota. Achei que eu ia ser obrigada a mandar cortar a sua mão.
- Você não faria isso comigo, faria? - perguntei.
- Faria, sim - ela respondeu.
- É por isso que eu te amo - falei e beijei a ponta do nariz dela, que sorriu e olhou para o mar, onde um surfista saía da água, carregando uma prancha embaixo de um braço totalmente coberto por uma tatuagem complicada de entender, mas muito colorida e muito bonita.
- Ta vendo ali, ? - ela apontou o surfista com o queixo - Aquela sim é uma tatuagem bonita. Sem nomes de namoradas.
- Você não tá vendo a tatuagem de perto - respondi - Pode ter um nome escondido ali no meio.
- Aposto que não - ela falou.
- Aposto que ele fez essa tatuagem enorme pra cobrir vários nomes de várias namoradas - retruquei.
- E eu aposto que ele fez essa tatuagem porque ele é um cara muito cool - falou, sorrindo de lado para me provocar. Resolvi entrar no jogo dela.
- Eu sou cool o suficiente pra fazer uma também - respondi.
- E olha o cabelo dele, - ela falou, me cutucando com o cotovelo.
- Que que tem? - perguntei.
- É lindo - ela disse - Loiro!
- Eu também posso ser loiro se eu quiser - retruquei.
- Mas ele é natural - ela falou, dando de ombros - E olha o nariz dele, que perfeito.
- Eu posso fazer uma plástica e ficar com um nariz perfeito também - falei, já não gostando mais da brincadeira.
- Você ficaria irreconhecível desse jeito, - ela falou - Vocês teriam que refazer todos os photoshoots promocionais da banda. Todo mundo ia achar que você saiu da banda e colocaram um loiro gato no seu lugar.
- Não ligo - falei.
- Você teria que refazer todos os seus documentos. Até seu passaporte. Você perderia todos os carimbos no seu passaporte - disse.
- Eu tiraria quantos novos passaportes fossem precisos, se isso fizesse você parar de elogiar esse babaca - retruquei e ela gargalhou muito alto, atraindo a atenção até mesmo do surfista idiota para nós dois.
- Você tá com ciúmes, amor? - ela perguntou, ajoelhando na minha frente.
- Não - respondi sem passar muita convicção, fato que não passou despercebido a ela.
- Está, sim - ela riu - Para de ser bobo. Eu amo você do jeito que você é. E nem gosto de loiros. Mas a tatuagem você podia considerar. Só uma dica - completou, me fazendo rir e me beijando em seguida.

Flashback off

- Às vezes, você parece mais um garoto de treze anos preso no corpo de um cara de vinte e sete, e pra mim isso só te torna ainda mais apaixonante. Viciante, até. Confesso que eu acho uma gracinha quando você fica bravo porque o Brian sempre ganha de você no videogame - ela disse, fazendo Brian e eu gargalharmos.

Flashback On

Londres, 12 de outubro de 2010

- Não acredito que você perdeu de novo, - Brian falou, rindo - Você não cansa, não?
- Quero revanche - falei, já iniciando outro jogo.
- Desiste, cara. Você é muito ruim nisso - ele disse.
- Eu vou ganhar essa - retruquei e ele apenas deu de ombros.
Começamos outro jogo, enquanto lia um livro, sentada em sua cama.
Cinco minutos de jogo depois, e eu perdi mais uma vez. Brian explodiu em uma gargalhada sem fim, fazendo até rir junto. Sem achar muita graça, levantei do chão, fui até a TV e desconectei o videogame.
- Acabou a graça por hoje - falei - Cai fora daqui, Brian.
- Hey, você não pode me expulsar do quarto da minha irmã - ele falou.
- Posso, sim. Vaza! - repeti, abrindo a porta para ele sair.
- - ele retrucou, olhando para irmã que estava rindo. Ela, por sua vez, só deu de ombros. Brian bufou e saiu do quarto, batendo a porta atrás de si.
- Você fica tão bonitinho quando está emburrado - falou quando me deitei ao seu lado na cama.
- Não estou emburrado - retruquei, fazendo bico. Ela riu mais uma vez e me abraçou, apoiando a cabeça na curva do meu pescoço.
- Vocês vão estar em casa semana que vem? - ela perguntou.
- Não - respondi - Vamos pra Cardiff pra uma entrevista numa rádio e um pocket show.
- Droga. Espero que a semana passe rápido - ela resmungou. Concordei com a cabeça e deitei de frente pra ela. Puxei-a para bem perto de mim e encostei minha boca em sua testa. Ela suspirou de leve e fechou os olhos, fazendo seus cílios encostarem levemente na minha bochecha.
- Eu também espero - falei baixinho e logo depois adormeci com ela em meus braços.

Flashback off

- Eu amo cada pequeno detalhe em você, . E eu queria que meus votos fossem lindos e românticos, mas tudo o que eu posso te dizer é que eu te amo e que eu prometo transformar a sua vida num conto de fadas também - ela terminou os votos e eu sorri.
O padre logo terminou a cerimônia e finalmente nós nos tornamos Shrek e Fiona. Pra sempre.

Uma semana depois...
Cancun, 21 de abril de 2015

A brisa suave batia nos nossos rostos, fazendo o cabelo da minha esposa esvoaçar. Minha esposa. Soava bem. Soava muito bem, pra ser sincero. Sorri com esse pensamento.
- No que você está pensando? - ela me perguntou, olhando para mim e apertando um pouco minha mão que estava entrelaçada a dela.
- Que "minha esposa " soa muito bem - respondi e ela riu.
Continuamos caminhando pela praia, aproveitando o sol fraco e a brisa leve de fim de tarde.
Estávamos no fim da nossa lua de mel e eu não poderia estar mais feliz. Ela era realmente tudo o que eu poderia pedir e mesmo assim era muito mais do que eu já havia imaginado.
Enquanto andávamos, vi uma pequena pedra branca cujo formato lembrava um coração. Na parte superior da mesma, um pouco abaixo da borda existia um furo por onde passaria uma corrente tranqüilamente. tinha uma corrente de ouro pendurada no pescoço. Abaixei para pegar a pedra e limpei-a no tecido da minha bermuda. Sem dizer nada, virei-a de costas para mim e desabotoei a corrente, passei-a no buraco da pedra e coloquei-a de volta em seu pescoço. A pedra repousou tranquilamente no peito dela, que sorriu para mim.
- Agora sempre que nós estivermos longe um do outro, você só precisa respirar pra me sentir pertinho de você - falei, pegando a pedra entre os dedos - Finge que esse pedacinho da praia é um pedaço meu também.
- Com certeza essa pedra é um pedaço seu de hoje em diante - ela respondeu e foi a minha vez de sorrir.
- - ela chamou quando voltamos a caminhar. - Qual foi a primeira coisa que passou pela sua cabeça quando você acordou essa manhã?
- Quando você me acordou essa manhã, você quis dizer, né? - brinquei. - Eu me apaixonei.
- Como assim? - ela perguntou.
- Eu me apaixonei por você - respondi. - Novamente!




Fim.



Nota da autora: Sem nota.



Outras Fanfics:
Like We Used To Be - Outros/Finalizada (/ffobs/l/likeweusedtobe.html)
My Favorite Enemy - One Direction/Em Andamento (/ffobs/m/myfavoriteenemy.html)


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