Capítulo Único
Sabe aquele casal perfeito que namora desde sempre, que todo mundo acha que vai casar e ter uma família fez? null e Steve são esse casal, ou eram, deixaram de ser oficialmente à partir do momento que todas as amigas de null receberam a mensagem “terminamos”. Foi o momento em que null e null inventaram desculpas em seus trabalhos e foram atrás da amiga. null não estava tão abalada quanto elas acharam que estaria, só estava decepcionada por ter gastado tanto tempo em algo que terminou daquele jeito. Esvaziar sua casa, desfazendo-se de tudo que lembrava esses 7 anos da sua vida, era um tanto dolorido, mas era como se ela já esperasse por isso. Não tem como dizer que seu coração não está destruído, ela desperdiçou seus melhores anos naquele relacionamento, mas ela também não enxergava mais um futuro ao lado dele. Sua campainha tocou, e ela já imaginou quem seria, foi até a porta e null estava com uma cesta de chocolate e null com garrafas de vinho.
— Oi, meninas. — Disse, com um sorriso fraco.
— Eu sinto muito, null. — null abraçou a amiga e null rolou os olhos.
— A gente veio aqui para melhorar o astral dela, não piorar tudo, null! — Exclamou null, fechando a porta com o pé e indo até a cozinha.
— O que é tudo isso? — Perguntou null, colocando a cesta na mesa de centro.
— Estou empacotando tudo que me lembra o Steve. — Explicou null, coçando a cabeça.
— Então, você vai ter que mudar de apartamento. — Brincou null, recebendo um olhar feio de null.
— Eu sei, é que algumas coisas tem mais sentimentos que outras, e não quero lembrar que desperdicei tanto tempo nesse relacionamento atoa. — null foi até um armário e pegou três taças.
— A gente te ajuda! — Disse null, determinada, abrindo uma garrafa de vinho. — Mas vamos encher a cara!
Depois de algumas garrafas, null achou uma caixa lacrada no baú de null.
— Isso é o que eu estou pensando? — Perguntou null, assim que pôs os olhos na caixa.
— Acho que sim. — Respondeu null, quase dando pulinhos de alegria, null esticou a cabeça para olhar e sorriu.
— Definitivamente, é sim. — Ela chamou null com as mãos e a mulher se aproximou, entregando a caixa. — Vejamos… — Era uma caixa média, de madeira e decorada com glitter e estrelas. Havia algumas fotos da adolescência, três óculos de sol coloridos, uma coroa e uma faixa escrita “Birthday Girl”, logo após tirar tudo da caixa, null achou o que estava procurando. Uma lista com o título “Coisas para fazer com 22 anos”, o que parecia irônico, já que agora ela tinha 26.
— É a lista? — Perguntou null, null assentiu.
— Número um: usar roupas alternativas. Número dois: tomar café da manhã à meia-noite. Número 3: beijar um desconhecido. Número 4: Passar a noite inteira acordada em festas diferentes. Número 5: Dançar na mesa de um bar. Número 6: Deixar um estranho escolher minha tatuagem. E número 7: Colocar um piercing no umbigo. — As garotas se entreolharam e deram risada.
— Sabe, essa é a oportunidade perfeita. — Disse null, atraindo a atenção das amigas para ela. — Nós já estamos quase bêbadas, e nunca é tarde para voltar aos 22. — Antes que null pudesse falar algo, null se lembrou da vida que ela imaginava para ela antes de Steve, e de como aquilo que ela havia se tornado não combinava com ela, não com quem ela era antes dele.
— Você está certa. — Respondeu ela, se levantando. null ficou boquiaberta e null sorriu. — Vamos cumprir a lista hoje! — A determinação de null animou as amigas, que foram providenciar a primeira coisa da lista, null tinha bastante roupa alternativa e elas conseguiram montar um look.
null ficou encarregada de levar a lista, e elas fingiram que era mesmo o aniversário de 22 anos de null, ela foi exatamente como o planejado. A primeira parada foi em um bar, como ainda era 22:30, elas tinham que esperar para tomar café da manhã, então foram adiantar outras coisas da lista. Elas ganharam um drink grátis por ser “aniversário de null”, e dançaram a noite toda. Quando o relógio deu 00:00, elas procuraram uma cafeteria aberta, e tiveram que andar muito até achar um lugar.
— Ufa! — Exclamou null, cruzando a porta do local.
— Achei que nunca encontraríamos um lugar aberto. — null estava reclamando, e null rindo. Quando viraram o olhar para o atendente, null e null se entreolharam.
— Aí o seu desconhecido. — Sussurrou null, null corou. Elas caminharam até o balcão para fazer o pedido.
— Boa noite, gostaríamos de três capuccinos e três pães na chapa. — Pediu null, o homem digitou. — Certo, $15! — null tirou o dinheiro da carteira para pagar, mas o homem a interrompeu. — Eu nem imagino o porquê de vocês três estarem em um café a essa hora com roupas de festas, mas como você está com uma faixa escrita “Birthday Girl” vai sair por conta da casa. — Ele sorriu, fazendo null sorrir. — Obrigada, nós tivemos que andar muito para encontrar um café aberto. — Respondeu ela, o homem assentiu. — Eu imagino, como você se chama? — Ele sorriu e pegou uma caneta. — Desculpe, sei que é para o café, mas se eu disser meu nome, vamos deixar de ser desconhecidos. — Ela se deu conta de que passou muito tempo namorando e não se lembrava mais como flertar, o homem escreveu “aniversariante desconhecida” em um dos copos, rindo. — E suas amigas? — null e null. — Respondeu, quase que num sussurro. O homem escreveu e deu uma piscadela. — Já levo para vocês. — Respondeu, null assentiu e se sentou ao lado das amigas, que já haviam sentado antes mesmo dela começar a pedir. — E então? — Perguntou null. — Fui péssima, acho mais fácil beijar um bêbado em uma festa. — Respondeu ela, se sentando. — Foi o que eu disse para null! — Exclamou null, que entrou em uma discussão com null após dizer isso, null acreditava que era melhor beijar um desconhecido enquanto estivesse sóbria e que ela tivesse certeza que não beijou 50 bocas antes de beijar a dela, null acreditava que em uma festa seria muito mais fácil, já null nem sabia se conseguiria fazer isso, foram muitos anos com a mesma pessoa, mas era divertido ver as duas amigas fazendo o possível por ela. O homem levou o pedido até a mesa, e antes que ele pudesse falar algo, null se prontificou. — Você pode nos fazer um favor? — Perguntou, com um certo tom de malícia na voz, null rolou os olhos. null pegou a lista da mão de null e o rapaz voltou sua atenção para ela. — Nós estamos ajudando nossa amiga aqui a cumprir essa lista… — Ela entregou a lista na mão do homem, que analisou calmamente. — Isso explica o café. — Ele riu fraco. — Ah… — Agora ele parecia estar entendendo. — Isso explica tudo. — Ele puxou a cadeira ao lado de null e se sentou. — Você quer que eu seja o desconhecido? — A mulher corou, porque ele estava perto demais. — Ela quer, só é tímida demais para falar. — Disse null. — Eu não sou tímida! — Exclamou null. — Só estou sem jeito. — Deixa eu adivinhar, terminou recentemente? — Perguntou ele, null assentiu. — Ontem. — Respondeu, em um suspiro. — Que cruel! Um dia antes do seu aniversário… — As garotas contiveram a risada. — Bom, tudo bem, posso te ajudar. — Ele se aproximou da cadeira, mas antes que chegasse perto, voltou a falar. — Esperem eu fechar o café, eu sou barman numa boate perto daqui, inclusive esse era o único motivo desse café estar aberto. — Ele se levantou e caminhou para dentro do café.
null estava sem reação, enquanto null e null vibravam. Elas terminaram de tomar o café, não era bem assim que eles imaginavam aquilo acontecendo, mas a noite era uma criança. Depois que acabaram, todos saíram do café. — É aqui perto. — Disse o homem, apontando para as luzes piscando. As garotas o seguiram, era uma boate grande, e elas entraram pelos fundos, como se fossem funcionárias. O lugar era mesmo grande, as três logo se perderam do rapaz, mas parece que realmente estava começando. A boate anterior não era o suficiente para cumprir as coisas da lista. Assim que começaram a andar para a pista de dança, o homem que as acompanhava apareceu na frente delas.
— Pronto. — Agora ele vestia uma roupa totalmente diferente.
— Você não vai trabalhar? — Perguntou null e ele riu. — Hoje é meu dia de folga. — Ele coçou a cabeça. null achou estranho, mas preferiu deixar para lá. — O que falta nessa lista? — Ele analisou novamente a lista que null o entregou. — Nossa, vocês só cumpriram duas coisas. — Ele balançou a cabeça em negação. — Vem. — Foram em direção ao bar, onde ele preparou 4 shots de tequila, e eles viraram, imediatamente ele preparou mais um. — O que a gente vai fazer? — Perguntou null, animada. — Pelo jeito que sua amiga está calada, ela vai precisar estar muito bêbada para cumprir tudo isso, ou pelo menos um pouco para se soltar. — O homem deu uma piscadela e preparou um drink bem colorido. — Tiro e queda. — Ele entregou a taça para null, que estava meio sem jeito e começou a preparar outros drinks. — Não era seu dia de folga? — Perguntou null. — Não estou trabalhando, estou me divertindo. — Respondeu, enchendo o copo das duas. Quando eles voltaram o olhar para null, ela tinha virado a taça inteira na boca. — Meu Deus, não! Era pra beber devagar, agora você definitivamente vai ficar bêbada. — null deu de ombros, ela nem sentiu quase o gosto de álcool, talvez porque ainda estava acostumada, ela realmente tinha que se soltar, todo mundo estava ali por ela. Uma música começou a tocar e ela logo reconheceu a música.
— Número 5! — Exclamou, as meninas se levantaram e a ajudaram a subir na bancada do bar, depois o homem ajudou as duas a subirem. Only Girl era a música favorita das três, e foi justamente a música que juntou as três na adolescência. As pessoas perceberam que as três estavam dançando totalmente desengonçadas em cima daquela bancada e se viraram para elas, como se elas estivessem dando o show, os seguranças se aproximaram, mas o homem atrás do balcão acenou para eles, que voltaram a circular pelo local. A sensação de liberdade começava a tomar conta do peito de null, e era como se ela aos poucos estivesse recuperando sua essência, jogando o cabelo com as amigas e cantando a música delas, era exatamente como se elas tivessem 22 anos. — Eu não sei sobre vocês, mas eu estou me sentindo com 22 anos! — Gritou para as amigas, que responderam com gritos de comemoração. A música acabou e elas desceram com a ajuda do homem que as acompanhava, o desconhecido. — E aí? Finalmente se soltou? — Perguntou ele. — O que você acha, desconhecido? — Brincou ela, fazendo-o sorrir. — Número 6 concluída! — Disse ele, riscando a lista.
As garotas aproveitaram para curtir a noite, aparentemente aquele era o melhor lugar da cidade, a bebida era de graça, a entrada foi de graça, apesar de ter sido burlada. E o lugar estava repleto de gente bonita, null deu um beijo triplo com um casal, enquanto null e null tiravam fotos. Alguém puxou null pelo braço, fazendo a garota se assustar. — O que está fazendo aqui? — null puxou o braço de null, para que ela prestasse atenção, era Steve, e aparentemente acompanhado. — Você não tem direito de estragar meu lugar favorito na cidade. — Ele tinha um ar intimidador que elas conheciam bem, null estava pronta para se meter, quando null respondeu. — Dá um tempo, Steve! Se eu soubesse que você estaria aqui, eu teria ido para Tóquio, sei lá! — Ela puxou o braço de volta, foi o momento que as suas amigas pensaram; ou ela se libertou de vez, do nada, ou ela estava realmente bêbada. Antes que Steve conseguisse tocar no seu braço novamente, o desconhecido entrou no meio. — Algum problema? — Perguntou ele. — Quem é você? — Perguntou Steve, que era mais alto que o homem, uns cinco centímetros, então olhou para baixo. — Eu que te pergunto isso. — O homem cruzou os braços e encarou Steve. — É o meu ex namorado. — Disse null. — Ah, o babaca que terminou com você na véspera do seu aniversário? — Steve se espantou com a pergunta do outro rapaz. — E pelo visto nem esperou esfriar e já está com outra. — Quando ele disse isso, a ficha de null caiu, mas ela não ia chorar, ela iria sair dali de cabeça erguida. Ela puxou o desconhecido pelo braço. — Vamos, você tem uma tatuagem para escolher. — Disse ela, o homem assentiu. — Você está fazendo aquela lista idiota? Por isso essa palhaçada toda? — Perguntou Steve, o desconhecido se virou e deu um soco no rosto dele. — Idiota é você. — Disse, antes de sair, deixando Steve para trás sendo expulso pelos seguranças. — Será que tem alguma loja de tatuagem aberta? — Perguntou null. — Você viu o que acabou de acontecer? — Perguntou null, null assentiu e pegou o celular. — Eu não ligo. — Respondeu, dando de ombros. — Tem uma loja de tatuagem no fim da rua. — Disse o desconhecido. — Tenho certeza que está aberta, ele lucra muito com os bêbados da boate, ele coloca piercing também. — null sorriu. — Vamos cumprir a 6 e a 7 de uma vez! — Exclamou ela, dando alguns giros leves de alegria, ou efeito do álcool. Parecia que ela estava começando a se divertir de verdade.
— Não, você não vai escolher isso! — Disse null, o desconhecido tinha um sorriso malicioso nos lábios, ele folheou o caderno mais um pouco, já que null estava dando piti. Achou a tatuagem mais legal dali. — Essa. — Disse ele, mostrando ao tatuador, era uma de Rick e Morty em que os dois estavam mostrando o dedo do meio. — Eu também vou querer fazer. — Completou. null e ele fizeram a mesma tatuagem no antebraço, até que ela não surtou enquanto fazia, mas surtou depois. — Meu Deus, moço, vai doer esse piercing? — Perguntou ela. — Não dói nada. — Respondeu o homem, se preparando para furar, null mordeu a boca com tanta força que sentiu o gosto do sangue, é verdade que o número 7 foi só porque ela tinha pavor de piercings, e achou que quando tivesse 22 saberia lidar com isso, mas mesmo aos 26, ela não sabia. Quando acabou, ela levantou a blusa e foi se olhar no espelho. — O que achou? — Perguntou null, que estava filmando tudo. — Parece que virei uma gostosa. — Brincou null. — Isso você sempre foi, amiga! — Disse null, abraçando a amiga. — Vamos tirar uma foto, vem desconhecido! — null levantou o celular e tirou uma foto, null e o desconhecido mostraram as tatuagens na foto. — O que a gente faz agora? — Perguntou null. — A gente podia ir para a praia. — Sugeriu null. — Até a hora que a gente chegar lá, o sol vai estar nascendo. — É uma boa ideia, vou pedir um carro. — O homem saiu falando no celular. — A gente compra umas bebidas e coloca musica no celular, aí você pode beijar ele. — null sacudiu null com empolgação, ela se lembrou que faltava a número 3, já que elas iriam amanhecer o dia na rua, e se eles fossem para a praia as chances de encontrar outra pessoa para ela beijar se reduziria. E ele sabia disso, então talvez ele quisesse, pensar isso deixou null mais despreocupada. Ela não sabia explicar a energia caótica daquela noite, mas em muito tempo ela estava se sentindo viva de verdade.
A viagem para a praia demorou um pouco, até porque elas tinham atravessado a cidade para encontrar aquele café. Mas valeu a pena, null viu o sol nascendo ao lado das amigas e do desconhecido, que ela se recusava em saber o nome, e aquilo foi incrível, aquela sensação de liberdade fez com que todo sentimento de tristeza desaparecesse, era sobre isso que ela estava falando quando terminou com Steve, ser ela mesma de novo, e nem demorou muito para que ela percebesse que aquela foi a escolha certa. Logo após o sol nascer, o homem parou ao lado dela. — Bom, parece que eu sou o único desconhecido aqui agora. — Disse ele, meio sem jeito. null pegou o celular para filmar e null estava praticamente roendo as unhas naquele momento. — É, não vejo mais nenhum por… — Antes que ela pudesse terminar, ele a puxou pela cintura e ela sentiu o toque dos seus lábios, o beijo não demorou muito e não foi tão constrangedor como ela pensou, não precisou de muito esforço para acontecer, só o pós beijo que foi estranho. — Agora você pode me dizer o seu nome. — Eu gosto de desconhecido. — Brincou ele. — null, e o seu é null, né? — Ela assentiu. — Obrigada por ter ajudado. — Foi a última frase que eles trocaram, ele apenas sorriu. Depois passaram um tempo bebendo e voltaram para casa. null jamais esqueceria o dia que se sentiu livre de novo, o dia que sentiu ter 22 anos, porque foi exatamente o que ela planejou para os seus 22.
1 ano depois...
— null, eu já entendi, mas eu preciso trabalhar! — null tentava convencer null a desligar o telefone. — Eu só tô dizendo que você deveria ir! — null insistia que a amiga fosse a boate que elas haviam ido na noite que concluíram a lista dos 22. — Depois eu te confirmo, tá? Agora eu realmente tenho que ir! — Disse, antes de desligar o telefone, enquanto colocava na bolsa, ela esbarrou em alguém entrando no prédio da empresa. — Me desculpe. — Disse o homem. — Eu que peço desculpas, estava distraída… — Quando levantou o olhar, ela reconheceu a pessoa que estava em sua frente.— você? — Perguntou, surpresa. O homem vestia um smoking preto e tinha uma maleta na mão. — Eu! — Ele sorriu. — Pensei que você trabalhasse em uma cafeteria e fosse barman de noite. — Ela arqueou uma das sobrancelhas. — Bom, eu trabalho, na verdade eu sou o dono da cafeteria e da boate.— Respondeu ele, meio sem jeito, o que fez null rir. — Então, minha reunião é com você. — Ela sorriu, fazendo-o sorrir. — Mal posso esperar. — Disse ele, abrindo a porta para ela entrar.
Fim
Nota da autora: oii gente, tudo bem? espero que sim! espero que tenham gostado, vou deixar meu insta de autora, pra vcs conferirem minhas outras fics, e o grupo no whatsapp de leitoras, beijos!
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