Capítulo Único
O sol já começou a se pôr, indicando que começava a escurecer lá fora. A temperatura também estava baixando aos poucos, iniciando um vento gelado. caminhava rapidamente em direção a uma de suas cafeterias favoritas. O pão de queijo e o croissant de chocolate definitivamente se encaixavam na sua lista de comidas reconfortantes, de tão gostosas que eram. Olhando rápido, a cafeteria não estava tão longe e logo o cheiro de café moído começava a invadir suas narinas, apesar dos ventos.
As paredes do lugar, em cores escuras, o deixavam aconchegante, como se fosse um quarto com a luminosidade perfeita e quente, pronto para você. Todas as decorações e enfeites de mesas também deixavam o ambiente com o ar mais especial e já havia notado que, nas épocas do ano em que haviam feriados ou em datas marcadas por algo especial, o café se tornava temático também. No momento, por não haver nenhuma data comemorativa próxima, mas a estação que se encontravam ser o outono, o lugar estava repleto de arranjos florais, daqueles falsos, em cores quentes e folhas de bordo específicas que caíam das árvores em montes. Havia também algumas nozes decorativas, deixando tudo uma graça e perfeitamente no clima.
Assim que adentrou no lugar, o aroma de pão quentinho e café fresco chegaram aos pulmões de . A boca já começara a salivar, desejando quaisquer que fossem as delícias disponíveis na vitrine no dia de hoje. Ao ver entrando e indo em direção à fila, a atendente a cumprimentou. De tanto que a mulher frequentava a cafeteria, sua feição já era conhecida e todos os elogios que fornecia às comidas eram completamente bem-vindos, deixando sua presença marcante no local.
– ! Sempre muito bom te ver por aqui, o que posso te servir hoje? – Rosalia, a atendente, disse assim que a moça chegou à frente.
– Rosa, sabe que não consigo viver sem essas coisas perfeitas que você faz. – sorria para a mulher do outro lado. As duas tinham uma simpatia sem igual e, desde a primeira vez que se viram, conversavam como se conhecessem há muitos anos. – Tem meu croissant favorito? – Rosa se esticou um pouco para o lado, observando a vitrine rapidamente e sorriu de volta, assentindo com a cabeça. – Então, quero um croissant e um latte, bem quentinho.
– É pra já! – Rosalia sorriu novamente e se virou para ir preparar o café.
Toda vez que ia até a cafeteria, praticamente no mesmo horário regularmente, o lugar não estava tão cheio e havia uma mesa que sempre estava vaga, bem ao lado da grande janela do lugar, dando uma visão geral da rua lateral da cafeteria; e havia se encantado por esse cantinho, então toda vez ela ia e se sentava ali, esperando que Rosa trouxesse seus pedidos. Pelo menos, até hoje. Virando-se para ir até sua mesa favorita, notou que havia uma pessoa no seu lugar. Um homem, não muito mais velho que ela, sentado ali, mexendo no celular completamente concentrado e com uma grande xícara ao seu lado.
Ficando totalmente estática no seu lugar, continuou encarando o rapaz sentado ali na sua mesa – talvez estivesse fazendo uma força mental surreal para que o mesmo saísse flutuando de seu lugar – e quanto mais a mulher olhava, mais parecia que o homem era alguém conhecido. Seu perfil tinha alguns traços que lembravam alguém que já foi muito importante para , a sobrancelha, a ponta do nariz…, mas talvez o seu subconsciente estivesse apenas lhe pregando uma peça. Como ela já havia ficado alguns – vários – minutos parada no meio da cafeteria, apenas encarando um desconhecido, não sabendo se ia para frente ou voltava, decidiu voltar e ir conversar com Rosa, na esperança de que a mulher conseguisse seu lugarzinho para ela. Entretanto, na hora que estava virando para se voltar à vitrine, o rapaz olhou para ela rapidamente. “Por Deus, vai pensar que eu sou doida. Estava encarando ele há uns bons minutos, socorro!” Os pensamentos logo invadiram sua mente assim que a mesma virou e desviou o olhar, disfarçando, ou pelo menos tentando disfarçar. Ainda assim, pensou ter ouvido alguém chamar seu nome, mas talvez estivesse realmente ficando doida. Mas, passados alguns segundos, escutou novamente, não sendo agora algo vindo de sua imaginação.
– ? É você? – O rapaz antes sentado, agora de pé ao lado da mesa, havia falado. virou-se para o mesmo e teve um sobressalto ao perceber quem era. Ali, na sua cafeteria favorita, estava seu ex-namorado, bem na sua frente e chamando por ela. – Não acredito, é você mesmo!
– ! Meu deus do céu, como assim? – sorriu amigavelmente para o homem e caminhou até ele, indo cumprimenta-lo com um beijo no rosto. – Nossa, achei mesmo que te conhecia de algum lugar, mas não estava reconhecendo. – sorria para ela também, com praticamente todos os dentes possíveis aparecendo.
– E aí, como você está? Tudo bem? – perguntou após os dois se afastarem. O rapaz continuava tão bonito quanto antigamente. e ele estiveram em um relacionamento sério alguns anos antes, porém, infelizmente não havia dado certo. Um desencontro de rotinas e de ideias, visto que os dois eram mais novos na época, fez com que o relacionamento esfriasse, gerando alguns atritos. O compromisso durou apenas alguns meses, quase um ano, porém os dois sempre foram grandes amigos antes do namoro, o que deixava as coisas duas vezes mais intensas. Após o término, querendo ou não, eles acabaram se afastando – começou a focar mais na carreira e em outros assuntos que envolviam seus amigos e também, o curso de seus sonhos estavam ali batendo na sua cara e ela não queria acabar se estressando com uma coisa que antes era seu porto seguro – sendo assim, os dois quase não tinham se visto desde aquela época.
– Tudo certo e com você? Está diferente e bonito. – respondeu sorridente. Apesar do relacionamento não ter dado certo, por outras N questões e não por brigas, ela adorava a presença de e não poderia esquecer o quão amigos eles já haviam sido também. – Ainda mantém contato com os meninos?
– Ei, eu sempre fui bonito! – Ele brincou, franzindo as sobrancelhas tentando fazer cara de bravo para ela, mas rindo em seguida. – Sim, nós nos encontramos sempre. Precisamos manter as fofocas em dia, né, sabe como é.
– Seus fofoqueiros. Pelo visto, não mudaram nada. Esses tempos encontrei o Tom, estava todo sorridente fazendo compras de mercado. – continuou. Os dois nem haviam se tocado que estavam em pé iniciando uma conversa.
– Por incrível que pareça, esse homem adora fazer mercado. É uma coisa surreal. – sorriu, mostrando um pouco das duas covinhas. – Mas e aí, está sozinha? Quer sentar comigo? Podemos colocar o papo em dia.
– Claro, vou adorar. – se afastou um pouco e deu espaço para ela se sentar do outro lado da mesa em que ele estava. podia jurar ter visto um pequeno brilho nos olhos dele ao falar que estava sozinha, mas talvez sei lá, apenas um reflexo de alguma lâmpada do ambiente. – Confesso que antes de você me chamar, eu estava em um dilema. Não sabia se eu mesma te arrancava da minha mesa favorita ou chamava a Rosa para fazer isso. – Ela continuou após se sentar.
– O quê? Sua mesa favorita?
– Sim, eu sempre sento aqui. Pode perguntar para Rosa. É rotina já. Fiquei surpresa de ver alguém aqui. – Rosalia estava se aproximando com uma bandeja em mãos, com os pedidos de . – Rosa, diz pra ele que essa mesa é minha favorita.
– Pois é. Essa menina sempre tá aqui e sempre está nessa mesa aqui, até achei que haveria um conflito entre vocês dois. – Rosa respondeu, colocando de forma calma a bebida na mesa. – Pelo visto vocês se conhecem.
– Sim, eu e o já fomos… quer dizer, somos grandes conhecidos. – respondeu rapidamente. Rosa assentiu.
– Que coincidência. começou a frequentar aqui há pouquíssimo tempo, né, e por incrível que pareça, todas as vezes se sentou nessa exata mesa. Será que agora teremos um confronto de gigantes aqui? – Rosa brincou e começou a se retirar, dando risada. – Se precisarem de mais alguma coisa, podem me chamar.
– Claro. Obrigada, Rosa! – agradeceu e voltou seu olhar para a mesa, observando o tão desejado café e seu croissant favorito. Não havia percebido que estava com tanta vontade desse doce até sentir seu cheiro clássico. – Então… O que está fazendo? Perdeu algo? – Perguntou ela, após direcionar o olhar de volta para e o observar procurando alguma coisa pela mesa.
– Estou procurando seu nome escrito em algum lugar. – olhou convencido para , que apenas olhou para ele indignada, antes de começar a rir.
– Cheio de piadinhas, o que é isso?
Após as risadas cessarem, os dois começaram a conversar. comentou que ele e os amigos continuaram no ramo da música e não pretendiam mais parar, até porque estavam tendo bastante reconhecimento e sucesso – demais – nas composições. Ele sempre gostou muito de música, conseguia lembrar as inúmeras vezes que ele cantou para ela tanto dentro como fora do relacionamento. O violão do homem até tinha um nome, Betsy, caso ela não estivesse tão esquecida. Como uma boa stalker, já conhecia e tinha escutado algumas músicas dos meninos. O relacionamento não foi para frente, mas ela ainda assim sentia um carinho muito grande por todos, inclusive por , então não tinha como deixar de prestigiar quando a música foi lançada.
também havia continuado com os planos de antigamente. Terminou o seu curso e agora trabalhava em uma das áreas mais desejadas da biomedicina. Também comentou dos seus planos de abrir uma clínica tanto voltada para a área de estética, quanto para a médica mesmo; essas duas vertentes ganharam o coração da mulher assim que ela começou a estudar sobre e conseguir juntar as duas no mesmo trabalho era o que mais a deixava contente. sabia o quanto esse era o sonho de , o quanto ela queria isso e, parando para pensar, ignorando as partes ruins, o fato de o relacionamento ter acabado bem na época em que os dois estavam decidindo seus caminhos não foi de fato tão péssimo, visto que eles puderam realizar todas as suas vontades sem empecilhos.
conseguia se lembrar muito bem de ambos deitados na cama de , contando todas essas vontades e dizendo que iriam realizar isso juntos. Essa mesma memória também estava invadindo a mente dela, que, ao lembrar, soltou o ar dos pulmões por um suspiro imperceptível. O tempo realmente havia passado e agora que ela conseguia ver com clareza.
– Eu fico muito feliz por você, ! – falou, pegando na mão livre de , que estava em cima da mesa.
– E eu, por você. Já pode começar a fazer um botox comigo, que que você acha? – brincou, fazendo com que o homem do outro lado lhe mostrasse a língua.
– Eu ainda não preciso, ok? – disse ele, levando as mãos ao rosto e puxando as têmporas, fazendo graça. – Quem sabe futuramente. Por enquanto, continuo lindo.
– É verdade, continua mesmo. – comentou e sorriu tímida para ele. Não que a mulher não estivesse dizendo a verdade, mas elogiar seu ex-namorado assim na cara dura era diferente.
– Você que está linda, mulher. Acho que vou passar a noite chorando por termos terminado. – brincou, fazendo com que o rubor das bochechas de fosse embora.
Os dois ficaram um bom tempo conversando, até pediram mais um café para Rosa. O papo estava fluindo tão bem que nem parecia que os dois eram ex-namorados e nem que não se viam há muito tempo. Quem olhasse de longe conseguia reparar uma aura a mais nos dois, Rosa principalmente se coçava para não ir comentar com eles o quanto eles pareciam um casal de recém namorados, do tanto que sorrisos não paravam de surgir em seus rostos, porém ela se conteve. Por quase duas horas e meia eles conversaram, contaram seus desejos futuros e todas as novidades de suas vidas, até precisarem ir embora. Até porque já estava escuro e no dia seguinte as responsabilidades não iriam dar descanso.
– Precisamos fazer isso novamente. Topa mais um café qualquer dia desses? Ou um vinho? – perguntou assim que os dois alcançaram o lado de fora da cafeteria. O céu já estava completamente escuro e com algumas estrelas espalhadas. A cidade mantinha seus postes com as luzes acesas e alguns lugares, a cafeteria inclusive, com alguns pisca-piscas ligados também, dando um charme a mais para o local.
– Claro, podemos combinar. Vou te passar meu número e aí a gente pode ir conversando. – esticou a mão, vendo o rapaz passar seu próprio celular para ela anotar. O brilho no olhar de voltou em algum momento após a mulher lhe devolver o celular, mas ela ainda achava que poderia ser consequência da quantidade imensa de pisca-piscas ligados em suas cabeças. Os dois se abraçaram rapidamente e logo cada um seguiu seu caminho. prometeu que logo iria convidá-la para mais um café e assim partiu, deixando-a pensativa e ele mesmo com esse encontro repentino que gerou tantos assuntos e despertou tantas memórias escondidas.
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Dito e feito. convidou para tomar um café em uma outra cafeteria que ele estava ansioso para conhecer. E nesse mesmo dia, ele deu a ideia de os dois começarem a fazer meio que um itinerário de cafeterias e confeitarias para visitar. Ao ver que o clima entre eles só se tornava melhor e não havia nenhum desconforto da parte de ambos, aceitou de bom grado. Além de gostar da companhia de , ela ainda podia tomar um café maravilhoso, fofocar e matar a saudade do ex-companheiro. Nem tudo foram rosas no namoro, porém, era preciso levar em conta que ambos eram muito imaturos e a amizade sempre foi a coisa que mais prevaleceu nesse meio. Era super normal querer se aproximar novamente de e gostar de sua companhia, por mais que isso a fizesse se sentir estranha.
Já era a quarta cafeteria do itinerário deles. Essa foi que havia escolhido, com a certeza de que o empadão deles era magnífico de acordo com as classificações online. Eles haviam feito o pedido para viagem. Estavam a caminho da casa de . Já era a terceira vez que ele fazia o convite e já estava começando a achar chato da parte dela em ter que negar toda vez, então hoje eles decidiram buscar o tão desejado empadão e ir comer na casa de .
Chegando lá, a casa do rapaz refletia exatamente sua personalidade. Diversos objetos relacionados à música, pequenos enfeites de instrumentos musicais – uma mini guitarra que achou adorável –, livros de partituras e outros davam um ar mais despojado e que ao mesmo tempo ficava estiloso e ajeitado. O rapaz conseguiu deixar tudo exatamente com a sua cara e energia. Chegava até ser cômico o fato de só de entrar no apartamento, mesmo sem conhecê-lo, você saberia dizer que era de .
– Isso aqui é perfeito, meu deus. – disse assim que enfiou uma garfada do empadão na boca. Os dois estavam devidamente acomodados entre o sofá e a mesinha do rapaz, mais especificamente no chão, a pedido de já que “empadões sujam muito para se comer no sofá!”. – Pronto, mais um lugar que eu vou deixar todo o meu dinheiro, a Rosa vai me socar.
– Se ela provar esse empadão, até ela vai deixar todo o dinheiro lá. – brincou, arrancando uma risada da mulher ao seu lado. – Mulher, eu vou ter que te processar! Olha o problema que você vai me arranjar com essas comidas gostosas.
– A ideia do itinerário foi tua, eu apenas dei uma sugestão de lugar. – fez uma careta para ele e lhe deu um leve empurrão no ombro.
Apesar do tour pelos cafés ainda estar no começo, os dois estavam em contato constantemente. Mensagens eram trocadas diariamente e logo as ligações começaram também. adorava conversar com ; por mais que tivessem passado muito tempo sem se ver, ambos tinham grande intimidade e conseguiam criar uma conexão muito grande em questão de minutos. As conversas em ligações duravam horas, eles nem viam o tempo passar de tão envolvidos e distraídos que estavam e a cada dia que passava, isso se tornou mais frequente. Em alguns momentos, o assunto do relacionamento deles até vinha à tona, mas com alguma brincadeira, algum dos dois conseguia dar uma fugida e mudar a conversa, mas estava sentindo que queria conversar alguma coisa com ela em relação a isso. Muitas vezes ela vinha sentindo algumas indiretas, entretanto achou que fosse apenas uma reação boba já que os dois estavam em uma nova amizade.
Acabando de comer seus pedaços das tortas, se ofereceu para lavar os talheres e os pratinhos que eles acabaram usando para se alimentar. Não queria fazer a chata de sair da casa dos outros deixando tudo sujo; a mania por limpeza iria lhe causar uma dor de cabeça terrível depois.
– Deixa aí, , não precisa se incomodar. – disse, tentando fazer com que a mulher não se posicionasse em frente a pia da cozinha. A mão dela já estava segurando a grande esponja amarela para começar.
– Se incomodar com o que, homem? É o mínimo. – sorriu amigável e começou a lavar os objetos dentro da grande cuba de alumínio. – Como eu sei que você quer muito ficar perto de minha presença, pode pegar um pano e já ir secando. Nós dois nos ajudamos. – Ela deu uma piscadela para ele e o empurrou com o quadril, dando risada.
– Ta cheia de piadinha, não é? – a empurrou de volta e pegou um pano de prato, começando a secar alguns dos copos descansando no escorredor.
logo terminou de lavar os últimos talheres e continuava ao seu lado, secando aos poucos os objetos e os guardando em seus respectivos lugares. Chegando mais perto de , ela esticou as duas mãos, para secar as mesmas no mesmo pano de prato que ele segurava, justamente para não usar outro, porém não viu. O mesmo foi até um dos armários marrons de sua cozinha sem nem ver e guardou lá alguns de seus copos e ela foi atrás, também não prestando tanta atenção à reação do ser humano à sua frente.
O que aconteceu em seguida foi muito rápido. Como estava distraída indo atrás de , o mesmo também não havia percebido sua presença ali. O rapaz então virou de forma abrupta na mesma direção que ela, fazendo com que ela batesse diretamente em seu peito. Ele não era tão mais alto que ela, o que deixava o rosto dos dois a milímetros de distância. conseguia contar nos dedos quantas vezes já havia olhado para os lábios de de tão perto assim e ele fazia o mesmo. E em dois segundos, tudo ficou preto.
havia beijado . Como se soubesse que isso poderia assustá-la, ele primeiro lhe deu um longo selinho nos lábios e depois pediu passagem com a língua, não sabendo qual seria a reação dela; ele não se aguentava mais. Fazia dias que a vontade de beijar a mulher só aumentava. se surpreendeu ao sentir a boca dela começar a se mover, começando a guiar o ato. estava correspondendo. E gostando ainda por cima. Não lembrava do beijo de ser tão bom assim e agradecia aos céus por estar tendo a chance de beijar esses lábios mais uma vez. Ainda com a mão molhada, segurava os fios da nuca de , os prendendo levemente entre os dedos e os puxando. Ele mantinha uma mão na cintura dela, deixando alguns apertões por ali e a outra no rosto dela, fazendo um leve carinho na bochecha dela com o polegar. Não medindo as atitudes de seus atos, logo se afastou rapidamente – mas não para longe – de . Os dois ficaram se olhando, até ele tentar se aproximar novamente e a mesma levar uma das mãos para os lábios molhados e vermelhos.
– … O que aconteceu aqui? – estava um pouco chocada, mas não demonstrava remorso algum por ter beijado o ex.
– Um beijo, ora bolas. – arriscou uma brincadeira, tentando amenizar um pouco o clima de tensão que se instalou naquela cozinha. – O que foi? Achei que estivesse com saudades de beijar seu ex. Eu sempre beijei muito bem, fala aí.
– Menos né, , seu convencido. – deu risada, sentindo seus ombros relaxarem agora. Conhecendo o homem à sua frente, ele não deixaria o clima ficar pesado entre eles.
– Ah, que isso. Eu sei que você sentiu falta do melhor beijo da tua vida. Pode falar, eu não vou me gabar. – Ele ficou em silêncio e olhou para cima, fazendo uma cara de pensativo. – Não vou me gabar TANTO. – levantou as duas sobrancelhas de forma sugestiva e começou a dar risada, juntamente de .
– Você não vale nada, homem. Quem muito se acha, não é quase nada, viu? – A mesma deu uma piscadela para ele e começou a se afastar minimamente.
– Você não disse isso, . – O homem mantinha uma cara de indignado digna de uma fotografia. – Quer saber, vou cuspir no prato também. Não sei se seu beijo é lá essas coisas. – Agora a feição mudou para indiferente, apesar de o mesmo estar tentando segurar o riso.
– O meu beijo é maravilhoso, garoto. Nem vem com essa. Ninguém nunca reclamou. – Agora era que mantinha a feição indignada.
– Acho que não, em… – continuou, rindo da cara dela. – Vou repetir: Quem muito se acha, não é quase nada. É isso mesmo, , o feitiço virou contra o feiticeiro. – A mulher não aguentou e começou a gargalhar também.
– , … Você não presta, cara.
– Presto sim! E o meu beijo também, sua bocuda. – Ele brincou mais uma vez e se aproximou de forma imperceptível dela.
– Não nego e nem afirmo nada. Isso foi há tantos anos, não consigo nem lembrar direito. – respondeu ainda dando risada, porém não se afastou ao ver o quão próximo ele já estava de seu corpo. Ao observar o rosto dele tão próximo assim, seu olhar mudava dos olhos para os lábios dele, repetidamente e de forma não tão discreta.
– Pois não se preocupe com isso. Quer relembrar mais uma vez? – sorriu para ela e foi para frente do corpo dela, levando uma mão sorrateira para a cintura dela mais uma vez. nem respondeu, apenas se aproximou mais um pouco e juntou seus lábios novamente. Os dois estavam se segurando ao máximo para não se beijarem novamente. Por , eles nem haviam parado e todas as olhadinhas que ela havia dado para sua boca apenas o deixaram com mais vontade.
Apesar de ter hesitado um pouco quando ambos se afastaram do primeiro beijo, ela também não estava se aguentando de vontade de enfiar os dedos novamente nos cabelos de e puxá-lo para mais um beijo. As consequências para esse ato seriam pensadas mais tarde. No momento, os dois só queriam aproveitar o agora e nada mais.
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Alguns meses haviam se passado desde aquele beijo no meio da cozinha. pensou que as coisas fossem ficar estranhas entre eles assim que ela saísse pela porta da casa dele, porém, como era o ser mais surpreendente da terra, o homem não permitiu que as coisas ficassem esquisitas. Eles ainda eram amigos e o beijo havia sido somente uma ação de mais um dia de juntos. E quem não gosta de beijar, não é mesmo?
Desde aquele dia, os dois passaram a se ver com bastante frequência. Além das idas aos cafés, muitas vezes eles combinavam de jantar juntos ou almoçar quando havia algum tempo que não fosse atrapalhar nenhum dos dois. Às vezes fazia surpresa e levava um café com algum bagel ou pedaços de bolo para a casa de . E em alguns – vários – desses “encontros”, pelo menos um beijo acontecia. Os beijos foram se tornando tão frequentes que com o passar do tempo, eles nem conseguiam mais se ver sem que pelo menos houvesse um selinho na hora da chegada ou da partida de algum dos dois. Isso foi acontecendo naturalmente.
Muitas vezes pensou que isso fosse acabar tendo alguma complicação, mas as coisas fluíram tão perfeitamente que logo isso se dissipou de sua mente. Nada a incomodava. E para era a mesma coisa. Entretanto, toda vez que via a , ele sentia seu coração se preencher cada vez mais e os dias em que eles mal conseguiam conversar, era como se algo estivesse faltando. Ele sentia como se tivesse alguma coisa incompleta.
Já havia alguns dias que o rapaz estava com isso na cabeça. E ele conseguia reparar que em todas as vezes que ele se encontrava com , seu coração palpitava e seu peito se enchia, como se estivesse protegido, abraçado, preenchido. Isso acabou mexendo um pouco com ele. não podia negar o quanto gostava de , porém não imaginou que toda essa situação fosse acabar mexendo com o seu interior, com o seu coração. Não que isso fosse algo ruim, algo que ele não quisesse, mas a princípio esses nem eram seus planos e o medo de ser rejeitado também começava a ser real. Por mais que correspondesse agora, os dois estivessem em uma sintonia e em um momento muito bom, ela poderia querer acabar com tudo ao descobrir que ele estava balançado.
não tinha medo. Se fosse para ter seu coração quebrado, ele teria, são coisas da vida e que fazem as pessoas se tornarem mais fortes. E ambos já haviam tido um relacionamento que por infortúnio do destino e outras N coisas não havia dado certo e infelizmente cada um seguiu seu caminho. Porém, ele não tinha certeza se perder também não o quebraria de vez. Gostava muito da mulher, não iria forçá-la a ter os mesmos sentimentos que ele, entretanto, ficava receoso de saber que, se caso ele resolvesse expor o que estava sentindo, ela não o quisesse mais, nem como seu amigo.
Ele e não se viam fazia alguns dias. Além de estar ocupado com algumas coisas do trabalho, ele precisava ter a certeza do que estava sentindo e essa pequena distância o havia feito enxergar as coisas com muita clareza. Ele estava disposto a conversar com e mostrar todos os seus sentimentos, correndo o risco de ela não o corresponder, mas pelo menos contando toda a verdade para ela. Após conversar com seus amigos também, ele havia tomado uma decisão e contaria para ela o quanto antes.
Em algumas horas, ele se encontrava na porta do apartamento dela. Já havia tocado a campainha para avisar que havia chegado e já estava entrando. Os dois tinham adquirido essa mania de entrar sem que precisasse de um deles para abrir a porta, já que às vezes eles estavam ocupados com outras coisas. logo apareceu através do corredor dos quartos e foi direto para abraçar o rapaz.
– Oi! Quanto tempo. – Ele falou, ainda abraçado com ela, deixando um beijo no ombro desnudo pela alça da camiseta dela.
– Eu senti sua falta. – pronunciou e se afastou levemente, agora o beijando nos lábios. – Como estão as coisas? Na correria ainda?
– Agora deu uma melhorada. Conseguimos resolver grande parte do problema com a música e só falta alguns arranjos para consertar.
– Que bom, fico feliz. – A mulher sorriu para ele e entrelaçou sua mão na dele, o puxando para a sala. Os dois se sentaram no sofá de frente um para o outro. – O que foi? Você disse que queria conversar comigo.
– E quero. Só estou um pouco nervoso. – falou e sorriu tímido para ela, passando a sacudir uma de suas pernas.
– Não fique. Você pode falar comigo sobre qualquer coisa, eu não vou te julgar. – sorriu para ele amigavelmente também e deixou um longo selinho nos lábios dele, o tranquilizando momentaneamente.
– Eu não sei muito bem como começar. Eu peço que você me escute primeiro, certo? – fechou os olhos pesadamente de forma rápida e encarou os olhos dela, criando coragem para falar. – Então… , eu gosto de você. Eu gosto muito de você. Mais do que você deve estar imaginando agora. – Ele segurou uma das mãos dela. – Já faz algum tempo desde que eu comecei a pensar nisso. Desde que eu comecei a me sentir assim. Não sei se você sente o mesmo e nunca te forçaria a sentir também. Mas eu preciso que você saiba do que eu sinto, porque eu já não consigo guardar só para mim tudo isso. – prestava atenção em tudo o que ele falava, sem nem piscar e ainda assim não havia desentrelaçado sua mão da dele. – Você é uma mulher tão incrível. Sempre foi. Mesmo quando éramos mais novos, você sempre foi madura e decidida e agora então, eu não tenho palavras. Não era parte dos meus planos me apaixonar e imagino que também não seja o seu, porém aconteceu. Toda vez que não conseguimos nos ver ou até conversar, eu sinto como se algo estivesse incompleto no meu dia, sabe? – respirou fundo e desviou o olhar por alguns segundos, tentando fazer com que a coragem não fosse embora e o levasse junto pela porta. – Isso tudo pode acabar em uma tragédia? Um grande desastre? Pode, mas não tentar é pior do que a dor. Eu não me importo se você me quebrar, . Eu quero que você me quebre. Eu quero. Eu estou pronto. – Ele voltou a olhar nos olhos dela, que mantinha o olhar fixado em todo ele também e com a mesma feição, sendo impossível de decifrar. já começava a tremer internamente. – Se você quiser que eu vá embora, que eu saia por aquela porta, tudo bem. O problema é que eu não quero, . Por mim eu ficava aqui até você sentir o mesmo, até esse fogo dentro de mim se acalmar ao saber que você sente o mesmo que eu. – havia abaixado a voz e a cabeça, olhando para as mãos entrelaçadas. – Mas eu também entendo que não cabe só a mim. E está tudo bem se as coisas não forem como eu gostaria. Desde pequenos aprendemos que o mundo não gira apenas ao nosso redor, não é? Porém eu queria que você soubesse do que eu sinto. Do que meu coração estava disposto a te falar. Meu carinho por você é muito além de só amor, não me importo de ser só seu amigo e pararmos com toda essa nossa relação meio confusa. Mas se você quiser que eu saia por aquela porta e nunca mais te veja, eu também vou entender. E é isso. Desculpa jogar tudo isso em cima de você. – não sabia se olhava para ela, para suas mãos, para algum outro ponto distinto acima da cabeça dela ou para o chão. Estava nervoso demais, ainda mais depois de ter vomitado tudo isso em poucos minutos. Após alguns minutos em silêncio, com a mesma feição e agora encarando o chão também pensativa, fez uma consideração mental e começou a se movimentar lentamente, pronto para levantar daquele sofá e ir embora. percebeu rapidamente e segurou firmemente sua mão, o fazendo não se levantar.
– Espera! – A mulher o olhava com os olhos arregalados. – Eu não quero que você vá. Fica aqui comigo.
– Mas você…
– Eu só precisava absorver o que eu havia acabado de ouvir. Mas eu só vou te falar uma coisa, . – O rapaz congelou com a fala dela, porém prestava atenção muito atentamente. – Eu sou completamente rendida por você, ainda mais depois de agora! – sorriu para ele de forma tímida e o abraçou.
– Você quer… tentar novamente? Agora somos mais maduros e, por mais que tenhamos algumas diferenças e consequente desavenças, acho que conseguimos fazer as coisas funcionarem, o que você acha? – perguntou para ela após se afastar levemente. apenas abriu um grande sorriso, que logo contagiou , e se jogou em cima dele, lhe dando um longo beijo.
Sua resposta estava logo ali.
Da melhor forma possível.
As paredes do lugar, em cores escuras, o deixavam aconchegante, como se fosse um quarto com a luminosidade perfeita e quente, pronto para você. Todas as decorações e enfeites de mesas também deixavam o ambiente com o ar mais especial e já havia notado que, nas épocas do ano em que haviam feriados ou em datas marcadas por algo especial, o café se tornava temático também. No momento, por não haver nenhuma data comemorativa próxima, mas a estação que se encontravam ser o outono, o lugar estava repleto de arranjos florais, daqueles falsos, em cores quentes e folhas de bordo específicas que caíam das árvores em montes. Havia também algumas nozes decorativas, deixando tudo uma graça e perfeitamente no clima.
Assim que adentrou no lugar, o aroma de pão quentinho e café fresco chegaram aos pulmões de . A boca já começara a salivar, desejando quaisquer que fossem as delícias disponíveis na vitrine no dia de hoje. Ao ver entrando e indo em direção à fila, a atendente a cumprimentou. De tanto que a mulher frequentava a cafeteria, sua feição já era conhecida e todos os elogios que fornecia às comidas eram completamente bem-vindos, deixando sua presença marcante no local.
– ! Sempre muito bom te ver por aqui, o que posso te servir hoje? – Rosalia, a atendente, disse assim que a moça chegou à frente.
– Rosa, sabe que não consigo viver sem essas coisas perfeitas que você faz. – sorria para a mulher do outro lado. As duas tinham uma simpatia sem igual e, desde a primeira vez que se viram, conversavam como se conhecessem há muitos anos. – Tem meu croissant favorito? – Rosa se esticou um pouco para o lado, observando a vitrine rapidamente e sorriu de volta, assentindo com a cabeça. – Então, quero um croissant e um latte, bem quentinho.
– É pra já! – Rosalia sorriu novamente e se virou para ir preparar o café.
Toda vez que ia até a cafeteria, praticamente no mesmo horário regularmente, o lugar não estava tão cheio e havia uma mesa que sempre estava vaga, bem ao lado da grande janela do lugar, dando uma visão geral da rua lateral da cafeteria; e havia se encantado por esse cantinho, então toda vez ela ia e se sentava ali, esperando que Rosa trouxesse seus pedidos. Pelo menos, até hoje. Virando-se para ir até sua mesa favorita, notou que havia uma pessoa no seu lugar. Um homem, não muito mais velho que ela, sentado ali, mexendo no celular completamente concentrado e com uma grande xícara ao seu lado.
Ficando totalmente estática no seu lugar, continuou encarando o rapaz sentado ali na sua mesa – talvez estivesse fazendo uma força mental surreal para que o mesmo saísse flutuando de seu lugar – e quanto mais a mulher olhava, mais parecia que o homem era alguém conhecido. Seu perfil tinha alguns traços que lembravam alguém que já foi muito importante para , a sobrancelha, a ponta do nariz…, mas talvez o seu subconsciente estivesse apenas lhe pregando uma peça. Como ela já havia ficado alguns – vários – minutos parada no meio da cafeteria, apenas encarando um desconhecido, não sabendo se ia para frente ou voltava, decidiu voltar e ir conversar com Rosa, na esperança de que a mulher conseguisse seu lugarzinho para ela. Entretanto, na hora que estava virando para se voltar à vitrine, o rapaz olhou para ela rapidamente. “Por Deus, vai pensar que eu sou doida. Estava encarando ele há uns bons minutos, socorro!” Os pensamentos logo invadiram sua mente assim que a mesma virou e desviou o olhar, disfarçando, ou pelo menos tentando disfarçar. Ainda assim, pensou ter ouvido alguém chamar seu nome, mas talvez estivesse realmente ficando doida. Mas, passados alguns segundos, escutou novamente, não sendo agora algo vindo de sua imaginação.
– ? É você? – O rapaz antes sentado, agora de pé ao lado da mesa, havia falado. virou-se para o mesmo e teve um sobressalto ao perceber quem era. Ali, na sua cafeteria favorita, estava seu ex-namorado, bem na sua frente e chamando por ela. – Não acredito, é você mesmo!
– ! Meu deus do céu, como assim? – sorriu amigavelmente para o homem e caminhou até ele, indo cumprimenta-lo com um beijo no rosto. – Nossa, achei mesmo que te conhecia de algum lugar, mas não estava reconhecendo. – sorria para ela também, com praticamente todos os dentes possíveis aparecendo.
– E aí, como você está? Tudo bem? – perguntou após os dois se afastarem. O rapaz continuava tão bonito quanto antigamente. e ele estiveram em um relacionamento sério alguns anos antes, porém, infelizmente não havia dado certo. Um desencontro de rotinas e de ideias, visto que os dois eram mais novos na época, fez com que o relacionamento esfriasse, gerando alguns atritos. O compromisso durou apenas alguns meses, quase um ano, porém os dois sempre foram grandes amigos antes do namoro, o que deixava as coisas duas vezes mais intensas. Após o término, querendo ou não, eles acabaram se afastando – começou a focar mais na carreira e em outros assuntos que envolviam seus amigos e também, o curso de seus sonhos estavam ali batendo na sua cara e ela não queria acabar se estressando com uma coisa que antes era seu porto seguro – sendo assim, os dois quase não tinham se visto desde aquela época.
– Tudo certo e com você? Está diferente e bonito. – respondeu sorridente. Apesar do relacionamento não ter dado certo, por outras N questões e não por brigas, ela adorava a presença de e não poderia esquecer o quão amigos eles já haviam sido também. – Ainda mantém contato com os meninos?
– Ei, eu sempre fui bonito! – Ele brincou, franzindo as sobrancelhas tentando fazer cara de bravo para ela, mas rindo em seguida. – Sim, nós nos encontramos sempre. Precisamos manter as fofocas em dia, né, sabe como é.
– Seus fofoqueiros. Pelo visto, não mudaram nada. Esses tempos encontrei o Tom, estava todo sorridente fazendo compras de mercado. – continuou. Os dois nem haviam se tocado que estavam em pé iniciando uma conversa.
– Por incrível que pareça, esse homem adora fazer mercado. É uma coisa surreal. – sorriu, mostrando um pouco das duas covinhas. – Mas e aí, está sozinha? Quer sentar comigo? Podemos colocar o papo em dia.
– Claro, vou adorar. – se afastou um pouco e deu espaço para ela se sentar do outro lado da mesa em que ele estava. podia jurar ter visto um pequeno brilho nos olhos dele ao falar que estava sozinha, mas talvez sei lá, apenas um reflexo de alguma lâmpada do ambiente. – Confesso que antes de você me chamar, eu estava em um dilema. Não sabia se eu mesma te arrancava da minha mesa favorita ou chamava a Rosa para fazer isso. – Ela continuou após se sentar.
– O quê? Sua mesa favorita?
– Sim, eu sempre sento aqui. Pode perguntar para Rosa. É rotina já. Fiquei surpresa de ver alguém aqui. – Rosalia estava se aproximando com uma bandeja em mãos, com os pedidos de . – Rosa, diz pra ele que essa mesa é minha favorita.
– Pois é. Essa menina sempre tá aqui e sempre está nessa mesa aqui, até achei que haveria um conflito entre vocês dois. – Rosa respondeu, colocando de forma calma a bebida na mesa. – Pelo visto vocês se conhecem.
– Sim, eu e o já fomos… quer dizer, somos grandes conhecidos. – respondeu rapidamente. Rosa assentiu.
– Que coincidência. começou a frequentar aqui há pouquíssimo tempo, né, e por incrível que pareça, todas as vezes se sentou nessa exata mesa. Será que agora teremos um confronto de gigantes aqui? – Rosa brincou e começou a se retirar, dando risada. – Se precisarem de mais alguma coisa, podem me chamar.
– Claro. Obrigada, Rosa! – agradeceu e voltou seu olhar para a mesa, observando o tão desejado café e seu croissant favorito. Não havia percebido que estava com tanta vontade desse doce até sentir seu cheiro clássico. – Então… O que está fazendo? Perdeu algo? – Perguntou ela, após direcionar o olhar de volta para e o observar procurando alguma coisa pela mesa.
– Estou procurando seu nome escrito em algum lugar. – olhou convencido para , que apenas olhou para ele indignada, antes de começar a rir.
– Cheio de piadinhas, o que é isso?
Após as risadas cessarem, os dois começaram a conversar. comentou que ele e os amigos continuaram no ramo da música e não pretendiam mais parar, até porque estavam tendo bastante reconhecimento e sucesso – demais – nas composições. Ele sempre gostou muito de música, conseguia lembrar as inúmeras vezes que ele cantou para ela tanto dentro como fora do relacionamento. O violão do homem até tinha um nome, Betsy, caso ela não estivesse tão esquecida. Como uma boa stalker, já conhecia e tinha escutado algumas músicas dos meninos. O relacionamento não foi para frente, mas ela ainda assim sentia um carinho muito grande por todos, inclusive por , então não tinha como deixar de prestigiar quando a música foi lançada.
também havia continuado com os planos de antigamente. Terminou o seu curso e agora trabalhava em uma das áreas mais desejadas da biomedicina. Também comentou dos seus planos de abrir uma clínica tanto voltada para a área de estética, quanto para a médica mesmo; essas duas vertentes ganharam o coração da mulher assim que ela começou a estudar sobre e conseguir juntar as duas no mesmo trabalho era o que mais a deixava contente. sabia o quanto esse era o sonho de , o quanto ela queria isso e, parando para pensar, ignorando as partes ruins, o fato de o relacionamento ter acabado bem na época em que os dois estavam decidindo seus caminhos não foi de fato tão péssimo, visto que eles puderam realizar todas as suas vontades sem empecilhos.
conseguia se lembrar muito bem de ambos deitados na cama de , contando todas essas vontades e dizendo que iriam realizar isso juntos. Essa mesma memória também estava invadindo a mente dela, que, ao lembrar, soltou o ar dos pulmões por um suspiro imperceptível. O tempo realmente havia passado e agora que ela conseguia ver com clareza.
– Eu fico muito feliz por você, ! – falou, pegando na mão livre de , que estava em cima da mesa.
– E eu, por você. Já pode começar a fazer um botox comigo, que que você acha? – brincou, fazendo com que o homem do outro lado lhe mostrasse a língua.
– Eu ainda não preciso, ok? – disse ele, levando as mãos ao rosto e puxando as têmporas, fazendo graça. – Quem sabe futuramente. Por enquanto, continuo lindo.
– É verdade, continua mesmo. – comentou e sorriu tímida para ele. Não que a mulher não estivesse dizendo a verdade, mas elogiar seu ex-namorado assim na cara dura era diferente.
– Você que está linda, mulher. Acho que vou passar a noite chorando por termos terminado. – brincou, fazendo com que o rubor das bochechas de fosse embora.
Os dois ficaram um bom tempo conversando, até pediram mais um café para Rosa. O papo estava fluindo tão bem que nem parecia que os dois eram ex-namorados e nem que não se viam há muito tempo. Quem olhasse de longe conseguia reparar uma aura a mais nos dois, Rosa principalmente se coçava para não ir comentar com eles o quanto eles pareciam um casal de recém namorados, do tanto que sorrisos não paravam de surgir em seus rostos, porém ela se conteve. Por quase duas horas e meia eles conversaram, contaram seus desejos futuros e todas as novidades de suas vidas, até precisarem ir embora. Até porque já estava escuro e no dia seguinte as responsabilidades não iriam dar descanso.
– Precisamos fazer isso novamente. Topa mais um café qualquer dia desses? Ou um vinho? – perguntou assim que os dois alcançaram o lado de fora da cafeteria. O céu já estava completamente escuro e com algumas estrelas espalhadas. A cidade mantinha seus postes com as luzes acesas e alguns lugares, a cafeteria inclusive, com alguns pisca-piscas ligados também, dando um charme a mais para o local.
– Claro, podemos combinar. Vou te passar meu número e aí a gente pode ir conversando. – esticou a mão, vendo o rapaz passar seu próprio celular para ela anotar. O brilho no olhar de voltou em algum momento após a mulher lhe devolver o celular, mas ela ainda achava que poderia ser consequência da quantidade imensa de pisca-piscas ligados em suas cabeças. Os dois se abraçaram rapidamente e logo cada um seguiu seu caminho. prometeu que logo iria convidá-la para mais um café e assim partiu, deixando-a pensativa e ele mesmo com esse encontro repentino que gerou tantos assuntos e despertou tantas memórias escondidas.
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Dito e feito. convidou para tomar um café em uma outra cafeteria que ele estava ansioso para conhecer. E nesse mesmo dia, ele deu a ideia de os dois começarem a fazer meio que um itinerário de cafeterias e confeitarias para visitar. Ao ver que o clima entre eles só se tornava melhor e não havia nenhum desconforto da parte de ambos, aceitou de bom grado. Além de gostar da companhia de , ela ainda podia tomar um café maravilhoso, fofocar e matar a saudade do ex-companheiro. Nem tudo foram rosas no namoro, porém, era preciso levar em conta que ambos eram muito imaturos e a amizade sempre foi a coisa que mais prevaleceu nesse meio. Era super normal querer se aproximar novamente de e gostar de sua companhia, por mais que isso a fizesse se sentir estranha.
Já era a quarta cafeteria do itinerário deles. Essa foi que havia escolhido, com a certeza de que o empadão deles era magnífico de acordo com as classificações online. Eles haviam feito o pedido para viagem. Estavam a caminho da casa de . Já era a terceira vez que ele fazia o convite e já estava começando a achar chato da parte dela em ter que negar toda vez, então hoje eles decidiram buscar o tão desejado empadão e ir comer na casa de .
Chegando lá, a casa do rapaz refletia exatamente sua personalidade. Diversos objetos relacionados à música, pequenos enfeites de instrumentos musicais – uma mini guitarra que achou adorável –, livros de partituras e outros davam um ar mais despojado e que ao mesmo tempo ficava estiloso e ajeitado. O rapaz conseguiu deixar tudo exatamente com a sua cara e energia. Chegava até ser cômico o fato de só de entrar no apartamento, mesmo sem conhecê-lo, você saberia dizer que era de .
– Isso aqui é perfeito, meu deus. – disse assim que enfiou uma garfada do empadão na boca. Os dois estavam devidamente acomodados entre o sofá e a mesinha do rapaz, mais especificamente no chão, a pedido de já que “empadões sujam muito para se comer no sofá!”. – Pronto, mais um lugar que eu vou deixar todo o meu dinheiro, a Rosa vai me socar.
– Se ela provar esse empadão, até ela vai deixar todo o dinheiro lá. – brincou, arrancando uma risada da mulher ao seu lado. – Mulher, eu vou ter que te processar! Olha o problema que você vai me arranjar com essas comidas gostosas.
– A ideia do itinerário foi tua, eu apenas dei uma sugestão de lugar. – fez uma careta para ele e lhe deu um leve empurrão no ombro.
Apesar do tour pelos cafés ainda estar no começo, os dois estavam em contato constantemente. Mensagens eram trocadas diariamente e logo as ligações começaram também. adorava conversar com ; por mais que tivessem passado muito tempo sem se ver, ambos tinham grande intimidade e conseguiam criar uma conexão muito grande em questão de minutos. As conversas em ligações duravam horas, eles nem viam o tempo passar de tão envolvidos e distraídos que estavam e a cada dia que passava, isso se tornou mais frequente. Em alguns momentos, o assunto do relacionamento deles até vinha à tona, mas com alguma brincadeira, algum dos dois conseguia dar uma fugida e mudar a conversa, mas estava sentindo que queria conversar alguma coisa com ela em relação a isso. Muitas vezes ela vinha sentindo algumas indiretas, entretanto achou que fosse apenas uma reação boba já que os dois estavam em uma nova amizade.
Acabando de comer seus pedaços das tortas, se ofereceu para lavar os talheres e os pratinhos que eles acabaram usando para se alimentar. Não queria fazer a chata de sair da casa dos outros deixando tudo sujo; a mania por limpeza iria lhe causar uma dor de cabeça terrível depois.
– Deixa aí, , não precisa se incomodar. – disse, tentando fazer com que a mulher não se posicionasse em frente a pia da cozinha. A mão dela já estava segurando a grande esponja amarela para começar.
– Se incomodar com o que, homem? É o mínimo. – sorriu amigável e começou a lavar os objetos dentro da grande cuba de alumínio. – Como eu sei que você quer muito ficar perto de minha presença, pode pegar um pano e já ir secando. Nós dois nos ajudamos. – Ela deu uma piscadela para ele e o empurrou com o quadril, dando risada.
– Ta cheia de piadinha, não é? – a empurrou de volta e pegou um pano de prato, começando a secar alguns dos copos descansando no escorredor.
logo terminou de lavar os últimos talheres e continuava ao seu lado, secando aos poucos os objetos e os guardando em seus respectivos lugares. Chegando mais perto de , ela esticou as duas mãos, para secar as mesmas no mesmo pano de prato que ele segurava, justamente para não usar outro, porém não viu. O mesmo foi até um dos armários marrons de sua cozinha sem nem ver e guardou lá alguns de seus copos e ela foi atrás, também não prestando tanta atenção à reação do ser humano à sua frente.
O que aconteceu em seguida foi muito rápido. Como estava distraída indo atrás de , o mesmo também não havia percebido sua presença ali. O rapaz então virou de forma abrupta na mesma direção que ela, fazendo com que ela batesse diretamente em seu peito. Ele não era tão mais alto que ela, o que deixava o rosto dos dois a milímetros de distância. conseguia contar nos dedos quantas vezes já havia olhado para os lábios de de tão perto assim e ele fazia o mesmo. E em dois segundos, tudo ficou preto.
havia beijado . Como se soubesse que isso poderia assustá-la, ele primeiro lhe deu um longo selinho nos lábios e depois pediu passagem com a língua, não sabendo qual seria a reação dela; ele não se aguentava mais. Fazia dias que a vontade de beijar a mulher só aumentava. se surpreendeu ao sentir a boca dela começar a se mover, começando a guiar o ato. estava correspondendo. E gostando ainda por cima. Não lembrava do beijo de ser tão bom assim e agradecia aos céus por estar tendo a chance de beijar esses lábios mais uma vez. Ainda com a mão molhada, segurava os fios da nuca de , os prendendo levemente entre os dedos e os puxando. Ele mantinha uma mão na cintura dela, deixando alguns apertões por ali e a outra no rosto dela, fazendo um leve carinho na bochecha dela com o polegar. Não medindo as atitudes de seus atos, logo se afastou rapidamente – mas não para longe – de . Os dois ficaram se olhando, até ele tentar se aproximar novamente e a mesma levar uma das mãos para os lábios molhados e vermelhos.
– … O que aconteceu aqui? – estava um pouco chocada, mas não demonstrava remorso algum por ter beijado o ex.
– Um beijo, ora bolas. – arriscou uma brincadeira, tentando amenizar um pouco o clima de tensão que se instalou naquela cozinha. – O que foi? Achei que estivesse com saudades de beijar seu ex. Eu sempre beijei muito bem, fala aí.
– Menos né, , seu convencido. – deu risada, sentindo seus ombros relaxarem agora. Conhecendo o homem à sua frente, ele não deixaria o clima ficar pesado entre eles.
– Ah, que isso. Eu sei que você sentiu falta do melhor beijo da tua vida. Pode falar, eu não vou me gabar. – Ele ficou em silêncio e olhou para cima, fazendo uma cara de pensativo. – Não vou me gabar TANTO. – levantou as duas sobrancelhas de forma sugestiva e começou a dar risada, juntamente de .
– Você não vale nada, homem. Quem muito se acha, não é quase nada, viu? – A mesma deu uma piscadela para ele e começou a se afastar minimamente.
– Você não disse isso, . – O homem mantinha uma cara de indignado digna de uma fotografia. – Quer saber, vou cuspir no prato também. Não sei se seu beijo é lá essas coisas. – Agora a feição mudou para indiferente, apesar de o mesmo estar tentando segurar o riso.
– O meu beijo é maravilhoso, garoto. Nem vem com essa. Ninguém nunca reclamou. – Agora era que mantinha a feição indignada.
– Acho que não, em… – continuou, rindo da cara dela. – Vou repetir: Quem muito se acha, não é quase nada. É isso mesmo, , o feitiço virou contra o feiticeiro. – A mulher não aguentou e começou a gargalhar também.
– , … Você não presta, cara.
– Presto sim! E o meu beijo também, sua bocuda. – Ele brincou mais uma vez e se aproximou de forma imperceptível dela.
– Não nego e nem afirmo nada. Isso foi há tantos anos, não consigo nem lembrar direito. – respondeu ainda dando risada, porém não se afastou ao ver o quão próximo ele já estava de seu corpo. Ao observar o rosto dele tão próximo assim, seu olhar mudava dos olhos para os lábios dele, repetidamente e de forma não tão discreta.
– Pois não se preocupe com isso. Quer relembrar mais uma vez? – sorriu para ela e foi para frente do corpo dela, levando uma mão sorrateira para a cintura dela mais uma vez. nem respondeu, apenas se aproximou mais um pouco e juntou seus lábios novamente. Os dois estavam se segurando ao máximo para não se beijarem novamente. Por , eles nem haviam parado e todas as olhadinhas que ela havia dado para sua boca apenas o deixaram com mais vontade.
Apesar de ter hesitado um pouco quando ambos se afastaram do primeiro beijo, ela também não estava se aguentando de vontade de enfiar os dedos novamente nos cabelos de e puxá-lo para mais um beijo. As consequências para esse ato seriam pensadas mais tarde. No momento, os dois só queriam aproveitar o agora e nada mais.
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Alguns meses haviam se passado desde aquele beijo no meio da cozinha. pensou que as coisas fossem ficar estranhas entre eles assim que ela saísse pela porta da casa dele, porém, como era o ser mais surpreendente da terra, o homem não permitiu que as coisas ficassem esquisitas. Eles ainda eram amigos e o beijo havia sido somente uma ação de mais um dia de juntos. E quem não gosta de beijar, não é mesmo?
Desde aquele dia, os dois passaram a se ver com bastante frequência. Além das idas aos cafés, muitas vezes eles combinavam de jantar juntos ou almoçar quando havia algum tempo que não fosse atrapalhar nenhum dos dois. Às vezes fazia surpresa e levava um café com algum bagel ou pedaços de bolo para a casa de . E em alguns – vários – desses “encontros”, pelo menos um beijo acontecia. Os beijos foram se tornando tão frequentes que com o passar do tempo, eles nem conseguiam mais se ver sem que pelo menos houvesse um selinho na hora da chegada ou da partida de algum dos dois. Isso foi acontecendo naturalmente.
Muitas vezes pensou que isso fosse acabar tendo alguma complicação, mas as coisas fluíram tão perfeitamente que logo isso se dissipou de sua mente. Nada a incomodava. E para era a mesma coisa. Entretanto, toda vez que via a , ele sentia seu coração se preencher cada vez mais e os dias em que eles mal conseguiam conversar, era como se algo estivesse faltando. Ele sentia como se tivesse alguma coisa incompleta.
Já havia alguns dias que o rapaz estava com isso na cabeça. E ele conseguia reparar que em todas as vezes que ele se encontrava com , seu coração palpitava e seu peito se enchia, como se estivesse protegido, abraçado, preenchido. Isso acabou mexendo um pouco com ele. não podia negar o quanto gostava de , porém não imaginou que toda essa situação fosse acabar mexendo com o seu interior, com o seu coração. Não que isso fosse algo ruim, algo que ele não quisesse, mas a princípio esses nem eram seus planos e o medo de ser rejeitado também começava a ser real. Por mais que correspondesse agora, os dois estivessem em uma sintonia e em um momento muito bom, ela poderia querer acabar com tudo ao descobrir que ele estava balançado.
não tinha medo. Se fosse para ter seu coração quebrado, ele teria, são coisas da vida e que fazem as pessoas se tornarem mais fortes. E ambos já haviam tido um relacionamento que por infortúnio do destino e outras N coisas não havia dado certo e infelizmente cada um seguiu seu caminho. Porém, ele não tinha certeza se perder também não o quebraria de vez. Gostava muito da mulher, não iria forçá-la a ter os mesmos sentimentos que ele, entretanto, ficava receoso de saber que, se caso ele resolvesse expor o que estava sentindo, ela não o quisesse mais, nem como seu amigo.
Ele e não se viam fazia alguns dias. Além de estar ocupado com algumas coisas do trabalho, ele precisava ter a certeza do que estava sentindo e essa pequena distância o havia feito enxergar as coisas com muita clareza. Ele estava disposto a conversar com e mostrar todos os seus sentimentos, correndo o risco de ela não o corresponder, mas pelo menos contando toda a verdade para ela. Após conversar com seus amigos também, ele havia tomado uma decisão e contaria para ela o quanto antes.
Em algumas horas, ele se encontrava na porta do apartamento dela. Já havia tocado a campainha para avisar que havia chegado e já estava entrando. Os dois tinham adquirido essa mania de entrar sem que precisasse de um deles para abrir a porta, já que às vezes eles estavam ocupados com outras coisas. logo apareceu através do corredor dos quartos e foi direto para abraçar o rapaz.
– Oi! Quanto tempo. – Ele falou, ainda abraçado com ela, deixando um beijo no ombro desnudo pela alça da camiseta dela.
– Eu senti sua falta. – pronunciou e se afastou levemente, agora o beijando nos lábios. – Como estão as coisas? Na correria ainda?
– Agora deu uma melhorada. Conseguimos resolver grande parte do problema com a música e só falta alguns arranjos para consertar.
– Que bom, fico feliz. – A mulher sorriu para ele e entrelaçou sua mão na dele, o puxando para a sala. Os dois se sentaram no sofá de frente um para o outro. – O que foi? Você disse que queria conversar comigo.
– E quero. Só estou um pouco nervoso. – falou e sorriu tímido para ela, passando a sacudir uma de suas pernas.
– Não fique. Você pode falar comigo sobre qualquer coisa, eu não vou te julgar. – sorriu para ele amigavelmente também e deixou um longo selinho nos lábios dele, o tranquilizando momentaneamente.
– Eu não sei muito bem como começar. Eu peço que você me escute primeiro, certo? – fechou os olhos pesadamente de forma rápida e encarou os olhos dela, criando coragem para falar. – Então… , eu gosto de você. Eu gosto muito de você. Mais do que você deve estar imaginando agora. – Ele segurou uma das mãos dela. – Já faz algum tempo desde que eu comecei a pensar nisso. Desde que eu comecei a me sentir assim. Não sei se você sente o mesmo e nunca te forçaria a sentir também. Mas eu preciso que você saiba do que eu sinto, porque eu já não consigo guardar só para mim tudo isso. – prestava atenção em tudo o que ele falava, sem nem piscar e ainda assim não havia desentrelaçado sua mão da dele. – Você é uma mulher tão incrível. Sempre foi. Mesmo quando éramos mais novos, você sempre foi madura e decidida e agora então, eu não tenho palavras. Não era parte dos meus planos me apaixonar e imagino que também não seja o seu, porém aconteceu. Toda vez que não conseguimos nos ver ou até conversar, eu sinto como se algo estivesse incompleto no meu dia, sabe? – respirou fundo e desviou o olhar por alguns segundos, tentando fazer com que a coragem não fosse embora e o levasse junto pela porta. – Isso tudo pode acabar em uma tragédia? Um grande desastre? Pode, mas não tentar é pior do que a dor. Eu não me importo se você me quebrar, . Eu quero que você me quebre. Eu quero. Eu estou pronto. – Ele voltou a olhar nos olhos dela, que mantinha o olhar fixado em todo ele também e com a mesma feição, sendo impossível de decifrar. já começava a tremer internamente. – Se você quiser que eu vá embora, que eu saia por aquela porta, tudo bem. O problema é que eu não quero, . Por mim eu ficava aqui até você sentir o mesmo, até esse fogo dentro de mim se acalmar ao saber que você sente o mesmo que eu. – havia abaixado a voz e a cabeça, olhando para as mãos entrelaçadas. – Mas eu também entendo que não cabe só a mim. E está tudo bem se as coisas não forem como eu gostaria. Desde pequenos aprendemos que o mundo não gira apenas ao nosso redor, não é? Porém eu queria que você soubesse do que eu sinto. Do que meu coração estava disposto a te falar. Meu carinho por você é muito além de só amor, não me importo de ser só seu amigo e pararmos com toda essa nossa relação meio confusa. Mas se você quiser que eu saia por aquela porta e nunca mais te veja, eu também vou entender. E é isso. Desculpa jogar tudo isso em cima de você. – não sabia se olhava para ela, para suas mãos, para algum outro ponto distinto acima da cabeça dela ou para o chão. Estava nervoso demais, ainda mais depois de ter vomitado tudo isso em poucos minutos. Após alguns minutos em silêncio, com a mesma feição e agora encarando o chão também pensativa, fez uma consideração mental e começou a se movimentar lentamente, pronto para levantar daquele sofá e ir embora. percebeu rapidamente e segurou firmemente sua mão, o fazendo não se levantar.
– Espera! – A mulher o olhava com os olhos arregalados. – Eu não quero que você vá. Fica aqui comigo.
– Mas você…
– Eu só precisava absorver o que eu havia acabado de ouvir. Mas eu só vou te falar uma coisa, . – O rapaz congelou com a fala dela, porém prestava atenção muito atentamente. – Eu sou completamente rendida por você, ainda mais depois de agora! – sorriu para ele de forma tímida e o abraçou.
– Você quer… tentar novamente? Agora somos mais maduros e, por mais que tenhamos algumas diferenças e consequente desavenças, acho que conseguimos fazer as coisas funcionarem, o que você acha? – perguntou para ela após se afastar levemente. apenas abriu um grande sorriso, que logo contagiou , e se jogou em cima dele, lhe dando um longo beijo.
Sua resposta estava logo ali.
Da melhor forma possível.
FIM
Nota da autora: Sem nota.
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