Última atualização: 07/10/2017

Içar Velas

Assim que desembarcamos no porto leste de Singapura, o segundo imediato James e mais dois piratas que estavam perto, me ajudaram a levar meu pai até a taberna de Black Bart. Eu estava preocupada com o que poderia acontecer, após passarmos por aquele confronto com o navio da Companhia das Índias Ocidentais, percebi que o estado dele só havia agravado ainda mais.

Esperamos por alguns minutos, até que o médico da cidade chegou acompanhado do dono da taberna, o senhor Mark Jolly, que era um conhecido de muitos anos do meu pai. Esperei ao lado de fora do quarto, estava tão aflita que nem me atentei para os muitos cochichos que James estava trocando com os outros dois piratas. Meus pensamentos estavam em se meu pai conseguiria melhorar ou não, o mar era tudo para ele, mais importante ainda que eu.

— Então doutor?! — disse assim que o médico saiu do quarto com Mark — Como meu pai está?
— Bem, aparentemente bem, mas seu corpo demonstra sinais fortes de fraqueza e cansaço. — respondeu ponderadamente — Aconselho que ele continue aqui, bem longe do mar e da agitação.
— Se o capitão não poderá voltar, quem irá comandar o navio? — perguntou James num tom debochado.
— Eu. — me virei para ele — O EXODUS pertence a meu pai e eu sou a primeira imediato, por tanto ficarei no lugar dele.
— Você? — ele deu uma risada discreta — Acha mesmo que consegue?
— Claro, fui criada para isso. — desviei meu olhar para o médico e retirando algumas moedas de ouro do bolso, entreguei a ele — Acho que isso é o bastante para seu serviço e silêncio.
— Certamente. — o médico se retirou.
— Eu acho que você deveria falar com seu pai. — sugeriu Mark abrindo a porta para que eu entrasse.

Assenti com a face e entrei, esperei até a porta fosse fechada e me aproximei da cama, meu pai estava com seus olhos fechados e tossindo um pouco, desci meu olhar para sua roupa ainda manchada de sangue. Suspirei fraco e me sentei ao seu lado, pegando em sua mão de forma suave.

— Capitão Teach. — disse.
— Querida. — ele sussurrou abrindo os olhos — Me chame de pai, pelo menos agora.
— Hum. — pensei um pouco — Está ficando muito bondoso, onde está o capitão que me criou com tanta sagacidade?
— Estou ficando velho, . — ele tossiu um pouco — O que me deixa preocupado.
— O que te preocupa? O senhor me criou muito bem.
— Eu sei, está aí a base da minha preocupação, você é uma moça determinada.
— O que tem? — o olhei de forma confusa e curiosa — Pai, está me assustando.
— Nós dois sabemos que piratas são ambiciosos, sem minha presença naquele navio.
— Eu ficarei bem. — assegurei, retirando o mapa de dentro da minha bota — Eles não irão a lugar nenhum sem isso.
— O mapa de El Dorado. — sussurrou ele novamente — Por que o trouxe?!
— Por que sei das ambições de James. — respondi — Ele terá que seguir minhas ordens, e não se preocupe pai, nosso navio ficará bem em minhas mãos.
— Você me orgulha querida. — ele sorriu de leve — Tenha cuidado e esconda este mapa.
— Irei. — me levantei da cama e sorri para ele.

Sabia que não seria fácil virá a capitã do EXODUS, pior ainda enfrentar as armadilhas de James para tomar meu lugar, já estava pronta para tudo isso, foi para isso que meu pai havia me criado desde pequena. Saí do quarto e ao passar por Mark, pedi para que ele tomasse conta do meu pai e não deixasse que ninguém soubesse que ele estava ali na taberna. James estranhamente já havia ido na frente, o que me deixou ainda mais intrigada, passei em algumas vendas que ainda estavam abertas naquela altura da do dia, o sol já havia se posto.

Voltando ao porto, assim que subi ao convés, ordenei a partida. A princípio tudo parecia bem, todos acataram minhas ordens sem questionar, me fazendo ficar ainda mais em alerta, tinha certeza que eles não iriam aceitar assim tão facilmente. Me virei e fui até a cabine do capitão, precisava de silêncio para pensar e traçar nosso novo curso, então caminhei até a mesa e olhei para o grande mapa que estava sobre ela.

— Hum… — passei meu olho pelas linhas que demarcavam o curso entre a Inglaterra e os Estados Unidos — Por onde começo.
— Não pensei muito , ou vai acabar queimando seus neurônios. — brincou Henry ao aparecer da porta.
— O que faz aqui? — perguntei mantendo meu olhar no mapa — Deveria estar lá fora, ajudando os outros a limpar o convés ou descascando algumas batatas para o jantar.

Ri um pouco dele, ouvindo seus passos até mim. Henry era o único pirada daquele navio que me apoiava, não somente por que éramos amigos de infância e eu o tinha salvado de um naufrágio, mas também porque ele não gostava de James assim como eu. Ele se colocou ao meu lado e ficou me olhando, segurei o riso e o olhei também.

— Vai ficar aí me olhando? — ri de leve.
— Hum, é que você é bonita, mesmo com essa roupa estranha de pirata. — ele riu também.
— Ah. — olhei para minha roupa — Gosto de me vestir assim, além do mais, não posso me vestir como uma dama, passando meses dentro de um navio com piratas sujos.
— Hum, faz sentido. — ele coçou a cabeça e pegando a bússola que estava em cima do mapa ficou olhando.
— O que está tramando? — perguntei cruzando os braços.
— Eu? — ele me olhou desentendido — Nada, só estava preocupado com o capitão, vim saber de você se ele está realmente bem.
— Não se preocupe, papai vai sim ficar bem. — respirei fundo — Acho que ele precisava de um tempo de descanso, como ele disse, está ficando velho.
— Duvido, o capitão é duro na queda.
— Isso é verdade. — me espreguicei um pouco.
— Fiquei curioso agora, para saber nosso curso, vamos para mais uma aventura.
— Que bom que esteja animado, mais vamos com calma, ainda estou vendo a melhor rota, temos que abastecer em Tortuga primeiro até que eu possa contar os planos do meu pai.
— Quais planos? — perguntou James aparecendo da porta.
— Como eu disse, ainda não é a hora de saberem. — me virei para a mesa.
— Você não deveria estar em outro lugar marujo? — perguntou James se referindo ao meu amigo.
— Claro, eu vou voltar para a cozinha. — ele se afastou da mesa indo até a porta.
— Pequena garota, acha mesmo que é uma pirata de verdade? — James num tom sinuoso se aproximou de mim.
— Com quem acha que está falando? — me virei para ele.

Logo James me prensou entre ele e a mesa, seu olhar estava frio e nebuloso.

— Não seguir ordens de alguém como você. — disse ele com arrogância.
— Não quer seguir ordens de uma mulher? — retruquei.
— Não vou seguir orden de alguém tão fraca como você. — ele pegou meu chapéu e saiu em direção a porta.
— Me devolva isso, quem você pensa que é. — assim que eu saí para o convés, meu olhar foi direto para Henry que já estava amarrado com algumas cordas e sendo segurado por dois piratas — O que acham que estão fazendo, soltem ele.
— Eles não vão te obedecer. — James riu atrás de mim e jogando meu chapéu no mar, segurou novamente em meus braços — Você acha mesmo que eu não sei, sobre o tal mapa que o capitão guardava naquele chapéu?
— Não sei do que está falando. — desviei meu olhar para o mar, vendo o chapéu seguir com a correnteza.

Ele riu debochadamente e soltou meu braço, logo outros dois me seguraram.

— Me soltem, acham mesmo que ele vai dividir algo com vocês? — retruquei tentando me soltar dele.
— Vejamos, onde será que uma mulher esconde coisas? — ele deu dois passos para frente.
— Nem ouse a tocar em mim. — eu cuspi em seu rosto sem a menor preocupação.
— Hum. — ele retirou o lenço que estava me meu pescoço e limpou sua cara — Sempre da forma mais difícil.
— Eu jamais de darei algo que pertence ao meu pai. — disse num tom mais alterado.
— Não preciso que me dê, apenas tomarei a força. — ele sorriu de canto.

Mesmo eu me debatendo, para conseguir me soltar daqueles piratas brutamontes, James conseguiu tirar minhas botas e logo encontrou o mapa, escondido na sola de uma. Raiva era pouco, para o que eu estava sentido naquele momento, meu amigo estava preso, meu pai estava longe e meu navio sendo tomado em alto mar.

— Então é isso, estão declarando um motim contra meu pai?! — olhei no fundo dos olhos de James.
— Não minha querida, estou declarando contra você. — ele sorriu de canto e segurando novamente em meu braço me levou até a lateral do barco, onde a prancha já estava a minha espera — Mas tenho certeza que se estende a seu pai.
— Seu monstro. — sussurrei.
— Agradeço o elogio. — ele suspirou — Eu até poderia escrever uma carta a seu pai, contando como sua filha foi forte ao me enfrentar, mas agora que ele não irá sobreviver até lá.
— O que você fez? — um sentimento de medo começou a tomar conta de mim — O que você fez com meu pai?
— Digamos que o doutor recebeu o dobro para não ficar em silêncio. — ele sorriu de canto — Imagine o que aconteceria se soubessem a localização do capitão pirata mais procurado dos sete mares.
— Filho da…
— Olha a língua. — me repreendeu ele — Agora vire-se e caminhe.

Eu engoli seco aquela afronta e segurei firme as lágrimas, que estavam se formando no canto dos meus olhos. Encararia o mar de frente, mesmo sabendo que tinha um por cento de chance de sair viva, a passos curtos e demorados seguir pela prancha até que James bateu seu pé na ponta inicial, fazendo-a balançar.

Ao me desequilibrar, acabei caindo no mar.

Mesmo sabendo que não poderia me desesperar, acabei deixando um pouco me levar pelo medo de morrer em alto mar.

— Para não dizer que sou ingrato. — disse James ao jogar um remo para mim — Foi assim que tudo começou não é?! Então, devolverei a gentileza.
— Você vai pagar caro por isso. — gritei enquanto me movia nas águas para não ficar totalmente submersa.
— Ficarei esperando a conta. — gritou ele.

E lá estava eu, vendo o trabalho e conquista de uma vida, do meu pai, partindo nas mãos de um traidor. Nadei até o remo que já estava um pouco distante de mim, graças a correnteza, no meio do nada não tinha nem direção certa para seguir, já estava preparada para ficar a deriva por longo tempo. Tentando deixar longe pensamentos ruins sobre tubarões e coisas piores.

Abraçada ao remo, já estava sentindo minhas forças se esgotando, com sede e fome. Pela posição da lua já era madrugada, o mar começou a ficar cada vez mais agitado, de pequenas ondas, já se formavam grandes ondas que me jogavam de um lado para o outro. Aquele desespero havia retornado e já estava me preparando pelo pior, como se minha hora tivesse chegado, o que me fez lembrar de minha infância brincando pelos cantos do navio com Henry.

O mar estava em fúria e eu no meio dela, nem mesmo o remo que me mantinha sob as águas a deriva, havia restado, foi no impacto de uma grande onda sobre mim, que senti meu corpo sendo empurrado para o fundo do mar. Eu me debatia em meio às águas para subir a superfície, porém meus braços já cansados não conseguiam emergir meu corpo.

Eu estava submersa e perdendo o fôlego que me restava.

- x -

Senti o ar entrando de repente em meus pulmões, me fazendo tossir e expulsar toda aquela água que tinha engolido. Não sabia o que estava acontecendo, só entendia que ainda estava viva, mesmo com minha cabeça meio zonza tentei abrir meus olhos, mas meu corpo estava tão exausto que acabei perdendo a consciência novamente.

Despertei com um feixe de luz batendo em meus olhos, aquela claridade fazia minhas vistas doerem, talvez poderia ser por eu estar muito tempo desacordada, ainda não sabia o que tinha acontecido comigo. Abri meus olhos devagar, erguendo meu corpo olhei em minha volta e percebi estar dentro de uma caverna, levei a mão até a minha cabeça que estava com um curativo perto da orelha direita.

— Finalmente acordou. — disse uma voz grossa vinda de perto da cachoeira que pertencia a caverna, era de lá que a luz entrava — Confesso que estava preocupado se acordaria de novo ou não.
— Quem é você? — perguntei observando seu porte, não parecia um pirata, menos ainda um burguês, não tinha traços finos de um aristocrata — Onde eu estou?
— Uma pergunta de cada vez. — ele se afastou da parede e descruzando os braços, estendeu sua mão para mim — Quer saber onde está? Venha até aqui.
— Hum. — tive receio por um tempo, porém tomei coragem e me levantando com cuidado, dei alguns passos até ele — Então onde eu estou?
— Em minha casa. — ele estendeu o braço cortando as águas que caíam ao meio, me fazendo ver o que tinha do outro lado.
— Uau. — sussurrei admirada.

Meus olhos não queriam acreditar no que estavam vendo, eu reconhecia toda aquela verde paisagem misturada a riqueza do ouro e das pedras brilhantes, de muitos mapas e livros do meu pai, eu estava onde menos esperava estar, o lugar mais surpreendente e surreal da terra. A cidade perdida de El Dorado estava diante de mim, sem que eu tivesse a procurado e o homem ao meu lado havia me levado até ela.

— Você, mora aqui?! — desviei meu olhar para ele.
— Não somente eu, mas toda a minha família. — respondeu ele.
— Como?! — confisa e desacreditada eu estava — El Dorado, a cidade perdida, é uma lenda entre os piratas.
— Algumas lendas são reais. — ele sorriu de canto — Mas, esta cidade não é para qualquer pessoa.
— Então, por que me trouxe aqui? — perguntei.
— Hum, uma pergunta de cada vez. — ele riu — Agora quer saber quem eu sou?
— Sim. — assenti mantendo meu olhar nele.
— Pode me chamar de , sou um… — ele deu alguns passos para trás até chegar a beirada, a água já caía sobre suas costas — Acho melhor seus olhos verem por si.

Jogando seu corpo para trás, ele pulou na posição de um mergulho, eu joguei meu corpo para frente, me ajoelhando na beirada para ver o que iria acontecer com ele. Em um piscar de olhos, assim que a ponta dos seus dedos das mãos tocaram a água e seu corpo foi submergindo, suas pernas começaram a se transformar em uma calda. Com meus olhos arregalados e totalmente surpresa pelo que tinha presenciado, só conseguia pensar em uma coisa.

A cidade de El Dorado não era a única lenda viva, mas as histórias que meu pai contava sobre seus habitantes também, as sereias e tritões que atacavam os navios piratas que se aproximavam da cidade, existiam de verdade.

E um deles me salvou!

Encontrar o El Dorado,
Estou partindo agora,
Quanto maior a aventura,
Maiores os perigos que a seguem.
- El Dorado / EXO



The End...




Nota da autora:
Pensei muito em como escreveria essa fic, não queria nada muito longo, mas que fosse legal e interessante, primeira fic de piratas, não poderia escrever El Dorado sem que fosse uma aventura!
Espero que tenha ficado legal, me desculpem qualquer erro de gramática ou betagem, não desistam de mim, kkkk...
Críticas e elogios sempre serão bem-vindos!!

Minhas fics no FFOBS:

| 01. Money (Ficstape 5 Secunds of Summer) | 04. My Answer (Ficstape EXO) | 04. On My Mind (Ficstape Ellie Goulding) |
| 05. Así Soy Yo (Ficstape RBD) | 05. Sweet Creature (ficstape Harry styles) | 06. El Dorado (Ficstape EXO) |
| 07. Never Been Better (ficstape Olly Murs) | 11. As You Are (ficstape Charlie Puth) | 13. I Won't (Ficstape Little Mix) |
| 14. Blood (Ficstape My Chemical Romance) | 14. Goodnight Gotham (Ficstape Rihanna) | 15. Airplanes (Ficstape 5 Secunds of Summer) |
| 16. Nothing But Trouble (ficstape Charlie Puth) | 17. Trust (Ficstape Justin Bieber) |
| Beauty and the Beast (Contos Dia dos Namorados) | Beauty and the Beast II | Coffee House | Cold Night | Crazy Angel | Destiny's |
| É isso aí (mixtape Brasil 2000) | Electrick Shock (Especial Challenge #18) | Evidências (Especial: Arraiá) | First Sensibility | Genie |
| I Am The Best (mixtape Girl Power) | I Need You... Girl | Love of My Life (mixtape Classic Rock) | My Little Thief | Noona Is So Pretty (Replay) |
| One Shot | Piano Man (mixtape Girl Power) | Photobook | Promise (Contos de Halloween) | Quem de Nós dois (mixtape Brasil 2000) |
| Sem ar (mixtape Brasil 2000) | Smooth Criminal | The Boys (mixtape Girl Power) | TVXQ: Tohoshinki | Wind Of Change (mixtape Classic Rock) |


Bjinhos...
By: Pâms!!!!
*Ps.: o link das fics vocês encontram na minha página da autora!!





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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.




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