06. Gravity

Última atualização: 02/02/2018

Capítulo Único


Every time I'm ready to leave
Always seem to be
Pullin' in the wrong direction
Divin' in with no protection
Man, you can't keep steerin' me wrong

E mais uma vez estava acontecendo. Mais uma vez eu estava sendo agredida verbalmente pelo meu namorado, e como a maioria das outras vezes, não tinha motivo, apenas ciúmes e sua insegurança.
– Por que você sempre faz questão de ser uma vadia? Eu odeio isso em você. – gritou.
– Eu não fiz nada além de conversar com uma pessoa na fila do bar.
– Não, você não estava apenas conversando com uma pessoa no bar, estava agindo como uma vagabunda, insinuando-se para outro homem sendo que estava acompanhada do seu namorado.
A cada minuto ele parecia gritar mais, e nesse momento, sua mão apertava meu braço agressivamente. Meus olhos estavam cheios de lágrimas, mas ele claramente não estava se importando.
– Eu não estava fazendo isso, , estava conversando sobre bebidas com um homem. Não tinha nenhum interesse, afinal eu estou com você, e nenhum outro homem importa.
– Não vem tentar se fazer de santa, eu sei muito bem que você não é. Lembra como eu te conheci? Em uma festa que só tinha maiores de idade. Você era menor e estava parecendo uma piranha procurando um cara mais velho. Deveria ter escutado meus amigos e só ter transado com você, mas não, deixei-me levar por esse rostinho lindo e esse corpo. Agora estou tendo as consequências.
– Eu não vou mais discutir, olha o que você está falando! Amanhã você vai estar arrependido e virá me pedir desculpa. Eu não deveria aceitar, mas parece que você fez alguma macumba para me prender, não é possível!
– Você só aceita porque sabe que tudo que eu digo é verdade e que não vai encontrar nada melhor que eu. – ele riu, eu permaneci com a cara fechada. – Eu não quero te ver mais hoje, então faz o favor de sair da minha casa.
– São 3h46, não tem ônibus essa hora e o ponto de táxi é longe.
– Dê seu jeito, pede carona. Só estou cansado e não quero mais estresse por hoje.
– Você vai para seu quarto e eu durmo aqui na sala, não tem problema. Só não me bota pra fora essa hora, por favor!
– Pode dormir no sofá, e fica em silêncio. De manhã, eu quero acordar e não te ver mais aqui.
– Você pode pelo menos me dar um lençol para eu me cobrir?
– Vou pegar. – ele saiu da sala e virou o corredor que dava para o quarto.
Eu sentei no sofá e comecei a chorar. Sempre brigávamos, mas nunca foi tão sério. Ou já, e eu nunca percebi? Porque eu ainda insistia em nós dois?
Um tempo depois, voltou com um edredom em mãos, jogou-o no sofá ao meu lado, virou-se e voltou para o quarto sem se despedir, sem um beijo, sem paixão.
Depois de chorar muito, eu consegui dormir. Tive um sonho lindo. Nele eu corria em uma praia, feliz, de pés descalços... Nele não havia dor, sofrimento, humilhação. Nele não havia .

***

Acordei no dia seguinte sentindo cheiro de café vindo da cozinha. Flashes da noite passada vieram à minha mente, eu sentei no sofá e fiquei encarando a parede a minha frente. Após tomar coragem, eu levantei e me dirigi à cozinha. Parei assim que avistei de costas para a porta. Na mesa havia pães e biscoitos, ele estava coando o café. Ao notar que eu estava ali, ele sorriu.
– Bom dia, meu amor. – ele botou o café na mesa e caminhou até mim, parou em minha frente e me abraçou.
– Bom dia, . – respondi com a voz baixa e rouca.
– Não vai me dar um beijo de bom dia?
Eu não tive tempo de responder, logo ele grudou nossos lábios. No começo eu não reagi, mas ele enfiou a língua na minha boca, obrigando-me a corresponder.
Após finalizar o beijo, nós encaminhamos para mesa. Ele me serviu – como um perfeito cavalheiro que, obviamente, não era. Tentou puxar assunto durante a refeição, mas eu não estava a fim de conversar. Quando terminamos de comer, fomos para sala e ele disse que queria conversar.
– Eu queria te pedir desculpa por ontem. Não lembro exatamente o que aconteceu, porque estava muito bêbado, mas julgando por sua frieza e por ter te encontrado dormindo no sofá, acredito eu que disse ou fiz coisas que não queria. Você me desculpa?
Ele estava com uma expressão de culpa no rosto, como acontecia todas as vezes que fazia alguma merda. Eu respirei fundo e respondi:
– Estou cansada, . Cansada de suas desculpas, cansada das suas atitudes agressivas quando bebe, cansada de tudo! Meus amigos não falam mais comigo porque têm medo de você. Minha família toda comenta sobre mim. Meus pais me alertam sobre você, vivem dizendo que é para eu parar de me submeter a um relacionamento tóxico como o nosso, e eu sou trouxa o bastante para ignorar todos esses avisos.
– Você não precisa de amigos, você me tem. Seus familiares são todos uns filhos da puta que não estão nem aí para sua felicidade e seus pais querem que você seja uma princesinha, que case com um riquinho, todo certinho e sem graça. É isso que você quer? Uma vida sem graça? Eu te amo, eu trago agito para sua vida, eu trago felicidade, e você deveria me agradecer muito por isso.
Ficamos nos encarando durante segundos, apenas olhando nos olhos um do outro, e tomou a iniciativa de me beijar novamente. Ele me jogou no sofá e veio pra cima de mim. Minha blusa logo foi tirada, assim como o resto da roupa minutos depois. Essa não era minha vontade, mas logo estávamos transando naquele sofá, que já estava acostumado com nossas reconciliações calorosas.
E mais uma vez eu cai na conversa de . Era sempre assim, parecia um ciclo. Eu só não percebia que aquilo estava matando-me aos poucos.

***

e eu começamos a namorar quando eu tinha acabado de completar dezesseis anos. Minha família sempre fora contra o nosso relacionamento, porque era um pouco problemático e maior de idade, mas eu nunca me importei, sempre gostei de desafiar meus pais.
No começo, o relacionamento era perfeito; ele me tratava bem, fazia todas as minhas vontades, levava-me ao cinema, ao parque, sempre tínhamos encontros românticos. Mas, com o tempo, ele foi mudando. Depois de um ano, o relacionamento começou a esfriar. não era mais um príncipe encantado como antes, cada dia ia me tratando com mais frieza. Hoje, depois de três anos, eu não sei mais o que estamos fazendo juntos. Ele sempre me destrata, xinga-me, humilha-me... Mas eu não consigo por um fim nisso, toda vez algo acontece. Eu penso em terminar, mas ele vem todo arrependido, e eu cedo novamente. Parece que ele é a gravidade que sempre me puxa para perto.
Eu sei que tenho uma parcela de culpa por tudo que estou passando, mas quem já se apaixonou sabe como ficamos vulneráveis, ficamos encantados. Milhares de pessoas podem nos alertar sobre o que nos pode acontecer, mas ignoramos. Foi assim comigo. A primeira vez que eu vi o se transformar em um louco possessivo e agressivo foi, coincidentemente, após um conselho de uma desconhecida.
Estávamos na festa de um amigo de , encostados em uma parede. Ele conversava com uns garotos, e eu mexia no celular. Havia bebido muito refrigerante e minha bexiga estava cheia, pedi licença aos garotos e fui ao banheiro. Havia duas garotas ao lado da porta, deduzi que era uma fila, bufei e fui para o final. As garotas logo viraram-se para me encarar, uma morena e uma ruiva. A morena sorriu para mim, virou-se para a ruiva e sussurrou algo, a outra me olhou de cima a baixo e sorriu também.
– Você é a namorada do , né? – perguntou a morena.
– Sim. – respondi desconfiada.
– Prazer, fofinha. Meu nome é Cassie, e o seu?
.
– Então, ... Como é o relacionamento de vocês?
– É ótimo.
– Que bom. Quanto tempo de namoro?
– Um ano e dois meses.
– Ah, agora você vai conhecer o verdadeiro .
– Do que você está falando?
– Nada. Só abre o olho, e assim que acontecer, caia fora. Você parece ser uma garota legal, e ele... – nesse instante, a porta se abriu e uma garota saiu do banheiro. – Enfim, abra os olhos. Ah, finja que nunca me conheceu, nem cite meu nome para .
– Vamos, Cassie. – a garota que saiu do banheiro chamou, e a tal Cassie a seguiu.
Entrei no banheiro meio desconfiada daquela conversa, fiz minhas necessidades o mais rápido possível e saí.
Ao voltar para o lugar que estava antes, não encontrei . Olhei para os lados e não o vi em lugar algum, fui até a cozinha e ele também não estava. Único lugar provável que restou foi o quintal, mas ele também não estava lá. Bufei e sentei em um balanço que estava próximo a mim, peguei meu celular para olhar minhas redes sociais enquanto não aparecia. Minutos depois, vi o balanço ao lado balançar e uma sombra se formar ao meu lado.
– Olá. – disse uma voz masculina.
Eu levantei a cabeça e encarei o garoto ao meu lado.
– Oi.
– Sou Dylan, e você?
Afinal, o que estava acontecendo para desconhecidos virem falar comigo? Seria coisa de ?
.
– O que faz aqui sozinha, ?
– Meu namorado sumiu e eu não conheço ninguém além do dono da festa, que também sumiu.
– Eu ouvi o Mike dizer que iria comprar umas bebidas e levou outro cara com ele, deve ser seu namorado.
– Que droga.
– Então, já que você não conhece ninguém, eu posso te fazer companhia. O que acha?
– Não precisa se incomodar.
– Não está incomodando.
Dylan e eu começamos a conversar sobre vários assuntos, e em minutos, eu já estava rindo sobre suas histórias de vida. A conversa estava tão boa que nem percebi quando voltou.
– O que está acontecendo aqui? – assustei-me ao ouvir a voz de e virei rapidamente.
– Estava te procurando, você sumiu, onde esta...
– O que está acontecendo aqui? – repetiu.
– Eu não conhecia ninguém, então resolvi ficar aqui, até que Dylan apareceu e começamos a conversar. Nada de mais, amor.
– Nada de mais? Esse filho da puta estava dando em cima de você. – não foi uma pergunta, mas mesmo assim, eu respondi.
– Não, ele não estava.
– Cala a boca, , minha conversa é com esse cara. – deu um passo à frente, e Dylan e eu levantamos.
– Não precisa disso, . – tentei pará-lo, mas não adiantou, ele desviou de mim e avançou em Dylan.
– Você estava dando em cima da MINHA NAMORADA. Não tem medo de morrer não, porra?
– Eu não estava dando em cima dela, desde o primeiro momento ela disse que tinha namorado, cara.
– Nunca mais chegue perto dela. – antes que o garoto respondesse, deu um soco em seu rosto.
Eu dei um passo para trás assustada, fiquei sem reação.
– Vamos para casa. – disse com frieza.
Ao virar-me, percebi que todos estavam nos encarando. Envergonhada, eu abaixei a cabeça. Senti ele me puxar pelo braço em direção à porta. Segui em passos rápidos, ainda de cabeça baixa, e logo estávamos do lado de fora da casa. A moto estava estacionada a poucos metros da casa, continuei sendo puxada até chegar a mesma.
– Sobe na porra da moto, .
– Não precisa ficar assim, por que fez aquilo com o garoto?
– DÁ PRA CALAR A PORRA DA BOCA E SUBIR NA MOTO ANTES QUE EU PERCA A PACIÊNCIA, ?
Assustada, encarei . Ele nunca havia falado assim comigo, nunca havia gritado. Meus olhos lacrimejaram e eu resolvi não o contrariar mais. Ele subiu na moto e eu subi em seguida, logo estávamos andando pelas ruas em alta velocidade. Temerosa me agarrei a ele, temendo um acidente. Logo estávamos na porta do apartamento de , o trajeto todo foi feito em silêncio, mas isso logo mudou ao entrar em casa.
– Você não me respeita?
– O quê? Do que está falando? – perguntei confusa.
– Estava se engraçando com aquele cara, cheia de sorrisinhos. Todos que olhassem percebiam o que estava acontecendo ali.
– Você está exagerando, não ouviu o que ele disse? Eu falei que tinha namorado assim que começamos a conversar.
– Eu não acredito, você deve ser igual a essas vagabundas que se fazem de santas por aí.
– Você está me chamando de vagabunda? – perguntei incrédula.
– Vagabunda, piranha, vadia. O que mais você quer? Todas são iguais.
– Eu vou embora, você está louco, esse não é meu namorado.
– Pode ir, vai! Some da minha frente agora! Só apareça aqui quando eu chamar, se eu chamar.
Encarei o homem a minha frente com tristeza e ódio, e logo me retirei de sua casa.
Essa foi a primeira vez que acontecera, eu não deveria ter voltado, mas acabei voltando após a primeira ligação. Fui tola e hoje recebo as consequências.

***

Estava em casa. Após ter a recaída com , eu resolvi voltar para minha casa, meu quarto, minha cama, e chorar até sentir meus olhos irritarem. Assim que cheguei, fui direto para meu quarto. Nem procurei meus pais, queria paz, ficar sozinha, pensar um pouco, mas não adiantou. Após alguns minutos, ouvi batidas na porta e a voz da minha mãe chamar meu nome em seguida. Queria ignorar, mas não consegui. Levantei, enxuguei minhas lágrimas e abri a porta.
– Filha, o que houve? Ele fez algo com você? Te bateu?
– Ah, mãe. – disse apenas isso e a abracei, minha mãe logo retribuiu o abraço e eu voltei a chorar.
– Shh, meu amor, calma. Ele te bateu?
– Não, mãe. – sussurrei e minha mãe respirou aliviada.
– Achei que ele havia te batido, você está tão mal.
– Eu não sei por que estamos juntos, mãe! Eu só queria ser feliz com ele, ser amada, mas ultimamente eu não sei se é exatamente isso que estou recebendo.
– Não preciso dizer que sempre fui contra esse relacionamento, isso eu sempre deixei claro e evidente. Mas, se me permitir, deixa eu te dar um conselho.
– Pode falar.
– Se você não aguenta mais, termine! Você não é obrigada a ficar em um relacionamento que não dá mais certo, filha! Namoro é amor, carinho, compreensão, confiança, amizade... Se falta tudo isso, não tem porquê você continuar com ele.
– Mas ele diz que, caso eu termine, não vai suportar. Vai se afundar nas drogas e na bebida até morrer, que não sabe viver sem mim.
– Isso é chantagem emocional, não caia nessa.
Ouvimos a voz do meu pai do lado de fora e minha mãe me soltou.
– Seu pai está me esperando para irmos ao clube. Não sei que horas voltamos, mas deixarei um dinheiro embaixo da fruteira para você comprar algo para almoçar, ok?
– Ok, mãe, obrigada.
– Eu te amo, nunca se esqueça disso. Até mais tarde.
– Até.
Minha mãe saiu do quarto, e novamente fiquei sozinha. Mas, agora, estava refletindo sobre o que havíamos conversado.
Em meio a tantos pensamentos, peguei no sono.
***

Acordei com o barulho do meu celular, era uma ligação. Deixei tocar até o mesmo parar, não queria atender, mas ao pegá-lo vi o nome "Amor" na tela. Havia três mensagens e uma ligação perdida.
Amor: Princesa?
Amor: Vem aqui em casa, tenho um lugar para irmos hoje à noite.
Amor: Não aceito “não” como resposta.
Revirei os olhos, escrevi um não e enviei. Logo ele respondeu, insistindo para que eu fosse. Falei que não estava no clima para sair de casa, mas isso não adiantou, ele continuou a insistir. Bufei e resolvi ceder. Mais tarde estava eu ali, a caminho de uma boate com , sentindo um mal pressentimento.
Chegamos a uma das boates mais conhecidas da cidade, pegamos uma fila, mas logo estávamos dentro do estabelecimento. , como sempre, encontrou seus amigos. Cumprimentamos-nos e logo todos estavam bebendo e curtindo, menos eu. Fiquei apenas sentada observando o ambiente e mexendo no celular durante algumas horas.
Cansada de ficar no mesmo lugar, usei a desculpa que precisava ir ao banheiro. queria me levar até a porta, mas eu disse que não precisava. Segui sozinha até o banheiro, haviam poucas mulheres lá dentro. Fui até o espelho e olhei meu reflexo. Estava pouco maquiada, minha roupa era simples comparada à roupa das outras meninas, mas eu não estava me importando. Saí do banheiro minutos depois.
Estava sentindo uma enorme vontade de ir para casa, mas ao contrário de mim, estava se divertindo. Lentamente, fui caminhando até ao camarote superior onde estava antes, mas no caminho fui segurada pelo braço. Virei-me achando que era meu namorado, mas ao encarar o rosto ao meu lado, percebi que não era ele, e sim um conhecido; um ex paquera da adolescência.
, não acredito!
? Oh, meu Deus, quanto tempo. – abracei-o animadamente.
– Você não mudou quase nada, continua com essa carinha de menina, só está mais linda.
– Obrigada! Você mudou bastante, está mais musculoso e mais bonito.
– Obrigado. O que está fazendo da vida, já casou?
– Não faço nada de produtivo, e não casei, estou longe disso. Mas namoro, e você?
– Estou na faculdade, trabalho na área de arquitetura e estou solteiro, longe de casar também. – nós dois rimos. – Ah, vem cá me dar outro abraço.
– Seu abraço continua sendo o melhor.
– E seu cheiro continua sendo o mais gostoso. – sorri e o abracei bem forte.
Lembrei dos momentos da minha pré adolescência quando era apaixonada por ele.
!
Escutei uma voz dura atrás de mim e soltei rapidamente, era .
– Oi, amor, acabei de encontrar um amigo que não via há muit...
– Cale-se sua vadia.
– Hey, cara, não fala assim com ela. – interviu.
– Quem é você para dizer como eu devo ou não falar com minha namorada, seu merda?
– Eu não quero brigar, só sugiro que você respeite sua namorada, ela não merece ser xingada sem ter feito nada de mais.
– Não quer brigar, mas estava abraçando e falando no ouvido da minha garota, tarde demais. – antes que qualquer um de nós previsse, deu um soco em .
Eu olhei assustada para ele e virei para , que estava com a mão no maxilar.
– Meu Deus, ! – falei preocupada, mas logo encarei . – Por que fez isso, ? Por que você tem que ser tão estúpido quando bebe?
– Vai defender esse desgraçado, então? Você é muito puta, .
– Olha cara, eu não queria revidar, mas não vou permitir que você fale assim com uma mulher DUAS VEZES. – se recuperou rapidamente e deu um soco em , que se desequilibrou e caiu no chão.
Logo as pessoas ao lado formaram uma roda. Antes que levantasse e desse outro soco em , os seguranças chegaram. Os dois foram postos para fora, eu os segui e os amigos de vieram atrás, ainda dentro da boate.
– Cara, nós vamos ficar. Têm umas garotas que estão querendo diversão essa noite, não vamos perder a oportunidade. – um dos homens falou, com certeza não escutou.
– Eu passarei o recado, podem ficar por aqui.
Saímos os três da boate, ainda enfurecido e encarando-me.
– Vamos para minha casa, . – disse .
– Não, eu vou para minha casa. – respondi.
– Você vai comigo, precisamos conversar.
, se quiser eu te levo em casa. – sugeriu e riu sarcástico.
– Você quer levar outro soco?
– Não vai ter soco algum. – encarei enfurecida. – Obrigada, mas não precisa. Eu vou com , precisamos conversar, e já estou acostumada a lidar com isso.
– Tem certeza?
– Sim.
– Tudo bem, mas se precisar de qualquer coisa me procura. Moro no centro, em frente à praça principal, no prédio azul e branco, oitavo andar, número 13. – sussurrou para que apenas eu pudesse ouvir e resmungou.
– Ok, obrigada. – sorri. – Vamos, .
– Esse cara é muito abusado.
– VAMOS, !
Dei sinal para o primeiro táxi que apareceu, entrei com no mesmo e dei o endereço da casa dele. A viagem demorou um pouco por causa da distância e o clima tenso também ajudou, mas quarenta minutos depois, estávamos em frente ao prédio velho que morava. Peguei a carteira dele, tirei uma quantia de dinheiro e dei para o motorista. Saímos do carro, e sem esperar, eu entrei no prédio, subi as escadas rapidamente e peguei a chave reserva no bolso da minha calça. Entrei no apartamento e me joguei no sofá. Logo apareceu cambaleando e parou em minha frente.
– Eu não sei mais o que fazer com você, não aguento mais isso, toda vez que saímos é a mesma coisa. Você diz que vai mudar e não muda. Eu deveria ter caído fora na primeira oportunidade, mas fui muito burra e continuei, agora eu cansei e não quero mais viver assim. – despejei tudo de uma vez e ele me encarou com os olhos arregalados.
– Como assim? Não quer mais?
– Não quero, eu quero terminar... na verdade, estou terminando com você.
– Você não vai terminar comigo, se fizer isso eu me mato. – falou desesperado e eu ri.
– Eu não me importo, faz o que você quiser, eu não sou obrigada a ficar com você. Deveria ter escutado meus pais antes, mas isso não importa mais, estou pondo um ponto final nisso. – levantei do sofá, peguei minha bolsa e botei no ombro.
– Porque está sendo tão fria? Você não é assim. – ele tentou encostar em mim, mas eu me afastei.
– Eu cansei de ser humilhada por você. Sua atitude de hoje foi apenas a última gota d'água, e eu acordei para vida. Agora eu vou embora. Espero que você não venha atrás de mim, nunca mais me procure; eu não vou voltar atrás. – dei uma última olhada para seu rosto atordoado e virei-me para a porta de entrada.
– Você não vai terminar comigo. – ele falou, mas eu continuei caminhando para porta. Dei mais dois passos e senti meu cabelo ser puxado. – Você acha que é assim? Que vai terminar comigo e ir embora como se eu fosse um qualquer? Você é apenas uma vadia mal agradecida, e eu não vou deixar que você saia assim. O namoro só termina quando eu disser que vai terminar.
Ele puxou meu cabelo com mais força e me jogou no sofá, arregalei os olhos quando ele veio para cima de mim e deferiu um tapa em meu rosto. Levantei do sofá rapidamente e ele caiu no chão por causa do álcool. Antes que ele me batesse mais uma vez, eu peguei um vaso de porcelana em cima da mesa.
– Você pode me xingar, humilhar-me ou fazer qualquer tipo de agressão verbal, mas não vem me bater porque meus pais, que me botaram, no mundo nunca fizeram isso. – sem demorar mais um segundo, peguei o vaso e joguei contra sua cabeça.
Ele tentou desviar mas não foi tão rápido. Com o impacto, o mesmo desmaiou.
Respirei fundo, ajeitei meu cabelo e minha roupa, saí rapidamente da casa, desci a escada correndo, e ao chegar na calçada olhei para os lados. Precisava chegar ao centro, em frente à praça principal, a um certo prédio azul e branco, oitavo andar, número 13.




Fim.



Nota da autora: Oi gente! Espero que tenham gostado da fic, relacionamento abusivo é um assunto difícil a ser abordado e não deve ser romantizado, quis deixar isso bem claro e espero que vocês tenham entendido a mensagem, caso estejam passando por essa situação, ou conheçam alguém que esteja, saia o mais rápido possível, e se houver agressão ou ameaça DENUNCIE! Então é isso, beijos, até a próxima.



Outras Fanfics:
04. Blow [Ficstape/Finalizada]
04. Kiss Me Kiss Me [Ficstape/Finalizada]

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