Capítulo Único
Eu já havia escutado de muitas pessoas que amar exigia esforço e saber abrir mão, mas nem de longe achei que essas duas coisas pudessem ser tão difíceis. Sentada naquele sofá, esperando por alguma notícia capaz de me dar esperança de que dias melhores viriam eu tentava entender como havia chegado até ali, em que momento, no percurso da minha vida, me deixei levar daquela forma.
Encarei minhas mãos, que pareciam tremer cada vez mais, deixando as lágrimas escorrerem, sem tentar segurá-las em vão. Eu estava devastada demais para tentar lutar contra o inevitável depois de todos aqueles anos, aquela era uma causa perdida e eu precisava aceitar antes que acabasse me matando.
No inferno eu já estava, então não poderia ficar pior.
Mesmo que eu estivesse com a cabeça baixa, conseguia sentir os olhares de julgamento sendo direcionados a mim. Eu sabia qual era o pensamento de cada uma daquelas pessoas sentadas ali, provavelmente imaginando se eu não estava cansada de me humilhar e parar naquele lugar sempre a cada duas semanas ou um mês. Pela maneira que o ambiente estava silencioso e ninguém havia se aproximado foi fácil notar que não era a única desistindo ali.
Os gritos dentro da minha mente pareciam cada vez mais difíceis de segurar e eu sentia como se fosse desabar a qualquer momento. Meu peito estava literalmente esmagado e qualquer esperança que eu tinha foi levada há algumas horas, junto das palavras amargas de uma das pessoas que mais amei dizer que eu era patética.
O pior de tudo, era saber que era apenas a verdade.
Dura demais de aceitar.
Escutei meu nome ser chamado de algum lugar, mas eu não tinha força alguma para sair de onde estava e encarar aquela verdade tão dolorosa. Tudo que eu queria era achar um jeito de desaparecer dali, ou acordar do pesadelo infinito que havia me enfiado desde aquele maldito show.
Talvez se eu ficasse ali parada, sem dizer nada, ele apenas desistiria de tentar me encontrar.
Doce ilusão.
Não demorou para eu sentir a presença de alguém bem à minha frente. Respirei fundo, não demorando para erguer o olhar, encontrando um homem que aparentava estar por volta de seus quarenta anos vestindo um avental branco.
— Sra. ? — O homem tentou abrir um sorriso, mas a dó que sentia por mim estava evidente em seus olhos.
Apenas assenti silenciosamente, não tinha condições de trocar uma palavra com estranhos, mesmo que aquele homem não fosse exatamente um. Por sorte ele apenas fez sinal para o seguir e eu obedeci sem questionar, alimentando a guerra de silêncio travada entre nós até que ele me deixasse em uma pequena sala sozinha.
Eu não sei o que era pior, a solidão do lugar ou saber que ela logo acabaria.
Senti vontade de rir da minha cara, mas nem aquilo consegui fazer no momento, então apenas esperei.
— … — Aquela voz que eu conhecia tão bem irrompeu o silêncio, me causando um arrepio doloroso.
Eu havia jurado que não choraria, mas as lágrimas foram bem mais rápidas que a minha dignidade.
— Eu sinto muito.
Aquilo era simplesmente patético. Nem mesmo o discurso dele era diferente, nem sequer uma palavra havia mudado. Eu tinha certeza de que o cara bem atrás de mim me achava uma completa otária por sempre cair em suas mentiras ridículas.
Eu achava.
— Não, você não sente. — Me virei para encará-lo, tentando engolir o choro entalado na minha garganta e busquei a pouca dignidade que me restava. — Você nunca sentiu.
Seus olhos, como já era de se esperar, amoleceram e ele deu alguns passos na minha direção, fazendo sinal para pegar minha mão. Surpreendentemente, para ele, e até para mim, me mantive estática, sem esboçar reação alguma, mas também sem deixá-lo me tocar.
— Eu sei que eu vacilei… — Aquela voz calculista estava presente e eu odiava tanto, que me fazia querer gritar.
Uma risada ecoou no ambiente e eu demorei para me dar conta ser minha.
— Você sabe que me deixou fodida, . — O encarei bem nos olhos, mas a minha expressão não era das melhores e ele acabou se afastando. — Eu nunca deveria ter te beijado de volta naquela noite.
Aquela era minha chance, eu precisava me livrar daquilo. O vício em que eu me encontrava tinha que acabar naquele momento.
— Eu prometo que dessa vez vou me livrar das drogas, das bebidas….de tudo.
Ri, exasperada.
— Para de mentir, por favor — pedi, sentindo que meu coração tinha acabado de ser quebrado pela milésima vez naquela noite. — Você não me corresponde de verdade e sabe disso.
Se eu continuasse mais um pouco naquela sala, pararia facilmente de respirar.
— , eu te amo. Por favor, me deixa consertar as coisas.
— Adeus, .
Encarei minhas mãos, que pareciam tremer cada vez mais, deixando as lágrimas escorrerem, sem tentar segurá-las em vão. Eu estava devastada demais para tentar lutar contra o inevitável depois de todos aqueles anos, aquela era uma causa perdida e eu precisava aceitar antes que acabasse me matando.
No inferno eu já estava, então não poderia ficar pior.
Mesmo que eu estivesse com a cabeça baixa, conseguia sentir os olhares de julgamento sendo direcionados a mim. Eu sabia qual era o pensamento de cada uma daquelas pessoas sentadas ali, provavelmente imaginando se eu não estava cansada de me humilhar e parar naquele lugar sempre a cada duas semanas ou um mês. Pela maneira que o ambiente estava silencioso e ninguém havia se aproximado foi fácil notar que não era a única desistindo ali.
Os gritos dentro da minha mente pareciam cada vez mais difíceis de segurar e eu sentia como se fosse desabar a qualquer momento. Meu peito estava literalmente esmagado e qualquer esperança que eu tinha foi levada há algumas horas, junto das palavras amargas de uma das pessoas que mais amei dizer que eu era patética.
O pior de tudo, era saber que era apenas a verdade.
Dura demais de aceitar.
Escutei meu nome ser chamado de algum lugar, mas eu não tinha força alguma para sair de onde estava e encarar aquela verdade tão dolorosa. Tudo que eu queria era achar um jeito de desaparecer dali, ou acordar do pesadelo infinito que havia me enfiado desde aquele maldito show.
Talvez se eu ficasse ali parada, sem dizer nada, ele apenas desistiria de tentar me encontrar.
Doce ilusão.
Não demorou para eu sentir a presença de alguém bem à minha frente. Respirei fundo, não demorando para erguer o olhar, encontrando um homem que aparentava estar por volta de seus quarenta anos vestindo um avental branco.
— Sra. ? — O homem tentou abrir um sorriso, mas a dó que sentia por mim estava evidente em seus olhos.
Apenas assenti silenciosamente, não tinha condições de trocar uma palavra com estranhos, mesmo que aquele homem não fosse exatamente um. Por sorte ele apenas fez sinal para o seguir e eu obedeci sem questionar, alimentando a guerra de silêncio travada entre nós até que ele me deixasse em uma pequena sala sozinha.
Eu não sei o que era pior, a solidão do lugar ou saber que ela logo acabaria.
Senti vontade de rir da minha cara, mas nem aquilo consegui fazer no momento, então apenas esperei.
— … — Aquela voz que eu conhecia tão bem irrompeu o silêncio, me causando um arrepio doloroso.
Eu havia jurado que não choraria, mas as lágrimas foram bem mais rápidas que a minha dignidade.
— Eu sinto muito.
Aquilo era simplesmente patético. Nem mesmo o discurso dele era diferente, nem sequer uma palavra havia mudado. Eu tinha certeza de que o cara bem atrás de mim me achava uma completa otária por sempre cair em suas mentiras ridículas.
Eu achava.
— Não, você não sente. — Me virei para encará-lo, tentando engolir o choro entalado na minha garganta e busquei a pouca dignidade que me restava. — Você nunca sentiu.
Seus olhos, como já era de se esperar, amoleceram e ele deu alguns passos na minha direção, fazendo sinal para pegar minha mão. Surpreendentemente, para ele, e até para mim, me mantive estática, sem esboçar reação alguma, mas também sem deixá-lo me tocar.
— Eu sei que eu vacilei… — Aquela voz calculista estava presente e eu odiava tanto, que me fazia querer gritar.
Uma risada ecoou no ambiente e eu demorei para me dar conta ser minha.
— Você sabe que me deixou fodida, . — O encarei bem nos olhos, mas a minha expressão não era das melhores e ele acabou se afastando. — Eu nunca deveria ter te beijado de volta naquela noite.
Aquela era minha chance, eu precisava me livrar daquilo. O vício em que eu me encontrava tinha que acabar naquele momento.
— Eu prometo que dessa vez vou me livrar das drogas, das bebidas….de tudo.
Ri, exasperada.
— Para de mentir, por favor — pedi, sentindo que meu coração tinha acabado de ser quebrado pela milésima vez naquela noite. — Você não me corresponde de verdade e sabe disso.
Se eu continuasse mais um pouco naquela sala, pararia facilmente de respirar.
— , eu te amo. Por favor, me deixa consertar as coisas.
— Adeus, .