06. Leaving California

Finalizada em: 07/08/2021

Capítulo Único

Verão de 1996

— Vamos, querida, ou vamos perder o voo. — A voz doce da mulher mais velha soava com cuidado. A pequena menina estava com seus braços ao redor do pescoço do amigo, abraçando-o e molhando sua camisa com as lágrimas que desciam intensamente de seus olhos. Seu peito se sacudiu num soluço inconformado. Por que ela tinha que se despedir dele? Aquilo não era justo.
— Por favor, mamãe, só mais um pouco — ela respondeu com a voz fraquinha e embargada.
— Tudo bem, meu amor. Eu e seu pai vamos esperar lá fora, mas não demore, precisamos chegar cedo ao aeroporto — a mulher lembrou e sorriu para o garoto ainda abraçado à filha, se despedindo rapidamente porque sabia que para ele nada mais lhe importava, então foi esperar a filha do lado de fora da casa, junto ao marido, que trazia uma feição quase arrependida no rosto.
A cena cortava seus corações, mas não havia muito o que fazer. Era necessário. Uma oportunidade como a que o homem havia recebido era irrecusável e a esposa não ofereceu objeções quando ele mostrou o que aquilo significaria em suas vidas.
Precisavam deixar a Califórnia e Vancouver seria sua nova morada.
— Ela vai ficar bem, querida — o homem ofereceu conforto à companheira.
— Ela é jovem demais para já sofrer desse jeito — a mulher tentou argumentar, de fato incomodada com toda aquela situação.
— Ela vai ficar bem, você vai ver — ele insistiu, tocando seu rosto e sorrindo fraco. — É justamente por ser jovem demais que isso logo vai passar.
Dentro da casa, as duas crianças ainda se abraçavam, deixando que toda a dor da despedida se esvaísse em lágrimas.
— Não acredito que você vai mesmo embora, minha menina — o garoto disse, cabisbaixo, a voz infantil entrecortada pelo choro.
— Eu não quero ir, meu príncipe — ela respondeu, apertando os lábios para não soluçar mais alto.
— E eu não quero que você vá. Acha que se nós sairmos pelos fundos e você se esconder no meu porão, eles acabam deixando você ficar? — A apertou mais contra seu corpo, ouvindo a risada melodiosa da menina ecoar baixinho.
Doía demais pensar que teria que continuar sua vida sem ele, não achava que conseguiria, mesmo sendo um toco de gente, como seus pais diziam. Ele também estava aos pedaços, não suportava a ideia de vê-la partir daquele jeito. Ela era tudo o que ele tinha.
— Promete uma coisa? — Se desvencilhou um pouco dele para encará-lo nos olhos.
— O quê? — questionou, sabendo que não importava o que ela pediria, ele aceitaria sem pestanejar.
— Que você vai me esperar. Porque um dia eu vou voltar, príncipe. — A certeza estava explícita nas palavras dela e ele não duvidaria nunca daquilo. Sua menina jamais quebraria uma promessa e ele também não.
— Prometo, minha menina. Nem que eu tenha que esperar para sempre... E aí, quando você voltar, nós vamos nos casar. Você... você quer se casar comigo, não quer? — Enxugou mais algumas lágrimas que caíam pelas bochechas dela e viu um sorriso lindo se formar em seus lábios.
— É claro que eu quero. Sim, nós vamos nos casar. — Ela riu baixinho, sentindo a sementinha de esperança esquentar seu corpo gelado pela falta que já estava sentindo dele. — Eu... Eu nunca vou te esquecer.
Tocou o rosto dele com sua mãozinha e ajeitou os cabelos dele com cuidado. Ele fechou os olhos por alguns segundos, apreciando o carinho dela e sorrindo ao ouvir sua resposta.
— E nem eu de você. — Aproximou seu rosto do dela e beijou sua bochecha com carinho. — Eu amo você.
— Também amo você — a menina respondeu, doce.
Eram apenas duas crianças, mas suas palavras eram verdadeiras. Se amavam de forma pura, inocente. Para o amor não há barreiras, nem mesmo para crianças de tão pouca idade.
— Tome.
Ela se afastou um pouquinho mais e tirou o colar que carregava em seu pescoço, entregando-o para o garoto. Era uma corrente simples, de ouro, com um pingente de flecha, mas representava a admiração que a menina sempre teve por heroínas. Dizia que ela mesma seria uma um dia.
— Não vou pegar seu colar — o garoto recusou, surpreso com a atitude dela.
Aquele era um dos objetos favoritos da menina e ela o carregava onde fosse. Não era certo aceitá-lo.
— Por favor, príncipe. É só para ter certeza de que não vai esquecer de mim — ela insistiu, com os olhos brilhantes de lágrimas novamente e ele hesitou mais uma vez. — Por favor.
Então ele assentiu, fazendo um sim com a cabeça e pegando o colar das mãos da menina.
— Como se eu precisasse disso. — Ela sorriu. — Mas vou ficar com ele e toda vez que sentir sua falta vou ficar horas e horas olhando para essa corrente. — Fechou os dedos em volta dele. — Melhor... — Então decidiu colocá-lo no próprio pescoço, vendo a menina mais uma vez ficar surpresa com seu ato. — Vou carregar você comigo para onde eu for.
— Promete que vai fazer isso mesmo? — ela pediu, ainda sem acreditar no que ele havia feito.
— Prometo se você também me prometer uma coisa. — Remexeu seus bolsos e tirou de lá o que procurava. — Que toda vez que olhar para isso — entregou-lhe um medalhão de bronze que tinha ganhado de seu pai —, vai lembrar de mim também. E que vai carregá-lo também para onde for. — Ele mordeu o canto da boca e engoliu a seco enquanto aguardava a resposta dela.
— Eu prometo. — Ela apertou seus dedos em volta do medalhão e sorriu novamente, se aproximando e beijando a bochecha dele como ele havia feito minutos antes.
Então mais uma vez eles se abraçaram, permanecendo assim por mais algum tempo, até ouvirem uma buzina vinda do carro dos pais dela.
Era chegada a hora.
— Adeus, meu príncipe. — Se desvencilhou dele e se dirigiu até a porta.
— Adeus, minha menina — o garoto respondeu e lhe lançou um sorriso triste, acompanhando-a até o lado de fora da casa, onde a mãe da menina aguardava para trancar a porta.
A criança então seguiu até o carro, deixando o menino para trás e acenando tristemente quando o carro entrou em movimento, partindo logo em seguida.
Naquele dia, promessas haviam sido feitas. Um pacto selado. E por mais que o tempo se encarregasse de fazê-los esquecerem disso, um dia o destino estaria ali para trazer à tona as lembranças. Tudo no momento certo.


FIM



Nota da autora: Gente, olha que coisinha mais fofa esses dois. Eu não sei lidar, não!
Se você ficou querendo uma continuação, comenta aqui embaixo hihihi.
Espero que tenha gostado!
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Beijos e até a próxima.
Ste.



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