Capítulo Único
Uma tempestade caia do lado de fora do hotel em que estava hospedada naquele dia. Estava caindo um dilúvio e tudo o que ela conseguia pensar era nos motivos para tudo era acabado daquele jeito. Foi algo que ela fez? Foi algo que ele disse? Ela não sabia. Não conseguia entender como o seu relacionamento havia acabado e isso estava a destruindo.
Ela havia conhecido quando ele tocava baixo na banda de apoio de uma cantora famosa quando abria seus shows. Como ele era apenas contratado — não era membro fixo da banda — quando lhe foi oferecido a posição de baixista oficial de Hytes, ele não pensou duas vezes. E foi ali que eles começaram a se aproximar e a se conhecer.
Se apaixonar foi inevitável. No início, toda a equipe era contra, com medo que fosse apenas uma fagulha e que isso acabasse com o ritmo da banda, uma vez que estavam em ascensão.
Entretanto, o relacionamento de ambos era invejável. Eram o casal perfeito, para todos — até para a imprensa. E foi essa a imagem que venderam por 5 anos. Até um dia, sem explicação, no meio da maior e mais lucrativa turnê de Hytes, ele decidir que deveriam terminar. Estavam em um dos camarins em Berlim, poucos minutos antes do show. A briga havia sido feia, ela não havia conseguido cantar devido ao choque e o mesmo teve que ser cancelado.
Hoje, dois dias depois do ocorrido, ela ainda estava trancada em seu quarto com a cabeça a mil e dúzias de composições. Estava vivendo a base de café, vodka e remédios para ansiedade pois, não conseguia comer, nem dormir, nem fazer nada.
Tudo o que ela conseguia pensar era onde ela havia errado.
Hoje ela teria que fazer o show que havia sido cancelado e não sabia de onde tiraria forças para cantar e dançar por duas horas. Além de olhar para o ex namorado por todo esse tempo.
E foi assim que ela decidiu que iria resolver isso antes do concerto.
Tomou um banho e se vestiu para a passagem de som. Os olhos de todos estavam nela, em cada passo que dava. Com medo que surtasse ou algo parecido. Porém, ela havia saído do quarto determinada a ter uma resposta, mesmo que não fosse a que ela queria, sem fazer uma cena. Podia só chorar. Sem se lamentar e sem implorar para que voltassem. Ela só precisava de uma resposta. Um motivo. Para então tentar seguir em frente.
— Oi, , está bem? — Lucy, sua assistente, perguntou assim que a cantora saiu do quarto.
— Na medida do possível. O Mark já falou com você para desmarcar toda a minha agenda? A partir de hoje só farei os últimos dez shows e a passagem de som. De resto, tudo cancelado.
— Sim, ele comentou. Pediu para que quando te visse hoje, perguntasse se era a sua decisão final.
— É a minha decisão final. — Ela informou antes de entrarem no carro preto em direção a arena.
×
Ao entrar na Mercedes-Benz Arena, seu corpo todo se arrepiou e ela pode sentir seu estômago revirar. A cena de terminando com ela era como um gif em sua cabeça e parecia que ela o via em todos os lugares.
— . — Ela ouviu a sua voz e imediatamente parou de andar e virou-se, dando de cara com ele. também parecia abatido, estava com os cabelos escondidos em um boné qualquer. Uma camiseta do Rolling Stones, uma calça preta e um tênis vans, seu look de sempre, que ela tanto amava.
ficou paralisada. Tinha pensando em várias coisas para falar e agora, ali, não sabia o que dizer.
— Você está bem? Se não for pedir demais, eu gostaria de falar com você um pouco.
Ela concordou com cabeça e o seguiu até um dos camarins do local.
— Bom, primeiramente eu gostaria de pedir desculpas. Acho que o jeito que falei com você aquele dia não foi certo. Não era nem o momento, nem o local. Eu deveria ter pensado melhor e me expressado melhor. Não pensei em como você reagiria e fui extremamente egoísta. Não tive respeito por você nem pelo o que tivemos juntos. Então, por favor, me perdoe.
— , não quero que venha com essa ladainha de ser o bonzinho, o politicamente correto, que isso não funciona mais comigo. Vamos falar sobre isso, não é como se estivéssemos mortos afinal. Foi algo que eu fiz? Foi algo que você disse?
— Não, você não fez nada.
— Então me diga, o que aconteceu?
— Eu percebi que não te amava mais.
— Não me amava mais? — Ela perguntou.
— Sim. Um dia eu saí com os caras, bebemos e, no meio da noite, percebi que não sentia a sua falta. E que isso já estava acontecendo fazia um tempo e que era isso que estava me fazendo mal. Eu estava vivendo algo que já não fazia mais sentido pra mim e, consequentemente, estava te machucando. Comecei a viver uma mentira e isso estava me afundando.
— Mas estávamos tão bem. , não acho que seja isso e se for, podemos resolver, podemos tentar de novo.
— A minha identidade está se desfazendo, eu estou ficando louco. Eu vejo o que a minha presença, o que a minha carga emocional faz com você todos os dias desde que decidi dividir o meu fardo com você. Eu sou amaldiçoado.
— Eu sempre soube dos seus demônios e isso nunca me fez te amar menos.
— Mas isso está te afetando e eu vejo todos os dias. Você está bebendo mais, não vive sem remédios e isso é tudo culpa minha. Você sofre com a minha falta de carinho, de atenção, de compreensão e de maturidade. — A serenidade no rosto de fazia com que se sentisse cada vez pior. Era como se ele estivesse planejando isso há meses.
— Não, você está completamente errado. Você era todas as coisas que eu pensava conhecer e que eu pensava que poderíamos ser. Você era tudo, tudo que eu queria. Não sofro. Sei que as coisas não estavam como era antes, mas mesmo assim. Para mim, era o suficiente. — As lágrimas nos olhos dela, nesse momento, eram impossíveis de serem seguradas.
— Você tá vendo quão errado isso é? Eu não deveria ser o suficiente. Você só estava recebendo o monstro. E isso não é justo. Eu conversei com muitas pessoas antes de tomar essa decisão.
— Ah, que dúvida! — Ela gargalhou de nervoso. — Você tem seus amigos idiotas, eu sei o que eles falam. Eles dizem que eu sou difícil, mas eles também são. Eles não me conhecem, será que sequer conhecem você? Todas as coisas que você esconde, toda a merda que você fez e passou, eles também não sabem. Não deveriam opinar.
— , nem eu consigo mais conviver comigo mesmo. Se liberte de mim, por favor.
— Há quanto tempo você está pensando nisso? — Ele perguntou.
— Desde a metade do ano passado. — Ele confessou.
— Estamos em maio, . Por Deus, você está me enganando há um ano?
— Não estou te enganando.
— Como não? Você está fingindo há todos esses meses que está tudo bem com o nosso relacionamento, isso é enganar.
— Eu não quis dizer antes porque estava com medo. Aí vi você se afundando cada vez mais na bebida e percebi que deveria resolver logo isso.
— E demorou um ano para resolver. Bem típico de você.
— , eu queria estar lá por você, de algum jeito. Sabia que seria pior se terminássemos naquela época. Decidi fazer isso agora porque estava um pouco melhor. — Ele murmurou nitidamente abalado o que a deixou com mais raiva.
Não acreditava que ele estava há todo esse tempo fingindo e vivendo algo que não existia e, ainda por cima, fazendo-a acreditar que estava tudo bem.
— É ótimo saber que você estava lá. Obrigada por fingir que se importava e me fazer sentir como se eu fosse a única. É ótimo saber que tínhamos tudo. Obrigada por assistir enquanto eu caía e me avisar quando acabou.
— ... — Ele suplicou, aproximando-se dela e ela imediatamente se afastou.
— Não! Todo esse tempo você estava fingindo. Nós éramos feitos um pro outro. Bom, deveríamos ser, mas como você disse, acabou. Depois dos próximos shows, quero que você converse com o Mark sobre o fim do seu contrato. — Ela informou e ele concordou com a cabeça. — E arrume um substituto para os próximos shows. — Ela disse antes de sair da sala e deixá-lo ali sozinho.
Ao sair da sala, respirou fundo tentando conter as lágrimas. Pensou e ficou com saudades de alguns momentos que viveu e pecou na vontade de sentimentos que eu já senti. Pensou então que hoje era só mais um dia de chuva e amanhã ela já ia estar em outro lugar. Muito longe daqui e muito longe dele. Talvez mais próximo do seu final de feliz.
Ela havia conhecido quando ele tocava baixo na banda de apoio de uma cantora famosa quando abria seus shows. Como ele era apenas contratado — não era membro fixo da banda — quando lhe foi oferecido a posição de baixista oficial de Hytes, ele não pensou duas vezes. E foi ali que eles começaram a se aproximar e a se conhecer.
Se apaixonar foi inevitável. No início, toda a equipe era contra, com medo que fosse apenas uma fagulha e que isso acabasse com o ritmo da banda, uma vez que estavam em ascensão.
Entretanto, o relacionamento de ambos era invejável. Eram o casal perfeito, para todos — até para a imprensa. E foi essa a imagem que venderam por 5 anos. Até um dia, sem explicação, no meio da maior e mais lucrativa turnê de Hytes, ele decidir que deveriam terminar. Estavam em um dos camarins em Berlim, poucos minutos antes do show. A briga havia sido feia, ela não havia conseguido cantar devido ao choque e o mesmo teve que ser cancelado.
Hoje, dois dias depois do ocorrido, ela ainda estava trancada em seu quarto com a cabeça a mil e dúzias de composições. Estava vivendo a base de café, vodka e remédios para ansiedade pois, não conseguia comer, nem dormir, nem fazer nada.
Tudo o que ela conseguia pensar era onde ela havia errado.
Hoje ela teria que fazer o show que havia sido cancelado e não sabia de onde tiraria forças para cantar e dançar por duas horas. Além de olhar para o ex namorado por todo esse tempo.
E foi assim que ela decidiu que iria resolver isso antes do concerto.
Tomou um banho e se vestiu para a passagem de som. Os olhos de todos estavam nela, em cada passo que dava. Com medo que surtasse ou algo parecido. Porém, ela havia saído do quarto determinada a ter uma resposta, mesmo que não fosse a que ela queria, sem fazer uma cena. Podia só chorar. Sem se lamentar e sem implorar para que voltassem. Ela só precisava de uma resposta. Um motivo. Para então tentar seguir em frente.
— Oi, , está bem? — Lucy, sua assistente, perguntou assim que a cantora saiu do quarto.
— Na medida do possível. O Mark já falou com você para desmarcar toda a minha agenda? A partir de hoje só farei os últimos dez shows e a passagem de som. De resto, tudo cancelado.
— Sim, ele comentou. Pediu para que quando te visse hoje, perguntasse se era a sua decisão final.
— É a minha decisão final. — Ela informou antes de entrarem no carro preto em direção a arena.
Ao entrar na Mercedes-Benz Arena, seu corpo todo se arrepiou e ela pode sentir seu estômago revirar. A cena de terminando com ela era como um gif em sua cabeça e parecia que ela o via em todos os lugares.
— . — Ela ouviu a sua voz e imediatamente parou de andar e virou-se, dando de cara com ele. também parecia abatido, estava com os cabelos escondidos em um boné qualquer. Uma camiseta do Rolling Stones, uma calça preta e um tênis vans, seu look de sempre, que ela tanto amava.
ficou paralisada. Tinha pensando em várias coisas para falar e agora, ali, não sabia o que dizer.
— Você está bem? Se não for pedir demais, eu gostaria de falar com você um pouco.
Ela concordou com cabeça e o seguiu até um dos camarins do local.
— Bom, primeiramente eu gostaria de pedir desculpas. Acho que o jeito que falei com você aquele dia não foi certo. Não era nem o momento, nem o local. Eu deveria ter pensado melhor e me expressado melhor. Não pensei em como você reagiria e fui extremamente egoísta. Não tive respeito por você nem pelo o que tivemos juntos. Então, por favor, me perdoe.
— , não quero que venha com essa ladainha de ser o bonzinho, o politicamente correto, que isso não funciona mais comigo. Vamos falar sobre isso, não é como se estivéssemos mortos afinal. Foi algo que eu fiz? Foi algo que você disse?
— Não, você não fez nada.
— Então me diga, o que aconteceu?
— Eu percebi que não te amava mais.
— Não me amava mais? — Ela perguntou.
— Sim. Um dia eu saí com os caras, bebemos e, no meio da noite, percebi que não sentia a sua falta. E que isso já estava acontecendo fazia um tempo e que era isso que estava me fazendo mal. Eu estava vivendo algo que já não fazia mais sentido pra mim e, consequentemente, estava te machucando. Comecei a viver uma mentira e isso estava me afundando.
— Mas estávamos tão bem. , não acho que seja isso e se for, podemos resolver, podemos tentar de novo.
— A minha identidade está se desfazendo, eu estou ficando louco. Eu vejo o que a minha presença, o que a minha carga emocional faz com você todos os dias desde que decidi dividir o meu fardo com você. Eu sou amaldiçoado.
— Eu sempre soube dos seus demônios e isso nunca me fez te amar menos.
— Mas isso está te afetando e eu vejo todos os dias. Você está bebendo mais, não vive sem remédios e isso é tudo culpa minha. Você sofre com a minha falta de carinho, de atenção, de compreensão e de maturidade. — A serenidade no rosto de fazia com que se sentisse cada vez pior. Era como se ele estivesse planejando isso há meses.
— Não, você está completamente errado. Você era todas as coisas que eu pensava conhecer e que eu pensava que poderíamos ser. Você era tudo, tudo que eu queria. Não sofro. Sei que as coisas não estavam como era antes, mas mesmo assim. Para mim, era o suficiente. — As lágrimas nos olhos dela, nesse momento, eram impossíveis de serem seguradas.
— Você tá vendo quão errado isso é? Eu não deveria ser o suficiente. Você só estava recebendo o monstro. E isso não é justo. Eu conversei com muitas pessoas antes de tomar essa decisão.
— Ah, que dúvida! — Ela gargalhou de nervoso. — Você tem seus amigos idiotas, eu sei o que eles falam. Eles dizem que eu sou difícil, mas eles também são. Eles não me conhecem, será que sequer conhecem você? Todas as coisas que você esconde, toda a merda que você fez e passou, eles também não sabem. Não deveriam opinar.
— , nem eu consigo mais conviver comigo mesmo. Se liberte de mim, por favor.
— Há quanto tempo você está pensando nisso? — Ele perguntou.
— Desde a metade do ano passado. — Ele confessou.
— Estamos em maio, . Por Deus, você está me enganando há um ano?
— Não estou te enganando.
— Como não? Você está fingindo há todos esses meses que está tudo bem com o nosso relacionamento, isso é enganar.
— Eu não quis dizer antes porque estava com medo. Aí vi você se afundando cada vez mais na bebida e percebi que deveria resolver logo isso.
— E demorou um ano para resolver. Bem típico de você.
— , eu queria estar lá por você, de algum jeito. Sabia que seria pior se terminássemos naquela época. Decidi fazer isso agora porque estava um pouco melhor. — Ele murmurou nitidamente abalado o que a deixou com mais raiva.
Não acreditava que ele estava há todo esse tempo fingindo e vivendo algo que não existia e, ainda por cima, fazendo-a acreditar que estava tudo bem.
— É ótimo saber que você estava lá. Obrigada por fingir que se importava e me fazer sentir como se eu fosse a única. É ótimo saber que tínhamos tudo. Obrigada por assistir enquanto eu caía e me avisar quando acabou.
— ... — Ele suplicou, aproximando-se dela e ela imediatamente se afastou.
— Não! Todo esse tempo você estava fingindo. Nós éramos feitos um pro outro. Bom, deveríamos ser, mas como você disse, acabou. Depois dos próximos shows, quero que você converse com o Mark sobre o fim do seu contrato. — Ela informou e ele concordou com a cabeça. — E arrume um substituto para os próximos shows. — Ela disse antes de sair da sala e deixá-lo ali sozinho.
Ao sair da sala, respirou fundo tentando conter as lágrimas. Pensou e ficou com saudades de alguns momentos que viveu e pecou na vontade de sentimentos que eu já senti. Pensou então que hoje era só mais um dia de chuva e amanhã ela já ia estar em outro lugar. Muito longe daqui e muito longe dele. Talvez mais próximo do seu final de feliz.