Finalizada em: 30/12/2020

Capítulo Único

Um casal feliz é o que ela sempre desejou para si. Assistia a diversos vídeos sobre relacionamentos saudáveis, mas definitivamente não se sentia em um na maior parte do tempo. acreditava que em algum momento da relação um dos dois deixará de fazer algo apenas por si e fará por aquele a quem se ama. Amar é negar a si mesmo em determinadas situações. É dialogar, expor seus sentimentos da melhor forma possível e caminhar lado a lado e juntos para o crescimento de ambos. É se alegrar com a felicidade do outro. É ser livre e ainda querer estar ao lado do seu par.
não se sentia assim em sua relação com já fazia um tempo, sentia-se cansada de tanto tentar dialogar e nos últimos meses pensou que poderia ser feliz sozinha. Mas ainda não era hora de deixar aquela relação. No fundo gostava muito de para deixá-lo. Mas não sabia até quando iria conseguir seguir em frente naquele relacionamento.


Flashback on

— Eu não quero continuar com você se for para ser desse jeito! — exclamou ao namorado. As brigas eram constantes entre os dois e a menina já não queria mais namorar o rapaz, sentia-se muito aprisionada a relação. Foi a primeira vez que externou o que realmente sentia, não queria mais estar naquele relacionamento se o comportamento dos dois continuasse da mesma forma, um acusando o outro, brigando por pequenas coisas.
— Desse jeito como? Me diga o que quer dizer com isso. — perguntou.
— A gente tem brigado demais, é por causa da toalha em cima da cama ou porque eu fiz menos comida hoje e eu deveria ter feito mais ou porque não guardei o pote no lado certo da geladeira. , eu sou desatenta, e você me cobrando assim não vai me ajudar a melhorar. -- se virou para o menino que estava a mesa olhando-a lavar a louça. — Eu sinto que não temos paciência um com o outro, qualquer coisa nos tira do sério e nos fechamos numa bolha. Fora que não conseguimos expressar carinho, não nos tocamos, acariciamos há tempos. Você quer exigir algo de mim que eu nem sei se sou capaz de cumprir. E se eu tento exigir de você algo, você diz que já está dando tudo o que pode! Mas e eu? Se eu dou só o que posso você acha ruim. Eu não consigo mais alcançar a sua expectativa sobre mim. — abaixou a cabeça parecendo ponderar e concordar com a menina.
— Talvez eu tenha criado mesmo. — O tom de decepção na voz de cortou o coração de . Ele estava confirmando o que ela imaginava. Havia expectativa demais naquele relacionamento. largou o que fazia e sentou-se ao lado do namorado. — Eu quero continuar com você, mas dessa forma para mim não dá, sinceramente. Precisamos dar um jeito nisso. Pense bem no que quer e um outro dia com mais calma a gente conversa.

saiu da cozinha e deixou o homem pensando na conversa que tiveram, tudo o que sentia era confusão. Ao mesmo tempo que queria continuar seu namoro, às vezes sentia-se exausta por ter que se esforçar sozinha, sentia em suas costas toda a responsabilidade de manter a relação dando certo, e externar aquele sentimento ao foi de grande alívio para ela.

Flashback off

Depois da conversa que tiveram, e mantiveram um convívio amigável nos dias seguintes à última briga, porém mais uma vez não se manifestava sobre o que ela disse a ele e sentiu-se invalidada. Não ouvida. Talvez esse fosse o fim dos dois e ela até estava se acostumando com isso. Orgulhosa como era, ela não quis dar o braço a torcer, já tinha se dado demais na conversa expondo o que sentia. Ele que lutasse com aquilo, não dava mais para guardar tudo para ela. Engoliu sapos demais, ela não ia mais se calar.

por sua vez preferiu não falar nada, mas ousou a pensar sobre aquilo, talvez ela estivesse naqueles dias... Mas já havia se passado uma semana e ainda se mantinha distante, falava com ele o essencial, mas aquela intimidade dos dois não estava rolando mais… Sexo, então? Nem se fala! A amada terminava suas coisas e ia dormir, acordava mais cedo e seguia seu dia como se ele não morasse com ela. Ela tinha razão, não havia mais toque entre eles, nem carícias, mal se falavam! Como chegariam até a cama desse jeito? Será mesmo que ela falou sério naquele dia? não ia mais ficar com ele se continuasse não se importando com o que era importante para ela? E principalmente, não se importando com ela?
Ele sempre gostou dela, é verdade, mas, no fundo. só queria se resguardar, todas as vezes se deu mal no amor. Fazia tudo pela parceira e depois de um tempo levava uma nova decepção na cabeça. Tinha cansado de sofrer. Mas com era tudo tão leve. Por que agora as coisas estavam desse jeito? Ele ponderou mais um pouco. Dessa vez sentiu dor na voz da menina, ela não estava aguentando mais, estava no seu limite. Mas e ele? Queria mesmo salvar aquela relação? Estava pronto para deixar suas crenças e seguir adiante com ela? E se fosse tarde demais? Seria mais uma decepção, mas agora por não se esforçar naquele relacionamento? Muitas dúvidas pairavam a mente do rapaz e tudo o que decidiu era que iria dormir. Não podia pensar em mais nada naquele momento…

*****

chegou da padaria quando deu de cara com caído ao chão e uma poça de vômito o rodeava. Correu até ele esquecendo-se da guerra de silêncio que travaram.

, você está bem? — A menina abaixou-se preocupada, nunca tinha visto o rapaz assim.
— Estou sim, , foi só uma crise de gastrite, deve ter sido emocional. Fazia uns dois anos que não sentia isso. Dessa vez foi bem forte.
— Mas como isso aconteceu? — Ela nem sabia dessa parte da saúde do menino. Como poderiam ser namorados e não saber a doença do outro?
— Eu não comi o dia todo com dores no estômago, mas me forcei a comer algo, passei mal logo em seguida e aqui estou. — Ele fez um beicinho de dor.
— Anda, levanta. Você quer tomar um banho? Eu te levo até o banheiro.
— Quero sim, vai me ajudar a melhorar. Obrigado. — ajudou a levantar com dificuldade. E foram ao banheiro e Leo entrou no box para tomar aquela chuveirada que o faria melhorar, enquanto isso desceu as escadas deixando o namorado tomar seu banho em paz, pôs a água para ferver. Um café para ela e um chá para ele aliviar as dores no estômago. Colocou-se a limpar a sujeira deixada na cozinha e quando desceu, a mesa da cozinha estava posta com um lanche da tarde como costumavam ter antes das brigas se tornarem frequentes. Eles comeram sem pressa enquanto conversavam amenidades.

— Bem, eu preciso ir à faculdade hoje. Devo demorar um pouco para chegar. Mas nada que passe das dez da noite, está certo?
— Tudo bem, . Se precisar de carona para voltar, me manda uma mensagem, tá bom?
— Eu agradeço. — deu um beijo no topo da cabeça de e se despediu indo para seu quarto se aprontar para aula.


****


À noite quando chegou em casa, ao abrir a porta, as luzes estavam apagadas, mas havia um caminho de luz de velas e, no meio desse caminho, havia pétalas de rosas. Ela não estava acreditando no que estava vendo e riu, não só pela surpresa, mas por não acreditar que estava fazendo aquilo com ela. Justo ele que agia de modo frio. Demonstrações em público ou em privado não era muito do perfil dele, muito menos uma declaração dessas. Seguiu o caminho que levava até a cozinha, onde uma mesa posta a esperava. Uma taça de vinho e um prato italiano de modo improvisado, deu para perceber, insinuavam que o rapaz se aventurou a cozinhar. Ele a esperava encostado na pia com um sorriso de ponta a ponta em seu rosto.

— Vejo que andou aprontando enquanto eu estudava. — pegou a taça de vinho que serviu quando ela se aproximou dele.
— Não podia deixar de agradecer pelo socorro de hoje à tarde.
— Não foi nada, mas espero que não ocorra outras vezes. Não que eu não queira ganhar outros jantares, só que te ver ali no chão sem entender o que estava acontecendo me deixou assustada. — Ela baixou a cabeça lembrando-se do ocorrido.
— Me desculpa, não quis assustá-la. Sente-se e prove minha comida. Eu vou aquecer no micro-ondas.
— Comer um tempero que não seja o meu era bem o que eu precisava hoje.
— É mesmo? Então acertei. — Sorriu — Como foi a aula? - voltava à mesa enquanto a comida aquecia no eletrodoméstico.
— Pesada! Os minutos não passavam. Eu só queria voltar para casa, e olha que nem cheguei no semestre do TCC! — cursava Turismo enquanto estava em seu último período de Propaganda e Publicidade.
— Essa é a pior parte mesmo, mas você vai tirar de letra. Tudo o que você faz é com zelo. — achou estranha a resposta de seu namorado. Não era um discurso comum. Pensou que aquela crise no estômago mais cedo retirou um parafuso da sua mente.
— Obrigada. — O som do micro-ondas alertou os dois. foi buscar o prato e se serviram.
, esse jantar é para agradecer o ocorrido hoje... - Leo começou o assunto assim que começaram a comer - Mas também é para dizer que eu sinto muito por tudo o que tenho feito com você. — O som do talher da sua parceira caindo em cima do prato o assustou por um instante, mas ele prosseguiu com seu discurso. — Não tenho sido sincero com você e muito menos comigo. Eu sempre quis ter um relacionamento, mas a vida me mostrou que isso não é para mim e eu me protegi, vesti a armadura de durão, garanhão que não se deixa levar por mulher nenhuma... Até conhecer você. Joguei minha isca e você aceitou os termos. E até aí tudo bem, mas agora estamos morando na mesma casa e eu nem sei direito como chegamos a isso. — concordou com a cabeça — Mas quando vi, olha aonde nós chegamos! Eu fiquei assustado. Muito assustado, confesso. E comecei a me perder nas minhas crenças. E agora não sei mais o que fazer. — respirou fundo e pareceu pensar um pouco em tudo o que ouviu.
— Bem , eu não esperava por isso. Mas aqui no fundo - apontou ao coração - ainda há amor, sim. Porém, será que ainda temos chances?
— Temos! Não perca as esperanças agora! Você me deu um ultimato, eu pensei bem, tão bem que minha gastrite atacou. E você me ajudou mesmo estando com raiva de mim, eu não merecendo esse cuidado. Mas você faz! Eu não posso deixar você ir só porque eu estou com medo. Ainda não tenho ideia de como vamos fazer, mas eu quero fazer algo para me redimir, para melhorar e chegarmos aonde queremos e juntos. Você topa esse desafio? — O medo das próximas palavras que poderiam sair da boca da até então namorada lhe fazia suar frio, mas ele tentou não transparecer o nervosismo.
respirou fundo, pois não esperava essa enxurrada de palavras e emoções saídas da boca do homem à sua frente. A verdade é que ela já contava com o fim daquela relação. Ela sabia que ele teria que mudar algumas atitudes, mas estava disposta a mantê-lo sempre alerta com isso. Se ele estivesse mesmo a fim de encarar essa nova realidade e se entregar a ela como dito instantes antes, talvez as coisas entre nos eixos e tudo se encaixe. Se os dois quiserem, então pode dar certo, não?

, você ainda está aqui? Terra chamando. — estalava os dedos na frente do rosto de para chamá-la de volta à realidade. Ela sorriu.
— Desculpa. Estava digerindo o que me disse. — Ele segurou a mão dela.
— Vamos fazer as coisas como tem que ser? Vamos ficar juntos, mas juntos de verdade! Eu vejo seu esforço em me agradar, mas sempre aprendi que fazer o mesmo seria fraqueza. Então eu quero ser fraco, se isso for amar! É isso que eu quero. Você também quer?
Os olhos de começaram a lagrimejar. De certo modo era o que queria ouvir dele, sonhava com esse dia e já estava acreditando que ele nunca chegaria. Mas ali estava ela, ouvindo do homem que ama que ele a quer na mesma intensidade. Com verdade! De peito aberto. Toda dúvida que tinha estava se dissipando naquele momento.
— Eu quero! , eu quero me relacionar de forma mais saudável possível. Colocando na mesa o que sentimos, como gostaríamos de ser tratados. Tudo! Não deixar nada às escondidas.
— Eu vou precisar da sua ajuda, meu amor. - ele riu - Mas você pode contar que eu farei o meu melhor. Eu prometo. — Ele juntou as mãos dela nas suas e depositou um beijo entre seus dedos.
— Então sim. Não vamos terminar, vamos nos dar essa chance. Eu amo você e a ideia de ter que deixá-lo já esmagava meu coração.

— Você não precisa me deixar, não é necessário esmagar esse coraçãozinho, pelo contrário, eu vou fazer você feliz todos os dias! - Beijou as mãos da menina.
— Só quem pode me fazer feliz todos os dias é o chocolate ! - riu.
— Ah, sua boba! Vem aqui. - Leo se levantou da mesa, puxando para si, segurou e sua cintura, e beijou sua amada de forma nunca feita antes, dessa vez havia entrega, ele estava ali de corpo e alma naquela relação pois decidiu que não ia deixar o passado atrapalhar seu futuro. Eles viveriam feliz e juntos.




Fim.



Nota da autora: Oláaaa! Como o amor pode ser o fim do mundo para algumas pessoas, né? Eu sempre pensei numa tragédia quando peguei essa música, mas sabia que no fim tudo acabaria bem, pois amar não é o fim do mundo (hahah, péssimo, eu sei). Mas eu estou aqui pra agradecer você que leu até o fim, deixe seu comentário, o seu like e clique no sininho… Opa, errei... Mas de verdade, muito obrigada! E obrigada também a Marilia (Stone) que me ajudou muito com essa história e a minha Pitaqueira Gabi, que fez essa sinopse linda! Sério gente peçam pitaco vocês também, vocês vão amar! Chega de falar, comentem aí e me deixem feliz! *-*

Ei, leitoras, vem cá! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso para você deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.


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