Prólogo
“This is so dumb, this is so bad, gotta to be numb to wish you like that!Lifting me up, letting me fall... Fuck with my head like there's nothing there at all!”
18/03/2017, 00h23min:
Assim que o juiz terminou de ler a minha sentença, eu procurei por ela entre as pessoas e a encontrei sentada ao lado do delegado do caso, do meu caso...
Fui declarado culpado e sentenciado a dezenove anos e três meses de prisão! Fiz questão de procurar por ela entre a multidão, pois eu precisava olhar em seus olhos e ver a reação que ela teria.
Encaramos-nos por alguns minutos e eu esperava que ela conseguisse ver através dos meus olhos o quanto aquilo tudo estava doendo em mim, e toda a mágoa que agora eu carregaria comigo.
Levantei-me, me virei de costas para o agente penitenciário que algemou minhas mãos e vislumbrei alguns jornalistas que tiveram acesso ao meu julgamento. Minha cabeça rodava, e eu então fechei brevemente meus olhos, ficando tonto.
Alguns policiais me ajudaram, e então eu me virei para poder enfim encará-la outra vez.
Ela não desviou o olhar do meu, e eu senti que poderia explodir tamanha a dor que eu sentia. Assim que passei por ela, eu travei.
- Você está feliz hoje? – eu indaguei – A sentença está do seu agrado? Era o que você mais queria, não era?
Um dos policiais tentou me levar, mas eu não saia do lugar... Precisava ouvi-la dizer algo! Qualquer coisa, meu coração precisava daquilo!
Ela balançou a cabeça em negativa fechando os olhos, vi seu peito subir e descer com o suspiro pesado que ela soltou.
- Você tem um coração batendo ai dentro?
- ! – ela suspirou novamente.
- Levem-no! – gritou o delegado.
E então eu fui, com o coração despedaçado. O pior é que eu a amava! Eu a queria do meu lado! Queria uma vida ao lado dela, eu estava disposto a largar tudo o que eu tinha, a minha vida, por ela!
18/03/2017, 00h23min:
Assim que o juiz terminou de ler a minha sentença, eu procurei por ela entre as pessoas e a encontrei sentada ao lado do delegado do caso, do meu caso...
Fui declarado culpado e sentenciado a dezenove anos e três meses de prisão! Fiz questão de procurar por ela entre a multidão, pois eu precisava olhar em seus olhos e ver a reação que ela teria.
Encaramos-nos por alguns minutos e eu esperava que ela conseguisse ver através dos meus olhos o quanto aquilo tudo estava doendo em mim, e toda a mágoa que agora eu carregaria comigo.
Levantei-me, me virei de costas para o agente penitenciário que algemou minhas mãos e vislumbrei alguns jornalistas que tiveram acesso ao meu julgamento. Minha cabeça rodava, e eu então fechei brevemente meus olhos, ficando tonto.
Alguns policiais me ajudaram, e então eu me virei para poder enfim encará-la outra vez.
Ela não desviou o olhar do meu, e eu senti que poderia explodir tamanha a dor que eu sentia. Assim que passei por ela, eu travei.
- Você está feliz hoje? – eu indaguei – A sentença está do seu agrado? Era o que você mais queria, não era?
Um dos policiais tentou me levar, mas eu não saia do lugar... Precisava ouvi-la dizer algo! Qualquer coisa, meu coração precisava daquilo!
Ela balançou a cabeça em negativa fechando os olhos, vi seu peito subir e descer com o suspiro pesado que ela soltou.
- Você tem um coração batendo ai dentro?
- ! – ela suspirou novamente.
- Levem-no! – gritou o delegado.
E então eu fui, com o coração despedaçado. O pior é que eu a amava! Eu a queria do meu lado! Queria uma vida ao lado dela, eu estava disposto a largar tudo o que eu tinha, a minha vida, por ela!
Capítulo Único
“You were my sun, you were my earth, I was your best, and you were my first! Breaking my heart one piece at a time, well here's a piece of mind, yeah!”
A voz dela ecoava na minha cabeça pela milésima vez só naquela madrugada. A minha primeira na cadeia de dezenove anos!
Fechei os olhos e deixei minha mente vaguear nas lembranças de nós dois juntos.
Flashback:
- E se nós dois fugíssemos? – ela propôs.
- Para onde? – repousei uma de minhas mãos em sua perna enquanto ela se ajeitava melhor sobre meu colo.
- Sei lá! Para qualquer lugar! – ela pausou – Já sei! Para alguma cidade do interior! Ninguém conheceria a gente! Teríamos uma fazenda, plantaríamos algo tanto para vendermos quanto para comermos! Teríamos nossos filhos! Seriamos tão felizes, !
Eu ri com a empolgação explicita em sua voz, e segurei o rosto dela com uma das mãos e fiz um carinho rápido.
- Não somos felizes aqui? – questionei vendo-a ficar inquieta em meu colo.
- Somos! – respondeu simplesmente.
- Amanhã eu vou passar o dia todo fora, preciso resolver alguns problemas!
- Problemas? Que tipo de problemas?
- Uma pessoa! Preciso conversar com uma pessoa, que está atrapalhando os planos do meu pai!
- Só conversar não é?
Respirei pesadamente, e ela se levantou do meu colo sentando-se ao meu lado. Aquela seria uma conversa difícil! Sempre era...
- Por enquanto sim! Mas você sabe que eu não concordo com essas coisas, não sabe?
- E por que você continua fazendo? Por que continua aqui? – ela segurou meu rosto entre as mãos.
- Preciso meu amor! Eu preciso ficar aqui!
Na verdade nem eu sabia o porquê!
Dias atuais:
Vocês provavelmente já devem ter ouvido falar que a comida da cadeia não é das melhores, correto? Pois bem, podem confirmar, era uma gororoba horrível, intragável! Mas ou come ou morre de fome, então eu não tinha muitas escolhas.
Dois anos já haviam se passado, e eu havia dedicado esse tempo para estudar, eu lia bastante sobre assuntos variados, gostava de assistir a TV para me inteirar do mundo lá fora.
Eu tinha planos para o meu futuro fora da cadeia, caso eu conseguisse apelar e sair por bom comportamento ou algo do gênero. Queria me tornar um escritor, queria falar sobre o amor!
Uma espécie de ironia, tendo em vista que a primeira e única mulher que eu amei na vida, me traiu! Tirou de mim tudo o que eu tinha: meus pais, minha casa, minha liberdade, meus poucos sonhos, a esperança de que eu talvez algum dia pudesse levar uma vida normal! Sem esse passado me assombrando!
Mas eu gostava do amor! Eu o achava a coisa mais linda do mundo! O amor era capaz de regenerar, era capaz de alterar o curso das coisas, o amor era capaz de fazer milagres!
Eu ainda acreditava no amor! Acreditava verdadeiramente que as pessoas se amavam incondicionalmente, acreditava piamente que alguns seres humanos sabiam amar e amavam! Não todos! Toda regra tem sua exceção, correto?
Alguns humanos simplesmente não tinham essa capacidade, ou a perdiam! Uma decepção muito grande, ou uma coleção delas! Tempo: o assassino e o curandeiro.
Dois anos... O tempo estava passando e eu sentia na pele os dois lados dele, o assassino e o curandeiro.
As minhas feridas pelas perdas em que eu havia passado como o falecimento dos meus pais, ou até mesmo o entendimento da gravidade das coisas que eu havia feito, a consciência de que eu deveria ter tomado outro caminho, nisso eu estava vivenciando o lado curandeiro.
Mas quando eu pensava nela, quando lembrava dia após dia de algo que havíamos vivido juntos, aí eu experimentava o lado assassino, que cravava em mim uma faca.
Flashback:
- Que susto! – as mãos subiram ao peito que subia e descia rapidamente.
- Se assustou por quê? – eu gargalhei enquanto fechava a porta atrás de mim e a fitava.
- Você disse que ia demorar horas e voltou em trinta minutos! Eu só não esperava te ver aqui tão cedo!
Ela tirou o casaco e se aproximou de mim entrelaçando os braços em volta do meu pescoço e me selando os lábios.
- Tudo bem por aqui? Tudo bem com você?
- Melhor agora com você aqui, são e salvo! – ela desceu os braços pela lateral do meu corpo.
- Eu sempre vou estar aqui, do seu lado! Você vai me ter para sempre e sabe disso! Sou cuidadoso em minhas missões, eu só penso em voltar vivo para você, por você! Você é a minha vida!
Ela me abraçou com força e sussurrou em meu ouvido:
- Por favor, nunca faça nada, absolutamente nada que possa te por em perigo! A sua vida é muito importante para mim! Eu te amo!
Dias atuais:
“- Por favor, nunca faça nada, absolutamente nada que possa te por em perigo! A sua vida é muito importante para mim! Eu te amo!”
A frase ecoou em minha cabeça assim que eu abri os olhos. Mal sabia que na verdade a minha vida era importante para que ela pudesse concluir o caso e me pegar vivo! Tudo que eu menos poderia imaginar durante esses dois anos!
Balancei a cabeça para tentar afastar os pensamentos, mas parecia inútil! Eu pensava ouvir a voz dela a toda hora – especialmente a risada – eu jurava que às vezes a via parada na porta da minha cela, ou que a noite eu a sentia respirar em meu pescoço e me abraçar com uma das mãos sobre a minha barriga. Aquilo tudo me matava! Era como se eu queimasse em brasa viva o tempo todo e nada fizesse o calor ou a sensação de estar queimando passar.
Eu iria enlouquecer se as coisas continuassem daquela forma, ela precisa sair de mim!
“Losing my mind, losing control. Swallow my pride, you swallow me whole. Smile on my face to cover my hurt, spent so much time, but what was that worth?”
Assim que senti o vento bater na minha face, eu sorri... Mas eu ainda estava machucado! Não sentir mais aquelas algemas em meus pulsos, poder usar jeans novamente, sentir o sol queimar minha pele.
Sete anos longe do sol, longe do ar poluído de LA, longe da luz da lua que eu tanto amava... Eu estava finalmente livre, eu finalmente pude me sentir vivo outra vez, era como se eu houvesse nascido exatamente naquele momento.
Apesar de me sentir um pouco perdido fora da cadeia, meu coração batia tranquilamente e eu procurei por Sonic e Max.
Será que eles não viriam? Haviam desistido de mim? Passei a língua pelo lábio inferior e senti meu coração começar a acelerar assim que o portão da penitenciária se fechou atrás de mim.
- ! – ouvi a conhecida voz de Sonic me chamar na direção contrária a minha.
Virei-me da direção da voz e não consegui conter a gargalhada de emoção.
Abraçamos-nos como quando éramos crianças, e foi como um soco no estômago perceber que eu havia passado sete anos longe de tudo o que me fazia bem, foi horrível perceber que eu havia perdido a minha vida de várias formas. Que tudo poderia ter sido completamente diferente, talvez eu hoje estivesse graduado em uma faculdade qualquer que talvez eu nem gostasse, mas eu teria feito só para me sentir alguém no mundo como tantas outras pessoas fazem, eu poderia ter um emprego na minha área ou não, eu poderia ter meus pais vivos, ou eu poderia ter me casado e ter tido dois filhos... Poderia ter conhecido a de outra maneira e talvez hoje ela pudesse estar dentro de todas essas realizações!
Assim que soltei do abraço de Sonic eu balancei a cabeça afastando qualquer pensamento que ela pudesse estar, ela havia me magoado mais do que qualquer coisa na vida e agora tudo o que eu precisava era encontrá-la, jogar as cartas na mesa, eu precisava de um acerto de contas.
- Preparado para outras, companheiro? – Sonic me tirou de meu devaneio e eu sorri.
- Nunca estive tão pronto!
- Vamos para casa e no caminho eu te conto todas as coisas que descobri e que vão te nortear para chegar até ela.
Meu coração saltou dentro do peito e eu senti meus lábios secarem. Ela não perde por esperar.
“I'm broken hard, I'm saving it all. Crossing my head, mistaken for love! Nails on my back, they don't mean a thing they ain't yours, they ain't yours.”
Eu me lembro exatamente daquele dia, com todos os detalhes possíveis como se eu estivesse vivendo-o novamente, e todas as vezes em que eu me lembrava a sensação era igual.
Eu perdia o chão como se tudo estivesse acontecendo novamente, na psicologia eles chamam de estresse pós-traumático, descobri com o acompanhamento mensal na cadeia que eu havia desenvolvido.
Eu travava quando tinha que voltar ao assunto, especialmente quando me lembrava dos corpos dos meus pais caídos no tapete da sala, do sangue em volta da cena...
Era como se o meu cérebro simplesmente congelasse no momento exato em que eu visualizava os meus pais, e eu nunca soube explicar com exatidão o que eu senti quando vi. Mas eu sabia que era algo entre dor e pânico. Um pânico que me perseguia sempre que eu sonhava com os meus pais mortos e com o rosto dela quando apontou a arma na minha direção.
Flashback:
- Coloque as mãos sobre a cabeça , você está preso!
Eu a fitei com os olhos semicerrados sentindo todas as veias do meu corpo se dilatarem devido ao aumento da minha pulsação, e o meu cérebro ecoava uma música qualquer do Guns ‘n Roses que era o tocava na casa momentos antes da invasão.
- Eu não entendi! Você pode esclarecer as coisas para mim, ? Ou esse não é o seu nome? – eu gargalhei enquanto colocava as mãos sobre a cabeça em pleno desespero.
- , você está preso! – ela esbravejou enquanto apontava a arma para a minha testa.
- Preso? Você está me prendendo major ? – eu li o cargo com o sobrenome por sobre o uniforme que hoje ela usava – ? Bonito o sobrenome!
Ela estava sozinha comigo enquanto os outros policiais revistavam a casa e levavam as outras pessoas, mas tudo parecia girar ali naquele cômodo em que só nós dois estávamos. Eu não senti o chão abaixo dos meus pés, assim que avancei sobre ela e a segurei pelo rosto com as duas mãos, senti a ponta da arma se encostar a minha barriga.
- Não me obrigue a feri-lo! Ponha as mãos sobre a cabeça e não resista!
A frieza expressa em suas palavras não condizia em nada com os olhos expressivos que me encaravam, cheios de lágrima.
- Você não quer isso, quer? É o que você sempre quis?
Eu não tive tempo de ouvi-la, pois os barulhos dos tiros foram altos demais me fazendo recuar e sacar minha arma. Eu não iria matá-la, eu estava anestesiado demais, foi apenas uma reação automática, eu acabei sendo rendido por um outro oficial.
Eu só conseguia ouvir a música que tocava na casa enquanto o policial me levava. Eu não resisti, eu não lutei.
“You don't know what it is you do to me yeah, you stole my heart, and all I have is a hole where it used to be and my heart is flawed.”
Dias atuais:
- Ela foi transferida para a delegacia de investigação de crimes envolvidos com o narcotráfico de Nova Iorque! – Max jogou um envelope sobre a mesa de centro.
- ! Major do setor de investigação dos crimes ligados ao narcotráfico, ela ganhou vários prêmios enquanto você esteve preso pelo desempenho excelente nas investigações.
Eu gargalhei irônico, e abri o envelope retirando de lá alguns papeis, e dei de cara com uma foto por sobre eles.
- É atual essa foto?
Sonic colocou uma das mãos sobre o meu ombro como se quisesse me consolar e eu aceitei.
- Sim! Foi tirada ontem!
Ela estava ainda mais linda com os cabelos agora longos, as sardas pelo rosto que eu tanto amava... Mas meu coração não acelerou, eu só senti uma pontada no peito pela dor que vê-la mesmo que por uma simples foto me causava.
Eu jamais seria capaz de amar outra mulher novamente, meu coração não me permitiria! Eu perdi tudo o que eu tinha ao me entregar a ela, como eu confiaria em outra pessoa outra vez?
- Têm passagens ai dentro do envelope, você tem três dias para falar com ela! Por favor, , não vá fazer nenhuma besteira! Por Deus!
- Acha mesmo que quero voltar para a cadeia? Eu fiquei sete anos lá, eu arruinei a minha vida! Só preciso conversar com ela!
- E se ela não quiser?
- Essa opção não existe!
“It's like you've got some substitute for me, but he's not the one! You don't know what it is you do to me, yeah, you leave me numb...”
Sentei-me no café em frente a tal delegacia, e me perguntei se ela sabia que eu estava livre e logo em seguida meu cérebro me indicou que isso era óbvio. Mas será que ela esperava me ver? Será que ela sabia que eu iria atrás dela? Se eu bem a conhecia, se nem tudo fosse uma mentira ou um teatro muito bem ensaiado por ela, ela sabia que sim, que eu viria.
Quando eu a vi saindo pela porta de vidro do prédio, achei que meu coração fosse saltar para fora do peito, mas isso não aconteceu, ao contrário... Meus batimentos cardíacos se alinharam e eu cerrei os pulsos sobre a mesa sentindo dor.
Havia um homem ao encalço dela, que delicadamente colocou as mãos em sua cintura enquanto ela gargalhava. O novo namorado provavelmente.
Levantei-me, depositei alguns dólares sobre a mesa, pronto para sair e surpreendê-los.
Eles andavam sem pressa a caminho de um dos carros no estacionamento, e eu logo os alcancei fazendo questão de fazer barulho com meus passos para ser percebido.
E obtive o sucesso que almejava, o homem se virou primeiro não parecendo muito surpreso e sim curioso, mas ela...
- Boa tarde! Eu gostaria de uma informação. – disse direcionando o meu olhar a ela assim que tirei os óculos de sol do rosto – Vocês podem me ajudar?
Vi se apoiar no novo namorado como se perdesse a força das pernas, ótimo! Foi exatamente isso que senti quando a vi apontar a arma para o meu rosto, eu sabia o que era perder o equilíbrio por não sentir o chão embaixo dos pés.
- Pois não? – o rapaz respondeu enquanto não dava a mínima para o desconforto de minha ex-namorada, o que me fez ficar intrigado.
- Preciso achar a Major ! Faz tempos que não a vejo, sete anos pra ser mai exato! E somos amigos de longa data, queria muito reencontrá-la! Sabe me falar se ela está na delegacia?
O rapaz direcionou o olhar a ela como se esperasse que ela explicasse o que estava acontecendo, e eu a vi umedecer os lábios antes de se soltar do companheiro.
- Pode nos dar uns minutos Greg?
- Tem certeza? – o tal Greg me olhou e eu levantei as mãos.
- Eu não vou machucá-la Greg! Eu jamais faria algo que pudesse machucar profundamente ou superficialmente a senhorita ! Somos velhos conhecidos, não somos ?
Ela desviou o olhar e fitou o namorado, segundo ponto da noite: ela estava desconfortável!
O tal Greg saiu deixando um beijo na mão direita dela, e então ela engoliu em seco:
- Vamos para algum lugar mais reservado !
- ! – eu a interrompi – , por favor, Major !
Ela colocou uma das mãos sobre o rosto e respirou fundo.
- Vamos conversar aqui mesmo Major! Eu pretendo ser rápido! – eu sorri irônico.
Foi ai que ela me surpreendeu:
- Seu cabelo cresceu um pouco mais, seus braços parecem um pouco mais fortes! - ela me analisou - Seu sorriso está um pouco mais suave.
Umedeci os lábios com a ponta da língua e cruzei os braços sobre o peito.
- Ouvi dizer que você está feliz com ele! Mas ele te beija como eu te beijava?
Respirei fundo e girei em torno do meu próprio corpo, frustrado com o que eu havia dito.
Ela engoliu em seco outra vez e se aproximou alguns centímetros de mim, e eu recuei.
- Perdi um pouco de peso porque não estava comendo! – sussurrei.
- Mas continua bonito! – ela balançou a cabeça – Olha , eu sei o que você quer! Mas eu não posso te dar ok? Não tem como explicar com sanidade o suficiente o que eu fiz! Eu fiz o meu trabalho.
- Só? Você só fez o seu trabalho? Tudo o que nós vivemos foi apenas o seu trabalho?
Ela inspirou e levou a mão ao bolso, tirando a cartela de cigarros de lá e acendendo um. Ofereceu-me, e eu recusei.
- Eu nunca me preparei para um momento como esse!
- Pois eu me preparei, sete anos!
- Eu achei que você me procuraria, que me acharia e viria atrás de mim, mas não tão rápido assim! – ela tragou demorando um pouco mais para soltar a fumaça – Quer saber a verdade doa a quem doer?
- Eu não só quero , como preciso!
- Nada nunca mudou! Sabe por quê? Porque depois de todos esses anos eu continuo sentido tudo quando você está por perto. Toda a paixão, todo o amor que cresceu dentro do meu peito em dois anos de investigação! Você realmente acreditou que eu conseguiria fingir por dois anos? Você se colocou no meu lugar?
- Você se colocou no meu?
Ela balançou a cabeça parecendo impaciente.
- Você ainda é o único depois de todos esses anos! Eu nunca te contei, eu nunca te contei depois de todos esses anos... Eu deveria ter te contado! Eu deveria ter te procurado, ter te contado a verdade sobre os meus sentimentos!
- Não importa! Hoje não me importa mais o que você sente ou sentiu! Eu só preciso que você saiba e sinta pelo menos um terço da dor que eu senti! Você me destruiu ! Você acabou com a minha vida!
- Você escolheu viver do crime ! – ela bateu a palma das mãos nos quadris – Eu tentei, e só Deus sabe o quanto eu tentei tirar você daquela vida! Você não me deu escolhas, caramba!
- E cada sinal que eu ignorei, eu estou pagando!
Olhamos-nos em silêncio por alguns segundos.
- Te amar foi jovem, selvagem e livre, foi legal, gostoso e doce! Te amar foi luz do sol, era estar são e salvo porque eu só pensava em voltar vivo para você, que era um lugar firme para baixar minha guarda! Mas amar você teve consequências!
- E você acha que para mim, não?
- Eu estou falando agora , e estou finalizando! – eu fechei meus olhos canalizando toda a frustração que eu sentia – Mas te amar foi idiota, escuro e barato!
- , – eu coloquei o dedo indicador sobre os lábios dela impedindo-a de falar e vi as lágrimas se formarem em volta de seus olhos.
- Te amar ainda continua tirando pedaços de mim, te amar foi nascer do sol, mas então choveu e eu perdi muito mais que meus sentidos! Eu me perdi! Mas tudo isso que você me causou, me deixou anestesiado, sabe? Como se agora nada mais pudesse me machucar, não da forma que você me machucou! Eu já não me importo mais com o que você sente, eu me importo comigo! Eu quero que todos os dias da sua vida, quando você deitar para dormir, você pense em mim! Quero que todos os dias da sua vida, você sofra um pouco mais até que você também fique anestesiada, e eu me sinta enfim vingado!
Tirei meu dedo de seu lábio assim que a vi despejar algumas lágrimas. Eu não precisava que ela ficasse a vida toda sendo torturada por aquelas lembranças, só de vê-la chorar e sofrer aqueles poucos minutos ali na minha frente eu já estava vingado, anestesiado outra vez.
A voz dela ecoava na minha cabeça pela milésima vez só naquela madrugada. A minha primeira na cadeia de dezenove anos!
Fechei os olhos e deixei minha mente vaguear nas lembranças de nós dois juntos.
- E se nós dois fugíssemos? – ela propôs.
- Para onde? – repousei uma de minhas mãos em sua perna enquanto ela se ajeitava melhor sobre meu colo.
- Sei lá! Para qualquer lugar! – ela pausou – Já sei! Para alguma cidade do interior! Ninguém conheceria a gente! Teríamos uma fazenda, plantaríamos algo tanto para vendermos quanto para comermos! Teríamos nossos filhos! Seriamos tão felizes, !
Eu ri com a empolgação explicita em sua voz, e segurei o rosto dela com uma das mãos e fiz um carinho rápido.
- Não somos felizes aqui? – questionei vendo-a ficar inquieta em meu colo.
- Somos! – respondeu simplesmente.
- Amanhã eu vou passar o dia todo fora, preciso resolver alguns problemas!
- Problemas? Que tipo de problemas?
- Uma pessoa! Preciso conversar com uma pessoa, que está atrapalhando os planos do meu pai!
- Só conversar não é?
Respirei pesadamente, e ela se levantou do meu colo sentando-se ao meu lado. Aquela seria uma conversa difícil! Sempre era...
- Por enquanto sim! Mas você sabe que eu não concordo com essas coisas, não sabe?
- E por que você continua fazendo? Por que continua aqui? – ela segurou meu rosto entre as mãos.
- Preciso meu amor! Eu preciso ficar aqui!
Na verdade nem eu sabia o porquê!
Vocês provavelmente já devem ter ouvido falar que a comida da cadeia não é das melhores, correto? Pois bem, podem confirmar, era uma gororoba horrível, intragável! Mas ou come ou morre de fome, então eu não tinha muitas escolhas.
Dois anos já haviam se passado, e eu havia dedicado esse tempo para estudar, eu lia bastante sobre assuntos variados, gostava de assistir a TV para me inteirar do mundo lá fora.
Eu tinha planos para o meu futuro fora da cadeia, caso eu conseguisse apelar e sair por bom comportamento ou algo do gênero. Queria me tornar um escritor, queria falar sobre o amor!
Uma espécie de ironia, tendo em vista que a primeira e única mulher que eu amei na vida, me traiu! Tirou de mim tudo o que eu tinha: meus pais, minha casa, minha liberdade, meus poucos sonhos, a esperança de que eu talvez algum dia pudesse levar uma vida normal! Sem esse passado me assombrando!
Mas eu gostava do amor! Eu o achava a coisa mais linda do mundo! O amor era capaz de regenerar, era capaz de alterar o curso das coisas, o amor era capaz de fazer milagres!
Eu ainda acreditava no amor! Acreditava verdadeiramente que as pessoas se amavam incondicionalmente, acreditava piamente que alguns seres humanos sabiam amar e amavam! Não todos! Toda regra tem sua exceção, correto?
Alguns humanos simplesmente não tinham essa capacidade, ou a perdiam! Uma decepção muito grande, ou uma coleção delas! Tempo: o assassino e o curandeiro.
Dois anos... O tempo estava passando e eu sentia na pele os dois lados dele, o assassino e o curandeiro.
As minhas feridas pelas perdas em que eu havia passado como o falecimento dos meus pais, ou até mesmo o entendimento da gravidade das coisas que eu havia feito, a consciência de que eu deveria ter tomado outro caminho, nisso eu estava vivenciando o lado curandeiro.
Mas quando eu pensava nela, quando lembrava dia após dia de algo que havíamos vivido juntos, aí eu experimentava o lado assassino, que cravava em mim uma faca.
- Que susto! – as mãos subiram ao peito que subia e descia rapidamente.
- Se assustou por quê? – eu gargalhei enquanto fechava a porta atrás de mim e a fitava.
- Você disse que ia demorar horas e voltou em trinta minutos! Eu só não esperava te ver aqui tão cedo!
Ela tirou o casaco e se aproximou de mim entrelaçando os braços em volta do meu pescoço e me selando os lábios.
- Tudo bem por aqui? Tudo bem com você?
- Melhor agora com você aqui, são e salvo! – ela desceu os braços pela lateral do meu corpo.
- Eu sempre vou estar aqui, do seu lado! Você vai me ter para sempre e sabe disso! Sou cuidadoso em minhas missões, eu só penso em voltar vivo para você, por você! Você é a minha vida!
Ela me abraçou com força e sussurrou em meu ouvido:
- Por favor, nunca faça nada, absolutamente nada que possa te por em perigo! A sua vida é muito importante para mim! Eu te amo!
“- Por favor, nunca faça nada, absolutamente nada que possa te por em perigo! A sua vida é muito importante para mim! Eu te amo!”
A frase ecoou em minha cabeça assim que eu abri os olhos. Mal sabia que na verdade a minha vida era importante para que ela pudesse concluir o caso e me pegar vivo! Tudo que eu menos poderia imaginar durante esses dois anos!
Balancei a cabeça para tentar afastar os pensamentos, mas parecia inútil! Eu pensava ouvir a voz dela a toda hora – especialmente a risada – eu jurava que às vezes a via parada na porta da minha cela, ou que a noite eu a sentia respirar em meu pescoço e me abraçar com uma das mãos sobre a minha barriga. Aquilo tudo me matava! Era como se eu queimasse em brasa viva o tempo todo e nada fizesse o calor ou a sensação de estar queimando passar.
Eu iria enlouquecer se as coisas continuassem daquela forma, ela precisa sair de mim!
“Losing my mind, losing control. Swallow my pride, you swallow me whole. Smile on my face to cover my hurt, spent so much time, but what was that worth?”
Assim que senti o vento bater na minha face, eu sorri... Mas eu ainda estava machucado! Não sentir mais aquelas algemas em meus pulsos, poder usar jeans novamente, sentir o sol queimar minha pele.
Sete anos longe do sol, longe do ar poluído de LA, longe da luz da lua que eu tanto amava... Eu estava finalmente livre, eu finalmente pude me sentir vivo outra vez, era como se eu houvesse nascido exatamente naquele momento.
Apesar de me sentir um pouco perdido fora da cadeia, meu coração batia tranquilamente e eu procurei por Sonic e Max.
Será que eles não viriam? Haviam desistido de mim? Passei a língua pelo lábio inferior e senti meu coração começar a acelerar assim que o portão da penitenciária se fechou atrás de mim.
- ! – ouvi a conhecida voz de Sonic me chamar na direção contrária a minha.
Virei-me da direção da voz e não consegui conter a gargalhada de emoção.
Abraçamos-nos como quando éramos crianças, e foi como um soco no estômago perceber que eu havia passado sete anos longe de tudo o que me fazia bem, foi horrível perceber que eu havia perdido a minha vida de várias formas. Que tudo poderia ter sido completamente diferente, talvez eu hoje estivesse graduado em uma faculdade qualquer que talvez eu nem gostasse, mas eu teria feito só para me sentir alguém no mundo como tantas outras pessoas fazem, eu poderia ter um emprego na minha área ou não, eu poderia ter meus pais vivos, ou eu poderia ter me casado e ter tido dois filhos... Poderia ter conhecido a de outra maneira e talvez hoje ela pudesse estar dentro de todas essas realizações!
Assim que soltei do abraço de Sonic eu balancei a cabeça afastando qualquer pensamento que ela pudesse estar, ela havia me magoado mais do que qualquer coisa na vida e agora tudo o que eu precisava era encontrá-la, jogar as cartas na mesa, eu precisava de um acerto de contas.
- Preparado para outras, companheiro? – Sonic me tirou de meu devaneio e eu sorri.
- Nunca estive tão pronto!
- Vamos para casa e no caminho eu te conto todas as coisas que descobri e que vão te nortear para chegar até ela.
Meu coração saltou dentro do peito e eu senti meus lábios secarem. Ela não perde por esperar.
Eu me lembro exatamente daquele dia, com todos os detalhes possíveis como se eu estivesse vivendo-o novamente, e todas as vezes em que eu me lembrava a sensação era igual.
Eu perdia o chão como se tudo estivesse acontecendo novamente, na psicologia eles chamam de estresse pós-traumático, descobri com o acompanhamento mensal na cadeia que eu havia desenvolvido.
Eu travava quando tinha que voltar ao assunto, especialmente quando me lembrava dos corpos dos meus pais caídos no tapete da sala, do sangue em volta da cena...
Era como se o meu cérebro simplesmente congelasse no momento exato em que eu visualizava os meus pais, e eu nunca soube explicar com exatidão o que eu senti quando vi. Mas eu sabia que era algo entre dor e pânico. Um pânico que me perseguia sempre que eu sonhava com os meus pais mortos e com o rosto dela quando apontou a arma na minha direção.
- Coloque as mãos sobre a cabeça , você está preso!
Eu a fitei com os olhos semicerrados sentindo todas as veias do meu corpo se dilatarem devido ao aumento da minha pulsação, e o meu cérebro ecoava uma música qualquer do Guns ‘n Roses que era o tocava na casa momentos antes da invasão.
- Eu não entendi! Você pode esclarecer as coisas para mim, ? Ou esse não é o seu nome? – eu gargalhei enquanto colocava as mãos sobre a cabeça em pleno desespero.
- , você está preso! – ela esbravejou enquanto apontava a arma para a minha testa.
- Preso? Você está me prendendo major ? – eu li o cargo com o sobrenome por sobre o uniforme que hoje ela usava – ? Bonito o sobrenome!
Ela estava sozinha comigo enquanto os outros policiais revistavam a casa e levavam as outras pessoas, mas tudo parecia girar ali naquele cômodo em que só nós dois estávamos. Eu não senti o chão abaixo dos meus pés, assim que avancei sobre ela e a segurei pelo rosto com as duas mãos, senti a ponta da arma se encostar a minha barriga.
- Não me obrigue a feri-lo! Ponha as mãos sobre a cabeça e não resista!
A frieza expressa em suas palavras não condizia em nada com os olhos expressivos que me encaravam, cheios de lágrima.
- Você não quer isso, quer? É o que você sempre quis?
Eu não tive tempo de ouvi-la, pois os barulhos dos tiros foram altos demais me fazendo recuar e sacar minha arma. Eu não iria matá-la, eu estava anestesiado demais, foi apenas uma reação automática, eu acabei sendo rendido por um outro oficial.
Eu só conseguia ouvir a música que tocava na casa enquanto o policial me levava. Eu não resisti, eu não lutei.
“You don't know what it is you do to me yeah, you stole my heart, and all I have is a hole where it used to be and my heart is flawed.”
- Ela foi transferida para a delegacia de investigação de crimes envolvidos com o narcotráfico de Nova Iorque! – Max jogou um envelope sobre a mesa de centro.
- ! Major do setor de investigação dos crimes ligados ao narcotráfico, ela ganhou vários prêmios enquanto você esteve preso pelo desempenho excelente nas investigações.
Eu gargalhei irônico, e abri o envelope retirando de lá alguns papeis, e dei de cara com uma foto por sobre eles.
- É atual essa foto?
Sonic colocou uma das mãos sobre o meu ombro como se quisesse me consolar e eu aceitei.
- Sim! Foi tirada ontem!
Ela estava ainda mais linda com os cabelos agora longos, as sardas pelo rosto que eu tanto amava... Mas meu coração não acelerou, eu só senti uma pontada no peito pela dor que vê-la mesmo que por uma simples foto me causava.
Eu jamais seria capaz de amar outra mulher novamente, meu coração não me permitiria! Eu perdi tudo o que eu tinha ao me entregar a ela, como eu confiaria em outra pessoa outra vez?
- Têm passagens ai dentro do envelope, você tem três dias para falar com ela! Por favor, , não vá fazer nenhuma besteira! Por Deus!
- Acha mesmo que quero voltar para a cadeia? Eu fiquei sete anos lá, eu arruinei a minha vida! Só preciso conversar com ela!
- E se ela não quiser?
- Essa opção não existe!
“It's like you've got some substitute for me, but he's not the one! You don't know what it is you do to me, yeah, you leave me numb...”
Sentei-me no café em frente a tal delegacia, e me perguntei se ela sabia que eu estava livre e logo em seguida meu cérebro me indicou que isso era óbvio. Mas será que ela esperava me ver? Será que ela sabia que eu iria atrás dela? Se eu bem a conhecia, se nem tudo fosse uma mentira ou um teatro muito bem ensaiado por ela, ela sabia que sim, que eu viria.
Quando eu a vi saindo pela porta de vidro do prédio, achei que meu coração fosse saltar para fora do peito, mas isso não aconteceu, ao contrário... Meus batimentos cardíacos se alinharam e eu cerrei os pulsos sobre a mesa sentindo dor.
Havia um homem ao encalço dela, que delicadamente colocou as mãos em sua cintura enquanto ela gargalhava. O novo namorado provavelmente.
Levantei-me, depositei alguns dólares sobre a mesa, pronto para sair e surpreendê-los.
Eles andavam sem pressa a caminho de um dos carros no estacionamento, e eu logo os alcancei fazendo questão de fazer barulho com meus passos para ser percebido.
E obtive o sucesso que almejava, o homem se virou primeiro não parecendo muito surpreso e sim curioso, mas ela...
- Boa tarde! Eu gostaria de uma informação. – disse direcionando o meu olhar a ela assim que tirei os óculos de sol do rosto – Vocês podem me ajudar?
Vi se apoiar no novo namorado como se perdesse a força das pernas, ótimo! Foi exatamente isso que senti quando a vi apontar a arma para o meu rosto, eu sabia o que era perder o equilíbrio por não sentir o chão embaixo dos pés.
- Pois não? – o rapaz respondeu enquanto não dava a mínima para o desconforto de minha ex-namorada, o que me fez ficar intrigado.
- Preciso achar a Major ! Faz tempos que não a vejo, sete anos pra ser mai exato! E somos amigos de longa data, queria muito reencontrá-la! Sabe me falar se ela está na delegacia?
O rapaz direcionou o olhar a ela como se esperasse que ela explicasse o que estava acontecendo, e eu a vi umedecer os lábios antes de se soltar do companheiro.
- Pode nos dar uns minutos Greg?
- Tem certeza? – o tal Greg me olhou e eu levantei as mãos.
- Eu não vou machucá-la Greg! Eu jamais faria algo que pudesse machucar profundamente ou superficialmente a senhorita ! Somos velhos conhecidos, não somos ?
Ela desviou o olhar e fitou o namorado, segundo ponto da noite: ela estava desconfortável!
O tal Greg saiu deixando um beijo na mão direita dela, e então ela engoliu em seco:
- Vamos para algum lugar mais reservado !
- ! – eu a interrompi – , por favor, Major !
Ela colocou uma das mãos sobre o rosto e respirou fundo.
- Vamos conversar aqui mesmo Major! Eu pretendo ser rápido! – eu sorri irônico.
Foi ai que ela me surpreendeu:
- Seu cabelo cresceu um pouco mais, seus braços parecem um pouco mais fortes! - ela me analisou - Seu sorriso está um pouco mais suave.
Umedeci os lábios com a ponta da língua e cruzei os braços sobre o peito.
- Ouvi dizer que você está feliz com ele! Mas ele te beija como eu te beijava?
Respirei fundo e girei em torno do meu próprio corpo, frustrado com o que eu havia dito.
Ela engoliu em seco outra vez e se aproximou alguns centímetros de mim, e eu recuei.
- Perdi um pouco de peso porque não estava comendo! – sussurrei.
- Mas continua bonito! – ela balançou a cabeça – Olha , eu sei o que você quer! Mas eu não posso te dar ok? Não tem como explicar com sanidade o suficiente o que eu fiz! Eu fiz o meu trabalho.
- Só? Você só fez o seu trabalho? Tudo o que nós vivemos foi apenas o seu trabalho?
Ela inspirou e levou a mão ao bolso, tirando a cartela de cigarros de lá e acendendo um. Ofereceu-me, e eu recusei.
- Eu nunca me preparei para um momento como esse!
- Pois eu me preparei, sete anos!
- Eu achei que você me procuraria, que me acharia e viria atrás de mim, mas não tão rápido assim! – ela tragou demorando um pouco mais para soltar a fumaça – Quer saber a verdade doa a quem doer?
- Eu não só quero , como preciso!
- Nada nunca mudou! Sabe por quê? Porque depois de todos esses anos eu continuo sentido tudo quando você está por perto. Toda a paixão, todo o amor que cresceu dentro do meu peito em dois anos de investigação! Você realmente acreditou que eu conseguiria fingir por dois anos? Você se colocou no meu lugar?
- Você se colocou no meu?
Ela balançou a cabeça parecendo impaciente.
- Você ainda é o único depois de todos esses anos! Eu nunca te contei, eu nunca te contei depois de todos esses anos... Eu deveria ter te contado! Eu deveria ter te procurado, ter te contado a verdade sobre os meus sentimentos!
- Não importa! Hoje não me importa mais o que você sente ou sentiu! Eu só preciso que você saiba e sinta pelo menos um terço da dor que eu senti! Você me destruiu ! Você acabou com a minha vida!
- Você escolheu viver do crime ! – ela bateu a palma das mãos nos quadris – Eu tentei, e só Deus sabe o quanto eu tentei tirar você daquela vida! Você não me deu escolhas, caramba!
- E cada sinal que eu ignorei, eu estou pagando!
Olhamos-nos em silêncio por alguns segundos.
- Te amar foi jovem, selvagem e livre, foi legal, gostoso e doce! Te amar foi luz do sol, era estar são e salvo porque eu só pensava em voltar vivo para você, que era um lugar firme para baixar minha guarda! Mas amar você teve consequências!
- E você acha que para mim, não?
- Eu estou falando agora , e estou finalizando! – eu fechei meus olhos canalizando toda a frustração que eu sentia – Mas te amar foi idiota, escuro e barato!
- , – eu coloquei o dedo indicador sobre os lábios dela impedindo-a de falar e vi as lágrimas se formarem em volta de seus olhos.
- Te amar ainda continua tirando pedaços de mim, te amar foi nascer do sol, mas então choveu e eu perdi muito mais que meus sentidos! Eu me perdi! Mas tudo isso que você me causou, me deixou anestesiado, sabe? Como se agora nada mais pudesse me machucar, não da forma que você me machucou! Eu já não me importo mais com o que você sente, eu me importo comigo! Eu quero que todos os dias da sua vida, quando você deitar para dormir, você pense em mim! Quero que todos os dias da sua vida, você sofra um pouco mais até que você também fique anestesiada, e eu me sinta enfim vingado!
Tirei meu dedo de seu lábio assim que a vi despejar algumas lágrimas. Eu não precisava que ela ficasse a vida toda sendo torturada por aquelas lembranças, só de vê-la chorar e sofrer aqueles poucos minutos ali na minha frente eu já estava vingado, anestesiado outra vez.
Fim!
Nota da autora: Só Deus sabe o sufoco que foi tentar escrever essa fanfic em basicamente 24 horas hahaha! Chuchuzinhas, a fic não ficou muito do meu agrado mas espero do fundo do coração que tenham gostado! Para saber mais sobre as minha fanfics me mande e-mails ou me sigam no tt: @justmultifan
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