Fanfic Finalizada

Capítulo Único

A chuva significava pouco para alguns lugares ou pessoas, mas a chuva, significava muito para uma contente seca seja essa psicologicamente falando ou fisicamente. A vida de era uma constante seca e por isso, dias chuvosos a deixavam tão feliz.
Trabalhava duro para conseguir tudo o que conseguiu, trabalhava duro para ajudar sua família com as despesas e ainda sim sentia que tudo continuava na mesma.

Nada mudava,
nada acabava,
nada começava.

O que era um martírio vinte quatro horas por dia.
É normal o ser humano se sentir frustrado e desgostoso, mas não é normal entrar em uma rotina que você odeia mas não pode reclamar porque te pagam bem.
Seu único alívio era seu tempo de reflexão em dias chuvosos, sentar na chuva e olhar para o céu enquanto aquelas grossas gotas de água caem sobre sua cabeça era terapêutico até que a seca veio.
— Você está bem? — uma voz com poucas probabilidades de ser reconhecível disse ecoando pelo elevador.
Ela estava pálida, ou pelo menos sem cor viva em seu rosto, a dor em seu estômago atingia com vivência o que a fez marcar uma nota mental de ir ao médico fazer alguns exames.
— Eu estou bem, obrigado — ela disse sem sequer olhar para a pessoa — só estou com um pouco de dor no estômago.
— Tente tomar um pouco de água quente assim que chegarmos ao andar da cafeteria — a pessoa disse — ajuda a amenizar a dor.
— Obrigado! — ela disse olhando para a pessoa pela primeira vez — farei isso.
A pessoa sequer a conhecia mas podia sentir o quão incômoda ela parecia estar e por isso acabou tentando ajudá-la de alguma forma, apenas mostrando a o quão visível sua energia — que vinha sendo sugada a cada dia mais por anos — era.
Era complicado ela explicar o porquê se sentia tão infeliz mesmo fazendo a mesma rotina há anos. Poderia ser esse o problema, as pessoas cansam de ver a vida da mesma forma, então, de pouco em pouco a infelicidade vai corroendo a qualquer resquício de felicidade existente.
Ela foi em direção a cafeteria assim que viu que chegaram ao andar indicado, segurou um sorriso forçado no rosto até ver o rosto reconhecível de seu melhor amigo que trabalhava na cafeteria.
— Eu te conheço tão bem que eu até sei o que você tem — a voz dele soava de forma brava enquanto ele secava um dos copos que estava em suas mãos — , você precisa se alimentar melhor, precisa ir em um médico ver essa dor no estômago.
Ela sorriu amarelo para o amigo.
— Alguém me recomendou tomar um pouco de água quente, será que você pode me dar um pouco, ? — ela pediu.
eu sei que esse não é o melhor momento — disse pegando um copo para encher com a água — mas se você está infeliz, se você não aguenta mais essa droga de contabilidade que você faz de forma forçada, joga tudo para o ar.
— Você sabe muito bem que eu não posso fazer isso — ela comentou pegando o copo que ele colocou no balcão com a água quente.
— Você não vive com seus pais há anos — disse parando para olhar nos olhos da garota — você só dá dinheiro a eles para que eles não tenham motivos para fazer o mesmo que faziam com você no ensino médio.
— Eu…
— Aproveita a oportunidade — ele colocou um envelope em cima da mesa — eu fiz uma loucura e enviei algumas coisas do seu portfólio para aquela faculdade da Austrália que você namora há anos e eles amaram, disseram que o programa para jovens artistas está aberto e só precisam de alguns documentos para completar a matricula, mas você já esta dentro se realmente decidir encarar isso.
olhou para o amigo assustado com o que acabou de escutar.
— Joga tudo para o ar , investe em você — ele disse antes de um cliente chegar pedindo por um ice americano o deixando ocupado mais uma vez.
pegou o envelope e disse um obrigado discreto ao amigo que sorriu, dizendo com o olhar para que ela pensasse no assunto.
leu todos aqueles papéis com comentários sobre suas artes, sobre a maioria de suas fotografias que guardava com muito apreço e orgulho. Não sentia aquele sentimento de excitação por muito tempo, era como se uma adrenalina que passasse em cada gota de sangue que tinha dentro de seu corpo. Pelo menos, até que ela olhasse o próprio reflexo em uma pequena poça d'água formada por alguém que regou as árvores do caminho externo do predio que levava direto a seu setor, ela notou olhando para si mesma, para o seu reflexo que aquela animação era apenas uma esperança, uma falsa esperança que ela mesma implantou em si mesma, afinal, porque ela largaria sua estabilidade de ter um emprego, salário fixo, um apartamento que havia acabado de pagar e tecnicamente uma família a cuidar do dia para a noite por uma aventura?
A reflexão correta para fazer com que seu dia continuasse com a mesmice de sempre. O pensamento sobre a pessoa que ela havia enxergado naquela poça não naturalmente formada a incomodou por horas, se perguntando quem havia se tornado? e tendo como resposta aquele mesmo exemplo, alguem que não havia sido formada naturalmente assim como aquela poça. Alguém sem vontades, sem certezas, sem escolhas.

, aqui! — ela escutou a voz masculina vinda do colega de trabalho enquanto deixava uma pilha de papéis em sua mesa — precisarei viajar e não tive tempo de terminar esse trabalho, tenho certeza que você pode me ajudar nessa, um favor para um colega de trabalho nunca é demais certo? Afinal, você não tem nada melhor para fazer.
a meses tinha uma carta de demissão escondida em sua bolsa, não que ela fosse entregá-la, mas fez em um dia como um grande desabafo tirado de si e se sentiu bem com aquilo. Aquele era um dos momentos que fez com que ela tivesse esses pensamentos de largar tudo como uma grande loucura, ele era um tipo de pessoa que ela não aguentava mais ter que lidar, ela odiava não saber dizer não, ela odiava que eles fizessem coisas assim sem se importar com ninguém além deles mesmos.
— Isso precisa ser entregue na segunda — ele mostrou uma parte dos papeis — esses precisam ser entregues amanha — pegou uma pilha ainda maior em mãos — esses precisam ser entregues na terça, não vai ser tão dificil, você consegue.
A mente dela estava praticamente em branco, ela desejava que algo acontecesse ou alguem a chamasse para que não explodisse naquele momento, já que era o que sentia como nó em sua garganta. Mas o sorriso sarcástico e maldoso que ela viu bem de leve no rosto dele fez com que ela se sentisse a maior idota do mundo por milésimos de segundos pensar em aceitar.
— Certo, eu sabia que você iria aceitar — ele sorriu de forma falsa — vejo você na próxima semana com isso já feito e entregue — ele disse de forma folgada, dando tapinhas leves em seu ombro.
— Não! — ela disse fechando os olhos ao falar, já com ele de costas para ela.
Ela não era sua única vítima, apenas a mais fácil, então todos ao redor que antes cochichavam mas não tomavam nenhuma providência, olharam assustados com a repentina resposta parando os cochichos no mesmo momento.
— Como é? — ele se virou imediatamente olhando para ela como um sorriso incrédulo.
— Não o vejo na próxima semana com isso feito — ela disse se levantando — não vou fazer coisa alguma, fazer o trabalho dos outros nunca foi o meu trabalho se eu não ganho por isso.
— Você ficou doida? — ele disse sorrindo de lado — os elogios que recebeu com aquela premiaçãozinha fajuta de funcionários subiram a essa cabecinha vazia? quem você pensa que é para falar comigo dessa maneira?
— Eu não sou mais funcionária dessa empresa e muito menos alguém que você vai tratar dessa forma — ela respondeu tirando a carta de sua bolsa — faça você o seu trabalho e deixa de pedir para as pessoas, se você não for inteligente o suficiente ao menos pesquise no google e tente aprender — ela sorriu — eu tenho malas para arrumar.
Ela sequer sabia o que a impulsionou a fazer aquilo, mas, sentiu o alivio de tal atitude.
Caminhando em direção a sala da chefe que ela apreciava e admirava muito, parecia que ia ter um colapso, pensava em voltar atrás mas ainda sim, sua determinação era maior do que seu medo naquele momento.
— Já era tempo! — a chefe disse sorrindo sincera a mais nova assim que ela deslizou a carta de demissão sobre a mesa, fazendo com que ela a olhasse confusa — você deveria ter pedido demissão desse emprego há muito tempo — ela disse colocando a carta da garota em sua gaveta mais próxima — todos nós sabemos que o seu talento não foi feito para que você se matasse de trabalhar pelos outros em um setor de contabilidade. Você é jovem, inteligente, criativa, um ser humano que jamais seria feliz em um escritório.
Ela não sabe porque, mas aquelas palavras apenas provaram a ela o quanto havia deixado de ser ela mesma durante todos os anos de sua vida desde o ensino médio. Por pressão dos pais, por pressão da sociedade, do dinheiro e por fim, por pressão de si mesma. Por isso saiu daquele prédio sabendo que o próximo dia seria um dia diferente, desejando que uma chuva intensa caísse naquele momento, como sinônimo de sua liberdade.
E foi o que recebeu quando deu seus primeiros passos sem um guarda-chuva em mãos.
A chuva grossa que caia e a molhava, limpava tudo que ela havia sido até aquele momento, trazendo novos ares, novos céus, novos dias ensolarados, novas marcas em sua vida.
Aquela foi a afirmação de que com certeza dias de chuvas depois de uma grande seca eram os mais marcantes e por isso, andou por ela como se o ato de se molhar não se importasse.
A chuva era terapêutica, a chuva levava sua monotonia e velho eu, a chuva representava sua nova liberdade física e mental.



Fim



Nota da autora: Definitivamente uma fic feita de uma reflexão, essa sim era uma letra complicada hahah mas eu achei legal compartilhar algo diferente, normalmente eu colocaria algo realmente relacionado aos membros do BTS até porque a maioria vem ler fanfic por isso, mas, não tinha como não fazer algo diferente do que eu fiz, eu realmente achei que a mensagem dessa música era incrível demais para apenas romantizar ela. De qualquer forma, obrigado por darem uma pausa para lerem essa belezinha aqui.

Xoxo Caleonis <3


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