Capítulo Único
“O mais novo queridinho da indústria musical se envolve em mais um escândalo: entenda o caso!”
“Alex Gaskarth, da agora famosa banda de pop-punk All Time Low, é visto em festa com irmã de modelo famosa e amigas! O grupo é acusado de agredir paparazzi”
“Irmã da top model Kate Moss é vista saindo de uma festa com o músico Alex Gaskarth e amigos”
POV ALEX
Fazer sucesso na indústria musical atualmente significa ter milhares de rumores inventados sobre você todos os dias na mídia. Não foi diferente quando minha banda, a All Time Low, começou a ganhar um espacinho a mais no cenário. Eu e meus três melhores amigos, Jack Barakat, Rian Dawson e Zack Merrick nos conhecemos no ensino médio, e acabamos por nos aproximar pois éramos todos fanáticos por música. Uma coisa levou a outra e hoje somos uma das bandas mais famosas de pop-punk dos Estados Unidos.
Uma outra coisa que também vem com a fama, além dos rumores indesejados, é o convite para festas insanas, com bebidas e comidas de graça e muita gente interessante. Foi em uma dessas festas que eu conheci ela, a mulher mais linda, simpática, engraçada que eu tive o prazer de conversar. Ela me entendia como ninguém, e eu não sabia que era possível me encantar tanto por alguém como aconteceu com ela.
FLASHBACK
5 meses antes:
- Alex, você não vai acreditar no que acabou de chegar para a gente! – Jack Barakat, meu melhor amigo e companheiro de banda, entrou no meu quarto berrando e sacudindo um papel.
- O que foi? Não precisa gritar desse jeito, inferno. – Eu resmunguei, mal-humorado como eu sempre era pelas manhãs. Ou pelo resto dia. Quem me conhece diz que eu sou mal-humorado o tempo inteiro, mas isso não é inteiramente verdade. Só na maior parte dele.
- O tempo passa e você continua chato do mesmo jeito. – Jack disse, se jogando em cima de mim na cama. – Alex, um pouco de animação, por favor! Nós acabamos de ser convidados para tocar no Victoria’s Secret Fashion Show!
Uma banda de quatro caras que ainda não é internacionalmente famosa é convidada para tocar em um dos maiores desfiles do mundo (sim, até eu sei que é um desfile importante e, além do mais, os caras da Fall Out Boy já tocaram lá) para cantar para uma multidão de gente importante. Essa é a chance da nossa vida.
- Puta merda, você está falando sério? – Perguntei, já me levantando e procurando um jeans para vestir. – Você já falou com os outros meninos?
- Ainda não, considerando que eu moro com você e não com eles. Se veste aí e a gente vai lá. – Vale lembrar que eu moro com o Jack e os meninos moram juntos em um apartamento perto do nosso. Já tentamos morar todos juntos, mas quatro de nós em uma casa era praticamente o inferno de tanta bagunça. Fui fazendo o que ele falou, entrei para o banheiro tomar um banho rápido. Em menos de 10 minutos eu e Jack estávamos praticamente esmurrando a porta dos dois, que provavelmente estavam dormindo igual pedra.
- Vocês não sabem tocar campainha que nem gente normal não, desgraça? – Rian falou, abrindo a porta e exibindo sua cara de sono.
- Bom, até sabemos, mas ela seria muito mais útil se vocês de fato a escutassem. – Disse, sorrindo amarelo e me sentindo um pouco culpado já que a cara do menino era praticamente de morte. Rian nos deu espaço para passar e já fomos entrando, eu indo direto para a geladeira achar algo para comer. Na casa deles sempre tinha muito mais comida do que na nossa, graças à magnifica namorada de Rian, Dallas, que era uma cozinheira fenomenal e não deixava faltar comida para esses dois – que frequentemente viravam quatro – desajustados.
- Rian, Zack, parem de ser chatos! Nós viemos aqui com notícias maravilhosas, então sentem aí e escutem bonitinho. – Jack pegou uma maça, apontando para o sofá onde os dois rapidamente se sentaram. – Ok, estão preparados? – Segundos de suspense até ele gritar: – Fomos convidados para tocar no Victoria’s Secret Fashion Show!
- O quêêê? Aquele que os meninos da Fall Out Boy tocaram ano passado? – Zack perguntou. Por mais que não fôssemos ligados ao mundo da moda, sabíamos que era um desfile mega importante e que era uma chance imensa para a nossa carreira musical, pois todo ano na época desse negócio era só o que todo mundo falava.
- Esse mesmo! É a nossa chance de ganhar o Mundo, caras! – Jack continuou, super empolgado. – Iremos cantar nossas músicas pra meninas desfilando de lingerie e todos os olhos de todos os jornais e essas coisas estarão voltados para a gente!
No mesmo dia marcamos uma reunião com o nosso empresário Brian para saber direitinho o que teríamos que fazer, quando seria, todas essas coisas importantes. Acabamos por almoçar em um restaurante perto da casa dos meninos e seguimos para onde seria o encontro. No final das contas, o show seria daqui a três meses e nós tocaríamos três músicas: uma na abertura, uma no meio em uma das sessões e uma no final, encerrando. E o melhor de tudo para quatro caras na faixa dos 25 anos: iríamos para a after party do desfile.
POV
Eu não poderia dizer que não era, de certa forma, uma menina de sorte. Em uma das milhares festas da faculdade, eu tive sorte de conhecer uma das minhas melhores amigas, que, por acaso, é irmã de uma modelo mundialmente famosa e que também estava iniciando sua carreira nessa área. Além disso, eu estava tendo a chance de fazer o curso que eu sempre quis: design de moda, em uma das melhores faculdades dessa área do mundo, a Fashion Institute of Technology, que ficava em Nova York.
Com toda essa sorte grande, eu ainda tive o prazer, em um dos meus momentos que eu dava graças por ser amiga da Charlotte, de conhecer ele. Um rock star, que saía direto nos jornais como esses metidos a punk rock, com direito a destruição de quartos de hotéis, drogas e álcool. Seria típico, se ele não fosse uma das pessoas mais legais, simpáticas e fofas que eu já conheci, para não mencionar o linda. Eu nunca havia visto ninguém mais bonito em toda a minha vida, e nunca havia me entendido como ele fez.
5 meses antes:
Era mais um dia normal na faculdade e na vida de – no caso, eu. O terceiro semestre havia acabado de começar e seria o primeiro dia de aula de modelagem, onde a gente aprendia não somente a montar manequins e essas coisas todas, mas também como lidar num backstage de desfiles, a lidar com modelos reais e tudo o que seria importante para a gente no futuro profissional, se a moda fosse realmente a carreira escolhida como profissão para o resto da vida. No meu caso, não havia dúvidas disso.
E foi na primeira aula que lidamos com modelos de verdade, feitas de carne e osso e que reclamavam se a gente – sem querer, obviamente – a espetassem com as agulhas, que eu conheci a minha melhor amiga Charlotte. Ficamos amigas imediatamente, provavelmente devido ao fato de ela ser a modelo designada para a minha pessoa. Mas não foi de maneira alguma uma amizade forçada, só porque teríamos que conviver uma com a outra pelo próximo semestre ou até mais. Charlotte era uma pessoa fácil de conversar, que me entendia no quesito de moda e não demorou mais do que duas aulas para que passássemos a fazer praticamente tudo juntas na faculdade, junto de minha outra amiga , como um trio inseparável. Eu já dormia junto com a , e não demorou muito para pedirmos para o reitor um quarto triplo, para que pudéssemos passar até a noite juntas.
A faculdade era como um sonho para mim. Desde pequena sempre fui encantada por roupas, pela textura dos tecidos, pelo chame dos brilhos e de determinados modelos, e desde que comecei a saber o que era um curso superior, sabia que queria cursar moda. Meu sonho era ser uma estilista famosa, dessas que todo mundo conhece o nome, até quem não entende nada de moda. E era agora, no terceiro período do curso, que as coisas realmente começavam a ficar interessantes para quem queria trabalhar com desfiles, pois era quando as matérias de modelagem, passarela e alta costura eram ofertadas para valer, e também era quando os alunos tinham a oportunidade de participar de desfiles oferecidos pela faculdade com peças próprias.
Esses desfiles eram feitos uma vez a cada fim de período, e os alunos que escolhiam participar eram avaliados em praticamente todas as matérias através dele, ou seja, se uma coisinha estivesse errada a sua nota do semestre inteiro ia por água abaixo. Desde quando era anunciado até o dia do desfile, a faculdade inteira praticamente vivia para isso. O mais difícil era achar uma modelo que topasse desfilar para você, mas, graças a tudo de bom que existe nesse mundo, uma das minhas melhores amigas era uma, e muito boa. Acho que isso está no sangue. Eu cheguei a mencionar que Charlotte é Charlotte Moss, irmã da modelo mundialmente famosa Kate Moss? Pois é, minha melhor amiga é irmã de uma superestrela.
POV ALEX
4 meses e 15 dias antes:
Estava decidido as músicas que iríamos tocar: Dear Maria, Count Me In, no início, já que era o nosso maior hit, depois nos pediram para tocar uma mais lenta, então iríamos tocar Remembering Sunday, e para encerrar seria Poppin’ Champagne. Teríamos que ensaiar muito, visto que todo mundo não parava de nos lembrar que essa era a chance da nossa vida. Era tudo ou nada. Era a nossa chance de ficar em primeiro (ou pelo menos entre os primeiros) lugar das paradas musicais. Era a nossa chance de estourar.
A divulgação estava a todo vapor: teriam fotos com as modelos, fotos para outdoors e revistas, entrevistas e tudo mais. Todos queriam saber quem era a banda não tão conhecida, com uma música de sucesso, que conseguiu um lugar para tocar em um dos maiores eventos do ano. Brian nos mandou tweetar sobre, mostrando o quão animados e gratos nós estávamos por ter essa chance, e foi o que fizemos.
Certo dia, durante a tarde, eu e os meninos nos juntamos para fazer o anúncio através de uma live no Twitter para anunciar o que faríamos. Todos nós combinamos um horário com os nossos fãs através do site, avisando que iríamos fazer um anúncio importante. Compramos cerveja e salgadinhos, coisas importantes para nós e ligamos o computador. Mal estávamos aguentando de ansiedade, doidos para dividir essa informação com as pessoas que mais nos apoiavam no Mundo.
“Estão preparados??? Lembrem que vamos dar um anúncio mega importante agora!!! Não nos esqueçam!!!!” - @AlexAllTimeLow
Dois minutos depois do tweet, minhas notificações estavam praticamente travando de tanta mensagem dos fãs, principalmente de tentativas de descobrir o que era o tão esperado anúncio. Retweetei alguns e respondi outros, mas apenas o que não chegavam perto de acertarem. Quando deu o horário certo, Zack abriu a tweetcam, nós postamos o link nos nossos perfis e esperamos os fãs entrarem.
- Boa tarde, pessoal! Vocês estão conseguindo nos ouvir? – Jack perguntou, dando um tchauzinho para a câmera. – Bom, isso aqui vai funcionar assim: primeiro, nós vamos bater um papo com vocês e tudo mais, para esperar mais gente conectar e depois a gente dá o anúncio, pode ser?
- Ei, gente! Como vocês estão? – Perguntei, sorrindo. – Mal posso esperar para contar para vocês!
- Fala, galera! – Esse foi o Rian, dando um ‘joinha’. – De onde vocês falam?
- Oláá! – Zack, simpático como sempre, se inclinando para ler alguma coisa na tela do computador. – Tem a Fernanda, que fala de NYC. Ei, Fernanda! A Luiza, que fala de São Francisco. Oi para você também, Luiza.
Ficamos mais ou menos uns vinte minutos conversando com os fãs, respondendo perguntas a respeito do novo álbum, se já tínhamos nomes, músicas escritas, data de lançamento e essas coisas todas. Infelizmente para eles não havia muito o que éramos autorizados a falar, e sinto que eles ficaram bem desapontados com isso. Papo vai, papo vem, e finalmente chega a hora do grande anúncio.
- Ok, vocês estão preparados? – Perguntei, fazendo suspense. Rian pegou suas baquetes e fez aquela batida tradicional de quando alguém vai falar alguma coisa importante. Todos eles começaram a mandar mensagens falando que estavam mais que prontos. – Então tá, no 3. Um... dois... três e...
- Nós vamos tocar no Victoria’s Secret Fashion Show! – Falamos, em conjunto, praticamente como se fosse ensaiado (o que não é completamente mentira). Imediatamente todo mundo começou a surtar, principalmente as garotas. Depois do anúncio, ficamos conversando e divulgando os detalhes que poderíamos dar por mais um tempinho, até desligarmos para realmente comemorar a oportunidade.
POV
4 meses e 15 dias antes:
Os preparativos para o desfile já estavam começando a acontecer, e toda a nossa vida, minha, da e da Lottie estavam girando em torno de conseguir fazer algo bem feito para conseguirmos ser aprovadas para o outro semestre. Além de estar começando a ficar louca com o desfile, minha rotina também consistia em ouvir música e dar uma corrida pelo campus da faculdade. Todos. Os. Dias.
Pode parecer chato e maçante, mas a atividade física me ajudava a pensar melhor, além de ter toda aquela história de melhorar a sua relação com você mesmo e com o seu corpo. Eu não posso negar que, depois que eu comecei a fazer isso, o meu rendimento nas aulas melhorou infinitamente, além de me sentir muito mais disposta durante o dia. As meninas, mais a , visto que a Charlotte era obcecada com a academia e com o seu corpo, poderiam até rir de mim por sair para correr super cedo todos os dias, mas era isso, além de uma boa xícara de café e uma música alta que me ajudava a conseguir fazer tudo o que era necessário.
Eu nunca consegui entender esse problema que as pessoas têm em acordar cedo. Para mim, era revigorante. Quanto mais tempo eu passava na cama, mais sono e preguiça me davam. Diferente das outras duas que moravam comigo, que se fosse possível ficariam deitadas o dia inteiro para sempre.
A aula do dia, de estamparia, acabou mais cedo porque a professora tinha que buscar o filho na escola ou algo assim, o que me deixou com algumas horinhas livres. O que você faz quando é universitária e não tem aula? A única coisa possível: abrir o computador e passar horas e horas navegando na internet, principalmente no twitter. Assim que eu entrei no site, vi que a banda All Time Low estava começando uma live para anunciar alguma coisa importante, de acordo com os tweets que os integrantes deram. Como eu era praticamente uma fangirl dos caras, é obvio que não perdi.
No final das contas, eram eles falando que foram convidados para participar do Victoria’s Secret Fashion Show, um dos desfiles mais aguardados no mundo todo, não somente pelo pessoal da moda, mas o negócio estava virando um show à parte, com várias atrações musicais e sendo transmitido em horário nobre na CBS, uma das melhores emissoras do país.
Não é necessário dizer que eu surtei horrores. O sonho da maioria dos estilistas é trabalhar para uma marca famosa, e, no meu caso, a VS. Eu sempre fui fascinada com esse mundo de passarelas, e eu achava o desfile deles um dos mais lindos. Era muita extravagância, com aquelas asas enormes e brilhantes, sem contar o maravilhoso ‘fantasy bra’, usado pelas melhores modelos de todos os tempos, basicamente o sonho de consumo de toda menina que tem um mínimo interesse em moda. Além do figurino impecável, também havia a questão das ‘angels’, que eram maravilhosas e que eu sabia cada detalhe sobre elas, principalmente devido à Lottie.
Eu não perderia esse show por nada.
E mal sabia eu como isso seria verdade.
POV ALEX
4 meses antes:
Mesmo com o show da Victoria’s Secret, a gente não parou com a divulgação do nosso álbum ‘So Wrong, It’s Right’, que havia saído há pouco tempo, e do nosso single ‘Dear Maria, Count Me In’, que em menos de duas semanas de lançamento já estava tocando nas rádios e já possuía um número estrondoso de visualizações no YouTube. A rotina era insana, entrevistas quase todos os dias da semana, tanto para revistas, rádios, programas de TV pequenos ou grandes, se convidavam a gente estava indo.
Desde o lançamento do álbum, há mais ou menos seis meses atrás, tudo o que a gente fazia era sobre divulgar, foram inúmeras entrevistas e inúmeros shows, que já faziam parte da nova turnê. E nada disso seria possível se não fosse o nosso magnifico empresário e agente Brian Southall. Sem ele nós quatro com certeza estaríamos perdidos, já que não iríamos conseguir chegar nem na esquina sem ajuda. Brian era responsável por nos levar aos lugares que tínhamos que estar, garantir que chegaríamos na hora, todas essas coisas que é muito difícil para quatro caras fazerem sozinhos.
Hoje faríamos mais um show, dessa vez em um festival em Atlanta, chamado ‘Shaky Knees Music Festival’, e tocaríamos junto com Queens of the Stone Age, Jimmy Eat World e Franz Ferdinand, ou seja, só com a galera top. Era um festival muito bom, e tínhamos que fazer um bom setlist. O mais difícil de tocar em festival é que não são só as pessoas que gostam de você que estão na plateia, e sim um público variado. Por isso as músicas que seriam tocadas precisam ser pensadas cuidadosamente, assim como tudo o que faríamos e falaríamos no palco, para não dar nada errado.
Nós quatro iríamos ficar em um mesmo quarto em um hotel, pois era uma noite só e era mais fácil para organizar as coisas assim. Assim que chegamos em Atlanta, o que foi bem cedo, seguimos para esse hotel para dar tempo de dar o famoso cochilo antes do horário de seguir para o Central Park, onde seria o bendito festival. Sim, em Atlanta também tem um local que se chama Central Park. Confuso? Sim, porém é só aceitar o fato e seguir em frente.
Quando deu 14h da tarde, começamos a nos arrumar para seguir para o festival, visto que ainda faltava fazer a soundcheck e nos prepararmos para tocar, e seríamos um dos primeiros. Por um milagre, todos conseguimos ficar prontos sem maiores confusões e sem maiores brigas, o que quase nunca ocorria. Às 15h em ponto já estávamos no local, graças a Brian, que eu tenho certeza que tem um lugarzinho no céu garantido sem julgamentos, prontos para dar os ajustes finais na setlist e nos instrumentos.
Nosso show não seria um dos maiores, duraria mais ou menos uns quarenta minutos, mas seria bom para a nossa carreira musical que estava se iniciando agora. Iniciaríamos o show com Dear Maria, e a setlist contaria com, além das nossas próprias músicas, alguns covers de músicas que a galera que estava lá curtia. Estávamos muito nervosos para o início do show, Jack não conseguia parar quieto, Zack já havia feito umas quinhentas flexões (essa era sua maneira de se acalmar – estranho, eu sei), Rian estava tamborilando os dedos na mesa, o que deixava todo mundo ainda mais nervoso com aquele barulho infernal e eu estava praticamente quicando no meu lugar no sofá, esperando a hora do show.
- A hora é essa, meninos! Peguem seus instrumentos e vamos lá! – Brian enfiou a cabeça na porta da sala onde estávamos. Não é necessário dizer que isso quase fez com que os quatro enfartassem. Fizemos o que ele disse, nos levantando e cada um buscando pela sua guitarra, baixo e no caso de Rian, baquetas. Estávamos muito nervosos, pois não sabíamos como iria ser a aceitação do público com a gente, mas isso não nos impediu de ir lá e arrasar.
- Vamos lá, caras! A gente consegue! – Falei, o que levou a um abraço em grupo seguido de um berro de Jack. Em cinco minutos nós já estávamos no palco, com as primeiras notas de ‘Dear Maria’ soando alto nas caixas de som. Para a nossa surpresa, havia uma grande parte da galera cantando com a gente, o que nos deixou felizes para caralho.
- Olá, Atlanta! – Jack berrou no microfone, levando as pessoas a gritarem também. – Nós somos a All Time Low e iremos tocar algumas músicas para vocês! Esperamos que não seja tão ruim e que vocês gostem. – Ele riu e nós já engatamos as notas de ‘Coffee Shop Soundtrack’, que era a próxima música da setlist. Tocamos mais umas três músicas direto até chegar a hora de um cover, que decidimos que seria ‘American Idiot’, do Green Day.
- E aí, gente? Eu sou o Alex! – Me apresentei. – Agora, como sabemos que nossas músicas não são tããão boas assim, vamos tocar algumas músicas de bandas melhores que a gente. – Brinquei, rindo contra o microfone. – Espero que vocês conheçam a banda ‘Green Day’.
Quando começamos a tocar American Idiot, o público pirou, todo mundo cantando junto. A atmosfera do show estava maravilhosa, fazendo a gente querer ficar lá em cima do palco para sempre. Na hora que fomos perceber já era a última música que iríamos tocar, o que nos fez ficar um pouco tristes, pois o show foi muito melhor do que estávamos esperando.
- Muito obrigado por aturar a gente durante esse tempo! – Zack agradeceu.
- O show já está acabando. – Jack fez uma expressão triste, fazendo com que o público fizesse um ‘aaaaaaah’ de tristeza. – Mas ainda temos uma última música, vocês querem?
- Muito obrigado por ficarem com a gente! Eu sou o Alex, esse esquisito do meu lado é o Jack, esse esquisito do outro lado é o Zack e o da bateria é o Rian. Nós somos a All Time Low, de Baltimore. Obrigado mais uma vez! – Falei, agradecendo e começando a tocar as notas da última música, The Girl's a Straight-Up Hustler.
POV
4 meses antes:
A faculdade estava uma loucura. Cada vez mais trabalhos e mais projetos para serem feitos, e eu mal estava tendo tempo sequer para dormir. Tudo o que os nossos professores sabiam falar era sobre a porcaria do desfile, e parecia que todo o campus estava girando em torno disso. Eu nunca vi tanta gente obcecada com uma coisa igual esse povo estava com isso, nem em shows de bandas adolescentes.
Eu e estávamos gastando montanhas e montanhas de dinheiro com tecidos, agulhas, linhas e até mesmo uma máquina de costura nova para o nosso apartamento, pois não estava dando para depender dos da faculdade, visto que os alunos estavam praticamente saindo no tapa para conseguir reservar umas horinhas de uso. Ao mesmo tempo que era uma oportunidade maravilhosa para todos que escolhiam o desfile como avaliação, já que milhares de olheiros das melhores marcas do mundo eram convidados para participar, era uma loucura que acabava por deixar todos os envolvidos loucos, alguns até mesmo com a saúde mental comprometida.
Todo o tempo livre que eu tinha eu usava para ficar obcecada pela minha segunda coisa favorita além da moda: música. Especificamente meu gênero musical favorito, o pop-punk. Diga o que quiser, mas não há nada melhor do que passar uma tarde ouvindo Fall Out Boy, Panic! At The Disco e All Time Low. Para a minha sorte, também era o tipo de música que a mais gostava, então não era incomum nos encontrar aos berros dentro de casa ao som dessas bandas tentando montar a nossa coleção do desfile, que teria que ser composta por 10 looks feitos todos pela gente. Nossa vida estava um inferno.
O desfile só iria acontecer mesmo no final do semestre, então ainda tínhamos uns meses para fazer tudo direitinho, mas, no nosso caso, queríamos tudo perfeito, como as boas perfeccionistas que somos.
Como disse, era normal escutar o som alto saindo de nossa porta nos nossos dias de “folga” da faculdade, e era o que estava acontecendo quando Lottie chegou em casa.
- Não é possível, um dia vocês vão ficar surdas. – Ela reclamou, como sempre fazia quando o som estava nas alturas.
- Ah, por favor, Charlotte. Eu e estamos tentando nos concentrar, você sabe que fazemos isso melhor com música. – tentou nos defender, por mais que a música estivesse realmente muito alta.
- E outra, você vai reclamar de ouvir a voz de Brendon Urie assim tão alta? Porque eu não reclamaria. – Surgi de uma pilha de tecidos na qual eu estava enfiada, tentando achar um específico, rindo.
- Realmente, aliás eu não reclamaria de nada desse homem, nem se ele estivesse cantando aquelas óperas horrorosas para mim. – colocou um bom ponto na conversa, enquanto Lottie ia até a caixa de som para abaixar o volume, gerando uma reclamação geral de nós duas.
- Ah, nem vem, Lottie. Estamos há cinco horas aqui tentando fazer a desgraça desse modelo de vestido e não acertamos por nada, a música ajuda a gente a se concentrar melhor, ou pelo menos a não ficar com muita raiva. – disse, se levantando e indo aumentar a música mais uma vez. Eu não acredito que elas iam ficar nesse joguinho de gato e rato que nem duas crianças mimadas.
Tentando descontrair antes que aquilo virasse uma briga catastrófica – o que não era muito difícil, visto que juntar três jovens estressadas com a faculdade em um mesmo ambiente é esperar por confusão na certa – fui até o computador que estava conectado com a caixa de som, e imediatamente “What’s my age again”, da melhor banda do mundo também conhecida como blink-182. Não há quem consiga ficar parada quando Mark Hoppus começa a cantar. Quando demos conta, as três já estavam gritando e berrando a letra da música como se não houvesse o amanhã.
O dia terminou ao som de muito pop-punk e gritaria, e eu honestamente sentia muita pena de todos os nossos vizinhos que tinham que nos aturar naquele prédio. No final, eu e já havíamos desistido de tentar continuar o negócio de modelagem que estávamos fazendo, e ficamos comendo junk-food e ouvindo música.
POV ALEX
2 meses antes:
Estávamos cada vez mais famosos. Depois do show no festival em Atlanta, nossa banda estava chamando cada vez mais atenção de revistas, rádios e todas essas coisas. De pouco a pouco nosso lugarzinho na mídia estava sendo instaurado, e a cada dia que passava estávamos conquistando mais fãs, o que nos deixava em estado de êxtase. Faltavam menos de dois meses para o show, e o nervosismo só aumentava. Os preparativos finais já estavam sendo feitos e a divulgação estava a todo vapor. Estávamos ensaiando como nunca, e nossa agenda estava apertadíssima. Era época de turnê, ou seja, estávamos fazendo shows todos os dias e viajando de um canto para outro dos Estados Unidos.
Foram mais de 40 shows em dois meses, e isso deixa qualquer um destruído, principalmente quatro caras que querem aproveitar o máximo da vida. O melhor de ser um rockstar é que você é convidado para festas muito boas, e festejar foi o que mais fizemos nesse tempo. Praticamente todos os dias nós três, eu, Jack e Zack (Rian não ia muito pois era o único que namorava), estávamos indo para uma festa diferente.
Brian estava tendo que controlar a quantidade de dias que a gente saía para evitar problemas, já que realmente não é muito adequado deixar jovens que só querem saber de beber para caralho tomar conta da própria vida, principalmente quando eles precisavam cumprir horários e compromissos específicos e importantes. Ele era um cara esperto. Teve um dia que o Jack ficou tão bêbado, mas tão bêbado, que ele chegou na reunião às quatro da tarde do dia seguinte ainda transtornado. Não é necessário dizer que Brian xingou ele todinho enquanto a gente ficava rindo da cara dele levando bronca.
E não foi diferente, quando dei por mim eu e os meninos já estávamos na porta da casa de uma menina que estava dando uma puta duma festa, cheia de gente famosa e importante, depois do nosso show, que nos recebeu com um sorriso e cerveja gelada. Isso é que é vida. Mas essa não foi uma festa comum como todas as outras, onde a gente bebia até não aguentar mais e depois seguíamos cambaleando para casa. Não, foi nessa festa, no meio de Nova York, que eu vi ela pela primeira vez. Mas ela não tinha me visto e, se tinha, não estava nem aí para as minhas tentativas de me aproximar.
E eu não conseguia tirar ela da minha cabeça de jeito nenhum, e nem o seu nome eu sabia. Eu só conseguia pensar na garota de cabelos pretos e olhos azuis que era com certeza a mulher mais bonita que eu já vi na minha vida. Desde então eu só consigo pensar no quão burro eu fui de não ter ido conversar com ela na festa.
POV
2 meses antes:
O semestre estava quase chegando no fim, o que significa que a faculdade inteira estava um caos. Você não sabe o que é um fim de semestre até passar por um, e era como um campo de guerra. Pessoas chorando em cima de livros na sala de aula, no restaurante da faculdade, nas escadas, nos corredores, basicamente pessoas chorando o tempo inteiro, além de todos estarem desesperados. Para quem ia participar do desfile estava ainda pior, pois além das atividades avaliativas das matérias (menos as provas, que seriam avaliadas no desfile), ainda havia toda a produção de roupas e acessórios que finalmente estavam chegando ao fim, com alunos de todos os períodos e de várias matérias envolvidos nesse processo.
Eu e as meninas não estávamos mais aguentando toda a pressão, e foi um alívio quando Lottie apareceu com três papeizinhos na mão:
- Adivinhem o que eu tenho aqui! – Ela chegou dando os seus característicos pulinhos, assustando eu e que estávamos na cafeteria.
- Bom, amiga, eu infelizmente ainda não adquiri o poder de adivinhação, nem de ler mentes, então só iremos saber quando você contar. – falou, sendo um poço de delicadeza, como sempre.
- Nossa, meu anjo, não precisa ser grossa assim não, viu? Principalmente com alguém que tem ingressos para uma das melhores festas universitárias! – Charlotte praticamente gritou essa última parte, esfregando os papéis na nossa cara. Eu não acredito que essa filha de uma boa mãe tinha conseguido entradas para a festa da Fernanda, que era uma das meninas mais ricas da faculdade e que sempre estava fazendo eventos gigantescos. Ah, e vale a pena comentar que o sonho de todas as pessoas daquela faculdade é conseguir ir para as festas dela, inclusive o nosso. Estávamos obcecadas com esses eventos desde que entramos para a FIT.
Era muito difícil conseguir convite para alguma coisa que aquela menina fazia, principalmente eu e , que não éramos ninguém. Apesar de Charlotte ser irmã da Kate Moss, ela também não fazia questão de ser tão conhecida assim, tanto que quase ninguém da faculdade sabia sobre o seu parentesco. Ela mal usava o sobrenome Moss, para não chamar muita atenção. Para ela, que estava em um curso de modelos, se muita gente descobrisse quem ela realmente era a vida da garota ia virar um inferno.
- Amiga, se não foi Deus que te colocou na minha vida, eu não sei quem foi. – Falei, me levantando para dar um abraço nela. – Nem Ele sabe o quanto eu ando precisando de uma festa.
- Nossa, nem me fale. Nessa reta quase final tudo o que eu mais tô precisando é sair para encher a cara e não lembrar nem o meu nome. – falou, externando o que todas nós sentíamos. Tudo bem que sair para beber tanto assim não tinha como fazer bem, mas de vez em quando não mata.
A festa seria no sábado, ou seja, dois dias depois que Charlotte conseguiu as entradas. Tínhamos então dois dias para conseguir roupas decentes e essas coisas importantes para jovens universitárias. No mesmo dia, após o término das aulas, saímos para fazer compras. Não que fôssemos meninas vaidosas ou coisa assim, mas, quando se está cursando Moda e quando tudo o que você faz é estudar, na primeira oportunidade de ir para uma festa boa a única opção possível é sair para espairecer e comprar roupas novas.
Depois de muita luta, dor, sofrimento e várias xícaras de café, o sábado chegou. Eu e as meninas estávamos animadíssimas, pois seria a primeira vez que iríamos para uma festa da Fernanda. Por mais que Charlotte não tivesse revelado como conseguiu os ingressos, ela provavelmente tinha usado de sua pequena influência, o que iria estragar o silêncio que ela buscava na faculdade. O fato dela querer abrir mão da sua clandestinidade pela gente era realmente muito fofo.
De compras feitas, roupas separadas e muita animação, foi a hora de começar a nos arrumar. Cinco horas depois, com pausa para o lanche, as três estavam prontíssimas para irem para uma das melhores festas do campus. Não é preciso dizer que eu fiquei horrorizada – de uma boa maneira – com a casa da menina. Se bem que nem é correto chamar aquilo de casa, pois o termo mais apropriado seria mansão. Três andares e não sei quantos mil metros quadrados estavam decorados para a ocasião. Independentemente do que a Charlotte fez para conseguir os ingressos, valeu a pena.
Olha, sinceramente, eu nunca tinha ido a uma festa universitária tão boa como aquela. E ficou ainda melhor quando descobrimos que os meninos da All Time Low também estavam nela. Não é todo dia que você tem a chance de estar em um mesmo ambiente que o seu ídolo, não é mesmo? Quando eu e as meninas vimos os quatro chegando praticamente tivemos um ataque, daqueles de adolescente, gritando e tudo, uma decadência.
Eu posso jurar – ou talvez eu realmente só estivesse muito bêbada – que Alex Gaskarth ficou me encarando durante a festa. Toda vez que eu olhava para o bendito ele estava olhando para mim, mas infelizmente eu era muito tímida para ir falar alguma coisa, principalmente com um cara que eu admirava muito. Mas isso era provavelmente coisa da minha cabeça, pois qual a possibilidade do meu ídolo estar olhando para mim?
POV ALEX
1 mês antes:
Faltavam exatamente 30 dias para o desfile e, consequentemente, para o nosso show. Tudo o que iríamos fazer já estava definido e organizado, só nos faltavam ensaiar muito e tentar não errar nada na hora. Eu ainda não tinha conseguido tirar a menina misteriosa da minha cabeça. Tudo o que eu queria era saber no mínimo o seu nome, já havia até perguntando para a dona da festa quem ela era, mas, infelizmente, ela também não sabia. Todo mundo que eu perguntava sobre a garota não sabia me informar nada, era quase como se ela nem existisse, como se minha mente estivesse tentando me pregar uma peça.
Mas, como eu disse, junto com a fama também vinham rumores indesejados. A cada dia que passava saíam notícias nossas nos jornais e websites sobre como estávamos fazendo jus ao punk sendo ‘adolescentes que destroem quartos de hotel e que não tinham nenhum respeito por nada e nem ninguém’. O que não era totalmente verdade, pois nunca destruímos um quarto de hotel. Era somente esse mundo horrível midiático que já estava tentando nos destruir logo no começo.
Os meninos já não me aguentavam mais falando da tal garota que ninguém tinha visto na festa além de mim, e eu estava quase convencido de que havia imaginado a menina, provavelmente pelo tanto de álcool que meu corpo possuía naquela noite, o que não seria impossível.
- Alex, pelo amor de Deus! Eu juro que se você falar dessa menina mais uma vez eu vou te descer a porrada. - Jack falou, comprovando o meu ponto. Eu sei que eu estava insuportável, mas também não tinha necessidade de tanta violência.
- Mas eu não fiz nada… - Tentei me justificar fazendo o famoso drama, o que não ajudou muito.
- Exatamente! Você não anda fazendo nada além de falar na porcaria da menina que você não sabe nem o nome e que mais ninguém viu! - Ele falou, exasperado. Ok, ele tinha razão, mas de maneira nenhuma eu iria admitir isso.
- Olha, não é porque eu fiquei com uma queda na menina que eu só penso e falo nela… - Todos riram da minha cara quando eu falei isso, não acreditando nem um pouco em mim e sabendo que era mentira, até porque todos estavam convivendo comigo nesses dias todos. Clássico.
- Ah, pronto. Só me faltava essa. Você vai ter a cara de pau de negar que anda até sonhando com essa garota? Eu ouvi você falando dormindo! - Rian apontou o dedo na minha cara, o que levou a uma série de risadas e a um Alex muito vermelho.
- Ai, vocês são um saco. Parece que ninguém mais lembra quando o Rian começou a namorar e era ‘Dallas isso’ ‘Dallas aquilo’ o tempo todo. - Acusei.
- Bom, mas pelo menos ele sabia o nome dela. - Zack falou, com um bom ponto. Eu realmente não tinha como me defender do que eles estavam falando.
- Ok, ok, eu já entendi que vocês me acham um psicopata. Será se agora podemos seguir para o ensaio? - Tentei mudar de assunto, porque não aguentava mais eles me enchendo o saco.
Fomos então para o estúdio tentar terminar de vez os ensaios para o VSFS e definir tudo o que seria feito, pois, além dele, estávamos em turnê com o álbum novo. Nossa vida estava uma loucura, e estávamos tentando conciliar todos os nossos compromissos sem surtar demais. Demais porque era impossível não surtar nem um pouco com a mudança que estava ocorrendo em nossas vidas, que foi de uma hora para outra. Em um dia ainda éramos estudantes do ensino médio e em outro já estávamos fazendo shows e lançando discos (não tão rapidamente assim, foi com muito esforço, mas continua sendo uma mudança brusca em nossas vidas).
POV
1 mês antes
Faltavam exatamente 20 dias para o desfile e o caos estava instalado. Tanto na nossa casa, com pedaços de tecidos e outros apetrechos em literalmente todos os cômodos possíveis como na faculdade, que estava basicamente do mesmo jeito que a nossa casa, mas em uma escala infinitamente maior. É isso que dá quando a faculdade é toda voltada para cursos nessa área: bagunça total.
Eu realmente não sei como eu e estávamos conseguindo deixar tudo para entregar certinho dentro do prazo. Charlotte quase não parava em casa, pois a maioria de suas tarefas eram na faculdade, principalmente os ensaios na passarela. Não era surpresa quando ela chegava praticamente de madrugada em casa e ia direto para a cama.
- Caralho, ! Eu falei que eu queria a seda azul, não cetim! – Eu falei, exasperada, quando a minha amiga surgiu com um rolo imenso de cetim azul, quando eu claramente tinha pedido seda azul para finalizar o vestido que eu estava confeccionando.
- Não, , você pediu CETIM azul, eu tenho certeza. – Ela se defendeu, fazendo cara feia. Gente, mas não é possível que a menina não conseguia me trazer um tecido certo.
- Ok. Tudo bem. – Respirei fundo para não brigar ainda mais com ela. Eu estava estressada, mas isso não era motivo para descontar na coitada, mesmo que ela realmente tivesse trago o pano errado. – Não tem problema, eu vou correr lá na sala de tecidos pegar a seda azul.
Me levantei da minha máquina e fui andando pelos corredores até a sala onde os tecidos ficavam armazenados. Assim que peguei o que eu precisava e fui voltar, com um rolo imenso de tecido nas mãos, fui empurrada por Charlotte, que aparentemente não viu que eu estava no corredor ou então resolveu que seria legal passar por cima de mim.
- Meu Deus, amiga, olha para onde anda! – Falei, esfregando o ombro onde ela havia esbarrado.
- Ah, desculpa, ! Eu não vi que você estava no caminho. – Ela se desculpou, sorrindo e dando os tradicionais pulinhos. Mas então ela começou a falar muito alto e muito rápido, demonstrando sua animação. – Você não sabe o que a minha irmã acabou de me mandar para a gente!
- Ai, fala logo, Lottie! – Se Kate Moss estava mandando algo para nós, eu queria saber o que era o mais rápido possível!
- , eu não acho que você esteja preparada. – Ela fez suspense. – Vamos até a e eu conto para vocês ao mesmo tempo.
Revirei os olhos, aquela menina realmente sabia como ser irritante. Mas, fazendo o que ela disse, seguimos até a sala onde ficavam as máquinas de costura, onde encontramos uma lutando contra a agulha que aparentemente não queria se encaixar no suporte de jeito nenhum.
- ! – Charlotte gritou, assustando a garota, que acabou furando a mão, e todos os outros que estavam na sala, enquanto eu ria e deixava o tecido em cima da minha bancada. – Vamos na cafeteria, agora!
, então, se levantou um pouco de mau humor por ter se machucado, mesmo quando isso era algo que acontecia sempre, nos seguindo para a porta. Charlotte estava fazendo um suspense insuportável, e nos fez comprar coisas para comer antes de dizer o que a irmã dela havia mandado.
- Ok, estão preparadas? – Ela finalmente perguntou, e eu somente lhe lancei um olhar de ‘fala sério’ enquanto mordiscava minha empada.
- Minha filha, se tem uma coisa que a gente está, é preparada. – brincou, aparentemente já tendo esquecido o episódio com a agulha.
- Está bom, eu vou falar! – Ela anunciou. Gente, não é possível alguém enrolar tanto. – Minha irmã mandou três convites para o Victoria’s Secret Fashion Show!
E foi nesse momento que a latinha de refrigerante que estava na minha mão foi direto para o chão. Puta. Que. Pariu.
- Meu Deus do céu, você está falando sério? – perguntou, meio gritando e meio sussurrando, sem conseguir falar direito, num estado praticamente igual ao que eu estava. Ir para um desfile da VS era o que eu sonhava desde criancinha, quando comecei a me interessar pelo mundo da moda.
- Como? Quê? Por que ela tá dando isso pra gente? – Perguntei, meio atônica. Para começar, a gente nem conhecia a irmã da Lottie direito, e dar ingressos do VSFS para pessoas que você não conhece é no mínimo inesperado. – Ela tem noção que esse é, tipo, o maior sonho da minha vida?
- Das nossas vidas, né, bebê? – Lottie falou. – E ela deu três ingressos porque sabe que vocês são minhas melhores amigas e que esse também é o sonho de vocês. Moral de ser uma super top model.
- A sua irmã é realmente a melhor irmã do Mundo. – disse, ainda um pouco chocada. Puta merda, a gente realmente iria para um dos maiores e mais importantes desfiles da atualidade.
POV ALEX
3 dias antes:
Faltavam exatamente três dias para o show. Era dia de voar para Nova York, onde ele iria ocorrer, de fazer a primeira checagem de som e passar todas as músicas pela última vez e torcer para tudo dar certo quando fosse para valer. Nossos instrumentos estavam customizados para cada parte do show que a gente fosse tocar, a produção deles estava gastando realmente um dinheiro absurdo com a gente. Além da All Time Low, mais uma banda conhecida e uma cantora iriam cantar também no desfile, sendo eles a Kings of Leon e a P!nk, ambos maravilhosos. Eu ainda não havia conseguido tirar a menina misteriosa da minha cabeça, mas já havia desistido de procurar por ela. Estava sendo apenas uma gostosa lembrança de uma pessoa que eu sequer tive a chance de conversar.
A mídia estava pegando cada vez mais no nosso pé, o que por um lado era bom, pois trazia publicidade, mas não tínhamos certeza se era a publicidade negativa que estávamos querendo. Mas, era preciso entrar no jogo se a nossa intenção era subir no mundo da indústria musical, e então foi isso o que decidimos fazer. Para cada notícia que saía sobre a gente falando em como éramos bagunceiros, em como sentíamos prazer em destruir as coisas e no quão drogado nós estávamos nos tornando, a gente fazia exatamente o oposto, ajudando instituições de caridade e tentando passar a imagem de bons moços.
O problema é que não era muito difícil ficar com má fama, principalmente se os quatro adoravam uma festa e gritaria. Por mais que nenhum de nós tivesse o costume de usar drogas pesadas e nem de sair quebrando quartos de hotel, sempre saíam imagens nossas nos jornais e revistas cambaleando de tão bêbados após sair de alguma festa às quatro da manhã, e isso era uma coisa que ocorria com certa frequência.
Foi por isso que, três dias antes do tão aguardado show, nosso empresário nos fez prometer que até o dia do evento ninguém iria para nenhuma festa, nem se embebedar para caralho, nem passar vergonha em público, basicamente o que deveríamos ter o cuidado de fazer sempre, porém nunca acontecia. E é claro que prometemos, pois não queríamos ferrar com tudo o que tínhamos lutado tanto para conseguir. Sabíamos que era a nossa chance de começar a brilhar, e de jeito nenhum que iríamos desperdiçá-la.
Chegamos em NYC bem cedo e felizmente antes do planejado, o que dava para todos um tempinho para descansar antes da passagem de som. Quando se está fazendo turnê e viajando quase todos os dias (na maior parte das vezes, de ônibus), tudo o que você mais deseja é um quarto de hotel decente e umas três horinhas para dormir profundamente. Não que eu esteja reclamando – de maneira alguma, eu amo tocar para as pessoas, principalmente para aquelas que realmente querem ouvir o nosso som – mas não dá para negar que é uma vida bem cansativa.
Assim que chegamos no hotel e fizemos a divisão habitual dos quartos (eu e Jack em um, Rian e Zack em outro e Brian em um só para ele, pois, em suas palavras, ele merecia um sozinho pois já tinha que nos aturar durante muito tempo diariamente e não queria olhar para nossa cara quando ele estivesse indo dormir), todos seguimos direto para a cama tentar tirar um famoso cochilo, nem que fosse por uma horinha, antes de termos que ir para a arena onde faríamos a passagem de som.
No final das contas, a passagem de som foi super rápida, pois só iríamos tocar três músicas. Foi bom pois ficamos conhecendo algumas modelos e os outros caras que iriam se apresentar também, que eram muito mais famosos do que a gente. Foi uma honra imensa estar no mesmo lugar que os caras do Kings of Leon e da própria P!nk, que foi supersimpática com a gente. Não é necessário dizer que ficamos parecendo criancinhas depois, de tão animados.
POV
3 dias antes
Era finalmente o dia do nosso tão esperado desfile, o momento no qual nos preparamos o ano inteiro para acontecer. Eu ainda não havia conseguido tirar o Alex da minha cabeça, mas como as meninas mesmo disseram, ele provavelmente não estava nem aí para mim. O dia foi regado de muita confusão e dor de cabeça, com alunos correndo para lá e para cá carregando roupas, tecidos, moldes, manequins e mais um monte de coisa, tentando deixar tudo pronto. Além dos alunos de Moda, também estavam envolvidos os alunos do curso de Modelagem, Audiovisual, Design de Interiores e mais alguns, todos envolvidos em transformar o desfile em algo profissional de verdade.
Cada aluno de Moda teria direito a dois looks, assim como a modelo designada para esse aluno. Eu e havíamos escolhido trabalhar em dupla, então Charlotte desfilaria quatro vezes. A ordem de apresentação tinha sido escolhida por sorteio, tanto da parte dos alunos de moda como dos modelos, e nós apresentaríamos todos os looks mais ou menos na metade do desfile.
Felizmente tínhamos conseguido deixar tudo pronto e ajustado, e nós não poderíamos ficar nos bastidores de jeito nenhum, pois isso era com o povo que cursava Modelagem e outros cursos, como Gestão de Produção de Desfiles (sim, isso é um curso). Então eu e estávamos praticamente surtando por dois motivos: se alguma coisa desse errado com o figurino nós não íamos poder ajudar e o desfile da Victoria’s Secret seria daqui a três dias.
O desfile começaria às 19h em ponto, então aproximadamente às 18h30 não poderia ter mais nenhum aluno de Moda nos bastidores, o que deixava a gente com cerca de três horas para arrumar o nosso cantinho e explicar tudo com detalhes para a Lottie sobre as roupas, pois ela teria que se virar praticamente sozinha. Eu realmente poderia dizer que nunca fiz tanta coisa em tão pouco tempo, a ponto de, quando deu a hora de irmos nos sentar passa assistir ao desfile, eu e estávamos praticamente pingando de suor. Um charme.
Felizmente tudo ocorreu super bem, Charlotte conseguiu colocar todos os figurinos sem maiores problemas, todos os looks ficaram ótimos e os alunos participantes foram aplaudidos de pé, inclusive pelas pessoas mais fodas da indústria da moda que estavam ali presentes, o que levou a maioria dos alunos a saírem de lá derramando algumas lágrimas, inclusive eu.
Além da preocupação com o desfile, que finalmente havia acabado, havia também o nervosismo com o Victoria’s Secret Fashion Show, que seria dali a três dias, e eu ainda não havia começado a acreditar que iria realizar o meu sonho de infância, quando via a Tyra Banks desfilar usando o magnífico ‘fantasy bra’ que era o sonho de toda modelo usar e de todo estilista fazer.
Era provavelmente o maior evento que eu um dia iria, e eu estava muito nervosa, assim como , sem saber o que iríamos vestir, que sapato usar, como nos comportar lá, e todas essas coisas. Na melhor das hipóteses, Lottie nos ajudaria com tudo e no final sairia tudo perfeito. Na pior, nós passaríamos vergonha, mas pelo menos teríamos visto as melhores modelos do mundo e nossa banda favorita. Resta saber qual das duas opções seria a escolhida.
POV ALEX
No dia do show:
Finalmente o dia tão aguardado tinha chegado: era hora do show.
Eu e Jack fomos brutalmente acordados às nove da manhã, o que deveria ser considerado crime. Já era bem ruim acordar cedo desse jeito, principalmente com Brian gritando e se jogando em cima da gente, como ele sempre fazia. Sério, quem deu esse tipo de intimidade para esse homem? Não é possível que ele ache normal fazer uma coisa dessas.
Encontramos com os outros meninos no local de café da manhã e eles aparentavam estar com tanto sono quanto a gente. De verdade, deveria existir uma lei que proibisse acordar as pessoas tão cedo desse jeito. Após comermos sem muito papo, Brian nos reuniu no quarto dele para realmente darmos os últimos ajustes, como, por exemplo, como deveríamos agir no palco e fora dele, principalmente durante a after party, como deveríamos nos vestir, com o figurino que foi pré-determinado pelas pessoas da produção do desfile, essas coisas importantes. Pelo visto, Brian realmente não confiava nada na gente, pois ele não parava de falar que era para a gente tomar muito cuidado com cada palavra proferida, com cada gesto e com cada ação, como se nós quatro fôssemos crianças de cinco anos que precisam de supervisão constante.
O show estava programado para acontecer às 19h, ou seja, era para estarmos lá às 16h para garantir que tudo saísse como esperado. Quando chegamos lá, eu fiquei espantado. Nunca havia visto uma estrutura mais bem montada do que aquela, com imensos holofotes, um palco gigante, tudo em grande quantidade e muito bem feito. Acho que não fui o único, pois quando olhei para os meninos eles estavam da mesma maneira: de boca aberta.
O tempo acabou por passar bem rápido e quando dei por mim já estava trocando de roupa e pronto para entrar no palco. Estava mais nervoso do que eu jamais estive, assim como os meus companheiros de banda, principalmente por saber que seria transmitido para os Estados Unidos inteiro ao vivo e na próxima semana para o Mundo todo que acompanhava através das redes sociais. Fizemos o nosso ritual de sempre e logo em seguida a produção foi nos encaminhando para o nosso local no palco, e fomos cumprimentando algumas modelos que passavam por nós no caminho e que foram muito simpáticas.
Nos posicionamos em nossos lugares, eu estava com meus dedos posicionados nas notas iniciais de ‘Dear Maria’, assim como os meninos. As luzes se apagaram, e foi nossa deixa para começar. Lentamente uma espécie de “cortina” que estava nos tampando começou a subir, e a primeira modelo, que se chamava Candice e que era uma das mulheres mais bonitas que eu já vi, começou a desfilar, com aquelas asas enormes características. Nossa apresentação foi muito boa, cheia de interação com as modelos, algumas até cantando junto com a gente, o que nos deixou super felizes. Assim que terminamos de cantar, fomos correndo para o backstage, assim como nos foi indicado para fazer. Sério, eu nunca vi tanta correria em toda a minha vida. Era muita gente fazendo muita coisa ao mesmo tempo, o que deixava qualquer um que não estava muito acostumado (como a gente) completamente desorientado.
Depois da gente, foi a vez dos caras da Kings of Leon, que tocaram uma puta versão de ‘Sex on Fire’, e, enquanto as modelos estavam desfilando, aconteciam pequenas explosões com aqueles fogos pirotécnicos. Era realmente muito dinheiro envolvido na produção desse negócio, não é de se admirar que seja um dos eventos mais aguardados do ano. Duas seções depois foi a nossa vez novamente, e foi a hora de uma versão ainda mais acústica de ‘Remembering Sunday’, onde as modelos estavam desfilando todas com lingeries brancas ou pratas, com pequenos flocos de neve caindo em forma de animações digitais nos telões atrás da gente e também no piso de toda a passarela.
Logo em seguida P!nk entrou no palco, cantando ‘So What’, e ela interagiu tanto com as modelos como se fosse uma delas. Digam o que quiserem, mas não se pode negar que essa mulher tem uma puta duma voz. Se um dia eu conseguisse atingir um terço do tanto que ela canta eu seria o vocalista mais feliz do Mundo, sem exagero. Por fim já estava na vez de nossa última música, que seria ‘Poppin’ Champagne’, e também seria fim do desfile.
A nossa última apresentação foi um sucesso total. A última seção foi uma das mais legais, cheias de efeitos especiais e as modelos estavam vestidas majoritariamente de preto, com os acessórios coloridos em tons metálicos, o que combinava com a roupa que estávamos usando. Depois do fim do desfile, e daquela parte em que todo mundo desfila junto e depois todos os cantores entram, essas coisas todas, foi a hora da melhor parte: a festa. É tudo o que poderíamos querer, com todas as bebidas do mundo e comidas maravilhosas, modelos lindas e música boa. Não se pode negar que esse povo sabe fazer uma festa.
POV
No dia do show:
Eu, e Charlotte estávamos muito ansiosas, a ponto de não conseguir dormir direito. Tínhamos passado praticamente a madrugada toda conversando sobre como seria o desfile, quais modelos iriam ser melhores, essas coisas. Tudo o que conseguimos de sono foi no máximo umas quatro horinhas, de quatro e meia da manhã até oito e meia, quando acordamos super eufóricas, prontas para gritar uma na cara da outra durante uns quarenta minutos até tomarmos vergonha na cara para começar a preparar as coisas.
Nós três havíamos marcado em um salão próximo à nossa casa maquiagem, manicure e alguém para dar um jeito no nosso cabelo. O desfile começaria às 19h, então deveríamos estar lá, de acordo com a irmã de Charlotte, mais ou menos às 18h30. O combinado era todas estarem prontas lá para as cinco horas, logo teríamos que ir para o salão mais ou menos às 13h, para dar tempo de tudo. E foi o que fizemos. Depois de levantar às 9h, tomamos o nosso café e fomos separar as roupas que usaríamos, tudo cortesia da Kate, que havia no mandado comprar o que quiséssemos usar. Eu havia escolhido um macacão todo preto com decote, o qual a parte de cima era todo decorado com brilho e a parte de baixo era feita de seda, com caimento justo, e para completar um scarpin também preto.
Quando o relógio bateu 17h35, nós três estávamos prontas no nosso apartamento, e faltavam apenas meia hora para o horário combinado para a gente sair de casa. Eu e as meninas estávamos, obviamente, muito nervosas e sem saber muito bem como lidar com o fato de que dali a algumas horas iríamos estar vendo algumas das melhores modelos do Mundo bem na nossa frente.
- Gente, é agora! O taxi já está lá em baixo nos esperando. – Lottie falou, conferindo o celular. Eu soltei o famoso gritinho e me levantei do sofá, pegando meu celular e minha bolsa, assim como as meninas, e me dirigindo para a porta. se certificou de que a porta estava trancada, e então fomos para o local do desfile.
Quando entramos na arena, ninguém mais, ninguém menos que Kate Moss (isso mesmo, fucking Kate Moss), estava esperando pela gente.
- Ei, meninas! – Ela disse, dando um abraço em cada uma. – Lottie, quanto tempo! Como vocês estão?
- Eu estou ótima. - Meu Deus, eu acho que vou passar mal. – Aliás, muito mais que ótima.
- Que bom! Vamos, vou levar vocês até os seus lugares e depois posso ver se consigo mostrar o backstage. – Kate Moss sorriu mais uma vez para a gente, nos dirigindo para dentro da arena até os nossos lugares.
Meia hora depois, as luzes se apagaram. Era hora do show. Os primeiros acordes de ‘Dear Maria’ começaram, e poucos segundos depois os holofotes se acenderam em cima dos meninos da All Time Low e as modelos começaram a desfilar.
Eu não conseguia nem colocar em palavras o tanto que tudo o que seguiu naquelas horas seguintes foi perfeito. As modelos estavam impecáveis, a música então, nem se fala, com a All Time Low, Kings of Leon e a maravilhosa da P!nk, tudo estava maravilhoso. Eu, e Charlotte estávamos literalmente de boca aberta o tempo inteiro, impressionadas com aqueles figurinos que deviam custar milhões cada centímetro de tecido. Você só viveu de verdade se teve a chance de olhar para as asas da VS ao vivo e em cores, quase perto o suficiente para tocá-las.
POV ALEX
Hoje
Eu já estava com a minha terceira long neck de cerveja na mão. Não estava muito a fim de ficar transtornado, até porque não era local de passar vergonha e mais uma vez ser mal interpretado pela imprensa. Além do mais, Brian havia especificamente nos alertado para não passarmos do limite e não estragarmos tudo, e estávamos focados nisso. Tinha muita gente importante ali da indústria musical que deveria ter uma boa impressão de nós. A festa havia começado a pouco tempo e eu estava na bancada de um dos bares conversando com Jack sobre alguma coisa qualquer quando eu a vi. Puta que pariu, quais eram as minhas chances no mundo de ver aquela menina de novo?
- Jack, socorro, a menina misteriosa da festa está aqui. – Eu o interrompi, sem prestar muita atenção no que ele estava falando.
- O quê? Você tem certeza? – Ah, pronto, só me faltava essa.
- É claro que eu tenho certeza, Jack. Tem dois meses que eu não consigo parar de pensar nela.
- Então vai lá falar com ela, oras. – Ele deu uma ideia que eu obviamente já estava pensando. Só faltava coragem para fazer isso.
- Como que eu vou fazer isso? Acho que não consigo. – Falei, sem entender o que estava acontecendo comigo. Eu só vi essa menina uma vez na vida, não é possível.
Observando de longe, eu percebi que ela estava conversando com uma das modelos, acho que é Kate Moss, e com mais duas garotas. Será se ela também é modelo? Quando eu finalmente criei coragem para ir falar com a tal, e estava andando em direção a ela, um cara que eu sabia ser de um tabloide famoso me parou para elogiar o show, e eu já estava imaginando as terríveis manchetes que ele iria criar. No final, ele apenas elogiou o show, fez algumas perguntas que eu achava que havia conseguido contornar muito bem e pediu um autógrafo para a sua filha Shelby. Sim, o cara tinha realmente dado o nome para filha em homenagem à empresa automobilística (eu perguntei).
Quando consegui me desvencilhar do cara, eu não conseguia ver a tal garota em nenhum lugar, e voltei para o bar meio derrotado, pedindo outra cerveja para o bartender e indo em direção aos meus amigos, que estavam na pista de dança. Estávamos nos mexendo e nos movimentando pela pista quando eu finalmente a vi novamente, e não deixei essa chance escapar. Eu reparei que ela também me olhava de vez em quando, mas era provavelmente só por ter me visto tocar no desfile. Fui chegando mais perto até que finalmente eu estava em uma distância segura para falar alguma coisa.
- Você é a menina que estava na festa da Fernanda, certo? – Perguntei, e ela levou um susto quando se virou para mim.
Quando dei por mim, já estávamos nos beijando ao som de alguma música pop que o DJ tocava. Seu nome era e ela cursava moda em uma faculdade de Nova York, muito boa por sinal. Estava ali a convite de uma das modelos, a mesma que eu havia visto conversando, Kate Moss, pois era amiga da irmã da mesma. Estava realizando um sonho, que era ver o VSFS, e outro ao ver a All Time Low tocar (sim, era uma fã).
- Alex! Eu preciso achar as minhas amigas. – Ela disse, depois de um tempo de conversa e beijos. Eu fiz uma cara triste, mas ela logo completou: - Eu não vou embora, eu realmente preciso achar as meninas.
- Ok, vamos fazer o seguinte, então: você vai, acha as meninas que eu vou procurar os meus companheiros de banda e a gente se encontra perto do bar, pode ser? – Ela confirmou, me dando um selinho e saindo.
Eu não acredito que eu finalmente conheci a menina que eu estava pensando há tantos meses. Como o combinado, eu fui achar os meninos e os encontrei bêbados e sozinhos, pois a namorada de Rian teve que ir embora. Obviamente eles ficaram tirando onda com a minha cara quando contei que havia finalmente achado a garota e que agora ela tinha um nome. Depois de muitas piadas, seguimos para o local combinado de encontro, onde ela já estava com suas duas amigas.
- Bom, quem quer sair daqui? – Jack deu um sorriso malandro após todas as apresentações terem sido feitas.
- Só se for agora. – A tal concordou, assim como todos nós. E com isso seguimos pela porta da frente, pedindo um táxi.
POV
Quando eu cheguei falando para as meninas que eu, havia beijado Alex Gaskarth, elas quase não acreditaram. Realmente, não é todo dia que se tem a oportunidade de beijar um de seus ídolos. Eu e ele combinamos de nos encontrar perto do bar da saída, e nós estávamos surtando quando eu contei que estávamos a uns minutos de conhecer todos os integrantes de uma das nossas bandas favoritas.
Eu e as meninas já estávamos no local combinado quando ele e o resto da All Time Low chegaram, e é obvio que quase passamos mal. Apresentações feitas, um sorriso a mais do Jack pra e muitos gritinhos envolvidos, decidimos cair fora dali para outro lugar, que aparentemente seria escolhido pelo próprio Jack Barakat. Meu Deus, eu estou saindo com gente famosa que coincidentemente também são uma das minhas bandas favoritas. Saímos da festa da Victoria’s Secret e, como era o Jack, fomos para outra festa, divididos em dois táxis: eu, Alex e Rian e Lottie em um e , Jack e Zack no outro. Pelo visto, o coitado do Zack ia sobrar.
Jack sugeriu que fôssemos ao 1 OAK, uma das baladas mais famosas e mais caras de Nova York. E é obvio que aceitamos. Dali para a frente, a noite foi regada em música, álcool, beijos e baladas diferentes. Chegou em um ponto que eu não mais conseguia saber onde estávamos. Realmente vivendo como rockstars. Os meninos já eram bem famosos, então é óbvio que – infelizmente – acabamos por ser perseguidos por aqueles inúteis paparazzi, que ficavam enfiando a câmera na nossa cara às duas da manhã. Não dá para saber como eles aguentam isso todos os dias.
- Eu não achei que fosse ver você de novo. – Alex me disse enquanto estávamos sentados nos sofás que estavam em uma espécie de “varanda” da boate.
- O que eu não acredito é que você estava realmente olhando para mim na festa da Fernanda. – Disse, rindo. Mais uma vez: quais as chances?
- E como eu não poderia estar olhando para você? , você estava linda. Como hoje. – Ele terminou a frase com um flerte, óbvio. E eu ali achando que pudesse morrer a qualquer momento.
- Hmm, deixa eu pensar... – Fiz uma cara de mistério. – Você é Alex Gaskarth, vocalista e guitarrista da All Time Low, que por acaso está virando uma das maiores bandas de pop punk dos Estados Unidos, e, por uma coincidência do destino você estava na mesma festa que eu, festa essa que haviam outras milhares de meninas maravilhosas!!!
- Ah, garota, cala a boca! – Ele me deu um peteleco, rindo. É sério, eu iria desmaiar.
- Menino, você me respeita. – Entrei na brincadeira, também rindo, e quando percebi já estávamos nos beijando novamente. Podem falar o que quiser, menos que Alex Gaskarth beija mal. Quando Lottie veio nos chamar, eu não poderia dizer se tínhamos ficado ali por minutos ou horas.
- Até que enfim achei os pombinhos. – Ela falou, rindo, claramente um pouco – ou talvez muito – bêbada. – Vamos, casal, Jack quer nos arrastar para outro lugar!
- Pelo amor de Deus, dê um jeito no seu amigo! Já é a terceira boate da noite. – Disse para Alex, rindo um pouco também.
- , você está pedindo o impossível. Não dá para controlar o homem chamado Jack Barakat. – Ele brincou. – Jack esse que também está aos beijos com a sua amiga.
Quando saímos de lá todos já estávamos muito bêbados, e os paparazzi estavam estourando os flashes na nossa cara, quase nos impedindo de passar até o taxi que havíamos chamado. Quando dei por mim, Alex já estava descendo o soco em um deles, o que deixou todos nós atordoados, mas pelo menos funcionou para espantá-los. Rian então puxou Alex pelo braço até o taxi, onde entramos eu, ele e Alex, enquanto os outros quatro iam para o que estava atrás. Ficou combinado então que todos iriam para a casa dos meninos, pois, aparentemente, ficar na rua já não estava sendo tão agradável.
- Caralho, Alex, você perdeu a cabeça? – Rian disse, entregando uma garrafa de água para cada um enquanto falava o endereço para o taxista. Com o ocorrido, todos ficamos mais sóbrios rapidamente.
- Eu sei, porra. Eu só não estava conseguindo lidar com todos eles em cima da gente desse jeito. – Ele reclamou, esfregando o braço onde o amigo havia apertado para colocá-lo no carro.
Quando chegamos no prédio que descobri ser de Alex e Jack, os meninos da banda aparentemente estavam muito preocupados, tanto que eu e as meninas achamos melhor irmos embora para que eles pudessem conversar sobre aquilo com calma. Nos despedimos e trocamos telefone, com a promessa de manter contato, e entramos no mesmo taxi no qual saímos.
- Meu Deus, eu não acredito que isso realmente aconteceu. – falou, e eu não sabia se ela estava se referindo aos acontecimentos da noite toda ou ao soco que o Alex deu nos paparazzi.
- Ninguém acredita, , ninguém. – Charlotte falou, ainda meio em choque. Ficamos conversando sobre isso o caminho todo até o nosso apartamento, sem conseguir processar o fato de que realmente havíamos saído com os nossos ídolos.
No dia seguinte
- Lottie, acorda, você precisa ver isso. Você também, . – gritou, abrindo as cortinas do meu quarto e seguindo para o quarto de Charlotte. Quando as três estavam na sala, ela jogou três jornais diferentes e uma revista no nosso colo. Todas com manchetes diferentes sobre o acontecimento de ontem.
“O mais novo queridinho da indústria musical se envolve em mais um escândalo: entenda o caso!”
“Alex Gaskarth, da agora famosa banda de pop-punk All Time Low, é visto em festa com irmã de modelo famosa e amigas! O grupo é acusado de agredir paparazzi”
“Irmã da top model Kate Moss é vista saindo de uma festa com o músico Alex Gaskarth e amigos”
E com várias fotos nossas nas matérias. Meu Deus, a nossa vida estava acabada. Eu ainda estava meio tremendo quando me entregou um café, assim como entregou um pra Lottie, e falava que havia saído para comprar algo para comer quando passou na banca e viu essas notícias expostas.
- Puta. Que. Pariu. – Charlotte falou, expressando muito bem o que a gente estava sentindo. – Isso não pode estar acontecendo, minha irmã vai me matar.
- Calma, Lottie! Não é tão ruim assim, quase não dá para ver que é a gente. – Eu tentei amenizar a situação, pois sabia que ela e a irmã haviam combinado que Lottie não se exporia na mídia assim. Alguém tinha que ficar calma na situação, e já que e ela estavam em estado de choque, isso sobrava para mim, mesmo que realmente não fosse fácil.
- O pior nem é a gente... Tem vídeos na internet no Alex dando o soco naquele pap. e o Jack ontem disse que isso era uma coisa que eles haviam combinado de não fazer nunca: perder o controle. – disse, meio nervosa. Ah, pronto, era só o que me faltava, todos os sete em confusão por causa de uma maldita noite. Se os jornais estavam assim, eu nem queria ver o apocalipse que estava acontecendo na internet. O preço de Hollywood.
POV ALEX
Tudo o que eu conseguia pensar quando eu acordei é que dessa vez eu realmente havia ferrado com tudo. Rian e Zack haviam dormido lá em casa também, e todos nós acordamos com os gritos de Brian.
- CARALHO, QUAL A PORRA DO PROBLEMA DE VOCÊS? – De quem foi a ideia de dar uma cópia da nossa casa para esse cara? Porque eu pessoalmente iria matá-lo.
- Será que tem como falar mais baixo, porra? – Jack resmungou, cobrindo a cara com um travesseiro que foi prontamente puxado por um Brian muito nervoso.
- Não, Jack, NÃO TEM! Eu peço para vocês uma única coisa: para não se meter em confusão. E o que vocês me fazem o favor de arrumar: a porra de uma confusão! – Ele realmente estava muito nervoso e então começou a se virar na minha direção e eu esperei a bomba. – O que diabos deu na sua cabeça para você socar a porra de uns paparazzi? Enlouqueceu?
- Eu não tenho culpa. Ele estava praticamente se jogando em cima da gente com aqueles flashes estúpidos. – Eu falei, calmamente, tentando ver se ainda era possível salvar a minha vida. Aparentemente não, pois Brian ainda estava muito irritado quando jogou um monte de jornais e revistas em cima da gente. Olhei apenas de relance para ver que haviam fotos nossas e das meninas na capa de praticamente todos. Ótimo. Eu mal tive tempo de pensar direito no que tinha acontecido e essa bomba já tinha sido jogada no nosso colo. Aparentemente esse era o preço que se pagava por querer fazer o que você gosta.
- Eu tenho tanta coisa para falar para vocês que não sei nem por onde começar. – Brian suspirou. – Ok, em primeiro lugar, vocês tinham que arranjar duas garotas desconhecidas e a irmã da porra da Kate Moss para sair, não é? E outra, socar uns paparazzi? Eu sei que eles são um inferno, mas vocês realmente tinham que enfiar a porrada nos caras?
- Olha só, a gente não sabia que a Charlotte era irmã dela. E que diferença faz? – Jack tentou apaziguar.
- Eu sei que o Alex não deveria ter socado o cara, todo mundo aqui sabe, inclusive ele. Mas não teve muito como evitar na hora. – Rian me defendeu, o que foi surpreendente, considerando o tanto que ele havia brigado comigo na noite passada.
Brian ainda ficou lá dando esporro na gente durante umas três horas e nos fez prometer que iríamos nos desculpar publicamente sobre o acontecido, o que todos nós prontamente concordamos. Quando ele finalmente foi embora, eu peguei o meu celular para mandar mensagem para a .
“Bom dia, . Você provavelmente deve ter visto as notícias... Eu sinto muito. Xx Alex”
Não demorou nem cinco minutos para que ela respondesse:
“Ei, Alex. Sim, nós vimos. Charlotte está surtando um pouco, mas tudo sob controle hahaha não se preocupe xx ”
Depois de mais algumas mensagens trocadas, combinamos de nos encontrar de novo no dia seguinte em um parque mais vazio da cidade, para evitar problemas como os da noite passada. Ficamos trocando mensagens o dia inteiro, era uma pessoa muito fácil de conversar e foi bom pois me distraiu da confusão a qual eu havia me metido e, consequentemente, metido ela e as amigas também.
Três horas depois Brian ligou avisando que havia conseguido marcar uma entrevista para nós em uma rádio local, e que seria a nossa chance de nos desculpar e prometer que aquilo nunca aconteceria novamente. Então, às 18h eu e os outros três estávamos no estúdio, esperando dar a hora de entrar no ar. Para a nossa sorte, o apresentador era bem simpático e não parecia que ia tentar nos detonar assim tão facilmente, e foi exatamente o que ocorreu. Tivemos a nossa chance de contar exatamente o que aconteceu do nosso jeito (mas tentamos não falar muito mal dos paparazzi, pois eles sim tinham a chance de nos detonar), assumimos que realmente havíamos bebido demais e, por último, pedimos para que deixassem as meninas fora disso, sem divulgar nomes nem nada, e, felizmente, o radialista concordou em deixar para lá. Por último, ele tocou ‘Dear Maria’ e agradeceu a exclusividade, e com isso fomos para casa.
Dois meses depois
POV
Eu e Alex estávamos finalmente namorando. Os meninos estavam na reta final da tour, e eu e as meninas havíamos conseguido entrar de férias na faculdade, o que significava que eu estava com um tempo livre para apoiá-los. Depois da fatídica noite em que Alex socou uns paparazzi e pediu desculpas na rádio, as coisas haviam caminhado para o melhor. A primeira semana na faculdade foi um inferno, com todo mundo enchendo a nossa paciência, principalmente a de Charlotte, mas, felizmente, eles pareceram esquecer o ocorrido dias depois e voltaram a nos deixar em paz.
Eu e Alex havíamos nos encontrado incontáveis vezes até ele ter coragem de me pedir em namoro, o que eu prontamente aceitei. Além de ele ser o meu ídolo, era uma pessoa que eu realmente gostava, ele me tratava super bem e a gente tinha um compromisso enorme. Nesses dois meses os meninos estavam crescendo de uma forma estrondosa, o que levava à inúmeros rumores ridículos diariamente que eles não sabiam muito bem como lidar e nem a gente. Eu realmente não sabia como os jornais e revistas tinham tanta paciência e criatividade para ficarem inventando notícias infundadas diariamente, de verdade.
Os meninos estavam sempre reclamando que estavam cansados da loucura que a vida deles estava se tornando, e sempre sobrava para nós e para a Dallas (que por sinal, também era um amor de pessoa) lembrá-los que era isso o que eles sempre sonharam em fazer e que eles finalmente estavam vivendo o sonho, e que não valia a pena desistir apenas por causa de pessoas desocupadas que literalmente não tinham mais nada para fazer além de ficarem inventando rumores.
Para quem visse de perto, a vida hollywoodiana realmente não era tão glamorosa quanto parecia de longe. Milhares de pessoas vivendo vidas que nas telas eram de um jeito e fora delas eram completamente diferentes, muitas vezes forçadamente. Para fazer sucesso, era necessário forçar uma coisa que muitas vezes não existia, e que acabava por destruir você por dentro lentamente. E era isso o que estava acontecendo com o Alex. E eu só esperava que, de alguma forma, eu fosse capaz de ajudá-lo.
POV ALEX
Dois meses depois daquela horrível confusão, eu finalmente estava namorando a . Infelizmente, só isso não estava bastando. A turnê estava finalmente chegando ao fim, e então a gente teria pelo menos uns dois meses para descansar e produzir o novo álbum. Minhas composições já não eram as mesmas, eu não estava conseguindo separar o Alex que eu realmente era do Alex Gaskarth que a mídia criou. Eu estava virando apenas mais um personagem nesse mundinho ridículo. E de pouco a pouco eu ia me perdendo nele.
É claro que eu tinha muita sorte, eu estava em uma banda com os meus três melhores amigos, cantando e tocando músicas que nós mesmos escrevíamos para milhares de pessoas que curtiam o nosso som. Eu também estava namorando uma garota maravilhosa e muito inteligente, que, de quebra, me deu mais duas amigas fantásticas. Não vou ser ingrato e dizer que não gostaria de estar onde eu estou, pois é o meu sonho e eu lutei muito por ele. Mas, às vezes, é um pouco demais, dá vontade de voltar a ser apenas o Alex de 17 anos que não tinha que se preocupar com nada além das provas do colégio e de quantas faltas eu ainda poderia utilizar para não reprovar.
Eu estava ficando cada vez mais enojado com o mundo da mídia. Tudo era noticiado e tudo saía nos jornais, e nem sempre da maneira como as coisas realmente aconteciam. Muitas vezes, tudo o que a gente falava e fazia saíam na impressa de um jeito completamente distorcido, que servia apenas para publicidade negativa em cima da banda. O que levava à vida de rockstar que eu estava querendo ter, saindo e bebendo sempre que podia, dando socos em paparazzi que me irritavam, dando festas imensas e tendo quartos de hotéis destruídos. Eu tinha medo do que eu podia me tornar com o tempo, se eu iria tomar jeito na vida ou ser apenas mais um jovem metido a famoso que não fazia a mínima ideia de como consertar a vida. Para minha sorte, eu tinha uma mulher maravilhosa ao meu lado que estava sempre tentando ajudar a encontrar o meu caminho, a me ajudar a tomar as decisões certas para que eu não caísse nos joguinhos doentios da indústria. Eu estava cansado de ser só mais um boneco da mídia. E, graças à , agora eu sabia como ser um cara melhor tanto para mim mesmo como para a minha banda, que não mais seis controlada por todos.
“Alex Gaskarth, da agora famosa banda de pop-punk All Time Low, é visto em festa com irmã de modelo famosa e amigas! O grupo é acusado de agredir paparazzi”
“Irmã da top model Kate Moss é vista saindo de uma festa com o músico Alex Gaskarth e amigos”
POV ALEX
Fazer sucesso na indústria musical atualmente significa ter milhares de rumores inventados sobre você todos os dias na mídia. Não foi diferente quando minha banda, a All Time Low, começou a ganhar um espacinho a mais no cenário. Eu e meus três melhores amigos, Jack Barakat, Rian Dawson e Zack Merrick nos conhecemos no ensino médio, e acabamos por nos aproximar pois éramos todos fanáticos por música. Uma coisa levou a outra e hoje somos uma das bandas mais famosas de pop-punk dos Estados Unidos.
Uma outra coisa que também vem com a fama, além dos rumores indesejados, é o convite para festas insanas, com bebidas e comidas de graça e muita gente interessante. Foi em uma dessas festas que eu conheci ela, a mulher mais linda, simpática, engraçada que eu tive o prazer de conversar. Ela me entendia como ninguém, e eu não sabia que era possível me encantar tanto por alguém como aconteceu com ela.
FLASHBACK
5 meses antes:
- Alex, você não vai acreditar no que acabou de chegar para a gente! – Jack Barakat, meu melhor amigo e companheiro de banda, entrou no meu quarto berrando e sacudindo um papel.
- O que foi? Não precisa gritar desse jeito, inferno. – Eu resmunguei, mal-humorado como eu sempre era pelas manhãs. Ou pelo resto dia. Quem me conhece diz que eu sou mal-humorado o tempo inteiro, mas isso não é inteiramente verdade. Só na maior parte dele.
- O tempo passa e você continua chato do mesmo jeito. – Jack disse, se jogando em cima de mim na cama. – Alex, um pouco de animação, por favor! Nós acabamos de ser convidados para tocar no Victoria’s Secret Fashion Show!
Uma banda de quatro caras que ainda não é internacionalmente famosa é convidada para tocar em um dos maiores desfiles do mundo (sim, até eu sei que é um desfile importante e, além do mais, os caras da Fall Out Boy já tocaram lá) para cantar para uma multidão de gente importante. Essa é a chance da nossa vida.
- Puta merda, você está falando sério? – Perguntei, já me levantando e procurando um jeans para vestir. – Você já falou com os outros meninos?
- Ainda não, considerando que eu moro com você e não com eles. Se veste aí e a gente vai lá. – Vale lembrar que eu moro com o Jack e os meninos moram juntos em um apartamento perto do nosso. Já tentamos morar todos juntos, mas quatro de nós em uma casa era praticamente o inferno de tanta bagunça. Fui fazendo o que ele falou, entrei para o banheiro tomar um banho rápido. Em menos de 10 minutos eu e Jack estávamos praticamente esmurrando a porta dos dois, que provavelmente estavam dormindo igual pedra.
- Vocês não sabem tocar campainha que nem gente normal não, desgraça? – Rian falou, abrindo a porta e exibindo sua cara de sono.
- Bom, até sabemos, mas ela seria muito mais útil se vocês de fato a escutassem. – Disse, sorrindo amarelo e me sentindo um pouco culpado já que a cara do menino era praticamente de morte. Rian nos deu espaço para passar e já fomos entrando, eu indo direto para a geladeira achar algo para comer. Na casa deles sempre tinha muito mais comida do que na nossa, graças à magnifica namorada de Rian, Dallas, que era uma cozinheira fenomenal e não deixava faltar comida para esses dois – que frequentemente viravam quatro – desajustados.
- Rian, Zack, parem de ser chatos! Nós viemos aqui com notícias maravilhosas, então sentem aí e escutem bonitinho. – Jack pegou uma maça, apontando para o sofá onde os dois rapidamente se sentaram. – Ok, estão preparados? – Segundos de suspense até ele gritar: – Fomos convidados para tocar no Victoria’s Secret Fashion Show!
- O quêêê? Aquele que os meninos da Fall Out Boy tocaram ano passado? – Zack perguntou. Por mais que não fôssemos ligados ao mundo da moda, sabíamos que era um desfile mega importante e que era uma chance imensa para a nossa carreira musical, pois todo ano na época desse negócio era só o que todo mundo falava.
- Esse mesmo! É a nossa chance de ganhar o Mundo, caras! – Jack continuou, super empolgado. – Iremos cantar nossas músicas pra meninas desfilando de lingerie e todos os olhos de todos os jornais e essas coisas estarão voltados para a gente!
No mesmo dia marcamos uma reunião com o nosso empresário Brian para saber direitinho o que teríamos que fazer, quando seria, todas essas coisas importantes. Acabamos por almoçar em um restaurante perto da casa dos meninos e seguimos para onde seria o encontro. No final das contas, o show seria daqui a três meses e nós tocaríamos três músicas: uma na abertura, uma no meio em uma das sessões e uma no final, encerrando. E o melhor de tudo para quatro caras na faixa dos 25 anos: iríamos para a after party do desfile.
POV
Eu não poderia dizer que não era, de certa forma, uma menina de sorte. Em uma das milhares festas da faculdade, eu tive sorte de conhecer uma das minhas melhores amigas, que, por acaso, é irmã de uma modelo mundialmente famosa e que também estava iniciando sua carreira nessa área. Além disso, eu estava tendo a chance de fazer o curso que eu sempre quis: design de moda, em uma das melhores faculdades dessa área do mundo, a Fashion Institute of Technology, que ficava em Nova York.
Com toda essa sorte grande, eu ainda tive o prazer, em um dos meus momentos que eu dava graças por ser amiga da Charlotte, de conhecer ele. Um rock star, que saía direto nos jornais como esses metidos a punk rock, com direito a destruição de quartos de hotéis, drogas e álcool. Seria típico, se ele não fosse uma das pessoas mais legais, simpáticas e fofas que eu já conheci, para não mencionar o linda. Eu nunca havia visto ninguém mais bonito em toda a minha vida, e nunca havia me entendido como ele fez.
5 meses antes:
Era mais um dia normal na faculdade e na vida de – no caso, eu. O terceiro semestre havia acabado de começar e seria o primeiro dia de aula de modelagem, onde a gente aprendia não somente a montar manequins e essas coisas todas, mas também como lidar num backstage de desfiles, a lidar com modelos reais e tudo o que seria importante para a gente no futuro profissional, se a moda fosse realmente a carreira escolhida como profissão para o resto da vida. No meu caso, não havia dúvidas disso.
E foi na primeira aula que lidamos com modelos de verdade, feitas de carne e osso e que reclamavam se a gente – sem querer, obviamente – a espetassem com as agulhas, que eu conheci a minha melhor amiga Charlotte. Ficamos amigas imediatamente, provavelmente devido ao fato de ela ser a modelo designada para a minha pessoa. Mas não foi de maneira alguma uma amizade forçada, só porque teríamos que conviver uma com a outra pelo próximo semestre ou até mais. Charlotte era uma pessoa fácil de conversar, que me entendia no quesito de moda e não demorou mais do que duas aulas para que passássemos a fazer praticamente tudo juntas na faculdade, junto de minha outra amiga , como um trio inseparável. Eu já dormia junto com a , e não demorou muito para pedirmos para o reitor um quarto triplo, para que pudéssemos passar até a noite juntas.
A faculdade era como um sonho para mim. Desde pequena sempre fui encantada por roupas, pela textura dos tecidos, pelo chame dos brilhos e de determinados modelos, e desde que comecei a saber o que era um curso superior, sabia que queria cursar moda. Meu sonho era ser uma estilista famosa, dessas que todo mundo conhece o nome, até quem não entende nada de moda. E era agora, no terceiro período do curso, que as coisas realmente começavam a ficar interessantes para quem queria trabalhar com desfiles, pois era quando as matérias de modelagem, passarela e alta costura eram ofertadas para valer, e também era quando os alunos tinham a oportunidade de participar de desfiles oferecidos pela faculdade com peças próprias.
Esses desfiles eram feitos uma vez a cada fim de período, e os alunos que escolhiam participar eram avaliados em praticamente todas as matérias através dele, ou seja, se uma coisinha estivesse errada a sua nota do semestre inteiro ia por água abaixo. Desde quando era anunciado até o dia do desfile, a faculdade inteira praticamente vivia para isso. O mais difícil era achar uma modelo que topasse desfilar para você, mas, graças a tudo de bom que existe nesse mundo, uma das minhas melhores amigas era uma, e muito boa. Acho que isso está no sangue. Eu cheguei a mencionar que Charlotte é Charlotte Moss, irmã da modelo mundialmente famosa Kate Moss? Pois é, minha melhor amiga é irmã de uma superestrela.
POV ALEX
4 meses e 15 dias antes:
Estava decidido as músicas que iríamos tocar: Dear Maria, Count Me In, no início, já que era o nosso maior hit, depois nos pediram para tocar uma mais lenta, então iríamos tocar Remembering Sunday, e para encerrar seria Poppin’ Champagne. Teríamos que ensaiar muito, visto que todo mundo não parava de nos lembrar que essa era a chance da nossa vida. Era tudo ou nada. Era a nossa chance de ficar em primeiro (ou pelo menos entre os primeiros) lugar das paradas musicais. Era a nossa chance de estourar.
A divulgação estava a todo vapor: teriam fotos com as modelos, fotos para outdoors e revistas, entrevistas e tudo mais. Todos queriam saber quem era a banda não tão conhecida, com uma música de sucesso, que conseguiu um lugar para tocar em um dos maiores eventos do ano. Brian nos mandou tweetar sobre, mostrando o quão animados e gratos nós estávamos por ter essa chance, e foi o que fizemos.
Certo dia, durante a tarde, eu e os meninos nos juntamos para fazer o anúncio através de uma live no Twitter para anunciar o que faríamos. Todos nós combinamos um horário com os nossos fãs através do site, avisando que iríamos fazer um anúncio importante. Compramos cerveja e salgadinhos, coisas importantes para nós e ligamos o computador. Mal estávamos aguentando de ansiedade, doidos para dividir essa informação com as pessoas que mais nos apoiavam no Mundo.
Dois minutos depois do tweet, minhas notificações estavam praticamente travando de tanta mensagem dos fãs, principalmente de tentativas de descobrir o que era o tão esperado anúncio. Retweetei alguns e respondi outros, mas apenas o que não chegavam perto de acertarem. Quando deu o horário certo, Zack abriu a tweetcam, nós postamos o link nos nossos perfis e esperamos os fãs entrarem.
- Boa tarde, pessoal! Vocês estão conseguindo nos ouvir? – Jack perguntou, dando um tchauzinho para a câmera. – Bom, isso aqui vai funcionar assim: primeiro, nós vamos bater um papo com vocês e tudo mais, para esperar mais gente conectar e depois a gente dá o anúncio, pode ser?
- Ei, gente! Como vocês estão? – Perguntei, sorrindo. – Mal posso esperar para contar para vocês!
- Fala, galera! – Esse foi o Rian, dando um ‘joinha’. – De onde vocês falam?
- Oláá! – Zack, simpático como sempre, se inclinando para ler alguma coisa na tela do computador. – Tem a Fernanda, que fala de NYC. Ei, Fernanda! A Luiza, que fala de São Francisco. Oi para você também, Luiza.
Ficamos mais ou menos uns vinte minutos conversando com os fãs, respondendo perguntas a respeito do novo álbum, se já tínhamos nomes, músicas escritas, data de lançamento e essas coisas todas. Infelizmente para eles não havia muito o que éramos autorizados a falar, e sinto que eles ficaram bem desapontados com isso. Papo vai, papo vem, e finalmente chega a hora do grande anúncio.
- Ok, vocês estão preparados? – Perguntei, fazendo suspense. Rian pegou suas baquetes e fez aquela batida tradicional de quando alguém vai falar alguma coisa importante. Todos eles começaram a mandar mensagens falando que estavam mais que prontos. – Então tá, no 3. Um... dois... três e...
- Nós vamos tocar no Victoria’s Secret Fashion Show! – Falamos, em conjunto, praticamente como se fosse ensaiado (o que não é completamente mentira). Imediatamente todo mundo começou a surtar, principalmente as garotas. Depois do anúncio, ficamos conversando e divulgando os detalhes que poderíamos dar por mais um tempinho, até desligarmos para realmente comemorar a oportunidade.
POV
4 meses e 15 dias antes:
Os preparativos para o desfile já estavam começando a acontecer, e toda a nossa vida, minha, da e da Lottie estavam girando em torno de conseguir fazer algo bem feito para conseguirmos ser aprovadas para o outro semestre. Além de estar começando a ficar louca com o desfile, minha rotina também consistia em ouvir música e dar uma corrida pelo campus da faculdade. Todos. Os. Dias.
Pode parecer chato e maçante, mas a atividade física me ajudava a pensar melhor, além de ter toda aquela história de melhorar a sua relação com você mesmo e com o seu corpo. Eu não posso negar que, depois que eu comecei a fazer isso, o meu rendimento nas aulas melhorou infinitamente, além de me sentir muito mais disposta durante o dia. As meninas, mais a , visto que a Charlotte era obcecada com a academia e com o seu corpo, poderiam até rir de mim por sair para correr super cedo todos os dias, mas era isso, além de uma boa xícara de café e uma música alta que me ajudava a conseguir fazer tudo o que era necessário.
Eu nunca consegui entender esse problema que as pessoas têm em acordar cedo. Para mim, era revigorante. Quanto mais tempo eu passava na cama, mais sono e preguiça me davam. Diferente das outras duas que moravam comigo, que se fosse possível ficariam deitadas o dia inteiro para sempre.
A aula do dia, de estamparia, acabou mais cedo porque a professora tinha que buscar o filho na escola ou algo assim, o que me deixou com algumas horinhas livres. O que você faz quando é universitária e não tem aula? A única coisa possível: abrir o computador e passar horas e horas navegando na internet, principalmente no twitter. Assim que eu entrei no site, vi que a banda All Time Low estava começando uma live para anunciar alguma coisa importante, de acordo com os tweets que os integrantes deram. Como eu era praticamente uma fangirl dos caras, é obvio que não perdi.
No final das contas, eram eles falando que foram convidados para participar do Victoria’s Secret Fashion Show, um dos desfiles mais aguardados no mundo todo, não somente pelo pessoal da moda, mas o negócio estava virando um show à parte, com várias atrações musicais e sendo transmitido em horário nobre na CBS, uma das melhores emissoras do país.
Não é necessário dizer que eu surtei horrores. O sonho da maioria dos estilistas é trabalhar para uma marca famosa, e, no meu caso, a VS. Eu sempre fui fascinada com esse mundo de passarelas, e eu achava o desfile deles um dos mais lindos. Era muita extravagância, com aquelas asas enormes e brilhantes, sem contar o maravilhoso ‘fantasy bra’, usado pelas melhores modelos de todos os tempos, basicamente o sonho de consumo de toda menina que tem um mínimo interesse em moda. Além do figurino impecável, também havia a questão das ‘angels’, que eram maravilhosas e que eu sabia cada detalhe sobre elas, principalmente devido à Lottie.
Eu não perderia esse show por nada.
E mal sabia eu como isso seria verdade.
POV ALEX
4 meses antes:
Mesmo com o show da Victoria’s Secret, a gente não parou com a divulgação do nosso álbum ‘So Wrong, It’s Right’, que havia saído há pouco tempo, e do nosso single ‘Dear Maria, Count Me In’, que em menos de duas semanas de lançamento já estava tocando nas rádios e já possuía um número estrondoso de visualizações no YouTube. A rotina era insana, entrevistas quase todos os dias da semana, tanto para revistas, rádios, programas de TV pequenos ou grandes, se convidavam a gente estava indo.
Desde o lançamento do álbum, há mais ou menos seis meses atrás, tudo o que a gente fazia era sobre divulgar, foram inúmeras entrevistas e inúmeros shows, que já faziam parte da nova turnê. E nada disso seria possível se não fosse o nosso magnifico empresário e agente Brian Southall. Sem ele nós quatro com certeza estaríamos perdidos, já que não iríamos conseguir chegar nem na esquina sem ajuda. Brian era responsável por nos levar aos lugares que tínhamos que estar, garantir que chegaríamos na hora, todas essas coisas que é muito difícil para quatro caras fazerem sozinhos.
Hoje faríamos mais um show, dessa vez em um festival em Atlanta, chamado ‘Shaky Knees Music Festival’, e tocaríamos junto com Queens of the Stone Age, Jimmy Eat World e Franz Ferdinand, ou seja, só com a galera top. Era um festival muito bom, e tínhamos que fazer um bom setlist. O mais difícil de tocar em festival é que não são só as pessoas que gostam de você que estão na plateia, e sim um público variado. Por isso as músicas que seriam tocadas precisam ser pensadas cuidadosamente, assim como tudo o que faríamos e falaríamos no palco, para não dar nada errado.
Nós quatro iríamos ficar em um mesmo quarto em um hotel, pois era uma noite só e era mais fácil para organizar as coisas assim. Assim que chegamos em Atlanta, o que foi bem cedo, seguimos para esse hotel para dar tempo de dar o famoso cochilo antes do horário de seguir para o Central Park, onde seria o bendito festival. Sim, em Atlanta também tem um local que se chama Central Park. Confuso? Sim, porém é só aceitar o fato e seguir em frente.
Quando deu 14h da tarde, começamos a nos arrumar para seguir para o festival, visto que ainda faltava fazer a soundcheck e nos prepararmos para tocar, e seríamos um dos primeiros. Por um milagre, todos conseguimos ficar prontos sem maiores confusões e sem maiores brigas, o que quase nunca ocorria. Às 15h em ponto já estávamos no local, graças a Brian, que eu tenho certeza que tem um lugarzinho no céu garantido sem julgamentos, prontos para dar os ajustes finais na setlist e nos instrumentos.
Nosso show não seria um dos maiores, duraria mais ou menos uns quarenta minutos, mas seria bom para a nossa carreira musical que estava se iniciando agora. Iniciaríamos o show com Dear Maria, e a setlist contaria com, além das nossas próprias músicas, alguns covers de músicas que a galera que estava lá curtia. Estávamos muito nervosos para o início do show, Jack não conseguia parar quieto, Zack já havia feito umas quinhentas flexões (essa era sua maneira de se acalmar – estranho, eu sei), Rian estava tamborilando os dedos na mesa, o que deixava todo mundo ainda mais nervoso com aquele barulho infernal e eu estava praticamente quicando no meu lugar no sofá, esperando a hora do show.
- A hora é essa, meninos! Peguem seus instrumentos e vamos lá! – Brian enfiou a cabeça na porta da sala onde estávamos. Não é necessário dizer que isso quase fez com que os quatro enfartassem. Fizemos o que ele disse, nos levantando e cada um buscando pela sua guitarra, baixo e no caso de Rian, baquetas. Estávamos muito nervosos, pois não sabíamos como iria ser a aceitação do público com a gente, mas isso não nos impediu de ir lá e arrasar.
- Vamos lá, caras! A gente consegue! – Falei, o que levou a um abraço em grupo seguido de um berro de Jack. Em cinco minutos nós já estávamos no palco, com as primeiras notas de ‘Dear Maria’ soando alto nas caixas de som. Para a nossa surpresa, havia uma grande parte da galera cantando com a gente, o que nos deixou felizes para caralho.
- Olá, Atlanta! – Jack berrou no microfone, levando as pessoas a gritarem também. – Nós somos a All Time Low e iremos tocar algumas músicas para vocês! Esperamos que não seja tão ruim e que vocês gostem. – Ele riu e nós já engatamos as notas de ‘Coffee Shop Soundtrack’, que era a próxima música da setlist. Tocamos mais umas três músicas direto até chegar a hora de um cover, que decidimos que seria ‘American Idiot’, do Green Day.
- E aí, gente? Eu sou o Alex! – Me apresentei. – Agora, como sabemos que nossas músicas não são tããão boas assim, vamos tocar algumas músicas de bandas melhores que a gente. – Brinquei, rindo contra o microfone. – Espero que vocês conheçam a banda ‘Green Day’.
Quando começamos a tocar American Idiot, o público pirou, todo mundo cantando junto. A atmosfera do show estava maravilhosa, fazendo a gente querer ficar lá em cima do palco para sempre. Na hora que fomos perceber já era a última música que iríamos tocar, o que nos fez ficar um pouco tristes, pois o show foi muito melhor do que estávamos esperando.
- Muito obrigado por aturar a gente durante esse tempo! – Zack agradeceu.
- O show já está acabando. – Jack fez uma expressão triste, fazendo com que o público fizesse um ‘aaaaaaah’ de tristeza. – Mas ainda temos uma última música, vocês querem?
- Muito obrigado por ficarem com a gente! Eu sou o Alex, esse esquisito do meu lado é o Jack, esse esquisito do outro lado é o Zack e o da bateria é o Rian. Nós somos a All Time Low, de Baltimore. Obrigado mais uma vez! – Falei, agradecendo e começando a tocar as notas da última música, The Girl's a Straight-Up Hustler.
POV
4 meses antes:
A faculdade estava uma loucura. Cada vez mais trabalhos e mais projetos para serem feitos, e eu mal estava tendo tempo sequer para dormir. Tudo o que os nossos professores sabiam falar era sobre a porcaria do desfile, e parecia que todo o campus estava girando em torno disso. Eu nunca vi tanta gente obcecada com uma coisa igual esse povo estava com isso, nem em shows de bandas adolescentes.
Eu e estávamos gastando montanhas e montanhas de dinheiro com tecidos, agulhas, linhas e até mesmo uma máquina de costura nova para o nosso apartamento, pois não estava dando para depender dos da faculdade, visto que os alunos estavam praticamente saindo no tapa para conseguir reservar umas horinhas de uso. Ao mesmo tempo que era uma oportunidade maravilhosa para todos que escolhiam o desfile como avaliação, já que milhares de olheiros das melhores marcas do mundo eram convidados para participar, era uma loucura que acabava por deixar todos os envolvidos loucos, alguns até mesmo com a saúde mental comprometida.
Todo o tempo livre que eu tinha eu usava para ficar obcecada pela minha segunda coisa favorita além da moda: música. Especificamente meu gênero musical favorito, o pop-punk. Diga o que quiser, mas não há nada melhor do que passar uma tarde ouvindo Fall Out Boy, Panic! At The Disco e All Time Low. Para a minha sorte, também era o tipo de música que a mais gostava, então não era incomum nos encontrar aos berros dentro de casa ao som dessas bandas tentando montar a nossa coleção do desfile, que teria que ser composta por 10 looks feitos todos pela gente. Nossa vida estava um inferno.
O desfile só iria acontecer mesmo no final do semestre, então ainda tínhamos uns meses para fazer tudo direitinho, mas, no nosso caso, queríamos tudo perfeito, como as boas perfeccionistas que somos.
Como disse, era normal escutar o som alto saindo de nossa porta nos nossos dias de “folga” da faculdade, e era o que estava acontecendo quando Lottie chegou em casa.
- Não é possível, um dia vocês vão ficar surdas. – Ela reclamou, como sempre fazia quando o som estava nas alturas.
- Ah, por favor, Charlotte. Eu e estamos tentando nos concentrar, você sabe que fazemos isso melhor com música. – tentou nos defender, por mais que a música estivesse realmente muito alta.
- E outra, você vai reclamar de ouvir a voz de Brendon Urie assim tão alta? Porque eu não reclamaria. – Surgi de uma pilha de tecidos na qual eu estava enfiada, tentando achar um específico, rindo.
- Realmente, aliás eu não reclamaria de nada desse homem, nem se ele estivesse cantando aquelas óperas horrorosas para mim. – colocou um bom ponto na conversa, enquanto Lottie ia até a caixa de som para abaixar o volume, gerando uma reclamação geral de nós duas.
- Ah, nem vem, Lottie. Estamos há cinco horas aqui tentando fazer a desgraça desse modelo de vestido e não acertamos por nada, a música ajuda a gente a se concentrar melhor, ou pelo menos a não ficar com muita raiva. – disse, se levantando e indo aumentar a música mais uma vez. Eu não acredito que elas iam ficar nesse joguinho de gato e rato que nem duas crianças mimadas.
Tentando descontrair antes que aquilo virasse uma briga catastrófica – o que não era muito difícil, visto que juntar três jovens estressadas com a faculdade em um mesmo ambiente é esperar por confusão na certa – fui até o computador que estava conectado com a caixa de som, e imediatamente “What’s my age again”, da melhor banda do mundo também conhecida como blink-182. Não há quem consiga ficar parada quando Mark Hoppus começa a cantar. Quando demos conta, as três já estavam gritando e berrando a letra da música como se não houvesse o amanhã.
O dia terminou ao som de muito pop-punk e gritaria, e eu honestamente sentia muita pena de todos os nossos vizinhos que tinham que nos aturar naquele prédio. No final, eu e já havíamos desistido de tentar continuar o negócio de modelagem que estávamos fazendo, e ficamos comendo junk-food e ouvindo música.
POV ALEX
2 meses antes:
Estávamos cada vez mais famosos. Depois do show no festival em Atlanta, nossa banda estava chamando cada vez mais atenção de revistas, rádios e todas essas coisas. De pouco a pouco nosso lugarzinho na mídia estava sendo instaurado, e a cada dia que passava estávamos conquistando mais fãs, o que nos deixava em estado de êxtase. Faltavam menos de dois meses para o show, e o nervosismo só aumentava. Os preparativos finais já estavam sendo feitos e a divulgação estava a todo vapor. Estávamos ensaiando como nunca, e nossa agenda estava apertadíssima. Era época de turnê, ou seja, estávamos fazendo shows todos os dias e viajando de um canto para outro dos Estados Unidos.
Foram mais de 40 shows em dois meses, e isso deixa qualquer um destruído, principalmente quatro caras que querem aproveitar o máximo da vida. O melhor de ser um rockstar é que você é convidado para festas muito boas, e festejar foi o que mais fizemos nesse tempo. Praticamente todos os dias nós três, eu, Jack e Zack (Rian não ia muito pois era o único que namorava), estávamos indo para uma festa diferente.
Brian estava tendo que controlar a quantidade de dias que a gente saía para evitar problemas, já que realmente não é muito adequado deixar jovens que só querem saber de beber para caralho tomar conta da própria vida, principalmente quando eles precisavam cumprir horários e compromissos específicos e importantes. Ele era um cara esperto. Teve um dia que o Jack ficou tão bêbado, mas tão bêbado, que ele chegou na reunião às quatro da tarde do dia seguinte ainda transtornado. Não é necessário dizer que Brian xingou ele todinho enquanto a gente ficava rindo da cara dele levando bronca.
E não foi diferente, quando dei por mim eu e os meninos já estávamos na porta da casa de uma menina que estava dando uma puta duma festa, cheia de gente famosa e importante, depois do nosso show, que nos recebeu com um sorriso e cerveja gelada. Isso é que é vida. Mas essa não foi uma festa comum como todas as outras, onde a gente bebia até não aguentar mais e depois seguíamos cambaleando para casa. Não, foi nessa festa, no meio de Nova York, que eu vi ela pela primeira vez. Mas ela não tinha me visto e, se tinha, não estava nem aí para as minhas tentativas de me aproximar.
E eu não conseguia tirar ela da minha cabeça de jeito nenhum, e nem o seu nome eu sabia. Eu só conseguia pensar na garota de cabelos pretos e olhos azuis que era com certeza a mulher mais bonita que eu já vi na minha vida. Desde então eu só consigo pensar no quão burro eu fui de não ter ido conversar com ela na festa.
POV
2 meses antes:
O semestre estava quase chegando no fim, o que significa que a faculdade inteira estava um caos. Você não sabe o que é um fim de semestre até passar por um, e era como um campo de guerra. Pessoas chorando em cima de livros na sala de aula, no restaurante da faculdade, nas escadas, nos corredores, basicamente pessoas chorando o tempo inteiro, além de todos estarem desesperados. Para quem ia participar do desfile estava ainda pior, pois além das atividades avaliativas das matérias (menos as provas, que seriam avaliadas no desfile), ainda havia toda a produção de roupas e acessórios que finalmente estavam chegando ao fim, com alunos de todos os períodos e de várias matérias envolvidos nesse processo.
Eu e as meninas não estávamos mais aguentando toda a pressão, e foi um alívio quando Lottie apareceu com três papeizinhos na mão:
- Adivinhem o que eu tenho aqui! – Ela chegou dando os seus característicos pulinhos, assustando eu e que estávamos na cafeteria.
- Bom, amiga, eu infelizmente ainda não adquiri o poder de adivinhação, nem de ler mentes, então só iremos saber quando você contar. – falou, sendo um poço de delicadeza, como sempre.
- Nossa, meu anjo, não precisa ser grossa assim não, viu? Principalmente com alguém que tem ingressos para uma das melhores festas universitárias! – Charlotte praticamente gritou essa última parte, esfregando os papéis na nossa cara. Eu não acredito que essa filha de uma boa mãe tinha conseguido entradas para a festa da Fernanda, que era uma das meninas mais ricas da faculdade e que sempre estava fazendo eventos gigantescos. Ah, e vale a pena comentar que o sonho de todas as pessoas daquela faculdade é conseguir ir para as festas dela, inclusive o nosso. Estávamos obcecadas com esses eventos desde que entramos para a FIT.
Era muito difícil conseguir convite para alguma coisa que aquela menina fazia, principalmente eu e , que não éramos ninguém. Apesar de Charlotte ser irmã da Kate Moss, ela também não fazia questão de ser tão conhecida assim, tanto que quase ninguém da faculdade sabia sobre o seu parentesco. Ela mal usava o sobrenome Moss, para não chamar muita atenção. Para ela, que estava em um curso de modelos, se muita gente descobrisse quem ela realmente era a vida da garota ia virar um inferno.
- Amiga, se não foi Deus que te colocou na minha vida, eu não sei quem foi. – Falei, me levantando para dar um abraço nela. – Nem Ele sabe o quanto eu ando precisando de uma festa.
- Nossa, nem me fale. Nessa reta quase final tudo o que eu mais tô precisando é sair para encher a cara e não lembrar nem o meu nome. – falou, externando o que todas nós sentíamos. Tudo bem que sair para beber tanto assim não tinha como fazer bem, mas de vez em quando não mata.
A festa seria no sábado, ou seja, dois dias depois que Charlotte conseguiu as entradas. Tínhamos então dois dias para conseguir roupas decentes e essas coisas importantes para jovens universitárias. No mesmo dia, após o término das aulas, saímos para fazer compras. Não que fôssemos meninas vaidosas ou coisa assim, mas, quando se está cursando Moda e quando tudo o que você faz é estudar, na primeira oportunidade de ir para uma festa boa a única opção possível é sair para espairecer e comprar roupas novas.
Depois de muita luta, dor, sofrimento e várias xícaras de café, o sábado chegou. Eu e as meninas estávamos animadíssimas, pois seria a primeira vez que iríamos para uma festa da Fernanda. Por mais que Charlotte não tivesse revelado como conseguiu os ingressos, ela provavelmente tinha usado de sua pequena influência, o que iria estragar o silêncio que ela buscava na faculdade. O fato dela querer abrir mão da sua clandestinidade pela gente era realmente muito fofo.
De compras feitas, roupas separadas e muita animação, foi a hora de começar a nos arrumar. Cinco horas depois, com pausa para o lanche, as três estavam prontíssimas para irem para uma das melhores festas do campus. Não é preciso dizer que eu fiquei horrorizada – de uma boa maneira – com a casa da menina. Se bem que nem é correto chamar aquilo de casa, pois o termo mais apropriado seria mansão. Três andares e não sei quantos mil metros quadrados estavam decorados para a ocasião. Independentemente do que a Charlotte fez para conseguir os ingressos, valeu a pena.
Olha, sinceramente, eu nunca tinha ido a uma festa universitária tão boa como aquela. E ficou ainda melhor quando descobrimos que os meninos da All Time Low também estavam nela. Não é todo dia que você tem a chance de estar em um mesmo ambiente que o seu ídolo, não é mesmo? Quando eu e as meninas vimos os quatro chegando praticamente tivemos um ataque, daqueles de adolescente, gritando e tudo, uma decadência.
Eu posso jurar – ou talvez eu realmente só estivesse muito bêbada – que Alex Gaskarth ficou me encarando durante a festa. Toda vez que eu olhava para o bendito ele estava olhando para mim, mas infelizmente eu era muito tímida para ir falar alguma coisa, principalmente com um cara que eu admirava muito. Mas isso era provavelmente coisa da minha cabeça, pois qual a possibilidade do meu ídolo estar olhando para mim?
POV ALEX
1 mês antes:
Faltavam exatamente 30 dias para o desfile e, consequentemente, para o nosso show. Tudo o que iríamos fazer já estava definido e organizado, só nos faltavam ensaiar muito e tentar não errar nada na hora. Eu ainda não tinha conseguido tirar a menina misteriosa da minha cabeça. Tudo o que eu queria era saber no mínimo o seu nome, já havia até perguntando para a dona da festa quem ela era, mas, infelizmente, ela também não sabia. Todo mundo que eu perguntava sobre a garota não sabia me informar nada, era quase como se ela nem existisse, como se minha mente estivesse tentando me pregar uma peça.
Mas, como eu disse, junto com a fama também vinham rumores indesejados. A cada dia que passava saíam notícias nossas nos jornais e websites sobre como estávamos fazendo jus ao punk sendo ‘adolescentes que destroem quartos de hotel e que não tinham nenhum respeito por nada e nem ninguém’. O que não era totalmente verdade, pois nunca destruímos um quarto de hotel. Era somente esse mundo horrível midiático que já estava tentando nos destruir logo no começo.
Os meninos já não me aguentavam mais falando da tal garota que ninguém tinha visto na festa além de mim, e eu estava quase convencido de que havia imaginado a menina, provavelmente pelo tanto de álcool que meu corpo possuía naquela noite, o que não seria impossível.
- Alex, pelo amor de Deus! Eu juro que se você falar dessa menina mais uma vez eu vou te descer a porrada. - Jack falou, comprovando o meu ponto. Eu sei que eu estava insuportável, mas também não tinha necessidade de tanta violência.
- Mas eu não fiz nada… - Tentei me justificar fazendo o famoso drama, o que não ajudou muito.
- Exatamente! Você não anda fazendo nada além de falar na porcaria da menina que você não sabe nem o nome e que mais ninguém viu! - Ele falou, exasperado. Ok, ele tinha razão, mas de maneira nenhuma eu iria admitir isso.
- Olha, não é porque eu fiquei com uma queda na menina que eu só penso e falo nela… - Todos riram da minha cara quando eu falei isso, não acreditando nem um pouco em mim e sabendo que era mentira, até porque todos estavam convivendo comigo nesses dias todos. Clássico.
- Ah, pronto. Só me faltava essa. Você vai ter a cara de pau de negar que anda até sonhando com essa garota? Eu ouvi você falando dormindo! - Rian apontou o dedo na minha cara, o que levou a uma série de risadas e a um Alex muito vermelho.
- Ai, vocês são um saco. Parece que ninguém mais lembra quando o Rian começou a namorar e era ‘Dallas isso’ ‘Dallas aquilo’ o tempo todo. - Acusei.
- Bom, mas pelo menos ele sabia o nome dela. - Zack falou, com um bom ponto. Eu realmente não tinha como me defender do que eles estavam falando.
- Ok, ok, eu já entendi que vocês me acham um psicopata. Será se agora podemos seguir para o ensaio? - Tentei mudar de assunto, porque não aguentava mais eles me enchendo o saco.
Fomos então para o estúdio tentar terminar de vez os ensaios para o VSFS e definir tudo o que seria feito, pois, além dele, estávamos em turnê com o álbum novo. Nossa vida estava uma loucura, e estávamos tentando conciliar todos os nossos compromissos sem surtar demais. Demais porque era impossível não surtar nem um pouco com a mudança que estava ocorrendo em nossas vidas, que foi de uma hora para outra. Em um dia ainda éramos estudantes do ensino médio e em outro já estávamos fazendo shows e lançando discos (não tão rapidamente assim, foi com muito esforço, mas continua sendo uma mudança brusca em nossas vidas).
POV
1 mês antes
Faltavam exatamente 20 dias para o desfile e o caos estava instalado. Tanto na nossa casa, com pedaços de tecidos e outros apetrechos em literalmente todos os cômodos possíveis como na faculdade, que estava basicamente do mesmo jeito que a nossa casa, mas em uma escala infinitamente maior. É isso que dá quando a faculdade é toda voltada para cursos nessa área: bagunça total.
Eu realmente não sei como eu e estávamos conseguindo deixar tudo para entregar certinho dentro do prazo. Charlotte quase não parava em casa, pois a maioria de suas tarefas eram na faculdade, principalmente os ensaios na passarela. Não era surpresa quando ela chegava praticamente de madrugada em casa e ia direto para a cama.
- Caralho, ! Eu falei que eu queria a seda azul, não cetim! – Eu falei, exasperada, quando a minha amiga surgiu com um rolo imenso de cetim azul, quando eu claramente tinha pedido seda azul para finalizar o vestido que eu estava confeccionando.
- Não, , você pediu CETIM azul, eu tenho certeza. – Ela se defendeu, fazendo cara feia. Gente, mas não é possível que a menina não conseguia me trazer um tecido certo.
- Ok. Tudo bem. – Respirei fundo para não brigar ainda mais com ela. Eu estava estressada, mas isso não era motivo para descontar na coitada, mesmo que ela realmente tivesse trago o pano errado. – Não tem problema, eu vou correr lá na sala de tecidos pegar a seda azul.
Me levantei da minha máquina e fui andando pelos corredores até a sala onde os tecidos ficavam armazenados. Assim que peguei o que eu precisava e fui voltar, com um rolo imenso de tecido nas mãos, fui empurrada por Charlotte, que aparentemente não viu que eu estava no corredor ou então resolveu que seria legal passar por cima de mim.
- Meu Deus, amiga, olha para onde anda! – Falei, esfregando o ombro onde ela havia esbarrado.
- Ah, desculpa, ! Eu não vi que você estava no caminho. – Ela se desculpou, sorrindo e dando os tradicionais pulinhos. Mas então ela começou a falar muito alto e muito rápido, demonstrando sua animação. – Você não sabe o que a minha irmã acabou de me mandar para a gente!
- Ai, fala logo, Lottie! – Se Kate Moss estava mandando algo para nós, eu queria saber o que era o mais rápido possível!
- , eu não acho que você esteja preparada. – Ela fez suspense. – Vamos até a e eu conto para vocês ao mesmo tempo.
Revirei os olhos, aquela menina realmente sabia como ser irritante. Mas, fazendo o que ela disse, seguimos até a sala onde ficavam as máquinas de costura, onde encontramos uma lutando contra a agulha que aparentemente não queria se encaixar no suporte de jeito nenhum.
- ! – Charlotte gritou, assustando a garota, que acabou furando a mão, e todos os outros que estavam na sala, enquanto eu ria e deixava o tecido em cima da minha bancada. – Vamos na cafeteria, agora!
, então, se levantou um pouco de mau humor por ter se machucado, mesmo quando isso era algo que acontecia sempre, nos seguindo para a porta. Charlotte estava fazendo um suspense insuportável, e nos fez comprar coisas para comer antes de dizer o que a irmã dela havia mandado.
- Ok, estão preparadas? – Ela finalmente perguntou, e eu somente lhe lancei um olhar de ‘fala sério’ enquanto mordiscava minha empada.
- Minha filha, se tem uma coisa que a gente está, é preparada. – brincou, aparentemente já tendo esquecido o episódio com a agulha.
- Está bom, eu vou falar! – Ela anunciou. Gente, não é possível alguém enrolar tanto. – Minha irmã mandou três convites para o Victoria’s Secret Fashion Show!
E foi nesse momento que a latinha de refrigerante que estava na minha mão foi direto para o chão. Puta. Que. Pariu.
- Meu Deus do céu, você está falando sério? – perguntou, meio gritando e meio sussurrando, sem conseguir falar direito, num estado praticamente igual ao que eu estava. Ir para um desfile da VS era o que eu sonhava desde criancinha, quando comecei a me interessar pelo mundo da moda.
- Como? Quê? Por que ela tá dando isso pra gente? – Perguntei, meio atônica. Para começar, a gente nem conhecia a irmã da Lottie direito, e dar ingressos do VSFS para pessoas que você não conhece é no mínimo inesperado. – Ela tem noção que esse é, tipo, o maior sonho da minha vida?
- Das nossas vidas, né, bebê? – Lottie falou. – E ela deu três ingressos porque sabe que vocês são minhas melhores amigas e que esse também é o sonho de vocês. Moral de ser uma super top model.
- A sua irmã é realmente a melhor irmã do Mundo. – disse, ainda um pouco chocada. Puta merda, a gente realmente iria para um dos maiores e mais importantes desfiles da atualidade.
POV ALEX
3 dias antes:
Faltavam exatamente três dias para o show. Era dia de voar para Nova York, onde ele iria ocorrer, de fazer a primeira checagem de som e passar todas as músicas pela última vez e torcer para tudo dar certo quando fosse para valer. Nossos instrumentos estavam customizados para cada parte do show que a gente fosse tocar, a produção deles estava gastando realmente um dinheiro absurdo com a gente. Além da All Time Low, mais uma banda conhecida e uma cantora iriam cantar também no desfile, sendo eles a Kings of Leon e a P!nk, ambos maravilhosos. Eu ainda não havia conseguido tirar a menina misteriosa da minha cabeça, mas já havia desistido de procurar por ela. Estava sendo apenas uma gostosa lembrança de uma pessoa que eu sequer tive a chance de conversar.
A mídia estava pegando cada vez mais no nosso pé, o que por um lado era bom, pois trazia publicidade, mas não tínhamos certeza se era a publicidade negativa que estávamos querendo. Mas, era preciso entrar no jogo se a nossa intenção era subir no mundo da indústria musical, e então foi isso o que decidimos fazer. Para cada notícia que saía sobre a gente falando em como éramos bagunceiros, em como sentíamos prazer em destruir as coisas e no quão drogado nós estávamos nos tornando, a gente fazia exatamente o oposto, ajudando instituições de caridade e tentando passar a imagem de bons moços.
O problema é que não era muito difícil ficar com má fama, principalmente se os quatro adoravam uma festa e gritaria. Por mais que nenhum de nós tivesse o costume de usar drogas pesadas e nem de sair quebrando quartos de hotel, sempre saíam imagens nossas nos jornais e revistas cambaleando de tão bêbados após sair de alguma festa às quatro da manhã, e isso era uma coisa que ocorria com certa frequência.
Foi por isso que, três dias antes do tão aguardado show, nosso empresário nos fez prometer que até o dia do evento ninguém iria para nenhuma festa, nem se embebedar para caralho, nem passar vergonha em público, basicamente o que deveríamos ter o cuidado de fazer sempre, porém nunca acontecia. E é claro que prometemos, pois não queríamos ferrar com tudo o que tínhamos lutado tanto para conseguir. Sabíamos que era a nossa chance de começar a brilhar, e de jeito nenhum que iríamos desperdiçá-la.
Chegamos em NYC bem cedo e felizmente antes do planejado, o que dava para todos um tempinho para descansar antes da passagem de som. Quando se está fazendo turnê e viajando quase todos os dias (na maior parte das vezes, de ônibus), tudo o que você mais deseja é um quarto de hotel decente e umas três horinhas para dormir profundamente. Não que eu esteja reclamando – de maneira alguma, eu amo tocar para as pessoas, principalmente para aquelas que realmente querem ouvir o nosso som – mas não dá para negar que é uma vida bem cansativa.
Assim que chegamos no hotel e fizemos a divisão habitual dos quartos (eu e Jack em um, Rian e Zack em outro e Brian em um só para ele, pois, em suas palavras, ele merecia um sozinho pois já tinha que nos aturar durante muito tempo diariamente e não queria olhar para nossa cara quando ele estivesse indo dormir), todos seguimos direto para a cama tentar tirar um famoso cochilo, nem que fosse por uma horinha, antes de termos que ir para a arena onde faríamos a passagem de som.
No final das contas, a passagem de som foi super rápida, pois só iríamos tocar três músicas. Foi bom pois ficamos conhecendo algumas modelos e os outros caras que iriam se apresentar também, que eram muito mais famosos do que a gente. Foi uma honra imensa estar no mesmo lugar que os caras do Kings of Leon e da própria P!nk, que foi supersimpática com a gente. Não é necessário dizer que ficamos parecendo criancinhas depois, de tão animados.
POV
3 dias antes
Era finalmente o dia do nosso tão esperado desfile, o momento no qual nos preparamos o ano inteiro para acontecer. Eu ainda não havia conseguido tirar o Alex da minha cabeça, mas como as meninas mesmo disseram, ele provavelmente não estava nem aí para mim. O dia foi regado de muita confusão e dor de cabeça, com alunos correndo para lá e para cá carregando roupas, tecidos, moldes, manequins e mais um monte de coisa, tentando deixar tudo pronto. Além dos alunos de Moda, também estavam envolvidos os alunos do curso de Modelagem, Audiovisual, Design de Interiores e mais alguns, todos envolvidos em transformar o desfile em algo profissional de verdade.
Cada aluno de Moda teria direito a dois looks, assim como a modelo designada para esse aluno. Eu e havíamos escolhido trabalhar em dupla, então Charlotte desfilaria quatro vezes. A ordem de apresentação tinha sido escolhida por sorteio, tanto da parte dos alunos de moda como dos modelos, e nós apresentaríamos todos os looks mais ou menos na metade do desfile.
Felizmente tínhamos conseguido deixar tudo pronto e ajustado, e nós não poderíamos ficar nos bastidores de jeito nenhum, pois isso era com o povo que cursava Modelagem e outros cursos, como Gestão de Produção de Desfiles (sim, isso é um curso). Então eu e estávamos praticamente surtando por dois motivos: se alguma coisa desse errado com o figurino nós não íamos poder ajudar e o desfile da Victoria’s Secret seria daqui a três dias.
O desfile começaria às 19h em ponto, então aproximadamente às 18h30 não poderia ter mais nenhum aluno de Moda nos bastidores, o que deixava a gente com cerca de três horas para arrumar o nosso cantinho e explicar tudo com detalhes para a Lottie sobre as roupas, pois ela teria que se virar praticamente sozinha. Eu realmente poderia dizer que nunca fiz tanta coisa em tão pouco tempo, a ponto de, quando deu a hora de irmos nos sentar passa assistir ao desfile, eu e estávamos praticamente pingando de suor. Um charme.
Felizmente tudo ocorreu super bem, Charlotte conseguiu colocar todos os figurinos sem maiores problemas, todos os looks ficaram ótimos e os alunos participantes foram aplaudidos de pé, inclusive pelas pessoas mais fodas da indústria da moda que estavam ali presentes, o que levou a maioria dos alunos a saírem de lá derramando algumas lágrimas, inclusive eu.
Além da preocupação com o desfile, que finalmente havia acabado, havia também o nervosismo com o Victoria’s Secret Fashion Show, que seria dali a três dias, e eu ainda não havia começado a acreditar que iria realizar o meu sonho de infância, quando via a Tyra Banks desfilar usando o magnífico ‘fantasy bra’ que era o sonho de toda modelo usar e de todo estilista fazer.
Era provavelmente o maior evento que eu um dia iria, e eu estava muito nervosa, assim como , sem saber o que iríamos vestir, que sapato usar, como nos comportar lá, e todas essas coisas. Na melhor das hipóteses, Lottie nos ajudaria com tudo e no final sairia tudo perfeito. Na pior, nós passaríamos vergonha, mas pelo menos teríamos visto as melhores modelos do mundo e nossa banda favorita. Resta saber qual das duas opções seria a escolhida.
POV ALEX
No dia do show:
Finalmente o dia tão aguardado tinha chegado: era hora do show.
Eu e Jack fomos brutalmente acordados às nove da manhã, o que deveria ser considerado crime. Já era bem ruim acordar cedo desse jeito, principalmente com Brian gritando e se jogando em cima da gente, como ele sempre fazia. Sério, quem deu esse tipo de intimidade para esse homem? Não é possível que ele ache normal fazer uma coisa dessas.
Encontramos com os outros meninos no local de café da manhã e eles aparentavam estar com tanto sono quanto a gente. De verdade, deveria existir uma lei que proibisse acordar as pessoas tão cedo desse jeito. Após comermos sem muito papo, Brian nos reuniu no quarto dele para realmente darmos os últimos ajustes, como, por exemplo, como deveríamos agir no palco e fora dele, principalmente durante a after party, como deveríamos nos vestir, com o figurino que foi pré-determinado pelas pessoas da produção do desfile, essas coisas importantes. Pelo visto, Brian realmente não confiava nada na gente, pois ele não parava de falar que era para a gente tomar muito cuidado com cada palavra proferida, com cada gesto e com cada ação, como se nós quatro fôssemos crianças de cinco anos que precisam de supervisão constante.
O show estava programado para acontecer às 19h, ou seja, era para estarmos lá às 16h para garantir que tudo saísse como esperado. Quando chegamos lá, eu fiquei espantado. Nunca havia visto uma estrutura mais bem montada do que aquela, com imensos holofotes, um palco gigante, tudo em grande quantidade e muito bem feito. Acho que não fui o único, pois quando olhei para os meninos eles estavam da mesma maneira: de boca aberta.
O tempo acabou por passar bem rápido e quando dei por mim já estava trocando de roupa e pronto para entrar no palco. Estava mais nervoso do que eu jamais estive, assim como os meus companheiros de banda, principalmente por saber que seria transmitido para os Estados Unidos inteiro ao vivo e na próxima semana para o Mundo todo que acompanhava através das redes sociais. Fizemos o nosso ritual de sempre e logo em seguida a produção foi nos encaminhando para o nosso local no palco, e fomos cumprimentando algumas modelos que passavam por nós no caminho e que foram muito simpáticas.
Nos posicionamos em nossos lugares, eu estava com meus dedos posicionados nas notas iniciais de ‘Dear Maria’, assim como os meninos. As luzes se apagaram, e foi nossa deixa para começar. Lentamente uma espécie de “cortina” que estava nos tampando começou a subir, e a primeira modelo, que se chamava Candice e que era uma das mulheres mais bonitas que eu já vi, começou a desfilar, com aquelas asas enormes características. Nossa apresentação foi muito boa, cheia de interação com as modelos, algumas até cantando junto com a gente, o que nos deixou super felizes. Assim que terminamos de cantar, fomos correndo para o backstage, assim como nos foi indicado para fazer. Sério, eu nunca vi tanta correria em toda a minha vida. Era muita gente fazendo muita coisa ao mesmo tempo, o que deixava qualquer um que não estava muito acostumado (como a gente) completamente desorientado.
Depois da gente, foi a vez dos caras da Kings of Leon, que tocaram uma puta versão de ‘Sex on Fire’, e, enquanto as modelos estavam desfilando, aconteciam pequenas explosões com aqueles fogos pirotécnicos. Era realmente muito dinheiro envolvido na produção desse negócio, não é de se admirar que seja um dos eventos mais aguardados do ano. Duas seções depois foi a nossa vez novamente, e foi a hora de uma versão ainda mais acústica de ‘Remembering Sunday’, onde as modelos estavam desfilando todas com lingeries brancas ou pratas, com pequenos flocos de neve caindo em forma de animações digitais nos telões atrás da gente e também no piso de toda a passarela.
Logo em seguida P!nk entrou no palco, cantando ‘So What’, e ela interagiu tanto com as modelos como se fosse uma delas. Digam o que quiserem, mas não se pode negar que essa mulher tem uma puta duma voz. Se um dia eu conseguisse atingir um terço do tanto que ela canta eu seria o vocalista mais feliz do Mundo, sem exagero. Por fim já estava na vez de nossa última música, que seria ‘Poppin’ Champagne’, e também seria fim do desfile.
A nossa última apresentação foi um sucesso total. A última seção foi uma das mais legais, cheias de efeitos especiais e as modelos estavam vestidas majoritariamente de preto, com os acessórios coloridos em tons metálicos, o que combinava com a roupa que estávamos usando. Depois do fim do desfile, e daquela parte em que todo mundo desfila junto e depois todos os cantores entram, essas coisas todas, foi a hora da melhor parte: a festa. É tudo o que poderíamos querer, com todas as bebidas do mundo e comidas maravilhosas, modelos lindas e música boa. Não se pode negar que esse povo sabe fazer uma festa.
POV
No dia do show:
Eu, e Charlotte estávamos muito ansiosas, a ponto de não conseguir dormir direito. Tínhamos passado praticamente a madrugada toda conversando sobre como seria o desfile, quais modelos iriam ser melhores, essas coisas. Tudo o que conseguimos de sono foi no máximo umas quatro horinhas, de quatro e meia da manhã até oito e meia, quando acordamos super eufóricas, prontas para gritar uma na cara da outra durante uns quarenta minutos até tomarmos vergonha na cara para começar a preparar as coisas.
Nós três havíamos marcado em um salão próximo à nossa casa maquiagem, manicure e alguém para dar um jeito no nosso cabelo. O desfile começaria às 19h, então deveríamos estar lá, de acordo com a irmã de Charlotte, mais ou menos às 18h30. O combinado era todas estarem prontas lá para as cinco horas, logo teríamos que ir para o salão mais ou menos às 13h, para dar tempo de tudo. E foi o que fizemos. Depois de levantar às 9h, tomamos o nosso café e fomos separar as roupas que usaríamos, tudo cortesia da Kate, que havia no mandado comprar o que quiséssemos usar. Eu havia escolhido um macacão todo preto com decote, o qual a parte de cima era todo decorado com brilho e a parte de baixo era feita de seda, com caimento justo, e para completar um scarpin também preto.
Quando o relógio bateu 17h35, nós três estávamos prontas no nosso apartamento, e faltavam apenas meia hora para o horário combinado para a gente sair de casa. Eu e as meninas estávamos, obviamente, muito nervosas e sem saber muito bem como lidar com o fato de que dali a algumas horas iríamos estar vendo algumas das melhores modelos do Mundo bem na nossa frente.
- Gente, é agora! O taxi já está lá em baixo nos esperando. – Lottie falou, conferindo o celular. Eu soltei o famoso gritinho e me levantei do sofá, pegando meu celular e minha bolsa, assim como as meninas, e me dirigindo para a porta. se certificou de que a porta estava trancada, e então fomos para o local do desfile.
Quando entramos na arena, ninguém mais, ninguém menos que Kate Moss (isso mesmo, fucking Kate Moss), estava esperando pela gente.
- Ei, meninas! – Ela disse, dando um abraço em cada uma. – Lottie, quanto tempo! Como vocês estão?
- Eu estou ótima. - Meu Deus, eu acho que vou passar mal. – Aliás, muito mais que ótima.
- Que bom! Vamos, vou levar vocês até os seus lugares e depois posso ver se consigo mostrar o backstage. – Kate Moss sorriu mais uma vez para a gente, nos dirigindo para dentro da arena até os nossos lugares.
Meia hora depois, as luzes se apagaram. Era hora do show. Os primeiros acordes de ‘Dear Maria’ começaram, e poucos segundos depois os holofotes se acenderam em cima dos meninos da All Time Low e as modelos começaram a desfilar.
Eu não conseguia nem colocar em palavras o tanto que tudo o que seguiu naquelas horas seguintes foi perfeito. As modelos estavam impecáveis, a música então, nem se fala, com a All Time Low, Kings of Leon e a maravilhosa da P!nk, tudo estava maravilhoso. Eu, e Charlotte estávamos literalmente de boca aberta o tempo inteiro, impressionadas com aqueles figurinos que deviam custar milhões cada centímetro de tecido. Você só viveu de verdade se teve a chance de olhar para as asas da VS ao vivo e em cores, quase perto o suficiente para tocá-las.
POV ALEX
Hoje
Eu já estava com a minha terceira long neck de cerveja na mão. Não estava muito a fim de ficar transtornado, até porque não era local de passar vergonha e mais uma vez ser mal interpretado pela imprensa. Além do mais, Brian havia especificamente nos alertado para não passarmos do limite e não estragarmos tudo, e estávamos focados nisso. Tinha muita gente importante ali da indústria musical que deveria ter uma boa impressão de nós. A festa havia começado a pouco tempo e eu estava na bancada de um dos bares conversando com Jack sobre alguma coisa qualquer quando eu a vi. Puta que pariu, quais eram as minhas chances no mundo de ver aquela menina de novo?
- Jack, socorro, a menina misteriosa da festa está aqui. – Eu o interrompi, sem prestar muita atenção no que ele estava falando.
- O quê? Você tem certeza? – Ah, pronto, só me faltava essa.
- É claro que eu tenho certeza, Jack. Tem dois meses que eu não consigo parar de pensar nela.
- Então vai lá falar com ela, oras. – Ele deu uma ideia que eu obviamente já estava pensando. Só faltava coragem para fazer isso.
- Como que eu vou fazer isso? Acho que não consigo. – Falei, sem entender o que estava acontecendo comigo. Eu só vi essa menina uma vez na vida, não é possível.
Observando de longe, eu percebi que ela estava conversando com uma das modelos, acho que é Kate Moss, e com mais duas garotas. Será se ela também é modelo? Quando eu finalmente criei coragem para ir falar com a tal, e estava andando em direção a ela, um cara que eu sabia ser de um tabloide famoso me parou para elogiar o show, e eu já estava imaginando as terríveis manchetes que ele iria criar. No final, ele apenas elogiou o show, fez algumas perguntas que eu achava que havia conseguido contornar muito bem e pediu um autógrafo para a sua filha Shelby. Sim, o cara tinha realmente dado o nome para filha em homenagem à empresa automobilística (eu perguntei).
Quando consegui me desvencilhar do cara, eu não conseguia ver a tal garota em nenhum lugar, e voltei para o bar meio derrotado, pedindo outra cerveja para o bartender e indo em direção aos meus amigos, que estavam na pista de dança. Estávamos nos mexendo e nos movimentando pela pista quando eu finalmente a vi novamente, e não deixei essa chance escapar. Eu reparei que ela também me olhava de vez em quando, mas era provavelmente só por ter me visto tocar no desfile. Fui chegando mais perto até que finalmente eu estava em uma distância segura para falar alguma coisa.
- Você é a menina que estava na festa da Fernanda, certo? – Perguntei, e ela levou um susto quando se virou para mim.
Quando dei por mim, já estávamos nos beijando ao som de alguma música pop que o DJ tocava. Seu nome era e ela cursava moda em uma faculdade de Nova York, muito boa por sinal. Estava ali a convite de uma das modelos, a mesma que eu havia visto conversando, Kate Moss, pois era amiga da irmã da mesma. Estava realizando um sonho, que era ver o VSFS, e outro ao ver a All Time Low tocar (sim, era uma fã).
- Alex! Eu preciso achar as minhas amigas. – Ela disse, depois de um tempo de conversa e beijos. Eu fiz uma cara triste, mas ela logo completou: - Eu não vou embora, eu realmente preciso achar as meninas.
- Ok, vamos fazer o seguinte, então: você vai, acha as meninas que eu vou procurar os meus companheiros de banda e a gente se encontra perto do bar, pode ser? – Ela confirmou, me dando um selinho e saindo.
Eu não acredito que eu finalmente conheci a menina que eu estava pensando há tantos meses. Como o combinado, eu fui achar os meninos e os encontrei bêbados e sozinhos, pois a namorada de Rian teve que ir embora. Obviamente eles ficaram tirando onda com a minha cara quando contei que havia finalmente achado a garota e que agora ela tinha um nome. Depois de muitas piadas, seguimos para o local combinado de encontro, onde ela já estava com suas duas amigas.
- Bom, quem quer sair daqui? – Jack deu um sorriso malandro após todas as apresentações terem sido feitas.
- Só se for agora. – A tal concordou, assim como todos nós. E com isso seguimos pela porta da frente, pedindo um táxi.
POV
Quando eu cheguei falando para as meninas que eu, havia beijado Alex Gaskarth, elas quase não acreditaram. Realmente, não é todo dia que se tem a oportunidade de beijar um de seus ídolos. Eu e ele combinamos de nos encontrar perto do bar da saída, e nós estávamos surtando quando eu contei que estávamos a uns minutos de conhecer todos os integrantes de uma das nossas bandas favoritas.
Eu e as meninas já estávamos no local combinado quando ele e o resto da All Time Low chegaram, e é obvio que quase passamos mal. Apresentações feitas, um sorriso a mais do Jack pra e muitos gritinhos envolvidos, decidimos cair fora dali para outro lugar, que aparentemente seria escolhido pelo próprio Jack Barakat. Meu Deus, eu estou saindo com gente famosa que coincidentemente também são uma das minhas bandas favoritas. Saímos da festa da Victoria’s Secret e, como era o Jack, fomos para outra festa, divididos em dois táxis: eu, Alex e Rian e Lottie em um e , Jack e Zack no outro. Pelo visto, o coitado do Zack ia sobrar.
Jack sugeriu que fôssemos ao 1 OAK, uma das baladas mais famosas e mais caras de Nova York. E é obvio que aceitamos. Dali para a frente, a noite foi regada em música, álcool, beijos e baladas diferentes. Chegou em um ponto que eu não mais conseguia saber onde estávamos. Realmente vivendo como rockstars. Os meninos já eram bem famosos, então é óbvio que – infelizmente – acabamos por ser perseguidos por aqueles inúteis paparazzi, que ficavam enfiando a câmera na nossa cara às duas da manhã. Não dá para saber como eles aguentam isso todos os dias.
- Eu não achei que fosse ver você de novo. – Alex me disse enquanto estávamos sentados nos sofás que estavam em uma espécie de “varanda” da boate.
- O que eu não acredito é que você estava realmente olhando para mim na festa da Fernanda. – Disse, rindo. Mais uma vez: quais as chances?
- E como eu não poderia estar olhando para você? , você estava linda. Como hoje. – Ele terminou a frase com um flerte, óbvio. E eu ali achando que pudesse morrer a qualquer momento.
- Hmm, deixa eu pensar... – Fiz uma cara de mistério. – Você é Alex Gaskarth, vocalista e guitarrista da All Time Low, que por acaso está virando uma das maiores bandas de pop punk dos Estados Unidos, e, por uma coincidência do destino você estava na mesma festa que eu, festa essa que haviam outras milhares de meninas maravilhosas!!!
- Ah, garota, cala a boca! – Ele me deu um peteleco, rindo. É sério, eu iria desmaiar.
- Menino, você me respeita. – Entrei na brincadeira, também rindo, e quando percebi já estávamos nos beijando novamente. Podem falar o que quiser, menos que Alex Gaskarth beija mal. Quando Lottie veio nos chamar, eu não poderia dizer se tínhamos ficado ali por minutos ou horas.
- Até que enfim achei os pombinhos. – Ela falou, rindo, claramente um pouco – ou talvez muito – bêbada. – Vamos, casal, Jack quer nos arrastar para outro lugar!
- Pelo amor de Deus, dê um jeito no seu amigo! Já é a terceira boate da noite. – Disse para Alex, rindo um pouco também.
- , você está pedindo o impossível. Não dá para controlar o homem chamado Jack Barakat. – Ele brincou. – Jack esse que também está aos beijos com a sua amiga.
Quando saímos de lá todos já estávamos muito bêbados, e os paparazzi estavam estourando os flashes na nossa cara, quase nos impedindo de passar até o taxi que havíamos chamado. Quando dei por mim, Alex já estava descendo o soco em um deles, o que deixou todos nós atordoados, mas pelo menos funcionou para espantá-los. Rian então puxou Alex pelo braço até o taxi, onde entramos eu, ele e Alex, enquanto os outros quatro iam para o que estava atrás. Ficou combinado então que todos iriam para a casa dos meninos, pois, aparentemente, ficar na rua já não estava sendo tão agradável.
- Caralho, Alex, você perdeu a cabeça? – Rian disse, entregando uma garrafa de água para cada um enquanto falava o endereço para o taxista. Com o ocorrido, todos ficamos mais sóbrios rapidamente.
- Eu sei, porra. Eu só não estava conseguindo lidar com todos eles em cima da gente desse jeito. – Ele reclamou, esfregando o braço onde o amigo havia apertado para colocá-lo no carro.
Quando chegamos no prédio que descobri ser de Alex e Jack, os meninos da banda aparentemente estavam muito preocupados, tanto que eu e as meninas achamos melhor irmos embora para que eles pudessem conversar sobre aquilo com calma. Nos despedimos e trocamos telefone, com a promessa de manter contato, e entramos no mesmo taxi no qual saímos.
- Meu Deus, eu não acredito que isso realmente aconteceu. – falou, e eu não sabia se ela estava se referindo aos acontecimentos da noite toda ou ao soco que o Alex deu nos paparazzi.
- Ninguém acredita, , ninguém. – Charlotte falou, ainda meio em choque. Ficamos conversando sobre isso o caminho todo até o nosso apartamento, sem conseguir processar o fato de que realmente havíamos saído com os nossos ídolos.
No dia seguinte
- Lottie, acorda, você precisa ver isso. Você também, . – gritou, abrindo as cortinas do meu quarto e seguindo para o quarto de Charlotte. Quando as três estavam na sala, ela jogou três jornais diferentes e uma revista no nosso colo. Todas com manchetes diferentes sobre o acontecimento de ontem.
“O mais novo queridinho da indústria musical se envolve em mais um escândalo: entenda o caso!”
“Alex Gaskarth, da agora famosa banda de pop-punk All Time Low, é visto em festa com irmã de modelo famosa e amigas! O grupo é acusado de agredir paparazzi”
“Irmã da top model Kate Moss é vista saindo de uma festa com o músico Alex Gaskarth e amigos”
E com várias fotos nossas nas matérias. Meu Deus, a nossa vida estava acabada. Eu ainda estava meio tremendo quando me entregou um café, assim como entregou um pra Lottie, e falava que havia saído para comprar algo para comer quando passou na banca e viu essas notícias expostas.
- Puta. Que. Pariu. – Charlotte falou, expressando muito bem o que a gente estava sentindo. – Isso não pode estar acontecendo, minha irmã vai me matar.
- Calma, Lottie! Não é tão ruim assim, quase não dá para ver que é a gente. – Eu tentei amenizar a situação, pois sabia que ela e a irmã haviam combinado que Lottie não se exporia na mídia assim. Alguém tinha que ficar calma na situação, e já que e ela estavam em estado de choque, isso sobrava para mim, mesmo que realmente não fosse fácil.
- O pior nem é a gente... Tem vídeos na internet no Alex dando o soco naquele pap. e o Jack ontem disse que isso era uma coisa que eles haviam combinado de não fazer nunca: perder o controle. – disse, meio nervosa. Ah, pronto, era só o que me faltava, todos os sete em confusão por causa de uma maldita noite. Se os jornais estavam assim, eu nem queria ver o apocalipse que estava acontecendo na internet. O preço de Hollywood.
POV ALEX
Tudo o que eu conseguia pensar quando eu acordei é que dessa vez eu realmente havia ferrado com tudo. Rian e Zack haviam dormido lá em casa também, e todos nós acordamos com os gritos de Brian.
- CARALHO, QUAL A PORRA DO PROBLEMA DE VOCÊS? – De quem foi a ideia de dar uma cópia da nossa casa para esse cara? Porque eu pessoalmente iria matá-lo.
- Será que tem como falar mais baixo, porra? – Jack resmungou, cobrindo a cara com um travesseiro que foi prontamente puxado por um Brian muito nervoso.
- Não, Jack, NÃO TEM! Eu peço para vocês uma única coisa: para não se meter em confusão. E o que vocês me fazem o favor de arrumar: a porra de uma confusão! – Ele realmente estava muito nervoso e então começou a se virar na minha direção e eu esperei a bomba. – O que diabos deu na sua cabeça para você socar a porra de uns paparazzi? Enlouqueceu?
- Eu não tenho culpa. Ele estava praticamente se jogando em cima da gente com aqueles flashes estúpidos. – Eu falei, calmamente, tentando ver se ainda era possível salvar a minha vida. Aparentemente não, pois Brian ainda estava muito irritado quando jogou um monte de jornais e revistas em cima da gente. Olhei apenas de relance para ver que haviam fotos nossas e das meninas na capa de praticamente todos. Ótimo. Eu mal tive tempo de pensar direito no que tinha acontecido e essa bomba já tinha sido jogada no nosso colo. Aparentemente esse era o preço que se pagava por querer fazer o que você gosta.
- Eu tenho tanta coisa para falar para vocês que não sei nem por onde começar. – Brian suspirou. – Ok, em primeiro lugar, vocês tinham que arranjar duas garotas desconhecidas e a irmã da porra da Kate Moss para sair, não é? E outra, socar uns paparazzi? Eu sei que eles são um inferno, mas vocês realmente tinham que enfiar a porrada nos caras?
- Olha só, a gente não sabia que a Charlotte era irmã dela. E que diferença faz? – Jack tentou apaziguar.
- Eu sei que o Alex não deveria ter socado o cara, todo mundo aqui sabe, inclusive ele. Mas não teve muito como evitar na hora. – Rian me defendeu, o que foi surpreendente, considerando o tanto que ele havia brigado comigo na noite passada.
Brian ainda ficou lá dando esporro na gente durante umas três horas e nos fez prometer que iríamos nos desculpar publicamente sobre o acontecido, o que todos nós prontamente concordamos. Quando ele finalmente foi embora, eu peguei o meu celular para mandar mensagem para a .
“Bom dia, . Você provavelmente deve ter visto as notícias... Eu sinto muito. Xx Alex”
Não demorou nem cinco minutos para que ela respondesse:
“Ei, Alex. Sim, nós vimos. Charlotte está surtando um pouco, mas tudo sob controle hahaha não se preocupe xx ”
Depois de mais algumas mensagens trocadas, combinamos de nos encontrar de novo no dia seguinte em um parque mais vazio da cidade, para evitar problemas como os da noite passada. Ficamos trocando mensagens o dia inteiro, era uma pessoa muito fácil de conversar e foi bom pois me distraiu da confusão a qual eu havia me metido e, consequentemente, metido ela e as amigas também.
Três horas depois Brian ligou avisando que havia conseguido marcar uma entrevista para nós em uma rádio local, e que seria a nossa chance de nos desculpar e prometer que aquilo nunca aconteceria novamente. Então, às 18h eu e os outros três estávamos no estúdio, esperando dar a hora de entrar no ar. Para a nossa sorte, o apresentador era bem simpático e não parecia que ia tentar nos detonar assim tão facilmente, e foi exatamente o que ocorreu. Tivemos a nossa chance de contar exatamente o que aconteceu do nosso jeito (mas tentamos não falar muito mal dos paparazzi, pois eles sim tinham a chance de nos detonar), assumimos que realmente havíamos bebido demais e, por último, pedimos para que deixassem as meninas fora disso, sem divulgar nomes nem nada, e, felizmente, o radialista concordou em deixar para lá. Por último, ele tocou ‘Dear Maria’ e agradeceu a exclusividade, e com isso fomos para casa.
Dois meses depois
POV
Eu e Alex estávamos finalmente namorando. Os meninos estavam na reta final da tour, e eu e as meninas havíamos conseguido entrar de férias na faculdade, o que significava que eu estava com um tempo livre para apoiá-los. Depois da fatídica noite em que Alex socou uns paparazzi e pediu desculpas na rádio, as coisas haviam caminhado para o melhor. A primeira semana na faculdade foi um inferno, com todo mundo enchendo a nossa paciência, principalmente a de Charlotte, mas, felizmente, eles pareceram esquecer o ocorrido dias depois e voltaram a nos deixar em paz.
Eu e Alex havíamos nos encontrado incontáveis vezes até ele ter coragem de me pedir em namoro, o que eu prontamente aceitei. Além de ele ser o meu ídolo, era uma pessoa que eu realmente gostava, ele me tratava super bem e a gente tinha um compromisso enorme. Nesses dois meses os meninos estavam crescendo de uma forma estrondosa, o que levava à inúmeros rumores ridículos diariamente que eles não sabiam muito bem como lidar e nem a gente. Eu realmente não sabia como os jornais e revistas tinham tanta paciência e criatividade para ficarem inventando notícias infundadas diariamente, de verdade.
Os meninos estavam sempre reclamando que estavam cansados da loucura que a vida deles estava se tornando, e sempre sobrava para nós e para a Dallas (que por sinal, também era um amor de pessoa) lembrá-los que era isso o que eles sempre sonharam em fazer e que eles finalmente estavam vivendo o sonho, e que não valia a pena desistir apenas por causa de pessoas desocupadas que literalmente não tinham mais nada para fazer além de ficarem inventando rumores.
Para quem visse de perto, a vida hollywoodiana realmente não era tão glamorosa quanto parecia de longe. Milhares de pessoas vivendo vidas que nas telas eram de um jeito e fora delas eram completamente diferentes, muitas vezes forçadamente. Para fazer sucesso, era necessário forçar uma coisa que muitas vezes não existia, e que acabava por destruir você por dentro lentamente. E era isso o que estava acontecendo com o Alex. E eu só esperava que, de alguma forma, eu fosse capaz de ajudá-lo.
POV ALEX
Dois meses depois daquela horrível confusão, eu finalmente estava namorando a . Infelizmente, só isso não estava bastando. A turnê estava finalmente chegando ao fim, e então a gente teria pelo menos uns dois meses para descansar e produzir o novo álbum. Minhas composições já não eram as mesmas, eu não estava conseguindo separar o Alex que eu realmente era do Alex Gaskarth que a mídia criou. Eu estava virando apenas mais um personagem nesse mundinho ridículo. E de pouco a pouco eu ia me perdendo nele.
É claro que eu tinha muita sorte, eu estava em uma banda com os meus três melhores amigos, cantando e tocando músicas que nós mesmos escrevíamos para milhares de pessoas que curtiam o nosso som. Eu também estava namorando uma garota maravilhosa e muito inteligente, que, de quebra, me deu mais duas amigas fantásticas. Não vou ser ingrato e dizer que não gostaria de estar onde eu estou, pois é o meu sonho e eu lutei muito por ele. Mas, às vezes, é um pouco demais, dá vontade de voltar a ser apenas o Alex de 17 anos que não tinha que se preocupar com nada além das provas do colégio e de quantas faltas eu ainda poderia utilizar para não reprovar.
Eu estava ficando cada vez mais enojado com o mundo da mídia. Tudo era noticiado e tudo saía nos jornais, e nem sempre da maneira como as coisas realmente aconteciam. Muitas vezes, tudo o que a gente falava e fazia saíam na impressa de um jeito completamente distorcido, que servia apenas para publicidade negativa em cima da banda. O que levava à vida de rockstar que eu estava querendo ter, saindo e bebendo sempre que podia, dando socos em paparazzi que me irritavam, dando festas imensas e tendo quartos de hotéis destruídos. Eu tinha medo do que eu podia me tornar com o tempo, se eu iria tomar jeito na vida ou ser apenas mais um jovem metido a famoso que não fazia a mínima ideia de como consertar a vida. Para minha sorte, eu tinha uma mulher maravilhosa ao meu lado que estava sempre tentando ajudar a encontrar o meu caminho, a me ajudar a tomar as decisões certas para que eu não caísse nos joguinhos doentios da indústria. Eu estava cansado de ser só mais um boneco da mídia. E, graças à , agora eu sabia como ser um cara melhor tanto para mim mesmo como para a minha banda, que não mais seis controlada por todos.