06. Small Bump

Capítulo Único

Nada pode mudar o que já está feito. Não existe maquina do tempo ou um futuro alternativo. Era o que era.
andava pelas ruas frias de Bolton sem saber para que lugar estava indo. Tinha em suas mãos uma pequena foto do que seria sua felicidade em alguns meses. Agora... Agora tudo mudou.
Ela lembrava-se agora de cada detalhe que passou os últimos 8 meses tentando esquecer. De como viu sua família cair aos pedaços, como saiu de casa aos 17 anos com o máximo de coisas que sua mochila podia carregar e de como jamais olhou para trás. A vida podia ter feito disso a chance perfeita para ela fugir do típico estereótipo que rondava a sua família, mas, infelizmente, a vida é bastante traiçoeira. cedeu à pressão de viver sozinha em um mundo como esse e só foi encontrar o conforto no típico lugar para os perdidos de seu caminho, as drogas.
Não foi de todo ruim, ela pensava. Foi assim que conheceu a única pessoa em que pode confiar desde que aprendeu o significado dessa palavra. fez de sua vida uma missão para dar a tudo. Tudo que ela não teve quando criança e tudo que ela um dia sonhou em ter.
Mas a vida é traiçoeira. Quando tudo finalmente tinha se acertado em sua vida, ela decidiu que já era hora de mudar. Uma vez que tinha encontrado seu caminho, sabia o que queria e não era o que ela tinha no momento. Infelizmente, ela percebeu isso tarde de mais e junto às muitas memórias traumáticas da infância, ficou a imagem de jogado no quarto do casal.

You’re just a small bump unborn
In four months you’re brought to life
You might be left with my hair
But you’ll have your mother’s eyes
I’ll hold your body in my hands, be as gentle as I can
But for now you’re a scan of my unmade plans
A small bump in four months you brought to life

Ela pensava enquanto caminhava... O que será que ele diria? sempre foi um defensor da vida, mas acima de tudo, um defensor da felicidade. A menina pensava em quanto ela se diferia dele nesse momento. Segurava-se a uma única esperança de tê-lo com ela.
sentiu o aconchegante cheiro de rosas enquanto entrava na tão conhecida casa. Não tinha coragem ou algo para dizer, não sabia nem o mesmo o que tinha ido fazer ali.
- , minha querida. – ela se virou para ver Julie. – Eu sinto muito.
sorriu, deixando todas às lagrimas que prendia desde o consultório medico descerem. Há cinco meses carregava consigo a razão da sua felicidade, uma parte dele, uma esperança para ser forte durante o seu caminho. E ela não entendia porque não podia continuar sendo assim.
- Eu vou manter. Eu vou cuidar dele até o nascimento e vou segurá-lo nos meus braços como nós dois sempre sonhamos. – ela dizia para a sogra, que deixava suas lagrimas caírem. – Pelo menos uma vez, eu preciso.

You are my one and only
And you can wrap your fingers round my thumb
And hold me tight
You are my one and only
You can wrap your fingers round my thumb
And hold me tight
And you’ll be alright

“A anencefalia frequentemente pode ser diagnosticada no pré-natal através de um exame de ultrassom. O diagnóstico ultrassonográfico tem alta acurácia e é baseado na ausência do cérebro e da calota craniana.”

alisava a barriga de sete meses. Contrariando as crenças médicas, a gravidez seguia normalmente, tirando o fato de que ela não teria o seu bebê. Não veria seus primeiros passos, não o matricularia na escola, não o veria ter sua primeira namorada, nem sua formatura.
Ela sabia o que as pessoas pensavam de sua decisão. Louca e egoísta. Porque alguém ficaria com uma criança praticamente morta em seu ventre. Porque alguém se submeteria a tanta dor e sofrimento... Era difícil descrever, impossível de explicar.
- Eu sonho com ele todas as noites... Seu pai. – ela sorriu para a enorme barriga. – Ele sempre me diz que fiz certo, e que vai cuidar de você quando for à hora de eu o deixar ir.
Ela sorria, limpando as lagrimas que insistiam em cair dos seus olhos toda vez que se sentava a varanda para conversar com o seu pequeno milagre.
- Você vai amá-lo, tanto quanto eu o amei e o quanto eu te amo agora. Eu não vou poder te proteger, mas ele estará com você, meu anjo.

And I’ll hold you tightly and tell you nothing but truth If you’re not inside me, I’ll put my future in you


- Ele é lindo.
Ela passava a mão pelo pequeno rostinho de sue anjo. Por mais que se negasse a pensar nisso, sabia que estava chegando a hora.
Não tinha nada que a preparasse para deixar seu filho partir, era como deixar que tudo o que ela um dia teve de felicidade fosse com ele.
O nariz igual ao do pai, as pequenas mãozinhas e a respiração fraca. não conseguia entender o sentido em tudo isso. Por quê? Porque ela não poderia ser abençoada dessa forma? De ser mãe e cuidar de uma vida? De ser feliz e ter a certeza de que sempre vai ter alguém que apenas um sorriso fará toda a diferença?
- Eu não vou mais chorar, bebê. Estou cansada e você não merece ver isso. – ela dizia em sussurros. – Você vai ficar bem, em um lugar melhor. Nunca se esqueça de que sua mãe te amou da maior forma que um ser humano pode amar outro. E que isso nunca vai mudar.
Ela fechou os olhos e suspirou, segurando o seu pequeno milagre em seus braços.

‘Cause you were just a small bump unborn maybe you were needed up there but we’re still unaware as why.


Fim.


Nota da autora: Hey. Não sei se alguém vai ler isso, mas se lerem, muito obrigada. Não tinha muito como fugir do imenso drama e tristeza que essa musica expressa, mas eu tentei dar um ar mais leve ao acontecimento. Espero que tenha dado certo. Mais uma vez, muito obrigada, até a próxima.
Xxx



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