Capítulo Único
null nunca acreditou em destino. Era o tipo de pessoa que se agarrava ao real, ao concreto. Vivia baseada em planos bem estruturados, onde coincidências eram apenas estatísticas e sentimentos intensos demais eram suspeitos.
Até aquela noite.
— Porque você faz isso comigo, null? — null dizia emburrada, se olhando toda “montada” em frente ao grande espelho que a amiga tinha no hall de entrada, esperando a mesma descer com os casacos.
— Porque somos jovens, temos que aproveitar a vida, e você só vive do trabalho para casa e de casa para o trabalho. — null que tinha ouvido os sussurros de null, desceu as escadas não muito rápido para não tropeçar nos próprios saltos e cair. — Como eu vou ser madrinha dos seus filhos se você não encontrar um pai para eles? Se manca, para de reclamar e vamos que o uber já tá esperando.
null não deveria ter ido àquela festa. Sua melhor amiga, null, praticamente a arrastou para a mansão à beira do lago, um evento luxuoso, cheio de pessoas que null nem conhecia direito, eram pessoas que trabalhavam junto da melhor amiga e alguns poucos ex colegas do colégio que null pode reconhecer, a profissão da amiga era uma que tanto as gerações passadas quanto as atuais se interessavam, logo o motivo de ver alguns ex colegas do colégio por lá também.
Ela estava prestes a inventar uma desculpa para ir embora quando seus olhos encontraram os dele.
null.
Um estranho. Mas algo nela gritou que não era.
O mundo ficou em silêncio. Seu coração bateu mais rápido, como se reconhecesse um ritmo esquecido. Ele a olhava da mesma forma, com um misto de choque e fascínio, como se esperasse vê-la ali. — Nós nos conhecemos? — null perguntou antes mesmo de pensar. null hesitou, depois sorriu, mas havia uma tristeza nos olhos dele.
— Não oficialmente — respondeu, enigmático.
Naquele momento, null sentiu algo diferente. Era como se estivesse prestes a se lembrar de algo importante, algo que não conseguia alcançar.
Mas antes que pudesse perguntar mais alguma coisa, como o nome dele, por exemplo, alguém o chamou, e ele desapareceu na multidão.
— Aqui está seu Mojito sem álcool. — null apareceu no momento em que o rapaz se virou. — Oh, aquele não é o null? — Apontou para um homem alto que acompanhava null, e inclusive foi quem o chamou e arrastou para o outro lado do grande salão. — Eu não sei, não conheço ninguém aqui. — null disse emburrada, null sabia que ela não conhecia quase ninguém, não entendia o porquê da pergunta. — Aquele com ele devia ser o null, combinamos de apresentar vocês, espero que ele volte, procurei por eles quase a noite toda. — null que ignorou o choramingo da mais nova continuou a falar dos rapazes, como se nada tivesse sido dito.
A noite passou, null não conseguiu de jeito nenhum encontrar os rapazes, pelo menos não enquanto null estava lá, porque não demorou muito depois daquele drink que a amiga lhe deu para que ela chamasse um uber e voltasse para o conforto de seus pijamas e se seu livro favorito. Nos dias seguintes, null não conseguia tirar null da cabeça. Era irracional. Ela nem o conhecia. Mas sonhos começaram a atormentá-la — sonhos onde ela era uma mulher de outra época, vestindo roupas antigas, dançando com null sob um céu estrelado... e depois, gritando o nome dele enquanto ele desaparecia.
Cada sonho parecia mais real, mais detalhado. Até o cheiro do mar e o toque das mãos dele pareciam autênticos.
Um dia, enquanto caminhava pela cidade, null o viu novamente. Dessa vez, ela não hesitou. — null? — Ela o chamou, meio que com uma interrogação, a amiga tinha dito o nome dele para ela, mas poderiam não ser eles naquela noite.
Ele parou, virou-se devagar, como se soubesse que ela o chamaria.
— Você se lembra, não é? — ele disse antes mesmo que ela pudesse perguntar qualquer coisa.
null sentiu um arrepio na espinha. — Do quê? — Confusa, lembrou de seus sonhos, mas não achou que ele estava falando sobre aquilo, era simplesmente irracional.
null suspirou, como se já esperasse que ela dissesse isso.
— Do que somos. Do que fomos… — A confusão dela só aumentava.
— Eu não estou te entendendo.
— Mas vai entender. Ele sorriu, um sorriso triste.
E, com isso, ele se virou para ir embora. Mas antes de desaparecer, murmurou algo que fez seu coração parar:
— Não deixe que o destino vença dessa vez.
Determinada a descobrir a verdade, null começou a pesquisar sobre déjà vu, sonhos vívidos, memórias de vidas passadas.
Quanto mais investigava, mais os sonhos se intensificavam. Cenas de diferentes épocas surgiam: uma jovem fugindo por um castelo em chamas, um casal se escondendo de soldados, dois amantes separados por um casamento arranjado...
Ela e null. Sempre juntos. E sempre separados no final.
null percebeu que o destino parecia jogá-los em um ciclo eterno de encontros e despedidas trágicas. Mas dessa vez, algo era diferente. null se lembrava de tudo. E, pela primeira vez, ela também começava a se lembrar.
null sabia que deveria ficar longe de null. Tudo nela gritava que estar perto dele significava perigo. Mas algo maior, mais forte que sua razão, a puxava para ele como um imã.
Depois daquele breve encontro na cidade, null desapareceu novamente. Mas null não conseguiu esquecê-lo.
E então, ele voltou a procurá-la.
Foi numa noite chuvosa. Ela estava em casa, folheando um livro sobre reencarnação e almas gêmeas, tentando encontrar algum sentido para seus sonhos, quando ouviu batidas na porta.
Quando abriu, lá estava ele. Molhado, os cabelos grudados na testa, com aquele olhar intenso e indecifrável.
— O que? Como? — Pareceu confusa, o que ele estava fazendo ali e como sabia seu endereço.
— A null me passou, eu ia te ligar, mas o que precisamos conversar, tem que ser pessoalmente.
— Vamos então. — Em qualquer situação null chamaria a polícia ou não iria a lugar nenhum, mas dentro dela algo explodiu e ela sabia que tinha que conversar com ele. Eles foram para um café próximo, e null contou tudo.
— Nós já vivemos isso antes, null. Muitas vezes. Sempre nos encontramos, nos apaixonamos... e então algo nos separa. Alguém morre. Algo acontece. O destino sempre nos destroi.
Ela deveria rir. Aquilo era loucura. Mas, em vez disso, seu peito apertou. — E agora? O que acontece agora? — Em nenhum dos livros que leu sobre o assunto havia uma resposta concreta, sentiu que teriam de descobrir juntos. — Isso depende de nós. Mas o destino já começou a se mover. — null disse determinado, porém havia tristeza naquelas palavras, talvez ele mais do que ela sabia o que estava por vir.
Nos dias seguintes, null começou a perceber os sinais.
Primeiro, foram os pequenos acidentes: um carro quase a atropelou sem motivo aparente; uma prateleira caiu sozinha bem ao lado dela em uma livraria. Pois, após aquele encontro na cafeteria, eles trocaram números e vinham se falando vez ou outra, quando a saudade apertava.
Depois, os pesadelos pioraram. Agora, não eram apenas lembranças. Eram avisos. Ela via a si mesma correndo no meio da noite, o coração disparado. Ou null segurando seu rosto, implorando para ela fugir.
— Se você ficar, algo vai acontecer — ele disse em um sonho.
E então ela acordava, sempre com o coração acelerado e a sensação de que algo estava errado.
Mas o pior veio quando os dois decidiram desafiar o destino. Entenderam que ficar separados só estava machucando eles, o destino parecia mesmo sádico, queria por tudo juntar os dois, para que pudesse os separar de forma trágica. Talvez fosse alguma pendência ou alguma maldição.
Eles estavam juntos, na praia, sentados na areia, conversando sobre tudo isso. null segurou a mão dela e, por um momento, null sentiu paz.
Mas então, um vento forte soprou, levantando areia, e um trovão ecoou, mesmo sem sinais de tempestade. null ficou tenso.
— Ele sabe — sussurrou.
— Quem?
Ele engoliu seco.
— O destino. Ele já percebeu que estamos tentando mudar a história.
Depois daquela tarde, tudo piorou.
null começou a perceber que estava sendo seguida. Um homem misterioso, de terno escuro e olhos frios, aparecia em todos os lugares onde ela ia. No começo, achou que era paranoia. Mas então, null confirmou.
— Ele é um Ceifador. Um servo do destino. Sempre que tentamos mudar nossa história, ele aparece.
— Para quê?
null fechou os olhos.
— Para garantir que um de nós morra antes que consigamos ficar juntos.
O medo se instalou em null.
— Como você sabe é como escapamos disso?
— Essa não é a primeira vida que eu lembro, mas é a primeira que lembramos juntos e eu não sei como escapar — null admitiu. — Nunca conseguimos antes.
Mas null se recusava a aceitar isso. Ela o tinha agora. Pela primeira vez, tinha consciência do ciclo. Isso significava que ainda havia uma chance.
Ou ela esperava.
Ou lutava.
E, dessa vez, ela escolheria lutar.
Com a presença do Ceifador cada vez mais próxima, null e null começaram a buscar respostas. Foram atrás de médiuns, estudaram sobre almas e até mesmo investigaram suas vidas passadas.
Foi assim que descobriram a verdade:
Eles tinham sido amaldiçoados. Em suas primeiras vidas na terra, o Deus Moro se apaixonou perdidamente por null, que já era esposa de null, e eles se amavam muito, por ter sido recusado pela mulher, Moro, o Deus do destino e da condenação, condenou: em cada vida, um deles morria para que o ciclo continuasse. Eles sempre se apaixonaram, mas sempre sofreriam a perda um do outro.
Mas se, dessa vez, eles se conseguissem quebrar a maldição, poderiam finalmente viver juntos.
A única solução? Confrontar o Ceifador.
Na noite mais decisiva de suas vidas, null e null foram até um velho casarão abandonado onde os pesadelos dela sempre terminavam. Sabiam que ali algo importante aconteceria.
E então, o Ceifador apareceu.
— Vocês nunca venceram antes — ele disse, com um sorriso cruel. — Por que seria diferente agora?
null sentiu o medo crescer. Mas null segurou sua mão com força.
— Porque agora nós sabemos a verdade — ele respondeu.
O Ceifador avançou, mas null percebeu algo.
Eles nunca lutaram antes. Sempre aceitaram o destino. Mas talvez, só talvez, o destino pudesse ser quebrado pelo amor e pela escolha.
— Eu não vou mais fugir — ela disse.
null apertou sua mão, e juntos, enfrentariam o que sempre os separou.
Dessa vez, tudo seria diferente.
O Ceifador avançou, o vento ao redor rugindo como se o próprio universo estivesse contra eles. Seu olhar era um abismo negro, carregado de séculos de destino imutável.
— Vocês podem lutar, mas o final será o mesmo — ele disse, com uma calma aterrorizante.
null e null estavam lado a lado, sentindo o peso da escolha que faziam. Mas, pela primeira vez, não tinham medo.
null então entendeu: o Ceifador não era um ser comum. Ele era a personificação do destino que sempre os separava. Era uma força que se alimentava da crença de que eles nunca poderiam mudar sua história.
— É assim que funciona — null murmurou. — Ele precisa que acreditemos que não há saída.
E foi ali que null soube o que fazer.
Ela soltou a mão de null e deu um passo à frente. O Ceifador sorriu, acreditando que ela estava se rendendo.
Mas ela não estava.
null fechou os olhos e se concentrou nas lembranças. Em todas as vidas que viveram. Em todo o amor que sentiram.
E, acima de tudo, na escolha que estavam fazendo agora.
null entendeu o que ela fazia e fez o mesmo.
— Nós escolhemos ficar juntos — ele disse, com a voz firme.
O Ceifador hesitou. A terra tremeu. O vento girou ao redor deles. Mas null e null não se mexeram.
— Vocês não podem mudar o destino! — o Ceifador rosnou.
— Nós estamos mudando!
null respondeu, abrindo os olhos, se virando para null e segurando o rosto dele, com todo amor que tinha dentro de si, iniciou o beijo mais profundo de suas vidas. Era como se suas almas se fundissem naquele gesto de amor e como se finalmente a luz voltasse a brilhar forte em suas vidas.
E então, a escuridão ao redor deles começou a se dissipar.
O Ceifador gritou. Seu corpo se desfez em sombras, tentando resistir, tentando puxá-los de volta ao ciclo. Mas, dessa vez, não havia mais medo, nem dúvida.
O destino só tinha poder sobre eles porque acreditavam que estavam presos a ele. Mas agora, sabiam a verdade: eles sempre tiveram escolha.
E, dessa vez, escolheram o amor.
O grito do Ceifador se dissipou no vento, e então... silêncio.
Quando separaram os lábios e abriram os olhos, o casarão estava em ruínas, como se ninguém pisasse ali há séculos. O ar estava leve.
A maldição havia sido quebrada.
null olhou para null, e ele sorriu. Pela primeira vez, sem medo.
— Acabou? — ela sussurrou.
null segurou seu rosto com carinho.
— Acabou!
Ele a beijou novamnete, e foi diferente de todas as vezes que haviam se encontrado em outras vidas. Porque agora, não havia pressa. Não havia despedidas.
Eles estavam, finalmente, livres. E poderiam ficar finalmente juntos pela eternidade.
Até aquela noite.
— Porque você faz isso comigo, null? — null dizia emburrada, se olhando toda “montada” em frente ao grande espelho que a amiga tinha no hall de entrada, esperando a mesma descer com os casacos.
— Porque somos jovens, temos que aproveitar a vida, e você só vive do trabalho para casa e de casa para o trabalho. — null que tinha ouvido os sussurros de null, desceu as escadas não muito rápido para não tropeçar nos próprios saltos e cair. — Como eu vou ser madrinha dos seus filhos se você não encontrar um pai para eles? Se manca, para de reclamar e vamos que o uber já tá esperando.
null não deveria ter ido àquela festa. Sua melhor amiga, null, praticamente a arrastou para a mansão à beira do lago, um evento luxuoso, cheio de pessoas que null nem conhecia direito, eram pessoas que trabalhavam junto da melhor amiga e alguns poucos ex colegas do colégio que null pode reconhecer, a profissão da amiga era uma que tanto as gerações passadas quanto as atuais se interessavam, logo o motivo de ver alguns ex colegas do colégio por lá também.
Ela estava prestes a inventar uma desculpa para ir embora quando seus olhos encontraram os dele.
null.
Um estranho. Mas algo nela gritou que não era.
O mundo ficou em silêncio. Seu coração bateu mais rápido, como se reconhecesse um ritmo esquecido. Ele a olhava da mesma forma, com um misto de choque e fascínio, como se esperasse vê-la ali. — Nós nos conhecemos? — null perguntou antes mesmo de pensar. null hesitou, depois sorriu, mas havia uma tristeza nos olhos dele.
— Não oficialmente — respondeu, enigmático.
Naquele momento, null sentiu algo diferente. Era como se estivesse prestes a se lembrar de algo importante, algo que não conseguia alcançar.
Mas antes que pudesse perguntar mais alguma coisa, como o nome dele, por exemplo, alguém o chamou, e ele desapareceu na multidão.
— Aqui está seu Mojito sem álcool. — null apareceu no momento em que o rapaz se virou. — Oh, aquele não é o null? — Apontou para um homem alto que acompanhava null, e inclusive foi quem o chamou e arrastou para o outro lado do grande salão. — Eu não sei, não conheço ninguém aqui. — null disse emburrada, null sabia que ela não conhecia quase ninguém, não entendia o porquê da pergunta. — Aquele com ele devia ser o null, combinamos de apresentar vocês, espero que ele volte, procurei por eles quase a noite toda. — null que ignorou o choramingo da mais nova continuou a falar dos rapazes, como se nada tivesse sido dito.
A noite passou, null não conseguiu de jeito nenhum encontrar os rapazes, pelo menos não enquanto null estava lá, porque não demorou muito depois daquele drink que a amiga lhe deu para que ela chamasse um uber e voltasse para o conforto de seus pijamas e se seu livro favorito. Nos dias seguintes, null não conseguia tirar null da cabeça. Era irracional. Ela nem o conhecia. Mas sonhos começaram a atormentá-la — sonhos onde ela era uma mulher de outra época, vestindo roupas antigas, dançando com null sob um céu estrelado... e depois, gritando o nome dele enquanto ele desaparecia.
Cada sonho parecia mais real, mais detalhado. Até o cheiro do mar e o toque das mãos dele pareciam autênticos.
Um dia, enquanto caminhava pela cidade, null o viu novamente. Dessa vez, ela não hesitou. — null? — Ela o chamou, meio que com uma interrogação, a amiga tinha dito o nome dele para ela, mas poderiam não ser eles naquela noite.
Ele parou, virou-se devagar, como se soubesse que ela o chamaria.
— Você se lembra, não é? — ele disse antes mesmo que ela pudesse perguntar qualquer coisa.
null sentiu um arrepio na espinha. — Do quê? — Confusa, lembrou de seus sonhos, mas não achou que ele estava falando sobre aquilo, era simplesmente irracional.
null suspirou, como se já esperasse que ela dissesse isso.
— Do que somos. Do que fomos… — A confusão dela só aumentava.
— Eu não estou te entendendo.
— Mas vai entender. Ele sorriu, um sorriso triste.
E, com isso, ele se virou para ir embora. Mas antes de desaparecer, murmurou algo que fez seu coração parar:
— Não deixe que o destino vença dessa vez.
Determinada a descobrir a verdade, null começou a pesquisar sobre déjà vu, sonhos vívidos, memórias de vidas passadas.
Quanto mais investigava, mais os sonhos se intensificavam. Cenas de diferentes épocas surgiam: uma jovem fugindo por um castelo em chamas, um casal se escondendo de soldados, dois amantes separados por um casamento arranjado...
Ela e null. Sempre juntos. E sempre separados no final.
null percebeu que o destino parecia jogá-los em um ciclo eterno de encontros e despedidas trágicas. Mas dessa vez, algo era diferente. null se lembrava de tudo. E, pela primeira vez, ela também começava a se lembrar.
null sabia que deveria ficar longe de null. Tudo nela gritava que estar perto dele significava perigo. Mas algo maior, mais forte que sua razão, a puxava para ele como um imã.
Depois daquele breve encontro na cidade, null desapareceu novamente. Mas null não conseguiu esquecê-lo.
E então, ele voltou a procurá-la.
Foi numa noite chuvosa. Ela estava em casa, folheando um livro sobre reencarnação e almas gêmeas, tentando encontrar algum sentido para seus sonhos, quando ouviu batidas na porta.
Quando abriu, lá estava ele. Molhado, os cabelos grudados na testa, com aquele olhar intenso e indecifrável.
— O que? Como? — Pareceu confusa, o que ele estava fazendo ali e como sabia seu endereço.
— A null me passou, eu ia te ligar, mas o que precisamos conversar, tem que ser pessoalmente.
— Vamos então. — Em qualquer situação null chamaria a polícia ou não iria a lugar nenhum, mas dentro dela algo explodiu e ela sabia que tinha que conversar com ele. Eles foram para um café próximo, e null contou tudo.
— Nós já vivemos isso antes, null. Muitas vezes. Sempre nos encontramos, nos apaixonamos... e então algo nos separa. Alguém morre. Algo acontece. O destino sempre nos destroi.
Ela deveria rir. Aquilo era loucura. Mas, em vez disso, seu peito apertou. — E agora? O que acontece agora? — Em nenhum dos livros que leu sobre o assunto havia uma resposta concreta, sentiu que teriam de descobrir juntos. — Isso depende de nós. Mas o destino já começou a se mover. — null disse determinado, porém havia tristeza naquelas palavras, talvez ele mais do que ela sabia o que estava por vir.
Nos dias seguintes, null começou a perceber os sinais.
Primeiro, foram os pequenos acidentes: um carro quase a atropelou sem motivo aparente; uma prateleira caiu sozinha bem ao lado dela em uma livraria. Pois, após aquele encontro na cafeteria, eles trocaram números e vinham se falando vez ou outra, quando a saudade apertava.
Depois, os pesadelos pioraram. Agora, não eram apenas lembranças. Eram avisos. Ela via a si mesma correndo no meio da noite, o coração disparado. Ou null segurando seu rosto, implorando para ela fugir.
— Se você ficar, algo vai acontecer — ele disse em um sonho.
E então ela acordava, sempre com o coração acelerado e a sensação de que algo estava errado.
Mas o pior veio quando os dois decidiram desafiar o destino. Entenderam que ficar separados só estava machucando eles, o destino parecia mesmo sádico, queria por tudo juntar os dois, para que pudesse os separar de forma trágica. Talvez fosse alguma pendência ou alguma maldição.
Eles estavam juntos, na praia, sentados na areia, conversando sobre tudo isso. null segurou a mão dela e, por um momento, null sentiu paz.
Mas então, um vento forte soprou, levantando areia, e um trovão ecoou, mesmo sem sinais de tempestade. null ficou tenso.
— Ele sabe — sussurrou.
— Quem?
Ele engoliu seco.
— O destino. Ele já percebeu que estamos tentando mudar a história.
Depois daquela tarde, tudo piorou.
null começou a perceber que estava sendo seguida. Um homem misterioso, de terno escuro e olhos frios, aparecia em todos os lugares onde ela ia. No começo, achou que era paranoia. Mas então, null confirmou.
— Ele é um Ceifador. Um servo do destino. Sempre que tentamos mudar nossa história, ele aparece.
— Para quê?
null fechou os olhos.
— Para garantir que um de nós morra antes que consigamos ficar juntos.
O medo se instalou em null.
— Como você sabe é como escapamos disso?
— Essa não é a primeira vida que eu lembro, mas é a primeira que lembramos juntos e eu não sei como escapar — null admitiu. — Nunca conseguimos antes.
Mas null se recusava a aceitar isso. Ela o tinha agora. Pela primeira vez, tinha consciência do ciclo. Isso significava que ainda havia uma chance.
Ou ela esperava.
Ou lutava.
E, dessa vez, ela escolheria lutar.
Com a presença do Ceifador cada vez mais próxima, null e null começaram a buscar respostas. Foram atrás de médiuns, estudaram sobre almas e até mesmo investigaram suas vidas passadas.
Foi assim que descobriram a verdade:
Eles tinham sido amaldiçoados. Em suas primeiras vidas na terra, o Deus Moro se apaixonou perdidamente por null, que já era esposa de null, e eles se amavam muito, por ter sido recusado pela mulher, Moro, o Deus do destino e da condenação, condenou: em cada vida, um deles morria para que o ciclo continuasse. Eles sempre se apaixonaram, mas sempre sofreriam a perda um do outro.
Mas se, dessa vez, eles se conseguissem quebrar a maldição, poderiam finalmente viver juntos.
A única solução? Confrontar o Ceifador.
Na noite mais decisiva de suas vidas, null e null foram até um velho casarão abandonado onde os pesadelos dela sempre terminavam. Sabiam que ali algo importante aconteceria.
E então, o Ceifador apareceu.
— Vocês nunca venceram antes — ele disse, com um sorriso cruel. — Por que seria diferente agora?
null sentiu o medo crescer. Mas null segurou sua mão com força.
— Porque agora nós sabemos a verdade — ele respondeu.
O Ceifador avançou, mas null percebeu algo.
Eles nunca lutaram antes. Sempre aceitaram o destino. Mas talvez, só talvez, o destino pudesse ser quebrado pelo amor e pela escolha.
— Eu não vou mais fugir — ela disse.
null apertou sua mão, e juntos, enfrentariam o que sempre os separou.
Dessa vez, tudo seria diferente.
O Ceifador avançou, o vento ao redor rugindo como se o próprio universo estivesse contra eles. Seu olhar era um abismo negro, carregado de séculos de destino imutável.
— Vocês podem lutar, mas o final será o mesmo — ele disse, com uma calma aterrorizante.
null e null estavam lado a lado, sentindo o peso da escolha que faziam. Mas, pela primeira vez, não tinham medo.
null então entendeu: o Ceifador não era um ser comum. Ele era a personificação do destino que sempre os separava. Era uma força que se alimentava da crença de que eles nunca poderiam mudar sua história.
— É assim que funciona — null murmurou. — Ele precisa que acreditemos que não há saída.
E foi ali que null soube o que fazer.
Ela soltou a mão de null e deu um passo à frente. O Ceifador sorriu, acreditando que ela estava se rendendo.
Mas ela não estava.
null fechou os olhos e se concentrou nas lembranças. Em todas as vidas que viveram. Em todo o amor que sentiram.
E, acima de tudo, na escolha que estavam fazendo agora.
null entendeu o que ela fazia e fez o mesmo.
— Nós escolhemos ficar juntos — ele disse, com a voz firme.
O Ceifador hesitou. A terra tremeu. O vento girou ao redor deles. Mas null e null não se mexeram.
— Vocês não podem mudar o destino! — o Ceifador rosnou.
— Nós estamos mudando!
null respondeu, abrindo os olhos, se virando para null e segurando o rosto dele, com todo amor que tinha dentro de si, iniciou o beijo mais profundo de suas vidas. Era como se suas almas se fundissem naquele gesto de amor e como se finalmente a luz voltasse a brilhar forte em suas vidas.
E então, a escuridão ao redor deles começou a se dissipar.
O Ceifador gritou. Seu corpo se desfez em sombras, tentando resistir, tentando puxá-los de volta ao ciclo. Mas, dessa vez, não havia mais medo, nem dúvida.
O destino só tinha poder sobre eles porque acreditavam que estavam presos a ele. Mas agora, sabiam a verdade: eles sempre tiveram escolha.
E, dessa vez, escolheram o amor.
O grito do Ceifador se dissipou no vento, e então... silêncio.
Quando separaram os lábios e abriram os olhos, o casarão estava em ruínas, como se ninguém pisasse ali há séculos. O ar estava leve.
A maldição havia sido quebrada.
null olhou para null, e ele sorriu. Pela primeira vez, sem medo.
— Acabou? — ela sussurrou.
null segurou seu rosto com carinho.
— Acabou!
Ele a beijou novamnete, e foi diferente de todas as vezes que haviam se encontrado em outras vidas. Porque agora, não havia pressa. Não havia despedidas.
Eles estavam, finalmente, livres. E poderiam ficar finalmente juntos pela eternidade.
Fim
Nota da autora: Olá Jiniers, como estamos? Mais uma em homenagem a minha amiga Laysa e ao meu cunhado Yeonjun, amo vocês e amo uma fic kkkkkkkk. Espero que goste e não esquece de comentar, ok?
ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.
ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.




