Capítulo Único
(Até que eu olhei nos seus olhos, me fez começar a perceber as possibilidades)
E ele saiu da quadra indo até ela, suado, cansado e com aquela infantil sensação de frio na barriga. Besteira. Ele nunca sentira frio na barriga antes de falar com qualquer mulher, então por que sentir agora? De novo, besteira.
Mas bastou chegar a dez passos dela para perceber que não era besteira.
Ele a observara por boa parte do jogo. Quase perdera alguns passes, fazendo com que Térris quase o matasse. Mas foi só quase, depois disso o jogador fez um gol, para a felicidade do treinador.
ficou frustrado com a possibilidade de ela deixar a quadra antes do jogo acabar, porém logo descobriu que era uma das muitas jornalistas. Percebeu que como qualquer mulher que o fascinava, tinha aquele corpo sinuoso, um decote que lhe chamava atenção e lábios cheios e rosados que o atraiam. A blusa ainda estava molhada e ele deu um sorriso quando se lembrou da fúria da moça. Mas, acima disso, notou uma ligeira tristeza e, também, um sorriso gentil que repousava em seu lábio enquanto falava com Térris.
Tentou se lembrar do encontro deles mais cedo. estava indo para quadra, atrasado como sempre, quando trombou com alguém no caminho, ensopando a frente de sua camiseta. Não só a sua. Quando se afastou viu a blusa da moça, igualmente molhada. Ela não precisou de três segundos para reconhecê—lo, mas ao invés de ser agarrado como geralmente era, a moça bateu em seu tórax com toda a força que conseguiu reunir (e não era muita, mas o suficiente para fazer recuar um ou dois passos) e pegou a garrafa vazia do chão.
— Você me molhou, seu idiota. – Murmurou ela, olhando de um jeito assassino. O artilheiro ficara tão espantado com tal atitude, que nem passava pela sua cabeça o politicamente correto a se fazer.
— A culpa não é minha se escolheu esse corredor para desfilar.
A mulher, depois de uma tentativa fracassada de secar a blusa, lhe deu um olhar de descrença.
— Me desculpe, mas a bailarina aqui é você. – Falou, dando as costas. E antes de se afastar completamente, ainda se virou para dizer: — Principalmente no campo!
Dando uma piscadinha irônica e deixando totalmente sem palavras, se foi, virando o corredor. E foi nesse momento que percebeu duas coisas. A primeira era que ele precisava sair com aquela mulher. E a segunda, era que ele ainda estava atrasado.
(Mas há algo nas palavras que você diz, que faz tudo parecer tão real)
Eliza Foy precisava urgentemente entender o conceito de “me deixe em paz”.
— Mas , ele está totalmente na sua! E ele é tão lindo! – Insistiu pela milionésima vez.
— Não me enche, Eliza. Que saco. – Resmunguei enquanto socava uma calça com etiqueta e tudo dentro da gaveta, fazendo—a dar um muxoxo.
— Aposto que é por causa do Rony. – Senti minhas bochechas esquentando. – E essa calça é uma Vuitton, não soca ela.
Revirei os olhos.
— Tanto faz. – Falei, dando de ombros e deixei que ela dobrasse a calça. –E não tem nada a ver com o Rony.
Ela ergueu as sobrancelhas antes de fechar a gaveta.
— Bom, você não saiu com o Brad, com o Collin ou com o Matt nesses últimos dois anos quando eles pediram. Então meio que está escrito na sua testa, . É sim por causa do Rony.
— E se for? – Desafiei, fazendo—a abrir um sorriso zombeteiro do tipo “te peguei!”.
— Se for, cara , você vai parar de vegetar na frente desse celular esperando uma mensagem dele, porque ela não vai chegar...
— Nossa, valeu.
— Vai tomar um banho, porque, sinceramente amiga, você está precisando...
— Uau, obrigada mais uma vez!
— Se arrumar que nem uma mulherzinha, e vai sair com o .
Sentei na cama, cruzando as pernas. Pensando. Não seria tão ruim assim dar uma chance para , seria? Quer dizer, dentre todas as mulheres possíveis ele escolheu logo a mim, que o tratara tão mal. Não é que eu não queira, mas me sinto... Bem, me sinto pequena perto dele, quase que diminuída. Oh, não, não é que eu esteja me rebaixando no maior estilo Isabella Swan, mas sinceramente, era mesmo lindo demais. E parecia meio esnobe, na verdade, não que eu tenha falado muito com ele. Ah, mas o que mais se pode esperar de um jogador de futebol famoso e sararão?
Brincadeira, não era por causa de nada disso.
O caso é que não acreditava mais no amor. Não acreditava em segundas chances. Era tudo ou nada. Se com Rony eu tinha sido ferida, todos os homens eram iguais. Daria na mesma. Não podia sair com , mas... E se?
Droga, eu com certeza estou em conflito.
Contei para Liza apenas com a intenção de desabafar, mas minha amiga parecia desesperada. Desde que eu contei que me chamara para sair, há umas duas semanas atrás, ela tem me infernizado para eu aceitar o convite. Ele me deixou seu número e, apesar de no começo – confesso – eu estar doida para sair com ele, fiquei com medo de que ele fosse apenas mais uma versão badboy e rica do Rony. É óbvio que Liza me deu o maior tapão na testa quando disse isso, me fazendo crer que talvez não fosse assim uma ideia tão má. Mas hoje, quando vi o seu número piscando para mim de lá da cômoda, não consegui tirar da minha cabeça que sim, era uma ideia extremamente má. Era uma ideia péssima.
Então peguei o papelzinho com seu número, sentei na cama, disquei, tocou uma vez, Liza apareceu, praticamente assassinou meu celular, me chamou de louca e escondeu o número do telefone de no sutiã. E estamos discutindo sobre isso desde então.
Claro que agora eu não tinha mais escolha. Na verdade, eu até tinha, mas preferia fugir do jeito mais fácil. Eu iria nesse encontro, voltaria e diria para Liza que não deu em nada. E depois eu voltava a vegetar na frente do meu celular esperando uma mensagem de Rony, que de acordo com Liza, jamais chegaria.
— Puta merda, , uma mensagem do Rony! – Gritou Liza, me tirando dos meus pensamentos.
— O que? Onde? – Falei, levantando da cama e indo até onde ela estava com meu celular. Liza riu.
— Oh, me enganei. É do e ele está perguntando se você vai sair com ele ou não.
Não contive aquela necessidade irresistível de mostrar o dedo para ela.
— Já disse que não vou. –Decidi, finalmente.
— Ops! Mensagem enviada.
— Me dá isso aqui, Eliza! – Falei mais alto, finalmente conseguindo arrancar o meu celular da mão dela.
“Mas é claro que irei! Será um prazer enorme te acompanhar hoje à noite. Beijos, até as sete!”, escreveu aquela mulher insuportável.
Merda.
—“Será um prazer enorme... ”? Qual é seu problema?
Ela fez cara de ofendida.
— Outch. Agradeça—me quando voltar. – Falou, pegando sua bolsa e a chave do carro.
— Ah, espere sentada. Eu não vou te agradecer.
Liza me deu um olhar inteligente antes de abrir a porta do meu apartamento.
— Veremos. – Falou, dando uma piscadinha e saindo porta afora.
Fui riscando todos os itens da minha lista mentalmente ao mesmo tempo que olhava o relógio estagnado em 18:59. Arrumei o cabelo, fiz as unhas, me vesti, maquiagem, etc. Porém, depois que me considerei pronta, me senti uma idiota. Aliás, eu nem sabia onde ele me levaria. Vai que no tal lugar esse vestido preto de alcinha não fosse assim tão próprio? Resolvi mudar de roupa, colocar algo mais meio termo. Nem chique demais e nem mendiga demais. Coloquei uma blusa social com detalhes de renda e aquela calça da Vuitton que eu quase matei enforcada mais cedo. Finalizei com um salto marrom e realcei um pouco a maquiagem. Não mexi no meu cabelo. Liza vivia no meu pé para eu cortar, mas me apegara demais as longas madeixas enroladas. Na adolescência eu costumava alisar o cabelo, não curtia muito esses cachos todos. Mas foi graças a eles que eu consegui meu emprego assim que me formei, acredite se quiser.
Estava sentada no sofá quase roendo as unhas recém feitas quando três batidinhas na porta desviaram minha atenção.
Nós não tivemos uma impressão muito boa um do outro, mas era a hora de deixar essa má impressão para lá. Relutante, estiquei a blusa, peguei minha bolsa e estava indo em direção à porta quando parei. O que eu deveria fazer? Convidá—lo a entrar? Oh, droga. Talvez eu devesse colocar minha bolsa de volta no sofá e tirar os sapatos. É, vou fazer isso.
Fiz exatamente isso e fui até a porta, preparando meu melhor sorriso.
Sorriso que morreu na hora quando eu vi a pessoa do outro lado da porta.
Rony. Era Rony Hudson com um buquê de rosas vermelhas. Ora, mas é claro que era Rony. Quem mais subiria sem o porteiro me chamar autorizando a subida? Sr. Martin e eu precisávamos ter uma séria conversa sobre quem sobe e quem fica. E Rony certamente estava no grupo que fica. Rony Hudson, o cara mais babaca do planeta todo. Fiquei com a maior vontade de mandá—lo para aquele lugar, mas não podia fazer isso, infelizmente.
O imbecil era meu chefe.
— Oi, . – Pronunciou—se, com um sorriso, me estendendo as rosas. Como quem não quer nada. Como se nada tivesse acontecido. Como se fosse tudo normal.
Como se eu fosse uma otária que iria cair nessa ladainha de novo.
— Oi, Rony. – Murmurei, cruzando os braços. Mas depois me deu um peso na consciência e eu acabei pegando as rosas de suas mãos.
Coloquei dentro do vaso de sempre e quando voltei, ele finalmente pareceu ter notado minha roupa, minha maquiagem e a produção toda e pude ver que seu sorriso vacilou um pouco.
— Vai sair? – Perguntou.
Sorri.
— Por um acaso, vou sim. Estou atrasada, aliás. – Peguei minha bolsa, coloquei meu sapato e fechei a porta, tudo isso enquanto Rony me olhava com uma expressão que não pude identificar. Seria arrependimento? Bem, não importa. Apertei o botão do elevador e fiquei lá esperando, com um Rony mudo do meu lado.
— Hmm... vai sair com Liza?
Dei um olhar de descrença, não ousando acreditar que estava contando isso logo para ele.
— Não. Com... . – Respondi, abrindo a porta do elevador e entrando. Rony me seguiu e não consegui olhar para sua face. Não podia sucumbir a isso, não podia fazer meu corpo acreditar que ainda o amava. Meu coração não aceitava isso.
Sai do elevador entrando no hall. Esperaria ali mesmo, independente se ele fosse me achar uma desesperada ou não.
— Que ? – Perguntou, um tempo depois.
— Acho que eu. – Falou a voz brincalhona de atrás dele, antes que eu pudesse responder.
— Oh, certo. Você. – Murmurou Rony depois de reconhecer . Abriu um sorriso que eu sabia que era falso e andou até ele. – Bom, não vou atrapalhá—los. Tenham uma boa noite.
Percebi que ele apertou o ombro de com uma força maior do que seria considerado cordial, mas só riu, desejando tudo em dobro para ele.
— Seu ex?
Levantei uma das minhas sobrancelhas.
— Óbvio. – Sorri, arrumando minha bolsa nos ombros e lembrando da educação que minha mãe me deu. – Hm, meio que eu desci só pra ele se tocar. Mas eu ia te oferecer um vinho, aceita? — Você é uma mulher surpreendente, . – Disse, arqueando as sobrancelhas. – Se importa se tomarmos nosso vinho quando voltarmos? Estamos meio que atrasados.
Balancei a cabeça.
— Não tem problema nenhum. Aonde vamos, aliás? Talvez ainda dê tempo de colocar algo apropriado. – Ri e pela primeira vez me encarou de cima a baixo, fazendo uma análise da minha situação. Pegou na minha mão e a apertou.
— Está perfeita. – Sussurrou, sorrindo.
Eu já devia estar escarlate. Ao invés de agradecer, resolvi abusar um pouco da ironia que eu usava quando estava nervosa.
— Bem, você não está tão mal.
Ele gargalhou e me ofereceu o braço. Entramos em sua Land Rover estacionada na frente do meu prédio e no banco do passageiro tinha um buquê de gerânios. Eu não queria nem saber com quem ele tinha pego aquela informação. Ou se foi apenas uma incrível coincidência. Para falar a verdade, suspeitava de Liza. Não interessa, o ponto é que gerânio é minha flor preferida.
Acontece que “nada mal” foi um comentário bem sarcástico, porque estava muito além disso. Fazia jus a sua fama de jogador bonitão. Bem, parece que ele se redimiu e conseguiu apagar aquela má impressão de esnobe. Agora era minha vez de apagar aquela impressão de ignorante, porque se tinha uma coisa que eu não era, essa coisa era ser grossa com alguém.
— , você não me respondeu. Aonde vamos? – Quis saber.
Ele me lançou um sorriso badboy enquanto dirigia, sem olhar para mim. Oh meu Deus, isso era tão sexy.
— Surpresa. Confia em mim?
Dei uma gargalhada.
— Confio apenas o máximo recomendado, porque, afinal, você pode ser um serial killer. Nunca se sabe. – Brinquei, fazendo com que a risada superescandalosa de preenchesse o carro.
— Sua teoria é interessante, . Mas não se preocupe, você não vai nem perceber. Ela já está amordaçada. – Sussurrou, apontando para o porta—malas.
Era claro que ele estava continuando com a brincadeira que eu mesma comecei, o que era ótimo. Senso de humor era algo com o qual eu não precisava me preocupar. Tem sido tão... perfeito até agora. Mas eu me desliguei disso e, de novo, comecei a pensar em como me sentiria se desse tudo errado. Jane, cale a boca. Você não está nem mesmo há vinte minutos com o cara e já está pensando na possibilidade de dar algo errado? Infelizmente, sim, eu estava.
provavelmente interpretou mal meu silêncio.
— Ei, é brincadeira. – Falou carinhosamente depois que eu não disse nada.
Dei um sorriso fraco, insegura de repente. percebeu, ficando sério.
— ? Fiz alguma coisa? – Perguntou, parando o carro na margem de uma campina. Nem percebi como fomos parar ali. Devo ter me perdido tanto em meus próprios pensamentos que nem me dei ao trabalho de olhar o trajeto.
— Não! – Exclamei, rápido demais. Pude ver que ele não se convenceu, então eu dei um sorriso. – Não, não fez nada.
Ele sorria também, de um jeito menos tímido, e desligou o carro. E foi só aí que percebi que estávamos literalmente a muitos quilômetros da civilização. O que diabos íamos fazer no meio do nada?
— Um momentinho. Certo, pode descer. – Ele disse, indo até o porta malas.
Mesmo insegura, desci.
Cinco minutos passou e nada de voltar. Resolvi ir atrás dele.
— ? – Chamei.
— Oi! – Falou assustado, escondendo o conteúdo do porta malas com o corpo. Isso me deixou curiosa e assustada. Mais do que já estava.
— Tá fazendo o que aí? Pra onde gente está indo?
Ele riu, erguendo as sobrancelhas.
— Já chegamos. Mas, merda, encheu de mosca isso aqui... – Murmurou, mais consigo mesmo.
— Isso o que?
Ele me encarou sério.
— A garota morreu asfixiada. Mas acho que você pode me ajudar a enterrá—la aqui. – Falou, me estendendo uma pá. Estaquei no meu lugar. Tinha mesmo uma garota ali? E ela tinha morrido? E eu ia enterrá—la?
Era uma pegadinha, sério. Tinha que ter câmeras escondidas aqui. O negócio todo era tão ridículo que eu caí na gargalhada; continuou sério.
— Até parece que tem um corp... – Ia dizendo, indo até o porta malas, onde ele estava. Mas minha frase morreu quando vi o que tinha lá. Tinha alguém debaixo daquele pano. Meu Deus, onde foi que eu me meti?
Minha indignação se transformou em pânico, e eu gritei, me afastando.
chegou por trás de mim e tampou minha boca, fazendo com que eu me esperneasse e me debatesse, qualquer coisa para poder sair de seu abraço esmagador. Por algum milagre divino consegui dar um chute nas suas joias, fazendo—o cair.
— Ai meu pau! – Berrou.
— Bem feito! – Berrei de volta, já me afastando dele. Meu plano brilhante era ir até o carro e fugir, para onde quer que fosse. Na hora do desesperado, surgem planos A, B, C e D e você só pensa que algum deles precisa funcionar. Meu plano A não funcionou, a chave não estava na ignição.
E, por um acaso, nessa situação eu nada tinha além de meu plano A.
Escutei se levantando e vindo até mim.
— , eu...
— Não! Fique onde está! – Gritei, fazendo com que ele parasse.
— Não precisa chorar! – Falou rindo, fazendo com que eu percebesse naquele momento que eu estava mesmo chorando. E que se dane a maquiagem.
— Fica. Parado. Aí. –Murmurei, ligando para Rony. Por algum motivo, ele foi a primeira pessoa que me passou pela cabeça. Acho que quatro anos de namoro e dois de noivado faz isso com uma pessoa.
— Espera. – Falou calmamente, tirando o celular da minha mão.
—I sso é sequestro!!! Você matou uma garota, me trouxe para o meio do nada e tentou me estuprar! Pelo amor de Deus, me deixa ir embora! – Implorei, chorando muito. Com uma saudade de Liza, que já era uma irmã para mim. Com uma estranha sensação de que as coisas entre eu e Rony não estavam cem por cento resolvidas e eu precisava voltar.
Voltar para ele.
Que ideia ridícula, !
E, para minha grande surpresa, simplesmente devolveu meu celular e começou a rir. Rir de verdade, me deixando mais confusa ainda.
— , por Deus, estou brincando! – Exclamou. Não deixei que ele se aproximasse.
— E o corpo!? Como explica aquele corpo? – Gritei. Ele me deu um sorriso terno.
— Vem ver.
Eu não tinha outra alternativa a não ser obedecÊ—lo. Caminhei até o porta malas novamente e vi quando ele tirou aquele pano.
Era comida.
Não era um corpo. Era um monte de coisas de comer. Me senti uma otária na hora.
— Mas...
Ele riu ainda mais.
— Isso é um parque. Você parecia tão pensativa que eu não quis te incomodar para avisar que tínhamos chegado. – Explicou, calmamente. – Íamos fazer um piquenique noturno. Tem mesinhas de piquenique ali adiante. Eu geralmente venho aqui sozinho, mas o tempo está gostoso e a lua está linda. Achei que ia ser tudo perfeito e blá blá blá, mas aí a melancia vazou no meu carro todo e eu tive a ideia de fazer aquela brincadeira sem graça com você e eu sinto muito muito muito mesmo.
Desculpou, aproximando—se de mim. Não sabia o que pensar disso, mas me senti muito idiota por ter caído naquela.
Para me surpreender ainda mais, eu mesma comecei a gargalhar. Gargalhamos de mim mesma, juntos, até que me aproximei ainda mais dele.
— Me desculpe, eu...
— Não, tudo bem. A culpa foi minha. – Ele fez uma cara preocupada. – Nosso piquenique ainda está de pé?
Sorri.
— Mas é claro que está.
Foi uma noite divertida. Conversamos sobre nossa infância e sobre as coisas que gostamos de fazer. Descobrimos vários gostos em comum, o que me deixou animada. Aquele mal estar que eu tinha sentido já se fora, e eu estava realmente me sentindo bem perto dele. Já havíamos guardado todas as coisas para irmos embora e aquele lugar era tão lindo a noite, que eu tinha certeza que iria voltar mais vezes.
— Bem, sobre aquele vinho... Podemos deixar para a próxima? – Perguntou , enquanto íamos de volta para o carro.
— Claro! Mas por quê?
— Hm... Brianna já me ligou umas sete vezes querendo saber onde estou. – Ele sorriu terno, mas depois congelou, olhando para mim. – Desculpe, eu devia ter contado sobre ela antes.
Quem seria Brianna? A esposa dele? Eu era um tipo de amante? Ao invés de surtar, simplesmente deixei que ele falasse. Afinal, podia ser apenas uma brincadeira novamente.
— Quem é Brianna?
— Minha filha.
Parei de andar, olhando para as costas dele. , ao perceber que eu já não o acompanhava, desacelerou seu passo e esperou que eu o alcançasse.
— Não sabia que você tinha filha.
Ele riu.
— Ora, isso é o mínimo esperado para alguém que foi me entrevistar, querida. – Comentou. Revirei os olhos.
— Fui entrevistar Térris e não você. – Retruquei, rindo.
— , isso é um problema para você? Para nós? —Perguntou, preocupado. Pela sua expressão eu podia dizer que ele já saíra com muitas mulheres que não aceitaram sua filha. Eu não tinha problema com isso. Não mesmo. Era apenas a mãe da garota que me preocupava, mas não falaria isso para ele agora.
— Não, de maneira nenhuma. – Sorri. – Quantos anos ela tem?
— Oito. Vai fazer nove no mês que vem. Você podia ir à festinha dela, que tal? — Falou, sorrindo.
Epa.
— Mas não a conheço, nem a nenhum convidado e...
— Então vai conhecê—la hoje! Vamos, é perto daqui. Você fica apenas cinco minutos e eu te levo para casa.
E ele não aceitou não como resposta, me fazendo rir.
O caminho até sua casa não era longe dali, como ele mesmo disse, e fiquei prestando atenção no caminho para poder voltar aquele parque depois. Mas foi em vão, eu não conhecia aquela parte da cidade.
morava em um condomínio fechado e conforme andávamos até sua casa, juro que vi vários atores conhecidos passeando com seus cães. Ele parou em frente a uma casa clara, com vidros substituindo algumas paredes e duas enormes pilastras na entrada. Era uma bela casa.
Saímos do carro, e ele abriu a porta, sendo imediatamente empurrado para fora.
— Por que demorou tanto? Tive que assistir The Vampire Diaries sem você!
A garota era linda e mesmo se ele não tivesse me contado, eu saberia que eram pai e filha. A única diferença era aquele seu cabelo castanho claro, mas os olhos e a boca eram incrivelmente iguais.
— A culpa foi dela! – Resmungou do chão, apontando para mim. Brianna sorriu para mim assim que me viu, se levantando de cima do pai e vindo até onde eu estava. Ela abraçou minha cintura como se já me conhecesse e eu, por educação, retribui o abraço com a mesma intensidade.
Pode—se dizer que nos demos bem.
— Obrigada por ter saído com meu pai. – Ela falou em tom de conspiração, fazendo—o revirar os olhos.
— Oh, por nada.
— Foi que hoje o Stefan finalmente beijou a Caroline e meu pai não deixa eu ver cena de beijo. Graças a você, eu vi o beijo mais esperado do ano! – Explicou, rindo. Ela não parecia ter oito anos, conversava com uma maturidade tão grande. Me apaixonei por ela logo de cara.
— Bom saber, querida. – Disse , se levantando do chão e cruzando os braços.
— Ah pai, nem deu pra ver direito. O sol ficou na cara deles. – Ela disse, fazendo uma cara emburrada.
— Mesmo assim, eu...
— Qual é, não sou mais criancinha. Eu sei o que é um beijo. Aposto que já a beijou! –Resmungou, gesticulando com a mão na minha direção. Eu dei risada e ficou vermelho, espero que de vergonha. Depois de olhar para mim, ele olhou para ela sorrindo.
— Vou levar para casa e já volto. Não assista mais nenhum episódio sem mim. – Falou, beijando a cabeça dela. Brianna veio até mim e me deu um beijo na bochecha.
— Prazer conhecê—la, senhorita .
Dei risada de sua frase absolutamente formal.
— O prazer foi meu. – Disse, passando a mão pelo cabelo dela.
Fui andando na frente, achando que estava me seguindo, mas ele estava conversando com a filha.
— Para o seu convênio eu ainda não a beijei. – Sussurrou ele.
— Você é muito mole, pai. – Sussurrou Brianna de volta. deu um pedala na cabeça dela e me virei rapidamente para ele não perceber que estava ouvindo.
— Vamos?
— Você na frente, princesa. – Falei piscando, fazendo—o revirar os olhos.
— Que diabos foi isso? – Perguntou, ao colocar o cinto de segurança.
— Você não percebeu? Estava te imitando!
— Eu não te chamo de princesa. – Negou, com um tom de voz que dizia que o que eu estava dizendo era o maior absurdo do mundo.
— Ainda. – Sussurrei.
Ele arqueou as sobrancelhas.
— Certo. Mas vou chamar minha cadáver de princesa, ela precisa mais do que você. Pobrezinha.
— Não tem graça, . – Retruquei, rindo.
— Você tinha que ter visto a sua cara!
— Você é engraçadinho até demais, se quer saber.
— Eu espero que isso tenha sido um elogio.
— Oh, com certeza foi!
— Eu espero que isso não tenha sido irônico. – Dei risada, e pouco tempo depois ele estava me acompanhando.
Tinha sido uma excelente noite. Diria que com certeza foi o melhor encontro que eu já tinha ido. com certeza sabia como conquistar o coração de uma mulher. Por algum motivo, isso me levou a pensar na mãe de Brianna. Ela havia morrido? Talvez eles fossem separados? Ou então a mulher os abandonou? Eu queria muito saber, mas não seria apropriado perguntar uma coisa dessas logo no primeiro encontro. Imaginei que se eles fossem separados eu sofreria com isso, e não havia como prever algum desentendimento porque ele é um homem, e homem em geral não sabe como uma mulher se porta diante de uma outra que tende a ser uma ameaça. Minha vida estava uma maravilha.
— Está entregue. – Murmurou ele do meu lado. Olhei em seus olhos, me sentindo uma mulher ótima e linda, só por causa da maneira que ele me olhou de volta. – Espero poder sair com você de novo.
Sorri.
— Você podia vir... Jantar aqui? – Sugeri. Soou mais como uma pergunta, porém ele entendeu o recado.
— Eu adoraria vir jantar aqui. – Sussurrou, se aproximando de mim.
Eu tinha oferecido um jantar? Sim. E tinha esperanças de que a noite acabaria em sexo? Com certeza. Afinal, acho que era desejo de ambos.
Não sei se o desejo estava na minha testa ou se ele leu minha mente ou o que diabos aconteceu entre nós, mas meu pescoço foi jogado para trás e seus braços domaram minha cintura, segundos antes de nossos lábios se tocarem. Não foi doce, não foi suave, foi como se nós já nos conhecêssemos, foi como se nossa boca, nossos braços já tivessem se tocado antes. Era um beijo desesperado, um beijo selvagem, e eu sabia que estava excitada e que se não parasse ele, não voltaria para casa tão cedo. Tentei me afastar, mas suas mãos foram direto para minha bunda, me apertando contra ele. O espaço do carro já não era suficientemente grande e estava ficando desconfortável ali.
— Talvez... A gente... – Tentei sugerir para a gente subir, mas ele me calou com seus lábios, me impedindo de falar.
— Só se você quiser. – Sussurrou, e sem pensar duas vezes lhe lancei um olhar sugestivo e literalmente corri para fora do carro, com atrás de mim.
Tinha gente no hall, então dei uma ajeitada na nossa cara amassada até chegar ao elevador, que infelizmente estava cheio de gente. Minha fantasia de me agarrar com alguém no elevador não ia rolar hoje. Pude ver que estava tão impaciente quanto eu, e segurei uma risada quando notei seu olhar arregalado. Finalmente chegamos ao meu andar, vazio, e em questão de segundos seus lábios já estavam nos meus de novo e eu estava dividida entre devolver o beijo e abrir a porta do apartamento. Com a porta aberta, foi muito fácil trancá—la e aí, sem nem pensar, já arranquei a camisa de e ele fez o mesmo com a minha. Tirei meus sapatos enquanto andávamos para o meu quarto e me livrei das calças pelos corredores. Estava apenas de lingerie, e minhas mãos lutavam para abrir o zíper da calça dele. No fim das contas foi ele quem fez esse trabalho. A essa altura já estávamos no meu quarto e nem nos demos ao trabalho de acender a luz. Eu mesma tirei meu sutiã, e ele, olhando diretamente para mim, tirou minha calcinha. Desci um pouco minha mão para tirar sua boxer e, uma vez nus, paramos de nos beijar e nos olhamos profundamente.
— Agradeço pelo dia que eu derrubei água na sua blusa, .
Sorri.
— Agradeço pelo gol que fez pra mim.
— Não fiz gol pra você. – Retrucou, beijando meu pescoço.
— É claro que não. – Ironizei, fazendo ele rir. Ele se abaixou para beijar meu pescoço.
— Você é uma mulher fantástica, princesa.
(Eu não preciso correr, correr, correr. Você está me fazendo acreditar em tudo)
Liza estava praticamente tendo um filho quando terminei de contar o que aconteceu. É claro que ela ficava me lembrando de meia em meia hora que eu devia minha vida para ela, porque foi apenas graças a ela que eu conheci o homem da minha vida. Na cabeça dela, e eu já estávamos casados.
— Vocês quebraram todos os tabus do primeiro encontro. Não só descobre que ele tem uma filha, como também transa com ele sem mais nem menos. – Ela riu. – Espero que tenha sido bom.
Arqueei as sobrancelhas, rindo com ela.
— As três vezes foram ótimas.
— ! – Gritou, jogando uma almofada na minha cara.
Demos risada, mas logo ela ficou séria, me deixando preocupada.
— O que houve?
Ela abaixou a cabeça.
— Nada. Só estou com um pouco de raiva da minha chefe.
— O que a Anny fez?
— Não quer me promover, ! – Choramingou.
— Anny não tem coração. Da vontade de cortar a cara dela, jogar no triturador e dar o resto pros cachorros comerem. – Murmurei.
Liza me olhou cética.
— A garota tira as teias de lá debaixo e já volta toda violenta. Eu, hein... Ai! – Gritou rindo, depois que eu meti um tapa nas costas dela.
— Engraçadinha. – Um sexto sentido me fez virar para o lado, onde estava o relógio. Arregalei os olhos. – Liza, olha a hora!
Ela gargalhou.
— Vai lá traçar o boy, honey.
Revirei os olhos para sua impertinência, pegando as chaves do carro.
— Cuide bem da minha casa! – Gritei, ao sair do apartamento.
Segui as coordenadas que me passou, até sair da cidade. Ele disse que o restaurante era meio fora da cidade, mas que iria valer a pena. Era perto da quadra que ele geralmente treinava.
Consegui chegar sem problemas e estacionei meu carro do lado do dele.
— Hm, tenho uma reserva no nome de . – Falei para a moça da entrada. Ela me lançou um sorriso malicioso e pediu que eu a acompanhasse.
Vi e Brianna de longe, mas isso não era tudo. Tinha outra mulher com eles e isso me assustou. Devia ser a mãe dela. Ou talvez não. Coloquei meu sorriso mais corajoso na cara e fui em direção à mesa.
— Olá, senhorita . – Disse Brianna alegremente assim que me viu.
— Olá, senhorita Brianna. – Saudei com um sorriso. – Oi, .
Ele ergueu as sobrancelhas para mim.
— Oi, princesa. – Falou, se levantando e vindo até mim. Revirei os olhos.
— Você não vai ficar falando isso para sempre, vai? – Perguntei.
— Veremos.
— Hmm, acho que já vamos indo. – Disse a tal mulher, falando pela primeira vez.
— Mas eu queria conversar com a senhorita também! – Resmungou Brianna.
David olhou para a mulher, meio que implorando algo. A mulher balançou a cabeça, compreendendo.
— Você vai conversar com a senhorita mais tarde, não é mesmo ? – Falou a mulher, virando—se para mim.
— Claro! Iria adorar conversar com você mais tarde, Brianna! – Exclamei, fazendo a garota sorrir fraco.
— Ok, vamos pra essa droga de cinema logo, Mellody. – Disse Brianna, recebendo um olhar feio do pai.
Eu ri, passando a mão nos cabelos claros de Brianna quando ela passou por mim.
— Ela adorou você. – Sussurrou , arrastando a cadeira para eu me sentar.
— Eu também a adorei. – Exclamei ao sentar. – Ela é fantástica.
O sorriso de morreu.
— Ela sofre muito com a falta da mãe. – Suspirou, olhando ao longe. Segurei em sua mão, e depois de olhar para nossas mãos unidas percebi que ele estava falando consigo mesmo. –Desculpe, não sei por que disse isso.
Fiz uma carícia em sua mão.
— Ei, pode dizer qualquer coisa se isso fizer você se sentir melhor.
Ele suspirou.
— Foi no início da fama. Eu era todo doido, todo errado. Eu só tinha vinte anos e todo mundo conhecia meu nome. O que mais um jovem iria querer, não é mesmo? – Ele riu. – A mãe dela chamou minha atenção em uma festa e tudo acabou na cama mesmo. O resultado foi Brianna. Mas a mulher não queria nem saber da menina. Desde que descobriu que estava grávida disse que ou eu pegava Brianna ou ela levava para adoção. Eu não duvidei, aceitei Brianna de imediato e nunca mais vi a mãe dela. Pelo que eu saiba hoje ela é muito bem sucedida.
— Uau, . Brianna pergunta pela mãe? – Questionei, depois que ele terminou de me contar aquela história.
— Pergunta. Pelo menos cinco vezes ao dia. Eu digo a verdade, que eu não faço menor ideia de onde ela está. Mellody a distrai um pouco. Achei que se ela tivesse uma influência feminina seria melhor, e até que está funcionando.
— Mellody é a babá?
— Sim, mas Brianna a mataria se ouvisse você dizendo que ela tem uma babá. – Contou , rindo. Parecia que o bom humor tinha voltado, o que me deixou feliz.
Desde mês passado eu não conseguia tirá—lo da minha cabeça. Liza precisou viajar de surpresa, então contei apenas muito resumidamente o que aconteceu, através de dez áudios de um minuto e meio cada no WhatsApp. E quando ela chegou hoje, a primeira coisa que fez foi ir de mala e cuia até meu apartamento, pronta para ouvir o relatório detalhado e completo, mesmo que eu tenha falado que iria sair com o assunto da conversa mais tarde. Ela decidiu ficar por ali mesmo enquanto eu “batia perna”.
Conversava com todos os dias. Saímos bastante depois daquele encontro e posso dizer que nesse pouco tempo tínhamos construído uma amizade. Uma amizade ainda em andamento, mas o relacionamento progredia, o que me deixava feliz.
— E você? – Perguntou depois de um tempo. Fiquei confusa.
— E eu o que? – Ele sorriu.
— Contei uma coisa tensa da minha vida. Sua vez. Pode me falar sobre o Rony, por exemplo. Devo me preocupar com ele? – Disse.
De início fiquei tensa. Nunca tinha nem tocado nesse assunto. parecia perceber e respeitava isso, então não me pressionou para falar. Rony era só “meu chefe”, eu nunca dizia o nome dele.
Mas depois eu relaxei. Eu sentia que precisava colocar para fora. Senti que iria me ouvir. E foi com um sorriso e dez segundos de coragem que eu coloquei tudo para fora.
— Rony e eu nos conhecemos quando eu tinha dezoito anos. Estava na faculdade e ele foi promover a empresa para estudantes realizarem o estágio. Ele simplesmente amou meu cabelo e eu me apaixonei por ele. Inventava desculpas para ir até a sede quase sempre, só para vê—lo. Quando ia completar dezenove anos, nos esbarramos no corredor da empresa e ele perguntou se eu não queria fazer um teste para me candidatar à vaga. Eu não recusei. Eu tinha uma melhor amiga. A Franzzy. Ela disse para eu não entrar. Falou que ele tinha quase dez anos a mais que eu, mas eu era jovem e estava apaixonada. Não me importei com o que aconteceu naquela sala.
Parei de falar um pouco e só percebi que chorei quando um preocupado secou minha única lágrima.
— Só continue se você quiser. – Murmurou. Eu balancei a cabeça.
— Não, eu quero falar. – Ele assentiu, segurando minha mão. – Depois do que ele fez comigo, nunca mais o vi. Franzzy e Liza me apoiavam, me fazendo esquecê—lo. Até que depois de uns anos eu o esqueci por completo. Ele era só um cara com quem me envolvi. Por um acaso, depois que me formei, já com vinte e dois anos, era ele quem estava ministrando a entrada e saída de empregados. Eu sabia que ele tinha me usado naquela época, e eu sabia quem ele era. Sabia que tinha sido promovido e que estava em uma posição de alto nível. Foi apenas isso que me segurou a mão meter um tapa na cara dele. Ele me destruiu, . E quando me viu de novo, disse que eu estava linda e que sentia muito. Contei para Franzzy e ela me mandou não entrar na empresa, disse que ele iria me magoar de novo. Não a ouvi, mas eu não o perdoei de imediato. Demorou. E quando ele provou que tinha mudado e que realmente me queria, eu não pensei duas vezes. Brigamos muito, mas tínhamos uma relação saudável. Ficamos juntos por seis anos. Seis anos juntos, quatro de namoro e por fim, ele me pediu em casamento. Ficamos noivos por dois anos.
Eu não estava mais nem aí. As memórias eram recentes e eu estava chorando. estava dividido entre ouvir o final de história e mandar eu parar de falar, mas eu precisava colocar para fora. Era só que doía. Lembrar daquilo doía e doía mais ainda porque eu tive que continuar vendo—o todos os dias desde o incidente.
— Algumas semanas antes do casamento – Continuei. – Ele disse que ia sair, mas eu preferi ficar em casa. Ele beijou minha testa e saiu. Liza me chamou para uma festa mais tarde e eu acabei me entusiasmando, achando que era uma festa de despedida de solteira surpresa. Tinha um vestido perfeito para a ocasião, mas ele estava com Franzzy. Deixei a preguiça de lado e fui até a casa dela buscá—lo, já que não era tão longe.
A essa altura as lágrimas invadiam meus olhos e eu chorava compulsivamente, soluçava e não estava nem aí para o que as pessoas da outra mesa estavam pensando.
— Eu vi o carro dele estacionado lá e achei estranho. Desci do meu carro e peguei a chave reserva de Franzzy que ela sempre deixava debaixo do tapete.
abandonou sua cadeira e sentou do meu lado, me tomando nos braços. Estava extremamente irado.
— Não continua, . Por favor, eu não quero saber o final dessa história. – Implorou. Mas eu já não o ouvia.
— Eu vi os dois. Franzzy e Rony nus no tapete da sala. Minha primeira reação foi gritar. A segunda foi jogar minha aliança na cara dele, acabar com o casamento e me demitir. Xinguei Franzzy de todos os nomes feios possíveis e ainda pisei no capô do carro dele com minha sandália até a polícia chegar.
— , , me ouve. Ei. – Me chamou. Eu estava perdida. Todos os sentimentos que senti na época voltaram com força, e eu me senti para baixo. Todas as imagens, as cenas na delegacia, tudo.
Rony não me demitiu e não deixou eu me demitir. Continuou sendo meu chefe, mas me mudou de setor. Não cobrou pelo dano que eu causei em seu carro.
E continua mandando flores na minha sala todos os dias. E todos os dias eu as jogo fora, bufando de raiva.
conseguiu me acalmar, me abraçando e passando as mãos nos meus cabelos. Eu estava segura ali, pensei. Não era só porque Rony foi um babaca, que também seria. Ainda não tive que lidar com mídia, e estava tentando não pensar muito nisso. me disse que era complicado, mas que eu ia acabar me acostumando.
— . Se eu ver esse cara na minha frente de novo, eu...
— Não. Por favor, , não faz nada. Eu preciso desse emprego. – Sussurrei. Sua expressão endureceu.
— Como você consegue? Como consegue olhar pra cara dele depois de toda nojeira que ele te fez?
Dei de ombros.
— Eu não o vejo muito. Só em reuniões em que preciso ir a campo. Como no dia que nos conhecemos. – Lembrei, sorrindo, que fora o próprio Rony que me indicara para essa tarefa.
parecia revoltado.
— Arrumamos outro emprego para você. , não pode continuar trabalhando para esse homem!
Fiquei brava, de verdade. Por um acaso eu não tinha acabado de abrir meu coração? Quem ele achava que era para me impedir de trabalhar onde estava? Meu salário era ótimo e duvidava de que conseguiria o mesmo emprego com o mesmo salário. Não, eu não ia sair e ponto final.
— Eu não trabalho para ele, Rony é apenas alguém com um cargo acima do meu.
rangeu os dentes.
— , pare de ser tão teimosa! Vem comigo que você ganha o dobro do que recebe naquela empresa.
Como se fosse possível, isso me enfureceu mais ainda. Um lado do meu cérebro, o menor lado, insistia que ele só estava tentando me proteger, que não queria que eu me machucasse de novo. Essa parte pequena do meu cérebro achou isso fofo. Mas a maior parte estava na defensiva e foi nessa parte que eu foquei. Ele estava me prejudicando, sendo possessivo e tentando me dissuadir a fazer coisas das quais gostava.
— Você não tem sonhos, ? Eu tenho! E quer saber mais? O Rony é meu superior e talvez, apenas talvez, eu tenha chances de estar no mesmo nível que ele. Esse é meu sonho. Ser promovida. Prosperar.
passou a mão pelos cabelos, furioso. Estávamos os dois brigando, e eu nem lembrava mais qual era o motivo da discussão.
— Você é obrigada a ver o cara que pisou em você com uma traição e tudo isso por mais dinheiro? Ego? Posição? Status? Ah, qual é!
conseguiu fazer eu chegar ao ápice da fúria.
— Sim! É isso mesmo! – Falei, um pouco mais alto.
— Ok, , vou me expor ao ridículo agora, mas presta bem atenção! – Começou, falando mais alto que eu. Algumas pessoas estavam olhando, mas nenhum dos dois se importou. – Você não vai sair comigo e trabalhar com esse cara ao mesmo tempo.
Fiquei estática, mas por pouco tempo. Eu não tive tempo de pensar, só percebi que ele estava me chantageando com uma coisa que não tinha nada a ver com a nossa relação. Ergui as sobrancelhas antes de falar algo no teor mais sarcástico que pude.
— Ótimo. Foi bom enquanto durou, . Tenha uma boa vida.
Peguei minha bolsa e saí do restaurante, ainda sem acreditar no que tinha acontecido. Tarde demais notei que o que fiz foi algo que uma menina de quinze anos teria feito, mas não me liguei muito a isso.
(Não há necessidade de fugir e se esconder, esconder. Vou te dar cada pedacinho de mim.)
Liza estava provavelmente no décimo terceiro episódio de Sexy And The City, compenetrada totalmente na série, e nem ouviu quando eu abri a porta. Ela só notou minha presença quando eu sentei ao seu lado, peguei uma almofada, coloquei minha cara nela e gritei.
— é um cara rápido, amiga. – Disse Liza, dando pause no dvd. – Agora entendi o lance das três vezes e tal.
Ela riu, mas parou quando viu minha cara chateada/assassina.
— Nenhuma palavra. – Murmurei, enquanto tirava os sapatos.
— Cruzes. Mas já acabou? O que ele fez?
Lancei—lhe um olhar duro.
— O que ele fez? Deu ataque de ciúmes por causa do Rony e disse que ou eu saia com ele ou eu trabalhava na empresa. Você acredita? – Explodi, indignada.
— Uau. E o que você respondeu?
— Desejei que ele tivesse uma boa vida e vim embora.
Liza riu.
— Você não presta, . – Em seguida, suspirou. – Se eu sentisse algo de anormal, provavelmente eu te diria que a fila anda. Só que... , ele parece mesmo gostar de você. E a filha dele também. Eu acho que estavam os dois de cabeça quente, mas vocês vão se resolver. Acredite nisso, ele vai se tocar.
Ela tinha um pouco de razão. Pelo menos a parte sobre estarmos os dois bravos.
— É, mas...
— Não, nada dessa história de “mas”. – Falou minha amiga, levantando—se do sofá. – Agora você vai tomar banho e depois vamos fazer compras.
— Compras para quê?
Ela pisou.
— Para ir ao aniversário de sua futura enteada que já te ama.
Revirei os olhos.
— Eu nã...
— Ah você vai sim. Agora já pro chuveiro!
Normalmente não deixaria Liza mandar em mim daquele jeito, mas estava tão cansada e emocionalmente desgastada que nem discuti. Passei no quarto para pegar uma muda de roupas e caminhei em direção ao banheiro da suíte.
— Ei, espere aí! – Gritou Liza, vindo ao meu encontro correndo.
— Pois não?
— Me dê um absorvente? – Pediu fazendo uma casa fofa. Esqueci do meu grande problema por um tempo e ri dela.
— Não, Liza, vou deixar você sangrando pelas partes baixas por aí. – Ironizei. – É claro que dou, pega ali na terceira gaveta.
Ela foi até a gaveta que eu indicara, me agradeceu e saiu.
Menstruação era coisa do capeta. Ainda bem que a minha só viria dia...
Oh, não.
Não, não, não, não e não. Isso não podia estar acontecendo.
Minha menstruação nunca atrasou. Nunca mesmo. E agora, de acordo com meus cálculos, deveria ter descido há cinco dias atrás.
Merda.
Tomei banho na velocidade da luz e corri para a sala, onde Liza estava lixando as unhas.
— Que cara é essa?
— Não me mata. – Falei. Percebi que minha voz falhava. Liza se levantou, preocupada.
— O que aconteceu? Você está bem, ?
Respirei bem fundo antes de falar. Afinal, o resultado poderia mudar nossas vidas para sempre.
— Precisamos ir à farmácia... comprar um teste de gravidez.
(Até que eu olhei nos seus olhos. Me fez começar a perceber as possibilidades)
Não conhecia ninguém. Nem tinha entrado e já queria ir embora. Na verdade era isso mesmo que eu ia fazer, quando uma voz de garota faz meu plano falhar.
— Senhorita ! Você veio para minha festa! –Gritou Brianna, vindo me abraçar. Sorri.
— É claro que eu vim.
Ela deu pulinhos.
— Vem, vou te mostrar para minhas amigas!
E fomos correndo pelo grande jardim, no meio de vários convidados que eu não conhecia, até um grupinho de meninas.
— Meninas, essa é a senhorita , ela é a namorada do meu pai. – Falou Brianna. Tentei forçar um sorriso. Merda. O que tinha acontecido com minha vida, hein?
— ?
Virei—me.
— Oh, oi . – Falei, meio constrangida.
Ele coçou o queixo, sorrindo.
— Que bom que veio. – Disse. Depois balançou a cabeça. – Quer dizer, Brianna ficou feliz que tenha vindo.
— Eu acho que não é o melhor momento, mas... A gente precisa conversar, .
— Certo. Venha por aqui. – Falou, apontando para a casa. Assenti, o seguindo.
Chegamos ao que parecia ser um pequeno escritório. Parecia inabitado, estava limpo demais, organizado demais para ser utilizado o tempo todo. apontou para uma cadeira, sentando—se em outra e eu sentei na cadeira que ele me indicara, imitando seu gesto.
— , antes de tudo queria pedir desculpas. Eu não tenho o direito de decidir onde trabalha ou deixa de trabalhar. Perdoe—me. – Falou, segurando minhas mãos.
— Também peço desculpas pela maneira como encerrei as coisas. Está desculpado. Ele apertou minha mão.
— Por que eu sinto que não foi isso que veio fazer aqui? – Perguntou, arrastando a cadeira para mais perto de mim.
Suspirei. Como eu ia dar essa notícia? Como será que ele reagiria? Será que eu deveria contar?
Decidi que sim.
— Hm.... É. Eu vim.... – Suspirei novamente, fechando os olhos. – Eu vim dar uma notícia.
Ele arqueou as sobrancelhas.
— Não parece ser uma notícia muito boa, pela sua cara.
Dei risada.
— Não sei ao certo se é boa ou ruim, tudo depende de você.
se levantou, vindo até mim e se agachando em seguida...
— Vou fazer o possível para tornar essa notícia em uma coisa boa, então.
Respirei aliviada. Mais ou menos.
— Ótimo, porque eu estava preocupada achando que voc...
Ele me interrompeu, tampando minha boca com sua mão.
— , para de enrolar e diga logo.
— Estou grávida. – Falei rápido.
Ele se levantou novamente, chocado. Merda, não devia ter dito isso.
— Como?
Eu ri.
— Quer que eu diga como? Bom, primeiro...
— Não, sua engraçadinha, eu sei como.
Levantei—me, passando as mãos nos cabelos.
— Não sei por que te contei isso. Quer dizer, a gente não se fala há dias e...
— E eu senti muita sua falta em todos eles, . Estou falando sério. Só estava te dando um tempo.
Cruzei os braços.
— Certo. Então a gente... Como faremos?
Os olhos dele se arregalaram.
— Nós terminamos? Não, achei que tinha sido apenas uma briga.
— Estou confusa. –Murmurei.
Ele puxou minha mão, me levantando também. Eu a apertei, e ele a levou ao seu coração, me aninhando em seu peito.
— Sei que a gente se conhece pouco, sei que saímos há apenas um mês, sei que você tem muitos defeitos e qualidades que desconheço, mas apesar disso tudo eu também sei que quero ficar com você para o resto da minha vida, se puder.
Assustei—me.
— Mas, , eu nã...
— Você não entende. Eu não sou mais um adolescente. Eu vou fazer trinta anos, , e eu sei que o que estou sentindo eu nunca senti, e não sentirei nunca mais. A não ser que você não queira, eu entenderei perfeitamente. Mas não desistiria de você.
Tive que sentar de novo. Tínhamos acabado de nos conhecer mesmo, mas e daí? E eu estava com um feto dele no meu útero nesse exato momento, não é mesmo?
Ele não era Rony. Não faria o que Rony fez. Eu sabia disso tanto quanto sabia meu nome. Era fácil sentir isso. Ele estava certo. Que mal havia em dar outra chance ao amor?
— Eu quero. Eu quero, . – Sussurrei, me levantando.
Ele abriu o maior sorriso do mundo, me segurando pela cintura e me girando pelo ar.
— Prometo que seremos extremamente felizes, Aronnax. — Espero que cumpra sua promessa, .
(Eu vou te amar como se eu nunca tivesse sido quebrada)
Um ano depois...
estava eufórica. Não parava de se olhar no espelho e várias vezes precisou conter as lágrimas. Queria apenas esquecer a multidão que a aguardava lá fora. Todos os repórteres, paparazzis, colegas de time, amigos e parentes. Estava apenas se concentrando na notícia de que dali a alguns momentos, ela teria um marido.
Não estava exatamente diferente no quarto debaixo. estava suando frio desde a noite anterior. Tinha esperado tanto por esse dia e não via a hora de quando se tornassem marido e mulher, oficialmente.
, que estava se admirando pelo espelho feliz da vida, espantou—se com a entrada brusca de Brianna e Eliza, segurando um bebê no colo.
— Oi, Josh. – Murmurou , para o filho, o pegando no colo. – A Britty não está linda?
O bebê olhou para mãe, em seguida para a irmã, mas depois as ignorou, ficando mais ocupado em brincar com os próprios pés. sorriu para ele.
Brianna revirou os olhos.
— Ele me ama. Eu sei que ama.
Liza riu.
— É claro que ama.
— Senhorita ? Está na hora. – Falou a assistente de cerimônia, entrando no quarto e dando uns últimos ajustes em .
A mulher suspirou, olhando para amiga e para enteada.
— Liza, leva o Josh para o Carter. Ele já sabe o que fazer. E você espera aqui comigo, querida dama de honra. – Completou, olhando para Brianna.
Esperaram uns dez minutos, até Liza voltar, dessa vez sem o bebê, para sair do quartinho e descerem as escadas.
E foi aí que a tontura voltou. Podia ouvir a voz de todos. Todos felizes, todos falando ao mesmo tempo, o barulho dos cliques das câmeras, tudo.
Em breve, ela seria .
Tudo ficou pior quando a música instrumental tocou e todos se calaram. Liza foi à frente, seguida de Brianna, que jogava pétalas de flores brancas pelo caminho. Uma vez que Brianna saiu de sua frente, ela sabia que era sua vez de andar.
Avistou a multidão que olhava para trás, tentando vê—la. Ela teria seus três minutos de fama, nesse momento. Todos olhavam para ela, para forma que ela andava e como estava vestida.
Mas ela só queria saber de uma pessoa: o homem que a aguardava no altar. O seu homem.
caminhou graciosamente pelos três minutos que lhe foi destinado, até que finalmente, finalmente, chegou até onde estava.
Ele segurou sua mão, puxando a mulher para mais perto de si.
— Oi. –Sussurrou ele.
— Oi.
— Você está linda.
ia responder, mas o padre se pôs a falar. E em todo momento, por todo o tempo que durou aquela cerimônia, por todos os olhares que lhe lançava e a cada palavra que ele dizia, ela tinha certeza que não queria estar em nenhum outro lugar.
— E diante de Deus, e pelo poder investido em mim para abençoar essa união, eu os declaro marido e mulher.
Assim que as palavras mais esperadas da noite foram ouvidas, puxou sua agora esposa pela cintura, e todos bateram palmas.
estava feliz, como prometera.
— Agora você é meu. – Ela sussurrou no ouvido dele, enquanto todos aplaudiam.
— Para sempre, princesa.
Sorrindo, com a felicidade que não cabia no peito, ela percebeu que Liza tinha razão. Encontrara o homem da sua vida, depois de ter sido destruída pelo amor em que tanto acreditou.
E adivinha? Não ligava. Ela já tinha conseguido o que queria. A felicidade. O verdadeiro amor. Era apenas isso tudo que importava.
e tiveram uma noite feliz ao lado de filhos, familiares e amigos. Sentiram—se bem e estavam alegres com a decisão que tomaram.
A vida coloca as melhores pessoas em momentos que nos parecem inviáveis, fazendo a gente duvidar da escolha que a vida fez para nós.
Mas não se pode duvidar da vida, porque a vida... ah, a vida sempre acerta.
FIM
Nota da autora: Considerações finais:
1) Peguei de última hora (como sempre)
2) Madruguei escrevendo
3) Provavelmente ficou sem sentido
4) O que faz dessa short minha pior história
5) Mas que eu fiz com todo o meu coração e espero que vocês gostem.
A música falou comigo e saiu essa coisa maravilhosa que você acabou de ler. Eu gostei da história, na verdade, mas não ficou do jeito que eu queria. Blá blá blá. O importante é vocês terem gostado. E se gostaram não se esqueçam de me deixar um comentário simpático e fazer uma autora feliz. Se quiserem, e se interessarem, podem ler minhas outras fics também, eu super deixo (nem estou virando ficstape maníaca, imagina).
De novo, espero que tenham gostado. Beijos no core azul, moçoilas <3
Outras Fanfics:
Just A Girl (One Direction/Em andamento)
Chemical Of Love (Outros/Em andamento)
01. Welcome To New York (Ficstape 1989, Taylor Swift/Finalizada)
02. Good Thing (Ficstape In The Lonely Hour, Sam Smith/Finalizada)
17. Still The One (Ficstape Take Me Home, One Direction/Finalizada)
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
1) Peguei de última hora (como sempre)
2) Madruguei escrevendo
3) Provavelmente ficou sem sentido
4) O que faz dessa short minha pior história
5) Mas que eu fiz com todo o meu coração e espero que vocês gostem.
A música falou comigo e saiu essa coisa maravilhosa que você acabou de ler. Eu gostei da história, na verdade, mas não ficou do jeito que eu queria. Blá blá blá. O importante é vocês terem gostado. E se gostaram não se esqueçam de me deixar um comentário simpático e fazer uma autora feliz. Se quiserem, e se interessarem, podem ler minhas outras fics também, eu super deixo (nem estou virando ficstape maníaca, imagina).
De novo, espero que tenham gostado. Beijos no core azul, moçoilas <3
Outras Fanfics:
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01. Welcome To New York (Ficstape 1989, Taylor Swift/Finalizada)
02. Good Thing (Ficstape In The Lonely Hour, Sam Smith/Finalizada)
17. Still The One (Ficstape Take Me Home, One Direction/Finalizada)
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