Finalizada em: 21/09/2021

Capítulo Único

Sometimes I think I overthink (think I)
And I start to feel anxiety (anxie-)
There were times I couldn't even breathe (mm)
But you never once abandoned me (no, you never)


A internet estava doente.
achava muito assustadora a velocidade com que as pessoas conectadas no mundo virtual conseguiam levar uma pessoa à lama. Geralmente, os usuários que derrubam são os mesmos que levam alguém ao topo. Era um encantamento sem contrafeitiço ainda. Quando um nome começa marcar os tabloides e ganhar força, existe um tipo de pessoa que fica obcecada em pinçar qualquer motivo que possa diminuir o outro para que possa se sentir melhor, como se o fato dela sentir, ser humana, pudesse torná-la menos admirável.
Os mínimos movimentos instintivos que ela fazia com a boca, o cabelo limpo com shampoo à seco pela falta de tempo para passar em casa, as palavras que ela dizia, ou não dizia, ao público eram o suficiente para se tornar um dos assuntos mais comentados no Twitter. Sem uma identificação do rosto real, os cuidadores da vida alheia perdiam o filtro.

- , essas pessoas são as que colocam o pão de todos os dias na nossa mesa. Se você quer crescer, precisa estar na boca do povo. Quem não aparece é esquecido.

A atriz aceitava aquelas palavras dos assessores, à contragosto, na tentativa de fingir que era o que ela levava para a vida. Se ela repetisse bastante a fala internamente, era capaz de começarem a acreditar que ela carregava aquela mentalidade também. Pela facilidade com que aceitava e absorvia os fatos que facilmente entrou na indústria da mídia rapidamente, sendo considerada uma das favoritas da atualidade para as premiações.
Todavia, era como diziam: quem via cara, não via coração. A falsa estabilidade emocional que passava era fachada para o longo túnel de noites mal dormidas. Era difícil não ficar neurótica tentando calcular todos os passos quando uma câmera era ligada. Tudo importava agora. O vestido marcando algumas dobras do corpo, as roupas repetidas de outra celebridade flagrada, eram detalhes que a faziam fechar novos contratos, e também perder. Para isso, contava com um time de quase quinze pessoas para acompanhar e auxiliá-la diretamente, estando elas distribuídas entre médicos, maquiadores, estilistas, agentes de comportamento e seguranças. Quanto mais crescia, mais pessoas entravam na jogada para contribuir e, consequentemente, mais folhas de pagamento dependiam de seu sucesso nos próximos meses. Entregar cada vez mais e melhor, como uma máquina. Ou não teria pão na mesa de todo mundo. Faltavam dedos no corpo para contabilizar a quantidade de amigos próximos de profissão que faziam acompanhamento emocional para enfrentar a montanha russa que era uma vida sob os holofotes.
- Corta! – o diretor gritou próximo de onde a cena se desenvolvia, mas distante o suficiente para não ser enquadrado pelas lentes – Já temos o material para as cenas de dia do episódio. Pausa para o almoço e depois voltamos para a leitura do roteiro do próximo episódio. , quero você no meu camarim! – assim o homem desapareceu tão rápido quanto deu os recados.
estava tensa. O clima nos bastidores não era dos melhores depois do escândalo que protagonizou sem intenção nas capas dos principais canais de fofoca. O mal estar era geral apesar de tudo ter sido esclarecido entre as partes envolvidas. Assim que as equipes de luzes e câmeras começaram a se dispersar, despediu-se dos figurantes da cena e no caminho de volta para o camarim, cruzou com a diretora da cenografia que deu dois toques em suas costas por compaixão, acompanhados de um “bom trabalho”.
Chegando no corredor de camarins, viu o segurança gesticular com as mãos se estava tudo bem ao estranhar que ela não estava entrando em outra sala.
- Está tudo bem. – assegurou em um sussurro abatido antes de se encontrar com o superior, deixando intrigado e em alerta do lado de fora. Com instintos de preocupação que iam um pouco além do profissional, o homem de trajes social preto se aproximou da porta, preparado para agir.
Dentro, deu de cara com o diretor, sentado, aguardando-a, com um semblante que não era dos melhores.
- Queria falar comigo?
- Sim. – o queixo rechonchudo apontando para o sofá foi um convite mudo para que ela se sentasse – Imagino que saiba o motivo...
- Eu não sabia que um simples convite causaria tudo isso e Lorenza e eu já nos acertamos, marcamos de nos encontrar no final de semana para colocar todos os ping...
- , eu não a chamei aqui para ouvir as justificativas. O que acontece fora da minha série e dos meus sets já não me interessam. Sabe que te admiro muito como profissional e não tenho críticas ao trabalho que vem fazendo, mas o desconforto entre vocês está transparecendo nas telas! Devo ficar preocupado?
- É muito generoso de sua parte dizer que não tem críticas. – o lábio inferior cobriu o superior, jogando o ar de frustração para cima – Eu sei que estou apática nas câmeras, prometo me esforçar mais para corrigir isso.
- Você é a nossa estrela principal. Se for o caso, reescrevemos a história e damos um jeito na personagem de Hastings... – demorou para assimilar o que o diretor quis dizer nas entrelinhas e quando a ficha caiu, restou o desespero:
- O quê? Não! – o tom subiu desesperado – Não me faça perder o apreço que tenho por você! Disse até agora que o problema era meu! Eu causei o mal estar nos estúdios, ainda que sem querer. Minha vergonha é tamanha que me custa encarar Lorenza nos olhos depois da humilhação que a fiz passar. É o primeiro projeto dela para os streamings e não vai ser a gente que vai estragar!
- Calma, ... – o veterano ganhou uma postura mais ereta.
- Lorenza me garantiu que estávamos de bem. – interrompeu – Nos demos bem desde a seleção dela para a personagem. Eu mesma a escolhi, pela interação fácil e leve. Se tocarem no papel dela, eu não respondo por mim! Já estamos perdendo muito com esse nada, posso perder mais um pouco!
- Isso é uma ameaça? – o tom do homem fez com que a atriz prendesse a respiração por instantes.
- Não. – replicou, direta e firme – É um pedido que espero respeitarem. Lorenza é muito mais vítima das circunstâncias do que a causa. Vou trabalhar na minha atuação para melhorarmos os números nas estatísticas e continuemos brilhando por boas tramas... E não por... – piscou demoradamente – Por intrigas sem fundamentos.
- Espero que seja assim como me disse, caso contrário, vou começar a fazer algumas mudanças...
- Vai ser. – assegurou, levantando-se bruscamente. Quando girou a maçaneta, deparou-se com conversando com Emily, a sobrinha do diretor que fazia umas pontas em alguns papéis secundários de vez em quando, por total influência do mais velho. Entretanto, aquilo não era assunto dela.
- Finalmente! – puderam ouvir o desaforo da mais nova e precisou cerrar os olhos para se questionar se realmente havia escutado aquilo. Antes que pudesse dar uma lição de moral na outra, viu a porta quase bater em seu rosto.
- Foi bom conversar com você, . Até a próxima. – Emily acenou com um sorriso forçado e enfim, bateu a porta do tio, deixando a protagonista e seu fiel segurança sozinhos.
precisava organizar as ideias e preparar um plano de ação para aliviar os ares nas gravações. Distraída, andou direto para o camarim, sem se importar em dirigir um olhar sequer ao . A indiferença da atriz não poderia ser uma reclamação, não devia nada a ele.
Em seu cubículo, acompanhava com o celular em mãos o que os internautas ainda comentavam sobre o caso. Existiam mais opiniões divergentes do que poderia imaginar. Todos continuavam sedentos para jogar a culpa em alguém. Ser uma celebridade a obrigava a pensar uma, duas e até três vezes antes de agir, sendo na maioria das vezes má interpretada, porque as pessoas costumam a enxergar o que querem. Ainda assim, recusava-se a fazer papel de robô da indústria. Se ela começasse a pensar demais para todos os passos que ia dar, poderia acabar desistindo de realizar algumas vontades.
Ela não se amarraria sozinha.
Foi com esse pensamento que ela cedeu o convite que tinha para um jantar beneficente à Lorenza Hastings. Nesse caso, não era sobre o que fazer, mas sobre o que ela não queria fazer. A protagonista não compareceria ao evento, seria um desperdício duplo se Hastings não fizesse proveito e ela relutou bastante até ser convencida de que o evento seria bom para fazer boas conexões. A chance de ganhar um bom papel, ou não, se devia às influências.

White knuckles tryna hold my sanity (hold my)
Not every wound is the kind that bleeds, uh, uh (uh, uh)


“Fontes confiáveis nos estúdios da série dramática confirmam conversa entre estrela e seu diretor sobre demissão de estrela em ascensão. Veja dez possíveis atrizes para substituição.”

Não fazia nem uma hora desde que deixara o camarim do diretor e o celular já queimava com tantas notificações e marcações dos fãs. Ela nem ao menos deixara o próprio canto, como aquela merda vazou?
Buscou pelos contatos que tinha de Lorenza antes que passassem sua frente e pudessem distorcer mais os fatos. O choque veio quando viu que a foto pessoal da amiga sumira na lista das conversas. Hastings não apagara o número, ela a bloqueou. Afobada e sentindo a boca secar de súbito, tentou as outras redes e viu que não somente estavam com as conexões rompidas, como a assessoria da outra estava blindando a cliente contra a importunação exacerbada.
estava sendo anulada.
Não estava quente.
O ambiente estava fresco.
Mesmo com uma regata solta de decote generoso, a atriz sentiu um incômodo difícil de descrever subir pelas veias. Alisou os próprios braços em um meio abraço para matar os calafrios e se abanou em vão, pois a mente berrava que o café da manhã reforçado começava a fazer o caminho contrário dentro do corpo.
aspirou todo o ar que conseguiu e titubeou.
Apesar da força que estava fazendo no nariz para puxar o ar, o cérebro parecia estar entrando em pane por falta de oxigenação. Não importasse o quanto o peito levantava e descia, piscava com dificuldades sentindo que iria colapsar a qualquer segundo, não sem antes passar pelo vexame de colocar o conteúdo estomacal para fora. Os dedos delicados massageavam a região do coração em movimentos circulares na tentativa de aliviar os batimentos que pareciam lentos e pesados.

Never know when my mind's gonna turn on me (never know)
But you're the one I call for security (oh, baby)


Em um segundo, era somente ele e o silêncio no corredor, um instante depois, apareceu e passou por si como um raio. Algo estava muito errado. O segurança só teve tempo de ouvir um “estou passando mal” estabanado.
- ! – andava em passos rápidos na cola da mulher, tentando não gritar, surtar de preocupação, ou qualquer outro gesto que pudesse ser considerado demais para despertar atenção demasiada e indesejada de pessoas de fora. – ... – chamava entredentes.
A atriz estava enjoada e com falta de ar, parecia o fim do mundo, entretanto, era apenas mais uma crise de ansiedade. Iria passar, repetia a si mesma. No final, ela sobreviveria, como todas as outras vezes.
Respirar fundo.
Inspirar.
Respirar.
Repetia as informações freneticamente ao cérebro, torcendo para que o corpo obedecesse. Fora das instalações das filmagens, permitiu-se encostar a cabeça para trás em um dos muros de divisa do pavilhão.
- , você está tendo outro ataque... – constatou, preocupado, pensando em maneiras de se aproximar sem ser invasivo. Naqueles momentos, ele sabia que o que ela mais precisava era de espaço.
- Agora me diga uma coisa que eu não sei... – ela retrucou, rude, ainda lutando para vencer o mal estar.
- Eu vou procurar ajuda médica... – anunciou, desconsiderando o tom dela.
- Não vai. – contrariou – Fica fora disso, . – ordenou entre um respiro e outro. O homem forçou o riso, sentindo as pálpebras trepidarem de nervosismo. Estava parado, assistindo a mulher contar com a vontade dos céus para se safar de uma crise de ansiedade.
- Fui contratado para tomar conta da senhorita, sua segurança deve ser a minha prioridade. – reiterou, olhando para os lados em busca de um lugar que ela pudesse descansar melhor.
- Foi contratado por mim, por isso deve seguir as minhas ordens. – engolia a saliva ferozmente, forçando o bolo na garganta a descer – Já está passando. – complementou, seca. Usar a justificativa de que o dinheiro permitia que as pessoas agissem como quiser sobre as outras era uma das atitudes que carregava na vida como uma das mais arrogantes, contudo, naquele momento ela não queria falar. precisava de espaço.
Contra o pedido dela, sacou o celular para contatar os médicos da mulher que se comportava como criança agora. Em um ato de reflexo, o estapeou com forças que nem imaginava que ainda tinha. O golpe foi forte suficiente para causar um estalo acompanhado de um ardor no palmo dele. O aparelho de gerações antigas pareceu cair em câmera lenta, sendo amaciado com muita sorte pela grama que nascia entre os blocos de concreto. O coração dela disparou.
- Se quebrou, eu pago pelo conserto. – insistiu em sustentar o teatro de frieza ao vê-lo limpar a tela do celular com a manga da camisa social preta, embora por dentro desmoronasse um pouco mais.

These memories have been toxic (oh)
I tried to ween and get off it (I did)
Through everything, you been my rock
I think you're the only thing I didn't get wrong
Oh, I know God was listening, every night when I would pray
You're an angel watchin' over me (oh)
All I need


Às vezes, ela era assim: feria as pessoas que mais queria bem. Estava fazendo aquilo com . Quanto mais o maltratasse, mais cedo ele veria que ela não valia a pena. começava a duvidar de si. Estava se tornando o tipo de pessoa que não queria ter por perto.
Ela não se orgulhava.
- Não vai poder usar seu dinheiro, se estiver em um caixão, .
Ela não foi capaz de encará-lo nos olhos, desviou para uma falha que tinha no muro que usou como apoio antes.
- Eu disse que estou bem. Se for ficar aqui para me contrariar, prefiro que saia.
- Tudo bem. Não falarei mais nada. – pôs-se a ficar em pé ao lado dela, cada um mirando lados opostos. Passados alguns segundos, o segurança suspirou, incapaz de continuar naquela situação ridícula – Posso ao menos te conduzir até o banco ali no canto para que pegue um pouco de sol? – enfiou as mãos nos bolsos da calça e chegou mais perto, a fim de esconder a figura dela com as próprias costas ao ver que duas assistentes de direção passeavam próximas de onde estavam com uma curiosidade furtiva – As pessoas estão olhando estranho. – murmurou.
Com o raciocínio embaçado, deixou se infectar pela mania de arranjar um bode expiatório para jogar as frustrações de súbito ao invés de aprender a lidar e controlar as emoções que transbordavam.
- Não finja que se importa comigo.
- Como você disse instante atrás: sou pago pela para realizar tal feito.
piscou várias vezes para assimilar o corte.
- Só havia você no corredor quando estava conversando com o Rodriguez.
As acusações eram infundadas. Nem ela era capaz de crer naquela linha de raciocínio que estava tomando. era um dos seres poucos seres nessa vida que se importaria de ter por perto em todos os momentos.
- Se pensar assim te deixa mais confortável, por favor, prossiga. – o homem afastou um pouco os pés e levou as mãos para trás, ficando em sua usual posição de segurança – Estou aqui para tomar todas as pancadas que puder por você.
Aquilo só fez desgostar ainda mais de si.

I tried to scare you, scare you away
Showed you the door, you adored me anyway
When I was broken in pieces, you were my peace of mind
You were my peace of mind


Lorenza poderia ser a novata, mas a ingenuidade foi de que não viu o que estava por vir. As memórias daquela noite estavam frescas: ela estava de banho tomado, estirada na cama de casal, aproveitando ao máximo o atrito do pijama de seda contra o colchão que parecia ter a textura de uma nuvem quando os vídeos viralizaram em todas as redes sociais: Lorenza Hastings, sua co-estrela, fora barrada e humilhada pelos anfitriões da festa. Então, o julgamento na internet começou.
Um terço dos juízes online estava determinado a crucificar o evento beneficente e principalmente os nomes que carregavam os convites. O segundo terço debatia se foi ambição demais de Lorenza por acreditar que ela seria aceita em um evento que se fazia grande pelos nomes que tinha no livro de presenças. Por fim, a última parte estava encarregada dela, determinando se o convite foi cedido com maldade para baixar a bola da colega que começava a decolar em passadas pequenas.
Foi tentando não pensar muito e tentando fazer uma boa ação que causou um mal-estar involuntário nos estúdios, estremeceu as relações com os anfitriões que já não era aquelas coisas e arrasou com Hastings. Depois do fiasco, não tardaram em chegar ao nome dela como a responsável pelo convite da discórdia. A paz que conseguiu restaurar durou pouco e o laço de amizade com Lorenza que antes estava estremecido já nem existia. O vazamento de sua conversa com o diretor distorcido em uma suposta armação para demissão da novata foi a cereja do bolo para que as gravações parassem.
Segundo os jornais, os assessores de Lorenza estavam entrando com um pedido para quebra de contrato. Aquilo era tudo que sabia, pois a colega permanecia fora dos seus radares. Nessa altura do campeonato, muitos já não queriam contracenar com . Foi tentando preservar o pouco da reputação que tinha que escolheu passar um tempo em casa. Pela fresta e transparência das cortinas, via de cima os fotógrafos acampados nos redores da entrada, famintos por um furo.

“Vadias como existem aos montes na indústria e são as piores! Vivem fazendo papel de heroínas sonsas, mas parecem cobras.”

A atenção se alternava entre a movimentação fora das janelas e à atualização da linha do tempo no Twitter. Quanto mais deslizava a página, mais comentários a depreciando surgiam. Palavras sempre feriram, mas o que arrancou o ar dos pulmões foi a falta de filtros.

“Ainda bem que nunca idolatrei esse tipo. A decepção sempre vem hahaha”

Ela ainda conseguia sentir.

Who? Nem sabia que ela era relevante KKKKKK”

Além de figura pública, era humana.

“Por que ela não faz um favor a todos e principalmente à Lorenza e morre?”

amoleceu.
Apesar de tudo, ela era uma boa pessoa.
Não era?

Yeah, you loved, yeah, you loved
Yeah, you loved me when I was unstable
Never judged, never judged
Never judged me when I was unable to love myself, to trust myself
Yeah, you loved, yeah, you loved
Yeah, you loved me when I was unstable


O som de um baque dentro do quarto da atriz fez o agente de segurança treinado congelar. Por breves instantes, ele ficou aterrorizado com o que cogitou que poderia encontrar assim que abrisse a porta de à força. Os últimos dias têm sido difíceis, com se recusando a encarar o mundo e com interações sociais quase nulas. Ela estava com dificuldades de bater de frente com o caos e a terapeuta pediu para que fosse cedido um tempo fora do show business.
não se importou em conferir se a porta estava trancada. Ansioso, desferiu um chute que levou algumas lascas da madeira pintada em branco ao piso polido. Deparou-se com encolhida no chão, ao lado da cama, e então enxergou o celular jogado no tapete.
- Você estava fazendo aquilo de novo. – acusou, furioso.
Ela só conseguiu chorar mais, abraçando as próprias pernas.
- Por que está fazendo isso? – o segurança tratou de empurrar o celular com os pés para longe – Por que está se maltratando? – foi perdendo a voz à medida que se agachava diante dela.
Desde que se tornou o segurança particular da mulher, precisou se acostumar e aceitar várias manias que deveriam fazer parte da vida de uma estrela. Entre as que não conseguia entender, e reprovava, estava a insistência e vício que tinha em buscar o próprio nome na barra de busca dos navegadores para descobrir o que os outros comentavam sobre ela naquele momento.
- Tem gente querendo a minha morte... – balançava o tronco para frente e para trás repetidas vezes com o olhar desfocado no teto enquanto provava o salgado das lágrimas que escorriam e passavam pelo canto dos lábios sem nenhuma maquiagem.
- Nem tudo que falam precisa ser considerado, .
Ela o encarou diretamente pela primeira vez, atônita. Jamais ouviu o segurança falando tão doce assim. Apesar das fagulhas que emitiam, um relacionamento entre um segurança e sua protegida já se provou ser uma realidade não palpável. Eles tentaram em segredo uma vez e a carreira de não foi pelos ares por pouco.
Ainda não era o tempo deles.
- Tenho sido uma extrema babaca com você. – verbalizou com os lábios trêmulos e crispados em um bico – E peço desculpas, mesmo sabendo que não tem obrigação de aceitá-las. – os orbes que geralmente carregavam sorrisos, brilhavam a ponto de embaçar tudo que estivesse diante de si – Mas posso abusar de sua bondade para fazer um pedido?
- Todos que quiser, princesa. – entrelaçou os dedos das duas mãos com os dela.
- Claro... – riu sem achar graça, fechando os olhos – Afinal, estou pagando... – brincou – Pode me dar um abraço, por favor?
Ela finalmente demonstrava estar mais tranquila, e por mais que não desse indício de que iria fugir, continuava a envolver os braços em torno do corpo dela sem afrouxar. O calor e a firmeza do aperto obrigavam a fechar os olhos para apreciar o momento. Era o tipo de contato que todos deveriam ser capazes de experimentar pelo menos uma vez na vida: o toque puro e carinhoso de alguém que só priorizava o bem-estar.



Fim!



Nota da autora: Ótima para fazer dramas, talvez não tão eficiente para escrevê-los KKKKKK Se você acompanhou a história até aqui, só tenho a agradecer! Obrigada por dar uma chance à história <3

Beijos,
Ale

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Nota da beta: AI, ALE! Que mania de me fazer suspirar com as suas histórias, esse final me pegou de jeito, eu amei tanto! Sofri cada segundo com essa pp e só consigo pensar em saber mais desses dois, colabora aííí! Hahahaha 💙

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