Parte I - 2004.
Maya.
Back in 1991,
when the story first begun,
I remember
Eu não queria que aquela situação fosse tão estranha da forma que estava sendo. Não era estranho de um jeito ruim, mas eu estava me sentindo em outro mundo. As coisas tinham mudado tanto. Alguns deles estavam com quase a mesma aparência de dez anos atrás, ao contrário de mim que parecia ter tido minha juventude levada junto com a vida de Oliver.
— Maya, você pode pegar uma cerveja para mim? — John pediu, esticando o pescoço para talvez me encontrar na cozinha, através do corredor.
— Já estou levando. — respondi, indo até a geladeira.
Apesar de aquele encontro estar me deixando com emoções confusas, eu era grata por ainda tê-los. O meu afastamento não significou nada, no final, todos nós perdemos, mas o laço entre nós era forte o suficiente para mostrar que perdas também podem ser ganhos.
— Obrigada. — John agradeceu assim que lhe entreguei a garrafa e me sentei ao seu lado — Você está bem? — questionou, colocando a mão em minha perna.
— Estou. — sorri.
Era a primeira pessoa que havia me perguntado aquilo, até porque, só nós dois estávamos lá. Nem mesmo estava na sua própria casa, ela e os outros três ainda não haviam chegado com a comida. Eu tinha certeza que o dia 10 de Agosto não caiu em esquecimento para eles, mas depois de treze anos acabava se tornando um pouco mais difícil de escutar a pergunta que John havia feito, ou então notar a preocupação que as pessoas demonstravam – ou fingiam demonstrar – em relação a minha situação emocional. De qualquer forma, eu estava realmente bem.
— Chegamos. — a voz grossa de Gus foi ouvida assim que abriram a porta
John e eu nos viramos na direção em que eles deveriam vir e não demorou muito para encontrarmos , Gus, Valerie e Arya carregando sacolas.
— Nós trouxemos hambúrguer. — balançou a sacola em sua mão, animada.
— E bastante batata frita. — Arya completou.
Ajudei Gus a pegar o que faltava para que pudéssemos fazer nossa refeição na sala, enquanto os outros escolhiam o que íamos assistir em meio a tantos DVDs que tinha em sua casa. Levamos as coisas para a sala, colocando tudo em cima da mesa de centro.
— Eu prefiro Como Perder um Homem em 10 Dias. — Valerie disse, fazendo John resmungar.
— O Silêncio dos Inocentes é bem melhor. — Gus rebate.
— Era o filme favorito do Oliver. — disse quase que involuntariamente — Desculpem. — pedi sem graça, ao notar que eles me olharam com sorrisos tristes.
— Hoje é dia dez. — lembrou — Acho que nós deveríamos assistir O Silêncio dos Inocentes.
1991.
O início do verão estava me deixando feliz. Quando voltei a morar com minha mãe e Oliver, em São Diego, pensei que não fosse gostar tanto quanto eu realmente estava. Na verdade, eu preferiria a morte a ter que deixar São Francisco e meu pai, mal sabia da besteira que estava fazendo ao dar todos aqueles chiliques e até ameaçar fugir de casa para voltar.
— Você ainda não está pronta? — a voz animada de Valerie me assustou, me virei, dando de cara com minha amiga parada na porta do meu quarto.
— Eu já estou descendo. — disse, ainda um pouco relutante com a ideia.
— Anda logo, vai ser legal. — ela veio até mim e sentou-se ao meu lado — O é responsável dirigindo. — riu — E depois nós vamos encontrar Oliver. — pegou em minha mão, balançando meu braço. Valerie estava visivelmente animada com a ideia de encontrar meu irmão.
— Certo, certo. — me levantei da cama já puxando minha mala do chão — Vamos.
Oliver havia ido sozinho para a casa do nosso pai assim que nossas férias escolares chegaram, no momento em que fiquei sabendo quase surtei, mas no mesmo dia nossos amigos combinaram uma viagem até Santa Bárbara para seguirmos até São Francisco, meu pai já havia liberado a casa para nós e Oliver estaria nos esperando lá. Valerie estava com altas expectativas sobre isso, eu só queria poder contar a verdade para ela, nos tornamos muito mais próximas nos últimos dois meses e eu não queria a ver chateada.
Me despedi com pressa da minha mãe e corri até o carro estacionado em frente à nossa casa. e estavam nos bancos da frente, o único apto da nossa turma a dirigir, estava com o braço para fora, batucando os dedos na porta do carro. Coloquei minha mala no porta-malas e entrei, sentando entre Gus e Valerie.
— Podemos ir? — perguntou, ligando o carro.
— Sim! — nós três, do banco de trás, respondemos juntos. Gus parecia ainda mais animado do que todos juntos.
— Tomem cuidado! — minha mãe gritou do portão, acenando para nós.
— Pode deixar! — respondemos, acenando de volta assim que colocou o carro em movimento.
— John já deve estar chegando, marcamos de encontrar ele no hotel. — avisou — Conseguiu falar com o Oliver?
— Conseguimos. — Valerie respondeu por mim.
Eu odiava vê-la tão empolgada daquela forma.
A viagem até Santa Bárbara foi tranquila. Fizemos uma parada em Long Beach e seguimos até nosso destino, chegamos lá com alguns minutos a mais do que havíamos calculado, e John já nos esperava na porta do hotel.
— Eu pensei que tivesse acontecido algum acidente. — ele disse assim que nós saímos do carro — Oi, Maya. — veio até mim, me envolvendo em um abraço.
— Você agora só cumprimenta ela? — fingiu estar ofendido, me fazendo rir.
— Eu não estou interessado em você, por favor. — John respondeu e eu senti minhas bochechas esquentarem.
— Está interessado, mas só fica jogando indiretas. — disse — Estamos de olho em você, John.
Assim que nos acomodamos nos quartos, trocamos de roupa imediatamente e fomos para a praia.
Eu estava sentindo falta da Arya, ela não havia vindo por vontade própria, porque não quis deixar Lena sozinha. Por mim, as duas poderiam ter vindo. Lena e Arya eram amigas desde que tinham cinco anos de idade, Lena estava morando em Los Angeles e havia voltado para São Diego no começo do ano, ela não estudava no mesmo colégio que nós e parecia um pouco deslocada na cidade. Não custava nada a incluir no grupo igual fizeram comigo quando eu cheguei de São Francisco.
— Ei, Maya. — escutei a voz de John e me virei para trás, ele vinha em minha direção — Onde estão as meninas?
— Já estão na praia. — respondi, esperando que ele me alcançasse para então continuarmos até o lado de fora juntos.
— Meus pais convidaram você para jantar com a gente hoje. — contou, me deixando extremamente surpresa — E eu queria que você fosse. — sorriu.
— Eu acho que elas não vão ficar chateadas comigo por causa disso, né? — respondi de imediato. Não queria recusar o convite.
— Acho que não. — riu.
Eu não entendia por que John se comportava daquela forma. Nenhuma iniciativa além das indiretas. Nenhuma. Eu mesma poderia ter atitude e fazer alguma coisa, mas às vezes achava que poderia ser rejeitada, mesmo que John nunca tenha dado evidências de que faria isso.
O dia foi neutro, fiquei a maior parte do tempo com e Valerie, o que pesou muito para a hora do jantar. Assim como esperado, elas não ficaram chateadas e realmente me encorajaram a ir, ajudando até na escolha da roupa. Talvez se John e eu tivéssemos passado mais tempo juntos, eu estaria mais tranquila. O nervosismo tomou conta do meu corpo minutos antes de encontrarmos com seus pais, mas fui bem recebida. Eles não eram como eu imaginava ser, na verdade, eram bem diferentes. Tudo ocorreu bem, seus pais colaboraram em não fazerem perguntas indiscretas que possivelmente me deixariam tão sem graça quanto as indiretas do seu filho.
— Obrigada por ter ido. — John agradeceu assim que chegamos a porta do meu quarto — Eles gostaram de você.
— Eu também gostei deles. — sorri.
— Nos vemos amanhã? — perguntou, me fazendo assentir com a cabeça — Boa noite. — ele me puxou para perto, beijando minha bochecha.
— Boa noite.
Eu estava um pouco frustrada com o fato de não ter acontecido nada entre John e eu na noite passada. Principalmente porque ele não iria para São Francisco com nós, e também porque achou aquilo um absurdo e não parava de falar sobre. Mais frustrada que eu, só Valerie quando chegássemos e percebesse que Oliver não queria nada com ela.
Saímos extremamente cedo de Santa Bárbara, chegando em São Francisco na hora do almoço. Oliver e meu pai já nos esperavam no jardim da casa. Aproveitamos a hora para almoçarmos, os dois já haviam feito isso, mas meu pai tinha comida o suficiente para nós todos e mais um pouco.
, Gus, Valerie e passaram a tarde dormindo enquanto Oliver, nosso pai e eu fomos andar pela cidade. Eu sentia falta de São Francisco, mas já tinha me acostumado tanto com São Diego que não estava mais com vontade de voltar.
— Vocês vão sair hoje, não vão? — meu pai perguntou assim que saímos da sorveteria.
— Sim. — Oliver respondeu.
— Vou encontrar com alguns amigos que estudavam comigo. — completei.
— Então não vão se incomodar se eu sair também? — Oliver e eu nos olhamos com a pergunta.
— Está de namorada nova? — perguntei.
— É isso aí. — riu.
Quando voltamos para casa, todos já estavam acordados. Ainda demoramos algumas horas até que todos tomassem banho e se arrumassem, mas ainda assim saímos antes que nosso pai. Ele deixou uma cópia das chaves com Oliver, porque provavelmente voltaria depois que nós.
Era bom rever meus amigos de São Francisco, eu queria que eles estivessem se dando bem com os outros, mas era visível o quanto estavam separados. De qualquer forma, tudo ia bem.
— Você viu o Oliver? — Valerie perguntou assim que se aproximou de onde eu estava sentada com Brooke.
— Ele saiu com o Levi. — minha amiga respondeu por mim ao notar que eu não sabia a resposta para a pergunta.
— Quem é Levi? — rebateu com as sobrancelhas franzidas.
— Não faço ideia. — respondi, rindo.
— Ele entrou na escola esse ano. — Brooke explicou — Parece que os dois estavam conversando sobre filmes, música e todas as coisas que seu irmão é fã.
— Obrigada. — Valerie respondeu e virou as costas, saindo dali.
Não questionei meu irmão sobre Levi, Oliver voltou sozinho então talvez eu não deveria perguntar, mas tinha quase certeza que Valerie tinha feito isso. Ela simplesmente não conseguia perceber certas coisas.
Ficamos em São Francisco por quatro dias. Foi o máximo que conseguimos negociar com a mãe de Gus, mesmo estando sob os cuidados do meu pai, ela ainda ficou receosa sobre a viagem. Estava arrumando as coisas no meu antigo quarto quando ouvi batidas na porta que estava aberta, olhei para o lado, encontrando meu irmão.
— Posso falar com você?
— É claro que pode. — respondi e então ele entrou, fechando a porta — Algum problema?
— Eu tenho que te contar antes de você ir embora. — sentou-se na cama — Você ficou sabendo do Levi, não é? Valerie veio me perguntar sobre ele. — riu.
— Brooke deixou o nome dele escapar em uma conversa. — disse enquanto acomodava minhas roupas na mala — Mas eu não sei quem ele é.
— Eu resolvi ficar por aqui para conhecer ele melhor. — contou — Não comenta nada com a Val, por favor, eu preciso contar, não quero que ela fique sabendo por outras pessoas.
— Você quem sabe, Oliver. — dei de ombros, indo sentar ao seu lado — Espero que dê certo. — sorri.
— Eu também. — suspirou — Obrigada por guardar segredo.
Oliver tinha medo da rejeição. Medo da reação das pessoas. Mas, eu não achava certo ele esconder as coisas por tanto tempo. De qualquer forma, eu não falaria nada, não tinha direito de fazer isso.
Foi difícil me despedir do meu pai, mesmo que Oliver fosse passar mais um mês lá eu ainda o teria ao meu lado depois disso, mas só Deus sabia quando eu poderia ver meu pai novamente.
Uma semana depois que eu havia voltado para São Francisco tudo parecia tedioso demais. Eu queria fazer algo, e provavelmente iria até a casa de Arya para incluir Lena nos planos, ou nossa amiga ficaria em casa o verão todo.
— Não sei porquê, mas Oliver mandou duas cartas. — minha mãe disse e eu levantei do sofá rapidamente para ir ao seu encontro — A sua. — me entregou um envelope — E a minha. — sorriu.
Subi correndo para o meu quarto, eu já tinha ideia do que se tratava e precisava de privacidade para ler.
"Oi Maya,
Eu estou feliz por estar te escrevendo, porque sei que posso confiar e você e também sei que você vai ficar feliz por mim.
Não vou te dar detalhes, mas Levi e eu estamos juntos. Eu não consigo explicar o quanto estou feliz com isso. Ele me faz muito feliz.
Queria que você estivesse aqui para se conhecerem. Não sei se pretendo levar ele para conhecer nossa mãe, acho que ela surtaria. Enfim, era só para te atualizar sobre. Se ela perguntar, diga que enviei as cartas porque ficar ligando toda hora sai caro.
Obrigado por guardar segredo.
Até o mês que vem, Maya.
Xx,
Oliver"
Antes que minha mãe pudesse vir pedir para ler a carta que meu irmão havia enviado, guardei o papel no fundo de uma das minhas gavetas de roupa e me joguei na cama, fingindo estar dormindo.
Oliver merecia ser feliz. Eu sempre tive uma pequena desconfiança sobre esse assunto e ter minhas suspeitas confirmadas pelo próprio Oliver, porque ele confiava em mim, significava muito. Nós sempre fomos extremamente próximos, eu ficaria chateada se ele não me contasse sobre Levi. A única coisa que me preocupava era até onde meu irmão levaria isso.
Oliver voltou um pouco antes do combinado, eu ainda não tinha entendido muito bem o que estava acontecendo, só que minha mãe havia recebido um telefonema do meu pai, dizendo que estava vindo com Oliver. Eles chegaram cedo, nós estávamos esperando os dois para o café da manhã. Assim que ouvi o barulho do carro estacionar sai da cozinha e fui os encontrar do lado de fora.
— Que cara é essa? — perguntei assim que vi meu irmão. Ele estava pálido, estranho.
— Eu estou com gripe. — respondeu, passando reto por mim.
— O que aconteceu? — olhei para o meu pai, ainda sem entender.
— Nada. — sorriu — Como está, querida? — questionou, depositando um beijo em minha testa.
Não respondi já que ele não esperou por resposta, apenas entrou atrás de Oliver, me deixando plantada no lado de fora. Oliver nunca ficava doente no verão.
Meu irmão estava me evitando, meus pais conversavam o tempo todo e sempre que eu aparecia, eles paravam, o resfriado de Oliver persistia e não teve melhora por mais de uma semana. Tudo estava estranho. Até que resolveram levar meu irmão ao médico.
— Por que você não está falando comigo? — cutuquei seu ombro enquanto esperávamos o médico.
— Eu não quero que você pegue gripe. — respondeu — Não sei porque você veio.
Nossa mãe nos olhava de um jeito estranho, eu não sabia decifrar, e Oliver não estava falante da forma que sempre era. Desisti de qualquer coisa, saindo dali.
— Vamos demorar por aqui. — ouvi meu pai falar depois de um certo tempo em que eu estava do lado de fora.
— O que ele tem? — perguntei, visivelmente preocupada.
— Você sabia do Levi? — ele rebateu e eu senti meu estômago gelar — Diga a verdade.
— Sabia. — suspirei — O que aconteceu? — repeti a pergunta, pensando nas possibilidades. Nenhuma delas me deixava menos nervosa.
— Ainda não sabemos. — ele segurou em minha mão — Eu quero que você saiba que eu não julgo Oliver por isso, vocês podiam ter me contado. — disse, encarando o chão — Ele é meu filho, eu o amo.
— Ele tem medo. — disse, sentindo vontade de chorar. Tudo aquilo só me levava para um lugar.
— Ele não precisa ter.
Não nos aprofundamos na conversa, logo meu pai retornou para onde Oliver e minha mãe estavam. Do lado de fora, eu só tentava me manter calma. Era só um resfriado.
Oliver fez alguns exames, fiquei o tempo todo ao seu lado, tentando o trazer de volta. Ele simplesmente não conseguia se conectar comigo da forma que éramos. Oliver sempre foi o meu melhor amigo.
Eu estava tentando me manter confiante sobre o resultado dos exames, mas quando o médico nos chamou para conversar, tive meu mundo destruído.
Oliver havia estava com AIDS.
Tudo fazia sentido. Os sintomas que não melhoravam. O afastamento de Oliver. As perguntas sobre Levi. Tudo.
Fui a primeira a sair da sala com a notícia de que meu irmão precisaria ficar internado, porque seu corpo não estava conseguindo se defender do resfriado. Eu não entendia muito sobre a doença, só que muitas pessoas ainda estavam morrendo. Eu estava devastada. Oliver não merecia aquilo.
Quando a notícia chegou aos nossos amigos, eles finalmente entenderam o porquê meu irmão nunca estava acompanhado de uma garota. Contrariando todas as minhas expectativas, a pior reação foi a de Gus. Todos sabíamos que ele era o mais conservador, mas Oliver e ele eram amigos há sete anos, eu não esperava que ele simplesmente virasse as costas como fez.
Eu não visitava Oliver já havia um tempo. Na verdade, nenhum de nós podia vê-lo. O risco de levarmos algum outro vírus para o meu irmão era grande, e ele já estava debilitado. No hospital, aguardávamos por notícias do médico, aparentemente Oliver estava tendo uma melhora no quadro.
— Como meu filho está, Doutor? — meu pai questionou assim que viu Henry.
— Eu não gosto de dar esse tipo de notícia. — ele disse e eu senti minhas pernas bambearem e meus olhos se encherem de lágrimas — O organismo do Oliver não suportou, ele veio a falecer. Eu sinto muito, fizemos tudo que pudemos, mas ele estava muito fraco.
Eu não queria acreditar naquilo.
Para mim, tudo o que estava acontecendo era um pesadelo e eu acordaria em breve.
Mas não era.
Ali, dentro daquele caixão, era o corpo do meu irmão. Oliver estava morto. Eu nunca mais poderia vê-lo. Nunca mais o ouviria contar sobre o quanto estava apaixonado por Levi. Talvez nunca chegaria a conhecer Levi, a notícia do seu falecimento ainda não havia chegado, mas foi através dele que Oliver foi infectado.
Meu irmão era uma das melhores pessoas que eu havia conhecido em meus quinze anos. Nada, nem ninguém poderia suprir a falta que ele faria em minha vida. Metade de mim tinha ido embora.
— O enterro vai ser agora. — ouvi meu pai dizer, puxando minha mãe para longe do caixão.
Ela gritava, protestando contra aquilo. Eu a entendia. Não queria que levassem Oliver. Ele estava ali. Eu podia vê-lo. Mas, tudo isso acabou quando fecharam o caixão.
— Maya. — John chamou, tirando minha atenção dos homens que carregavam o caixão do meu irmão — Eu acho que você deveria ir junto.
Me virei para ele e não conseguia sentir nenhuma das diversas coisas que John me fazia sentir. Nada. Não existia algo além de tristeza e vazio dentro de mim. Abracei John e meu choro se intensificou, aquilo não podia estar acontecendo.
— O que eu vou fazer sem ele? — perguntei entre soluços — O que, John?
— Você precisa ir, Maya. — insistiu — Eu posso ir com você, o nos leva até lá.
John tinha razão. Eu não queria, mas tinha que me despedir de Oliver.
O caminho até o cemitério foi silencioso. Eu queria gritar. Não conseguia suportar a dor que estava sentindo. Eu só queria que aquilo passasse.
Mais uma vez, fizeram uma oração para Oliver. Senti meu coração apertar ainda mais, o vazio dentro de mim cresceu quando começaram a jogar flores em cima do caixão. O que veio a seguir simbolizava o fim. Pás e mais pás de terra.
Naquele dia, Oliver não havia sido o único a ir embora. A morte do meu irmão levou consigo uma parte minha que nunca estaria de volta.
Parte II - 2004.
John.
And we all grew up, shit got tough
Shit just wasn't simple enough
Maya parecia áerea. Talvez fosse pelo motivo que estávamos assistindo O Silêncio dos Inocentes. Aquele deveria ter sido o último filme que Oliver assistiu antes de partir e nós o ouvimos falar muito dele.
— Alguém quer alguma coisa? — perguntei, levantando do sofá.
— Fica quieto. — pediu — Vai atrapalhar a melhor parte do filme.
Apesar do que ela tinha dito, ninguém se manifestou sobre a minha pergunta. Fui para a cozinha pegar outra cerveja.
— Você deveria parar de beber. — quase derrubei a garrafa no chão, me assustando com a voz de Maya — Não quero cuidar da sua vida, mas você já bebeu muitas desde que chegamos. — se encostou no batente da porta, cruzando os braços — Só me preocupo se você estiver bebendo coisas mais fortes na mesma quantidade.
— Eu não estou. — respondo, abrindo a cerveja — Eu ainda obedeço meu pai em relação a isso. — ri.
— Você ainda está morando com ele? — questionou, pegando impulso para se sentar em cima da pedra de mármore.
— Sim. — fiz o mesmo, ficando ao seu lado — Ele às vezes pergunta de você.
— Ele já parou de fazer todas aquelas viagens? — assenti positivamente à sua pergunta — Vocês ainda estão na mesma casa?
Quando Maya me perguntou aquilo que eu percebi que nós realmente havíamos nos afastado muito. Aquilo era triste.
— Sim. — respondi depois de alguns segundos em silêncio — Não quisemos deixar as lembranças para trás, mesmo que machucasse.
— Me desculpe por não ter ficado com você. — pediu, encostando sua cabeça em meu ombro — Eu sei que foi tão traumatizante pra você quanto pra mim.
Outubro de 1991.
— Já pensou em quem você vai chamar para o baile? — perguntou assim que fechou a porta do carro.
— Eu não vou ao baile, já te disse isso. — soei um pouco grosseiro, mas talvez fosse o melhor jeito de fazê-la entender.
se calou, ligando o rádio.
Desde que Oliver nos deixou e Maya voltou para São Francisco com seus pais, meus dias se tornaram incrivelmente vazios. Oliver era um dos meus melhores amigos, saber que eu nunca mais o veria era devastador. Eu só queria que Maya tivesse ficado por perto.
— Você deveria seguir em frente. — comentou — A gente só tem dezessete anos, John, existe muita vida ainda.
— Você acha que eu já não pensei nisso? — rebati — Não é tão simples para mim.
— Só estou dizendo, porque não acho justo você ficar assim.
O restante do caminho até sua casa foi silencioso. apenas agradeceu quando chegamos e saiu rapidamente, não me convidando para entrar como sempre fazia.
Fui direto para minha casa, já sabia que tia Mary estava lá, ajudando minha mãe. Peguei minhas coisas no banco de trás e entrei, encontrando minha mãe quase na porta, pronta para sair com sua irmã.
— Onde vocês vão? — questionei.
— No médico. — ela respondeu com um sorriso — Eu esqueci de avisar, mas marquei minha consulta para hoje. — explicou, abrindo a porta que eu tinha acabado de fechar.
— Nós fizemos torta, está no forno. — minha tia disse, passando por mim logo atrás da minha mãe.
— Daqui a pouco voltamos. — avisou.
Eu não tinha nada para fazer. Sozinho em casa, decidi dormir, estava exausto. Eu não dormia bem já tinha um tempo, minhas noites estavam sendo assombradas por pesadelos que consistiam no enterro de Oliver e mais alguém que eu nunca conseguia identificar quem era. Não acreditava muito nisso de que sonhos tinham significados, mas esses pesadelos constantes estavam me deixando com mais medo do que o necessário.
— John.
Escutei uma voz masculina chamar mais de uma vez, me fazendo despertar. O quarto estava escuro, provavelmente havia dormido mais do que deveria. Esfreguei os olhos, me sentando na cama, meu pai estava na porta, iluminado pela luz do corredor.
— Hora de jantar. — avisou, sorrindo — Estamos te esperando.
Coloquei uma camiseta e fui até a sala de jantar, encontrando tia Mary sentada ao lado da minha mãe.
— Você nem comeu a torta que deixamos! — ela disse assim que me viu.
— Eu dormi muito. — expliquei, fazendo-as rir.
O jantar seguiu como sempre foi, Mary ficou por algum tempo, não mais que uma hora e meia, o suficiente para fazermos a refeição e esperar um pouco para não ir embora logo após comer.
Minha mãe, com todo seu cansaço acumulado, resolveu ir para o quarto enquanto eu cuidava da louça do jantar. Meu pai a acompanhou, certamente para ficarem alguns minutos à sós e talvez para que ele terminasse de desfazer suas malas, mas logo retornou a cozinha.
— Nós precisamos conversar. — meu pai disse com o semblante sério. Estranhei, eu não tinha feito nada de errado.
— O que aconteceu? — perguntei enquanto ele puxava a cadeira para se sentar.
— Você dormiu a tarde toda, literalmente. — começou e eu já esperava um esporro por não estar fazendo nada de útil — Eu cheguei a te chamar algumas vezes e você não teve nenhuma reação, não anda dormindo de noite?
— Não. — respondi sincero, largando o pano que secava a louça — Eu tenho pesadelos com a morte do Oliver e de mais alguém que eu não sei quem é. — respiro fundo. Meu pai me olha com as sobrancelhas franzidas.
— Eu não sei como fazer isso, mas você precisa parar. — disse calmo — Com certeza deve estar com problemas na escola também, não está? — perguntou, mas eu não notava preocupação, ele parecia estar com um interesse superficial no assunto.
— Estou me mantendo acordado, pai. — respondi firme, afinal, eu realmente não estava dormindo nas aulas.
— Certo, enfim, esse não era o assunto. — suspirou — Na hora que eu cheguei e não encontrei sua mãe, tentei te acordar para saber onde ela tinha ido. — começou a explicar, franzi as sobrancelhas, estranhando ela não ter falado sobre a consulta — Eu olhei na agenda dela e vi o horário do médico, então tentei te acordar de novo para avisar que eu estava indo encontrar com ela. — meu pai respirou fundo, massageando sua têmpora — Nós chegamos alguns minutos antes de te acordar, então acho que você deve imaginar o quanto de tempo passamos no médico. — ele completou e eu continuava sem entender — Ela nunca te falou sobre ter algum mal estar?
— Às vezes sim, mas sempre colocava a culpa na comida. — disse, puxando a cadeira para me sentar na sua frente.
— A culpa não era da comida. — disse — Ela tomou alguns remédios para dormir e é por isso que eu estou falando com você. — meu pai se levantou, colocou as mãos na cintura e bufou — Hoje nós descobrimos que ela está com câncer no estômago. — falou com dificuldade, respirando fundo para tentar conter a vontade de chorar.
— Como assim? — questionei, totalmente confuso com aquela informação — Eu nunca achei que... — não consegui concluir, era uma informação muito grande dada de uma vez, meu cérebro não conseguia associar as coisas. Eu não sabia como agir. Era como se a ficha ainda não tivesse caído.
— Ela achou muito difícil te dar a notícia. — suspirou, enxugando as lágrimas que escorriam em sua bochecha — A verdade é que, vai ser difícil, mas nós somos uma família, não somos?
Assenti positivamente, abraçando-o. Eu queria poder ir até o quarto da minha mãe e conversar com ela, mas respeitei seus limites. Eu não estava conseguindo digerir aquilo, se antes eu já não conseguia dormir por estar tendo pesadelos com Oliver, isso com certeza pioraria.
Mas, teria o dia seguinte para conversar com ela. A notícia vinda do meu pai foi devastadora, talvez tendo uma conversa com ela, eu conseguiria entender tudo.
No dia seguinte, fiz o que precisava ser feito. Faltei à aula e passamos quase a manhã toda em um debate sobre a doença. Ela estava positiva e isso era bom, ver minha mãe confiante sobre o que iria acontecer me deixava um pouco menos triste e neurótico com tudo, talvez o médico tivesse dado boas chances para ela.
O pessoal já estava sabendo sobre aquilo, até mesmo Lena fez uma visita para ela após minha mãe ter se recuperado da primeira sessão de quimioterapia.
Maya fazia falta. Eu não tinha dado a notícia para ela e pedi para que não fizessem isso, ela se afastou pelos motivos dela e eu não queria forçá-la a voltar. De qualquer forma, ela era luz no nosso grupo e eu sentia sua falta.
As coisas começaram a mudar um pouco conforme os dias passavam. Eu sempre tive a impressão que eles me escondiam algo. Até que um dia tive a confirmação daquilo.
— Você não pode esconder isso, por favor. — a voz vacilante do meu pai foi a primeira coisa que ouvi quando sai no corredor.
— Eu não quero contar para ele que isso tudo não adianta de nada. — ouvi ela dizer e já senti toda sensação de medo percorrer meu corpo — Estou vestindo uma máscara de otimismo esse tempo todo, está indo bem, não quero deixar John preocupado.
— Você não tem direito de esconder isso do próprio filho. — rebateu — Ele precisa saber.
Então, o quarto ficou em silêncio. Me encostei na parede do corredor, tentando não fazer barulho, todas as possibilidades possíveis passavam por minha cabeça. Não, aquilo não podia ser verdade. Quando me dei conta, já estava chorando, na tentativa de colocar tudo aquilo para fora. Mas não, parecia doer cada vez mais.
— John... — escutei a voz do meu pai chamar, pegando em meu braço para me levantar do chão — Filho, nós só...
— Não precisa dizer nada. — pedi, passando por ele para ir até minha mãe.
Eu não ia ser egoísta ao ponto de pedir satisfações sobre aquilo. A dor era insuportável. Eu só queria que aquilo tudo fosse um pesadelo como aquele que eu havia vindo tendo semanas atrás.
Eu não desejava que ninguém passasse por aquele momento. Ninguém mesmo. Receber a notícia de que sua mãe já era uma paciente em fase terminal foi a pior dor que eu já havia sentido em todos aqueles dezessete anos. Nada se comparava com aquilo. Eu queria poder estar no lugar dela, queria poder fazer algo para ajudar, mas não tinha nada a ser feito.
Eu precisava ser forte, mas não encontrava uma maneira de me manter firme sabendo que minha mãe poderia morrer a qualquer momento. Estava recebendo tanto apoio do meu pai, queria poder retribuir, mas não conseguia. A única coisa que eu sabia fazer era me culpar. Me culpar por ter ignorado quando ela falava sobre alguns sintomas que o médico fez questão de deixar claro que eram avisos e consequentemente não falar para o meu pai o que acontecia quando ele estava fora. Se eu tivesse feito isso, talvez ele tivesse a levado no médico antes, já que ela fazia questão de parecer bem quando ele voltava das viagens. Me culpava por não ter passado tanto tempo com ela. Se tivesse feito isso, se tivesse feito aquilo.
Eu não podia mais faltar na escola, mesmo com todos os problemas que estavam acontecendo. Não havia diferença entre ir ou não, eu já não prestava atenção em nada que os professores diziam. Nada fazia sentido.
Quando cheguei ao hospital e não encontrei meu pai no mesmo local de sempre, estranhei. Ele havia pedido afastamento do trabalho por um tempo, suas várias viagens o deixava muito tempo fora de casa. Pedi informações para a mulher na recepção, ela checou os dados da minha mãe e comunicou que ela estava no quarto. Encarei aquilo como um bom sinal, porém quando cheguei em frente a porta do quarto, fui barrado pelo meu pai que saía de dentro, com os cabelos bagunçados, olhos e rosto inchados. Paralisei. Aquilo era um péssimo sinal.
— Eu sinto muito. — ele disse, me puxando para um abraço — O corpo dela não resistiu.
Aquelas palavras caíram como uma tonelada de coisas em cima de mim. Eu ainda tinha esperanças de que ela ficaria bem. Desabei no corredor do hospital, aquilo não podia ser verdade. Eu sentia uma dor tão profunda que jamais conseguiria explicar.
— Eu queria que você tivesse chegado mais cedo. — ele murmurou — Trouxeram ela de volta para se despedir. — assim que ele disse aquilo, senti como se tivesse levado uma facada no peito. Eu não estava lá para me despedir da minha mãe. Ela estava morta e eu não tive a oportunidade de dizer adeus — Foi muito rápido, John. — ele segurou em minha mão — Ela provavelmente nem estava entendendo muita coisa.
Nada me deixaria conformado com aquilo. Nada. Dezessete anos ao lado da mulher que eu mais amava naquele mundo e nem me despedir dela eu pude.
Eu não sabia o que fazer. Meu pai, muito menos.
Foi quando retornamos para casa após o funeral que eu senti o real vazio que a morte da minha mãe simbolizava.
Ouvimos batidas na porta, meu pai olhou para mim como se suplicasse para que eu abrisse, fiz o que ele indiretamente pediu e fui até lá, me surpreendendo quando encontrei ainda com a mesma roupa que havia usado no enterro.
— Eu sei que você pediu um tempo, e eu não quero incomodar. — começou a dizer antes que eu perguntasse o que ela estava fazendo ali — Eu só vim te entregar isso, chegou enquanto estávamos fora. — ela estendeu um envelope de carta, assim que peguei fui checar quem havia enviado. Maya — Sua mãe te amava muito. — se aproximou, me abraçando — Seja forte, John, por ela.
— Obrigado. — murmurei, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas novamente.
— Se precisar de algo, por favor, não hesite em pedir. — sorriu — e eu estamos aqui para vocês.
Me despedi dela, voltando para sala. Meu pai, com os olhos fixados em um porta retrato com uma foto nossa, não pareceu nada interessado no que veio dizer. Sentei na mesma poltrona, e tomei coragem para abrir a carta.
Oi, John.
Como estão as coisas?
me contou sobre sua mãe e fiquei sabendo que o quadro dela piorou, eu sei que às vezes as coisas parecem não ter saída, mas tudo vai se resolver. Ela é uma pessoa maravilhosa que ama muito você e seu pai, tenho certeza que em breve estará em casa de volta e vocês poderão retomar suas vidas.
Mande um beijo para ela e diga que eu torço muito para sua recuperação.
Sinto sua falta.
Xx,
Maya.
Deixei o papel cair no chão, e me afundei na poltrona, deixando que o choro apenas tomar conta de mim novamente. Se as coisas não tivessem acontecido tão rápido, as pessoas com certeza achariam que aquilo era uma brincadeira de mau gosto. Talvez um dia eu mesmo falaria com Maya sobre aquilo, mas àquela hora ela provavelmente já estava sabendo que minha mãe havia falecido e tudo que eu mais queria era as duas ao meu lado.
Parte III - 2004.
Arya.
If things were different, we were young
Skinny dipping, having fun, I remember
Gus sempre foi o tipo de cara insuportável que você só conversava por educação já que ele estava com os seus amigos e não passava disso. Ele sempre parecia ter um comentário machista na ponta da língua e quando não era, estava falando algo homofóbico.
Sempre me lembrava de como nós nos separamos, ficando apenas , , Gus e eu. Sentia repulsa ao lembrar de todas as atitudes de Gus e de como ele agora, conseguia agir normalmente comigo.
Verão de 1992.
Naquele ano, nós não iríamos para Santa Bárbara e muito menos para São Francisco. Céus, como eu sentia falta do Oliver e da Maya.
e eu bem que tentamos fazer as coisas acontecerem, mas nada deu certo. Quando conversamos com a Maya sobre uma possível ida a sua casa, ela se mostrou interessada, mas alguns dias depois retornou dizendo que iria viajar para a Itália com os seus pais. John só falava com nós na escola, após a morte da sua mãe ele havia se isolado e estava difícil de fazê-lo voltar.
Pelo menos Lena estava chegando. estava nos esperando em sua casa, mas Lena teve sua vinda atrasada em algumas horas, então eu estava indo sozinha.
— Ei, . — disse, acenando assim que cheguei próximo a ele que lavava o carro em frente a casa.
— Oi, Arya. — ele respondeu, soltando a mangueira que estava em sua mão — Ela está lá dentro.
— Obrigada!
Era incrível como e pareciam casados e os pais dela não davam a mínima. vivia ali como se fosse filho dos pais da , eu nunca entendi muito bem.
Encontrei minha amiga sentada em dos sofás da sua sala, veio me receber como sempre fazia com qualquer um, ela era sempre educada demais. Talvez fosse o modo como seus pais a criaram, mas nós sentíamos que às vezes vivia em uma bolha de um mundo mágico onde ela tinha tudo que queria e tudo dava certo. Eu queria que funcionasse assim comigo também.
Não demorou muito para que se juntasse a nós duas, eu gostava dele, demoramos um pouco a aceitar ele no grupo e eu sentia vergonha de ter julgá-lo daquela forma. era excelente e fazia extremamente feliz, ela parecia brilhar sempre que estava ao lado dele. Mesmo assim, ele ainda parecia esconder coisas, mas eu passei a me incomodar menos com isso, eu não era diferente dele.
se ofereceu para buscar Lena na rodoviária, aceitei a proposta, afinal, eles já se conheciam e Lena simpatizava muito com ele. Além do mais, seria muito melhor do que vir andando. Fiquei em casa com e seus pais, aguardando que os dois retornassem para jantarmos lá, minha casa estava vazia já que meus pais ainda não haviam voltado da casa da minha avó e particularmente eu amava a comida da mãe da .
Eu ainda não tinha tido coragem de contar para todos sobre Lena. A reação das pessoas ao saberem que Oliver havia morrido por conta da AIDS e que o seu companheiro veio a falecer também pouco tempo depois foi horrível. As pessoas não estavam prontas para aquilo. Mas, eu me sentia tão bem ao seu lado.
Já estávamos no meio da madrugada, tentando conversar sem acordar meus pais. Lena falava e ria alto demais, eu a repreendia sempre, minha mãe tinha intimidade o suficiente para brigar com ela.
— Eu não vejo a hora de irmos embora. — murmurei, contornando seus lábios com a ponta do meu dedo indicador.
— Eu também. — sorriu — Só falta um ano. — ela pegou em minha mão, distribuindo beijos até o meu braço.
— Amanhã vamos à praia. — disse — Só nós duas. — reforcei o fato de que ficaríamos sozinhas.
— Eu amo você, Arya. — sussurrou, me beijando.
Estar com Lena sempre me deixava completa.
Eu não sabia se meus pais se faziam de desentendidos ou se eles realmente nunca haviam percebido nada, mas as más línguas com certeza já teriam falado algo sobre nós para eles desde o verão passado. Eu não ligava. Podiam falar o que fosse, aquilo não me afetava, mas ao mesmo tempo era tão difícil assumir.
— Vamos até as pedras. — Lena disse, puxando minha mão.
— Ficou louca? — ri, puxando-a de volta — Você nem nada tão bem assim.
— As ondas estão tranquilas, vamos. — insistiu.
Me levantei da areia ainda contrariada com a ideia, mas segui Lena até a água. No meio das rochas havia uma piscina com diversos peixes, pelo menos era o que diziam, eu nunca tinha ido até lá para ver. Geralmente as ondas batiam com força ali, o que me dava a sensação de medo.
Lena estava nadando na frente, segurando minha mão. Eu era péssima com aquilo, nunca aprendi a nadar direito.
— Mergulha. — ela disse quando uma onda maior que as outras vinha em nossa direção.
Pelo menos mergulhar eu havia aprendido. Mas odiava fazer aquilo no mar, a água salgada era horrível. Senti nossas mãos se soltarem e pouquíssimos segundos depois eu já estava de volta à superfície, sem conseguir segurar o ar debaixo da água. Tirei os fios de cabelos que grudaram bem em frente aos meus olhos e respirei fundo, pegando fôlego enquanto Lena ainda mergulhava. Seu braço subiu de repente, mas o resto do corpo ficou submerso, logo seu braço voltou também e eu percebi o que estava acontecendo.
Me desesperei, mergulhando de volta para puxar Lena. Eu não tinha bom fôlego, principalmente sentindo o medo preencher cada parte do meu corpo, mas consegui prender meus dois braços em seu corpo e puxá-la para cima, tomando impulso em uma das pedras que estava perto de nós.
— Lena.. — chamei enquanto tentava voltar para a faixa de areia, ela tossia muito — Socorro! — tentei gritar, mas não havia ninguém por perto.
Eu não esperava por aquilo, outra onda veio em nossa direção e praticamente nos engoliu. Eu me soltei de Lena e senti a corrente me puxar até minhas costas se chocarem contra as rochas. Quando voltei a superfície, totalmente atordoada com a quantidade de água que havia entrado pelas minhas narinas, não vi Lena. Tentei me recompor, ainda com a respiração descompassada e a sensação de desespero tomando conta do meu corpo, não conseguia enxergar Lena. Me afundei mais uma vez e abri os olhos, não conseguia localizar ela em lugar algum. Tentei subir na pedra, para ficar mais visível para pedir ajuda, mas acabei escorregando no musgo que estava nela, batendo meu quadril. Senti a região arder, enquanto tentava me agarrar à rocha, as ondas quebravam com força ali, mas não com tanta frequência. Quando finalmente consegui, acenei desesperadamente para alguns surfistas e banhistas.
Aquilo não podia ser real. Congelei, sentada na pedra, o choro tomou conta de mim. Aconteceu tudo tão rápido e eu não fazia ideia de onde Lena estava. Precisavam ajudá-la e eu me sentia a pessoa mais inútil do mundo sem poder fazer nada naquele momento.
Eu mal conseguia explicar o que estava acontecendo, mas a equipe de salva vidas entenderam e aquilo bastava. Eu ainda estava em estado de choque. Todas aquelas pessoas me olhando e me bombardeando de perguntas não ajudavam em nada. Eu só queria ir pra casa.
A mistura da culpa com a tristeza, o vazio e a incerteza era algo que estava me deixando louca. Já tinha uma semana que eu simplesmente não conseguia sair do quarto, não conseguia abandonar as coisas que Lena havia deixado ali. Já tinha uma semana desde o acidente e desde então não tivemos nenhuma notícia sobre ela.
Quando bateram na porta de casa aquele dia, eu resolvi que seria por bem ver quem era, afinal, o pai de Lena estava “morando” em nossa casa naqueles dias e não precisava de autorização para entrar. Eu queria notícias dela, mas não aquele tipo de notícia. Saber que encontraram o corpo de Lena não me deixou menos pior. Ela estava morta. O sentimento de culpa só cresceu dentro de mim, receber essa notícia bem ali, em frente ao seu pai, me fez fugir para o meu quarto. Eu só queria que aquilo fosse um pesadelo. Lena não podia estar morta. Nós iríamos embora para finalmente ficarmos juntas em tão breve. A dor foi arrebatadora, juntamente ao desespero. Eu não podia fazer nada para trazê-la de volta, absolutamente nada, e aquilo acabava comigo.
Me afundei na cama que nós dividimos pela última vez, sentindo o cheiro do seu perfume no travesseiro. Senti vontade de gritar, mas resisti. Naquele dia, a confirmação de que Lena não havia sobrevivido não simbolizava a morte de apenas minha namorada, eu também tinha perdido minha melhor amiga e não sabia como seguiria após isso.
Parte IV - 2004
Maya.
And cause I started young,
I learned a ton,
I didn't run
— E você e o Gus? — Maya perguntou, sugerindo que estivesse rolando algo entre nós.
— Ele só continua sendo um bom amigo. — dei de ombros, me apoiando na geladeira — Nossas famílias são bem próximas, vocês sabem.
— Eu não acredito que Wright está solteira há doze anos. — Maya riu, esticando o braço para pegar as embalagem com batatas que eu segurava.
— Nem eu acredito. — confesso, parando para pensar naquilo — Mas, estou bem com isso. — dei de ombros.
Não era verdade. Eu não tinha ficado bem com a solidão que cresceu em mim depois do que aconteceu com .
Última semana de 1992.
— Mãe, por favor. — pedi pela milésima vez, quase me ajoelhando para fazê-la aceitar.
— , você sabe que seu pai não vai gostar disso. — ela me olhou com aquela cara.
— Eu não tenho mais ninguém nessa droga de cidade. — choraminguei — Só o Gus, mas ele não conta.
Ela ficou em silêncio, voltando a arrumar sua mala.
Já fazia quase dois anos. Além de umas reclamações, eu não fazia questão de demonstrar o que estava sentindo. A verdade era que, eu estava destruída.
Desde sempre, Oliver, Valerie, Arya, Gus, Maya e John foram meus únicos amigos. E de uma hora pra outra tudo começou a desandar na vida de todos, eu me odiava por não poder fazer nada para ajudar, todas as minhas tentativas foram falhas. Me vi sozinha com e Gus. O segundo era alheio a quase tudo que acontecia, sua vida perfeita com tudo perfeito fazia Gus ser um escroto às vezes, ele nem ao menos se importava com seus amigos.
— Tudo bem, ele pode ficar. — minha mãe concordou, me fazendo abraçá-la — Só peça para ele não se envolver com nada errado.
Sai do quarto dos meus pais e fui correndo para o meu, me trocando para ir atrás do . Meu pai não poderia nem sonhar com aquilo.
Chegar até o outro lado da cidade foi uma tarefa fácil após o Natal, as ruas estavam extremamente calmas. Eu não tinha certeza do seu endereço, era apenas um pedaço de papel velho, um pouco borrado que eu havia guardado por alguns longos meses.
O lugar era um pouco diferente do que eu estava acostumada, mas fui até o número indicado, batendo na porta. Não demorou muito para que abrisse a porta com uma feição nada boa.
— O que você está fazendo aqui? — ele questionou, me puxando para dentro — Eu já te pedi para não vir pra cá. — bateu a porta.
— Eu vim te buscar. — expliquei — Vamos, você vai poder ficar comigo. — o abracei, sentindo seu corpo rígido — Está tudo bem? — encarei .
— Está. — sorriu fraco, se afastando — Vou pegar algumas coisas.
Eu preferia não pensar muito no que às vezes deixava tão aéreo. Ele sempre parecia melhorar quando voltava a passar o tempo na minha casa, e bom, era só olhar ao redor. O ambiente era pesado e ele nem ao menos tinha alguém com ele ali. Qualquer um mudaria de humor.
O taxista nos esperou para voltar para casa, quando chegamos, meus pais estavam quase de saída, mas antes nos passaram as mesmas instruções de sempre. Eles confiavam em , mas talvez não tanto ao ponto de nos deixarem sozinhos, vinte minutos após saírem, Beth, que costumava ser minha babá, chegou para passar o final de semana com nós dois.
Havia algo de errado. passou metade do dia fora e não quis me contar para onde havia ido, quando chegou, ficou completamente isolado. Eu o conhecia tão bem, mas não conseguia decifrar o que passava por aquela cabeça que às vezes parecia ser oca.
— Eu vou ter que voltar para casa. — avisou assim que nos encontrou na cozinha, Beth e eu nos entreolhamos, confusas.
— O que aconteceu? — perguntei, me levantando da cadeira.
— Estou com problemas. — ele murmurou — Volto hoje de noite.
— , — segurei em seu braço — problemas com quem? — pergunto já sentindo pavor de ouvir a resposta.
— Com as mesmas pessoas de sempre. — disse e minhas pernas chegaram a tremer por um momento.
— Por favor, não vai. — pedi com a voz embargada.
— Eles vão vir aqui se eu não for. — ele me puxou para um abraço, me apertando mais do que o habitual — Eu volto de noite com tudo resolvido, ok? — afagou meus cabelos — Ei, não fica assim. — segurou meu rosto com suas duas mãos e me beijou.
— Me promete que você vai voltar. — o abracei novamente.
— Eu amo você, babe, a noite vou estar aqui. — sorriu.
e eu nos beijamos mais uma vez antes que ele fosse, eu odiava ter que deixá-lo ir para resolver aquelas coisas, mas eu não tinha como impedir um homem de 22 anos.
O dia passou mais lentamente do que o necessário, quando a noite chegou e ainda não havia chegado eu comecei a me preocupar. Eu estava prestes a fazer algo muito errado, mas se ele ainda não tinha voltado, era porque não conseguiu nenhum acordo com eles. Eu sabia o que eles queriam, dinheiro e nada mais. Peguei tudo que tinha guardado no meu cofre e coloquei dentro da bolsa, eu não deixaria nas mãos deles novamente, mesmo que fosse por causa de drogas não pagas. Isso já tinha acontecido uma vez. se achava inteligente o suficiente para pegar, repassar e não repassar o dinheiro de volta, mas aquilo só fodia com ele.
Dando a desculpa que iria visitar Gus, peguei um táxi e pedi para que ele me levasse até o endereço da casa que morava. O motorista, totalmente contrariado, apenas me levou porque eu ofereci o dobro do valor para ele. Assim que entramos de fato no bairro, escutamos barulhos como disparos de uma arma e em seguida um homem correu de dentro de um beco, entrando em um carro que estava parado e que saiu dali em disparada.
— Eu avisei que essa não era a melhor hora para circular por aqui. — ele disse rude, passando em frente ao beco que o homem havia saído.
Alguém estava caído no chão, senti um misto de sensações ao ver aquela cena, quis ir embora no mesmo momento, mas ainda precisava encontrar .
— Espera, para o carro! — pedi desesperada.
O taxista freou o carro bruscamente e eu abri a porta depressa, quase caindo para fora. Meu corpo congelou quando cheguei próxima o suficiente para reconhecer aquelas roupas e os anéis que brilhavam em seus dedos.
— Chama uma ambulância!
All I wanted would become everything I ever loved,
I remember
I left myself in the alleyway
— Não! — gritei, correndo até o corpo estirado no chão — , não!
Meu namorado estava com a barriga para baixo, tentei o virar, sujando completamente minhas mãos de sangue. estava com o rosto todo ferido e um fio de sangue começava a sair de sua boca.
— Por favor, não. — apoiei sua cabeça em minhas coxas, passando as mãos cuidadosamente em seu rosto — , por favor. — me abaixei, apoiando minha testa em sua testa.
Ele tossiu, espirrando um pouco de sangue em mim.
— Fica comigo. — pedi, minhas lágrimas pingavam em seu rosto.
apagou alguns segundos depois. Soltei um grito agudo que estava preso em minha garganta desde que constatei que era ele ali. Comecei a chorar copiosamente, ainda com meu rosto grudado no seu. havia acabado de me deixar. Naqueles dois anos, eu jamais havia sentido uma dor tão grande como estava sentindo naquele momento. Dor e vazio.
— Eu te amo. — disse, segurando em sua mão — Por que você também me deixou, ? Por quê?
Escutei as sirenes se aproximarem e logo portas batendo, não tive coragem de olhar para trás, eu não queria sair de perto dele.
— Senhorita? — uma voz grossa chamou, me fazendo chorar ainda mais. Eles me levariam dali.
Me debrucei completamente sobre o corpo de , me despedindo. Duas mãos agarraram meu braço com mais força que o necessário para me tirar de perto dele. Eu estava suja de sangue, tremia o tempo todo e as imagens do meu namorado caído naquele maldito beco ficavam se repetindo infinitamente.
Ser interrogada sobre o assassinato de alguém que você ama era a pior coisa do mundo. Passei por uma tortura psicológica tão grande dentro daquela delegacia com perguntas sobre a morte do que minha cabeça poderia explodir a qualquer momento.
Eu estava sozinha. Todos se afastaram aos poucos, só me restava e agora ele também tinha ido embora e eu nem ao menos tinha alguém para tentar me confortar. Na delegacia, ainda com as roupas sujas de sangue e o rosto completamente borrado pela maquiagem, eu aguardava me entregarem algo que disseram que acharam com e que não ajudaria na investigação, tendo em vista que aquilo me pertencia. Eu não tinha ideia do que poderia ser e não estava tão preocupada com aquilo. A única coisa que eu queria naquele momento era a vida do de volta, mas isso nada, nem ninguém traria de volta.
— Aqui está. — o policial me entregou um saquinho lacrado com um pequeno envelope dentro — Você já pode ir embora se quiser. — avisou, encarando meus pais — Eu sinto muito pela morte dele.
— Obrigada. — murmurei.
Meu pai fez menção de se levantar para ir embora, mas eu continuei ali, imóvel. Estava me sentindo vazia e com medo do que fazer em seguida sem ele comigo.
— Você não prefere ver isso em casa? — minha mãe questionou com a voz calma, massageando meu ombro. Neguei com a cabeça — Tudo bem. — suspirou.
Rasguei o saquinho, me livrando do seu lacre. Tirei o envelope de dentro, sentindo algo pesado nele, assim que o abri, me deparei com o objeto dourado. Era um relicário com a nossa foto, senti minhas mãos vacilarem, quase derrubando-o no chão. As lágrimas que eu pensei terem acabado, voltaram a escorrer em minha bochecha. Havia um papel não tão pequeno, com algo escrito. Eu não sabia se deveria ler ali ou se esperaria chegar em casa para fazer isso, o relicário já havia mexido o suficiente comigo, mas eu precisava terminar com aquilo. Não havia mais nada recente de para mim e nunca mais teria. Pensar nisso era como estar morrendo de um jeito lento e doloroso.
Eu sinto muito por isso. Eu jamais deveria ter ido com você até o final. Nós tínhamos que ter acabado antes, seu sofrimento seria menor. Se eu pudesse, escolheria ficar vivo, mas eles jamais deixariam isso acontecer.
Se você está lendo isso, é porque eu já fui embora. Me perdoa por isso, , você é e sempre vai ser a mulher que eu mais amei na minha vida. E apesar de eu te dizer isso sempre, quero reforçar agora, eu nunca amei alguém assim.
Me desculpa por fazer você sofrer com a minha morte, eu realmente não queria que as coisas fossem assim. Siga em frente o mais rápido possível, você é uma pessoa cheia de vida que merece o mundo.
Eu te amo.
2004.
— Férias em Santa Bárbara? — Valerie me olhou animada — Eu topo!
— É tão bom ter vocês de volta. — Maya disse.
John a abraçou, fazendo com que nós tivéssemos a mesma reação, caindo todos por cima dos dois em meu sofá.
Eu estava feliz naquele momento. Éramos nós, de 1991, ali juntos. Mesmo com a ausência de Oliver e , era bom ver que ainda podíamos estar juntos, revivendo mesmo que fosse as lembranças mais tristes dos dois.
Eu ainda conseguia imaginar as coisas diferentes, com os dois ali. e eu talvez estivessemos casados e pensar nisso me corroía, mas também imaginar o quanto Maya sentia falta do irmão, John da sua mãe, Arya da Lena e Valerie também do Oliver e do amor platônico que ela nutriu por ele, me deixava um pouco mais conformada.
Todos nós sofremos perdas e por mais que o mundo fosse parecer acabar, não acabou. Lá estávamos nós, retomando a história e nada me deixava mais feliz do que poder tê-los novamente. Quanto aos que partiram, eles sempre estariam vivos em nossos corações.
And whenever the sun came out, we played
We didn't want to get older, we didn't want to get older
We would run on the block all night and day
We didn't want to get older, we didn't want to get older
FIM
Nota da autora: Eu não sei como sobrevivi para escrever tudo isso, mas se você chegou até aqui, significa que você conseguiu ler e eu agradeço muito por isso! <3
Eu queria pedir desculpas caso abordei algum tema da forma errada, fiz o máximo de pesquisas, mas alguma coisa ou outra sempre pode acabar saindo do eixo. Eu gostei muito de ter escrito essa história e chorei demais também, foi o meu primeiro drama e tentei me dedicar ao máximo para ele. Apesar dos cortes das cenas e de nada tão profundo, porque senão eu teria que ter escrito no mínimo 100 páginas, eu espero que vocês tenham gostado e que me perdoem pelo final. Eu chorei bastante escrevendo ele hahahaha.
Deixem o feedback de vocês, é muito importante para mim. Espero que vocês tenham gostado <3
Outras Fanfics:
11. The Way The World Works
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Eu queria pedir desculpas caso abordei algum tema da forma errada, fiz o máximo de pesquisas, mas alguma coisa ou outra sempre pode acabar saindo do eixo. Eu gostei muito de ter escrito essa história e chorei demais também, foi o meu primeiro drama e tentei me dedicar ao máximo para ele. Apesar dos cortes das cenas e de nada tão profundo, porque senão eu teria que ter escrito no mínimo 100 páginas, eu espero que vocês tenham gostado e que me perdoem pelo final. Eu chorei bastante escrevendo ele hahahaha.
Deixem o feedback de vocês, é muito importante para mim. Espero que vocês tenham gostado <3
Outras Fanfics:
11. The Way The World Works